ANTIBIÓTICOS
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ANTIBIÓTICOS
ANTIBIÓTICOS
Histórico
A penicilina, descoberta em 1928 por Alexander Fleming, tem origem natural, sendo
produzida por um fungo ascomiceto do gênero Penicillium. Em 1943, a penicilina tornou-se o
primeiro antibiótico de ampla utilização, pois apresentava um grande espectro de ação.
No entanto, alguns anos depois já se observava a resistência de algumas bactérias a
esse medicamento, fazendo com que surgisse a necessidade de uma busca constante de novos
medicamentos contra esses microrganismos.
Resistência bacteriana
Administração do antibiótico
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta para uma possível falta de novos
antibióticos, o que pode favorecer a disseminação de bactérias resistentes a medicamentos,
responsáveis por dezenas de milhares de óbitos anualmente.
A entidade mundial publicou dois novos relatórios sobre a falta de novos antibióticos.
Os produtos em desenvolvimento atualmente trazem poucos benefícios sobre os tratamentos
existentes e muito poucos têm como alvo as bactérias resistentes mais críticas, segundo a
OMS. Embora os candidatos pré-clínicos sejam mais inovadores, eles não estarão disponíveis
antes de dez anos.
“A ameaça de resistência antimicrobiana nunca foi tão imediata, e a necessidade de
soluções, mais urgente. Existem muitas iniciativas em andamento para reduzir a resistência,
mas também precisamos que os países e a indústria farmacêutica se envolvam e forneçam
financiamento e novos medicamentos inovadores”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus,
diretor da OMS, em um comunicado enviado para a imprensa.
A resistência aos antibióticos é considerada uma ameaça pela organização, que teme
que o mundo esteja caminhando para uma era, na qual infecções comuns podem começar a
matar novamente.
Bactérias super-resistentes
A resistência a antibióticos é uma ameaça global, com enfermidades que eram curadas
com relativa facilidade até pouco tempo podem voltar a matar cerca de 10 milhões de pessoas
até 2050.
Os dados apontam para um cenário alarmante com, pelo menos, sete bactérias
diferentes responsáveis por doenças como pneumonia, diarreia ou infecções sanguíneas
ganhando mais resistência. Outra informação preocupante é que, no mínimo, dois produtos
usados até hoje já não funcionam em metade da população, como o antibiótico contra
infecções urinárias causadas pela bactéria Escherichia coli.
Cerca de 33 mil pessoas morrem todos os anos na Europa, devido a uma infecção
resistente a antibióticos. Nos Estados Unidos, essas mortes são estimadas em quase 35 mil.
“Vemos que isso está se espalhando e que estamos ficando sem antibióticos eficazes
contra essas bactérias resistentes. É uma das maiores ameaças à saúde que identificamos”,
disse Peter Beyer, do Departamento de Medicamentos Essenciais da OMS, durante uma
coletiva de imprensa em Genebra.
Descobertos na década de 1920, os antibióticos salvam dezenas de milhões de vidas,
combatendo efetivamente diversas doenças bacteriológicas.
Entretanto, ao longo das décadas, as bactérias estão mudando para resistir a esses
medicamentos. Para combater essa resistência, a OMS pede o desenvolvimento de novos
antibióticos, mas esse processo é complicado e caro.
Uma das maiores ameaças à saúde global atualmente, a resistência aos antibióticos
pode afetar pessoas de qualquer idade, em qualquer lugar do mundo. O alerta é da
Organização Mundial da Saúde (OMS), que promove, entre os dias 16 e 22 de novembro, a
Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos (World Antibiotic Awareness Week). O
objetivo é conscientizar a população, os profissionais de saúde e gestores públicos sobre a
resistência causada pelo uso indiscriminado de antibióticos.
Pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo
Cruz (IOC/Fiocruz), a bacteriologista Ana Paula Assef discute sobre o uso indiscriminado destes
medicamentos, que pode ser uma das causas desse fenômeno, e fala sobre os desafios para o
controle deste cenário. É no Laboratório do IOC, que atua como Centro Colaborador da Rede
de Monitoramento da Resistência Microbiana Hospitalar (Rede RM), da Secretaria de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que são processadas amostras de diversos
estados do país para o esclarecimento de possíveis casos de surto e dos principais mecanismos
de resistência circulantes no país. O espaço é responsável, ainda, pela curadoria da Coleção de
Culturas de Bactérias de Origem Hospitalar do IOC (CCBH).
Os antibióticos são medicamentos capazes de matar ou inibir o crescimento de
bactérias. Eles devem ser usados apenas no tratamento de infecções bacterianas, de acordo
com prescrição médica, e sua eficácia está diretamente relacionada ao agente causador da
infecção. Nem todos os antibióticos são adequados para uma mesma infecção.
A resistência aos antibióticos acontece quando determinada bactéria se modifica em
resposta ao uso desses medicamentos – são as bactérias que se tornam resistentes e não os
seres humanos. Com o uso inadequado de antibiótico, pode ocorrer um processo de ‘seleção’:
enquanto as bactérias ‘sensíveis’ são eliminadas a partir desse contato, as ‘resistentes’
permanecem e se multiplicam.
O uso indiscriminado desses fármacos por instituições de saúde, pela população e em
práticas agropecuárias tem contribuído para o aumento da resistência aos antibióticos. A
rotina hospitalar, por exemplo, conta com uma série de procedimentos invasivos que são
portas de entrada para as bactérias – como a utilização de ventilação mecânica e de cateteres
venosos. Em consequência ao aumento das infecções hospitalares associadas a estes
instrumentos, o uso de antibióticos é intensificado, o que promove a seleção de bactérias
resistentes neste ambiente. Outro quadro alarmante que favorece este aumento de
resistência é a falta de sistemas de saneamento eficazes, que permite o lançamento de esgoto
de hospitais e domicílios, sem o tratamento adequado, no meio ambiente. Na natureza, estas
bactérias entram em contato com outros micro-organismos e antibióticos, fomentando um
novo processo de seleção que potencializa a resistência. Águas poluídas ou alimentos
contaminados podem colocar os indivíduos em contato com a bactéria que retorna ao hospital
criando um ciclo. Já as práticas da agricultura e da pecuária também contam com o uso dessas
substâncias em grandes quantidades. Um exemplo é o emprego do antibiótico como agente
promotor de crescimento em porcos e galinhas.
A resistência eleva os custos de tratamentos, prolonga a permanência dos pacientes
nos hospitais e pode aumentar índices de mortalidade. Conforme os antibióticos vão se
tornando ineficazes, o número de infecções que se tornam mais difíceis de tratar tende a
aumentar. Com o esgotamento das ações terapêuticas, infecções que hoje são conhecidas por
ter um tratamento simples, poderão, no futuro, causar danos maiores ao organismo, na
medida em que teremos menos recursos para combatê-las.
O desenvolvimento de políticas públicas que abordem o tema e incentivem mudanças
de comportamento da população é extremamente necessário. A lavagem correta das mãos e
dos alimentos, por exemplo, são práticas eficazes que devem ser estimuladas para a prevenção
da transmissão de bactérias. Além disso, é importante cumprir as recomendações médicas
sobre os antibióticos, evitando o uso por conta própria e a interrupção da duração do
tratamento recomendado pelo médico. Já nas instituições de saúde, ambientes que
apresentam altas taxas de contaminação por bactérias multirresistentes, é preciso ampliar o
controle de infecção e agilizar a identificação da bactéria e do seu mecanismo de resistência.
Estas iniciativas aceleram as ações de isolamento do paciente e evitam que o micro-organismo
contamine outros indivíduos. É fundamental ainda que os profissionais de saúde estejam
atentos ao uso de luvas e de equipamentos de proteção na manipulação de pacientes, e a
higiene adequada de todos os espaços. Também é imprescindível estimular o desenvolvimento
de novas drogas, visto que temos um número restrito de antibióticos no mercado que
apresentam eficácia no combate às bactérias multirresistentes.
O indivíduo que utiliza um antibiótico inadequado, em dosagens diferentes da
prescrição, ou que interrompem o tratamento sem recomendação médica se coloca em risco,
uma vez que estas ações podem agravar a infecção e ocasionar o processo de seleção de
bactérias resistentes, podendo tornar o uso do antibiótico ineficaz no caso de uma nova
infecção.
A limitação das drogas disponíveis para o tratamento de infecções bacterianas chama a
atenção para investimentos em pesquisa que ampliem o estudo de novas formas de
eliminação desses micro-organismos. Por mais que sejam formulados novos medicamentos, as
bactérias continuam desenvolvendo mecanismos para se tornarem resistentes, o que mostra
que o modelo de antibiótico que temos hoje não é mais tão eficaz. Para pensar em novas
formas de combate, é importante estudar a estrutura da bactéria, conhecer os mecanismos de
resistência e investigar novos.
Fonte:
https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisadora-fala-sobre-resistencia-causada-pelo-uso-indiscriminado-de-antibioticos
https://www.biologianet.com/curiosidades-biologia/resistencia-bacteriana.htm
https://pebmed.com.br/oms-alerta-para-possivel-falta-de-antibioticos-nos-proximos-anos/