Questões Língua Portuguesa - FD - Depen
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Língua
Folha de São Paulo
A língua é algo mutável. De outra forma ainda estaríamos falando indo-europeu. A Internet, porém,
sobretudo em seus programas de conversação chamados de CHATS, está criando uma nova
linguagem. A oralidade e a pressa com que as pessoas conversam, principalmente
se se levar em conta a lentidão da rede, fazem com que se desconsiderem regras básicas da
gramática e da ortografia. Assim, não é incomum observar uma vírgula entre sujeito e predicado,
em Português, crime de lesa-sintaxe, ou mesmo alguns absurdos como FASER ou
ANCIOSAMENTE, que são casos em que fica difícil diferenciar o erro de digitação do erro
ortográfico.
Quando se considera que é a elite do país que tem acesso a computadores, a situação torna-se ainda
pior. Se as pessoas mais ricas e que estudam nos melhores colégios do país não conseguem escrever
dentro das boas normas gramaticais e ortográficas, há certamente algo de errado com o ensino.
Ninguém exige, é óbvio, que cada aluno da elite brasileira seja um latinista ou um helenista, mas
escrever dentro da norma do Português com todas as variações admissíveis é o mínimo que se
deveria exigir de qualquer profissional de qualquer área.
A Internet ainda suscita outros problemas de linguagem. Escrever em letras maiúsculas é mais ou
menos o mesmo que gritar. Existem também outros problemas como as chamadas caracteretas. São
quase que como uma linguagem simbólica representada por desenhos que em certos aspectos se
assemelham aos hieróglifos egípcios. Uma face risonha composta por acentos e símbolos significa,
por exemplo, felicidade.
Seja em Português, em Inglês ou em qualquer outra língua do planeta, a Internet já começa a
modificar os usuais meios de comunicação reputados como corretos. É melhor pensar nas
implicações desse fenômeno antes que seja tarde demais e as línguas já estejam descaracterizadas
pela extrema e cada vez mais rápida popularidade da rede.
01. “A língua é algo mutável”. Um fator que NÃO colabora para as mudanças lingüísticas é:
a) o lugar.
b) o tempo.
c) a condição social.
d) a crença religiosa.
e) a condição cultural.
02. “Mutável” significa “o que muda”. O adjetivo com esse mesmo sufixo cuja significação está
dada INCORRETAMENTE, é:
a) factível – o que pode ser feito.
b) publicável – o que pode ser publicado.
c) indelével – o que não pode ser apagado.
d) indescritível – o que não pode ser descrito.
e) imensurável – o que pode não ser imenso.
03. “De outra forma ainda estaríamos falando indo-europeu”. Uma outra maneira de dizer-se a
mesma frase, em que se altera o seu sentido original, é:
a) Ainda estaríamos falando indo-europeu de outra forma.
b) Ainda estaríamos, de outra forma, falando indo-europeu.
c) Ainda estaríamos falando, se a língua não mudasse, o indo-europeu.
d) Ainda estaríamos falando indo-europeu, se a língua não fosse mutável.
e) Se a língua não fosse mutável, ainda estaríamos falando indo-europeu.
04. “A Internet, porém, sobretudo em seus programas de conversação...”. A alternativa que NÃO
apresenta um substituto adequado para o conectivo PORÉM é:
a) no entanto.
b) entretanto.
c) embora.
d) todavia.
e) mas.
05. A troca de posição do adjetivo em relação ao substantivo altera o seu significado, em:
a) regras básicas.
b) nova linguagem.
c) melhores colégios.
d) rápida popularidade.
e) linguagem simbólica.
06. “Assim, não é incomum observar uma vírgula entre sujeito e predicado”. Esse mesmo problema
aparece em:
a) A língua portuguesa, originada do latim, é pouco conhecida.
b) Se a Internet progredir, a língua vai alterar-se ainda mais.
c) A grande mudança da Internet, é a presença da oralidade.
d) Toda linguagem muda, conforme passa o tempo.
e) Ninguém exige, é claro, que todos falem inglês.
08. “Não é incomum” é uma forma de dupla negação. Onde NÃO ocorre o mesmo processo de
dupla negação é:
a) Não havia ninguém na festa.
b) Não é proibido fumar neste recinto.
c) Não estava presente nenhum turista.
d) Não há coisa alguma em nossa pasta.
e) Não vieram só alguns convidados.
09. FASER e ANCIOSAMENTE são exemplos de erros ortográficos. Também há uma palavra
escrita INCORRETAMENTE em:
a) pesquisa – democratizar.
b) busina – catequizar.
c) paralisia – civilizar.
d) gás – caracterizar.
e) análise – batizar.
10. “...que são casos em que fica difícil diferenciar o erro de digitação do erro ortográfico”. Nesse
segmento do texto emprega-se a preposição EM antes do pronome relativo QUE, por exigência
semântica de indicação de lugar. O emprego dessa mesma preposição provoca um ERRO em:
a) A Internet, em que todos utilizam, terá vida longa.
b) Os livros, em que as línguas são preservadas, são objetos eternos.
c) Os chats, em que todos conversam, provocam mudanças na língua.
d) As caracteretas, em que se simbolizam emoções, são engraçadas.
e) A língua portuguesa, em que os brasileiros escrevem, é bem elegante.
11. “...fica difícil diferenciar o erro de digitação do erro ortográfico”. A alternativa em que se
apontam, respectivamente, as razões essenciais desses erros, é:
a) distração / falha técnica.
b) falha técnica / distração.
c) descontração / desconhecimento.
d) desconhecimento / falha técnica.
e) falha técnica / desconhecimento.
12. “Ninguém exige, é óbvio, que cada aluno da elite brasileira seja um latinista ou um helenista...”.
A alternativa que diz respeito ao idioma referido pela palavra helenista é:
a) russo.
b) grego.
c) francês.
d) húngaro.
e) holandês.
SEM ILUSÕES
Danuza Leão
Um dia, ela comprou um apartamento na planta. Ficava horas rabiscando se o quarto ia ter dez
centímetros a mais para lá ou para cá, se a cozinha ia ser de fórmica ou de tijolo aparente, essas
bobagens.
Quando as paredes subiram, ela visitava a obra pelo menos três vezes por semana. Ficou tudo
como ela queria, mas o que lhe deu mais prazer foram os banheiros. Conseguiu encontrar uns
azulejos pintados, mas os desenhos precisavam casar. Deu sorte: havia um operário magrinho,
humilde e muito paciente. Ele usava calças e camisas velhas; camisas, não camisetas, certamente
herdadas, e calçava tamancos. Dia sim dia não ela ia verificar o andamento da obra e saía
encantada; tudo exatamente como ela havia imaginado.
Quando o apartamento ficou pronto, foi aquela festa: os móveis foram para seus lugares, as
roupas arrumadas nos armários, os quadros pendurados nas paredes, tudo como ela havia sonhado,
uma felicidade.
Na frente do prédio, havia um jardim e, numa tarde de domingo, quando levou o cachorro para
passear, viu um homem sentado num banco. “Eu conheço essa cara”, ela pensou, mas não
conseguia se lembrar de onde. Ele estava sozinho, vestido modestamente, e não a viu; olhava, com a
maior atenção, para o prédio onde ela morava.
Ela andou, deu voltas, mas pensando no homem, que continuava tranqüilamente sentado,
olhando. Foi quando caiu a ficha. Era ele, o azulejeiro com quem ela conviveu durante tanto tempo;
não chegaram nem a fazer uma camaradagem - até porque ele era muito calado e respeitoso -, mas,
quando duas pessoas se vêem a cada dois dias, alguma relação se estabelece, é claro. Mas quando o
prédio ficou pronto, ela se esqueceu de que ele - tão importante na sua vida durante uma temporada
- existia.
Mas ali estava ele, provavelmente já trabalhando em outra obra; naquela tarde de domingo
em que estava de folga, foi, sozinho, sentar num banco de jardim para olhar o prédio que havia
ajudado a construir e onde jamais teria a chance de entrar. Se chegasse muito perto da entrada, o
porteiro talvez chamasse a polícia.
Ela ficou mal; não era o caso de chegar perto dele, estender a mão, perguntar por onde tinha
andado, pois já sabia: colocando azulejos em outros banheiros de outros prédios nos quais, depois
que ficassem prontos, também jamais entraria. Ficou pensando: o que é que ele estava fazendo ali
no seu único dia de folga da semana, quando poderia estar num cinema, tomando uma cerveja com
um amigo ou dando um mergulho no mar? E entendeu: ele foi ver sua obra concluída, com o
orgulho que tem qualquer trabalhador - um artista, um operário da construção civil ou um
intelectual - de ver seu trabalho pronto e bem feito.
Ela sentiu ali toda a injustiça do mundo; não era o caso de convidá-lo para subir, sentar no seu sofá
de plumas, oferecer um refrigerante e mostrar a casa pronta. Não podia também passar por ele e
dizer “oi, tudo bem, o que você está fazendo por aqui?”, e ficar por isso mesmo. Fez o pior: fingiu
que não o tinha visto, e sentiu o quanto esse mundo não vale nada.
http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/danuzaleao/
13. Sobre o título, Sem ilusões, é CORRETO afirmar:
a) O trabalhador não tinha ilusões, sabia que seu trabalho era bem feito.
b) O trabalhador não tinha ilusões em relação à sua obra: seria esquecido ao terminá-la.
c) A narradora não tinha ilusões em relação ao trabalho do azulejeiro: era de boa qualidade.
d) A narradora não alimentava as ilusões do azulejeiro, não merecia nem seu cumprimento.
15. Em: “Ela sentiu ali toda a injustiça do mundo”, a injustiça a que ela se refere é:
a) não convidar o operário para subir.
b) o operário usar seu dia de folga para olhar sua obra.
c) não cumprimentar o operário, mesmo conhecendo-o.
d) o operário concluir sua obra e não poder ver seu trabalho pronto e bem feito.
16. “Ficava horas rabiscando se o quarto ia ter dez centímetros a mais para lá ou para cá, se a
cozinha ia ser de fórmica ou de tijolo aparente, essas bobagens”. Essas bobagens são:
a) arrumar azulejos pintados.
b) comprar um apartamento na planta.
c) imaginar como seria cada detalhe do apartamento.
d) visitar a obra pelo menos três vezes por semana.
19. Em: “Conseguiu encontrar uns azulejos pintados, mas os desenhos precisavam casar”, a palavra
casar pode ser substituída por:
a) unir-se.
b) parecer.
c) combinar.
d) emparelhar.
24. De acordo com a norma culta, é possível acrescentar a(s) vírgula(s), mantendo o período
CORRETO, em:
a) “Um dia, ela comprou um apartamento na planta”. Um dia, ela comprou um apartamento, na
planta.
b) “[...] mas o que lhe deu mais prazer foram os banheiros”. [...] mas o que lhe deu mais prazer,
foram os banheiros.
c) “Se chegasse muito perto da entrada, o porteiro talvez chamasse a polícia”. Se chegasse muito
perto da entrada, o porteiro talvez, chamasse a polícia.
d) “Dia sim dia não ela ia verificar o andamento da obra e saía encantada; tudo exatamente como
ela havia imaginado”. Dia sim, dia não, ela ia verificar o andamento da obra e saía encantada; tudo
exatamente como ela havia imaginado.
25. “Ela ficou mal”. Todos os períodos podem ser completados com mal, EXCETO:
a) Ele agiu muito ______.
b) Ela ficou de ________ humor.
c) O _______ tem mais de uma cara.
d) Eles estavam ________humorados.
26. “[...] mas quando duas pessoas se vêem a cada dois dias [...]”. O singular da forma verbal vêem
é:
a) vê.
b) vir.
c) vem.
d) vêm.
Você está na fila, contando os minutos que cada um dos que estão à sua frente demoram diante do
guichê, quando um murmúrio de desalento se espalha pelo salão: o sistema caiu. Não se paga mais a
conta, se tira o dinheiro que é seu, não se deposita nem se faz nada. Volta-se à fase anterior à idade
da pedra.
Não existem recursos manuais para aliviar a situação. Foram todos jogados no lixo, imprestáveis.
Com a presunção da infalibilidade das novas tecnologias, abandonou-se o que era lento, mas
funcionava. Não há o que fazer, diz o Caixa, só esperar que os deuses da modernidade tenham
piedade de nós.
Isso acontece nos bancos, nas lojas e nos aeroportos, em qualquer templo do consumo
contemporâneo. E atinge os cidadãos de todas as classes sociais: o que veio pegar o mínimo da
previdência social, o que quer jogar na loteria, o que pretende passar uns dias no interior, pois até as
rodoviárias estão automatizadas. Tudo para o maior conforto e comodidade da população.
A intenção é boa, admito, mas o progresso tem essa face radical: ou tudo ou nada, veloz ou
impossível. Não se marcam mais bilhetes com caneta Bic. Longe de mim destratar os avanços da
humanidade e da ciência. Mas, agora mesmo, sentado diante de uma tela de computador, percebo
que todas as vírgulas e acentos que digito mudaram de forma. Quero um acento grave e
aparece um colchete, necessito de uma vírgula e surge um til. Como ordenar
as idéias de autor e homem primitivo que sou, se as maldades da máquina moem minha paciência?
Tudo o que foi criado, nos últimos anos, veio para tornar mais simples as nossas vidas. Mas eu me
arrisco a dizer que o mundo ficou, em alguns aspectos, muito mais difícil. Antes bastava-nos
aprender a ler, escrever e ter boas noções de gramática para criar um texto. Agora nos exigem
conhecimentos técnicos que zombam de nossa ignorância. Aí temos que recorrer aos filhos mais
novos, eles sabem tudo dessas engenhocas, mas nem sempre eles estão à mão para nos salvarem.
Foram ao futebol, ao namoro ou à festa.
Eles merecem. E ficamos nós, na noite chuvosa de Minas, irremediavelmente
dependentes deles. E, enquanto não chegam, nos entregamos à indispensável maravilha que é o
correio eletrônico, os e-mails e congêneres que revolucionaram nossa existência.
A noite anda e eu descubro uma raridade na tevê a cabo: um filme bom. No clímax da ação, a
operadora sai do ar. Espero alguns minutos e, ao telefone, uma gravação me informa: “O
atendimento é feito de seis da manhã até as 24 horas”. É provocação: são 30 minutos da manhã.
Para não continuar vendo e ouvindo chuviscos, desisto e vou dormir.
31. “Volta-se à fase anterior à idade da pedra.” Com essa frase, o autor quer dizer que:
a) quando os aparelhos da modernidade param de funcionar, não há uma alternativa manual para
resolver a situação.
b) tem-se que esperar o atendimento da tevê a cabo, vendo e ouvindo chuviscos.
c) os homens não sabem operar os aparelhos modernos.
d) não se marcam mais bilhetes com canetas Bic.
32. Para o narrador, o que tornou o mundo muito mais difícil foi:
a) querer sempre o mais veloz e o infalível.
b) não ter recursos naturais para substituir as máquinas.
c) lidar com a juventude que sabe muito mais das novas tecnologias.
d) exigirem de nós, além do que já aprendemos ao longo da vida, conhecimentos técnicos.
33. Em: “Isso acontece nos bancos, nas lojas e nos aeroportos, em qualquer templo do consumo
contemporâneo”, isso se refere a:
a) o sistema ficar fora do ar.
b) abandonar o que era lento, mas funcionava.
c) não existirem recursos manuais para aliviar a situação.
d) esperar que os deuses da modernidade tenham piedade de nós.
36. Em: “A noite anda e eu descubro [...]”, o termo destacado pode ser substituído por:
a) inicia.
b) avança.
c) caminha.
d) se arrasta.
37. _____ muito tempo que ____evolução começou, mas _____ pessoas não ______
acompanharam.
A seqüência que completa, CORRETAMENTE, o período abaixo é:
a) A - a - há – há
b) Há – há - a – a
c) Há - a – há – a
d) A - há - a – há
GABARITO
01. D 20. B
02. E 21 B
03. A 22. A
04. C 23. C
05. B 24. D
06. C 25. B
07. D 26. A
08. E 27. B
09. B 28. D
10. A 29. A
11. E 30. D
12. B 31. A
13. B 32. D
14. D 33. A
15. D 34. C
16. C 35. B
17. C 36. B
18. A 37. C
19. C