Aula 9 - Química Aplicada - Células Voltaicas 2

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QUÍMICA APLICADA

AULA 9: CÉLULAS VOLTAICAS


PROF. DR. CLÁUDIO MAGALHÃES
[email protected]
2024 - 1
CÉLULAS VOLTAICAS

A energia liberada em uma reação Oxidoredução espontânea pode ser usada para
realizar trabalho elétrico. Essa tarefa é efetuada por uma célula voltaica (ou galvânica),
dispositivo no qual a transferência de elétrons ocorre pelo caminho externo em vez
de diretamente entre os reagentes.
Uma reação espontânea dessa ocorre quando uma tira de zinco é colocada em
contato com uma solução contendo 𝐶𝑢2+ . À medida que a reação prossegue, a cor
azul dos íons 𝐶𝑢2+ (aq) desaparece e o cobre metálico deposita-se no zinco.
Ao mesmo tempo, o zinco começa a se dissolver.
𝑍𝑛 𝑠 + 𝐶𝑢2+ 𝑎𝑞 → 𝑍𝑛2+ 𝑎𝑞 + 𝐶𝑢(𝑠)
Célula voltaica: O compartimento da esquerda
contém 1𝑚𝑜𝑙/𝐿 de 𝐶𝑢𝑆𝑂4 (sulfato de cobre) e um
eletrodo de cobre. O compartimento da direita
contém 1𝑚𝑜𝑙/𝐿 de 𝑍𝑛𝑆𝑂4 (sulfato de zinco) e um
eletrodo de zinco. As soluções estão conectadas
por um disco de vidro poroso, que permite o
contato das duas soluções. Os eletrodos metálicos
estão conectados por um voltímetro, que lê o
potencial da célula, 1,10 𝑉.
(a) Uma lâmina de zinco é colocada em uma solução de
sulfato de cobre(II). (b) Os elétrons são transferidos do zinco
para o íon 𝐶𝑢2+ , formando íons 𝑍𝑛2+ e 𝐶𝑢(𝑠). À medida
que a reação prossegue, o zinco se dissolve, a cor azul de
𝐶𝑢2+ (𝑎𝑞), descolore e o cobre metálico (o material escuro
na lâmina de zinco e no fundo do béquer) deposita-se.
Compartimentos da célula voltaica é chamado semicélula.
Uma semicélula é o local da semi-reação de oxidação e a
outra é o local da semi-reação de redução.
Neste exemplo 𝑍𝑛 é oxidado e 𝐶𝑢2+ , reduzido:

Anodo (semi-reação de oxidação) 𝑍𝑛 𝑠 → 𝑍𝑛2+ 𝑎𝑞 + 2𝑒 −


Catodo (semi-reação de redução) 𝐶𝑢2+ 𝑎𝑞 + 2𝑒 − → 𝐶𝑢(𝑠)

Os elétrons tornam-se disponíveis à medida que o zinco metálico é oxidado no


anodo. Eles fluem pelo circuito externo do catodo, onde eles são consumidos à
proporção que 𝐶𝑢2+ 𝑎𝑞 é reduzido.
Como 𝑍𝑛 𝑠 é oxidado na célula, o eletrodo de zinco perde massa e a con-
centração da solução de 𝑍𝑛2+ aumenta conforme a pilha funciona. De forma
semelhante, o eletrodo de 𝐶𝑢 ganha massa, tornando a solução de 𝐶𝑢2+ menos
concentrada à medida que 𝐶𝑢2+ é reduzido a 𝐶𝑢(𝑠).
Para uma célula voltaica funcionar, as soluções nas duas semicélulas devem
permanecer eletricamente neutras. Devido a 𝑍𝑛 ser oxidado no compartimento do
a nodo, os íons 𝑍𝑛2+ entram na solução. Portanto, deve existir algum meio de os
íons positivos migrarem para fora do compartimento do anodo ou para os íons
negativos migrarem para dentro, a fim de se manter a solução eletricamente neutra.
Igualmente, a redução de 𝐶𝑢2+ no catodo remove carga positiva da solução,
deixando um excesso de carga negativa na semicélula. Assim, os íons positivos
devem migrar para dentro do compartimento ou os íons negativos devem migrar
para fora.
Na primeira figura um disco de vidro poroso separando os dois compartimentos
permite uma migração de íons que mantém a neutralidade elétrica das soluções.
Na figura seguinte, uma ponte salina serve a esse propósito. Uma ponte salina
consiste em um tubo em forma de U que contém uma solução de eletrólito, como
𝑁𝑎𝑁𝑂3 (𝑎𝑞), cujos íons não reagem com outros íons na célula ou com os materiais
dos eletrodos. O eletrólito geralmente é incorporado em um gel para que sua
solução não escorra quando o tubo em U for invertido. Conforme a oxidação e a
redução ocorrem nos eletrodos, os íons da ponte salina migram para neutralizar a
carga nos compartimentos da célula.
Qualquer que seja o meio usado para permitir que os íons migrem entre as
semicélulas, os ânions sempre migram no sentido do anodo e os cátions no sentido do
catodo. Não ocorrerá nenhum fluxo mensurável de elétrons entre os eletrodos a
menos que um meio seja fornecido para os íons migrarem pela solução de um
compartimento para outro, consequentemente completando o circuito.
Célula voltaica que usa uma ponte salina para completar o circuito elétrico.
Resumo da terminologia usada para descrever as
células voltaicas. A oxidação ocorre no anodo; a
redução ocorre no catodo. Os elétrons fluem
espontaneamente do anodo negativo para o
catodo positivo. O circuito elétrico é completado
pelo movimento de íons na solução. Os ânions
movimentam-se no sentido do anodo, enquanto
os cátions movimentam-se no sentido do catodo.
EXEMPLO
A seguinte reação de oxirredução é espontânea:
𝐶𝑟2 𝑂72− 𝑎𝑞 + 14𝐻 + + 6𝐼 − 𝑎𝑞 → 3𝐶𝑟 3+ 𝑎𝑞 + 3𝐼2 𝑠 + 7𝐻2 𝑂(𝑙)
Uma solução contendo 𝐾2 𝐶𝑟2 𝑂7 (dicromato de potássio) e 𝐻2 𝑆𝑂4 (ácido sulfúrico) é
derramada em um béquer e uma solução de 𝐾𝐼 (iodeto de potássio) é derramada em
outro béquer. Uma ponte salina é usada para unir os béqueres. Um condutor metálico
que não reagirá com nenhuma das soluções (como uma lâmina de platina) é suspenso
em cada solução; os dois condutores são conectados com fios por meio de um
voltímetro ou algum outro dispositivo que detecte corrente elétrica. A célula voltaica
resultante gera corrente elétrica. A reação que ocorre no anodo, a reação do catodo, o
sentido das migrações do elétron e do íon os sinais dos eletrodos.
RESOLUÇÃO
Dividir a equação química em duas semi-reações :

𝐶𝑟2 𝑂72− 𝑎𝑞 é convertido em 𝐶𝑟 3+ 𝑎𝑞

Completando e balanceando temos:

𝐶𝑟2 𝑂72− 𝑎𝑞 + 14𝐻 + + 6𝑒 − → 2𝐶𝑟 3+ 𝑎𝑞 + 7𝐻2 𝑂(𝑙)


Segunda semi-reações :
𝐼 − 𝑎𝑞 é convertido em 𝐼2 𝑠
6𝐼 − 𝑎𝑞 → 3𝐼2 𝑠 + 6𝑒 −
A primeira semi-reação é o processo de redução (elétron mostrados no lado do
reagente da equação). Por definição, esse processo ocorre no catodo.
A segunda semi-reação é a oxidação (elétrons mostrados no lado do produto da
reação), que ocorre no anodo.
Os íons 𝐼 − são fonte de elétrons; os íons 𝐶𝑟2 𝑂72− os recebem. Consequentemente, os
elétrons fluem pelo circuito externo a partir do eletrodo imerso na solução de 𝐾𝐼 (o
anodo) para o eletrodo imerso na solução de 𝐾2 𝐶𝑟2 𝑂7 /𝐻2 𝑆𝑂4 (o catodo). Os
eletrodos por si só não reagem de forma nenhuma; eles simplesmente fornecem um
meio de transferência de elétrons da ou para a soluções. Os cátions movimentam-se
pelas soluções no sentido do catodo, os ânions movem-se no sentido do anodo. O
anodo (de onde os elétrons se movimentam) é o eletrodo negativo, e o catodo (para
onde os elétrons se movimentam) é o eletrodo positivo.
FEM DE PILHAS

Por que os elétrons são transferidos espontaneamente de um átomo de 𝑍𝑛 para um


íon de 𝐶𝑢2+ , diretamente ou por um circuito externo como na célula voltaica?
Os processos químicos que constituem qualquer célula voltaica são espontâneos de
forma simples, podemos comparar o fluxo de elétrons provocado por uma célula
voltaica ao fluxo de água em uma queda d'água. A água flui espontaneamente sobre uma
queda d'água por causa da diferença na energia potencial entre o topo da queda e o rio
abaixo. Igualmente, os elétrons fluem do anodo de uma célula voltaica para o catodo
devido à diferença na energia potencial. A energia potencial dos elétrons é mais alta no
anodo que no catodo, e eles fluem espontaneamente por um circuito externo do anodo
para o catodo.
Representação da célula voltaica no nível
atômico. No anodo um átomo de 𝑍𝑛 perde
dois elétrons e torna-se um íon 𝑍𝑛2+ o átomo
de 𝑍𝑛 é oxidado. Os elétrons movem-se por
um circuito externo para o catodo. No catodo
um íon de 𝐶𝑢2+ ganha dois elétrons, formando
um átomo de 𝐶𝑢; o íon 𝐶𝑢2+ é reduzido. Os
íons migram pela barreira porosa para manter
o balanço de cargas entre os compartimentos.
O fluxo de elétrons do anodo para o
catodo em uma célula voltaica pode ser
comparado ao fluxo de água em uma queda
d'água. A água flui em uma queda d'água
porque sua energia potencial é mais baixa
na base da queda que no topo.
Analogamente, se existir conexão elétrica
entre o anodo e o catodo de uma célula
voltaica, os elétrons fluem do anodo para o
catodo para baixar sua energia potencial.
A diferença na energia potencial por carga elétrica (diferença de potencial) entre dois
eletrodos é medida em unidades de volts. Um volt (V) é a diferença potencial
necessária para fornecer 1 J de energia para uma carga de 1 coulomb (C).

1𝐽
1𝑉 =
1𝐶

A fem de uma célula voltaica em particular depende das reações específicas que
ocorrem no catodo e no anodo, das concentrações dos reagentes e produtos e da
temperatura (25 ºC) condições-padrão.
Para encontrar a ligação entre o potencial de célula e a energia livre de reação
consideramos que a energia livre de reação é o trabalho máximo sem expansão que
uma reação pode realizar em pressão e temperatura constantes:
∆𝐺𝑟 = 𝑊𝑒
O trabalho realizado quando uma quantidade 𝑛 de elétrons (em mols) atravessa uma
diferença de potencial 𝐸 é sua carga vezes a diferença de potencial. A carga de um
elétron é −𝑒. A carga por mol de elétrons é −𝑒𝑁𝐴 logo, a carga rotai é −𝑛𝑒𝑁𝐴 . O
trabalho realizado é:
𝑊𝑒 = −𝑛𝑒𝑁𝐴 𝐸
A constante de Faraday, 𝐹, é a magnitude da carga por mol de elétrons (o produto da
carga elementar 𝑒 pela constante de Avogadro 𝑁𝐴 )

𝐹 = 𝑒𝑁𝐴

𝐹 = (1,60 × 10−19 𝐶)(6,02 × 1021 (𝑚𝑜𝑙𝑒 − )−1

𝐹 = 9,65 × 104 𝐶(𝑚𝑜𝑙𝑒 − )−1

𝐹 = 9,65 × 104 𝐶. 𝑚𝑜𝑙 −1

𝑊𝑒 = −𝑛𝐹𝐸
Quando essa equação é combinada com a equação termodinâmica, obtemos

∆𝐺𝑟 = −𝑛𝐹𝐸

nesta expressão 𝑛 é o coeficiente estequiométrico dos elétrons nas semi-reações


de oxidação e redução que são combinadas para dar a equação balanceada da
reação na célula.
CÁLCULO DA ENERGIA LIVRE DE UMA REAÇÃO

A fem de uma célula para determinadas concentrações de íons cobre e zinco é 1,10 V.
Qual é a energia livre de reação nessas condições?

∆𝐺𝑟 = −𝑛𝐹𝐸

Célula de Daniell (reação A) 𝑛 = 2

∆𝐺𝑟 = −2 × (9,65 × 104 𝐶. 𝑚𝑜𝑙−1 ) × (1,10𝑉)

∆𝐺𝑟 = (−2,12 × 105 𝐶. 𝑉. 𝑚𝑜𝑙−1 )


∆𝐺𝑟 = (−2,12 × 105 𝐶. 𝑉. 𝑚𝑜𝑙−1 )

1𝐶. 𝑉 = 1𝐽

∆𝐺𝑟 = (−2,12 × 102 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 )


EXERCÍCIO

A reação que ocorre em uma célula nicad é 𝐶𝑑 𝑠 + 2𝑁𝑖 𝑂𝐻 3 (𝑠) → 𝐶𝑑 𝑂𝐻 2 (𝑠) +


2𝑁𝑖 𝑂𝐻 2 (𝑠) e a fem da célula completamente carregada é de 1,25 𝑉. Qual é a
energia livre da reação?

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