Daniel Conegero - Qual o Significado Da Páscoa

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- Qual o Significado da

Daniel Conegero

Páscoa?
A Páscoa ORIGINAL é uma celebração judaica instituída por Moisés seguindo uma
ordem específica do próprio Deus.

O significado da Páscoa para os cristãos está diretamente relacionado à morte e


ressurreição de Cristo.

A primeira Páscoa judaica foi realizada no mês de Abibe (posteriormente chamado


de Nisã), que corresponde ao período entre Março e Abril em nosso calendário.

Esse mês se tornou o primeiro mês do calendário judaico. Eles tem outro
calendário, o civil, em relação a Criação.

A Páscoa também está ligada à Festa dos Pães Asmos e a dedicação dos
primogênitos.

O que significa “Páscoa”?


A palavra Páscoa significa “passar por cima”, do hebraico pessach, derivado do
verbo passah, “saltar” ou “passar”.
Este significado faz referência à ocasião em que Deus enviou a décima praga sobre
o Egito. Essa décima praga resultou na morte de todos os primogênitos, mas os
israelitas obedientes nada sofreram.
Portanto, quando o juízo de Deus atingiu os egípcios, as casas dos israelitas que
estavam marcadas com o sangue do cordeiro que havia sido sacrificado foram
poupadas.

Desse modo, o significado “passar por cima” transmite o sentido de “poupar”, ou


seja, passar por cima por misericórdia.

O juízo de Deus “passou por cima” dos israelitas.


A história da Páscoa
Cerca de 500 anos antes da instituição da Páscoa, Deus falou com Abraão acerca do
futuro de sua descendência, o povo de Israel. O Senhor o avisou de que os israelitas
seriam peregrinos em terra alheia.
Eles seriam reduzidos à escravidão e oprimidos por 400 anos. Porém Deus também
prometeu que julgaria a nação que dominaria seu povo, libertando-o da opressão
(Gênesis 15:13,14).
Mais tarde, José, bisneto de Abraão, foi traído por seus irmãos e vendido como
escravo, e acabou parando no Egito. Depois de enfrentar muitas dificuldades,
segundo o plano soberano de Deus, José se tornou o governador do Egito, ao
liderar as ações que garantiram que o Egito tivesse mantimento numa época de
terrível escassez.
A crise levou a casa de Jacó até o Egito em busca de alimento. Então eles
descobriram que José havia sido exaltado por Deus naquela terra, e que ali a
descendência de Abraão sobreviveria.
Durante algum tempo os israelitas viveram com dignidade e paz no Egito. Mas José
e toda aquela geração morreram, e chegou o tempo em que se levantou um faraó
que não conhecia José, e temeroso escravizou o povo de Israel (Êxodo 1:6-11).
Depois de 400 anos que os israelitas estavam no Egito, Deus levantou Moisés como
libertador de seu povo.
Esse processo envolveu dez pragas que o Senhor enviou ao Egito. Foi a última
praga, que consistiu na morte dos primogênitos do Egito, o episódio que deu
origem a celebração da Páscoa.

A origem e o significado da Páscoa judaica


Quando Deus anunciou a décima praga, Ele também deu instruções a Moisés de
como os israelitas deveriam proceder. O Senhor ordenou que eles sacrificassem um
cordeiro ou cabrito macho sem defeito no décimo quarto dia do mês de Abibe, e
espargisse o sangue do cordeiro nos umbrais e no alto dos batentes das portas de
suas casas.

Eles deveriam comer a carne do cordeiro assada no fogo, acompanhada de pães


asmos e ervas amargas. Aqui podemos fazer as seguintes observações:
 Pães asmos: eram pães sem levedura, ou seja, sem fermento. Os pães asmos
deveriam ser comidos como lembrança da pressa durante o êxodo.

 Ervas amargas: essas ervas estavam diretamente associadas ao sofrimento e a


aflição dos tempos de escravidão (cf. Lamentações 3:15).

O Senhor também ordenou que eles comessem com pressa, com “os lombos
cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão”, pois naquela mesma noite Deus
mandaria seu anjo executor passar sobre o Egito (Êxodo 12:11).
Quando o juízo de Deus atingiu o Egito, morreram todos os primogênitos, desde os
homens até os animais.

Isto também significou a completa derrota e julgamento sobre os falsos deuses do


Egito.

O significado da Páscoa judaica está claramente registrado no livro do Êxodo,


quando lemos:

E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que rito é


este? Respondereis: Este é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que
passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando
feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou
e adorou (Êxodo 12:26,27).

A observância da Páscoa no decorrer da


história dos hebreus
Moisés institui a Páscoa como uma celebração anual. Assim, a Páscoa é a festa
judaica mais antiga. Os judeus deveriam celebrar a Páscoa seguindo as regras
básicas que foram determinadas no Pentateuco (Êxodo 12; Levítico 23;
Deuteronômio 16).

Assim como na primeira Páscoa ainda no Egito, a festa anual era comemorada no
crepúsculo do décimo quarto dia do primeiro mês, seguida de sete dias
consecutivos (do décimo quinto ao vigésimo primeiro dia), denominados como
“Festa dos Pães Asmos”.
O cordeiro macho e sem defeito de até um ano que seria sacrificado, era separado
do rebanho por cada família no décimo dia do primeiro mês e guardado até o
décimo quarto dia. O animal deveria ser assado inteiro, e sem que nenhum osso
fosse quebrado.

O animal tinha que ser comido muito rapidamente com as ervas amargas e os pães
asmos. Os judeus também deveriam comer do cordeiro com trajes de viagem, para
que a saída apressa do Egito fosse celebrada. As sobras do cordeiro também
deveriam ser queimadas, pois não era permitido aproveitá-las no dia seguinte.

Durante a celebração da Páscoa o chefe da família explicava o significado do ritual


às crianças. Depois, também foi instituída uma segunda Páscoa, um mês depois,
para beneficiar aqueles que não puderam participar da primeira celebração
(Números 9:1-14).

Enquanto esteve peregrinando no deserto, o povo de Israel não celebrou a Páscoa.


Eles voltaram a celebrá-la apenas quando já estavam acampados em Gilgal, sobre a
liderança de Josué (Josué 5:10).
Há também outras passagens bíblicas que fazem referência à celebração da Páscoa
no Antigo Testamento (ex.: 2 Crônicas 30:1-27; 35:1-19).

A Páscoa na época de Jesus


Os Evangelhos trazem várias passagens que relatam a celebração da Páscoa
durante a vida de Jesus. Nosso Senhor era levado por seus pais a Jerusalém todos
os anos para a Festa da Páscoa (Lucas 2:41).

No Evangelho de João, por exemplo, encontramos pelo menos quatro referências à


Festa da Páscoa (João 2:13,23; 6:4; 11:55; 12:1; 13:1; 18:28,39; 19:14).

Nessa época, o cordeiro era sacrificado na área do Templo, e seu sangue era
lançado por um sacerdote sobre o altar. A refeição pascal podia ser comida em
qualquer casa da cidade.
Era comum os judeus se reunirem em grupos, assim como o grupo de Jesus e seus
discípulos que se reuniu no Cenáculo, formando um tipo de unidade familiar.
Por ocasião da Páscoa, acredita-se que entre 60 e até 180 mil judeus compareciam
a Jerusalém.

Obviamente a maioria deles era formada por judeus da Diáspora, ou seja, judeus
que viviam fora da Palestina. Os gentios não podiam participar da Páscoa, porém
os prosélitos que aceitassem satisfazer as condições exigidas para tal celebração
podiam participar dela.

Depois da queda de Jerusalém e da consequente destruição do Templo em 70 d.C.,


a Páscoa judaica passou a ser uma celebração intima e familiar, mais próxima do
que foi no Êxodo, já que não era mais possível realizar todo o ritual feito no
Templo.

O significado da Páscoa para os cristãos:


Jesus e a Páscoa
O profeta Isaías profetizou acerca do Messias dizendo que como um cordeiro ele
foi levado ao matadouro (Isaías 53:7). João Batista, falando acerca de Jesus, fez a
importante declaração: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João
1:29).
Jesus foi traído, preso e crucificado durante a Festa da Páscoa em Jerusalém. Tudo
isso ocorreu, muito provavelmente, numa sexta-feira, embora alguns defendam a
quarta-feira. Considerando a sexta-feira como a melhor posição, então na quinta-
feira à noite Jesus e seus discípulos comeram o cordeiro pascal em Jerusalém.

Aquela foi a última ceia pascal, ou seja, a última vez que a instrução dada ainda no
Egito deveria ser observada. Após aquele momento, ninguém mais deveria
sacrificar um cordeiro, assá-lo e comê-lo com ervas amargas e pães asmos.

O Cordeiro de Deus seria sacrificado, num sacrifício perfeito e definitivo, sem a


necessidade de qualquer complemento. Ao invés da carne de cordeiro assada, das
ervas amargas e dos pães asmos, nosso Senhor instituiu o pão e o vinho em
memória dele. Ao comermos o pão, nos lembramos de seu corpo partido; e
quando tomamos o cálice, nos lembramos do seu sangue derramado.
A última Páscoa deu lugar à primeira Ceia do Senhor, ou seja, a Páscoa passou a ser
a Ceia do Senhor. Também é interessante notarmos que a Páscoa apontava para o
futuro, para frente, era o símbolo do que haveria de vir.

Já a Ceia do Senhor aponta para o passado, para trás, como símbolo da promessa
que se cumpriu.

Os cristãos devem celebrar a Páscoa?


A Páscoa é uma festa judaica, um símbolo que apontava para o sacrifício do Filho
de Deus. Quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, ele cumpriu
definitivamente o significado que a Páscoa tipificava. A Páscoa era a sombra; Cristo
é a realidade.

Celebrar a Páscoa judaica é celebrar aquilo que era temporário, é voltar ao que é
inferior. O escritor de Hebreus expôs essa verdade como o tema principal de sua
epístola. Assim, Cristo é a nossa Páscoa perfeita.
O apóstolo Paulo foi claro quando escreveu que Cristo é o “nosso Cordeiro
pascal” que foi sacrificado (1 Coríntios 5:7). Dessa forma, nós, cristãos, não
celebramos a Páscoa uma vez por ano entre os meses de Março e Abril, mas nos
reunimos para celebrar a Ceia do Senhor durante o ano todo, em memória de seu
sacrifício no Calvário. Ali seu sangue foi derramado satisfazendo a justiça de Deus, e
impedindo que seu povo fosse lançasse em condenação eterna.
Para nós, a Páscoa significa que, pelos méritos da obra de Cristo na cruz, a ira de
Deus “passou por cima” das nossas vidas, pois nos umbrais de nossas portas seu
precioso sangue atestou que fomos justificados.

É por isso que num determinado sentido os cristãos não comemoram a Páscoa,
antes, celebram a Ceia do Senhor.

Coelho, ovos e chocolates


Coelhos, ovos e chocolates foram elementos incorporados posteriormente à
Páscoa. Geralmente as pessoas defendem o uso de tais elementos alegando que o
ovo simboliza a nova vida e o coelho a fertilidade. Quanto ao chocolate, talvez a
melhor explicação seja que, associado aos outros dois elementos, ele é bom para o
comércio.

Seja como for, tais elementos não possuem qualquer ligação com a Páscoa judaica
ou com a Ceia do Senhor. Infelizmente em muitas igrejas tais elementos são
incorporados até mesmo num tipo de culto especial de Páscoa.

Por outro lado, há aqueles que na tentativa de se desvencilhar das praticas


populares acabam cometendo outro erro, ao aderirem às praticas da Páscoa
judaica. Isso significa que em algumas igrejas na época da Páscoa come-se cordeiro
assado, pães asmos e algum tipo de erva amarga. Em ambos os casos o que vemos
é pura crendice. É o pragmatismo e o sincretismo religioso que lamentavelmente
atrai cada vez mais adeptos.

Apesar da Páscoa judaica não ser uma data sagrada para nós, devemos agir com
sabedoria e prudência. Devemos aproveitar essa data onde muitas famílias se
reúnem, para explicar o verdadeiro significado da Páscoa, desde sua origem,
apontando para Cristo como o Cordeiro de Deus, até sua consumação no Calvário,
onde nossas correntes foram quebradas.

Além disso, devemos estar confortados na promessa de que o pleno significado da


Páscoa será completamente cumprido no novo céu e na nova terra. Ali o povo
escolhido de Deus estará totalmente livre de todo pecado, e nossa comunhão com
o Redentor será aperfeiçoada em toda plenitude (Lucas 22:16; cf. Apocalipse 3:21).

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