Manual de Instrução de Voo - ABUL
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1.2 O CURSO
Tem a duração mínima de 30 (trinta) horas de voo em aeronave leve monomotor sob Regras
de voo visual (VFR), cumprindo missões estabelecidas neste manual e com sua conclusão, ser
submetido ao voo de cheque.
Quando habilitado, o piloto estará apto a voar aeronaves aerodesportivas com peso máximo
de decolagem até 750kg em condição de voo visual.
1.3 MATRÍCULA
O candidato deverá realizar o preenchimento de uma Ficha de Cadastro com as seguintes
informações:
a) nome completo;
b) número do cadastro junto à ANAC (Código ANAC);
c) número do CPF (inclusive para estrangeiros);
d) data de nascimento;
e) documento de identificação com foto (RG, CNH ou outro documento válido em lei para
identificação em todo o território nacional). Para estrangeiros este documento deverá ser o
Passaporte com autorização de permanência válida para o período da duração do curso;
f) nacionalidade;
g) filiação;
h) escolaridade;
i) endereço completo;
j) informações de contato do candidato; e
k) informações de contato de emergência.
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SEÇÃO II
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APLICAÇÃO (A) Não executa o exercício Inicialmente executa com Inicialmente executa
Não consegue
sem orientação, comete alguns erros que nem com pequenos erros,
Demonstra que adquiriu certa Interferência do instrutor executar sem
erros pequenos e demora sempre percebe e interpretados e
segurança e executa o exercício com para evitar uma ação que orientação do
a reconhecê-los. No final corrige, necessitando corrigidos. Ao final
pouco auxílio do ICPA, que intervém, comprometa a segurança instrutor. Comete
executa sozinho, pouca orientação. Ao executa bem com
verbalmente ou diretamente nos de voo, mesmo após suas erros que não percebe
cometendo erros final pequenos erros, algumas orientações
comandos, somente com o objetivo de devidas orientações. e não demonstra
normais para sua interpretados e no sentido de
aperfeiçoar a manobra. progresso.
experiência. corrigidos. aperfeiçoar a ação.
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INSTRUÇÕES/NÍVEIS A ATINGIR PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS PS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
Diário de bordo/Equipamento de voo M C A E E E E E E E E E E E E
Inspeções M C C A E E E E E E E E E E E
Partida do motor M C A E E E E E E E E E E E E
Cheques M M C C A A E E E E E E E E E
Fraseologia M M M C C C C A A A A E E E E
Rolagem (táxi M M C C C C A A A E E E E E E
Decolagem normal M M M C C C C A A A E E E E E
Saída do tráfego M M M C C C A A A E E E E E E
Deslocamento p/ área de instrução M M M C C C A A A E E E E E E
Nivelamento M M M C C C A A E E X X X E E
Identificação da área de instrução M M M C C C A A E E X X X E E
Uso dos comandos de voo M M M C C A A E E X X X X E E
Uso do motor M M M C C C A A E X X X X E E
Uso do compensador M M C C A A A E E X X X X E E
Retas e curvas subindo M M C C C A E X X X X X X E E
Retas e curvas descendo M M C C C A E X X X X X X E E
Voo nivelado M M C C A A E E X X X X X E E
Orientação por referências de solo M M C C A A E E X X X X X E E
Curvas de pequena inclinação M M C C A E X X X X X X X E E
Curvas de média inclinação M M C C A E X X X X X X X E E
Curvas de grande inclinação M C A E X X X X E
Estol sem motor M C A E X X E
“S” sobre estradas M C A E X X E
Oito ao redor de marcos M C A E X E
Estol com motor M C A E X E
Coordenação 1º tipo M C A E X X X X E
Coordenação 2º tipo M C A E X X X X X E
Voo planado M M C A E X X X X X X X X E
Pane simulada alta M C A E X E
Pane simulada a baixa altura M C A E E
Glissada M C A E X X X X X E
Descida para o tráfego M M C C C A A E E E E E E E E
Entrada no tráfego M M C C C A A E E E E E E E E
Circuito de tráfego M M C C C A A E E E E E E E E
Enquadramento da pista M M M C C C A A A E E E E E E
Glissada alta na final M C A E E
Aproximação final M M M C C C A A A E E E E E E
Arremetida no ar M C A E X X X X X E
Pouso normal M M M C C C C C A A A A E E E
Manutenção da reta após pouso M M M C C C C A A E E E E E E
Arremetida no solo M M C C C A A A A E E E
Procedimentos após pouso M C A E E E E E E E E E E E E
Estacionamento da aeronave M M M C C A A E E E X X X E E
Parada do motor M C A E E E E E E E E E E E E
Cheque de abandono M C A E E E E E E E E E E E E
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Nesses casos, em especial, os comentários deverão ser os mais detalhados possíveis, a fim
de que o seu parecer e as suas orientações, possam ajudar a sanar as deficiências do candidato.
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COMENTÁRIOS
Assinatura do candidato
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COMENTÁRIOS
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Assinatura do candidato
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Nº Manobra NA G Nº Manobra NA G
1 Documentos/Equipamento de voo 17 Manutenção de proas e rumos
2 Planejamento de voo 18 Voo em rota
3 Consulta à meteorologia 19 Navegação estimada
4 Regras de tráfego aéreo 20 Navegação por contato
5 Livro de bordo 21 Início da descida
6 Inspeções 22 Descida em rota
7 Partida 23 Entrada no tráfego
8 Cheques 24 Circuito de tráfego
9 Fraseologia 25 Pouso
10 Táxi 26 Procedimentos após o pouso
11 Decolagem normal 27 Procedimentos de estacionamento
12 Saída do tráfego 28 Parada do motor
13 Subida (de acordo com ATC) 29 Reabastecimento
14 Nivelamento 30 Procedimentos pernoite da anv
15 Estabelec. do regime de cruzeiro 31 Cheque de abandono
16 Voo de cruzeiro 32
COMENTÁRIOS
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Assinatura do candidato
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Cada manobra ou fase do voo será descrita dando-se ênfase às técnicas para sua execução,
recomendadas ao instrutor, assim como serão cobradas pelo examinador no voo de cheque.
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2.6.8 ROLAGEM/TAXI
Movimento da aeronave sobre o solo, também chamado de taxi, a rolagem deverá ser
feita seguindo um percurso em linha reta a fim de manter a visão à frente. Se houver perigo de
colisão aplicar os freios e desligar os magnetos.
No solo o comando direcional é realizado pela bequilha que acopla ao leme de direção
produzindo os movimentos através dos pedais. Os freios direcionais também podem ser usados
suavemente para complementar a ação da bequilha na execução de curvas fechadas.
Mantenha sempre a mão na manete de potência e os calcanhares apoiados no assoalho,
evitando taxiar com os pés nos freios, verificação de fatores externos que venham a interferir no taxi e
controle da aeronave”.
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2.6.10 DECOLAGEM
Decole somente se tiver feito um bom planejamento.
Após “clarear” a área (perna base e reta final), verificando que não há aeronave na fase de
aproximação, entrar na pista posicionando sua aeronave na cabeceira da pista, de forma a utilizar
toda a extensão da mesma, alinhando-a com a linha central.
Avançar a manete com suavidade e completar toda a potência após os primeiros
movimentos da aeronave. Em determinadas pistas, a máxima potência aplicada com a aeronave
parada poderá danificar a hélice pelos detritos que poderão ser succionados pela mesma.
Antes de iniciar a decolagem fazer um “brifim de decolagem”, dito em voz alta:
- Direção relativa do vento na decolagem (de frente, da direita ou da esquerda);
- Velocidade que “rodará” a aeronave;
- Em caso de pane na decolagem, qual o procedimento que executará (pousar em frente,
pequeno desvio à direita ou à esquerda) e a partir de qual altura regressará para pouso com vento
(de cauda pela esquerda ou pela direita).
Manter o eixo da pista e seu alinhamento após sair do chão, corrigindo qualquer desvio
causado por uma componente de través do vento.
Quando a aeronave atingir a velocidade de decolagem brifada pelo instrutor, exercer
pressão no manche para trás de forma a levantar o nariz da aeronave (aumentar o ângulo de
ataque) sem impor um grande ângulo de subida logo após sair do chão, fazendo a transição com
suavidade. A maioria das aeronaves de instrução “sai do chão” praticamente sozinha. Você
deverá prestar atenção na atitude da mesma para evitar que ela volte ao solo, após ter decolado.
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2.6.13 NIVELAMENTO
Ao atingir a altitude de voo, deve-se passar de um voo em subida para um voo nivelado.
Esta manobra implica em algumas ações do piloto: baixar o nariz e reduzir a potência.
O instrutor demonstrará o que é um “voo embarrigado”, ou seja, o que é voar com a
aeronave com ângulo de ataque positivo e climb em zero. Isto acontece quando se reduz a potência
do motor antes que a aeronave atinja sua velocidade de cruzeiro. Quando a aeronave tem muito
arrasto parasita, por vezes é necessário deixar a potência de subida até que a velocidade fique maior
do que a de cruzeiro e só então reduzi-la.
Em aeronaves com controle de mistura, é nesta hora que se faz a correção, após a redução
da potência.
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2.6.22 CURVA
Inicie a curva inclinando as asas, com o manche comandando os ailerons, até atingir a
inclinação desejada.
Simultaneamente comande o pedal (exerça pressão) para o mesmo lado de forma a manter
a aeronave em um voo coordenado. A tendência do nariz, na maioria das aeronaves, é girar para o
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2.6.29 COORDENAÇÕES
Após estar aproado com uma boa referência no horizonte, faça uma curva de 45° para
qualquer um dos lados. Ao completar 45° de curva reverta-a para o lado oposto e faça então 90°, o
que deixará a referência a 45° do lado oposto. É importante que seja mantida a altura e a inclinação
durante a curva através de referências no horizonte. Lembre-se que a posição do nariz da aeronave
em relação ao horizonte, quando praticando estas curvas, somente é igual se o assento do piloto
estiver sobre o eixo longitudinal da aeronave. Em aeronaves com assentos lado a lado, esta
referência será diferente para cada lado de curva.
Lembre-se de diminuir a pressão para trás no manche quando, ao reverter a curva, a
inclinação das asas sai de 30° para um lado e diminui até passar pelo voo nivelado. Se continuar
exercendo a pressão para trás, ao diminuir a inclinação o nariz subirá em relação ao horizonte e a
aeronave ganhará altura. Quando a inclinação for aumentando para o lado oposto, você deverá
novamente exercer pressão para trás no manche.
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2.6.30 ESTOL
Antes de decolar para uma instrução de treinamento onde esteja prevista a prática de estóis,
relembrar a teoria de voo para não ter dúvidas quanto às razões que levam uma aeronave a perder a
sustentação. Pata tal deve-se estar familiarizado com as definições de ângulo de sustentação
máxima ou ângulo crítico. Lembrar que o estol não ocorre somente com o nariz da aeronave
acima do horizonte, podendo acontecer o estol de alta velocidade com nariz para baixo e potência
do motor aplicada etc.
O instrutor ensinará a colocar o nariz da aeronave acentuadamente acima do horizonte
e reduzir a potência do motor (no estol sem potência). Esta é a maneira de treinar o estol didático.
Procure manter as asas niveladas com o horizonte e mantenha a atitude de nariz alto
conforme demonstrada pelo seu instrutor.
À medida que a velocidade vai diminuindo o nariz vai ficando mais pesado. Não o deixe cair.
Aumente a pressão para trás no manche. Quando a velocidade cair a ponto de ser atingido
o ângulo crítico, o manche estará na sua posição máxima atrás e a aeronave perderá a sustentação,
estolando.
Mantenha o manche nesta posição até que o nariz fique abaixo da linha do horizonte quando
então você levará o manche à frente e aplicará a potência (motor a pleno) para retornar ao voo
nivelado quando então deverá reduzir o motor para a potência de cruzeiro.
O estol deverá ser treinado com potência e sem potência.
Quando for realizá-lo com potência, o motor deverá ser mantido em potência de cruzeiro
o que fará com que a aeronave permaneça mais tempo com o nariz na atitude acima do horizonte
do que no estol sem potência.
Devido à aplicação de potência, com a baixa velocidade, o efeito do “torque” será mais
pronunciado e exigirá a aplicação do leme de direção para corrigi-lo. Neste treinamento saber-se-á
que a aeronave vai estolar e, desde que adequadamente treinado, fará a recuperação. No entanto,
o estol que acontece num voo nivelado com pouca potência ou mesmo num voo planado com
baixa velocidade é que poderá causar problemas a você caso não tenha aprendido a evitá-lo ou a
recuperar do mesmo.
Lembre-se que, numa aeronave à baixa velocidade, os ailerons perdem muito da sua
eficiência e o melhor comando para corrigir o nivelamento das asas é o leme de direção. Tentar
corrigir com o aileron poderá induzir a um parafuso, devido ao arrasto causado diferencialmente
nas asas.
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2.6.31 GLISSADA
O uso da glissada numa aproximação normal é o recurso do piloto que não fez uma
aproximação correta e entrou numa rampa mais acentuada do que a normal. Deverá ser usada,
principalmente quando houver obstáculos antes da cabeceira que nos obriguem a fazer uma rampa
mais alta do que a rampa normalmente utilizada para pousar e a pista for curta.
É o melhor recurso para perder a altura durante um pouso em emergência, quando
entramos mais alto do que o normal, como medida de segurança. Glissar a aeronave, na realidade,
é realizar um voo planado com a aeronave descoordenada: manche aplicado em uma direção e
leme na direção contrária. Com a aeronave descoordenada aumentamos o seu arrasto, o que nos
permitirá descer com uma maior razão de descida sem que com isto aumentemos a velocidade. A
glissada poderá ser feita em curva (durante a curva base), ou na reta (final para pouso).
Em ambos os casos deve-se desfazer a glissada e restabelecer um voo coordenado, com o
eixo longitudinal da aeronave alinhado com o eixo da pista, em altura suficiente para não tocar
a pista desalinhado.
O limite máximo será o cruzamento da cabeceira da pista.
Quando executando a glissada na reta, preferivelmente baixar a asa para o lado do vento,
quando este não estiver alinhado com a pista.
2.6.32 APROXIMAÇÃO
A aproximação é a transição de um voo de deslocamento para o pouso no solo que poderá
ser uma pista de terra, de grama, de asfalto ou de água, ou nenhuma das acima, num pouso de
emergência.
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A aeronave na aproximação deve percorrer uma trajetória plana inclinada que vai desde a
sua posição até o ponto de toque. Esta trajetória chama-se rampa. Ao se encaixar na reta final, se
observar a superfície à nossa frente, percebe-se que algum ponto no solo estará imóvel a frente.
Os pontos à frente deste estarão se afastando e os pontos antes dele estarão se aproximando da
aeronave. Este ponto é chamado “ponto fixo” e, se não se alterar a potência do motor nem a atitude
da aeronave, será o ponto onde a aeronave tocará o solo:
- se este ponto fixo estiver dentro da pista, próximo à cabeceira, a aproximação está
correta;
- se o ponto fixo estiver antes da pista (estará abaixo da rampa) somente aplicando
potência no motor poderá tocar dentro da pista; e
- se o ponto fixo estiver muito dentro da pista (estará acima da rampa) e se esta não for muito
longa, poderá não parar dentro de seus limites.
O recurso para perder altura sem ganhar velocidade será glissar a aeronave até entrar na
rampa.
OBS: Considere que está sendo mantida a velocidade correta na final:
Por segurança deve se encaixar na rampa o mais rápido possível pois deve-se evitar manobras
acentuadas (curvas) à baixa altura. Deve-se, na curta final, estar na rampa correta. Se isto não for
conseguido, o mais seguro será arremeter e fazer novo tráfego e aproximação.
Nas aeronaves com flaps, este serão aplicados durante a aproximação e podem ajudar o
piloto a colocar sua aeronave na rampa correta:
- se estiver baixo deve-se dar somente o primeiro dente de flap, completando-o quando
estivermos na curta final;
- se estivermos alto, pode-se dar todo o flap para aumentar o arrasto e perder altura. Nas
aeronaves comumente usadas na instrução, com todo o flap pode-se picar a aeronave que a
velocidade não sofrerá aumento significativo.
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2.6.36 POUSO
Inicia-se quando “se quebra” o planeio e se inicia o arredondamento.
A tendência dos iniciantes é entrar com excesso de velocidade por medo do estol à baixa
altura.
Como no procedimento de pouso está implícita uma dissipação de energia, quanto mais
veloz entrar-se para o pouso, maior será o percurso que a aeronave percorrerá nivelada sobre a
pista (palier) até que perca o excesso de energia e toque o solo, no momento do estol.
Lembre-se que o movimento dos comandos (amplitude do movimento) é inversamente
proporcional à velocidade de aproximação: quanto maior for a velocidade, menor deverá ser o
esforço (deflexão) do manche para fazer a transição entre o voo descendo na rampa e o voo
nivelado, sem motor, sobre a pista (palier).
É normal entre os iniciantes, ao tentar cabrar a aeronave, puxar demais o manche e passar
de uma descida para uma subida. Acontece também com os iniciantes, iniciar o arredondamento
atrasado, o que faz com que a aeronave toque o solo ainda com velocidade, voltando a voar num voo
em subida.
A correção para este erro é aplicar potência no motor e reiniciar o procedimento de pouso,
se houver pista suficiente à frente, ou arremeter para novo tráfego. O reflexo do iniciante será levar
o manche à frente para parar de subir, o que por vezes o leva a uma situação de baixa energia e
nariz para baixo, sem possibilidade de “arredondamento”.
Aspectos importantes que devem ser observados para que um pouso saia perfeito:
- A aproximação final no correto alinhamento do eixo da pista;
- Nos pousos n’água você deverá imaginar uma pista sobre a superfície, alinhada com o
vento, e manter o seu eixo na reta final;
- A aproximação deverá ser feita para o primeiro terço da pista;
- A correção do vento na final, pelo método de “caranguejar” até o cruzamento da
cabeceira;
- A manutenção do eixo central da pista pelo baixamento da asa para o lado do vento;
- Não dar excesso de comando, o que é caracterizado pelos movimentos alternados
e opostos. O pouso correto é aquele em que o manche percorre o caminho entre a posição à frente
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2.6.41.1 POUSO
A simulação de qualquer situação é a maneira mais apropriada para se saber se está
preparado para enfrentá-la. Deve-se, no entanto, evitar que uma simulação seja tão perfeita que
chegue ao ponto de irreversibilidade, ou seja, não tenha mais recuperação. Por exemplo:
Nos pousos com simulação de falha de motor deve-se iniciar a arremetida com altura
suficiente para voltar ao voo normal em uma altura de segurança. Não é aconselhável realizar o
pouso durante os treinamentos devendo sempre ser realizada uma arremetida após a aproximação
com pane simulada. O objetivo do treinamento é saber se o piloto tem a habilidade para aproximar
sem o recurso do motor.
As aproximações devem ser feitas com o objetivo de pousar no final do primeiro terço da
pista e não na sua cabeceira. Se houver uma má avaliação para menos, ainda tocará na pista e não
antes dela, no caso de pane real.
Durante todo o voo e em qualquer voo deve-se ter sempre um campo de apoio à vista,
mesmo voando alto.
Pense sempre: Onde pousar se falhasse o motor agora? Esta é uma maneira de criar a atitude
mental adequada para estar sempre alerta, o que torna o voo mais seguro.
Em panes após a decolagem nunca tente voltar para pousar na pista usada para a
decolagem, a menos que se tenha altura suficiente para tal, o que normalmente não acontece
enquanto se está ainda no tráfego.
Voltar para a pista implica em executar uma curva a baixa altura, sem motor e realizar um
pouso com vento de cauda.
Se entrar alto demais na final, uma “forçada” na aproximação picando a aeronave e
deixando a velocidade aumentar (sem glissar), fará com que a aeronave cruze a cabeceira na altitude
correta, mas que, dependendo do tipo, poderá voar toda a extensão da mesma sem permitir o
pouso, pelo excesso de velocidade.
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2.6.42 NAVEGAÇÃO
Uma boa navegação começa com um bom planejamento. O instrutor escolherá uma rota
para o voo de navegação que exija a orientação por bússola, apresentações de cartas aeronáuticas
WAC, análise meteorológica, um controle da autonomia e correções de vento, evitando
simplesmente seguir rotas que tenham um balizador constante (estradas, praias etc).
O uso de GPS não será permitido na primeira navegação, de forma que se tenha noção
exata do que é navegar por uma bússola e uma carta, computando a influência do vento sobre
o seu rumo e estabelecendo a proa ideal para seguir a rota desejada e calculando sua velocidade no
solo para determinar as correções nas estimadas.
Lembrar-se que o GPS poderá falhar, ou por uma pane, ou por deficiência da cobertura dos
satélites e deve-se ter a capacidade de navegar apenas com a bússola e a carta.
A navegação consistirá em no mínimo 5 voos, incluindo espaços aéreos diferenciados
como Classe C, D, E, F ou G. O instrutor irá iniciar a navegação pelo mais fácil (com boas
referências) e terminará pelos mais difíceis (poucas referências).
O uso do GPS deverá ser um treinamento após a proficiência na navegação por contato,
pois ambos os treinamentos são de suma importância.
Rio, 03 de novembro de 2020.
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