A República e A Educação

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A REPÚBLICA E A EDUCAÇÃO: DO IDEAL ÀS REALIZAÇÕES

Joaquim Pintassilgo
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Centro de Investigação em Educação

O presente texto tem por finalidade reflectir sobre alguns dos grandes princípios
em que assentava o discurso pedagógico do republicanismo e sua relação com
experiências educativas concretas desenvolvidas durante o período republicano. Ainda
que produzido no âmbito das comemorações do centenário da República, não se
pretende de apologia desse efémero momento histórico, sublinhando os elevados ideais
pedagógicos então propostos, nem sequer de crítica aos supostos limites da sua
concretização. A República foi, apesar de curto, um período de enorme riqueza e
diversidade, tanto no que se refere à reflexão pedagógica produzida como no que diz
respeito às muitas iniciativas desenvolvidas, em particular no campo da educação
popular, iniciativas essas resultantes do esforço de sectores muito diversificados (lojas
maçónicas, associações operárias, etc.), muitas delas originárias, não do governo
republicano, mas do que poderíamos considerar a sociedade civil desse tempo. Ao
inserirmo-nos na comemoração deste centenário pretendemos, acima de tudo, interpelar
a República naquilo que ela tem de presente para nós e que nos permite estabelecer um
diálogo com os seus actores, os seus projectos, as suas experiências.

1. A educação: elemento central do projecto regenerador do republicanismo

Um dos principais lugares-comuns que atravessava grande parte dos discursos


difundidos entre o final do século XIX e o início do século XX, designadamente
(embora não especificamente) os oriundos do campo republicano, era o que considerava
a educação como factor principal do progresso das sociedades. A importância dessa
concepção resultava da conjugação das influências iluminista e positivista. No que diz
respeito ao republicanismo, podemos mesmo considerar o positivismo, ainda que não
um positivismo ortodoxo, como a sua grande fonte doutrinária. Bem na linha do
organicismo que caracteriza essa corrente, o republicanismo imaginava a República
como momento de regeneração social, ou seja, de construção de uma nova era, ainda
que enraizada no passado da comunidade nacional, mas que a retirasse da decadência
em que havia caído, segundo se acreditava, por responsabilidade da Monarquia. Nessa
2

óptica, é à educação que é atribuída a missão de construir o «homem novo» republicano,


o cidadão consciente e participativo capaz de garantir a permanência do novo regime.
Depois do momento mágico que foi a instauração da República, encarada como
redentora, muitos dos actores do campo republicano têm a consciência de que a
principal tarefa começava agora e esta consistia em implantar a República na mente e,
principalmente, no coração dos portugueses. Esta lógica de revolução cultural implicava
o combate à entidade que surgia como o inimigo a abater no terreno cultural – o
catolicismo. Daí a importância que o anti-clericalismo e, em especial, o projecto de
laicização da sociedade assumem no âmbito do discurso e da prática política
republicana. O laicismo pretende apresentar-se, na verdade, como a alternativa ao
catolicismo no que se refere à função de integração social. É a escola, em particular a
escola primária, que é vista como o lugar privilegiado para a formação do cidadão, daí a
importância que a educação moral e cívica passa a desempenhar no currículo escolar,
tanto no que se refere à sua dimensão formal, como no que diz respeito a todo um vasto
conjunto de símbolos e rituais que são difundidos, no terreno escolar e na sociedade em
geral, tendo em vista a republicanização dos portugueses. No centro dessa verdadeira
religiosidade cívica vai estar o culto da Pátria, da sua história e dos seus heróis, Camões
acima de todos, visto como o paradigma da alma nacional. Para além de consciente dos
direitos e deveres correspondentes, o cidadão a formar devia ser exemplar do ponto de
vista da sua moralidade, o que implicava o desenvolvimento de todo um projecto de
regeneração individual e social e de combate aos chamados “males” e “vícios” sociais
(Catroga, 1991; Pintassilgo, 1998).

2. O republicanismo e a educação popular

O ambiente cultural português do final do século XIX e primeiras décadas do século


XX foi, como vimos, propício ao desenvolvimento das preocupações com a educação
popular. O investimento político republicano, considerado inseparável do combate
contra o analfabetismo, e o labor cultural de pendor iluminista da maçonaria são
algumas das condições que favorecem a afirmação de um discurso que coloca o povo e
a sua educação no centro do debate político e social.
Subjacente a este debate está, em primeiro lugar, a questão do analfabetismo. As
estatísticas publicadas na segunda metade do século XIX conduzem à sua traumática
descoberta pela minoria culta do país, ao mostrarem que a esmagadora maioria do povo
3

português nunca havia frequentado a escola, não sabendo ler nem escrever. O discurso
então difundido, em particular pelos republicanos, dramatiza ao limite esse problema e
pressupõe um olhar acentuadamente desvalorizador sobre a figura do analfabeto,
colocado na antecâmara da “civilização” e a quem é atribuída uma espécie de
menoridade cívica. O analfabeto, pela sua incapacidade de aceder à cultura escrita, não
estaria em condições de ser o cidadão-eleitor, consciente e participativo, almejado pela
República. Assim se explica o investimento simbólico nesse combate e o
desenvolvimento de múltiplas iniciativas no campo da alfabetização, tanto de crianças
como de adultos, cujo exemplo mais emblemático é constituído pelas Escolas Móveis
pelo Método de João de Deus (Pereira, 1998). Assim se explica, também, a estreita
articulação então fomentada entre alfabetização e educação cívica, no âmbito de um
projecto global de formação do cidadão. A aprendizagem de competências ao nível do
ler, escrever e contar surge em paralelo com as preocupações relativas à interiorização,
por parte dos futuros cidadãos, dos novos valores laicos e patrióticos associados ao
republicanismo.
Vão conhecer, igualmente, a luz do dia várias outras experiências nos terrenos
da educação popular, dinamizadas por sectores políticos e sociais muito diversificados -
do Estado à iniciativa particular, do republicanismo e da maçonaria ao anarquismo, das
associações operárias à intelectualidade - e assumindo formas muito diversas, como
creches e asilos, escolas operárias, escolas de centros republicanos, etc. (Candeias,
1981; 1985; 1987a). Refiramos, introdutoriamente, a título de exemplo, duas dessas
instituições, começando por uma das mais prestigiadas e bem sucedidas, a Voz do
Operário, criada em 1883, já depois do início da publicação da revista com o mesmo
nome, por iniciativa dos manipuladores de tabaco, que abriu a primeira escola em 1891
e, na década de 20, já tinha mais de 70.000 sócios e sustentava ou apoiava mais de sete
dezenas de escolas de primeiras letras (Lopes, 1995; Mesquita, 1987; Tavares &
Pimenta, 1987).
No que diz respeito ao carácter inovador das suas opções pedagógicas, a mais
emblemática das experiências então desenvolvidas foi a da Escola Oficina n.º 1, situada
no bairro da Graça em Lisboa e criada em 1905 por uma associação maçónica. A partir
do momento em que se passou a fazer sentir a influência de um grupo de professores
libertários (em particular de Adolfo Lima) a escola tornou-se um ex libris da chamada
Educação Nova em Portugal e lugar de experiências várias, designadamente no que diz
respeito à autonomia dos alunos - através da criação de uma associação designada por
4

«Solidária» -, à prática da coeducação, à concretização curricular de áreas como os


trabalhos manuais educativos, a educação física, a educação artística e as excursões
pedagógicas e à ausência de manuais, de exames, de prémios e de castigos (Candeias,
1987b; 1993; 1994).
Passamos, em seguida, a analisar dois casos resultantes de pesquisas por nós
desenvolvidas sobre instituições educativas, com perfis bastante diferenciados,
incrementadas sob influência do republicanismo ou em contexto republicano: a
Sociedade de Estudos Pedagógicos e a Academia de Estudos Livres – Universidade
Popular (Pintassilgo, 2006ª, 2006b, 2007ª, 2007b).

3. A Sociedade de Estudos Pedagógicos

A Sociedade de Estudos Pedagógicos foi criada em Lisboa no ano de 1910,


antecedendo de alguns meses a fundação da 1ª República portuguesa. Uma das
especificidades da Sociedade tinha que ver com o facto de se apresentar mais como um
fórum de reflexão e debate sobre os problemas educativos do que como uma instituição
vocacionada para actividades de educação popular ou para a discussão dos problemas
profissionais dos professores. Num texto de 1911, Costa Sacadura, seu secretário de
então, inclui-a entre as “sociedades cientificas”1 e Sá Oliveira, outro dos seus directores,
considera, algum tempo depois, que à Sociedade “incumbe o estudo profundo e
meditado das questões pedagógicas; a outras a execução”2. Uma das suas finalidades era
“estudar os métodos e processos pedagógicos em uso nos países mais avançados”, de
maneira a seleccionar os mais adaptáveis às nossas “necessidades sociais” 3, opção bem
característica das concepções da época, que contrapunham o nosso pretenso atraso
educativo ao adiantamento dos países considerados mais civilizados. A eles íamos
buscar os exemplos, não sem que antes os adaptássemos – de acordo com a retórica
nacionalista prevalecente -, às circunstâncias particulares de Portugal.
Uma outra finalidade, de entre as apresentadas pela Sociedade, era a de
“proceder a investigações sobre o desenvolvimento físico e psíquico da criança e fazer a
verificação experimental dos métodos de ensino”, de modo a introduzir na educação “as

1
Relatorio. 1910-1911. Revista de Educação Geral e Técnica, Vol. I, Nº 1, Janeiro 1911, p.151.
2
Actas das sessões. Sessão de 20 de Novembro de 1912. Revista de Educação Geral e Técnica, Série II,
Nº 2, Julho 1913, p.150.
3
Sociedade de Estudos Pedagógicos. Fins da Sociedade. Revista de Educação Geral e Técnica, Vol. I,
No. 1, Janeiro 1911, p.89.
5

conclusões certas da psicologia pedagógica e da higiene escolar”. Esta é, igualmente,


uma finalidade bem típica do contexto cultural de então e da importância que o discurso
científico começava a assumir no campo educativo. A pedagogia – apresentada como
ciência da educação – procurava transpor para o seu terreno as concepções e os métodos
duma ciência psicológica em fase de afirmação. As preocupações com a higiene escolar
traduzem, por seu lado, uma vontade de regeneração social (de aperfeiçoamento da
“raça” e de construção do “homem novo”), mas também uma vocação de controle sobre
o corpo (e, por essa via, sobre a alma) duma criança agora descoberta como a figura
central do processo educativo. Apesar da sua relevância discursiva, poucas foram as
iniciativas tomadas no sentido da concretização da referida finalidade.
A Sociedade aspira, por fim, a “interessar os poderes públicos pelos estudos e
aplicações da pedagogia”. Esta finalidade prende-se com a opção pela utilização de
estratégias de persuasão e de pressão sobre o poder político no sentido de o conduzir
para o apoio às propostas por ela apresentadas. A Sociedade, que procurou sempre
manter a sua independência face ao governo (não se coibindo ora de o apoiar ora de o
criticar), não deixou de procurar influenciá-lo e acabou por ter como ministros vários
dos seus directores e sócios e, em mais do que um momento, teve a presença de
entidades governamentais nas suas sessões.
No entanto, os temas estritamente políticos – por mais conflituais - só
excepcionalmente foram aflorados nos debates, o mesmo acontecendo, em parte, no que
se refere aos temas religiosos. A composição heterogénea da Sociedade e a vontade de
promover a união dos sócios à volta dum programa pedagógico estiveram, com certeza,
na base dessa opção. A Sociedade tentava, fundamentalmente, assumir uma vocação de
orientação pedagógica do país, procurando elaborar, nesse terreno, as ideias mais
adequadas à República recentemente instaurada. Bem de acordo com o espírito da
época, os intelectuais que a compunham apresentavam-se como uma espécie de
vanguarda “iluminada”. Ilustrativos desse posicionamento são os seguintes excertos de
uma intervenção do sócio Reis Santos:

Esta colectividade fundou-se para actuar na solução dos problemas


pedagógicos... O português mostrou que possuía, num grau que ninguém
previa, o espírito revolucionário. É preciso que esse espírito não caia na
anarquia e por isso esta Sociedade deve preparar-se para discutir todos os
problemas de educação que se apresentarem. É preciso que esta
6

Sociedade vibre com as aspirações gerais, procure orientá-las... A


Sociedade deve pronunciar-se e, inclusivamente, ir até ao governo.4

As actividades que a Sociedade se propunha desenvolver eram as seguintes:


“sessões periódicas (com apresentação e discussão de trabalhos); observações e
experiências de pedagogia nos estabelecimentos de ensino; conferências e publicação de
um Boletim; reclamações junto dos poderes públicos”. Na verdade, com a excepção das
experiências pedagógicas, todas as outras actividades acabaram por ter algum
desenvolvimento. As sessões realizaram-se com grande regularidade (geralmente de
quinze em quinze dias), pelo menos até 1917-1918, embora nem sempre com a presença
de um número elevado de sócios e nelas foram apresentadas comunicações e debatidos
alguns dos grandes temas educativos de então. O Boletim – com o título de Revista de
Educação Geral e Técnica – saiu também a público, até ao mesmo período, com
alguma regularidade, embora sem atingir os desejados quatro números anuais. Com
relativa frequência membros da sociedade visitaram instituições de ensino consideradas
inovadoras tendo, dessas visitas, dado conta nas sessões e nas páginas da revista,
procurando potenciar a sua dimensão exemplar. A crença na generalização das
inovações através da divulgação dos bons exemplos (tanto nacionais como estrangeiros)
marca, aliás, de maneira muito vincada, a actividade da Sociedade. Para além disso,
formaram-se diversas comissões, tendo por finalidade o estudo aprofundado de um
leque alargado de temas educativos então na ordem do dia – como a co-educação, as
bibliotecas escolares, os trabalhos manuais ou a economia doméstica -, mas cujos
resultados foram, em geral, decepcionantes.
Entre os sócios - e, portanto, os colaboradores da revista - estavam praticamente
todos os principais pedagogos e educadores portugueses do período situado entre os
últimos anos da monarquia e os primeiros tempos da Ditadura Militar (depois Estado
Novo), designadamente os mais implicados nos esforços de renovação pedagógica então
empreendidos, tanto no terreno do pensamento como no das práticas pedagógicas e do
quotidiano escolar. Destaquemos aqui, olhando para alguns dos mais activos sócios,
José de Magalhães, Sá Oliveira, Costa Sacadura, Pedro José da Cunha, Adolfo Lima e
Ferreira de Simas. Não tão assíduos, mas igualmente sócios, foram João de Barros, João
de Deus Ramos, António Sérgio, Costa Ferreira, Alves dos Santos, Alice Pestana, entre
muitos outros. Estavam representadas as diferentes sensibilidades pedagógicas com
4
Actas das sessões. Sessão de 22 de Novembro de 1910. Revista de Educação Geral e Técnica, Vol. II,
Nº 2, Janeiro 1912, p.169.
7

expressão no terreno renovador, da pedagogia republicana oficial ao modelo libertário


de educação. No que diz respeito à sua vinculação profissional, a maioria dos sócios
eram professores dos vários níveis de ensino (estando particularmente bem
representados os do ensino liceal), mas também os havia médicos, militares,
engenheiros, funcionários públicos, etc. Durante grande parte do período mais dinâmico
da vida da sociedade, o número de sócios esteve sempre perto de uma centena.
A Revista de Educação Geral e Técnica assumiu, como já vimos, o papel de
órgão da Sociedade de Estudos Pedagógicos, tendo conseguido manter uma presença
efectiva e constante no panorama da imprensa de educação e ensino da primeira fase do
período republicano. Terá sido mesmo, então, uma das mais interessantes e influentes
publicações de entre as produzidas no interior do campo educativo português. A tiragem
situou-se, numa boa parte deste intervalo temporal, à volta dos 500 exemplares,
distribuídos depois entre sócios, assinantes (em número não muito elevado), permutas
com outras publicações, ofertas a instituições diversas (escolas, bibliotecas, etc.) e
vendas nas livrarias. As sobras eram frequentes e, por vezes, elevadas.
A revista publicava artigos de fundo (na maior parte dos casos comunicações
anteriormente apresentadas às sessões da sociedade), mas também publicava as actas
das sessões regulares da sociedade e os relatórios anuais de actividades e de tesouraria,
o que faz com que surja como um espelho relativamente fiel da vida da sociedade. Para
além disso, existiam secções regulares dedicadas à divulgação de livros e revistas
publicadas em Portugal ou no estrangeiro, que, de alguma maneira, nos deixam ver
quais os referentes bibliográficos e as leituras desta comunidade.
Os principais temas tratados nas páginas da revista ao longo da sua existência
decorrem, no essencial, do projecto da Sociedade e remetem-nos, simultaneamente, para
uma espécie de roteiro das preocupações dos educadores portugueses envolvidos, ao
tempo, no movimento de renovação pedagógica. Os referidos temas correspondem, para
além disso, à necessidade de dar resposta aos problemas colocados pelo contexto
político e pedagógico. Por isso, um conjunto importante de sessões da sociedade foi
dedicado à discussão de projectos de reforma apresentados pelo governo republicano,
como foi o caso da reforma de 1911.
Uma presença transversal ao conjunto dos números da revista é a que remete
para a influência da Educação Nova e das suas fórmulas. As referências à “pedagogia
moderna” ou, mesmo, à “nova escola” são habituais, ao mesmo tempo em que se
8

procura marcar o contraste com o “espírito antigo”5. Essa afirmação radical do novo
convive, no entanto, com alguma ambiguidade que decorre da procura da sua
legitimação histórica. Para além do enraizamento numa certa tradição (inovadora), há
que chamar a atenção para a consciência que se forma relativamente às implicações
decorrentes da penetração do discurso pedagógico por uma retórica científica
decorrente, em grande medida, da influência da psicologia. Igualmente muito usados
são outros dos “slogans” mobilizadores associados à Educação Nova, como sejam os
referentes aos “métodos activos”, ao “método intuitivo” ou às “lições de coisas”,
apresentados geralmente como novidades, sem ter em conta a sua historicidade, e sem
grande reflexão sobre os sentidos diversos que essas expressões podiam então assumir,
com os inerentes riscos de alguma ambiguidade. Estas noções acabam por circular no
seio desta comunidade como uma espécie de lugares-comuns do discurso pedagógico
(Hameline, 2001; Kahn, 2002). Outro dos temas centrais que podemos identificar é o
que se prende com o ideal de educação integral do indivíduo, um tema com presença
constante na história do pensamento pedagógico, e que é então reactualizado, com
importantes consequências no desenvolvimento de áreas como a Educação Física, os
Trabalhos Manuais ou a Educação pela Arte.
Nas sessões da Sociedade emerge também, com alguma regularidade, o velho
debate sobre a relação entre os dois termos do binómio instrução e educação. A posição
dominante é a que sublinha a falsidade da antinomia. Na conjugação operada surgem,
mesmo assim, com mais destaque os temas educativos, em contraponto à retórica do
republicanismo oficial, muito centrada na luta contra o analfabetismo. É por isso que
vamos encontrar, entre as preocupações mais presentes nos artigos e nos debates, a
relativa à importância da Educação Moral e Cívica. As estratégias para a sua
concretização não são, no entanto consensuais, conduzindo a acalorados debates sobre
temas como o self-government escolar, as festas cívicas ou educativas, a preparação
militar ou o escutismo.

4. A Academia de Estudos Livres - Universidade Popular

No que diz respeito à educação permanente de adultos e à vulgarização científica


e cultural, difunde-se no período um importante conjunto de instituições, vocacionadas

5
Cardoso Gonçalves. O Método de Maria Montessori. Revista de Educação Geral e Técnica, Série IV, Nº
4, Abril 1914, pp.305-321.
9

para essa área, conhecidas por universidades livres ou universidades populares, de entre
as quais podemos destacar as universidades populares fundadas, a partir de 1912, pela
Renascença Portuguesa (Porto, Coimbra, Vila Real e Póvoa do Varzim), a Universidade
Popular Portuguesa, criada em Lisboa em 1919 (Bandeira, 1994; Fernandes, 1993;
2001; Marques, 1999; Neves, 1997), a Universidade Livre para Educação Popular,
fundada em 1912 em Lisboa, e a Academia de Estudos Livres – Universidade Popular,
que iremos apresentar a seguir.
A Academia de Estudos Livres foi fundada em 1889. A iniciativa pertenceu à
Maçonaria, através da loja «Simpatia e União» de Lisboa. Os seus Estatutos originais
foram aprovados por Alvará de 10 de Setembro de 1889. São aí assumidos como
objectivos “desenvolver o gosto pelo estudo e pela ciência” e “proporcionar aos sócios o
conhecimento das ciências”. Tendo em vista a sua consecução, são previstas as
seguintes actividades:

A Academia promoverá conferências públicas sobre assuntos científicos


e de interesse público; fará publicações, nomeadamente dessas
conferências; manterá aulas, gabinete de leitura, biblioteca, gabinete de
física, observatório, laboratório, museus; organizará uma oficina-escola
que facilite aos investigadores os meios de trabalho mecânico e sirva
também para a reparação dos instrumentos de estudo da Academia;
facultará a quaisquer professores a abertura de cursos-livres e celebrará
exposições.6

Em 1904, por via do Alvará de 24 de Junho, são aprovados novos Estatutos, os


quais consignam a alteração da designação (através do acréscimo de um subtítulo) para
Academia de Estudos Livres – Universidade Popular. Os objectivos e as actividades
previstas mantêm-se, relativamente ao documento anterior7. Uma alteração importante,
datada desse mesmo ano de 1904, é a integração na Academia da preexistente Escola
Marquês de Pombal, que passa a ser considerada, pelo Regulamento Geral da mesma
escola, uma “Secção da Academia de Estudos Livres”, situada então no Alto do Pina
(um bairro lisboeta)8. Alguns anos após, em artigo de uma das publicações da
instituição, clarifica-se a história da escola:

6
Estatutos da Academia de Estudos Livres. Aprovados por Alvará de 10 de Setembro de 1889. Lisboa,
Tipografia Castro Irmão, 1889, p.5.
7
Academia de Estudos Livres - Universidade Popular. Novos Estatutos. Aprovados por Alvará de 24 de
Março de 1904. Lisboa, Imprensa Comercial, 1904.
8
Regulamento Geral da Escola Marquês de Pombal – Sebastião José de Carvalho e Melo (Aulas
gratuitas para crianças pobres). Secção no Alto do Pina da Academia de Estudos Livres – Universidade
Popular. Lisboa, Imprensa Comercial, 1904.
10

Foi fundada em 1882 por um grupo de dedicados amigos da instrução,


sócios da loja maçónica Razão Triunfante, que por essa forma quiseram
concorrer para o derramamento da instrução popular e, ao mesmo tempo,
prestar homenagem ao grande vulto da nossa história – o Marquês de
Pombal... Inaugurou-se em 21 de Maio daquele ano na Portela de
Sacavém, com o título de Escola Marquês de Pombal – Sebastião José
de Carvalho e Melo.9

Não deixa de ser curioso o facto de ambas as entidades serem de iniciativa maçónica.
Os propósitos enunciados – e, em particular, “o derramamento da instrução popular” -
são, de resto, coerentes com o contexto doutrinário em que a escola se insere, sendo
igualmente significativo o nome da loja maçónica de onde ela emana – “razão
triunfante”. A assunção do Marquês de Pombal como seu patrono é bem sintomática da
incorporação desse vulto do absolutismo reformista – por via da sua política anti-
jesuítica - na memória da nação, tal como é reconstruída pelo republicanismo, que se vai
tornando a ideologia dominante nas lojas.
A escola começa a funcionar na Portela de Sacavém (arredores de Lisboa) com
40 crianças pobres de ambos os sexos e uma professora, sendo transferida em 1899 para
o já referido Alto do Pina. Em 1904, “quando se dissolveu o Grande Oriente de
Portugal, em que estava filiada a loja maçónica Razão Triunfante, que ainda tinha a
escola sob a sua protecção”10, desenvolveram-se, então, negociações entre os dirigentes
de ambas as instituições que concluíram com a integração da escola na Academia,
aprovada nas respectivas assembleias gerais (8 e 9 de Setembro). O Regulamento Geral,
então aprovado, anexa igualmente ao título a expressão «Aulas gratuitas para crianças
pobres», especificando que se pretende “ministrar nesta Secção o ensino primário (1º e
2º grau), gratuito para crianças pobres de ambos os sexos, dos 6 aos 12 anos de idade”,
para além de promover “conferências e outros trabalhos educativos”. A instituição
compromete-se, ainda, a distribuir “livros e outros auxílios a alunos órfãos e de pobreza
manifestamente reconhecida”11. As preocupações com a educação popular e o
filantropismo típico da maçonaria são uma presença visível.
O Regulamento Geral em apreciação define as aulas como “diurnas” e
manifesta, ainda, a preocupação com a necessidade de uma definição clara do tempo

9
Escola Marquês de Pombal. Breves apontamentos para a sua história. A Mocidade. Folha quinzenal,
Ano 1, N.º 19, 20 Junho 1911, p.7.
10
Idem., p.8.
11
Regulamento Geral da Escola Marquês de Pombal..., p.3.
11

escolar, tanto no que se refere ao calendário – fixado entre Outubro e Agosto – como ao
horário quotidiano, entre as 9h e as 16h, entrecortado por intervalos de 10m ao fim de
cada hora, “para descanso dos alunos”, e de uma paragem de 30m para uma refeição. As
aulas funcionariam “em todos os dias não declarados feriados”, sendo “as disciplinas a
ministrar... as dos programas primários oficiais”12. Fica claro que a educação popular a
fomentar pelo movimento associativo de inspiração maçónica tem como referência o
modelo escolar de educação então em fase de implementação, designadamente no que
se refere às coordenadas espaciais e temporais do mesmo, já impregnadas de
pressupostos de natureza pedagógica. Não é, por isso, de estranhar que se pretenda
submeter os alunos a mecanismos de vigilância e de controlo disciplinar típicos do
modelo escolar:

Os alunos só podem ser admitidos nas aulas, apresentando-se decentes e


limpos; devem respeitar os professores, conservar as suas carteiras e
artigos de estudo em estado de irrepreensível asseio, não danificar estes
nem os móveis da Secção, não se ausentar sem licença dos professores,
não cometer faltas, as quais em todo o caso deverão sempre justificar
com bilhete ou carta dos pais ou tutores, frequentar com assiduidade as
aulas nos dias e horas que lhes forem marcados, apresentar-se nas aulas
munidos dos livros e de todos os artigos indicados pelos professores.13

É bem visível, neste articulado, a presença de um projecto de integração social e de


moralização dos costumes das crianças pobres a que a escola se destina. A limpeza
pessoal, o cuidado com os materiais escolares, o respeito pelos professores, a
assiduidade, são comportamentos incentivados e o não cumprimento das regras – sob a
forma de “mau comportamento, falta de assiduidade ou de aplicação” - penalizado.
O regulamento define, também, os principais rituais que deveriam pontuar a vida
da instituição, em particular a sessão solene comemorativa do aniversário da fundação
da escola (21 de Maio) e a “sessão solene de distribuição de prémios por ocasião da
abertura das aulas”. Dos prémios farão ainda parte o “quadro de honra” e os “diplomas
de mérito”, algo que será posteriormente alvo de contestação. Abre-se, finalmente, a
possibilidade, em articulação com a Academia, da criação de “aulas nocturnas para
adultos”, uma opção que marcará decisivamente a actividade de ambas as instituições,
dentro do espírito de universidade popular que passa a caracterizar a Academia14.

12
Idem., p.6.
13
Idem., p.5.
14
Idem., pp.8-9.
12

Em 1908 a escola é transferida para a nova sede da Academia na Rua da Paz


(bairro de São Bento), passando a dispor de melhores condições de funcionamento e de
um acompanhamento mais próximo por parte da direcção da mesma. De 40 crianças e
uma professora naquele ano15, passou-se, no ano lectivo de 1910/1911, a que nos iremos
principalmente reportar, para 137 alunos matriculados (distribuídos por 4 classes) e 4
professoras, apoiadas ainda por um professor de ginástica e por um professor de música
e canto, isto só na Escola Marquês de Pombal, porque a Academia de Estudos Livres
possuía ainda 326 alunos nas aulas nocturnas, tanto ao nível da instrução primária,
como nas disciplinas então oferecidas: português, francês, inglês, desenho, matemática
elementar, matemática financeira, economia política, contabilidade, taquigrafia,
rudimentos de música, piano, violino, harmonia e curso livre de música, para além de
um curso de admissão à Escola Normal16.
Como vimos, o ano de 1904 ficou assinalado pela incorporação de uma escola
do ensino primário particular – que passará a ter grande visibilidade no conjunto das
suas actividades - e pela assunção do seu carácter de universidade popular – de que os
cursos nocturnos são uma das suas marcas -, uma das primeiras, de resto, a aparecer em
Portugal, à semelhança do que acontecia desde os últimos anos do século XIX também
em França. Esta dicotomia enriquece-a, mas transporta também consigo alguma
ambiguidade, como ulteriores discussões em assembleia geral se encarregarão de
demonstrar.
No cumprimento da sua vocação a Academia de Estudos Livres vai, então,
desenvolver diversas actividades na área da vulgarização científica e cultural, as mais
características das universidades populares, delas sendo exemplos a realização de cursos
livres, conferências, visitas de estudo, etc. Em relação aos primeiros, surgem noticiados
em 1910-1911, entre outros, os seguintes temas: «História Universal» (Agostinho
Fortes), «História Social e Política da Península Ibérica» (José Augusto Coelho) e «Os
Lusíadas» (Barbosa de Bettencourt). As conferências foram em grande número,
destacando-se as seguintes: «Literatura portuguesa no século XIX» (Fidelino de
Figueiredo), «A educação na futura democracia» (Fidelino de Figueiredo), «Porque
precisamos saber Física» (Almeida Lima), «O que deve ser uma educação moderna»
(Reis Santos), «O céu português – lições de astronomia» (Pedro José da Cunha) e

15
Escola Marquês de Pombal. Breves apontamentos para a sua história. A Mocidade..., Ano 1, N.º 19, 20
Junho 1911, p.8.
16
Academia de Estudos Livres – Ano Lectivo de 1910-1911. A Mocidade..., Ano 1, N.º 16, 1 Maio 1911,
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«Unificação de Itália» (Agostinho Fortes). Para além da relevância dos temas ligados à
História e à Literatura portuguesas, por razões que se prendem com formação cultural
de cariz patriótico pretendida pelos sectores republicanos, sublinhe-se a presença dos
temas científicos, em conformidade com a ideia, muito presente nos meios ligados à
educação popular, de que é possível levar esses conhecimentos até ao povo.
As visitas de estudo e excursões constituíam uma das actividades mais
acarinhadas pela Academia. Nesse ano foram visitados, entre outros, os locais a seguir
indicados: a cidade de Tomar, o Mosteiro dos Jerónimos, o Museu Nacional de Belas
Artes, o Museu Nacional dos Coches, o Aqueduto das Águas Livres, uma Fábrica de
Chocolate, a Vila de Sintra (numa visita guiada por um arquitecto muito ligado às
construções escolares - Adães Bermudes), a Torre de Belém, A Figueira da Foz e o
Buçaco (neste caso uma excursão no Verão) e a Estação Elevatória de Água dos
Barbadinhos. A Academia – como, de resto, todos as escolas da época que afirmam
fazer “educação moderna” – é fortemente marcada pelo seu carácter excursionista. As
saídas são muito frequentes e tanto têm como objectivo a visita a monumentos e museus
– tendo em vista o aproveitamento das potencialidades educativos que lhe estão
subjacentes -, a fábricas, para um contacto in loco com a realidade social, ao campo ou à
praia, na procura dos benefícios decorrentes de uma relação mais próxima com a
natureza e dos exercícios físicos a ela inerentes.
Foram, igualmente, realizados vários concertos de música clássica, para além de
concertos com o Quarteto Silveira Pais, o professor de música na Academia.
Encontramos aqui espelhada, de novo, a crença na possibilidade de popularizar uma arte
e uma cultura consideradas, à partida, como de carácter erudito e dirigidas a um público
mais elitista. O quotidiano da Academia e da sua escola era, ainda, pontuado pela
realização de festividades diversas, de que são exemplo a festa de aniversário da escola,
a festa evocativa do aniversário da morte de Camões (10 de Junho) ou a Festa da
Árvore, para além de outros eventos comemorativos, como o relativo à unificação
italiana ou o cortejo aos Jerónimos em homenagem a Alexandre Herculano.

5. Considerações finais

O balanço que podemos fazer da política educativa do republicanismo não deixa de


ser ambíguo e multifacetado. Assistimos, por um lado, a um imenso investimento
retórico no campo educativo, mas a sua concretização na realidade educativa ficou
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claramente aquém do desejado, em particular no que se refere à redução da taxa de


analfabetismo. Por outro lado, assistimos à proliferação de um sem número de
experiências educativas variadas, algumas da iniciativa do republicanismo oficial outras
do rico e diversificado movimento associativo do período. Essas mesmas experiências
ora têm por base modelos educativos tradicionais ora contêm interessantes inovações
pedagógicas que as aproximam das chamadas Escolas Novas. Um outro dilema é o que
se refere ao carácter percursor de algumas práticas atinentes à formação para a
cidadania em contraponto à vontade de imposição dos valores associados ao
republicanismo e ao patriotismo que marcou de forma visível a pedagogia cívica então
fomentada.

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