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Direito das Famílias

Profª. Ms. Rosana dos Santos Martins

SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO

Casamento indissolúvel; Decreto 181/1890 – Desquite.


o Ocorre a separação dos cônjuges e de seus bens, mas não ocorre a
dissolução do vínculo matrimonial.

Separação EC/9/77 e Lei 6.515/77 – Separação Judicial e Divórcio


o Sistema bifásico (separação e divórcio)

Separação: Coloca fim à sociedade conjugal, mas mantém o vínculo matrimonial (art.
1.571, III CC).
▪ Restam paralisados os deveres de fidelidade recíproca, coabitação (separação
de fato) e efeitos do regime de bens (art. 1.576 CC).
o Não pode se casar com outrem, mas pode retomar o seu vínculo conjugal
originário a qualquer tempo mediante petição conjunta.
▪ O retorno do matrimônio ocorrerá com efeitos ex nunc, resguardado os
interesses de terceiros (art. 1.577 CC).

Separação Judicial Consensual:


▪ Acordo homologado judicialmente

● Célere
▪ Necessário estar casado por pelo menos 1 ano (art. 1.574 CC) – reflexão
▪ Cláusula de dureza ou excepcional gravidade (art. 1.574, p. único CC).
o Separação Judicial Litigiosa

▪ Resolução por via judicial (art. 1.572 CC)


▪ Separação Falência: ruptura da vida em comum há mais de 1 ano e
impossibilidade de reconciliação (art. 1.572, §1º CC).
▪ Separação Remédio: doença mental grave, manifestada após o casamento,
que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma
duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura
improvável (art. 1.572, §2º CC).

● § 3 o No caso do parágrafo 2 o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver


pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o
casamento, e se o regime dos bens adotados o permitir, a meação dos adquiridos na
constância da sociedade conjugal.

▪ Separação Sanção: Imputa ao outra grave violação de um dos deveres do


casamento (art. 1.566 CC).

Rol exemplificativo: art. 1.573 CC - Necessidade de comprovar o alegado
Consequências:
⮚ Perda do direito a alimentos (art. 1.704 CC)
⮚ Imposição de retirada do sobrenome de casado (excepcional).
⮚ Indenização
✔ OBS: Para grande parte da doutrina, a discussão sobre culpa não
merece mais ser discutida no direito das famílias.
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Separação de Fato: situação extrajudicial na qual os cônjuges optam por se afastar.

Efeitos:
● Possibilidade do separado ter união estável (art. 1.723 CC);
● Ainda que o art. 1.642, V CC afirme que o regime de bens continuar por 5 anos, o
STJ entende que tal separação é apta a paralisar os efeitos do regime de bens (STJ,
Resp 32.218/SP).

Direito à sucessão (art. 1.830 CC)


o Separação Extrajudicial
▪ Lei 11.441/07
▪ Art. 733 CPC
▪ Requisitos:
● Envolvidos maiores e capazes
● Consenso
● Presença de Advogado

Divórcio:
o EC 9/77 e Lei 6.515/77
o CF/88 – divórcio direto e indireto
o O divórcio dissolve o vínculo conjugal (art. 1.571 , §1º CC).
o EC66/10 – divórcio direto

Divórcio direto: necessidade da separação de fato por 2 anos


Divórcio indireto: separação judicial por 1 anos
▪ Atualmente não existem mais prazos para o divórcio

OBS: Com a nova redação do § 6º, do art. 226 da CF existem três teorias a respeito da
separação judicial:

● 1ª teoria – a separação judicial permanece normal, sem alterações não houve


revogação do CC/2002.
⮚ V Jornada de Direito Civil - Enunciado 514 - A Emenda Constitucional n. 66/2010 não
extinguiu o instituto da separação judicial e extrajudicial.
✔ Mera faculdade
● 2ª teoria (adotada pelo IBDFAM) – a separação judicial foi completamente revogada
(motivos e justificativas da EC nº 66/2010)
o Requisito único para o divórcio: vontade
o Resolução parcial do mérito (art. 356 CPC)
o Tipos:
▪ Divórcio consensual judicial – art. 731 do CPC
▪ Divórcio consensual extrajudicial – art. 733 CPC
▪ Divórcio litigioso
o Características materiais e processuais do divórcio
▪ Natureza personalíssima
Não admite substituição processual
▪ Inadmissibilidade de terceiros intervirem no divórcio
▪ Intervenção do MP
Em caso de interesse de incapaz
▪ Eliminação da audiência para tentativa de conciliação pelo CPC/15
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▪ Competência para as ações de divórcio – art. 53 CPC


▪ Possibilidade de não divisão do patrimônio comum no divórcio (condomínio)
▪ Possibilidade de permanecer com o nome de casado

UNIÃO ESTÁVEL – FAMILIA CONVIVENCIONAL


Histórico
● CC/16 – casamento como entidade familiar
o Família legítima
o Família ilegítima: qualquer outra forma familiar

● Concubinato: união entre homem e mulher sem casamento

o Puro: pessoas que poderiam se casar


o Impuro: pessoas impedidas de casar
o Não produzia efeitos no direito das famílias
▪ Considerado sociedade de fato (Direito Obrigacional)

o Com a CF/88, o concubinato puro foi elevado à categoria de entidade familiar


por meio da união estável.
▪ Mudança de nome para tirar o estigma da palavra anterior.
▪ Lei 8.971/94 - Regula o direito dos companheiros a alimentos e à
sucessão.
▪ Lei 9.278/96 - Regula o § 3° do art. 226 da Constituição Federal

● § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união


estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

o O antigo concubinado impuro, agora apenas concubinato, se manteve


enquadrado no Direito das Obrigações, não produzindo efeitos jurídicos
familiares – art. 1.727 CC.


Direito apenas à partilha do patrimônio adquirido, desde que provado
o esforço comum (STJ, Resp 988.090/MS de 2010).
▪ Vedações:
● Realizar doações em favor do concubino – art. 550 CC
● Estipula seguro de vida em favor do concubino – art. 793 CC
● Contemplar como beneficiário de testamento – art. 1.801 CC
● Receber alimentos – art. 1.694 CC
Noções Gerais
● Art. 226, §3º CF - § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento.
● Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família.

● Elementos:
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o Intuitu familiae (ânimo de constituir uma família)


▪ Comunhão de vidas
▪ Diferencia a união estável do namoro prolongado ou noivado
o Divergência de sexos
▪ União homoafetiva (ADIn 4277/DF, 2011)
o Estabilidade e continuidade
▪ Duração prolongada no tempo
▪ Não há um lapso temporal mínimo
o Publicidade
▪ Notoriedade/não clandestina
o Ausência de impedimentos matrimoniais e não incidência das causas
suspensivas
▪ Mitigação – casamento anterior (art. 1.521, VI)
● Desde que um dos companheiros, ainda que casado, esteja separado de fato
● Se nos enquadrar outros impedimentos – concubinato
▪ Não se aplica as causas suspensivas
o Desnecessidade de coabitação
Efeitos pessoais da União Estável
● Semelhantes ao do casamento

Exceções:
▪ Emancipação do companheiro menor
● Já há precedentes jurisprudenciais em contrário
▪ Presunção de paternidade dos filhos
● Já há entendimento jurisprudencial em contrário
o (STJ, REsp. 1.194.059/Sp, 2012)
▪ Mudança de estado civil
● Deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos
filhos - Art. 1.724.
o Coabitação – Súmula 382: A vida em comum sob o mesmo teto more uxorio,
não é indispensável à caracterização do concubinato.

● Direito ao uso do sobrenome do companheiro – Art. 57, §§ 2º e 3º da Lei de


Registros Públicos;
● Estabelecimento de vínculo de parentesco por afinidade – art. 1.595 CC
● Adoção por companheiros – art. 1.618 e 1.622 CC c/c art. 42, §2º do ECA
● Exercício da curatela pelo companheiro na ação de interdição e na ação declaratória
de ausência
● Sub-rogação e retomada na locação de imóvel urbano – art. 11 da Lei de Locações
c/c art. 12 da Lei 12.112/09
● Enquadramento como herdeiro necessário – RE 878.694/MG
o Interpretação do art. 1.845 CC conforme à CF.
Efeitos patrimoniais da União Estável
● Regime de bens e o direito à meação
o Comunhão parcial – art. 1.725 CC
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Exceção:
Contrato de convivência em sentido contrário
o Contrato de convivência – estipular regras patrimoniais específicas
▪ Negócio acessório
o Negócio jurídico informar (escritura pública ou particular)
▪ Precisa ser escrito
o Dispensa a presença de testemunhas
o Pode ser celebrado a qualquer tempo
▪ Pode ser modificado a qualquer tempo, desde que por ato de vontade de ambas as
partes.
▪ Não produzirá efeitos retroativos
o Não pode afastar ou suprimir direitos garantidos por lei
▪ Ex: direito de herança, alimentos...

● Subrogação de bens adquiridos anteriormente


● Aquisição após separação de fato
● Separação obrigatória no caso de mais de 70 anos (STJ, REsp 1.369.860
● Outorga: entendimento majoritário – inexigível

● Alimentos - art. 1.694 CC


● Direito aos benefícios previdenciários – art. 16, I Lei 8.213/91
● Impenhorabilidade do bem de família
Conversão da União Estável em Casamento – art. 226, §3º CF
● Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
o Comprovar a inexistência de impedimento

BEM DE FAMILIA
Conceito e Natureza Jurídica
● “O bem de família é um meio de garantir um asilo à família, tornando-se o imóvel
onde ela se instala domicílio impenhorável e inalienável, enquanto forem vivos os
cônjuges e até que os filhos completem sua maioridade” Álvaro Villaça Azevedo.
● Proteção ao mínimo existencial dos integrantes do núcleo familiar

o Proteção do ser humano (dignidade) e tutela da família.


o Direito social de moradia;

● Natureza jurídica: bem particular imobiliário impenhorável.


Sistema Dualista Brasileiro
● CC/16
● Decreto-lei 3.200/41 - dispõe sobre a organização e proteção da família
● Lei de Registros Públicos
● CPC
● Lei 6.742/78 - fixou o valor do bem de família.
● Há no Brasil um sistema dual

o Bem de família legal (involuntário) – Lei 8.009/90


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o Bem de Família convencional (voluntário) - (art. 1.711 e ss do CC)

● Bem de família legal (involuntário)


o Lei 8.009/90

▪ Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

o Norma de ordem pública (independe da vontade do titular).


▪ Pode ser reconhecida de ofício

Em caso de execução:

● Exceção de pré-executividade
● Embargos de terceiros
● Embargos do devedor
o Mais de um imóvel como residência (art. 71 CC) – impenhorabilidade do imóvel de
menor valor.
▪ Caso deseje proteger o bem mais valioso, terá usar a modalidade
voluntária
● OBS: Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se
insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar,
desfazendo-se ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor,
transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior,
ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução
ou concurso, conforme a hipótese.
o Fraude contra credores – nulidade do negócio jurídico
o A lei 8.009/90 deve ser aplicada para desconstituir penhoras realizadas anteriormente
à sua vigência.

▪ Súmula 205 STJ: reconhece a aplicabilidade da Lei n. 8.009/90, “mesmo


se a penhora for anterior à sua vigência”.

▪ RE N. 497.850-SP - RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE


EMENTA: I. Bem de família: impenhorabilidade legal (L. 8.009/90):
aplicação à dívida constituída antes da vigência da L. 8.009/90,
sem ofensa de direito adquirido ou ato jurídico perfeito: precedente
(RE 136.753, 13.02.97, Pertence, DJ 25.04.97).
A norma que torna impenhorável determinado bem desconstitui a
penhora anteriormente efetivada, sem ofensa de ato jurídico
perfeito ou de direito adquirido do credor.
2. Desconstitui-se as penhoras efetivadas antes da sua vigência,
com maior razão a lei que institui nova hipótese de
impenhorabilidade incide sobre a que se pretenda realizar sob a
sua vigência, independentemente da data do negócio subjacente
ao crédito exequendo.
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II. Recurso extraordinário: descabimento: a caracterização ou não


do imóvel como bem de família é questão de fato, decidida pelas
instâncias de mérito à luz da prova, a cujo reexame não se presta
o RE: incidência da Súmula 279.
III. Alegações improcedentes de negativa de prestação jurisdicional
e inexistência de motivação do acórdão recorrido.

o Bem alienado em hasta pública – inaplicabilidade da lei


o Imóvel alugado – impenhorabilidade dos bens móveis
▪ Art. 2º [...]
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade
aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e
que sejam de propriedade do locatário observados o disposto neste
artigo.
Bens excluídos:
▪ Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras
de arte e adornos suntuosos.
▪ Vaga de garagem:
● Súmula 449 “A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis
não constitui bem de família para efeito de penhora”.
▪ Art. 3º - rol taxativo de exceções à impenhorabilidade
o Súmula 364 – O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o
imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Bem de Família convencional (voluntário)


o Subsidiária – por ato de vontade
o Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que
não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existentes ao tempo da instituição,
mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em
lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa
de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
▪ Necessidade de escritura pública (doação) ou testamento
Testamento
o Validade após a morte do testador
o serão pagas, com prioridade, as dívidas que o de cujus deixou
o Necessidade de registro para ser gravado como de família - Art. 1.714
o Isento de dívidas futuras – art. 1.715
▪ Natureza preventiva
o Exceções à impenhorabilidade
▪ Não terá efeitos retroativos
▪ Impenhorabilidade limitada
▪ Art. 1.715 – tributos relativos ao imóvel ou despesas de condomínio
(propter rem);

● Saldo existente – p. único
o Objeto: patrimônio em até 1/3 do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição;
▪ Escritura: no tempo da lavratura
▪ Testamento: no momento da abertura da sucessão;
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▪ Pode ser urbano e rural com os respectivos bens móveis – art. 1.712
● Valore mobiliários, desde que a renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.
o Não pode exceder o valor do bem – art. 1.713

● É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,


desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família.
o OBS: Não se faz necessário residir em um bem para que ele seja de família.

Administração – ambos os cônjuges (art. 1.720)


▪ O Judiciário revolverá as eventuais divergências.
▪ Em caso de falecimento de um dos cônjuges, a administração caberá ao
sobrevivente.
▪ Falecendo ambos, a administração passará ao filho mais velho, se for
maior, e, do contrário, a seu tutor.
▪ Valores mobiliários – instituição financeira – art. 1.713, §3º

o O bem de família pode ser alienado – art. 1.719
▪ Inalienabilidade relativa
▪ Consentimento dos interessados ou representantes após oitiva do MP

● O valor deve ser destinado a outro bem que será afetado


o Duração – art. 1.721 e 1.722
▪ Enquanto houver núcleo familiar

● Não extingue com a dissolução da sociedade conjugal


● Enquanto houver filhos menores ou incapazes, persistirá o bem de família voluntário
● OBS: o cônjuge sobrevivente pode pedir a extinção, desde que tal ato não gere
prejuízo à prole.

3º TDES

Direito de Família: Parentesco e Filiação

O parentesco é o vínculo por consanguinidade, adoção, aliança (através


do casamento), afinidade ou qualquer relação estável de afetividade. Trata-se, portanto, de
vínculos podendo ser ou não biológicos e que se organizam de acordo com linhas que
permitem medir/qualificar diversos graus de parentesco.

Natureza Jurídica do Direito de Família:

Deve ser considerado ramo do Direito Privado, embora algumas tentativas mal
sucedidas tenham o apresentado como ramo de Direito Público (Jellinek) devido ao grande
número de normas imperativas e de ordem pública que o compõe; outras tentativas o
inseriram como ramo do Direito Social (Cicu), devido a diminuição da autonomia privada
face às normas de caráter cogente que impregnam este ramo do Direito Civil.

Características do direito de família:


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• natureza personalíssima • intransmissível • intransferível • inusucapível • inalienável •

irrenunciável

Imprescritível: A ação do marido em contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua


mulher é imprescritível, ou seja, pode ser realizada a qualquer momento. Além disso, não
basta a confissão materna para excluir a paternidade.

Por fim, caso um filho queira provar a sua filiação, ou seja, queira provar que é filho
de determinada pessoa, cabe a ele a ação de prova de filiação, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou for incapaz.
O parentesco é o liame que vincula as pessoas oriundas de uma ascendência comum
(parentesco consanguíneo), ou jungida quer pela transmissão do pátrio poder (parentesco
civil) quer pelos efeitos do matrimônio (parentesco afim).
Deste conceito, de Rubens Limongi França, podem ser apontadas três formas
ou modalidades de parentesco, levando-se em conta a sua origem:

a) Parentesco consanguíneo ou natural – aquele existente entre pessoas que mantêm


entre si um vínculo biológico ou de sangue, ou seja, que descendem de um ancestral
comum, de forma direta ou indireta.

b) Parentesco por afinidade – existente entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do


outro cônjuge ou companheiro. Lembre-se que marido e mulher e companheiros não
são parentes entre si, havendo vínculo de outra natureza, decorrente da conjugalidade
ou convivência.
c) Parentesco civil – aquele decorrente de outra origem, que não seja a consanguinidade
ou a afinidade

A SABER: O reconhecimento pode acontecer mesmo antes do nascimento do filho,


bem como posteriormente ao seu falecimento, caso ele deixe descendentes.
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Em relação à moradia, vale destacar que o filho havido fora do casamento, reconhecido por
um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro.

Em relação à idade do filho, caso ele seja maior de idade, ele não poderá ser reconhecido
sem o seu consentimento. Caso seja menor, o filho pode impugnar o reconhecimento,
dentro dos quatro anos seguintes após atingir a maioridade, ou a emancipação.

Qualquer pessoa, que possua justo interesse, pode contestar a ação de investigação de
paternidade, ou maternidade.

Parentesco em Linha Reta

Enuncia o art. 1.591 do atual Código Civil que são parentes em linha reta
as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes
e descendentes.
O parentesco na linha reta é contado de forma muito simples: à medida que se sobe
(linha reta ascendente) ou se desce (linha reta descendente) a escada parental, tem-se um
grau de parentesco. Nesse sentido, é clara a primeira parte do art. 1.594 do CC, no sentido
de que: “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações”.
Parentesco em Linha Colateral ou Transversal

Enuncia o art. 1.592 do CC/2002 que: “São parentes em linha colateral


ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco,
sem descenderem uma da outra”.
Como se nota, o limite é o quarto grau, o que está de acordo com a busca
da facilitação do Direito Privado (princípio da operabilidade).
A segunda parte do art. 1.594 do CC preconiza que se conta, na linha colateral, o
número de graus também de acordo com o número de gerações, subindo de um
dos parentes até o ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Assim, a
premissa fundamental é a seguinte: deve-se subir ao máximo, até o parente comum, para
depois descer e encontrar o parente procurado.
O mínimo parentesco colateral existente é de segundo grau, justamente diante da
regra de subir ao máximo, até o tronco comum, para depois descer. Não há, portanto,
parentesco colateral de primeiro grau.
Portanto, deve-se lembrar de que os parentes em linha colateral estão ligados a um
ancestral comum e não estão em uma relação direta de descendência ou ascendência.
Os irmãos vale ainda dizer que estes podem ser classificados sem bilaterais ou germanos
(mesmo pai e mesma mãe) e unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). Os irmãos unilaterais
podem ser uterinos (mesma mãe e pais diferentes) ou consanguíneos (mesmo pai e mães
diferentes).
Importante mencionar que a linha colateral não gera impedimentos para
o casamento, diferentemente da linha reta, ascendente ou descendente.

Parentesco por Afinidade


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O art. 1595 do Código Civil trata de outra forma de parentesco, por afinidade, o qual
se estabelece entre cônjuges e seus parentes e, tal qual na linha reta – ascendente ou
descendente – também gerará impedimentos matrimoniais, e nas linhas colaterais –
cunhados, por exemplo – este impedimento não gera.
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da
afinidade.
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos
do cônjuge ou companheiro.
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união
estável.

Filiação
A filiação pode ser conceituada como sendo a relação jurídica decorrente
do parentesco por consanguinidade ou outra origem, estabelecida particularmente entre os
ascendentes e descendentes de primeiro grau. Em suma, trata-se da relação jurídica
existente entre os pais e os filhos.
O art. 1.597 do Código Civil é o dispositivo que traz as presunções de paternidade:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I – nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal;
II – nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal,
por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III – havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV – havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes
de concepção artificial homóloga;
V – havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

A hipótese elencada no artigo 1.597 trata-se de presunções relativas (iuris tantum),


que admitem prova em contrário, via exame de DNA, por exemplo.
Porém, há casos em que esta presunção, mesmo sem o exame de DNA, se tornará
a base legal para que o juiz reconheça a paternidade. Por exemplo, imagine um ex-marido,
na situação descrita no inc. II do art. 1.597, se nega a reconhecer um filho de sua ex-
mulher. Ocorrendo a negativa, aplica-se a presunção judicial da Súmula 301 do STJ e da
Lei 12.004/2009, presumindo-se relativamente à paternidade daquele que se nega a fazer o
exame, o que acaba confirmando, por outra via, a presunção prevista do art. 1.597, II, do
mesmo CC/2002.

STJ, Súmula 301 - Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se


ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
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No que tange ao inc. V do art. 1.597, a presunção pode ser absoluta ou relativa, o
que depende da análise do caso concreto. Na verdade, deve-se analisar o caso concreto.
Muitas vezes poderá ocorrer falsidade dessa autorização do marido, sendo mais seguro
percorrer o caminho de que a presunção é relativa (iuris tantum). Mas, no caso em que não
há dúvida quanto a essa autorização do marido para a inseminação heteróloga, a
presunção deve ser visualizada como absoluta (iure et de iure), o que veda o
comportamento contraditório do esposo, que, se arrependendo da autorização concedida,
não quer registrar o filho nascido da reprodução assistida. Estar-se-ia, portanto, diante de
claro comportamento contraditório que atenta contra a boa-fé.
A multiparentalidade:

A filiação socioafetiva e os preceitos constitucionais não eliminaram a multiparentalidade,


ao contrário, trouxeram um mar de tinta sobre o assunto. Trata-se da possibilidade de uma
criança ter mais de um pai ou uma mãe ao mesmo tempo, produzindo efeitos jurídicos a
todos ao mesmo tempo. Entendem os defensores que a filiação socioafetiva não pode
excluir a biológica, nem vice-versa. Tem-se ainda, a corrente da Teoria Tridimensional do
Direito no Direito de Família encabeçada por Belmiro Pedro Welter, que assevera:

A compreensão do ser humano não é efetivada somente


pelo comportamento com o mundo das cosias (mundo
genético), como até agora vem sido sustentado na cultura jurídica (...)
Por isso, entendendo que o ser humano é, a um só tempo, biológico,
afetivo e ontológico, conclui pela existência de uma trilogia
familiar, e por conseguinte, pela possibilidade de estabelecimento de
três vínculos paternos (ou maternos) para cada pessoa (WELTER, p.
295-31413).

No mesmo sentido, temos o entendimento de Dóris Ghilardi que afirma que


a negação ao direito de filiação “é impingir-lhe uma penalidade em decorrência de
uma situação por ele não provocada (GHILARDI, p. 7814)”.

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