Via Sacra - Sto Afonso

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VIA SACRA

SANTO AFONSO
MARIA DE LIGÓRIO
1
REZANDO A VIA SACRA COM
SANTO AFONSO DE LIGÓRIO

Com estas orações compostas por Santo Afonso


Maria de Ligório, façamos o mesmo caminho que
Nosso Senhor percorreu com a Cruz às costas, desde
o pretório de Pilatos até o monte Calvário.
A Via Sacra é uma das mais antigas formas de
se meditar a Paixão de Cristo. A expressão vem do
latim e significa “caminho sagrado”: literalmente
falando, nada mais é que o trajeto percorrido por
Nosso Senhor com a Cruz às costas, desde o pretório
de Pilatos, onde foi condenado à morte, até o
Calvário, onde foi crucificado.

Segundo uma piedosa tradição, ninguém menos


que a Virgem Maria teria dado início a este santo
exercício: após a morte de seu divino Filho, seja
sozinha, seja em companhia das santas mulheres, ela
teria refeito constantemente a via crucis, isto é, o
“caminho da Cruz”.

Seguindo o exemplo de Nossa Senhora, os fiéis


da Palestina — e, no correr dos anos, numerosos
peregrinos de todos os lugares do mundo —
procuraram visitar aqueles santos lugares, cobertos
pelo suor e pelo sangue de Jesus Cristo; e a Igreja, a
fim de encorajar-lhes a piedade, abriu a esses
peregrinos seus tesouros de bênçãos espirituais.
2
Como, porém, nem todos podem ir à Terra Santa,
a Santa Sé autorizou que fossem erigidas, nas igrejas
e nas capelas de todo o mundo, cruzes, pinturas ou
baixos-relevos representando as tocantes cenas que
se passaram na estrada verdadeira ao Calvário, em
Jerusalém.

Ao permitir a construção dessas “estações”, como


são chamadas — e que tradicionalmente são em
número de 14 —, os Pontífices Romanos, que
compreendiam toda a excelência e eficácia desta
devoção, se dignaram também enriquecê-las de todas
as indulgências que advinham de uma visita de
verdade à Terra Santa.

Ainda hoje, segundo o Manual das Indulgências,


“concede-se indulgência plenária ao fiel que fizer
o exercício da via-sacra, piedosamente”, levando-
se em conta o seguinte (conc. 63):

 “O piedoso exercício deve-se realizar diante das


estações da via-sacra, legitimamente eretas.
 Requerem-se catorze cruzes para erigir a via-
sacra; junto com as cruzes, costuma-se colocar
outras tantas imagens ou quadros que
representam as estações de Jerusalém.
 Conforme o costume mais comum, o piedoso
exercício consta de catorze leituras devotas, a que
se acrescentam algumas orações vocais. Requer-
se piedosa meditação só da Paixão e Morte do
3
Senhor, sem ser necessária a consideração do
mistério de cada estação.
 Exige-se o movimento de uma para a outra
estação. Mas, se a via-sacra se faz publicamente
e não se pode fazer o movimento de todos os
presentes ordenadamente, basta que o dirigente
se mova para cada uma das estações, enquanto
os outros ficam em seus lugares.”
Essa indulgência pode, ainda, ser lucrada todos os
dias do ano e aplicar-se aos defuntos como sufrágio.

Se sempre devemos meditar os sofrimentos de


nosso Redentor, a Quaresma, porém, é um tempo
ainda mais propício para isso, especialmente nas
suas duas últimas semanas, tradicionalmente
denominadas de “Tempo da Paixão”.

De uma estação a outra, é recomendável que se


entoe algum canto piedoso, como o Stabat mater. Em
língua portuguesa, talvez o hino A morrer
crucificado seja o mais conhecido para essa
finalidade. Por isso, foi adicionado os seus versos
após cada uma das meditações de Santo Afonso
(embora eles não sejam de autoria do santo).
Também adicionou-se, no final da Via Sacra, duas
orações tradicionais que normalmente a
acompanham: uma a Jesus crucificado e outra a
Nossa Senhora das Dores (mas tampouco elas são
da pena de Santo Afonso).
4
As imagens das estações, a seguir, se encontram
na Igreja de São Bonifácio, na cidade de Leeuwarden,
Holanda.

VIA SACRA

Oração inicial. — Senhor Jesus Cristo, vós com tanto


amor entrastes nesta via para morrerdes por mim; eu
porém tantas vezes vos desprezei! Agora, de toda a
minha alma vos amo e, porque vos amo, arrependo-
me do fundo do coração de ter-vos ofendido. Perdoai-
me e permiti que vos acompanhe nesta via. Vós, por
amor a mim, caminhais para o lugar em que por mim
haveis de morrer, e eu também, por amor a vós,
desejo acompanhar-vos para convosco morrer,
amantíssimo Redentor. Ó meu Jesus, desejo
convosco viver e morrer!

5
1.ª Estação — Jesus é
condenado à morte
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como Jesus Cristo, já flagelado e


coroado de espinhos, foi por fim injustamente
condenado à morte por Pilatos.

Oração. — Ó Jesus adorável, não foi Pilatos, mas


minha vida iníqua que vos condenou à morte. Pelo
mérito deste tão penoso itinerário, no qual entrais
rumo ao monte Calvário, peço-vos que benignamente
me acompanheis no caminho pelo qual minha alma se
dirige à eternidade. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor,
mais do que a mim mesmo, e do fundo do coração me
arrependo de ter-vos ofendido. Não permitais que eu
novamente me separe de vós. Dai-me amor perpétuo
a vós e fazei de mim o que quiserdes. O que vos for
agradável também o será para mim.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

A morrer crucificado, /Teu Jesus é condenado


Por teus crimes, pecador. / Pela Virgem dolorosa,
vossa Mãe tão piedosa, / Perdoai-me, meu Jesus.

6
2.ª Estação — Jesus carrega
a Cruz
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como Jesus Cristo, levando a Cruz


aos ombros, lembrava-se no caminho de oferecer por
nós ao Pai eterno a morte que havia de sofrer.

Oração. — Ó amabilíssimo Jesus, abraço todas as


adversidades que, por vossa vontade, hei de tolerar
até a morte e, pelo duro sofrimento que suportastes
carregando a Cruz, peço-vos que me deis forças para
que também eu possa carregar, com ânimo forte e
paciente, minha própria cruz. Amo-vos, ó Jesus, meu
Amor, e arrependo-me de ter-vos ofendido. Não
permitais que novamente me separe de ti. Dai-me
amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

Com a Cruz é carregado,/ E do peso acabrunhado,/


Vai morrer por teu amor. Pela Virgem dolorosa,/ Vossa
Mãe tão piedosa, Perdoai-me, meu Jesus.

7
3.ª Estação — Jesus cai pela
primeira vez
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos a primeira queda de Jesus sob o peso


da Cruz. Tinha Ele a carne, por causa da cruenta
flagelação, ferida de muitos modos e a cabeça
coroada de espinhos; derramara ainda tanto sangue,
que mal podia mover os pés por falta de forças. E
porque era oprimido pelo grave peso da Cruz e
açulado sem clemência pelos soldados, por isso
aconteceu-lhe de cair muitas vezes por terra ao longo
do caminho.

Oração. — Ó meu Jesus, não é o peso da Cruz, mas


o dos meus pecados que de tantas dores vos cobre.
Rogo-vos, por esta vossa primeira queda, que me
protejais de toda queda em pecado. Amo-vos, ó
Jesus, de todo o meu coração; arrependo-me de ter-
vos ofendido. Não me permitais novamente cair em
pecado. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim
o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

Pela Cruz tão oprimido,/ Cai Jesus, desfalecido,


Pela tua salvação./ Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.
8
4.ª Estação — Jesus se
encontra com sua Mãe
dolorosa
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz, remistes o mundo.

Contemplemos como deve ter sido o encontro, neste


caminho, do Filho e da Mãe. Jesus e Maria se olharam
entre si, e os olhares mudos que trocaram foram
outras tantas setas a atravessar o coração amante de
ambos.

Oração. — Ó amantíssimo Jesus, pela dor acerba


que experimentastes neste encontro, tornai-me, eu
vos peço, verdadeiramente devoto de vossa Mãe
santíssima. E vós, ó minha dolorosa Rainha,
intercedei por mim e alcançai-me uma tal memória
dos suplícios de vosso Filho, que minha mente esteja
para sempre detida na piedosa contemplação deles.
Amo-vos, ó Jesus, meu Amor; arrependo-me de ter-
vos ofendido. Não me permitais novamente pecar
contra vós. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de
mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

De Maria lacrimosa,/ No encontro lastimosa,/ Vê a


imensa compaixão. / Pela Virgem dolorosa,/ Vossa
Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.
9
5.ª Estação — O Cirineu ajuda
Jesus a carregar a Cruz
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como os judeus obrigaram Simão de


Cirene a carregar a Cruz atrás do Senhor, vendo
Jesus quase expirar a cada passo devido ao cansaço
e temendo, por outra parte, que morresse no caminho
aquele que queriam ver pregado à Cruz.

Oração. — Ó dulcíssimo Jesus, não quero, como o


Cirineu, repudiar a Cruz. De bom grado a abraço e
tomo sobre mim; abraço especialmente a morte que
para mim estabelecestes, com todas as dores que ela
trará consigo. Uno minha morte à vossa e, assim
unida, ofereço-a a vós em sacrifício. Vós morrestes
por amor a mim; quero também eu morrer por amor a
vós, com a intenção de vos agradar. Vós, porém,
ajudai-me com a vossa graça. Amo-vos, ó Jesus, meu
Amor, e arrependo-me de ter-vos ofendido. Não
permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor
perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Em extremo desmaiado,/ Teve auxílio, tão cansado,/
Recebendo o Cireneu./ Pela Virgem dolorosa,/ Vossa
Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.
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6.ª Estação — Verônica limpa
com um sudário o rosto de
Jesus
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz, remistes o mundo.

Contemplemos como aquela santa mulher Verônica,


vendo Jesus abatido pelas dores, com o rosto
banhado em suor e sangue, estendeu-lhe um pano
em que, purificada a face, Ele deixou impressa sua
imagem.

Oração. — Ó meu Jesus, formosa era antes a vossa


face; mas agora não aparece assim, tão deformada
está por feridas e sangue! Ai de mim, como era
formosa também minha alma, quando recebi a vossa
graça pelo Batismo: mas, pecando, tornei-a disforme.
Vós somente, meu Redentor, lhe podeis restituir a
antiga beleza. Para que o façais, rogo-vos pelo mérito
de vossa Paixão. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor;
arrependo-me de ter-vos ofendido. Não permitais que
eu novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a
vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
O seu rosto ensanguentado,/ Por Verônica
enxugado,/ Eis, no pano, apareceu./ Pela Virgem
dolorosa,/ Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu
Jesus.
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7.ª Estação — Jesus cai pela
segunda vez
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos a segunda queda de Jesus sob o peso


da Cruz, na qual se lhe aprofundam todas as chagas
da venerável cabeça e de todo o corpo, e se renovam
todas as angústias do doloroso Senhor.

Oração. — Ó mansíssimo Jesus, quantas vezes me


concedestes o perdão! Eu, porém, recaí nos mesmos
pecados e renovei minhas ofensas contra vós. Pelo
mérito desta vossa nova queda, ajudai-me a
perseverar em vossa graça até a morte. Fazei, em
todas as tentações que avançarão contra mim, que
em vós sempre me refugie. Amo-vos de todo o meu
coração, ó Jesus, meu Amor; arrependo-me de ter-
vos ofendido. Não permitais que eu novamente vos
ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o
que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Outra vez desfalecido,/ Pelas dores abatido,/ Cai por
terra o Salvador./ Pela Virgem dolorosa,/ Vossa Mãe
tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.

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8.ª Estação — Jesus fala às
mulheres de Jerusalém
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como estas mulheres, vendo Jesus


morto de cansaço e coberto de sangue, são tocadas
de compaixão e choram copiosamente. Mas,
voltando-se a elas, Ele diz: “Não choreis por mim;
antes, chorai por vós mesmas e por vossos filhos”.

Oração. — Ó doloroso Jesus, choro os pecados que


cometi contra vós, não só pelas penas de que me
fizeram digno, mas sobretudo pela tristeza que vos
causaram a vós, que tanto me amastes. Ao choro me
move menos o inferno que o amor a vós. Ó meu
Jesus, amo-vos mais do que a mim mesmo;
arrependo-me de ter-vos ofendido. Não permitais que
eu novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a
vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Das mulheres piedosas,/ De Sião filhas chorosas,/ É
Jesus consolador./ Pela Virgem dolorosa,/ Vossa Mãe
tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.

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9.ª Estação — Jesus cai pela
terceira vez
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos a terceira queda de Cristo sob o peso


da Cruz. Caiu porque era demasiada a sua fraqueza
e excessiva a crueldade dos algozes, que lhe queriam
acelerar a marcha, embora Ele mal pudesse dar um
passo.

Oração. — Ó Jesus tão maltratado, pelo mérito desta


falta de forças que quisestes padecer no caminho do
Calvário, confortai-me, eu vos peço, com tanto vigor,
que já não tenha respeito algum às opiniões dos
homens e domine minha natureza viciosa: porque
ambas as coisas foram a causa por que desprezei
outrora a vossa amizade. Amo-vos, ó Jesus, meu
Amor, de todo o meu coração; arrependo-me de ter-
vos ofendido. Não permitais que eu novamente vos
ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o
que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

Cai, terceira vez, prostrado,/ Pelo peso redobrado Dos


pecados e da Cruz./ Pela Virgem dolorosa, Vossa Mãe
tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.
14
10.ª Estação — Jesus é
despojado de suas vestes
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos com que violência arrancaram as


vestes a Cristo. Como o traje interior estivesse muito
pegado à carne, aberta pelos flagelos, os carnífices,
ao puxarem-lha, rasgaram-lhe também a pele.
Tenhamos compaixão de Nosso Senhor e lhe falemos
assim:

Oração. — Ó inocentíssimo Jesus, pelo mérito da dor


que padecestes nesta espoliação, ajudai-me, eu vos
peço, a despir-me de todo afeto às coisas criadas e,
com toda a inclinação de minha vontade, converter-
me somente a vós, que sois tão digno do meu amor.
Amo-vos de todo o meu coração; arrependo-me de
ter-vos ofendido. Não permitais que eu novamente
vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de
mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Dos vestidos despojado,/ Por algozes maltratado,/ Eu
vos vejo, meu Jesus./ Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.

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11.ª Estação — Jesus é
pregado à Cruz
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como Jesus é arremessado sobre a


Cruz e, de braços estendidos, oferece sua vida ao Pai
eterno em sacrifício pela nossa salvação. Os
carnífices o pregam à Cruz e, depois de erguerem
esta, deixam-no levantado num infame patíbulo,
abandonado a uma morte cruel.

Oração. — Ó Jesus tão desprezado, pregai meu


coração aos vossos pés, para que, com vínculo de
amor, eu permaneça sempre a vós ligado e jamais
seja de vós separado. Amo-vos mais do que a mim
mesmo, arrependo-me de ter-vos ofendido. Não
permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor
perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Sois por mim na Cruz pregado,/ Insultado,
blasfemado,/ Com cegueira e com furor./ Pela Virgem
dolorosa,/ Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu
Jesus.

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12.ª Estação — Jesus morre
na Cruz
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos Jesus preso à nossa Cruz. Após três


horas de luta, consumido enfim pelas dores, Ele deu
o corpo à morte e, de cabeça inclinada, entregou o
espírito.

Oração. — Ó Jesus morto, movido por íntimos afetos


de piedade, beijo esta Cruz em que vós, por minha
causa, cumpristes o curso de vossa vida. Pelos
pecados cometidos, mereci uma morte infeliz; mas
vossa morte é minha esperança. Pelos méritos de
vossa morte, concedei-me, peço-vos, que, abraçado
aos vossos pés e abrasado de amor por vós, eu
entregue um dia meu espírito. Amo-vos de todo o meu
coração; arrependo-me de ter-vos ofendido. Não
permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor
perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Por meus crimes padecestes,/ Meu Jesus, por mim
morrestes,/ Oh, quão grande é minha dor!/ Pela
Virgem dolorosa,/ Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-
me, meu Jesus.

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13.ª Estação — Jesus é
descido da Cruz
℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos
bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como dois dos discípulos de Jesus,


José e Nicodemos, o tiram exânime da Cruz e o
colocam nos braços de sua Mãe dolorosa, que recebe
o Filho morto com grande amor e o abraça
ternamente.

Oração. — Ó Mãe das Dores, pelo amor com que


amais o vosso Filho, recebei-me como servo vosso e
rogai a Ele por mim. E vós, ó meu Redentor, porque
por mim morrestes, fazei, benignamente, com que eu
vos ame; a vós somente desejo, nem quero nada fora
de vós. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor, e arrependo-
me de ter-vos ofendido. Não permitais que eu
novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós
e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.
Do madeiro vos tiraram/ E à Mãe vos entregaram
Com que dor e compaixão!/ Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,/ Perdoai-me, meu Jesus.

18
14.ª Estação — Jesus é
sepultado

℣. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos


bendizemos.
℟. Porque pela vossa santa Cruz,
remistes o mundo.

Contemplemos como os discípulos levam Jesus


exânime ao lugar da sepultura. Triste, a Mãe os
acompanha e com as próprias mãos acomoda o corpo
do Filho à sepultura. Fecha-se este, enfim, e todos
vão-se embora.

Oração. — Ó Jesus sepultado, beijo esta pedra que


vos acolheu; mas, após três dias, haveis de ressurgir!
Por vossa ressurreição, fazei-me, eu vos peço,
ressurgir glorioso convosco no último dia e ir para o
Céu, onde, unido a vós para sempre, vos hei de louvar
e amar por toda a eternidade. Amo-vos e arrependo-
me de ter-vos ofendido. Não permitais que eu
novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós
e fazei de mim o que quiserdes.
Pai-nosso, Ave-Maria, Glória.

No sepulcro vos deixaram,/ Sepultado, vos choraram,/


Magoado o coração./ Meu Jesus, por vossos passos,/
Recebei em vossos braços/ A mim, pobre pecador.

19
Oração final a Jesus crucificado. — Eis-me aqui, ó
meu bom e dulcíssimo Jesus! Humildemente prostrado
de joelhos em vossa presença, peço e suplico-vos, com
todo o fervor de minha alma, que vos digneis gravar em
meu coração os mais vivos sentimentos de fé,
esperança e caridade, de verdadeiro arrependimento de
meus pecados, e um firme propósito de emendar-me,
enquanto vou considerando, com vivo afeto e dor, as
vossas cinco chagas, tendo presentes as palavras que
já o profeta Davi punha em vossa boca, ó bom Jesus:
“Transpassaram minhas mãos e os meus pés e
contaram todos os meus ossos” (Sl 21, 17).

A Nossa Senhora das Dores. — Ó Mãe das Dores,


Rainha dos mártires, que tanto chorastes vosso Filho,
morto para me salvar, alcançai-me uma verdadeira
contrição dos meus pecados e uma sincera mudança de
vida. Mãe, pela dor que experimentastes quando vosso
divino Filho, no meio de tantos tormentos, inclinando a
cabeça expirou à vossa vista sobre a cruz, eu vos suplico
que me alcanceis uma boa morte. Por piedade, ó
advogada dos pecadores, não deixeis de amparar a
minha alma na aflição e no combate da terrível
passagem desta vida à eternidade. E, como é possível
que, neste momento, a palavra e a voz me faltem para
pronunciar o vosso nome e o de Jesus, rogo-vos, desde
já, a vós e a vosso divino Filho, que me socorrais nessa
hora extrema, e assim direi: Jesus e Maria, entrego-vos
a minha alma. Amém.

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CANTO

1- Perdão meu Jesus

Perdão meu Jesus, Perdão, Deus de amor.


Perdão, Deus clemente, Perdoai, Senhor!

Eis-me ao vossos pés, grande pecador.


Meus enormes crimes, Perdoai, Senhor.

Já os meus pecados, lamento com dor.


Estou arrependido, Perdoai, Senhor.

De quanto sofrestes, fui eu causador.


Por estes tormentos, Perdoai, senhor.

Sou mais delinquente, que Judas traidor.


Mas a vós recorro, Perdoai, Senhor.

Pelas duras cordas, com que sem amor.


Cruéis vos ligaram, Perdoai, Senhor.

2- Pecador, agora é tempo

Pecador, agora é tempo


De pesar e de temor
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Serve a Deus, despreza o mundo
Já não sejas pecador! (bis)

Neste tempo sacrossanto


O pecado faz horror
Contemplando a cruz de Cristo
Já não sejas pecador! (bis)

Vais pecando, vais pecando


Vais de horror em mais horror
Filho, acordas dessa morte
Já não seja pecador! (bis)

Passam meses, passam anos


Sem que busques teu Senhor
Como um dia para o outro
Assim morre o pecador! (bis)

Pecador arrependido
Pobrezinho pecador
Vem, abraça-me contrito
Com teu Pai, teu Criador! (bis)

Compaixão, misericórdia
Vos pedimos, Redentor
Pela Virgem, Mãe das dores
Perdoai-nos, Deus de amor! (bis)

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3- Senhor, Pela Tua Paixão
Senhor, pela tua paixão,
No abandono da cruz, tem piedade de nós!
Jesus, pelo sangue jorrado do teu coração,
Pelo teu sacrifício, misericórdia!

Deus santo, deus forte,


Deus imortal e de poder!
Nós te adoramos, te bendizemos,
Te glorificamos, ó senhor!

Deus pai, vos ofertamos


O corpo e o sangue de cristo,
Sua alma e sua divindade
Em expiação dos nossos pecados.

4- Misericórdia, Senhor

Misericórdia, Senhor, misericórdia!


Senhor, escuta o lamento
E tem de nós compaixão.
Ao povo dá novo alento,
A tua graça e perdão

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