Lepidosauria

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Lepidosauria

Introdução

Os lepidosauria (do grego lépido=escamas, sauria=lagarto) possuem o


segundo maior grupo dos reptilianos, sendo mais de 4800 espécies de lagarto e mais
de 2900 espécies de serpentes, além de duas espécies de sphenodontidae. É o
segundo grupo a apresentar ovo amniótico e são principalmente terrestres e algumas
poucas espécies são aquáticas. Diferente dos testudines, os lepidosaurias são
diapsidas e possuem alta mobilidade, atingindo grandes velocidades. Os lepidosaurias
possuem crescimentos determinados, diferente dos testudines e crocodilianos, essa
tática de crescimento é eficaz por obter seus alimentos sem precisar de nenhuma
adaptação para captura.

A superordem dos lepidosauria apresentam duas ordens, os squamatas e os


sphenodontidae. Os sphenodontidae são caracterizados por possuírem dentição
diferente e chamados de tuatara, que significa espinhos nas costas. Os tuatara
possuem apenas duas espécies viventes, que são encontradas na Nova Zelândia. A
maior ordem dos lepidosaurias são os squamatas, que são representados por
serpentes e lagartos.

Os lagartos e serpentes não se diferem filogeneticamente, obtendo táticas de


forrageamento diferentes e morfologias diferentes. Os lagartos exceto amphisbaenia
são tetrápodes, com algumas espécies de membros reduzidos, já as serpentes e os
amphisbaenia são ápodas. Apesar de possuírem homeotermia, eles não são
completamente homeotérmicos, necessitando do sol na parte da manha para se
aquecerem e tocaias para não perder calor durante a noite. O grande ganho dos
lepidosaurias foi a adaptação terrestre, sendo cosmopolitas e algumas espécies
antrópicas. A tática de forrageamento varia de espécie para espécie, sendo modificada
sua forma de locomoção, modo de predação e adaptações para fugas.
Materiais e métodos

Com intuito de analisar a composição e riqueza dos lepidosaurias presentes na


fazenda, foram utilizadas duas técnicas de captura: a armadilha de intercepção e
queda com cercas-guias (pitfall trap) e a busca visual/ ativa.

A armadilha de pitfall traps foi construída na mata ciliar próxima a cede da


fazenda, onde foi marcada as seguintes coordenadas, latitude: -16.178727172º,
longitude: -43.797930980º, altitude: 9.53m a cima do solo (Figura 1). A armadilha foi
montada em forma de “L” usando 6 baldes que foram inseridos em 6 buracos cavados
com cavadeira, enxadão, picareta e cavadeira reta, com distância de 3 metros entre
cada um deles, e todos os baldes foram interligados com uma cerca-guia de lona
preta, sustentada com estacada de madeira (figura 2). Esta armadilha foi instalada ao
crepúsculo do dia 2 e permaneceu até o dia 4 de outubro de 2015. Todos os dias pela
manhã e pela tarde, a armadilha foi vistoriada.

A busca ativa ocorreu durante a caminhada feita no dia 3 de outubro (figura 3),
com a presença do proprietário da fazenda, que nos mostrou um pouco mais da terra
e também indicando rastros de animais e evidências de alguns animais presentes na
região; também foi feita aos arredores da casa e pelas manhãs em locais onde a luz
solar atingia, que era esperado encontrar lagartos e serpentes se aquecendo. Além
das técnicas de captura, houve interrogatório de moradores da fazenda que contribuiu
para o levantamento, pois serpentes eram os animais mais comentados do local,
apresentando alta incidência e aparecimentos contínuos.
Figura 1: Localização da fazenda e local onde foram colocadas as pitfalls.

Figura 2 : Montagem da armadilha pitfall, à margem do rio água limpa


Figura 3: Caminhada com o proprietário da fazenda.
Resultado

A riqueza de lagartos encontrados na fazenda são José foi baixa, foi


encontrado apenas três espécies diferentes, direto e indiretamente. O mais
abundante foi o Tropiduros torquartus, que é amplamente distribuído e
encontrado em grande quantidade próximo a casa (figura 4). Outra espécie
encontrada foi a Enyalius bilineatus. (figura 5). O terceiro lepidosauria foi visto
indiretamente, observando apenas os rastros (figura 6), é o tupinambis sp.
Apesar de observarmos só rastros, moradores da fazenda relatam um grande
aparecimento da espécie na região. Todas as observações feitas de lagartos
foram feitas por busca ativa.
A busca pelas serpentes não obteve muito sucesso, mas buscamos relatos de
moradores, que indicaram as serpentes mais encontradas e onde geralmente
eram encontradas. As serpentes mais encontradas são a jararaca (Bothrops
jararaca), cascavel (podem ser dos gêneros Crotalus e Sistrurus), mas já foram
encontradas cobra coral (Micrurus, Erythrolamprus, Oxyrhopus e Anilius),
cainana (Spilotes pullatus), jibóia (Boa constrictor), salamanta (Epicrates
crassus), jararaca-do- brejo (Mastigodryas bifossatus). Os relatos indicam que
as serpentes aparecem em vários locais, como em caixa d´agua, sofás, área
em volta da casa e próximo ao rio mostrando que a incidência desses animais
são altíssimos. A grande incidência e abundância das serpentes podem estar
relacionado à mata, que possuem vários locais propícios para se esconderem.

Figura 4: exemplar do Tropiduros torquartus, encontrado na casa


Figura 5: lagarto da espécie Enyalius bilineatus

Figura 6: rastro de Tupinambis sp.


Discussão

O período de seca extensa e causticante que a região sofreu interferiu


diretamente no decorrer do trabalho. Outra situação foi o grande quantidade de
pessoas nos arredores da propriedade o que poderiam ter afastado algumas
serpentes que poderiam ser vistas. Na seca as espécies de insetos que servem
de base da cadeia a qual os lepidosaurias estão engajados tornam se
escassas desse modo há uma certa dificuldade de observar o contingente. Mas
algumas espécies demonstraram seus comportamentos peculiares como o
Tropiduros torquartus que se demonstra extremamente antrópico e conseguiu-
se observar a ingestão de restos alimentares da casa, o Enyalius bilineatus
possui atividade diurna e hábito sem arborícola, ocupando tanto a vegetação
arbórea e arbustiva quanto a serapilheira das áreas onde ocorre. Durante a
noite, pode ser encontrado em repouso na extremidade de galhos. Geralmente,
lagartos de diversas espécies que são ativos durante o dia costumam dormir na
ponta de galhos ou sobre folhas largas. Isto lhes confere camuflagem, dificulta
que sejam capturados por um predador que escale os galhos mais fortes, e
também facilita a fuga no caso de serem vistos. Sua dieta Enyalius bilineatus é
composta principalmente de pequenos invertebrados. Alimenta-se de besouros,
formigas, grilos, aranhas e larvas de mariposas e borboletas. É uma espécie
que não possui autotomia caudal, um comportamento comum em muitos
lagartos que soltam um pedaço da cauda quando ameaçados por um predador.
Encontrar esse exemplar indica o nível de conservação dessa reserva, pois
esse gênero é extremamente sensível a fragmentação de habitats. O
Tupinambis sp. É endêmico da américa do sul e são cosmopolitas assim como
o Enyalius bilineatus, desse modo, dificultando o acesso a esse exemplar, mas
um outro problema ocasionado pela seca é que com a escassez de alimentos
ele obriga o “teiú” a aumentar sua área de forrageamento que dificulta mais
ainda sua visualização, pois possui hábitos diurnos é oportunistas e
generalistas, podendo consumir vegetais, artrópodes, outros vertebrados e
animais mortos.
Referências:

 Pough F. H.; Janis C. M.; Heiser J. B., A vida dos vertebrados.


 CAMOLEZ, Tatiana; ZAHER, Hussan. Levantamento, identificação e
descrição da fauna de Squamata do Quaternário brasileiro (Lepidosauria).
USP. 2003.
 Figura 1: Anna Clara
 Figura 2: Guilherme Magalhães
 Figura 3: Guilherme Magalhães
 Figura 4 : Anna Clara
 Figura 5: Guilherme Magalhães
 Figura 6 : Guilherme Magalhães

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