Cena Doentio
Cena Doentio
Cena Doentio
(Doente está costurando um tecido, enquanto Sistema fuma um cigarro ao seu lado).
SISTEMA: Desse jeito terei que chamá-la de grossa de novo.
DOENTE: (tosse) Maldita nicotina! Você fuma e eu que estou adoecendo.
SISTEMA: Chega de falácias, e vamos ao que interessa.
DOENTE: Camisetas?
SISTEMA: Sim. Trezentas, antes que o sol se vá.
DOENTE: (Ri) Impossível!
SISTEMA: Quer ser demitida?
DOENTE: Fique à vontade.
SISTEMA: Vai morrer de fome!
DOENTE: O que é a morte pra quem já morreu?
SISTEMA: Dramática.
DOENTE: Porque não contrata mais gente para ajudar?
SISTEMA: Precisa aprender a ser independente.
DOENTE: Isso não é independência, é exploração.
SISTEMA: Olha lá... essa acusação é muito grave.
DOENTE: Não quero perder tempo com você. Tentarei bater a meta.
SISTEMA: Ótimo. Sem pausas para descanso e certamente conseguirá.
DOENTE: Só não esqueça que doentes, não tem forças para trabalhar.
SISTEMA: DOENTES FRACOS!
DOENTE: Existem doentes fortes?
SISTEMA: Sim, todos sabem disso. Você não sabia? Mesmo doente, precisa trabalhar
para consumir.
DOENTE: Porque diabos tanto fala em consumo?
SISTEMA: Se não consome, é consumida.
DOENTE: E eu que sou filosofa...
(Doente passa um tempo olhando nos olhos de Sistema e ele se sente invadido).
SISTEMA: Você tinha que ver sua cara agora. Parecia um frango medroso indo pro
abate.
DOENTE: Porque não me deixa em paz?