Terapia Antirretroviral (TARV)

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Terapia antirretroviral (TARV)

INFECTOLOGIA

INTRODUÇÃO
➢ As indicações de Terapia Antirretroviral (TARV) vinham se tornando cada vez mais precoces, isto é,
o valor de CD4 que autorizava o início do tratamento em indivíduos assintomáticos estava cada
vez mais alto. Nos pacientes com sinais e sintomas de franca imunodepressão, a TARV sempre foi
inquestionavelmente benéfica (de maneira independente dos níveis de CD4), melhorando a
sobrevida e a qualidade de vida do paciente. Nos assintomáticos com CD4 < 350, as evidências
positivas também se mostraram contundentes
➢ Mas, hoje, sabemos que nem todo paciente com diagnóstico de HIV estão em tratamento. Ou,
ainda, não são todos os pacientes com diagnóstico que mantêm o tratamento regular
(principalmente por questões socioeconômicas, culturais, psicológicos, etc.).
➢ A terapia antirretroviral é utilizada desde 1987. Desde 2017 o Brasil publica os dados sobre o
monitoramento clínico do HIV seguindo as recomendação da OMS. A OMS recomenda que os
pacientes com HIV precisam estar 90% diagnosticados, 90% vinculados a um serviço de
referência de tratamento, e desses paciente espera-se que 90% tenham carga viral indetectável
(< 1000 cópias/ml).
➢ O Brasil ainda possui uma realidade distante dessa recomendação devido à falta acesso ao
sistema de saúde, e falta adesão ao tratamento. Os estados do Paraná, Santa Catarina e Minas
Gerais apresentam os melhores índices em relação ao vínculo nos serviços de saúde (chegando
a 90%), e de carga viral indetectável.

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Ana Júlia – 81
➢ A terapia antirretroviral altamente eficaz (HAART – Highly active antiretroviral therapy) mudou os
parâmetros de eficácia da TARV a partir de 1996, quando se passou a associar 3 medicamentos
para atingir a supressão virológica máxima e duradora. Antes de 1996, os pacientes eram
tratados com monoterapia ou duoterapia (2 medicamentos que bloqueavam a transcriptase
análogos de nucleosídeos, como a Zidovudina [AZT] + Didanosina [DDI]).
➢ A associação, dessa forma, passou a ser composta pelos medicamentos que já existiam
(inibidores da transcriptase reversa) e por novos medicamentos (como os inibidores de protease),
Com o tempo, as associações evoluíram objetivando maior eficácia de controle biológico,
segurança, posologia e menor efeitos colaterais. Nesse sentido, as drogas atuais são altamente
eficazes. Por essa razão o HIV se tornou uma doença crônica. Hoje os pacientes não têm mais
imunossupressão severa e por isso a mortalidade é menor.
➢ Devemos, SEMPRE checar a adesão ao tratamento desse paciente. Em 8 semanas, ele já deve
ter carga viral indetectável.

O objetivo desse tratamento é a queda de 1 log da carga viral em 4 semanas, e


manutenção da resposta prospectivamente para evitar/reverter a imunodeficiência!

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Ana Júlia – 81
➢ A HAART consiste, dessa maneira, em uma terapia de base (“backbone” – 2 inibidores da
transcriptase reversa não nucleosídeos) + um terceiro antirretroviral (hoje, o mais seguro e mais
escolhido é o inibidor de integrase [dolutegravir ou raltegravir]. Pelo início da terapia em anos
anteriores, esse terceiro antirretroviral pode ser, ainda, um inibidor da transcriptase reversa não
nucleosídeo [efavirenz], ou um inibidor de protease potencializado com Ritonavir).
- O Ritonavir é um inibidor de protease, usado nos anos 90 em uma posologia de 4 comprimidos
a cada 8 horas (o famoso coquetel). Foi visto, porém, que ele tratava o HIV, mas com uma baixa
eficácia. Além disso, a nível farmacológico, ele bloqueia o citocromo P450, aumentando a ação
de vários outros remédios, ou seja, possui várias interações medicamentosas (uma delas é o
bloqueio de outros inibidores de protease). Por isso, doses pequenas, não tóxicas, acarretam em
melhor dose menor e uma posologia melhor do outro inibidor de protease.

HAART (“backbone”) – 2 inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos


+ terceiro antirretroviral (inibidor de integrase, pela supressão mais rápida)

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Ana Júlia – 81
► Todos os esses estudos usaram o backbone (2 inibidores de transcriptase reversa não nucleosídeos)
► BIC (Bictegravir) é um inibidor de integrase, e é a primeira escolha em países de primeiro mundo
► No Brasil, a primeira escolha é Dolutegravir (DTG), que faz uma maior proporção de supressão
virológica
► O BIC é usado em países de primeiro mundo devido sua menor interação medicamentosa, mas,
em termos de supressão virológica, o DTG em é mais rápido (em torno de 5 semanas)
► Efavirenz, um inibidor da transcriptase não nucleosídeo é melhor que os inibidores de protease, e
um pouco inferior aos inibidores de integrase

➢ Então, resumindo, qual o objetivo do tratamento? Obter uma resposta imunológica + supressão viral +
interrupção da transmissão. O objetivo do tratamento é “matar o vírus”, deixando o paciente com
carga viral indetectável no sangue. Com essa resposta virológica, é possível bloquear a história
natural da Aids, evitando ou revertendo a imunodeficiência. Além da resposta imunológica e do
controle da carga viral, os pacientes em tratamento também têm menor processo inflamatório,
menos dano cognitivo, menos danos de órgão alvo (como coração e rim), e menor
probabilidade de transmissão. Lembrando que a resposta adequada que objetivamos do
tratamento é a queda de 1 log da carga viral em 4 semanas. Em relação à transmissão, a terapia
antirretroviral também diminui a transmissão entre casais soropositivos discordantes. Com isso, o
tratamento serve como uma profilaxia contra a contaminação do parceiro, não sendo apenas
um benefício individual. No Brasil, a partir de 2015, o tratamento precoce começou a ser
amplamente distribuído.

CLASSES ESPECÍFICAS
➢ Inibidores da fusão: são pouco utilizados na prática porque eles são injetáveis, com muita reação
no sítio do injeção, com uma posologia difícil para o paciente. Esse fármaco bloqueia a GP-120
não deixando o vírus se fundir com a membrana.
➢ Inibidores da transcriptase reversa:
- Análogos de nucleotídeos (ITRN): imitam um nucleotídeo fazendo com que a estrutura viral seja
inviável, bloqueando a replicação do vírus
- Outra forma e bloquear a transcriptase reversa é o bloqueio-chave-fechadura, não deixando
que a replicação se inicie.

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Ana Júlia – 81
➢ Bloqueio do sítio ativo da integrasse (IIN): essa enzima faz a clivagem do DNA de CD4 e
integração ao DNA formado pela transcriptase
➢ Bloqueio da protease: quando bloqueada essa enzima não forma partículas virais ativas e viáveis
que iriam infectar outras células.

1. INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA:


1.1 ITRN/ITR → inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos: foram a primeira família a ser
disponível (através da Zidovudina em 1987). Essa classe “imita” nucleotídeos específicos, e os
representantes são:
► Zidovudina e Estavudina: análogos timidínicos.
► Didanosina e Tenofovir difosfato (TDF): análogos adenosínicos (por isso o Tenofovir é um
inibidor análogo de nucleotídeo). Não podemos usar Tenofovir quando o paciente tem uma
osteopenia muito severa ou uma nefropatia, pois esse medicamento diminui o aporte de
cálcio para o osso.
►Lamivudina: análogo citosínico (ajustar quando o paciente tem insuficiência renal).
► Abacavir: análogo guanosínico.
► Estavudina e Didanosina: saíram do programa nacional devido sua toxicidade. Causavam
muita dislipidemia, dano metabólico, lipoatrofia e neuropatia. A Didanosina até poderia
causar pancreatite.
► FTC (Entricitabina): similar à Lamivudina, usada fora do Brasil.
► Tenofovir alafenamida (TAF): menor risco de osteopenia e nefropatia.
► EFEITOS COLATERAIS: conforme veremos abaixo, esses medicamentos podem fazer anemia
(pois são mielotóxicos) e dispepsia (náuseas e vômitos). Casos mais raros de miosite
(inflamação muscular com aumento de CPK) podem acontecer pelo uso da Zidovudina. A
Lamivudina é bem segura, exceto como supracitado sobre o ajuste de dose em insuficiência
renal, e o Abacavir também, apesar de não ser tão potente como o Tenofovir (ou seja,
pacientes com cargas virais muito altas, é melhor escolhermos Tenofovir ou Zidovudina), além
de poder, raramente, causar uma alergia (que pode ser fatal). Por esse motivo, o Abacavir
só pode ser prescrito na presença de um teste genético (HLA), dizendo que não há risco
genético de desenvolver tal alergia.

Tenofovir e Lamivudina são os mais utilizados atualmente!


Zidovudina e Abacavir são utilizados como tratamentos alternativos!

1.2 ITRNN → inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos:


► Delavirdina: praticamente não existe mais no mercado.
► Nevirapina: muito usado no passado em adultos, mas hoje, apenas para bebês que
nasceram de mães com carga viral alta (Zidovudina + Nevirapina + Lamivudina). Hoje, não é
utilizado em adultos devido ao risco de hepatite medicamentosa (risco esse que é maior em
pacientes com CD4 mais alto), e alergias (por isso começa com metade da dose).
► Efavirenz: é o segundo é mais utilizado e foi medicamento de 1ª linha entre 2000-2017. É
mais utilizado devido a maior segurança hepática. O principal problema é a neurotoxicidade
(alucinação, pesadelo, crise de ansiedade, pânico, etc.).
► Etravirina: utilizado em casos de vírus mutante aos outros medicamentos não análogos aos
nucleotídeos – terapia de resgate.
► Rilpivirina e Doravirina: utilizados fora do Brasil.

Efavirenz é o mais utilizado atualmente!

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Ana Júlia – 81
2. INIBIDORES DA INTEGRASE:
► Raltegravir: somente em gestante ou alguns pacientes com tuberculose (uma vez que a
Rifampicina tem interação com o Dolutegravir).
► Dolutegravir: mais seguro, menos toxicidade, menos efeito colateral, e com autoeficácia
passou a ser um medicamento de 1ª linha desde 2017.
► Eviltegravir e Bictegravir: usados fora do Brasil.

Dolutegravir é o mais utilizado atualmente!

3. INIBIDORES DA PROTEASE: Foram utilizados no esquema HAART em 1990. Atualmente medicamentos


como o Ritonavir, Saquinavir, Indinavir, Nelfinavir, Lopinavir/Ritonavir e Fosamprenavir/Ritonavir
não são mais utilizados no programa de tratamento. Vários deles têm toxicidade metabólica
causando diarreia e lipodistrofia, e sua posologia era muito difícil (o “coquetel”). O disponíveis
hoje em dia são:
► Atazanavir + Ritonavir: preferível em pacientes que estão no início do tratamento, além de
fazer bem menos efeitos colaterais. O problema do Atazanavir é que ele bloqueia a
glicuronidação da bilirrubina (icterícia pelo aumento da bilirrubina indireta, assim como nos casos
de Síndrome de Gilbert).
► Darunavir + Ritonavir: utilizado para pacientes em tratamento de resgate – para vírus mutante.
Como mencionado acima, o ritonavir bloqueia a ação do citocromo P450 e com isso reduzindo
o metabolismo de alguns medicamentos. Então, apesar da sua toxicidade, ele é utilizado em
associação com uma dose pequena (1/8 da dose terapêutica). Essa associação permite maior
tempo de meia vida da medicação e maior segurança.

Atazanavir/Darunavir + Ritonavir são as associações mais utilizadas atualmente!

O ESQUEMA ANTIRETROVIRAL (TARV)


➢ A escolha da TARV deve levar em conta alguns fatores das drogas, como eficácia, segurança,
barreira genética, resistência transmitida, frequência de dose, número de comprimidos e
tamanho dos comprimidos, e dos indivíduos, como CD4 e carga viral basais, resistência ao HIV
no pré-tratamento, HLA-B 5701, comorbidades, comedicações e preferência do paciente.
- Barreira genética: é a chance de o vírus ficar mutante ao medicamento
- Risco de resistência transmitida: se o paciente pegou HIV de alguém que estava tomando o
medicamento errado, ele pode ter pegado um vírus mutante, então, é preciso usar um
medicamento mais eficaz
- Carga viral muito alta evitamos Abacavir, assim como na presença de HLA de alergia não
podemos usar o Abacavir
- Se o paciente já tem resistência, usamos medicamento de resgate (o preferível é Darunavir +
Ritonavir
- Doença renal não pode usar Tenofovir
- Se em uso de medicamento para crise convulsiva não usar Dolutegravir

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➢ 1ª opção: 2 ITRN (geralmente Tenofovir e Lamivudina, que são 2 drogas em 1 comprimido) + 1 Iin
(geralmente Dolutegravir), desde 2017. É um esquema que apresenta poucas interações e
poucos efeitos adversos. Apenas o Dolutegravir tem alguns contraindicações, que é o uso com
Rifampicina, anticonvulsivantes e gestantes. São utilizados esses dois comprimidos uma vez ao
dia, em qualquer horário.
➢ Alternativa: 2 ITRN (geralmente Tenofovir e Lamivudina) + 1 ITRNN (Efavirenz), que foi o esquema
utilizado até 2017. Tem a facilidade que é usado um único comprimido que contempla as três
drogas, portanto, é utilizado 1 comprimido por dia. Mas, tem risco de alterações neurológicas e
metabólicas (hipertrigliceridemia) devido ao uso do Efavirenz.
➢ Alternativa: 2 ITRN (geralmente Tenofovir e Lamivudina) + 1 IP + Ritonavir
(“booster”/potencializador). A vantagem é a utilização uma vez ao dia, além de maior barreira
genética (menor risco de provocar mutações no vírus), algo útil para pacientes em terapia de
resgate. Tem contraindicações metabólicas, lipodistrofia, diarreia, icterícia se Atazanavir, etc.
➢ Outros: Lamivudina + Tenofovir (2 em 1) + Nevirapina. Ou, Zidovudina ou Abacavir no lugar do
Tenofovir. Ambos são pouco utilizados. Efavirenz é utilizado como alternativa ou em pacientes
gestantes (uma vez que o Dolutegravir não pode em gestantes).
➢ Paciente sem resposta (carga viral detectável): questionar adesão
➢ Se o paciente não tem resposta, mas está aderindo: fazer genotipagem a fim de procurar mutações
nos locais de ação do medicamento.
➢ Terapia de resgate: mudança de esquema terapêutico para melhorar a resposta virológica.

TODOS os pacientes têm direito ao esquema antirretroviral! Antigamente, o tratamento


era exclusivo para sintomáticos, gestantes ou pacientes com decréscimo de CD4.
Ou seja, hoje, a terapia antiretroviral é universal!

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Ana Júlia – 81
http://www.sierj.org.br/artigos/protocolofinal_31_7_2015_pdf_31327.pdf

http://www2.ebserh.gov.br/documents/16496/309825/Solicita%C3%A7%C3%A3o+antirretrivirais/
b9bf6629-10c9-430c-a548-e62029089542

Esquema preferencial no Brasil: 1 comprimido (Tenofovir + Lamivudina) + 1


comprimido (Dolutegravir) ou 1 comprimido (Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz)
Esquema preferencial no mundo: 1 comprimido (Abacavir + Lamivudina +
Dolutegravir) ou 1 comprimido (Tenofovir alafenamida + entricitabina + bictegravir)

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Ana Júlia – 81
RECOMENDAÇÕES PARA O USO
➢ Esquema com 2ITRN + Iin (ou ITRNN ou IP). Evitar terapia dupla e evitar 3 ITRN sem ITRNN ou IP.

➢ Cuidados com o uso:


1. Zidovudina (AZT): é mielotóxico. Causa anemia, elevação de CPK (miosite) e dispepsia
(náusea, vômito).
2. Tenofovir (TDF): efeitos adversos são raros. Pode causar nefrotoxicidade (tubulopatia),
desmineralização óssea (pode ter osteopenia, e é recomendada dieta rica em cálcio e
controle de vitamina D).
3. Abacavir (ABC): pode causar alergia fatal. Também tem suspeita não confirmada de risco
cardiovascular por agregação plaquetária.
4. Nevirapina (NVP): alergia e hepatotoxicidade (mais frequentes em pessoas com imunidade
alta).
5. Efavirenz (EFV): é neurotóxico. Tem efeitos no sistema nervoso central como tonturas,
pesadelos, alucinações, são sintomas bem frequentes. Também tem risco de alergia (menor
do que a NVP), e pode, ainda, causar aumento de triglicerídeos (alterações metabólicas).
6. Todos da classe dos inibidores de protease: dislipidemia, diarreia, alterações metabólicas dos
lipídeos (como lipodistrofia, um acúmulo de gordura em locais inadequadas, e perda de
gordura em bochechas e membros).

7. Atazanavir (ATVr): aumenta a chance de manifestar o fenótipo da doença de Gilbert, ou


seja, pacientes com tendência de acúmulo de bilirrubina indireta. Logo, não é hepatotóxico,
mas pode causar diarreia, icterícia.

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➢ Interações medicamentosas:
1. ITRNN: têm metabolismo hepático e podem ter interação com anticoagulantes.
2. Inibidores de proteases: são aqueles com mais interações.
- Bloqueiam o citocromo P450 aumentando a ação de estatinas fazendo toxicidade
hepática e muscular.
- Quando estatinas são necessárias utilizam-se Atorvastatina e Rosuvastatina, uma vez que as
demais aumentam sua ação quando em uso de IP, correndo o risco de hepatite e miopatias
(principalmente com a Sinvastatina).
- Também têm interação com a Rifampicina. A Rifampicina é indutora do citocromo
diminuindo a eficácia dos IP. Além disso, os inibidores aumentam o metabolismo da
rifampicina atrapalhando o tratamento da tuberculose. Se for necessário utilizar IP em
paciente com tuberculose deve-se trocar a Rifampicina por Rifabutina.
* Dolutegravir: contraindicação de uso com Rifampicina. Se o paciente está tratando
tuberculose é necessário substituir o Dolutegravir. Ele também interage com alguns
anticonvulsivantes como a Carbamazepina, Fenobarbital e Fenitoína (se crise convulsiva,
trocar para Ácido Valpróico, Lamotrigina, etc.), e com a Erva de São João. Em pacientes em
uso de Metformina é preciso reduzir a dose desse medicamento (pois o Dolutegravir aumenta
a dose, podendo fazer hipoglicemia).
- IP e benzodiazepínicos: IP aumentam a ação dos sedativos, por bloquearem o citocromo
de vários benzodiazepínicos e outros anticonvulsivantes e neurolépticos
3. Atazanavir: tem efeito reduzido através redução da absorção promovida pela interação com
o omeprazol (o omeprazol diminui a dose/eficácia do antirretroviral).
4. Atazanavir e tenofovir: tem interação se o ATV não for utilizado juntamente com o Ritonavir.

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NA GESTAÇÃO
➢ O Tenofovir e a Lamivudina são a primeira escolha, mas também pode utilizar a Zidovudina se
necessário. E, o medicamento mais utilizado como terceiro componente, é o Raltegravir (como
uma posologia a cada a cada 12 horas). Além do Raltegravir, é possível associar o Efavirenz.
➢ O Dolutegravir não pode ser usado nas gestantes, uma vez que há estudos mostrando que ele
pode causar alteração neural no feto, principalmente no 1º trimestre. Se precisar começar
inibidor de protease o Atazanavir/Ritonavir e Darunavir/Ritonavir são permitidos, mas, não são
muito comumente utilizados. Os ITRNN também não são muito utilizados, mas, se necessário,
utiliza-se Efavirenz ou Nevirapina (se CD4 < 350).

➢ ESQUEMA: Tenofovir + Lamivudina (combinado 2 em 1) + Raltegravir (1 comprimido 2 vezes ao


dia) ou Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz (combinado 3 em 1, 1 vez ao dia).

Fazer genotipagem, sempre que possível, antes de iniciar os medicamentos!

➢ A via do parto depende da carga viral. A carga viral plasmática deve ser avaliada na 34ª a 36ª
semanas de gestação, a fim de auxiliar na decisão sobre o modo e o momento do parto.
- Se a carga viral for indetectável, recomenda-se o teste de resistência, avaliação da adesão e
avaliação do obstetra.
- Se a carga viral for desconhecida ou detectável no 3º trimestre, a paciente deve ser
aconselhada sobre os benefícios da cesariana programada antes do parto na 38ª semana, e a
contra indicação para parto normal. A TARV deve ser realizada durante toda a gestação. A
associação com Zidovudina injetável só é preciso se feito de rotina para as gestantes com carga
viral desconhecida ou detectável com 34 semanas.
- Antes do parto, a mulher infectada pelo HIV deve ser avisada de que a amamentação não é
recomendada, devido ao risco de transmissão do HIV pelo leite materno. A TARV diminui
significativamente, mas não elimina, o risco de transmissão pós-natal do HIV.
- Para mulheres que optam por amamentar apesar dessas recomendações, os médicos devem
fornecer aconselhamento sobre medidas de redução de danos, incluindo a adesão à TARV.
- O bebê, independente da carga viral da mãe, vai tomar xarope de Zidovudina por um mês. E,
se a carga viral da mãe estiver alta (ou indetectável), associa-se associam um segundo remédio
(geralmente a Nevirapina).

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PROFILAXIA
➢ PÓS-EXPOSIÇÃO: É uma forma de diminuir novos casos. Representa a prescrição de antirretrovirais
para pessoas que tiveram recentemente (em até três dias) uma exposição percutânea,
ocupacional ou exposição sexual com alguém com HIV ou possivelmente HIV. Por exemplo:
pessoas que tiveram acidente com agulha, acidente de secreções biológicas, ou relação
desprotegida. Os riscos de transmissão se encontram na
tabela ao lado (e a percutânea/agulha é de 0,03.
Porém, todas, dependem da carga viral do paciente
fonte). Quando indicada, a PEP deverá ser iniciada o mais
rapidamente possível, de preferência nas primeiras duas
horas após o acidente. Resultados de estudos em animais
sugerem que a PEP iniciada até 12, 24 ou 36 horas da
ocorrência é mais efetiva do que a iniciada até 48 a 72
horas após a exposição. Esses estudos também
estabeleceram que a PEP não é efetiva quando indicada
após decorridas mais de 72 horas da exposição. Então, se
passou de 72 horas só faz acompanhamento com sorologia (nesses casos não é feito exame do
paciente fonte). A profilaxia é feita com os mesmos remédios do tratamento: TDF (Tenofovir) +
3TC (Lamivudina) + DTG (Dolutegravir). A duração é de 4 semanas (30 dias). Na impossibilidade
de TDF utiliza-se AZT (Zidovudina), na impossibilidade de DTG utiliza-se ATV (Atazanavir) com
Ritonavir. Na impossibilidade de ATV/Ritonavir utiliza-se Darunavir/Ritonavir.
➢ PRÉ-EXPOSIÇÃO: Também existe a profilaxia pré-exposição a qual somente alguns centros têm
liberação do Ministério da Saúde para fazer. Essa profilaxia pré-exposição (PREP) é indicada para
pessoas que têm relações de risco, sem proteção, com múltiplos parceiros desconhecidos em
termos de HIV. Nesses casos, o uso é contínuo (enquanto a pós-exposição usamos 1 mês,
aproximadamente, após um risco. A profilaxia pré-exposição não é recomendada para casais
fixos soro discordantes, uma vez que, se o paciente já tem carga viral indetectável o risco de
transmissão é muito pequeno, e o parceiro está protegido.

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TERAPIA DE RESGATE
➢ É a tentativa de resgatar aquele paciente que estava em esquema básico de primeira linha e
continua apresentando carga viral detectável. Suspeita-se de vírus mutante nesses casos. A
mudança de esquema é feita após a realização do exame de genotipagem. É possível fazer
tratamentos alternativos baseados na genotipagem.
➢ Possíveis fármacos: Tenofovir + Lamivudina, Darunavir/R, Dolutegravir, Etravirina, Maraviroc (é o
único medicamento que atua diretamente sobre o receptor de entrada CCR5, ou seja,
medicamento que age diretamente no CD4 e não no HIV. Então, ele bloqueia a entrada do vírus
sem agir nas partículas virais).

Quanto maior a barreira genética, mais vezes o vírus precisa


“se mutar” para ficar resistente e o remédio se torne ineficaz!

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RESUMÃO DAS SIGLAS
► AZT → Zidovudina (inibidor da enzima transcriptase
reversa – ITRN)
► 3TC → Lamivudina (inibidor da enzima transcriptase
reversa – ITRN)
► TDF → Tenofovir (inibidor da enzima transcriptase
reversa – ITRN)
► ABC → Abacavir (inibidor da enzima transcriptase
reversa – ITRN)
► DTG → Dolutegravir (inibidor da integrase – Iin)
► RAL → Raltegravir (inibidor da integrase – Iin)
► BIC → Bictegravir (inibidor da integrase – Iin)
► ATVr → Atazanavir (inibidor da protease – IP)
► DRT → Darunavir (inibidor da protease – IP)
► RTV → Ritonavir (inibidor da protease – IP)
► EVF → Efavirenz (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► DLV → Delavirdina (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► NVP → Nevirapina (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► ETR → Etravirina (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► RPV → Rilpivirina (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► DVR → Doravirina (inibidor da transcriptase não nucleosídeo – ITRNN)
► MRV → Maraviroc (bloqueador do receptor CCR5)

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