Livro - Resistencia Dos Materiais

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Gestão RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Nelson Henrique Joly

Nelson Henrique Joly


RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS
Resistência
dos Materiais
Nelson Henrique Joly

Curitiba
2021
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.

J75r Joly, Nelson Henrique


Resistência dos materiais / Nelson Henrique Joly. – Curitiba:
Fael, 2021.
195 p.
ISBN 978-65-86557-78-7

1. Materiais – Propriedades mecânicas I. Título


CDD 620.11292

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL

Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo


Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Stock.adobe.com/Rick Henzel
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5

1. Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais | 7

2. Tensão normal: compressão e tração | 19

3. Deformação | 35

4. Propriedades geométricas da seção transversal | 51

5. Flexão pura | 65

6. Flexão composta | 81

7. Flexão oblíqua composta | 97

8. Flexão em vigas compostas | 111

9. Tensão de Cisalhamento | 129

10. Flambagem | 145

11. Conceitos de isostática | 161

12. Forças internas | 175

Gabarito | 187

Referências | 193
Carta ao Aluno

Prezado(a) aluno(a),
O ensino nos exige constante atualização, e no desenvol-
vimento desta obra não foi diferente. A pesquisa e a atualização
constantes são necessárias para qualquer aspecto pessoal e pro-
fissional. Neste texto inicial, gostaria de colocar que o estudo
desta disciplina, Resistência dos Materiais, requer habilidade ou
conhecimento prévio sobre conceitos de materiais e mecânica, e
irá contar com sua atenção e dedicação. Nesta disciplina, vamos
tratar dos primeiros passos para o aprendizado dos conceitos de
resistência dos materiais, a sua importância e a utilização nas
várias áreas da engenharia. Assim, qualquer aluno que se dedi-
que a entender as regras básicas e os procedimentos entenderá
os conceitos. Aprender esta disciplina não significa aprender a
calcular, pois é necessário aprender como representar um objeto,
aprender a interpretar os esforços e como usá-los nas aplicações
dos problemas.
Resistência dos Materiais

Para isso, é necessário que você aprenda a pensar no objeto, enten-


dendo as regras e o dinamismo dos esforços. Após entender as regras bási-
cas iniciais, você poderá se dedicar a aprender a disciplina por meio dos
vários softwares específicos para sua área e avançar no conteúdo.
Bons estudos!

– 6 –
1
Objetivos e aplicações
de Resistência
dos Materiais

Acredita-se que a origem da resistência dos materiais esteja


associada aos experimentos conduzidos por Galileu no início do
século 17, quando estudou os efeitos de cargas em vigas e hastes
feitas de diversos materiais. Em 1678, Robert Hooke estabeleceu
os fundamentos da elasticidade por meio dos seus estudos com
mola. Há diversos outros nomes que poderíamos citar, dentre eles
destacam-se: Saint Venant, Bernoulli, Navier, Poisson, Cauchy,
Euler, Castigiliano, Tresca, Von Mises (KAEFER, 1998).
Um livro de resistência dos materiais tem como principal
objetivo desenvolver a habilidade de resolver um problema de
forma simples, clara e objetiva. Como vocês verão no decorrer
deste livro, as operações matemáticas desenvolvidas ao longo da
resolução dos exercícios são bem simples. No entanto, o raciocí-
nio necessário para a resolução dos problemas torna-se o grande
desafio desta disciplina.
Resistência dos Materiais

Primeiramente, devemos fazer a seguinte pergunta: o que é resistên-


cia dos materiais? Conforme Hibbeler (2010) explica, a resistência dos
materiais é uma área da mecânica que estuda as relações entre as cargas
externas aplicadas a um corpo deformável, chamada carregamento, e a
intensidade das forças internas que agem no interior do corpo.
Em uma estrutura, esse carregamento pode ser gerado devido a alguns
fatores, entre eles o próprio peso da estrutura, cargas de parede e disposi-
ção dos elementos estruturais que podem vir a gerar os esforços internos
conhecidos como flexão, compressão, tração, torção, cisalhamento. Den-
tro da visão da Engenharia, de uma forma simples, podemos dizer que a
resistência de um material está ligada diretamente à capacidade de esforço
que ele consegue absorver mantendo a segurança do projeto.
No entanto, um conceito muito importante é o das propriedades
mecânicas de cada um dos materiais. Para descobrir essas propriedades,
diversos ensaios podem ser realizados. Na realização de ensaios, busca-se
quantificar e qualificar cada um dos materiais, uma vez que os parâmetros
definidos serão extremamente importantes nas aplicações da Engenharia.
Qualquer erro na obtenção das propriedades dos materiais pode trazer
diversos problemas, um deles seria superestimar a resistência de um certo
tipo de material, o que pode causar ruptura.
Verificada a finalidade do material, deve-se escolher qual tipo de
ensaio mecânico deverá ser utilizado, avaliando principalmente qual é
o tipo de esforço que o material irá sofrer na sua aplicação. O inverso
também é possível – primeiramente, são impostas diversas situações de
carga no material para que, em uma etapa posterior, seja analisado quais
dessas solicitações apresentam uma melhor resposta. As aplicações são
determinadas pelos ensaios mecânicos tendo em vista o tipo de solicitação
aplicada no material em análise (SOUZA, 1982).
O desconhecimento da resistência em face de um esforço específico
pode ocasionar possíveis falhas. Desta forma, caracterizar um material
minunciosamente é um procedimento que ajuda a compreender o comporta-
mento desse material. As ligas ferrosas (Fe-C) têm suas propriedades mecâ-
nicas influenciadas diretamente pela quantidade do teor de carbono. Com o
acréscimo da quantidade das ligas de carbono, as tensões de escoamento, a

– 8 –
Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais

dureza e ruptura são melhoradas, entretanto, a tenacidade e ductilidade são


propriedades que sofrem redução em seus valores. A segurança nos projetos
de Engenharia se justifica pela importância do conhecimento, o mais amplo
possível, das propriedades mecânicas do material (ZOLIN, 2011).
Para a concepção de um projeto de Engenharia, são importantes os estu-
dos que são realizados em um material antes e durante a sua aplicação, tendo
como objetivo o acréscimo da confiabilidade dos projetos de Engenharia.
Esses estudos podem mostrar um modelo do comportamento real perante as
diferentes solicitações de carga do material, portanto, pode-se atuar de forma
mais segura dentro de um projeto de Engenharia real (RAMÍREZ, 2017).
A depender das propriedades que se deseja analisar, existe uma gama
de tipos de ensaios que têm como objetivo avaliar as características físicas
e químicas dos materiais. Hibbeler (2010) descreve os principais ensaios
usados internacionalmente para caracterizar ótica e mecanicamente um
corpo sólido. Os testes de tração e compressão foram desenvolvidos para
avaliar a resistência do material perante solicitações de carga de tensão
axial. Avalia-se também a resistência do material à deformação plástica,
por meio de ensaios de dureza sobre a superfície do material. A partir do
ensaio de impacto, é obtido o comportamento frágil ou dúctil dos mate-
riais quando submetidos a altos índices de deformação.
Conforme Ramírez (2017), a escolha do material que será usado em
alguns projetos de Engenharia é uma das partes mais importantes a ser
considerada no momento de avaliar a viabilidade de um projeto. Com o
avanço da tecnologia e o elevado grau de exigência na Engenharia em
termos de qualidade, deve se procurar sempre satisfazer as solicitações
de esforço que o material deve suportar, visando sempre à melhor rela-
ção custo-benefício. Em muitos projetos de Engenharia, são necessárias
peças mecânicas que são submetidas a algum tipo de solicitação de carga.
As solicitações podem ser suportadas por uma quantidade alta ou escassa
de materiais que têm uma variedade de preços e qualidades diferentes.
Com a avaliação das propriedades mecânicas, pode ser feita a escolha
de um material que cumpra com as solicitações de carga do projeto, evi-
tando falhas indesejadas e com preço mais favorável do que outros tipos
de materiais que cumprem o mesmo objetivo.

– 9 –
Resistência dos Materiais

Os materiais podem ser produzidos dentro de um ambiente indus-


trial ou retirados diretamente da natureza. Podemos utilizar como exem-
plo dois tipos de materiais industriais: o aço e o concreto; e um material
natural: a madeira. O aço é uma liga obtida por meio do ferro e do car-
bono, e costuma sair da indústria pronto para ser aplicado. O concreto,
conforme definição de Chust e Figueiredo (2014), é obtido por meio de
uma mistura adequada de cimento, agregado fino, agregado graúdo e
água. O autor cita uma mistura adequada, ou seja, isso pode variar. Essa
variação pode impactar diretamente nas propriedades do concreto no seu
estado endurecido, e o fato do concreto depender de uma etapa in loco
pode explicar sua variabilidade. A quantidade de água colocada, o tipo
de agregado utilizado e outros fatores podem interferir diretamente na
resistência obtida.
Figura 1.1 – Seção transversal de um tronco

Medula
Cerne
Raios medulares
Anéis de crescimento
Alburno
Camada de células cambiais
Casca interna
Casca externa

Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/kajani

A madeira, por sua vez, é um material natural e desta forma apresenta


inúmeros defeitos, como nós e fendas que interferem nas suas proprieda-
des mecânicas (PFEIL, 2003). A Figura 1.1 apresenta a seção transversal
de uma madeira. As madeiras de construção devem ser retiradas, de prefe-
rência, do cerne, por serem mais duráveis.
Como demonstrado, cada material possui suas peculiaridades, e
deve-se buscar o entendimento do modo como esses materiais possam

– 10 –
Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais

ser utilizados da forma mais otimizada possível, tendo como propósito a


segurança e a viabilização dos projetos de Engenharia.
Uma aplicação muito interessante é na obtenção do parâmetro de
resistência à compressão característica do concreto ( Fck ), indicando a
qual tensão o concreto tem a capacidade de resistir. O conceito de tensão
é a relação entre a força aplicada em uma determinada área, ou seja, a ten-
são e a força são unidades diretamente proporcionais. Com relação à área,
a tensão é inversamente proporcional. A Figura 1.2 apresenta um corpo
de prova de concreto rompido após a realização de um ensaio de com-
pressão. O ensaio tem como premissa um corpo de prova com medidas
padrões, que é submetido a cargas de compressão até sua ruptura. Desta
forma, a partir do diâmetro, a área é conhecida e sabe-se também qual é
a força que está sendo aplicada. De posse desses dois valores, é possível
obter a tensão de ruptura do corpo de prova, geralmente fornecida em
Megapascal (Mpa).
Figura 1.2 – Ruptura do corpo de prova de concreto

Fonte: Stock.adobe.com/mzglass96

– 11 –
Resistência dos Materiais

Outra aplicação importante da resistência dos materiais é no cálculo


de sapatas de fundações. A Figura 1.3 ilustra uma sapata de fundação. As
fundações transmitem a carga da estrutura para o solo. Sabendo a carga dos
pilares que chega a cada uma das sapatas, é necessário obter uma área que
seja suficiente para dissipar as tensões sem ultrapassar a capacidade de carga
do solo. Ou seja, quanto maior a área da sapata, menor será a tensão transmi-
tida ao solo. Neste caso em particular, conhecer a tensão resistente do solo é o
grande desafio, pois, sabendo a carga que chega à sapata e conhecendo a ten-
são do solo, rapidamente se obtém a área da sapata. No entanto, este processo
não é simples, uma vez que o solo é um material natural e tem grande varia-
bilidade. Rotineiramente, nos projetos de fundações, recorre-se a ensaios de
laboratório e de campo para conhecer melhor as propriedades do solo.
Figura 1.3 – Sapata de fundação

Fonte: acervo do autor.

Os conceitos de resistência dos materiais também podem ser aplica-


dos ao super-herói conhecido como Homem-Aranha. Uma das caracterís-
ticas desse personagem é lançar suas teias, que são fixadas em edifícios
e propiciam o seu deslocamento pela cidade. Uma imagem dessas teias é
ilustrada na Figura 1.4. Dois conceitos importantes podem ser trazidos:
tensão e deformação.

– 12 –
Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais

Inicialmente, vamos tratar da deformação. É característica de todos


os materiais se deformarem quando sujeitos a carregamento, e isso não
seria diferente com a teia do Homem-Aranha. A deformação axial depende
de algumas características, como carga, comprimento, módulo de elasti-
cidade e área. Ou seja, por se tratar de uma teia, esse material também
possui um módulo de elasticidade. As teias são lançadas com o mesmo
diâmetro e a carga suportada pela teia é o peso do super-herói.
Figura 1.4 – O Homem-Aranha e sua teia

Fonte: Stock.adobe.com/Willrow Hood

Sendo assim, podemos dizer que o comprimento das teias é o parâ-


metro que varia. Da resistência dos materiais, sabemos que, ao mantermos
as propriedades descritas acima como constantes, e variarmos o compri-
mento da teia, quanto maior for o comprimento da teia maior será sua
deformação axial.

– 13 –
Resistência dos Materiais

Ainda tratando do filme do Homem-Aranha, há uma cena em que o


super-herói faz parar um trem utilizando seu corpo, com as teias presas em
locais fixos. Essa cena é ilustrada na Figura 1.5. Ora, só foi possível parar
o trem porque a relação entre a força aplicada por esse meio de transporte
e o diâmetro da teia foi inferior à tensão de ruptura da teia. Obviamente,
são cenas de filmes, mas podemos trazer aplicações de resistência dos
materiais para essas situações. Outros exemplos similares podem ser ilus-
trados no cálculo dos cabos de aço utilizados em elevadores e para iça-
mento, situações em que deve-se levar em conta a máxima carga que pode
ser aplicada sem que haja ruptura.
Figura 1.5 – O Homem-Aranha para um trem usando suas teias

Fonte: https://youtu.be/lHQHgFNx2kw

Dentro de um canteiro de obras, é extremamente comum encontrar


as caixarias preparadas para receber o concreto no estado fresco, moldan-
do-o para que fique com a forma desejada no estado endurecido. A Figura
1.6 ilustra a montagem de uma viga. As vigas geralmente recebem cargas
oriundas das paredes. Esses carregamentos induzem esforços de flexão,
fazendo com que parte do elemento estrutural seja comprimido e a outra
parte seja tracionada. Este conceito é interessante na aplicação das vigas
em concreto armado, e chamamos este modelo construtivo desta forma
pois ele utiliza o concreto em conjunto com a armadura de aço. O concreto
é um excelente material para absorver os esforços de compressão, supor-
tando cargas bem menores quando tracionado. Dessa forma, utilizam-se
barras de aço para absorver os esforços de tração.

– 14 –
Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais

Figura 1.6 – Caixaria de viga em concreto armado

Fonte: Stock.adobe.com/PiyawatNandeenoparit

Nos outros elementos estruturais presentes em obras de Engenharia


Civil, como lajes e pilares, percebe-se a utilização do concreto armado.
Isso se deve ao fato de esses elementos também estarem sujeitos a esfor-
ços de flexão, fazendo com que a presença do aço seja imprescindível para
a absorção dos esforços de tração.
A Figura 1.7 será utilizada para explicar uma aplicação das proprie-
dades geométricas aplicadas na resistência dos materiais. O momento de
inércia representa uma resistência da peça ao giro, e para ser calculado
depende da forma geométrica da seção transversal. No caso de peças
retangulares, o valor do momento de inércia é obtido pela multiplicação
da base pelo cubo da altura, sendo este valor dividido por 12. Ou seja,
quanto maior a altura da peça, maior será o seu momento de inércia e,
consequentemente, maior sua resistência ao giro. A Figura 1.7 ilustra duas
situações, (a) e (b). Geralmente, em obras de Engenharia Civil, percebe-se
a utilização de vigas com a configuração da Figura 1.7 (a), pois ela teria
maior resistência ao giro do que a Figura 1.7 (b). A fórmula do momento
de inércia multiplica a altura ao cubo e base não tem nenhuma potência
que aumente seu valor; sendo assim, para termos uma equivalência de
inércia, precisaríamos de bases muito largas em detrimento do aumento da
altura, o que poderia gerar gastos excessivos em concreto.

– 15 –
Resistência dos Materiais

Figura 1.7 – Elemento geométrico para explicação do momento de inércia

Fonte: elaborada pelo autor.

Conhecer o comportamento e o mecanismo de ruptura de um mate-


rial é extremamente importante. Conforme diz Callister (2005), uma fra-
tura é definida como sendo a ruptura de um corpo devido a uma força
que pode fraturar esse objeto em duas ou mais partes. De forma geral, há
duas formas de fratura: frágil e dúctil. Os materiais que têm como ruptura
a forma dúctil são caracterizados pela alta absorção de energia e defor-
mação plástica excessiva. Em contrapartida, os materiais com ruptura do
tipo frágil, possuem a capacidade de absorver uma pequena quantidade
de energia antes da fratura. Com o auxílio de um microscópio, é possível
identificar uma fratura dúctil a partir do estiramento da vizinhança de uma
trinca, enquanto na ruptura frágil não é percebida uma deformação plás-
tica excessiva.
Hibbeler (2010) define um material com ruptura do tipo dúctil como
uma fratura com a presença de grandes deformações antes da ruptura,
sendo que os engenheiros costumam escolher materiais com esse tipo
de ruptura, pois eles são capazes de absorver choque e energia, e caso
cheguem próximo de sua ruptura, exibirão grandes deformações antes da
falha. Por outro lado, os materiais que exibem pouca ou nenhuma defor-
mação antes da ruptura são aqueles de ruptura do tipo frágil.

– 16 –
Objetivos e aplicações de Resistência dos Materiais

As fraturas dúcteis geralmente ocorrem de forma que a estrutura ten-


sionada sofre uma gradual estricção na região de tensão. Essa redução está
ilustrada na Figura 1.8. Esta área da seção transversal é reduzida cada vez
mais, até o ponto em que ocorre a ruptura do material, que denominamos
de ruptura de um material dúctil.
Figura 1.8 – Estricção e falha de um material dúctil

Fonte: Cdang/CC.

A ocorrência de deformações plásticas em vez da ocorrência de trin-


cas é um fator preponderante para uma fratura ser classificada como dúc-
til. Dessa forma, a ocorrência da propagação de trincas de forma lenta e
o material tensionado se deformar plasticamente é uma característica da
fratura dúctil (CALLISTER, 2005).
Na fratura dúctil, há predominância da deformação plástica e uma
resistência à rápida cisão da estrutura oriunda da propagação de trincas,
ou seja, o material que sofre fratura dúctil é resistente à ruptura e tende a
se deformar plasticamente antes da fratura. A fratura frágil é marcada pela
predominância da formação de trincas em relação à deformação plástica.
Ocorre, nesse tipo de fratura, uma rápida formação e propagação das trin-
cas, o que leva à rápida ruptura do material com a ocorrência de pouca ou
nenhuma deformação plástica no processo (DA SILVA et. al, 2017).

– 17 –
Resistência dos Materiais

O objetivo deste livro é oferecer ao estudante uma apresentação clara


da teoria e das aplicações dos princípios fundamentais desta disciplina.
O entendimento é obtido a partir do comportamento físico dos materiais
quando sujeitos a carregamentos e a correta modelagem desses problemas.
A ênfase recai sobre a importância de satisfazer as condições de compa-
tibilidade de deformações, do comportamento do material e de requisitos
de equilíbrio
O Capítulo 2 começa com os conceitos de tensão, no qual são vistos
esforços de compressão e tração. No Capítulo 3 são definidas as defor-
mais normais e por cisalhamento. No Capítulo 4, são demonstradas as
propriedades geométricas da seção transversal, nas quais são definidos os
conceitos e o cálculo do centro de gravidade e momento de inércia. Nos
Capítulos 5, 6, 7 e 8, serão demonstrados diversos tipos de flexões, expla-
nando os conceitos, o cálculo de tensões e deformações e a demonstração
da linha neutra. No Capítulo 9, serão demonstrados aspectos relacionados
ao cisalhamento. No Capítulo 10, apresenta-se o conceito e cálculo de
peças submetidas à flambagem.

Atividades
1. Quais outras aplicações de resistência dos materiais seriam pos-
síveis encontrar em sua casa?
2. Cite e descreva o funcionamento de dois ensaios mecânicos uti-
lizados em resistência dos materiais.
3. Cite e explique uma vantagem e uma desvantagem do material
madeira.
4. Descreva a importância de pelo menos duas propriedades mecâ-
nicas dos materiais.
5. Cite e explique uma vantagem e uma desvantagem do material aço.

– 18 –
2
Tensão normal:
compressão e tração

A análise de um projeto de engenharia acarreta a análise das


forças e tensões atuantes em um corpo. Afinal de contas, você
sabe a diferença entre força e tensão? Vamos pegar como refe-
rência os cabos de um elevador, ilustrados na Figura 2.1. A partir
do nosso conhecimento de estática, sabemos que os cabos de aço
estão sob a ação de duas forças iguais e de sentido contrário,
atuando na direção do eixo do cabo. No caso ilustrado, os cabos
estão sendo tracionados, pois eles suportam o peso do elevador.
Essa primeira análise não nos leva à conclusão de que tal força
pode ser suportada com segurança. O fato desses cabos serem
capazes de suportar ou não essa força de tração não depende
exclusivamente do valor encontrado para esse esforço, mas, tam-
bém, do tipo de material que o forma e da área da seção transver-
sal do cabo do aço.
Resistência dos Materiais

Figura 2.1 – Ilustração dos cabos de um elevador

Fonte: Shutterstock.com/tanaworakit orantanaporn

A intensidade dessas forças distribuídas é igual à força de tração divi-


dida pela área na seção transversal. A ocorrência da falha deste material
depende da sua capacidade de resistir à intensidade das forças distribuí-
das. Em síntese, a ruptura do cabo depende da força aplicada, da área da
seção transversal e das propriedades dos materiais.
Os esforços normais em um corpo podem ser divididos em com-
ponentes de compressão e tração, conforme ilustrado na Figura 2.2. Os
esforços de compressão possuem como característica causar deformações
de encurtamento no material, como é possível visualizar na Figura 2.2, em
que o vetor da força P está entrando no corpo analisado. Por outro lado, os
esforços de tração têm como característica causar deformações de alonga-
mento. Dessa forma, temos o vetor da força P saindo do corpo analisado
na Figura 2.2. O assunto de deformação será estudado especificamente
nos próximos capítulos deste livro.

– 20 –
Tensão normal: compressão e tração

Figura 2.2 – Esforços axiais de tração e compressão

Esforço axial de compressão

Esforço axial de tração

Fonte: Shutterstock.com/adison pangchai

A força atuante dividida por uma área correspondente da seção trans-


versal é chamada de tensão normal atuante no corpo. A equação da tensão
normal é demonstrada na Equação 1:
F
σ= (1)
A

Onde:
2 σ : Tensão normal
2 F: Força
2 A: Área
Um fator muito importante é saber qual unidade será utilizada na
tensão normal, ela é função das unidades informadas tanto de força como
de área. Abaixo, estão listadas algumas possibilidades de unidades a
serem utilizadas:
2 força – newton, quilograma força, tonelada força, libra força,
kip.
2 área – metros quadrados, centímetros quadrados, milímetros
quadrados.

– 21 –
Resistência dos Materiais

No sistema internacional, consideramos a unidade de tensão como


pascal (Pa), ou seja, para que essa unidade seja obtida, deveremos usar a
força em newton e a área em metros quadrados. O Quadro 2.1 apresenta
algumas unidades de tensões usuais, por exemplo, a tensão de Kilopascal
(kPa), que é muito utilizada dentro da engenharia geotécnica para defi-
nir as tensões efetivas dos solos. Para esse tipo de tensão, é utilizada a
unidade de força de Kilonewton (kN) e área de metros quadrados (m²).
A tensão de megapascal (MPa) é utilizada para determinar a resistência
à compressão característica () dos corpos de prova de concreto armado.
Para essa unidade, a força é medida em newton (N) e a área em milímetros
quadrados (mm²).
Quadro 2.1 – Unidades usuais de tensão

Unidade de Unidade de força Unidade de área


tensão correspondente correspondente
Pa Newton m²
kPa Kilonewton m²
MPa Newton mm²
Fonte: elaborado pelo autor.

Um aspecto relevante no estudo das tensões é obter uma noção


razoável de quantificação da tensão, por exemplo: quando dizemos que a
resistência à compressão característica () é de 20 Mpa, quanto isso signi-
fica? Sabemos que 20 MPa equivalem a 20 newtons por milímetro qua-
drado, no entanto, vamos converter essa medida para toneladas por metro
quadrado. Sendo assim, 20 MPa são equivalentes a 2000 toneladas por
metro quadrado. Isto é, se levarmos em consideração um carro muito
popular no Brasil, o Fusca, ilustrado na Figura 2.3, ele possui cerca de
800 kg, ou seja, 0,80 toneladas. Para equivalermos a esses 20 MPa, seria
necessário colocar 2500 fuscas por metro quadrado. Consegue imaginar
2500 fuscas empilhados descarregando esse carregamento em um metro
quadrado? Seria algo extremamente incomum de se ver, no entanto, é
essa quantidade que equivale a um de 20 mPa. O mesmo raciocínio aqui
demonstrado pode ser utilizado em outras situações para termos uma
noção quantitativa de tensão.

– 22 –
Tensão normal: compressão e tração

Figura 2.3 – Volkswagen Fusca

Fonte: Shutterstock.com/Johnnie Rik

Exemplo numérico 1
Figura 2.4 – Problema referente
ao exemplo numérico 1
A Figura 2.4 ilustra D C
uma luminária de 250 N
que é sustentada por três
hastes de aço interligadas
por um anel em A. Deter- 45° 30°
mine qual das hastes está A
submetida à maior tensão
normal média e calcule
seu valor. Considere = 30°
(HIBBELER, 2010).
Luminária
Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 23 –
Resistência dos Materiais

Primeiramente, iremos analisar o problema para a confecção do dia-


grama de corpo livre. O diagrama de corpo livre consiste na elaboração
de um diagrama que demonstre todas as forças atuantes no sistema. Ao
analisar a Figura 2.4, podemos observar que a luminária está agindo como
uma força peso no sentido da gravidade que acaba por tracionar os cabos
AD e AC. Esses cabos suportam a luminária e deixam o problema em
equilíbrio estático, ou seja, o somatório de todas as forças atuantes no
sistema é igual a zero.
Figura 2.5 – Diagrama de corpo livre
TAD

TAC

P
Fonte: elaborada pelo autor.

Com base nas análises feitas, elaborou-se o diagrama de corpo livre


ilustrado na Figura 2.5. A força peso atua para baixo, no entanto, para
deixar o sistema em equilíbrio, os cabos AD e AC reagem no sistema com
forças contrárias à direção de P. Sendo assim, temos as forças de tração
TAD, referente ao cabo AD e a força TAC, referente ao cabo AC. Estamos
diante de um problema de equilíbrio de ponto material. Desse modo, são
necessárias duas condições de equilíbrio.
0
∑ fx =

0
∑ fy =

– 24 –
Tensão normal: compressão e tração

Ou seja, o somatório das forças em x deve ser igual a zero e o somató-


rio das forças em y também deve ser igual a zero. Considerando o eixo x o
eixo das abcissas e o eixo y o eixo das ordenadas, percebemos que apenas a
força P está alinhada a algum desses eixos, nesse caso, ao eixo y. As forças
de tração TAD e TAC não estão alinhadas nos eixos mencionados, sendo
assim, será necessário decompor essas forças em componentes x e y. A
Figura 2.6 ilustra a decomposição das forças TAD e TAC nos eixos x e y.
Figura 2.6 – Forças decompostas
TADy TACy

TADx TACx

P
Fonte: elaborada pelo autor.

As forças decompostas são função dos ângulos que os cabos fazem com
o eixo x. Dessa forma, segue a correspondente de cada uma dessas forças:
TADx = TAD cos α

TADy = TAD senα

TAC x = TAD cos θ

TAC y = TAD senθ

– 25 –
Resistência dos Materiais

Ao considerar os ângulos fornecidos na Figura 2.4, temos que e .


Substituindo esses valores nas equações anteriores, temos que:
TADx TAD
= = cos 45 0,71TAD

TADy TAD
= = sen45 0,71TAD

TAC x TAD
= = cos30 0,87 TAC

TAC y TAD
= = sen30 0,5 TAC

Ao substituir os valores encontrados nos correspondentes da Figura


2.6, obtemos a Figura 2.7.
Figura 2.7 – Forças decompostas com seus respectivos valores
0,71 TAD 0,50 TAC

0,71 TAD 0,87 TAC

P
Fonte: elaborada pelo autor.

Com as forças decompostas e seus respectivos valores, é possível


fazer os somatórios de forças. Iniciaremos com o somatório das forças em
x, considerando as forças que estão indicando para a direta como positi-
vas. Dessa forma, temos:
0
∑ fx =

– 26 –
Tensão normal: compressão e tração

0,87 TAC − 0,71TAD =


0 ( 2)
O próximo passo é realizar o somatório das forças em y. Considera-
remos as forças que apontarem para cima como positivas. No enunciado,
é dito que a luminária pesa 250 N, esse valor é correspondente a P. Sendo
assim, temos:
0
∑ fy =

0,71TAD + 0,50 TAC − 250 =


0 ( 3)
Ao observar as Equações (2) e (3), é possível perceber que estamos
diante de um sistema de equações. A partir da Equação (2), iremos isolar a
componente TAC na equação, consequentemente, temos:

TAC = 0,82 TAD ( 4)


Substituindo a Equação (4) na Equação (3):

0,71TAD + 0,50 ( 0,82 TAD ) − 250 =


0

Desenvolvendo:

TAD = 223, 21 N ( 5)
Ao substituir a Equação (5) em (4), temos:
Em posse das forças, é necessário calcular a área de cada uma das
hastes. A haste AD possui diâmetro de 7,5 mm e a haste AC possui diâme-
tro de 6,0 mm. Como as hastes são circulares, iremos utilizar a fórmula da
área para seções circulares. Para a haste AC, temos:
π d ² ac
Aac =
4

π 7,5²
Aac
= = 44,18 mm ²
4

– 27 –
Resistência dos Materiais

Para a haste AD, temos:


π d ² ad
Aad =
4
π 6, 0²
Aad
= = 28, 27 mm²
4

Uma terceira haste está ilustrada no problema, a haste AB, que


suporta a luminária. A haste AB possui diâmetro de 9,0 mm, dessa forma:
π d ² ab
Aab =
4
π 9,0²
Aab
= = 63,61 mm ²
4

Temos todos os parâmetros necessários para calcular a tensão normal


em cada uma das barras. Iniciaremos o cálculo com a haste AC. A força,
nessa haste, foi de 183,03 N com uma área de 44,18 mm². Então, podemos
calcular a tensão nessa haste:
TAC
σ=
AAc

183,03
=σ = 4,14 mPa
44,18

Para a haste AD, calculamos um esforço atuante de tração de 223,21


N, sendo que a haste possui uma área de 28,27 mm². Dessa forma, pode-
mos calcular a tensão:
TAD
σ=
AAD

223, 21
=σ = 7,89 mPa
28, 27

– 28 –
Tensão normal: compressão e tração

Para finalizar os cálculos, temos que calcular a tensão na haste AB,


com área de 63,61 mm², que suporta a luminária de 250 N. Sendo assim,
temos a tensão nessa haste:
A Tabela 2.1 demonstra um resumo das tensões encontradas.
Tabela 2.1 – Resumo das tensões encontradas

Haste Tensão
AB 3,93 mPa
AD 7,89 mPa
AC 4,14 mPa
Fonte: elaborada pelo autor.

Com base na Tabela 2.1, é possível concluir que a tensão na haste AD


é superior à da haste AC e AB. Desse modo, a tensão na haste AD com
intensidade de 7,89 mPa é a resposta dessa questão.
Exemplo numérico 2
Se a tensão de apoio para o material sob os apoios em A e B for , con-
forme mostrado na Figura 2.8, determine os tamanhos das chapas metáli-
cas de apoios quadradas A’ e B’ exigidos para suportar a carga. Considere .
A dimensão das chapas deverá ter aproximação de 10 mm. As reações nos
apoios são verticais (HIBBELER, 2010).
Figura 2.8 – Problema referente ao exemplo numérico 2
P
10.0 kN

10.0 kN

15.0 kN

10.0 kN

A
B

1.50 m 1.50 m 1.50 m 1.50 m

Fonte: Hibbeler (2010).

Ao analisar o problema da Figura 2.8, percebemos que se trata de um


problema de equilíbrio de corpo rígido. Os apoios em A e B reagem com for-
ças verticais no sentido contrário das forças aplicadas para dar equilíbrio ao
sistema. Sendo assim, o diagrama de corpo livre está ilustrado na Figura 2.9.

– 29 –
Resistência dos Materiais

Figura 2.9 – Diagrama de corpo livre do exemplo numérico 2


10,0 kN 10,0 kN 15,0 kN 10,0 kN 7,5 kN

FA FB
Fonte: elaborada pelo autor.

Para descobrir a intensidade das forças nos apoios (FA e FB), é neces-
sário realizar as condições de equilíbrio da estática. Nesse caso, iniciare-
mos com a somatória das forças em y sendo zero, considerando as forças
apontadas para cima como positivas. Dessa forma, temos que:
0
∑ fy =

FA + FB − 10 − 10 − 15 − 10 − 7,5 =
0 ( 6)
A outra condição de equilíbrio necessária para resolver o exercício
é a somatória dos momentos em um ponto igual a zero. Calcularemos o
momento no ponto de aplicação da Força em A e consideraremos como
positivos os giros impostos no sentido horário. Sendo assim, temos que:
0
∑ Ma =

− (10 .1,5 ) − (15 . 3,0 ) − (10 . 4,5 ) − ( 7,5 . 8 ) + ( FA . 4,5 ) =


0

Ao desenvolver a equação anterior, temos que:

FA = 36,6 kN (7)
Ao substituir a Equação (7) na Equação (6), temos o seguinte:

( 36,6 ) + FB − 10 − 10 − 15 − 10 − 7,5 =
0

FB = 15,9 kN

– 30 –
Tensão normal: compressão e tração

A Figura 2.10 ilustra as chapas metálicas apresentadas nesse pro-


blema, o enunciado diz que elas são quadradas. Dessa forma, a chapa A
possui dimensões e a chapa B possui dimensões .
Figura 2.10 – Vista em planta das chapas metálicas

Chapa a a Chapa b b

a b
Fonte: elaborada pelo autor.

O objetivo desse exercício é encontrar as dimensões das chapas, já


conhecemos a tensão de trabalho nas chapas que é de e as forças nas cha-
pas já foram encontradas. Dessa forma, podemos calcular as dimensões.
Iniciando pela chapa A, temos que:
FA
σ=
Aa

Como utilizamos uma tensão em mPa, sabemos, de acordo com o


Quadro 2.1, que as tensões em mPa utilizam unidades em newton e milí-
metros quadrados. Desse modo, iremos converter a força de kN para N.
Consequentemente, temos uma força na chapa A de . Logo, temos que:
36600
2,8 =
a xa

36600
2,8 =

36600
a² =
2,8

– 31 –
Resistência dos Materiais

36600
a=
2,8

a = 114,33 mm

Como o enunciado pede aproximação de 10 mm, temos como resposta:


a = 120,0 mm

Raciocínio análogo deve ser utilizado na chapa B. Temos, então:


Fb
σ=
Ab

15900
2,8 =
b xb
15900
2,8 =

15900
b² =
2,8

15900
b=
2,8

b = 75,35 mm

Como o enunciado pede aproximação de 10 mm, temos como resposta:


b = 80,0 mm

Sendo assim, podemos concluir que as chapas metálicas, com base


nas condições impostas, deverão ter, na chapa A, medidas de 120,0 x
120,0 mm e, na chapa B, 80,0 x 80,0 mm de comprimento.
O estudo de tensões normais é extremamente importante, uma vez
que os conceitos aprendidos nos outros tópicos serão aplicados. Assim, é
indispensável desenvolver os exercícios propostos nesta seção.

– 32 –
Tensão normal: compressão e tração

Atividades
1. A coluna está sujeita
a uma força de 8 kN,
conforme ilustrado a
seguir. Essa força é
aplicada no centro da
área da seção transver-
sal. Calcule a tensão
normal atuante sobre a
seção transversal.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

2. O bloco de concreto
tem as dimensões
ilustradas na figura a
seguir. Calcule a ten-
são normal atuante
caso ele seja subme-
tido a uma força P de
4 kN aplicada no cen-
tro da peça. 25 mm 75 mm 75 mm 25 mm

25 mm

100 mm P

25 mm

50 mm 50 mm 50 mm

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 33 –
Resistência dos Materiais

3. Considerando a figura da atividade 2, calcule qual é a maior força


que pode ser aplicada no bloco de concreto caso ele suporte uma
tensão de 0,840 mPa.
4. O eixo está submetido à força axial de 30 kN, conforme ilus-
trado na figura a seguir. Determine a tensão no mancal que age
sobre o colar C caso ele passe pelo orifício de 53 mm de diâme-
tro no apoio fixo A.

52 mm
C A

30 kN 60 mm

53 mm
10 mm

40 mm
Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 34 –
3
Deformação

Quando sujeitos a algum carregamento, os corpos tendem


a mudar sua forma e o seu tamanho. Independentemente do tipo
de carregamento, sempre ocorrerá uma deformação, mesmo que
tenha baixíssima intensidade e seja imperceptível a olho nu.
Repare na Figura 3.1: visivelmente, o carregamento imposto na
areia está causando deformações. Pensar do ponto de vista das
deformações, analisando o solo, torna a compreensão mais fácil,
mas o solo seria um material? Certamente, pois, frequentemente,
os solos estão sujeitos a carregamentos, seja para absorver a
carga de uma fundação ou quando é necessário fazer algum corte
para implementar um muro de arrimo.
Resistência dos Materiais

Figura 3.1 – Caminhada na praia

Fonte: Shutterstock.com/Maridav

No entanto, nem todos os corpos se deformam com magnitudes que


podem ser percebidas visualmente. Quando alguém caminha sobre uma
laje, por exemplo, com a força peso de um adulto, também se impõe um
carregamento que irá causar alguma deformação. Então, por que é mais
fácil perceber a deformação no solo? Porque cada material possui suas
propriedades, dispondo de um módulo de elasticidade, coeficiente de
Poisson e uma configuração das suas partículas, que conferem um caráter
de deformação frente aos carregamentos. Poderíamos, por exemplo, com-
parar o solo com uma piscina de bolinhas, conforme ilustrado na Figura
3.2. Costumamos dizer que o solo é um material trifásico, composto pelas
fases sólida, gasosa e líquida. A fase sólida é representada pelas partícu-
las, que, ao se acomodarem, deixam vazios que podem ser preenchidos
por oxigênio (fase gasosa) e água (fase líquida). Essa analogia do solo é
perfeitamente ilustrada na Figura 3.2. As partículas sólidas representam as
bolinhas – quando uma criança dá um salto, elas acabam se reacomodando
e gerando deformações.
Claro que este é um exemplo cheio de simplificações para explicar os
diferentes mecanismos de deformações. No entanto, os vazios do material
são um fator extremamente importante no desenvolvimento das deforma-

– 36 –
Deformação

ções. Uma barra de aço, por exemplo, tem um menor número de vazios do
que um solo. Nesse caso, também há deformações quando impomos um
carregamento, contudo, dificilmente observam-se as deformações a olho nu.
Figura 3.2 – Piscina de bolinhas

Fonte: Shutterstock.com/Kostenko Maxim

Em resumo, quando uma força é aplicada a um corpo, este tende a


mudar de forma e tamanho. Essas mudanças são chamadas de deformações.
Há diversos outros exemplos que podemos mencionar. Fissuras em paredes
são um exemplo de deformações, e os elementos estruturais de uma edifi-
cação sofrem leves deformações quando há apenas pessoas caminhando, ou
podem sofrer deformações quando são mal dimensionadas, o que pode cau-
sar sua ruína. Também podem ocorrer deformações quando há mudanças
de temperatura – um exemplo clássico são os portões metálicos que ficam
expostos às condições atmosféricas. Quando estes recebem a incidência dos
raios solares, tendem a expandir o seu tamanho, e fica mais difícil fechar
o portão. As deformações nem sempre serão uniformes: em um mesmo
corpo, uma parte pode se alongar e outra se comprimir. Essa é uma carac-
terística clássica dos corpos sujeitos a flexão; entretanto, este é um assunto
que veremos nos próximos capítulos. De qualquer forma, deformações irão
ocorrer, e é preciso definir níveis seguros de deformação para que os mate-
riais cumpram sua função com a maior eficiência e segurança possível. A
famosa Torre de Pisa é um exemplo de deformações consideráveis que não

– 37 –
Resistência dos Materiais

causaram ruptura, mas atrapalharam a utilização da edificação. Imagine um


edifício com a inclinação dessa torre, como ficaria o percurso da água até
os ralos do banheiro? Se a inclinação fosse para o lado contrário, teríamos
um grande problema, e esse é só um exemplo de diversos problemas que
poderiam ser causados pelas deformações excessivas.
Figura 3.3 – Tira de borracha sob efeito da
deformação
A contração ou o alon-
gamento de um segmento
de reta por unidade de com-
primento pode ser definido
como deformação normal. A
Figura 3.3 ilustra uma borra-
cha sofrendo uma deforma-
ção normal. A deformação
pode ser positiva se causar
alongamento do corpo anali-
sado, e negativa se ocasionar
encurtamento do material.
Fonte: Shutterstock.com/bartu

Para definir um conceito de deformação normal é necessário analisar


a Figura 3.4. Inicialmente, consideraremos a reta AB. Essa reta possui um
comprimento ∆ s e está situada no eixo n , conforme a Figura 3.4 (a). Pos-
teriormente ao desenvolvimento de uma deformação, os pontos A e B são
movidos para os pontos A’ e B’, conforme ilustrado na Figura 3.4 (b). A
reta com o comprimento ∆ s passa a ter um comprimento ∆ s ' , a diferença
entre ∆ s e ∆ s′ nos fornece o comprimento da reta. Dessa forma, podemos
definir a deformação normal média conforme a Equação (1):

∆ s′ − ∆ s
ε= (1)
∆s

Desse modo, os valores da deformação positiva indicam um alonga-


mento do corpo, enquanto valores negativos indicam um encurtamento do
corpo analisado.

– 38 –
Deformação

O valor da deformação é adimensional pelo fato de ser uma razão


entre dois comprimentos.
Figura 3.4 – Conceito de deformação normal

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

Ao passo que o ponto B se aproxima do ponto A, o comprimento de


reta fica cada vez menor, tendendo a zero. De forma análoga, o ponto b’ se
aproxima do ponto A e temos a reta ∆ s′ tendendo a zero. Dessa forma, a
deformação normal no ponto A na direção de n é representado pelo limite
descrito na Equação (2):
∆ s′ − ∆ s
ε= lim ( 2)
B → A ao longo de n ∆s

Considerando a Figura 3.5 (a), temos os pontos A e C situados ao


longo do eixo n , e os pontos A e B situados ao longo do eixo t . A mudança
que ocorre no ângulo entre o eixo t e o eixo n é denominada deformação
por cisalhamento. Após as deformações os eixos, t e n deixam de ser
retas e transformam-se em curvas, como ilustrado na Figura 3.5 (b).

– 39 –
Resistência dos Materiais

Figura 3.5 – Conceito de deformação por cisalhamento

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

Dessa forma, podemos definir a deformação no ponto A em função


dos eixos t e n por meio do limite desenvolvido na Equação (3):
π
γ nt = − lim θ′ ( 3)
2 B → A ao longo de n e C → A ao longo de t

O ângulo representado pela letra gama é definido em radianos. Se


o valor obtido por θ ′ for menor do que π , então a deformação por
2
cisalhamento será positiva. No entanto, se o valor de θ ′ for maior do
que π , a deformação por cisalhamento será negativa.
2
No capítulo 2 foram demonstrados os conceitos a respeito das ten-
sões. Até o momento, neste capítulo, estamos vendo os conceitos relati-
vos às deformações. No entanto, esses dois valores podem ser utilizados
em conjunto, o que chamamos de diagrama tensão-deformação. Em um
ensaio de tração ou compressão, sabendo qual é a força aplicada e a área

– 40 –
Deformação

do corpo de prova, é possível calcular a tensão atuante no material. É


possível realizar também a instalação de extensômetros no corpo de prova
para medir as deformações. A deformação utilizada na Engenharia é a
deformação nominal, medida diretamente a partir do extensômetro. Essa
medida é determinada pela variação do comprimento (δ ) em referência
ao comprimento original ( L0 ) . . Dessa forma, podemos definir a deforma-
ção pelos extensômetros pela Equação (4):
δ
ε= ( 4)
L0

Os valores medidos pela tensão, correspondentes a uma deformação,


são plotados em um gráfico, no qual a ordenada é representada pelas ten-
sões e a abcissa é representada pelas deformações. Para o estudo do grá-
fico tensão-deformação, utilizaremos como exemplo o comportamento do
aço, ilustrado na Figura 3.6.
Figura 3.6 – Diagrama tensão-deformação do aço

Diagrama tensão-deformação convencional e real para material dúctil (aço) (sem escala)
Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 41 –
Resistência dos Materiais

Por meio da Figura 3.6 podemos notar quatro regiões de interesse que
demonstram o comportamento do material: região elástica, escoamento,
endurecimento por deformação e estricção.
A região elástica (Figura 3.6) tem comportamento elástico, ou seja, há
uma proporcionalidade entre tensão e deformação. Dessa forma, nessa região
não temos uma curva, e sim uma reta que vai até a tensão limite de proporcio-
nalidade. Nesse trecho, devido à proporcionalidade entre tensão e deforma-
ção, é possível aplicar a lei de Hooke, que está representada na Equação (5):

σ = Eε ( 5)
Nela, σ é a tensão aplicada, ε é a deformação e E é o módulo de
elasticidade que corresponde à rigidez do material. O limite superior para
essa linearidade entre tensão e deformação é a tensão limite de proporcio-
nalidade. Se a tensão ultrapassar essa tensão, o material ainda se compor-
tará de forma elástica, no entanto, a reta tende a se curvar e achatar. Uma
característica dos materiais que atuam em níveis de tensões e deforma-
ções compatíveis com a região elástica é que, ao cessar o carregamento
imposto, o material voltará ao seu formato original, não havendo nenhum
ganho permanente de deformação.
A segunda região é denominada de resistência ao escoamento, con-
forme ilustrado na Figura 3.6. Nesse período, o material deixa de ter com-
portamento elástico e passa a ter comportamento plástico. Ao cessar o
carregamento, ocorrerá uma deformação irrecuperável do corpo de prova,
resultando em uma deformação irreversível, característica pertinente à
região de comportamento plástico. Nessa região, ocorre uma deformação
acentuada sem que ocorra um aumento da tensão aplicada. A Figura 3.6
não está em escala, no entanto, Hibbeler (2010) afirma que as deforma-
ções induzidas nesta região são de 10 a 40 vezes maiores que as produzi-
das até o limite de elasticidade. A elevação da tensão nesta fase da defor-
mação plástica pode causar o fenômeno do encruamento, que é o aumento
da dureza do material. Sobre este fenômeno, recomenda-se ao aluno a
pesquisa nas bibliografias indicadas nesta disciplina.
A terceira região ilustrada na Figura 3.6 é a de endurecimento por
deformação. Quando terminam as deformações por cisalhamento, é possí-

– 42 –
Deformação

vel adicionar novos níveis de tensão. O crescimento da curva nessa região


tem como característica um formato achatado. Nessa região é alcançada a
tensão máxima, a qual é denominada de limite de resistência.
A quarta região analisada é a região de estricção, conforme demons-
trado na Figura 3.6. Após alcançar o limite de resistência, o corpo de prova
passa a reduzir sua seção transversal em uma região localizada, não em
todo o seu comprimento. O corpo de prova passa a alongar, causando
uma estricção no ponto em que está ocorrendo o alongamento acentuado.
Como a área está diminuindo, a tensão absorvida pelo material é con-
sequentemente decrescente, o que explica a forma descendente da curva
nesta região. Dessa forma, o material alcança a tensão de ruptura.
O material demonstrado na Figura 3.6 possui comportamento dúctil,
pois sofre grandes deformações antes de ocorrer a sua ruptura. O uso
de materiais com esse comportamento é interessante para a Engenharia
Civil. Como esses materiais se alongam muito antes de ocorrer a ruptura,
é possível retirar as pessoas que estejam dentro da edificação, evitando a
perda de vidas humanas. O escoamento desses materiais é característico
devido aos estalos ouvidos pelos morados nas edificações com materiais
com essa característica.
Sendo assim, podemos definir a porcentagem de alongamento e de
redução de área do material ilustrado no ensaio da Figura 3.6. A porcen-
tagem de alongamento pode ser definida pelo comprimento original do
material ( L0 ) com o comprimento do material na ruptura ( Lrup ) . Dessa
maneira, temos a porcentagem de alongamento definida na Equação (6).
Lrup − L0
Porcentagem de alongamento = (100% ) ( 6)
L0

A porcentagem de redução de área pode ser definida pela área inicial


( A0 ) ) em conjunto com a área na ruptura ( Arup ) ). A Equação 7 ilustra
esta área:
Arup − A0
Porcentagem de redução de área = (100% ) (7)
A0

– 43 –
Resistência dos Materiais

Figura 3.7 – Diagrama tensão-deformação A Figura 3.7 apresenta as


demonstrando comportamento dúctil e frágil diferenças de comportamento
entre um material dúctil e um
material frágil. Repare que o
material frágil rompe antes
de atingir a tensão de escoa-
mento. Esse tipo de material
apresenta pouca ou nenhuma
deformação até o momento da
ruptura, enquanto os materiais
dúcteis deformam considera-
velmente. Assim, um material
frágil se rompe na fase elástica
sem sofrer nenhuma deforma-
Fonte: Callister (2005). ção elástica.

3.1 Exemplo numérico 1


A barra rígida é sustentada por um pino em A e pelos cabos BD e
CE, conforme demonstrado na Figura 3.8. Se a carga aplicada P aplicada
à viga provocar um deslocamento de 10 mm para baixo na extremidade C,
determine a deformação normal desenvolvida nos cabos CE e BD.
Figura 3.8 – Problema referente ao exemplo numérico 1

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 44 –
Deformação

Ao aplicarem o carregamento P, os cabos BD e CE deformarão


para baixo. A deformação do cabo BD será chamada de ∆LBD , e a do
cabo CE será chamada de ∆LCE , que estão ilustrados na Figura 3.9. O
enunciado fala que a viga se deslocou 10 mm em C, logo, podemos
inferir que ∆LCE =10mm .
Figura 3.9 – Esquema utilizado na resolução do problema numérico 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Para encontrar o valor correspondente a ∆LBD , podemos realizar a


semelhança de triângulos descrita a seguir:
∆LBD ∆LCE
=
3,0 7,0

∆LBD 10,0
=
3,0 7,0

4, 28 mm
∆LBD =

De posse desses dois valores, conseguimos calcular as deformações nos


dois cabos. Inicialmente, vamos calcular a deformação no cabo CE. O com-
primento do cabo CE foi convertido para mm, conforme ilustrado a seguir:
∆LBD
ε BD =
LBD

4, 28
ε BD =
4000,0

– 45 –
Resistência dos Materiais

mm
ε BD = 0,00107
mm

A seguir, será demonstrado o cálculo da deformação para o cabo BD,


cujo comprimento também foi convertido para mm:

∆LCE
ε CE =
LCE

10,0
ε CE =
4000,0

mm
ε CE = 0,0025
mm

Quando calculadas as duas deformações, o exercício está finalizado.

3.2 Exemplo numérico 2


Figura 3.10 – Problema referente ao exemplo
numérico 2

A viga rígida é sus-


tentada por um pino em
A e pelos cabos BD e CE,
conforme demonstrado
na Figura 3.10. Se a carga
P aplicada à viga for des-
locada 10 mm para baixo,
determine a deformação
normal desenvolvida nos
cabos CE e BD.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 46 –
Deformação

Ao aplicarem o carregamento P, os cabos BD e CE deformarão para


baixo. A deformação cabo BD será chamada de ∆LBD , e a do cabo CE será
chamada de ∆LCE , que estão ilustradas na Figura 3.11. No entanto, há um
deslocamento da barra na extremidade no ponto de aplicação da carga P,
que, de acordo com o enunciado, é de 10 mm.
Figura 3.11 – Esquema utilizado na resolução do problema numérico 2

Fonte: elaborada pelo autor.

Para encontrar os valores correspondentes a ∆LBD e ∆LCE , podemos


realizar a semelhança de triângulos descrita a seguir. Primeiramente, cal-
cularemos o valor da deformação do cabo CE:
∆ ∆L
= CE
7,0 5,0

10,0 ∆LCE
=
7,0 5,0

7,14 mm
∆LCE =

Em seguida, calcularemos a deformação no cabo BD:


∆ ∆L
= BD
7,0 3,0

10,0 ∆LBD
=
7,0 3,0

4, 28 mm
∆LCE =

– 47 –
Resistência dos Materiais

De posse desses dois valores, conseguimos calcular as deformações


nos dois cabos. Inicialmente, vamos calcular a deformação no cabo CE.
O comprimento do cabo CE foi convertido para mm, conforme ilustrado
a seguir:

∆LCE
ε CE =
LCE

4, 28
ε CE =
4000,0

mm
ε CE = 0,00107
mm

A seguir, será demonstrado o cálculo da deformação para o cabo BD.


O comprimento do cabo BD também foi convertido para mm:

∆LBD
ε BD =
LBD

7,14
ε BD =
3000,0

mm
ε BD = 0,00238
mm

Calculadas as duas deformações, o exercício está finalizado.

Atividades
1. Os dois cabos estão interligados em A, conforme mostra a figura
a seguir. Se a força P provocar um deslocamento máximo de 2
mm no ponto em A, determine a deformação normal desenvol-
vida em cada cabo.

– 48 –
Deformação

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

2. Parte da ligação de controle para um avião consiste em um ele-


mento rígido CBD e um cabo flexível AB, conforme ilustrado a
seguir. Se uma força for aplicada à extremidade D do elemento e
provocar uma rotação de = θ 0,3° , determine a deformação nor-
mal no cabo. Em sua posição original, o cabo não está esticado.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 49 –
Resistência dos Materiais

3. O cabo AB não está esticado quando o ângulo teta é igual a 45°,


conforme ilustrado na figura a seguir. Se uma carga vertical for
aplicada à barra AC e provocar a mudança do ângulo teta para
47°, determine a deformação no cabo.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

4. Considere a Figura 3.10 para a resolução deste problema. Se a


deformação máxima admitida em cada cabo é de 0,002 mm/mm,
determine o deslocamento máximo vertical da carga P.

– 50 –
4
Propriedades
geométricas da
seção transversal

Neste capítulo, estudaremos duas propriedades geométricas


da seção transversal: centro de gravidade e momento de inércia.
Primeiramente, vamos conceituar e fornecer exemplos a
respeito do centro de gravidade. Fica mais fácil visualizar o con-
ceito de centro de gravidade com o exemplo do pássaro equili-
brista, ilustrado na Figura 4.1.
Para brincar com esse pássaro, basta colocar o seu bico no
suporte que o acompanha. É possível dar leves toques no pás-
saro e realizar rotações sem que ele caia do suporte. A razão
para que o pássaro não caia é baseada em princípios físicos. O
pássaro fica em equilíbrio em virtude do contrapeso que existe
em suas asas, deslocando o centro de massa do pássaro para o
bico. O centro de massa é o ponto médio de toda a massa que
constitui o pássaro equilibrista, dessa forma, é possível deixá-lo
estável sem que ele caia.
Resistência dos Materiais

Qualquer força aplicada fora do centro de gravidade causará uma ten-


dência de giro e a perda de equilíbrio do pássaro.
Conhecer o centro de gravidade
Figura 4.1 – O pássaro equilibrista do pássaro equilibrista é algo mais
complexo do que conhecer o centro
de gravidade de figuras geométricas
bidimensionais, como as ilustradas
na Figura 4.2. Para obter o centro
de gravidade de um retângulo, basta
localizar o ponto médio de cada aresta
e convergir todos esses pontos para o
centro. Na circunferência, o procedi-
mento é semelhante. Esse ponto do
centro de gravidade é equivalente ao
nariz do pássaro equilibrista, ou seja,
poderíamos apoiar essas figuras na
Fonte: Shutterstock.com/vitec base do pássaro equilibrista que elas
se manteriam estáveis.
Vale lembrar que o centro de gravidade de uma peça pode ser loca-
lizado parcial ou completamente se houver uma condição de simetria. O
centro de gravidade passará no eixo de simetria da peça.
Figura 4.2 – Centro de gravidade de um retângulo e uma circunferência

Fonte: elaborada pelo autor.

– 52 –
Propriedades geométricas da seção transversal

É muito comum nos depararmos com corpos compostos, ou seja,


formados por diversas figuras geométricas. Para resolver tais proble-
mas, é possível seccionar ou dividir suas partes componentes, trans-
formando o corpo em vários retângulos, triângulos e circunferências.
A divisão é realizada porque, ao conhecer o centro de gravidade das
diversas peças, podemos calcular o centro de gravidade do corpo inteiro
com base nessas seções.
Figura 4.3 – Posicionamento dos eixos auxiliares V e U

Fonte: elaborada pelo autor.

Para realizar o cálculo do centro de gravidade, inicialmente posi-


cionaremos eixos auxiliares no canto inferior esquerdo. A Figura 4.3
ilustra um corpo genérico e a posição dos eixos auxiliares v (eixo das
ordenadas) e u (eixo das abcissas). Dessa forma, o centro de gravidade,
posicionado em relação aos eixos auxiliares v e u, terá coordenadas v
conforme a Equação 1:

∑ v 'A
v= (1)
∑A

Em que a coordenada do centro de gravidade v é, em função do


somatório da distância dos centros de gravidade das peças conhecidas
( v ' ), multiplicado pela sua área ( A ).

– 53 –
Resistência dos Materiais

A posição do centro de gravidade em relação ao eixo u é demons-


trada na Equação 2:

∑ u 'A
u= ( 2)
∑A

Em que a coordenada do centro de gravidade u é, em razão do soma-


tório da distância dos centros de gravidade das peças conhecidas ( u ' ),
multiplicado pela sua área ( A ).
Em resumo, para o cálculo do centro de gravidade de peças compos-
tas, recomenda-se seguir os seguintes passos:
1. posicionar os eixos auxiliares u e v no canto inferior esquerdo
da peça;
2. localizar algum eixo de simetria;
3. seccionar a peça em figuras conhecidas;
4. localizar o centro de gravidade dessas peças;
5. encontrar as medidas u ' e v ' de cada umas das figuras
conhecidas;
6. calcular a área das peças conhecidas;
7. aplicar as equações (1) e (2);
8. posicionar os eixos do centro de gravidade z e y (z apontado para
a esquerda e y apontado para baixo).
Há diversos termos que se associam ao centro de gravidade. Um
deles é o conceito de centro de massa, uma propriedade que não depende
da ação gravitacional, portanto, é uma propriedade intrínseca ao material.
O centro de gravidade coincide com o centro de massa quando o campo
gravitacional é homogêneo. Nos casos de Engenharia, essa condição está
presente majoritariamente, dessa forma, confundem-se os conceitos, que
são tidos como sinônimos. Outro termo comum a ser utilizado é o de cen-
troide, que se refere à distribuição de volumes, enquanto o centro de gra-
vidade refere-se a uma distribuição de massas. Para maior detalhamento

– 54 –
Propriedades geométricas da seção transversal

dessas nomenclaturas, recomenda-se a leitura da bibliografia recomen-


dada para esta disciplina.
Exemplo numérico 1
Calcule o momento de inércia da Figura 4.4. As medidas estão em
centímetros.
O primeiro passo consiste no posicionamento dos eixos auxiliares v
e u no canto inferior esquerdo da peça. A Figura 4.5 ilustra o posiciona-
mento desses eixos.
Figura 4.4 – Figura utilizada no Figura 4.5 – Posicionamento dos eixos
exemplo numérico 1 auxiliares V e U

Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor.

O segundo passo consiste na constatação de algum eixo de simetria.


Na Figura 4.6, é possível visualizar que a peça possui um eixo de simetria.
Sendo assim, sabemos que o centro de gravidade passa pelo eixo de sime-
tria. A distância até o centro de gravidade no eixo u é 4 cm, ou seja, temos
a medida u = 4,0 cm .

– 55 –
Resistência dos Materiais

Figura 4.6 – Eixo de simetria Figura 4.7 – Localização dos centros de


gravidade das peças

Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor.

O passo 3 consiste na divisão Iniciaremos os cálculos para


da figura em formas geométricas o retângulo 1. Conforme demons-
conhecidas. É possível obter dois trado na Figura 4.8, a distância
retângulos, os quais chamaremos de do centro de gravidade do retân-
retângulo 1 e retângulo 2 e estão ilus- gulo 1 é v ' = 11,5 cm (passo 5). O
trados na Figura 4.7. Ainda, é possí- retângulo 1 possui base de 8,0 cm
vel realizar o passo 4, quando são e altura de 3,0 cm, sendo assim,
obtidos os centros de gravidade de ele possui uma área de 24,0 cm²
cada um desses retângulos, que tam- (passo 6).
bém estão ilustrados na Figura 4.7.
Finalizadas as etapas do retângulo 1, iniciaremos os cálculos para o
retângulo 2. Conforme demonstrado na Figura 4.9, a distância do centro
de gravidade do retângulo 2 é v ' = 5,0 cm (passo 5). O retângulo 2 possui
base de 2,0 cm e altura de 10,0 cm, sendo assim, ele possui uma área de
20,0 cm² (passo 6).

– 56 –
Propriedades geométricas da seção transversal

Figura 4.8 – Distância v' do retângulo 1 Figura 4.9 – Distância v' do retângulo 2

Fonte: elaborada pelo autor.


Fonte: elaborada pelo autor.

Com esses dados, é possível aplicar o passo 7. O valor do centro


de gravidade no eixo u já foi definido a partir do eixo de simetria, dessa
forma, encontraremos a posição do centro de gravidade no eixo v:

∑ v 'A
v=
∑A

v=
(11,5 . 24,0 ) + ( 5,0 . 20,0 )
( 24,0 + 20,0 )

v=
( 276,0 ) + (100,0 )
( 44,0 )
– 57 –
Resistência dos Materiais

376,0
v=
44,0

v = 8,55 cm

Finalizados os cálculos, temos as coordenadas do centro de gravi-


dade: u = 4,0 cm e v = 8,55 cm . Ao plotar essas coordenadas em relação
aos eixos u e v, é possível visualizar o centro de gravidade ilustrado na
Figura 4.10.
Figura 4.10 – Centro de gravidade posicionado

Fonte: elaborada pelo autor.

A próxima propriedade geométrica a ser demonstrada é o momento


de inércia. Para calcular o momento de inércia, é necessário obter o cen-
tro de gravidade, ou seja, se o cálculo do CG estiver errado, o cálculo do
momento de inércia carregará esse erro. É muito importante precisão e
atenção no cálculo do centro de gravidade para não carregar erros oriun-
dos de cálculos malfeitos.

– 58 –
Propriedades geométricas da seção transversal

O momento de inércia é uma propriedade física que representa uma


resistência ao giro da peça, quanto maior o momento de inércia, maior
a resistência ao giro da peça. O cálculo do momento de inércia é muito
importante no cálculo de deflexão de vigas. A unidade do momento de
inércia é a medida de comprimento utilizada elevada à potência quarta.
O momento de inércia de figuras geométricas conhecidas é ilustrado
na Figura 4.11.
Figura 4.11 – Momento de inércia de figuras conhecidas

Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Fouad A. Saa

Para áreas compostas, é necessário dividir a peça em figuras geomé-


tricas e realizar o somatório de cada uma das parcelas, conforme a Equa-
ção 3, que apresenta o cálculo do momento de inércia em z:
I Z =∑ Iz '+ Ad y ² (3

Com base na Equação 4, o momento de inércia é o somatório dos


momentos de inércia da figura geométrica (Iz’), obtido conforme a Figura
4.11, somando com a área da peça multiplicada pelo quadrado do trans-
porte do eixo da peça, considerada em relação ao centro de gravidade.
Para áreas compostas, o momento de inércia em y é demonstrado
na Equação 5:
Iy =∑ Iy ' + Ad z2 ( 4)

– 59 –
Resistência dos Materiais

Conforme a Equação 5, o momento de inércia é o somatório dos


momentos de inércia da figura geométrica (Iy’), obtido conforme a Figura
4.11, somando com a área da peça multiplicada pelo quadrado do trans-
porte do eixo da peça, considerada em relação ao centro de gravidade.
π D4
=I
64
(D 4
−d4)

Para consolidação dos conceitos demonstrados aqui, recomenda-se


ao leitor o acompanhamento da literatura indicada na disciplina.
Para simplificar os conceitos demonstrados, faremos a resolução do
exemplo numérico 2.
Exemplo numérico 2
Calcular o momento Figura 4.12 – Parâmetros necessários para o
de inércia para a Figura 4.4. cálculo do momento de inércia
Medidas em centímetros.
Primeiramente, é neces-
sário calcular o centro de gra-
vidade da peça, no entanto,
esse procedimento já está
calculado e representado na
Figura 4.10.
Para proceder ao cálculo
do momento de inércia, é
necessário dividir a peça em
figuras geométricas conheci-
das. Consideraremos o racio-
cínio do exemplo numérico
1, em que a peça foi dividida
em dois retângulos. Fonte: elaborada pelo autor.

A Figura 4.12 ilustra a posição do centro de gravidade da peça e a


posição do centro de gravidade dos retângulos 1 e 2.

O momento de inércia do retângulo é demonstrado na bh3


I=
Figura 4.11, então temos que: 12

– 60 –
Propriedades geométricas da seção transversal

Iniciaremos o cálculo do momento de inércia em z. Conforme a


Equação 4, temos que:

 bh3   bh3 
Iz =  + ( Ady ² )  +  + ( Ady ² )  
 12   12 

A primeira parcela da equação corresponde ao retângulo 1 e a outra


parcela ao retângulo 2. Para obtermos as medidas necessárias para o cál-
culo da inércia da peça, consideraremos as medidas em relação ao eixo
y. A Tabela 4.1 apresenta os parâmetros para o cálculo do momento de
inércia dos retângulos.
Tabela 4.1 – Parâmetros necessários para o cálculo do momento de inércia

Base Altura Área


Retângulo 1 8,0 cm 3,0 cm 24,0 cm²
Retângulo 2 2,0 cm 10,0 cm 20,0 cm²
Fonte: elaborada pelo autor.

O transporte do eixo em y é correspondente à distância em y do cen-


tro de gravidade da peça em relação ao centro de gravidade do sistema,
dessa forma, temos os parâmetros de cálculo na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Cálculo do transporte em y (dy)

V CG – Sistema V Peça dy
Retângulo 1 8,55 cm 11,50 cm 2,95 cm
Retângulo 2 8,55 cm 5,00 cm 3,55 cm
Fonte: elaborada pelo autor.

Com base nos dados das Tabelas 4.1 e 4.2, é possível realizar o cál-
culo a seguir:

 8,0.3,03   2,0.10,03 
Iz =  + ( ( 24,0 ) .(2,95² )  +  + ( ( 20,0 ) .(3,55² )  
 12   12 

(166,66 + 252,05 ) + (18 + 208,86 ) 


Iz =

– 61 –
Resistência dos Materiais

Iz = 645,57 cm 4

Para o cálculo do momento em inércia em y, conforme a Equação 5:

 bh3   bh3 
Iy =  + ( Adz ² )  +  + ( Adz ² )  
 12   12 

A primeira parcela da equação corresponde ao retângulo 1 e a outra


parcela ao retângulo 2. Para obtermos as medidas necessárias para o cál-
culo da inércia da peça, consideraremos as medidas em relação ao eixo
z. A Tabela 4.3 apresenta os parâmetros para o cálculo do momento de
inércia dos retângulos.
Tabela 4.3 – Parâmetros necessários para o cálculo do momento de inércia

Base Altura Área


Retângulo 1 3,0 cm 8,0 cm 24,0 cm²
Retângulo 2 10,0 cm 2,0 cm 20,0 cm²
Fonte: elaborada pelo autor.

Na Figura 4.12, é possível observar que no eixo z não há distância


dos centros de gravidade dos retângulos em relação ao centro de gravi-
dade do sistema, todos estão alinhados ao eixo y. Dessa forma, o valor do
transporte dos eixos em z (dz) é igual a zero. Assim, é possível calcular o
momento de inércia em y:

 3,0.8,03   10,0.2,03 
Iy =  + ( ( 24,0 ) . ( 0,0 ) ² )  +  + ( ( 20,0 )( 0,0 ) ² )  
 12   12 

(134,66 ) + ( 6,66 ) 
Iy =

Iy = 34,66 cm 4

Com base nos valores calculados, é possível observar que a peça pos-
sui maior resistência ao giro em torno do eixo z em relação a y.

– 62 –
Propriedades geométricas da seção transversal

Atividades
1. Para as seções ilustradas a seguir, determine as coordenadas u
e v do centro de gravidade e os momentos de inércia I y e I z .
Obs.: todas as dimensões estão dadas em centímetros.

a) c)
20 20 60

4
16

z CG
6 y
z CG 64
v
v 2
y u
2
Fonte: elaborada pelo autor.
u

2 2 4 2 d)
Fonte: elaborada pelo autor.
1

4
b)
20 10 10 20 1
z CG
4

1
30 y
v 4
CG 10
z
1
u
v y
30
2,5 1 2,5 1 2,5
u
Fonte: elaborada pelo autor.
Fonte: elaborada pelo autor.

– 63 –
5
Flexão pura

Para explicar o conceito de flexão, utilizaremos o exemplo


ilustrado na Figura 5.1. Inicialmente é possível visualizar um gan-
cho segurado por uma corda a uma barra. É aplicado um carrega-
mento na extremidade da corda, deixando-a sujeita a um esforço
de tração. Esse esforço de tração faz com que a barra passe a
sofrer uma deformação para baixo. Devido a essa deformação, as
fibras superiores da barra passam a se tracionar, de outra forma,
as fibras inferiores da barra passam a estar comprimidas.
Resistência dos Materiais

Figura 5.1 – Exemplo para definição de flexão

Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/sljubisa

Dessa forma, a seção transversal da barra está sujeita a duas tensões,


uma de tração e uma de compressão, sujeita assim a um esforço de flexão.
O esforço de flexão ocorre quando há uma deformação perpendicular ao
eixo do corpo analisado, paralelo ao carregamento atuante. Diversos ele-
mentos estruturais dentro da Engenharia Civil estão sujeitos aos esforços
de flexão (p. ex.: vigas, pilares, lajes, sapatas, blocos). Nas construções
que utilizam o concreto como material de construção é necessário adicio-
nar o aço para combater esses esforços de tração, visto que o concreto não
tem resistência adequada contra esses tipos de esforços.

– 66 –
Flexão pura

Para analisar as deformações que ocorrem na flexão, será utilizada


a Figura 5.2 como exemplo, na qual é utilizado um material homogêneo,
reto, submetido à flexão. Inicialmente, considere uma barra não defor-
mada conforme a Figura 5.2 (a), e repare nas linhas longitudinais e trans-
versais que formam quadrados.
Figura 5.2 – Deformação na flexão

Fonte: Atlan Coelho.

Ao aplicar um momento fletor (Figura 5.2 (b)), ocorre a deformação da


barra e a consequente distorção desses quadrados. É possível observar que as
linhas longitudinais passam a ser curvas e as linhas transversais permanecem
retas, entretanto, elas sofrem rotação. Dessa forma, é possível observar um

– 67 –
Resistência dos Materiais

alongamento das fibras inferiores, ocasionado por tensões de tração e uma


compressão das fibras superiores devido a tensões de compressão. Como a
seção transversal está sujeita a duas tensões diferentes, é possível imaginar
um ponto de transição em que a peça não está sendo nem tracionada e nem
comprimida. Esta posição, na qual a tensão é nula é chamada de linha neutra.
Tendo como base os conceitos expostos no parágrafo anterior, é pos-
sível definir três formulações de como a tensão deforma o material. O
objeto de estudo deste capítulo é o de flexão pura e na flexão pura há ape-
nas a atuação do carregamento de momento fletor. Nesse tipo de flexão são
desconsiderados outros tipos de carregamento, como de tensão normal e
cisalhante. Segundo o primeiro conceito, o eixo x (Figura 5.3 (a)), situado
no centro de gravidade da peça, não sofre nenhuma mudança de compri-
mento. O momento aplicado tenderá a deformar a barra, fazendo com que
o eixo x se torne curvo (Figura 5.3 (b)).
Figura 5.3 – Conceito de linha neutra

Fonte: Atlan Coelho.

– 68 –
Flexão pura

O segundo conceito é que não há uma distorção da seção transversal,


elas permanecem retas e perpendiculares em relação ao eixo longitudinal.
O terceiro conceito trata do eixo z, que, contido no centro de gravidade
da peça, é o eixo no qual a peça gira. Assim, dizemos que esse é o eixo
neutro, ponto pelo qual passa a linha neutra.
A fórmula da flexão pura é desenvolvida a partir de um momento
fletor interno, que age na seção transversal da viga. Considerando um
momento fletor atuante no eixo z, a distribuição das tensões na seção
transversal é obtida a partir da Equação (1):

Mz
σ= ± y (1)
Iz

Figura 5.4 – Seção transversal


retangular
Em que M z é o momento fletor
atuante no eixo Z, no qual o seu valor
é inserido na fórmula em módulo (o
sinal da fórmula depende da direção do
momento). I z é o momento de inércia
em relação ao eixo z e y é a distância per-
pendicular do ponto analisado em rela-
ção ao momento em z. O sinal da equa-
ção será positivo se o momento aplicado
em z tracionar a parte positiva do eixo
y. Para explicar o sinal da equação, con-
sidere a seção transversal ilustrada na
Figura 5.4.
Fonte: elaborada pelo autor.

Na Figura 5.5 é aplicado um momento fletor positivo em relação ao


eixo z, o momento está aplicado no centro de gravidade da peça. Para essa
configuração de momento, temos que o momento comprime a parte supe-
rior e traciona a parte inferior da seção transversal. Observe que a parte
positiva do eixo y é tracionada, sendo assim, para essa configuração de
momento, a Equação (1) leva o sinal positivo.

– 69 –
Resistência dos Materiais

Figura 5.5 – Momento tracionando a parte inferior da seção transversal

Fonte: elaborada pelo autor.

A distribuição das tensões na seção transversal, conforme carre-


gamento ilustrado na Figura 5.5, está ilustrado na Figura 5.6. Como já
demonstrado, a linha neutra nos casos de flexão neutra passa no centro de
gravidade e coincide com o eixo z. No ponto mais afastado do centro de
gravidade, na porção superior da seção transversal, temos a maior tensão
de compressão, ela vai aumentando linearmente a partir do centro de gra-
vidade. Do outro lado, na porção mais inferior, temos a maior tensão de
tração, que também cresce linearmente a partir da linha neutra.
Figura 5.6 – Diagrama de tensões

Fonte: elaborada pelo autor.

Na Figura 5.7 é aplicado um momento fletor negativo em relação ao


eixo z, e o momento está aplicado no centro de gravidade da peça. Para
esta configuração de momento, temos que este momento traciona a parte

– 70 –
Flexão pura

superior e comprime a parte inferior da seção transversal. Observe que a


parte positiva do eixo y é comprimida, sendo assim, para esta configura-
ção de momento a Equação (1) leva o sinal negativo.
Figura 5.7 – Momento tracionando a parte superior da seção transversal

Fonte: elaborada pelo autor.

A distribuição das tensões na seção transversal, conforme carregamento


ilustrado na Figura 5.7, está ilustrado na Figura 5.8. No ponto mais afastado
do centro de gravidade na porção superior da seção transversal, temos a
maior tensão de tração, ela vai aumentando linearmente a partir do centro de
gravidade. Do outro lado, na porção mais inferior, temos a maior tensão de
compressão, que também cresce linearmente a partir da linha neutra.
Figura 5.8 – Diagrama de tensões

Fonte: elaborada pelo autor.

De forma análoga às tensões, as deformações na linha neutra são


nulas e, à medida que se afastam do centro de gravidade, têm seu valor
acrescido tanto para deformações positivas (tração) quanto para deforma-
ções negativas (compressão).

– 71 –
Resistência dos Materiais

Figura 5.9 – Figura utilizada no exemplo


numérico 1

Exemplo numérico 1
Para a seção transversal ilus-
trada na Figura 5.9, confeccione
o diagrama de tensão normal e a
orientação da linha neutra. Sabe-
-se que o momento é aplicado no
centro de gravidade e as medidas
das figuras estão em centímetros.
Considere os seguintes momen-
tos:
a) Mz = 10 kN.m
b) Mz = -10 kN.m

Fonte: elaborada pelo autor.

O cálculo das propriedades geométricas foi realizado no exemplo


numérico 1 e 2 do capítulo anterior. A Tabela 5.1 apresenta as coordenadas
do centro de gravidade.
Tabela 5.1 – coordenadas do centro de gravidade

Coordenada Valor
v 8,55 cm
u 4,00 cm
Fonte: elaborada pelo autor.

– 72 –
Flexão pura

Os momentos de inércia, calculados tanto em z como em y, estão


apresentados na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 – momentos de inércia calculado

Eixo Momento de inércia


Z 645,57 cm4
Y 34,66 cm4
Fonte: elaborada pelo autor.

A Figura 5.10 apresenta o centro de gravidade posicionado na seção


transversal.
Figura 5.10 – Centro de gravidade posicionado

Fonte: elaborada pelo autor.

Inicialmente, posicionaremos o Mz com intensidade positiva de 10


kN.m. Por ser positivo, ele está orientado à direita, no sentido do sinal
positivo do eixo Z, conforme ilustrado na Figura 5.11.

– 73 –
Resistência dos Materiais

Figura 5.11 – Momento z posicionado e escolha dos pontos A e B

Fonte: elaborada pelo autor.

Para traçar o diagrama de tensões, é necessário calcular as ten-


sões máximas de tração e compressão para a seção transversal. Como o
momento é positivo, sabe-se que ele comprime a parte superior da seção
transversal e traciona a parte inferior. Dessa forma, determina-se dois pon-
tos, os mais distantes possíveis do centro de gravidade. Então, o ponto A
é o ponto com a maior tensão de compressão e o ponto B é o ponto com
maior tensão de tração, conforme ilustrados na Figura 5.11. As coordena-
das dos pontos em relação ao eixo y estão contidas na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – coordenada dos pontos A e B

Ponto Coordenada y
A -4,46 cm
B 8,55 cm
Fonte: elaborada pelo autor.

O ponto A está situado na parte negativa do eixo y, logo, tem sinal


negativo. Como o momento traciona a parte positiva do eixo y, nesta

– 74 –
Flexão pura

configuração de momento a Equação (1) assume o sinal positivo. Sendo


assim, o cálculo para a tensão no ponto A é:
Mz
σa = + ya
Iz

O momento em z é dado em kN.m. Temos as medidas de inércia e


coordenadas y em centímetros. Sendo assim, convertendo esse momento
para kN.cm, temos:

1000
σa =
+ ( −4, 46 )
645,57

σ a = −6,91 kN .cm

O valor da tensão em A é negativo, pois trata-se de uma tensão de


compressão. Para o ponto b, temos:
Figura 5.12 – Diagrama de tensões

Mz
σb = + yb
Iz

1000
σb = + (8,55)
645,57

σ b = 13, 24 kN .cm

Fonte: elaborada pelo autor.

Sinal positivo, pois trata-se de uma tensão de tração. Com base nes-
ses valores, é possível traçar o diagrama de tensões normais que está ilus-
trado na Figura 5.12.
Nesse momento, será realizado o cálculo do Mz com intensidade
negativa de -10 kN.m. Por ser negativo, ele está orientado à direita, no

– 75 –
Resistência dos Materiais

sentido contrário do sinal positivo do eixo Z. São mostrados ainda os pon-


tos A e B, obtidos conforme descrito acima. Estes itens podem ser vistos
na Figura 5.13.
Figura 5.13 – Posicionamento do momento z

Fonte: elaborada pelo autor.

Como os pontos não mudaram, continuam as coordenadas demons-


tradas na Tabela 5.1. Como o momento aplicado em z traciona a parte
negativa do eixo y, utilizaremos o sinal negativo na Equação (1), desta
forma, a tensão no ponto A pode ser definida como:
Mz
σa = − ya
Iz

O momento em z é dado em kN.m. Temos as medidas de inércia e


coordenadas y em centímetros, sendo assim, convertendo este momento
para kN.cm, temos:
1000
σa =
− ( −4, 46 )
645,57

– 76 –
Flexão pura

σ a = +6,91 kN .cm

O valor da tensão em A é positivo, pois trata-se de uma tensão de


tração. Para o ponto b, temos:
Mz
σb = − yb
Iz

1000
σb = − (8,55)
645,57

σ b = −13, 24 kN .cm

Sinal negativo, pois trata-se de uma tensão de compressão. Com base


nesses valores, é possível traçar o diagrama de tensões normais, que está
ilustrado na Figura 5.14.
Figura 5.14 – Diagrama de tensões

Fonte: elaborada pelo autor.

– 77 –
Resistência dos Materiais

Atividades
1. A haste de aço com diâmetro de 20 mm está sujeita a um
momento fletor. Determine a tensão criada nos pontos A e B e
trace o diagrama de tensão normal que age na seção.

Fonte: Atlan Coleho.

2. A viga é composta por três tábuas de madeira pregadas como


ilustra a figura. Se o momento fletor que age na seção transversal
for M= 1,5 kN.m, determine a tensão normal máxima na viga.
Trace também o diagrama de tensão normal que age na seção.

38 mm
m
0m
25
A
300 mm
25 mm
M
38 mm
B 150 mm

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010) com elementos


de Stock.adobe.com/viktorijareut

– 78 –
Flexão pura

3. Determine o momento M que deve ser aplicado à viga de modo a


criar uma tensão de compressão no ponto D σ D = 30 Mpa. Além
disso, trace um rascunho da distribuição de tensão que age na
seção transversal e calcule a tensão máxima desenvolvida na viga.

25 mm A
D
150 mm
M

25 mm B 25 mm
150 mm

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010) com elementos


de Stock.adobe.com/ Svitlana

4. A viga tem seção transversal mostrada na figura. Se for feita


de aço, com tensão admissível σ_adm= 170 Mpa, determine o
maior momento interno ao qual ela pode resistir se o momento
for aplicado (a) em torno do eixo z; (b) em torno do eixo y.

y
5 mm

A 60 mm

5 mm 60 mm
z 5 mm

B
60 m
60 m

m
m

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010)


com elementos de Stock.adobe.com/viktorijareut

– 79 –
6
Flexão composta

A flexão composta é a ação combinada de um momento fle-


tor com a força normal, tanto de tração quanto de compressão.
Quando o momento fletor intercepta a seção segundo um dos
eixos principais, temos o caso de flexão composta. Os momen-
tos fletores decorrentes são advindos de excentricidade em rela-
ção ao eixo do elemento. É bem comum, dentro da Engenharia,
nos depararmos com este tipo de esforço, e as ocorrências mais
usuais são: pilares de canto, ganchos, sapatas com cargas excên-
tricas e vigas protendidas.
Para ilustrar o esforço de flexão composta, usaremos o
exemplo ilustrado na Figura 6.1. Nela, observa-se a ilustração
de uma viga bi apoiada sob o efeito de três cargas pontuais, duas
verticais e uma horizontal.
Resistência dos Materiais

Figura 6.1 – Esquema isostático

Fonte: SPOHR (2012)

Os diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor estão


demonstrados. Se quiséssemos conhecer as tensões de flexão em qual-
quer ponto dessa viga, teríamos em toda sua extensão um momento posi-
tivo, tracionando as fibras inferiores e uma força normal de compressão
ao longo de toda sua extensão, como é possível visualizar nos diagra-
mas. Essa condição é necessária para uma flexão composta, pois temos
a atuação de um momento fletor e uma força normal em conjunto. Caso
a força horizontal fosse retirada, não teríamos o esforço de compres-
são e o diagrama de esforço normal seria nulo, sendo assim, estaríamos
diante de uma situação de flexão pura, em que ocorre apenas o esforço
do momento fletor na seção. O esforço cortante também está ocorrendo,
mas as tensões resultantes de esforços de cisalhamento serão tratadas em
capítulos posteriores.

– 82 –
Flexão composta

A fórmula da flexão composta, além da atuação do momento fle-


tor, leva em conta o efeito da força normal. Sendo assim, a Equação
(1) apresenta a fórmula da flexão composta para o momento aplicado
no eixo z:
Mz N
σ=
± y± (1)
Iz A

Em que: Mz é o momento fletor aplicado, Iz é o momento de inércia


da peça, y é a distância do ponto em relação ao centro de gravidade, N é a
força normal e A é a área da seção transversal.
O sinal da Equação (1) na parcela do momento será positivo se tra-
cionar a parte positiva do eixo y, e na parcela da força normal o sinal será
positivo se a força for de tração.
Figura 6.2 – Representação da força normal na seção transversal

Fonte: elaborada pelo autor.

A força normal pode ser tanto de tração quanto de compressão. É


necessário representar essa força na seção transversal, e a Figura 6.2
representa as duas possibilidades de representação. Para representarmos
uma força de compressão usaremos a simbologia ilustrada na Figura 6.2
(a), e para representarmos uma força de tração usaremos a simbologia
representada na Figura 6.2 (b).

– 83 –
Resistência dos Materiais

O cálculo da linha neutra nesse tipo de situação é paralelo ao momento


aplicado, no entanto, não passa pelo centro de gravidade. A linha neutra
representa o ponto no qual a tensão vale zero, sendo assim, é necessário
igualar a Equação (1) a zero e encontrar o valor y correspondente ao ponto
em que a tensão é nula. Dessa forma, temos na Equação (2) a representa-
ção da linha neutra para um momento aplicado em relação a z:

Mz N
0=
± y± ( 2)
Iz A

Exemplo numérico 1
Determine a posição da Sabe-se que a máxima tensão de tra-
força P ilustrada na Figura 6.3. ção é igual ao módulo da tensão de com-
Figura 6.3 – Figura utilizada no pressão máxima dividido por 4. O retân-
exemplo numérico 1 gulo utilizado na Figura 6.3 possui base
de 12 centímetros e altura de 30 cm.
Primeiramente, é necessário ajustar
a seção transversal – é feito o transporte
da força normal para o centro de gravi-
dade e, para compensar, um momento é
adicionado. Conforme demonstrado na
Figura 6.2, a força normal ilustrada na
Figura 6.3 é uma força normal de com-
pressão, sendo assim, é necessário colo-
car um momento que comprima a parte
superior da peça. O momento é uma força
multiplicada por uma distância, logo, o
momento em z é definido como:

M z = P.E

Dessa forma, o momento que com-


prime a parte superior é orientado para a
esquerda. A Figura 6.4 representa a seção
Fonte: elaborada pelo autor. transversal do nosso problema.

– 84 –
Flexão composta

Figura 6.4 – Seção transversal ajustada

Como temos um
momento fletor em conjunto
com uma força normal,
temos um caso típico de fle-
xão composta. Assim, pre-
cisamos definir os sinais da
Equação (1) para este caso.
Sabe-se que o momento
fletor (Mz) traciona a parte
positiva do eixo y, então o
primeiro sinal da equação
é positivo. A força normal
é de compressão, então a
fórmula da flexão para a
parcela da força normal será
negativa. A Equação (1)
para este exemplo assume
a forma representada na
Equação (3).

Fonte: elaborada pelo autor.

Mz N
σ=
+ y− ( 3)
Iz A

Calcularemos agora as propriedades geométricas da seção transver-


sal. Segue o cálculo do momento de inércia:
b.h ³ 12.30³
Iz
= = = 27000 cm 4
12 12

A próxima propriedade calculada será da área:


.h 12.30
a b=
= = 360 cm ²

– 85 –
Resistência dos Materiais

Os valores do momento, força normal, momento de inércia e área


serão substituídos na Equação (3), sendo assim, temos:
PE P
σ=
+ y− ( 4)
27000 360

Do enunciado, sabemos que:

σ compressão máxima
σ tração máxima =
4

Logo:

4.σ tração máxima = σ compressão máxima ( 5)


Com base na Figura 6.4, sabemos que a máxima tensão de compres-
são será obtida no bordo superior da peça com coordenada y igual a -15
cm. A tensão máxima de compressão será obtida no bordo inferior da peça
com y igual a 15 cm. Substituindo os dados de tensão obtidos da Equação
(4) na Equação (5), temos:

 PE P PE P
4 (15) − = ( −15) −
 27000 360  27000 360

Multiplicando os dois lados da equação por 1 , temos:


P
 PE P  1  PE P 1
4 (15) −  = ( −15) −  
 27000 360  P  27000 360  P 

 E 1 E 1
4 (15) − = ( −15) −
 27000 360  27000 360

Desenvolvendo a equação, temos:

 15.E 1  15.E 1
4 − = +
 27000 360  27000 360

– 86 –
Flexão composta

2, 22.10−3 E − 2,77.10−3 = 5,55.10−4 E + 2,77.10−3

1,66.10−3 E = 5,54.10−3

E = 3,37 cm

Dessa forma, para aten- Figura 6.5 – Figura utilizada


der às condições do exercício, no exemplo numérico 2

a força P deve estar com uma


excentricidade de 3,37 cm.
Exemplo numérico 2
Determine a máxima
tensão de tração e compres-
são e a orientação da LN
para o esquema ilustrado na
Figura 6.5. A força P possui
intensidade de 50 kN e está
aplicada onde passa o eixo
y do centro de gravidade. É
aplicado um momento Mz
= 10 kN.m. As medidas da
figura estão em centímetros.
Essa seção transver-
sal já teve os cálculos das
propriedades geométricas
demonstrados no Capítulo 4.
O cálculo do centro de gravi-
dade está ilustrado no exem-
plo numérico 1 e o momento
de inércia está resolvido no
exemplo numérico 2. Fonte: elaborada pelo autor.

O momento em Z é positivo, logo, está orientado para a esquerda, no


sentido positivo do eixo z. A força normal deve ser transportada para o cen-

– 87 –
Resistência dos Materiais

tro de gravidade. Essa força, conforme representação demonstrada na Figura


6.2, é de tração, sendo assim, um momento Mz’ que tracione a parte superior
da peça deve ser posicionado na seção transversal. Sabe-se que a coordenada
v do centro de gravidade é de 8,55 cm, sendo assim, o transporte da força P
até o centro de gravidade é 4,45. A intensidade do momento Mz’ é igual a:
Mz′ 50
= = . 4, 45 222,5 kN .cm

A representação da seção transversal com o transporte da força nor-


mal e o posicionamento dos momentos fletores é ilustrado na Figura 6.6.
Figura 6.6 – Seção transversal da situação descrita no exemplo numérico 2

Fonte: elaborada pelo autor.

O momento Mz’ calculado está em kN.cm, e o momento Mz relatado


no enunciado está em kN.m. Dessa forma, o momento Mz’ será convertido
em kN.m:

– 88 –
Flexão composta

1
Mz′ = 222,5 kN .cm = 2, 22 kN .m
100

Precisamos obter um momento resultante de z, pois dessa forma será


tirada a diferença dos momentos fletores. Sendo assim:

10 − 2, 22 =
Mz = 7,78 kN .m =7,78.102 kN .cm

Esse momento resultante, positivo, está orientado para a esquerda. A


seção transversal final está ilustrada na Figura 6.7, na qual também estão
representados dois pontos de interesse para o cálculo das tensões, o ponto
A com uma distância y igual -4,45 cm, e o ponto B com uma distância y
igual a 8,55 cm.
Figura 6.7 – Seção transversal final

Fonte: elaborada pelo autor.

– 89 –
Resistência dos Materiais

O sinal da fórmula de flexão deve ser definido para a configuração


da seção transversal ilustrada na Figura 6.7. O momento em z traciona
a parte positiva do eixo y, sendo assim, o sinal dessa parcela da equação
deve ser positivo. A força normal é de tração, consequentemente, o sinal
da fórmula para essa parcela é positivo. A fórmula da flexão para este caso
está demonstrada a seguir:

Mz N
σ=
+ y+
Iz A

Para o ponto A, temos o seguinte cálculo da tensão:

7,78.102 50
σ=
+ ( −4, 45) +
645,57 44

σ=
−5,36 + 1,13

σ = −4, 23 kN

Para o ponto B, temos:

7,78.102 50
σ=
+ (8,55) +
645,57 44

σ=
+10,30 + 1,13

σ = +11, 43 kN

Para calcular a linha neutra, é necessário igual a fórmula da flexão a


zero e encontrar o valor de y correspondente.

7,78.102 50
0=
+ y+
645,57 44

−1,13 =
1, 20 y

y = −0,94 cm

– 90 –
Flexão composta

Figura 6.8 – Diagrama de tensões com representação da linha neutra

Fonte: elaborada pelo autor.

Dessa forma, temos que a Figura 6.9 – Figura utilizada no


tensão no ponto A é uma tensão exemplo numérico 3
de compressão e tem intensidade
de 4,23 kN; a tensão no ponto B
é de tração e possui intensidade de
11,43 kN, conforme ilustrado na
Figura 6.8.
Exemplo numérico 3
Para o esquema mostrado na
Figura 6.9, trace o diagrama de
tensões mostrando a posição da
linha neutra. A força normal apli-
cada tem intensidade de 75 kN. As
unidades de medida da figura estão
em centímetros.
Fonte: elaborada pelo autor.

– 91 –
Resistência dos Materiais

Essa seção transversal já teve os cálculos das propriedades geomé-


tricas demonstrados no Capítulo 4. O cálculo do centro de gravidade está
ilustrado no exemplo numérico 1 e o momento de inércia está resolvido
no exemplo numérico 2.
Inicialmente, a força Figura 6.10 – Seção transversal
normal será transportada com os carregamentos
para o centro de gravidade
e um momento será adi-
cionado para compensar
o transporte. Essa força
normal é de compressão,
então será adicionado um
momento fletor que com-
prima a parte inferior da
seção transversal. A inten-
sidade desse momento está
definida a seguir:

=Mz 75
= . 6,10 457,5 kN .cm

A seção transversal
com o momento apontado
para a direita (comprime
fibras inferiores) e a força
normal estão ilustradas na
Figura 6.10. Os pontos de
interesse A (y=-4,45 cm)
e B (y=8,55 cm) também
estão ilustrados. Fonte: elaborada pelo autor.

O sinal da fórmula de flexão deve ser definido para a configuração


da seção transversal ilustrada na Figura 6.10. O momento em z traciona
a parte negativa do eixo y, sendo assim, o sinal dessa parcela da equação
deve ser negativo. A força normal é de compressão, consequentemente,
o sinal da fórmula para essa parcela é negativo. A fórmula da flexão para
este caso está demonstrada a seguir:

– 92 –
Flexão composta

Mz N
σ=
− y−
Iz A

Para o ponto A, temos o seguinte cálculo da tensão:

457,5 75
σ=
− ( −4, 45) −
645,57 44

σ=
+3,15 − 1,70

σ = +1, 45kN

Para o ponto B, temos:

457,5 75
σ=
− (8,55) −
645,57 44

σ=
−6,06 − 1,70

σ = −7,76 kN

Para calcular a linha neutra, é necessário igualar a fórmula da flexão


a zero e encontrar o valor de y correspondente.

457,5 75
0=
− y−
645,57 44

1,70 = −0,71y

y = −2,39 cm

Assim, temos que a tensão no ponto A é uma tensão de tração e tem


intensidade de 1,45 kN; a tensão no ponto B é de compressão e tem inten-
sidade de 7,76 kN, conforme ilustrado na Figura 6.11.

– 93 –
Resistência dos Materiais

Figura 6.11 – Diagrama de tensões com representação da linha neutra

Fonte: elaborada pelo autor.

Atividades
1. Duas forças de 10 kN são aplicadas a uma barra retangular de 20
milímetros x 60mm, como ilustrado a seguir. Determine a tensão
no ponto A quando C é igual a 15 mm (BEER, 1996).
y

mm
10
A
30 mm
mm 10

z
30 10 kN
mm

C
10 kN x
25 mm

Fonte: adaptada de Beer (1996).

– 94 –
Flexão composta

2. Uma pequena coluna de 120 mm x 180 mm suporta três cargas


axiais, como mostrado a seguir. Sabendo-se que a seção ABD
é suficientemente afastada das cargas, para que esta permaneça
plana, determine a tensão no canto B (BEER, 1996).

Fonte: adaptada de Beer (1996)

3. As duas forças mostradas são aplicadas a uma placa rígida,


suportada por um tubo de aço de 160 mm de diâmetro externo e
130 mm de diâmetro interno. Sabendo-se que a tensão admissí-
vel compressiva é de 75 MPa, determine a variação de valores
admissíveis para Q (BEER, 1996).

Fonte: adaptada de Beer (1996)

– 95 –
7
Flexão oblíqua
composta

A flexão oblíqua é a ação combinada de dois momentos fle-


tores oriundos de uma dupla excentricidade. A ação dos momen-
tos fletores pode estar associada a uma força normal, tanto de
tração quanto de compressão – neste caso, o tipo de esforço é
chamado de flexão oblíqua composta. Caso não haja a ação da
força normal, mantendo os momentos fletores, teremos o caso de
uma flexão oblíqua simples.
O telhado é um elemento utilizado na construção civil para
fazer a cobertura das edificações. Basicamente, um telhado é
composto pelas telhas, que podem ser metálicas, de madeira ou
cerâmicas; ripas, que recebem as cargas das telhas; caibros, que
sustentam as ripas, e terças, que servem de apoio para os caibros.
A Figura 7.1 apresenta um telhado. Observe as terças, elas estão
submetidas ao esforço de flexão oblíqua.
Resistência dos Materiais

Figura 7.1 – Terças em um telhado

Fonte: Stock.adobe.com/navintar

Para ilustrar o que ocorre com uma terça, observe o esquema demons-
trado na Figura 7.2. A Figura 7.2 (a) poderia facilmente ilustrar o que ocorre
com uma viga ao receber o carregamento de uma parede. A seção transver-
sal está armada na maior altura para ter uma maior resistência ao giro,
conceito estudado nos capítulos anteriores no que se refere ao momento de
inércia. O carregamento resultante é um momento perpendicular ao carre-
gamento aplicado. Neste caso, as fibras inferiores da viga estariam sendo
tracionadas e as fibras superiores estariam sendo comprimidas.
Figura 7.2 – Mudança do esforço devido a mudanças na posição da seção transversal

Fonte: elaborada pelo autor.

– 98 –
Flexão oblíqua composta

No entanto, nem todos os elementos são executados conforme as


vigas. Repare nas terças demonstradas na Figura 7.1, elas acompanham a
inclinação do telhado. Apesar dessa condição, o carregamento das telhas
continua sendo aplicado na vertical devido ao seu peso próprio. Perceba
que o carregamento ilustrado na Figura 7.2 (a) é igual ao da Figura 7.2
(b), contudo, a seção transversal está rotacionada e o carregamento passa
a ser oblíquo à seção transversal. Assim, o momento gerado na Figura 7.2
(b) ainda é perpendicular ao carregamento, mas não está situado nos eixos
principais da peça. Como consequência, o momento é oblíquo, possuindo
uma dupla excentricidade.
Figura 7.3 – Torre de Pisa

Fonte: Stock.adobe.com/f11photo

A Torre de Pisa (Figura 7.3) é mundialmente conhecida pela sua


inclinação, e ela será usada neste capítulo par ilustrar mais um exemplo de
excentricidade que pode ocorrer nas estruturas.
A Figura 7.4 apresenta dois tipos de estrutura. A primeira situação
– Figura 7.4 (a) – demonstra uma estrutura em que não ocorreram recal-
ques diferenciais e continua com seus pilares na vertical. A Figura 7.4 (b)

– 99 –
Resistência dos Materiais

poderia facilmente ilustrar o que ocorre com a Torre de Pisa: devido a um


recalque diferencial a estrutura acabou por ser deformada.
Figura 7.4 – Influência dos recalques na estrutura

Fonte: elaborada pelo autor.

As estruturas, de uma forma geral, possuem carregamentos perma-


nentes (peso próprio) e acidentais (devido ao uso da edificação). Esses
carregamentos impõem aos elementos estruturais esforços que devem
ser absorvidos. Iremos considerar que os carregamentos atuam no sen-
tido da gravidade, ou seja, para baixo. No caso de uma estrutura que não
esteja inclinada (Figura 7.4), a força aplicada está no eixo principal e
recebe uma reação normal do solo, onde estão posicionadas as funda-
ções. Repare que essa carga está alinhada e não gera nenhum esforço
de momento na estrutura. No entanto, no caso da Torre de Pisa, ilus-
trada na Figura 7.4 (b), o eixo da estrutura sofreu uma rotação, mas
o carregamento aplicado continua estando na vertical. Observe que o
carregamento não está mais alinhado com o eixo da estrutura porque
passamos a ter uma excentricidade, ou seja, a estrutura tende a colapsar
para o lado esquerdo. Para que esse colapso não ocorra, é gerado um
momento na fundação, contrário a essa tendência de giro que faz com
que a estrutura permaneça estável. No entanto, além da força normal

– 100 –
Flexão oblíqua composta

na fundação, ocorre também um esforço adicional de momento fletor.


Caso essa excentricidade ocorra em uma direção, teremos apenas um
momento fletor atuando, e cairíamos em um caso de flexão composta;
todavia, se esse esforço gerar dupla excentricidade, teremos o caso de
uma flexão oblíqua composta.
Esse esforço adicional pode Figura 7.5 – Sapata de fundação
vir a colapsar a estrutura como um
todo. À medida que se aumenta
a inclinação, a intensidade do
momento é elevada, fazendo um
ciclo de ação e reação que aumenta
cada vez mais. O acréscimo de car-
gas devido ao aumento da excentri-
cidade explica as intervenções que
foram necessárias na Torre de Pisa
para estabilizá-la. A inclinação pas-
sou a gerar um risco de colapso na
estrutura, então os engenheiros ela-
boraram um plano para essa estabi-
lização. Concluídas as obras, a torre
ainda continuou inclinada, afinal,
esse é o atrativo do monumento
e eles não queriam acabar com o
turismo na região. Se tiver interesse
por esse caso, pesquise-o na inter-
net, tenho que certeza de que você
irá gostar muito de como foi feita a
estabilização.
Fonte: acervo do autor.

Para entender um pouco mais sobre a excentricidade do carrega-


mento, vamos ver o que ocorre com uma sapata isolada, conforme ilus-
trado na Figura 7.5.
Para a sapata da Figura 7.5, consideraremos as dimensões como sendo
x1 e x2; o carregamento aplicado não está aplicado no centro de gravidade
e possui uma excentricidade e1 e e2, de acordo com a Figura 7.6.

– 101 –
Resistência dos Materiais

Figura 7.6 – Exemplo de carregamento

Fonte: elaborada pelo autor.

Geralmente, nos cursos de Engenharia Civil, ensina-se sapatas sujei-


tas à força normal aplicadas no centro de gravidade. No entanto, nos casos
práticos de Engenharia, esta condição dificilmente é alcançada e trabalha-
mos com forças normais atuando em conjunto com momentos fletores.
Figura 7.7 – Deslocamento da força normal e obtenção dos momentos

Fonte: elaborada pelo autor.

– 102 –
Flexão oblíqua composta

Você deve estar se perguntando como teremos um momento fletor


atuando na estrutura sendo que só há uma força normal. Na verdade, tere-
mos dois momentos fletores atuantes, uma vez que a excentricidade da
força normal ocorre em relação aos eixos y e z e não apenas em um eixo,
como ocorria nos casos de flexão composta.
Dessa forma, iremos transportar a força normal para o centro de gra-
vidade e colocaremos momentos fletores para compensar esse transporte,
conforme ilustrado na Figura 7.7. Como a força normal aplicada é de com-
pressão, faz-se necessário posicionar momentos fletores que comprimam
o quadrante em que está aplicada a força normal. Em virtude disso, o
momento em z está posicionado para a esquerda e o momento em y está
apontado para baixo, fazendo com que o quadrante no qual está a força
normal seja comprimido por esses dois momentos.
A intensidade desses momentos é obtida pela força normal multi-
plicada por cada uma das excentricidades. Então, o momento em z tem a
seguinte intensidade:
M z = N . e1

De maneira análoga, o momento em y, possui a seguinte intensidade:


M y = N . e2

Nesses casos em que há força normal em conjunto com dois momen-


tos fletores, a tensão em qualquer um dos pontos da seção transversal será
definida pela Equação (1):
M My N
σ=
± z y± z± (1)
Iz Iy A

Na parcela do momento em z, o sinal será positivo se o momento


tracionar a parte positiva do eixo y. Na parcela do momento em y, o sinal
será positivo se o momento tracionar a parte positiva do eixo z, e a parcela
da força normal será positiva no caso. A Equação (1) demonstra a fórmula
a ser usada nos casos de flexão oblíqua composta. Nos casos de flexão
oblíqua simples, a fórmula é ilustrada na Equação (2):

– 103 –
Resistência dos Materiais

M My
σ=
± z y± z ( 2)
Iz Iy

Na parcela do momento em z, o sinal será positivo se o momento


tracionar a parte positiva do eixo y. Na parcela do momento em y, o sinal
será positivo se o momento tracionar a parte positiva do eixo z.
A linha neutra é o ponto em que a tensão na seção transversal é equi-
valente a zero. A seguir, será demonstrado o cálculo da linha neutra para
os casos de flexão oblíqua composta. Para os casos de flexão oblíqua o
procedimento é semelhante.
Como já dito, a linha neutra é o ponto que equivale à tensão zero.
Assim, utilizaremos a Equação (1), a qual inicialmente igualaremos a
zero. O objetivo é encontrar um par de valores que irão fornecer dois pon-
tos, nos quais traçaremos uma reta. A princípio, iremos arbitrar um valor
para y, calculando um valor para z como demonstrado abaixo:

M M N
± z ( y → arbitrar valor ) ± y z ±
0=
Iz Iy A

Repare que a incógnita na equação acima é a coordenada z, já que


todas as outras propriedades são conhecidas. A segunda parte do cálculo
consiste em arbitrar um valor para z e calcular uma correspondente para y,
como demonstrado abaixo:

M M N
± z y ± y ( z → arbitrar valor ) ±
0=
Iz Iy A

De posse desses valores, teremos os seguintes pontos:


2 (valor arbitrado para y; z calculado)
2 (y calculado; valor arbitrado para z)
Basta posicionar esses dois pontos na seção e traçar uma linha nesses
dois pontos. A linha representa o ponto em que a tensão vale zero, repre-

– 104 –
Flexão oblíqua composta

sentando a linha neutra. Acompanhe o exercício abaixo com atenção, pois


ele irá demonstrar todos os conceitos aprendidos aqui de forma prática.
Exemplo numérico 1

A seção transversal ilustrada Primeiramente, a força nor-


na Figura 7.8 representa uma mal será transportada para o centro
sapata isolada que está sujeita a um de gravidade e serão posicionados
carregamento normal de 120 kN. momentos que tracionem o qua-
Sua forma geométrica é quadrada drante no qual a força normal está
e cada um dos lados da sapata contida (Figura 7.8).
tem 3 metros. Calcule o diagrama
Para tracionar o quadrante em
de tensões e indique a posição da
que está posicionada a força normal
linha neutra.
é necessário posicionar os momen-
Figura 7.8 – Seção transversal utilizada tos fletores conforme ilustrado na
Figura 7.9.
Figura 7.9 – Seção transversal após
transporte da força normal

Fonte: elaborada pelo autor.

Fonte: elaborada pelo autor.

A Figura 7.9 também demonstra os pontos de interesse A, B, C e


D, nos quais serão calculadas as tensões normais para o cálculo das ten-
sões. A Tabela 7.1 apresenta a posição no plano cartesiano dos pontos
de interesse.

– 105 –
Resistência dos Materiais

Tabela 7.1 – Posição no plano dos pontos A, B, C e D

z y
Ponto A 1,50 m -1,50 m
Ponto B -1,50 m -1,50 m
Ponto C 1,50 m 1,50 m
Ponto D -1,50 m 1,50 m
Fonte: elaborada pelo autor.

A seguir, será demonstrado o cálculo da intensidade dos momentos


fletores. Inicialmente calcularemos o momento em z, como demonstrado
a seguir:
=M z 120
= . 0,5 60 kN .m

Segue o cálculo da intensidade do momento em y:


=M y 120
= . 0,6 72 kN .m

Como a peça é quadrada, o momento de inércia em z é igual ao


momento de inércia, conforme calculado a seguir:
bh ³ 3,0.3,0³
I=
z I=
y = = 6,75m 4
12 12

Para a seção transversal utilizada neste exemplo, segue o cálculo da área:


=A 3,0
= . 3,0 9,00 m ²

De posse de todos os valores é possível montar a fórmula da flexão,


apresentada na Equação (1). Temos para este caso:
60,00 72,00 120,00
σ=
− y+ z+
6,75 6,75 9,00

Repare que o momento em z traciona a parte negativa do eixo y,


então esta parcela possui sinal negativo; já o momento em y traciona a

– 106 –
Flexão oblíqua composta

parte positiva do eixo z, então esta parcela possui sinal positivo. A força
normal é de tração, sendo assim, esta parcela possui sinal positivo. Desen-
volvendo a equação acima, temos:
σ=
−8,89 y + 10,67 z + 13,33

Agora é necessário calcular a tensão em cada um dos pontos, com


base nos pontos de interesse e suas coordenadas cartesianas definidas na
Tabela 1. Para o ponto A temos:

−8,89 ( −1,50 ) + 10,67 (1,50 ) + 13,33 =


σa = 42,67 kPa

Para o ponto B temos:

−8,89 ( −1,50 ) + 10,67 ( −1,50 ) + 13,33 =


σb = 10,66 kPa

Para o ponto C temos:

−8,89 (1,50 ) + 10,67 (1,50 ) + 13,33 =


σc = 16,00 kPa

Para o ponto D temos:

−8,89 (1,50 ) + 10,67 ( −1,50 ) + 13,33 =


σd = −16,00 kPa

Pelos valores encontrados, apenas o ponto D possui uma tensão de


compressão, todos os outros pontos têm tensões de tração.
Para definir a posição da linha neutra, será necessário primeiramente
arbitrar um valor em z para achar uma componente em y. O valor arbitrado
será o que corresponde à borda da seção no eixo z. O valor definido será
de 1,50 m, sendo assim, segue o cálculo:

−8,89 y + 10,67 (1,50 ) + 13,33


0=

y = 3,30 m

Para encontrarmos uma correspondente em z, será arbitrado um valor


em y. Neste caso, temos o valor zero. Segue o cálculo:

– 107 –
Resistência dos Materiais

−8,89 ( 0,00 ) + 10,67 z + 13,33


0=

z = −1, 25 m

Considerando a posição no plano cartesiano (z, y) temos o primeiro


ponto com (1,50; 3,30) e o segundo ponto com (-1,25; 0,00). Para o cál-
culo da linha neutra, formaremos um triângulo com os pontos 1 e 2. Temos
um triângulo com cateto adjacente de 2,75 em z (1,50+1,25) e oposto em
y, com 3,30 metros.
3,30
tan θ 50,19°
→=
2,75

A Figura 7.10 apresenta a posi- A Figura 7.11 apresenta o dia-


ção e a orientação da linha neutra. grama de tensões.
Figura 7.10 – Posição e orientação da Figura 7.11 – Diagrama de tensões
linha neutra

Fonte: elaborada pelo autor.

Fonte: elaborada pelo autor.

Atividades
1. A viga tem seção transversal retangular conforme mostrado na
figura a seguir. Se estiver sujeita a um momento fletor de 3500

– 108 –
Flexão oblíqua composta

N.m, direcionado como mostra a figura, determine a tensão de


flexão máxima na viga e a orientação da linha neutra.

y
15
0m
z m
15
0m
m
30 M = 3500 N∙m
º
x
15
0m
m

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

2. A viga em T está sujeita a um momento fletor de 15 kN.m, dire-


cionado conforme a figura a seguir. Determine a tensão de flexão
máxima na viga e a orientação do eixo neutro.

y M = 15kN∙m

150 mm 150 mm

50 mm

y
z 60º
200 mm

50 mm
Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 109 –
Resistência dos Materiais

3. O momento interno resultante que age na seção transversal da


escora de alumínio tem valor de 520 N.m e está direcionado con-
forme a figura a seguir. Determine a tensão máxima na escora e
a posição da linha neutra.
y

M = 520 N∙m
20 mm 12
B
5
y 13

z C

200 mm

20 mm 20 mm
200 mm 200 mm

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 110 –
8
Flexão em vigas
compostas

Abordaremos neste capítulo o último tema sobre flexão, já


estamos falando deste assunto há alguns capítulos. Você lembra
dos tipos de flexão demonstradas? A flexão pura é um tipo de
flexão na qual é aplicado apenas um momento fletor, é um tipo de
flexão mais conceitual e difícil de encontrar na prática. A flexão
composta é a ação de um momento fletor associado a uma força
normal. Por último vimos a flexão oblíqua, que é a ocorrência de
momentos fletores nos dois eixos, e a flexão oblíqua composta,
que associa além de dois momentos uma força normal.
Ufa! Chegamos à flexão em vigas compostas, e tenho cer-
teza de que você estava ansioso para tratar desse assunto. Cha-
mamos de vigas compostas os elementos estruturais que supor-
tam os carregamentos com dois tipos ou mais de materiais em
sua formação. Qual é o primeiro material que vem à cabeça dos
engenheiros quando falamos em materiais compostos? O queri-
dinho dos engenheiros civis, o concreto armado.
Resistência dos Materiais

A Figura 8.1 ilustra a Figura 8.1 – Concretagem de uma laje


concretagem de uma laje.
Perceba que o operador
está colocando o concreto
armado, que se encontra
fresco. A forma basicamente
já está pronta com o aço que
irá formar um só elemento
estrutural com o concreto
quando ele endurecer.

Fonte: Stock.adobe.com/ETAJOE

No entanto, não confunda dois tipos de materiais que trabalham em


conjunto com dois materiais atuando no mesmo sistema independente-
mente. O concreto armado é a união do concreto e do aço trabalhando em
conjunto. A Figura 8.2 ilustra um sistema estrutural no qual estão presen-
tes o aço e a madeira – repare que eles trabalham de forma independente.
As madeiras funcionam como terças e o aço está aplicado como viga. Ou
seja, a madeira recebe a carga das telhas que descarregam nas vigas de
aço. O material poderia ser composto se as vigas de madeira fossem refor-
çadas com tiras de aço, por exemplo.
Figura 8.2 – Sistema estrutural com diferentes
tipos de materiais

Os elementos estudados
nesta seção ainda estão sub-
metidos à flexão, no entanto,
o método de resolução é dife-
rente. Casos como este serão
resolvidos pelo método da
seção transformada.

Fonte: Stock.adobe.com/Vasiliy Ulyanov

– 112 –
Flexão em vigas compostas

Considere inicialmente uma viga composta por dois materiais, con-


forme ilustrado na Figura 8.3. A viga possui altura “h” e base “b” e atua
sobre nela um momento fletor que comprime as fibras superiores e tra-
ciona as fibras inferiores. Considere o material 1 como sendo mais rígido
que o material 2.
Assim como ocorre em uma viga de material homogêneo, a área da
seção transversal permanecerá plana após a flexão. Dessa forma, as defor-
mações normais irão variar de forma linear com intensidade zero na linha
neutra até o seu valor máximo no ponto mais afastado da linha neutra.
Figura 8.3 – Diagrama de tensões de uma viga composta por dois materiais

Fonte: elaborada pelo autor.

Determinamos as tensões nos materiais 1 e 2 por meio da lei de


Hooke. Como o material 1 é mais rígido do que o material 2, a maior
parte da carga será absorvida pelo material 1. Na Figura 8.3, repare que,
no ponto de transição do material 1 para o material 2, há um salto no
diagrama de tensões. Por simplificação, a viga de dois materiais será
transformada em um material. Esse método é conhecido como método da
seção transformada.
Podemos transformar toda a viga no material 1 ou toda a viga no
material 2, isso fica a critério de quem está resolvendo a questão. Essa

– 113 –
Resistência dos Materiais

conversão é realizada por um fator de conversão “n”, que leva em conta a


relação dos módulos de elasticidade dos dois materiais.
Inicialmente, iremos transformar Figura 8.4 – Seção transformada
toda a viga no material 1. O fator n leva no material 1
em consideração a razão entre os módu-
los de elasticidade do material que será
substituído (material 2) pelo material
dominante (material 1). Então, temos o
seguinte fator n:

E2
n=
E1

De posse do valor n, multiplica-se


pela dimensão da viga a ser transformada.
Neste caso, a base b será multiplicada por
n. A relação entre o módulo de elastici-
dade dos materiais 2 e 1 fornecerá um
valor menor que 1, uma vez que o módulo
de elasticidade do material 1 é maior do
que o do material 2. Sendo assim, temos a
seção transformada na Figura 8.4. Fonte: elaborada pelo autor.

Repare que a seção ficou mais delgada na área em que estava o mate-
rial 2 (Figura 8.4) devido a esse fator n ser menor do que 1.
Realizaremos agora a transformação da viga no material 2. O fator n
nesta situação será a relação do módulo de elasticidade do material 1 pelo
módulo de elasticidade do material 2. Assim, temos o seguinte fator n:

E1
n=
E2

De posse do valor n, multiplica-se pela dimensão da viga a ser trans-


formada. Neste caso, a base b será multiplicada por n. A relação entre o
módulo de elasticidade dos materiais 1 e 2 fornecerá um valor maior que

– 114 –
Flexão em vigas compostas

1, uma vez que o módulo de elasticidade do material 2 é menor do que o


do material 1. Dessa forma, teremos um aumento da base no ponto em que
estava o material 1, sendo assim, a seção transformada no material 2 está
ilustrada na Figura 8.5.
Figura 8.5 – Seção transformada no material 2

Após a viga ser conver-


tida em apenas um material, a
distribuição das tensões passa
a ser linear. Sendo assim,
o centro de gravidade e o
momento de inércia podem
ser definidos para uma nova
seção e a fórmula da flexão
pode ser aplicada para deter-
minar as tensões em cada um
dos pontos da viga.
Fonte: elaborada pelo autor.

O diagrama de tensões, levando em conta as cargas aplicadas e


demonstradas na Figura 8.3 para as seções transformadas ilustradas nas
figuras 8.4 e 8.5, estão ilustradas na Figura 8.6. Como a seção passou a
ser de um único material, não há mais saltos no diagrama de tensões. No
entanto, essas tensões não são verdadeiras, são fictícias e precisam ser
convertidas para que apresentem o comportamento real.
Figura 8.6 – Diagrama de tensões das seções transformadas

Fonte: elaborada pelo autor.

– 115 –
Resistência dos Materiais

As tensões fictícias (σ * ) podem ser transformadas em tensões reais


(σ ) quando multiplicadas pelo fator de conversão n, como ilustra a equa-
ção a seguir:
σ = n .σ *

Sendo assim, recomenda-se o seguinte procedimento para a resolu-


ção dos exercícios pelo método da seção transformada:
1. transformar a seção original em uma seção transformada.
2. determinar o CG, o momento de inércia e as tensões na seção
transformada.
3. corrigir as tensões em função no coeficiente n.
Vamos agora fazer um exercício para consolidar o que foi aprendido
até aqui.
Exemplo numérico 1
Uma viga composta é feita de madeira e reforçada com uma tira de
aço localizada na sua parte inferior, conforme ilustra a Figura 8.7. Ela
tem a área de seção transversal mostrada abaixo. Se for submetida a um
momento fletor M= 20 kN.m, determine a distribuição normal de tensão
na seção. Dado: módulo de elasticidade da madeira = 12 GPa; do aço =
200 GPa (HIBBELER, 2010).
Figura 8.7 – Figura utilizada no exemplo numérico 1

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 116 –
Flexão em vigas compostas

Para aplicar o método da seção transformada, é necessário deixar a


viga composta por apenas um material, sendo assim a parte de madeira será
transformada em aço, e o fator de conversão n está demonstrado a seguir:

Emadeira 12
=n = = 0,06
Eaço 200

De posse do valor de n, a base da figura (150 mm) na parte de madeira


será multiplicada pelo fator n. Sendo assim, temos:
=b 150.
= 0,06 9 mm

A Figura 8.8 apresenta a seção transformada. O próximo passo con-


siste em obter a posição do centro de gravidade e o momento de inércia.
Figura 8.8 – Seção transformada em aço

Fonte: elaborada pelo autor.

– 117 –
Resistência dos Materiais

Na Figura 8.8 já estão demonstrados os dois retângulos utilizados no


cálculo do centro de gravidade. Como a seção transversal tem um eixo
de simetria, sabe-se que u = 75 mm . O cálculo da coordenada v está
demonstrado a seguir:

∑ v 'A
v=
∑A

v=
(150.20 )10 + ( 9.150 ) 95
(150.20 ) + (150.9 )
v = 36,38 mm

De posse das coordenadas do centro de gravidade, vamos posicioná-


-lo na seção transversal, conforme ilustrado na Figura 8.9.
Figura 8.9 – Posição do centro de gravidade e pontos de interesse

Fonte: elaborada pelo autor.

– 118 –
Flexão em vigas compostas

A próxima etapa consiste no cálculo do momento de inércia. Como


o momento está aplicado no eixo z (Figura 8.7), o momento de inércia
calculado será o Iz.
I Z =∑ Iz '+ Ad y ²

 150.20³    9.150³  
I Z 
=  + (150.20 )( 36,38 − 10 ) ²  +   + ( 9.150 )( 95 − 36,38 ) ² 
 12    12  

I Z = 9,35.106 mm 4

Neste caso, estamos diante de uma flexão pura, então a fórmula da


flexão é a seguinte:
Mz
σ= + y
Iz

Os pontos de interesse são ilustrados na Figura 8.9 e são escolhidos


por estarem nas extremidades, passarem pelo centro de gravidade e esta-
rem no ponto de transição entre o aço e a madeira. A Tabela 8.1 apresenta
as coordenadas dos pontos de interesse.
Tabela 8.1 – Coordenada dos pontos de interesse

Ponto coordenada y
1 -133,62 mm
2 0,00 mm
3 16,38 mm
4 36,38 mm
Fonte: elaborada pelo autor.

Agora então é necessário calcular as tensões em cada um dos pontos.


Para o ponto 1 temos:

20.106
σ1 =
+ ( −133,62 ) =
−285,5 MPa
9,35.106

– 119 –
Resistência dos Materiais

Para o ponto 2 temos:

20.106
6 ( )
σ2 =
+ 0 =0 MPa
9,35.10

Para o ponto 3 temos:

20.106
6 (
σ3 =
+ 16,38 ) =
35 MPa
9,35.10

Para o ponto 4 temos:

20.106
6 (
σ4 =
+ 36,38 ) =
77,8MPa
9,35.10

Agora é necessário transformar as tensões fictícias acima em reais. A


madeira foi transformada em aço, logo, as tensões calculadas nos pontos 1
e 2 são fictícias, pois antes eram madeira. Dessa forma, temos a correção
das tensões nos dois pontos. Para o ponto 1 temos:

0,06 . ( −285,5 ) =
σ= −17,13 MPa

Para o ponto 2 temos:

=σ 0,06
= . ( 0 ) 0 MPa

No diagrama real, no ponto de transição entre os dois materiais no


diagrama há um salto. No ponto 3 há tanto madeira como aço, ou seja,
duas tensões. A tensão correspondente à madeira deve ser corrigida, como
feito a seguir:

=σ 0,06
= . ( 35 ) 2,1 MPa

Como o ponto 4 é aço e sempre foi aço, então essa tensão é real e
não precisa ser convertida. O diagrama de tensões para este exemplo está
ilustrado na Figura 8.10

– 120 –
Flexão em vigas compostas

Figura 8.10 – Diagrama de tensões

Fonte: elaborada pelo autor.

Agora veremos o método de cálculo para definir as tensões devido


aos esforços de flexão nas vigas de concreto armado. Você estava ansioso
por isso, não?
Quando sujeitas à flexão, as vigas devem resistir aos esforços de tra-
ção e compressão. No entanto, o concreto não tem uma boa resistência
contra esforços de tração, sendo assim, os engenheiros decidiram reforçar
as vigas de concreto com aço no local em que o concreto se encontrava
tracionado, e nasceu assim o concreto armado. Para conseguir maior efi-
ciência, as barras de aço ficam a distância máxima do centro de gravidade
para absorverem um maior esforço.
Você se lembra de que, quanto maior a distância do CG, maior
seria o carregamento? Então, é por isso. A Figura 8.11 ilustra a dis-
tribuição das tensões em uma viga de concreto armado. O momento
aplicado comprime as fibras superiores e as fibras inferiores. Repare
que, na parte comprimida, as tensões atuam em todo o trecho e crescem
linearmente quanto mais estiverem distantes do CG. No trecho tracio-
nado, é desconsiderada totalmente a contribuição do concreto e consi-
derada apenas uma força pontual atuando no local em que as barras de
aço estão posicionadas.

– 121 –
Resistência dos Materiais

Figura 8.11 – Distribuição das tensões em uma viga de concreto armado

Fonte: elaborada pelo autor.

Para realizar a transformação da seção, neste caso, transforma-se o


aço em concreto. Assim, temos:

Eaço
naço =
Econcreto

Figura 8.12 – Transformando a seção transversal

Fonte: elaborada pelo autor.

Repare que, na Figura 8.11, a seção é transformada em dois retân-


gulos separados um do outro, pois resta apenas o retângulo correspon-

– 122 –
Flexão em vigas compostas

dente ao aço. Com essa configuração calcula-se a coordenada v do cen-


tro de gravidade.

∑ v 'A
v=
∑A

No entanto, calcula-se o centro de gravidade no ponto que passa pelo


eixo u, ou seja, o valor de v é zero. Desta forma temos:

 h' 
=0   ( bh ') + ( n . Aaço ) − ( d − h ') 
2

Desenvolvendo, temos:

b '2
h + nAaço h′ − nAaço d =
0
2

Uma vez determinada a posição da L.N. (h’), determina-se as tensões


no aço e no concreto armado pelo método da seção transformada. Repare
que a equação é uma equação do segundo grau. Para maiores informações
sobre a fórmula apresentada acima, recomenda-se que o aluno consulte a
bibliografia da disciplina.
Exemplo numérico 2
Uma viga de concreto armado tem seção transversal de 50 x 22,5
centímetros. Serão colocadas três barras de aço na parte inferior da viga,
cada uma com diâmetro de 25 milímetros. Usando uma tensão admissível
de 10 mPa para o concreto e de 150 mPa para o aço, determine o maior
momento fletor que pode ser aplicado à viga. A viga será executada com
um cobrimento de 5 cm. Considere Eaço = 200 GPa e Econc = 25 GPa.
Inicialmente, será transformada a seção de aço em concreto, temos então:

Eaço 200
n=
aço = = 8
Econcreto 25

– 123 –
Resistência dos Materiais

As barras de aço têm 25mm de diâmetro, sendo assim, a área de aço


total é:
π .25²
Aaço 3= 1, 47.103 mm ²
=
4

Sendo assim, podemos obter o seguinte termo:

47.103.8 11,76.103
n . Aaço 1,=
=

Podemos então transformar a seção de concreto e aço apenas em


concreto.
Figura 8.13 – Seção transformada em concreto

Fonte: elaborada pelo autor.

Agora será realizado o cálculo do centro de gravidade:


h′
=0 ( 225.h′ )  ( 450 − h ') 
+ 11,76.103 −
2

112,5h '2 + 11,76.103 − 5, 29.106

– 124 –
Flexão em vigas compostas

Desenvolvendo a equação do segundo grau acima, encontramos duas


raízes h’=170,78 mm e h’=-275,31 mm, sendo assim, vamos desconside-
rar o valor negativo e considerar o valor de h’ aproximado como 170 mm.
A próxima etapa é calcular o momento de inércia da seção transfor-
mada, como demonstrado a seguir:

 225.170³  2 
 + ( 225.170 ) ( 85 )  + ( 0 ) + 11781( 280 )  1, 29.109
2
=I z  = 
 12  

Agora é possível calcular as tensões máximas tanto do concreto quanto


do aço. O ponto mais distante do concreto está a uma distância 170 mm do
CG e o aço está a 280 mm. A tensão no concreto é real, pois toda a peça
foi convertida em concreto. Sendo assim, a tensão máxima no concreto é:
Mz
9 (
σ concreto =
+ −170 )
1, 29.10

No entanto, para encontrar o maior momento aplicado, vamos con-


siderar uma tensão no concreto de 10 MPa, conforme descrito no enun-
ciado. Sendo assim, temos:
Mz
−10 ≥ ( −170 )
1, 29.109

Mz = 75,88 kN .m

A tensão de aço é fictícia, logo, será necessário multiplicá-la pelo


fator de conversão n. Dessa forma, a máxima tensão que temos no aço é:
Mz
σ aço
= (8) + ( 280 )
1, 29.109

A tensão admissível do aço, conforme o enunciado, é de 150 MPa,


então temos:
Mz
150
= (8) + ( 280 )
1, 29.109

– 125 –
Resistência dos Materiais

Mz = 86,38 kN .m

Sendo assim, o maior momento que pode ser aplicado, respeitando as


tensões máximas nos dois materiais, é de 75,88 kN.m.

Atividades
1. As partes superior e inferior da viga de madeira são reforçadas
com tiras de aço, como mostra a figura a seguir. Determine a
tensão de flexão máxima desenvolvida na madeira e no aço se a
viga for submetida a um momento fletor M = 5 kN.m. Trace um
rascunho da distribuição de tensão que age na seção transversal
Considere Emad = 11 GPa; Eaço = 200 GPa (HIBBELER, 2010).

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

2. O centro e os lados da viga de abeto Douglas são reforçados com


tiras de aço A-36 (E = 200 MPa), conforme a figura a seguir.
Determine a tensão máxima desenvolvida na madeira (E = 13,1
MPa) e no aço se a viga for submetida a um momento fletor Mz

– 126 –
Flexão em vigas compostas

= 10 kN.m. Faça um rascunho da distribuição de tensão que age


na seção transversal (HIBBELER, 2010).

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

3. A viga em U de aço é usada para reforçar a viga de madeira con-


forme ilustra a figura a seguir. Determine a tensão máxima no aço
e na madeira se a viga for submetida a um momento M = 1,2 kN.m.
Dados: Eaço = 200 GPa; Emad = 12 GPa (HIBBELER, 2010).

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

4. Considere a seção transversal de uma viga de concreto armado


com base de 12 cm, altura de 37,5 cm e cobrimento de 2,5 cm,
com três barras de aço na parte inferior, cada uma com 12,5 mm.
É aplicado um momento fletor positivo de 40 kN.m. Determine
as tensões normais máximas no concreto e na armadura, consi-
derando que Eaço = 210 GPa e o Econcreto = 24 GPa.

– 127 –
9
Tensão de
Cisalhamento

No Capítulo 2 foram apresentados os cálculos referentes à


tensão normal. Os esforços de tensão normal são esforços axiais
que podem comprimir (Figura 9.1 (a)) ou tracionar (Figura 9.1
(b)) o corpo analisado. No entanto, caso esses esforços estejam
atuando no plano perpendicular ao corpo, resultarão em esforços
que tendem a deslizar uma seção sobre a outra, causando tensões
de cisalhamento (Figura 9.1 (c)).
Resistência dos Materiais

Figura 9.1 – Tensão, compressão e cortante atuando em um corpo

Compressão Tensão Cortante


(a) (b) (c)
Fonte: elaborada pelo autor.

Por meio da Figura 9.1 (c) ficou evidente o esforço cortante que tende
a cortar um corpo em duas faces de corte. Quando falamos em esforço cor-
tante, você consegue lembrar de algum objeto que utilizamos no dia a dia?
Eu, pelo menos, penso numa tesoura. Sim, a tesoura é um objeto que corta
os objetos pela tensão de cisalhamento. Vamos considerar o material cor-
tante demonstrado na Figura 9.2. Este material é constituído por duas lâmi-
nas que cortam o material usando o princípio da alavanca. O corte na planta
é realizado pelo movimento descendente da lâmina superior, que acaba por
criar uma zona de deformação, ocorrendo consequentemente o corte pelo
esforço cortante (cisalhamento). Conseguiu compreender o mecanismo
de corte por cisalhamento?
Pensando do ponto de vista Figura 9.2 – Alicate cortando uma planta
da tesoura, esse conceito é
facilmente explicado. Dessa
forma, como seria possível
observar o esforço cortante
em outras questões práticas
do dia a dia e da Engenha-
ria? Reflita um momento e
tente pensar agora em três
situações em que podemos
ter a aplicação do conceito
de esforço cortante. Fonte: Stock.adobe.com/krisana

– 130 –
Tensão de Cisalhamento

Figura 9.3 – Esforço cortante


atuando na cadeira

Pensou em três aplicações?


Eu tenho mais uma. É bem pro-
vável que você esteja lendo este
livro sentado em uma cadeira. Peso
Caso não esteja, não tem pro-
blema, explicarei o conceito
da mesma forma. Considere a
cadeira com rodinhas ilustrada
na Figura 9.3.

Reações Reações
Fonte: adaptada de Adobe Stock.

Ao sentar na cadeira, você impõe um carregamento com o peso pró-


prio do seu corpo. Esse carregamento tem o mesmo sentido da força gra-
vitacional e sua resultante está para baixo. Para que você não afunde, o
piso exerce uma reação contrária, que é aplicada nas rodinhas da cadeira.
Observe que a força peso e a força das reações têm sentidos diferentes.
Veja que na haste metálica da base da cadeira a força peso e as reações
estão tendendo cortá-la. Consegue perceber o mecanismo análogo da
tesoura que apresentamos anteriormente? Pois bem, este é o conceito
básico da força cortante que produz tensões de cisalhamento.
Ora, o esforço cortante gera uma tensão de cisalhamento?
Sim, assim como nós demonstramos na tensão normal que a
relação dos esforços normais pela área nos fornecia a tensão V
τ=
normal, aqui temos o mesmo raciocínio. A relação do esforço A
cortante (V) com a área (A) do corpo nos fornece a tensão de
cisalhamento ( τ ), conforme demonstrada a seguir:

– 131 –
Resistência dos Materiais

O valor da tensão depende das unidades de área e da tensão. Para


obtermos uma tensão em Pa (Pascal), é necessária uma força em Newton e
uma área de metro quadrado. Para obtermos uma tensão em MPa é neces-
sária uma força em Newton e uma área em milímetros quadrados. Essas
relações podem ser vistas no Quadro 2.1, demonstrada no Capítulo 2.
A propósito, há dois tipos de cisalhamento que são extremamente
importantes e devem ser demonstrados aqui, o cisalhamento do tipo sim-
ples e o cisalhamento do tipo duplo.
A situação em que ocorre o cisalhamento simples está ilustrada na
Figura 9.4(a), denominada normalmente como juntas sobrepostas. Des-
prezando o atrito entre as placas, o carregamento F irá resultar em um
esforço cortante (V) igual a F. Nesse esquema, a força de cisalhamento é
igual ao carregamento F aplicado inicialmente, por isso o chamamos de
cisalhamento simples.
Figura 9.4 – Cisalhamento simples e duplo

De outro modo, o cisalha-


mento duplo está ilustrado na
Figura 9.4(b), comumente deno-
minada junta de dupla sobrepo-
sição. Desprezando o atrito entre
as chapas e aplicando o carrega-
mento F, observe que duas cha-
pas irão absorver o carregamento,
sendo assim, uma das chapas
absorve o carregamento 0,5F e
a outra chapa absorve o carrega-
mento 0,5F. Temos aqui uma con-
dição de carregamento duplo, pois
V = 0,5F.
Fonte: elaborada pelo autor.

Eu sei que você deve estar ansioso para ver uma aplicação dentro do
âmbito da Engenharia. E eu tenho uma aqui: a aplicação em vigas de con-
creto armado. Comumente, as vigas de concreto armado estão sujeitas aos

– 132 –
Tensão de Cisalhamento

esforços de flexão, no entanto, eles não os únicos, temos também esforços


cortantes atuando. Com menor frequência, temos esforços torsores e nor-
mais atuantes em uma viga. Então, é possível que haja uma viga na qual
atuem juntos esforços de flexão, torção, normal e cisalhamento? Sim, é
possível ter um estado múltiplo de tensões. Parece algo complexo, mas
você, como engenheiro, irá entender todos esses mecanismos no decorrer
do curso. Voltando para o nosso caso de cisalhamento, considere a viga e
suas fissuras apresentadas na Figura 9.5. Observe que as fissuras se situam
em torno de 45°. Fissuras com essa inclinação são típicas de esforços cor-
tantes. É possível relacionar uma patologia, como uma fissura, com uma
causa, que neste caso é um esforço cortante. Obviamente, você estudará
mais a fundo esse tipo de situação na disciplina de concreto armado, con-
tudo, agora, basta associar inicialmente esse tipo de fissura a uma possível
situação de esforço cortante.
Figura 9.5 – Viga fissurada

Fonte: elaborada pelo autor.

Você deve estar se perguntando como fazemos para evitar esse tipo
de patologia. É simples, para evitar a ocorrência desse tipo de fratura colo-
camos estribos verticais dentro da via de concreto armado na posição ver-
tical. Os esforços cortantes tendem a tracionar a viga em direção perpen-
dicular a fissura (45°). Você deve lembrar que o concreto não resiste bem
a esforços de tração, por isso colocamos barras de aço.

– 133 –
Resistência dos Materiais

Figura 9.6 – Estribo em vigas de concreto armado

Fonte: Stock.adobe.com/somchairakin

O estribo possui outras funções, uma delas é combater o esforço cor-


tante e evitar essas fissuras situadas a cerca de 45°. A ideia dos estribos
na vertical, um ao lado do outro, é como se ocorresse uma costura nas
fissuras, impedindo que elas se abram. Claro que essa é uma visão muito
simplificada, para fins didáticos, para que você entenda o conceito. Os
estribos estão ilustrados na Figura 9.6.
Ufa, chega de teoria, né? Vamos aplicar todo o conhecimento aqui
produzido em uma sequência de exercícios que irão ajudar você a conso-
lidar sua aprendizagem.

Exemplo numérico 1
Considere uma base metálica presa na base, sendo tracionada com
uma força de 20 kN, formando um ângulo de 75° com a base. Considere
uma tensão de cisalhamento admissível de 30 MPa. Calcule qual é o diâ-
metro que deve ter o parafuso.
Repare que estamos diante de um problema de cisalhamento duplo.
Então, a força cortante V é dividida nas duas hastes. O diagrama de corpo
livre é apresentado na Figura 9.7.

– 134 –
Tensão de Cisalhamento

Figura 9.7 – Diagrama de corpo livre

20 kN

Assim, temos que a força V


é igual a 10 kN. Considerando a
equação de cisalhamento, temos:
V
τ=
A

V=0,5F V=0,5F
Fonte: elaborada pelo autor.

Considerando o parafuso circular com uma área de π d ² e a força de


4
20 kN transformada em 20.10³ N, temos:

30 =
( 20.10³ ) / 2
πd²
4

d 2 = 424, 41

d = 20,60 mm

Sendo assim, deve ser escolhido um parafuso com uma área superior
a 20,60 milímetros para que não ocorra a ruptura por cisalhamento.

Exemplo numérico 2
Considere o sistema demonstrado na Figura 9.8. Desejamos desco-
brir qual é a maior carga que pode ser puxada pela máquina, de forma que
não ocorra a ruptura por tração na corda nem a ruptura da estrutura interna
da haste por cisalhamento. Sabe-se que a corda tem uma tensão admissível
de 80 MPa e um diâmetro de 60 mm. A estrutura interna da haste possui
um diâmetro de 150 mm e uma tensão admissível de 45 MPa.

– 135 –
Resistência dos Materiais

Inicialmente, iremos verificar qual é a maior carga suportada pela


corda. Calculando a área da seção transversal, temos:
πd² π .60²
=A = = 2827, 43 mm ²
4 4

Considerando a tensão normal, temos:


F
σ=
A

F
80 =
2827, 43

=F 226.194,
= 4 N 226,19 kN

A corda resiste a uma força de até 226,19 kN.


Figura 9.8 – Problema utilizado no exemplo numérico 2

Fonte: Stock.adobe.com/Alexey Seafarer

Verificando a tensão de cisalhamento na haste interna, vimos que ela


é presa pelas laterais por duas estruturas amarelas. Logo, o diagrama de
corpo livre é ilustrado na Figura 9.9.

– 136 –
Tensão de Cisalhamento

Figura 9.9 – Diagrama de corpo livre da haste interna

V=0,5F V=0,5F
Fonte: elaborada pelo autor.

Calculando a área da seção transversal, temos:

πd² π .150²
=A = = 17671, 46 mm²
4 4

Considerando a tensão normal, temos:

V
τ=
A

Por ser cisalhamento duplo, temos:

F /2
τ=
A

F /2
45 =
17671, 46

=F 1.590.431,
= 4 N 1.590, 43 kN

A haste interna resiste uma força de até 1.590,43 kN. Sendo assim, a
maior força que pode ser aplicada no sistema é de 226,19 kN para que não
ocorra ruptura na corda nem na haste interna.

– 137 –
Resistência dos Materiais

Exemplo numérico 3
Os dois elementos estão interligados por pinos em B (sujeitos a cisa-
lhamento simples), como mostra a Figura 9.70 (HIBBELER, 2010).
Figura 9.70 – Problema utilizado no exemplo numérico 3

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

Os acoplamentos em A e C estão compostos de modo que os torna


sujeitos a cisalhamento duplo. Se a tensão admissível por cisalhamento
para os pinos for de 90 MPa, e a tensão de tração admissível para a haste
CB for de 115 MPa, determine, com aproximação de 1mm, o menor diâ-
metro dos pinos em A e B e o diâmetro da haste CB que são necessários
para suportar a carga (HIBBELER, 2010).
Primeiramente, iremos calcular o ângulo de inclinação da barra BC.
A Figura 9.81 ilustra a inclinação dela.
Figura 9.81 – Ângulo beta de inclinação Utilizando a função tangente,
da barra BC temos:
3
tan β =
4

=β 36,87°

Fonte: elaborada pelo autor.

– 138 –
Tensão de Cisalhamento

A Figura 9.92 apresenta o diagrama do esquema ilustrado na Figura 9.70.


Figura 9.92 – Diagrama de corpo livre

Fonte: elaborada pelo autor.

É decompor a força TBC em duas componentes, x e y. Assim, temos:


TBCx = TBC cos β

TBCy = TBCsenβ

Com as componentes, altera-se o diagrama da Figura 9.92 com as


decomposições feitas em TBC ilustradas na Figura 9.103.
Figura 9.103 – Diagrama de corpo livre considerando as decomposições em TBC

Fonte: elaborada pelo autor.

Considerando as condições de equilíbrio, primeiramente em x:


0
∑ Fx =

– 139 –
Resistência dos Materiais

TBC cos39,87 − Ax =
0

Ax = 0,8 TBC

Considerando as condições de equilíbrio em y:


0
∑ Fy =

Ay + TBCsen39,87 − 6 =0

Ay= 6 − 0,6 TBC

Considerando os somatórios dos momentos no apoio A, temos que:

− ( 6.2 ) + ( 0,6 TBC ) .3 =


0

TBC = 6,66 kN

Com posse do valor de TBC, é possível encontrar as outras reações


de apoio.
Ay = 2,0 kN

Ax = 5,33 kN

Dimensionando a haste BC:


F
σ=
A

6,66.10³
115 =
π dbc ²
4

dbc2 = 73,73

dbc = 8,59 mm

– 140 –
Tensão de Cisalhamento

Como o enunciado fala em aproximação de 1 mm, temos:


dbc = 9 mm

Pino B:
Como dito no enunciado, o pino B é de cisalhamento simples. A força
que atinge o pino B é a mesma da barra BC. Sendo assim, temos:
V
τ=
A

6,66.10³
90 =
π db ²
4

db2 = 94, 22

db = 9,70 mm

Como o enunciado fala em aproximação de 1 mm, temos:

db = 10,0 mm

Pino A:
Figura 9.114 – Força resultante
no Pino A
Conforme dito no enunciado,
a configuração do problema diz
que o pino A sofre cisalhamento
duplo. No entanto, há duas forças
atuantes no pino A, e é necessá-
rio obter a resultante dessa força.
O sistema de forças no Pino A é
demonstrado na Figura 9.114:

Fonte: elaborada pelo autor.

– 141 –
Resistência dos Materiais

Então, temos:

R 2 Ax 2 + Ay ²
=

R 2 5,332 + 2²
=

R = 2,84 kN

Como o cisalhamento é duplo, temos:

F /2
τ=
A

2,84.10³ / 2
90 =
π da ²
4

d a2 = 40,17

d a = 6,33 mm

Como o enunciado fala em aproximação de 1 mm, temos:

d a = 7,0 mm

Definidos todos os diâmetros, encerramos o exercício.

Atividades
1. A viga é apoiada por um pino em A e um elo curto BC. Se P =
15kN, determine a tensão de cisalhamento nos pinos A, B e C.
Todos os pinos estão sujeitos a cisalhamento duplo, como mos-
tra a figura a seguir, e cada um tem diâmetro de 18 mm. A barra
BC tem inclinação de 30°

– 142 –
Tensão de Cisalhamento

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

2. Determine o maior valor da carga P que a viga suportará se a ten-


são de cisalhamento em cada pino não puder exceder 80 MPa.
Utilize os dados e a imagem do problema 1 para resolver esta
questão (HIBBELER, 2010).
3. A barra rígida BC é mostrada na figura a seguir.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

A barra rígida é sustentada por uma haste de aço AB de 20 mm de


diâmetro e um bloco de alumínio com área de seção transversal de
1.800 mm². Os pinos de 18 mm de diâmetro em A e B estão subme-
tidos a cisalhamento simples. Se as tensões admissíveis do aço e do
alumínio forem 340 MPa e 35 MPa, respectivamente, e a tensão de
ruptura por cisalhamento para cada pino for de 450 MPa, determine
a maior carga P que pode ser aplicada à barra (HIBBELER, 2010).

– 143 –
Resistência dos Materiais

4. Determine a área da seção transversal exigida para o elemento


BC e os diâmetros exigidos para os pinos em A (cisalhamento
simples) e B (Cisalhamento duplo) se a tensão normal admis-
sível for de 21 MPa e a tensão de cisalhamento for de 28 MPa
(HIBBELER, 2010).

Fonte: adaptada de Hibbeler (2010).

– 144 –
10
Flambagem

Ao ler o tema deste capítulo, se você for um adepto da culi-


nária profissional, deve ter pensado naquela técnica de colocar
conhaque em uma panela quente para gerar chamas. Sim, isso
também é flambagem. No entanto, não é dessa flambagem que
iremos tratar. Afinal, este é um livro de Engenharia, certo? Brin-
cadeiras à parte, vamos ao que interessa.
Considere a coluna de uma edificação (Figura 10.1). Iremos
inferir que ela está comprimida por diversas cargas: carrega-
mento das vigas, mezaninos, carregamento do telhado e outros.
Resistência dos Materiais

Figura 10.1 – Carregamento em colunas

Cabeça
ACHATAMENTO
Coberturas Mezaninos
EMPENAMENTO
Vigas

Carga Carga
Pontes
Principal

Eixo

Base

Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/ScientificStock

Estas cargas aplicadas, com o aumento de sua magnitude, podem


causar deflexão lateral, conhecida como flambagem, ou causar uma protu-
berância lateral no corpo, devido ao abaulamento, podendo a coluna tomar
a forma de um barril. A simples aplicação de um carregamento em uma
coluna irá provocar a flambagem? Não. Perceba que os elementos estrutu-
rais são submetidos a carregamentos axiais de compressão e nem sempre
apresentam deflexões. No entanto, existe uma carga limite a partir da qual
formam-se as deflexões; esta carga é chamada de carga crítica (Pcr). Ou
seja, a carga crítica pode ser entendida como a carga máxima que o corpo
pode suportar sem sofrer flambagem.
Observe o esquema apresentado na Figura 10.2. À esquerda, temos
o elemento de barra sendo comprimida pela carga crítica (Pcr), a barra
continua sem sofrer deflexão. No entanto, ao aplicar um carregamento
superior à carga crítica, a barra passa a ter uma deflexão lateral, represen-
tada pela figura à direita.

– 146 –
Flambagem

Figura 10.2 – Flambagem Qualquer acréscimo de carga, além


e carga crítica da carga crítica, irá gerar flambagem na
barra. Este fenômeno ocorre exclusiva-
mente em elementos de barra que este-
jam sendo comprimidos. E na prática,
quais casos podemos considerar sujeitos
a flambagem?
Considere as estacas da ponte ilus-
trada na figura 10.3. Vamos conside-
rar que elas estão sendo comprimidas
devido ao peso da ponte. Há um trecho
da estaca que adentra o solo; mesmo
comprimido, este trecho está travado
pelo solo que está no entorno. O trecho
crítico é o trecho que fica acima do solo.
Perceba que ele está sendo comprimido
e não há nada bloqueando lateralmente
esta estaca, ou seja, ela está sujeita a
sofrer flambagem.
Fonte: elaborada pelo autor.
Figura 10.3 – Estacas em uma ponte

Fonte: Stock.adobe.com/Angelika Bentin

– 147 –
Resistência dos Materiais

Os exemplos mencionados fogem do comum. Normalmente, pensa-


mos em pilares e vigas. Sim, se eles estiverem comprimidos, podem estar
sujeitos a flambagem. No entanto, traremos dois exemplos que ampliarão
sua percepção. Além do exemplo da escora e da estaca, pense em outras
três situações práticas antes de começar a leitura do próximo parágrafo.
É somente o carregamento que influencia a ocorrência da flamba-
gem? Não, o carregamento é um fator necessário, mas não exclusivo. Há
diversos outros fatores que influenciam a ocorrência da flambagem, e ire-
mos falar deles nos próximos capítulos. Agora, apresentaremos a fórmula
da flambagem, conhecida como Fórmula de Euler. O objetivo dessa obra
não é trazer a dedução da fórmula; caso queira ir mais a fundo, sugerimos
que procure bibliografia especializada. Segue a fórmula de Euler:
Nela, Pcr é a carga crítica, E é o módulo de elastici-
π 2 EI dade, I é o momento de inércia e L é o comprimento da
Pcr =
L² coluna sem apoio ou em que as extremidades estejam pre-
sas por pinos.
Perceba que a fórmula da carga crítica para que ocorra a flambagem
leva em consideração alguns fatores. Quanto maior a inércia da peça,
maior será a carga que ela suporta sem flambar, ou seja, caso ocorra a flam-
bagem, ela ocorrerá no eixo de menor inércia. Quanto maior o momento
de elasticidade, maior
será a carga que ela Figura 10.4 – Barracão industrial
suporta sem flambar.
Isto se deve ao fato de o
momento de elasticidade
estar associado à capa-
cidade de deformação.
Quanto maior o compri-
mento da barra, menor
será a carga crítica
necessária para flambar
a barra. Quer uma apli-
cação deste conceito?
Considere o barracão Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/
ilustrado na Figura 10.4. BlackMediaHouse

– 148 –
Flambagem

Repare os pilares da face esquerda. Eles são bem compridos, não?


Em barracões, geralmente temos pé direito alto. Lembra do que falamos
no parágrafo anterior? Quanto maior o comprimento da barra, menor será
que a carga que ela suporta sem flambar. E se ao invés desses pilares ficas-
sem livres, nós os travássemos nas laterais com vigas? É exatamente isso
que é feito (Figura 10.4). Ao colocar vigas travando os pilares, nós reduzi-
mos o comprimento livre da barra sujeita a flambagem.
Inicialmente a fórmula de Euler foi desenvolvida para colunas
com extremidades presas por pinos ou livres, em que o comprimento da
barra representava a distância entre os pontos de momento nulo. Essa
distância é denominada comprimento efetivo. O comprimento efetivo
pode ser obtido multiplicando o comprimento da barra pelo fator de
comprimento efetivo. Este fator leva em conta a vinculação das extre-
midades da barra. A Tabela 10.1 apresenta os tipos de K com a vincu-
lação da barra.
Tabela 10.1 – Fator de comprimento efetivo K

Comprimento de
Tipo de vinculação K
flambagem (Le)
Extremidades presas por pinos L=Le 1
Uma extremidade engastada e a outra livre Le=2L 2
Extremidades engastadas Le=0,5L 0,5
Extremidades engastadas e presas por pinos Le=0,7L 0,7
Fonte: elaborada pelo autor.

Levando em conta o fator de comprimento efetivo, temos a seguinte


configuração para a fórmula de Euler:

π 2 EI
Pcr =
( KL ) ²
Para a correta compreensão dos fatores demonstrados na Tabela 10.1,
recomenda-se a leitura de bibliografia especializada.

– 149 –
Resistência dos Materiais

Exemplo numérico 1
Um tubo de aço com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa possui 7,2 m de
comprimento e a seção transversal, conforme mostrada na Figura 5, deve
ser utilizada como uma coluna presa por pinos na extremidade. Determine
a carga axial admissível que a coluna pode suportar sem sofrer flambagem
(HIBBELER, 2010).
Figura 10.5 – Ilustração utilizada no exemplo numérico 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Primeiramente iremos calcular o momento de inércia da seção trans-


versal da barra:

– 150 –
Flambagem

π (150 ) π (140 )
4 4

I= − = 5,99.106 mm 4
64 64

Como a barra é livre, pode-se aplicar diretamente a fórmula de Euler:

π 2 EI
Pcr =
( L) ²

π 2 ( 200.103 )( 5,99.106 )
Pcr =
( 7200 ) ²
3
=Pcr 228,08.10
= N 228,08 kN

Exemplo numérico 2
A treliça é feita de barras de aço com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa
, e cada uma delas tem seção transversal circular. Se a carga aplicada
for de P = 50 kN, determine, com aproximação de múltiplos de 5 mm,
o diâmetro do elemento estrutural AB, conforme ilustrado na Figura
10.6, que impedirá que esse elemento estrutural sofra flambagem.
As extremidades dos elementos estruturais estão apoiadas por pinos
(HIBBELER, 2010).
Figura 10.6 – Ilustração utilizada no exemplo numérico 2

Fonte: elaborada pelo autor.

– 151 –
Resistência dos Materiais

Primeiramente, vamos descobrir o ângulo do triângulo no ponto A:


0,9
tan θ A = → θ A = 36,87°
1, 2

Sendo assim, o diagrama de forças atuantes no ponto A pode ser defi-


nido como:
Figura 10.7 – Diagrama de forças no nó A

Fonte: elaborada pelo autor.

Decompondo as forças:
=TAC x TAC
= cos36,87 0,8 TAC

=TAC y TAC
= sen36,87 0,6 TAC

Temos então o seguinte diagrama de forças:


Figura 10.8 – Diagrama de forças decompostas no nó A

Fonte: elaborada pelo autor.

– 152 –
Flambagem

Realizando o somatório de forças em y:

∑ Fy =0 → 0,6 TAC =50

TAC = 83,33 kN

Realizando o somatório de forças em x:


∑ Fx =0 → 0,8 TAC =FAB

FAB = 66,66 kN

Como é possível perceber, a barra AB está sendo comprimida, logo,


pode sofrer os efeitos de flambagem. Como os elementos estruturais estão
ligados por pinos, a partir da Tabela 10.1, consideraremos K = 1. Desen-
volvendo a fórmula de Euler:

π 2 EI
Pcr =
( KL ) ²

π 2 ( 200.103 ) I
66,66.10³ =
(1.2400 ) ²

I = 194,51.10³ mm 4

Considerando a seção circular, temos o seguinte momento de inércia:

πd4
I=
64

πd4
194,51.10³ =
64

d = 44,61 nn

Sendo assim, a barra precisa ter um diâmetro de 45mm.

– 153 –
Resistência dos Materiais

Exemplo numérico 3
O mecanismo articulado é composto por duas hastes de aço (Figura
9) com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa e uma seção transversal circular.
Determine, com aproximação de múltiplos de 5 mm, o diâmetro de cada
haste que suportará uma carga P de 30 kN. Considere que as extremidades
estão acopladas por pinos (HIBBELER, 2010).
Figura 10.9 – Ilustração utilizada Figura 10.10 – Diagrama
no exemplo numérico 3 de forças no nó B

Fonte: elaborada pelo autor.


Fonte: elaborada pelo autor.
A força P comprime as barras AB e BC.
Sendo assim, é necessário encontrar as for-
ças atuantes nas barras. A Figura 10.10 ilus-
tra as forças atuantes no nó B.
Decompondo as forças:

FABx FAB
= = cos 45 0,71 FAB

FABy FAB
= = sem45 0,71 FAB

FBC x FBC
= = cos 60 0,5 FBC

FBC y FBC
= = sem60 0,87 FBC

– 154 –
Flambagem

Temos então o seguinte diagrama de forças:


Figura 10.11 – Diagrama de forças decompostas no nó B

Fonte: elaborada pelo autor.

Realizando o somatório de forças em y:


∑ Fy =0 → 0,71 FAB +0,87 FAC =30

30 − 0,87 FAB
FAB =
0,71

FAB 42, 25 − 1, 22 FAC


=

Realizando o somatório de forças em x:


∑ Fx =0 → 0,71 FAB =0,5 FAC

FAC = 1, 41FAB

Então, temos que:


FAB = 15,53 kN

FAC = 21,90 kN

Desenvolvendo a fórmula de Euler para a barra AB, temos que:


π 2 EI
Pcr =
( KL ) ²
– 155 –
Resistência dos Materiais

π 2 ( 200.103 ) ( I )
15,53.10³ =
(1.5091,17 ) ²

I = 203,93.103 mm 4

πd4
203,93.10³ =
64

d = 45,15 nn

Consideraremos então diâmetro de 50 mm.


Desenvolvendo a fórmula de Euler para a barra BC, temos que:

π 2 ( 200.103 ) ( I )
21,90.10³ =
(1.4156,92 ) ²

I = 191,71.103 mm 4

πd4
19171.10³ =
64

d = 44, 45 nn

Desta forma, o diâmetro será de 45 mm.

Atividades
1. Determine a força máxima P que pode ser aplicada ao cabo ilus-
trado na figura a seguir, de modo que a haste de controle de
aço com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa não sofra flambagem. A
haste tem diâmetro de 30 mm e está presa por pinos nas extremi-
dades (HIBBELER, 2010).

– 156 –
Flambagem

2. O mecanismo articulado é composto por duas hastes de aço, com


E = 200 GPa e σ y = 250 MPa , cada uma com seção transversal
circular. Se cada haste tiver diâmetro de 20 mm, determine a
maior carga que o mecanismo pode suportar sem provocar flam-
bagem em nenhuma das hastes. Considere que as extremidades
das hastes estão acopladas por pinos (HIBBELER, 2010).

– 157 –
Resistência dos Materiais

3. Determine a carga máxima distribuída que pode ser aplicada à


viga de abas largas, conforme ilustrado na figura a seguir, de
modo que a haste não sofra flambagem. A braçadeira é uma
haste de aço com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa , com diâmetro
de 50 mm.

4. O tubo de aço com E = 200 GPa e σ y = 250 MPa ilustrado na


figura a seguir tem diâmetro externo de 50 mm.

– 158 –
Flambagem

Se for mantido no lugar por um cabo de ancoragem, deter-


mine, com aproximação de múltiplos de 5 mm, o diâmetro
interno exigido para que ele possa suportar uma carga vertical
máxima de P=20 kN sem provocar flambagem no tubo. Con-
sidere que as extremidades do tubo estão acopladas por pinos
(HIBBELER, 2010).

– 159 –
11
Conceitos
de isostática

Este capítulo tem como objetivo realizar uma revisão dos


conceitos básicos da isostática, oriundos da mecânica geral. Ini-
cialmente, gostaria de trazer para você o conceito da terceira Lei
de Newton, conhecida por muitos como Lei da Ação e da Rea-
ção. Parafraseando a terceira lei de Newton, tudo que vai, volta
com a mesma intensidade, mas com sentido contrário.
Resistência dos Materiais

Observe o edifício da Figura 11.1. Temos diversos carregamentos


aplicados; basicamente, o uso do edifício pelas pessoas impõe um carre-
gamento na laje, as lajes descarregam nas vigas, as vigas descarregam nos
pilares, os pilares descarregam na fundação. Em outras palavras, as funda-
ções recebem toda a carga do edifício e, para que o exercício não entre no
solo, este solo devolve para a fundação a mesma força que ela exerce, mas
com um sentido contrário.
Figura 11.1 – Edifício com diversos andares

Fonte: Stock.adobe.com/zhu difeng

Podemos usar como exemplo uma luta de boxe. Costumamos dizer,


muitas vezes, que um lutador “deu um pau” no outro adversário, mas
se você analisar pela Lei de Newton, no quesito de forças aplicadas, a
resultante das forças foi igual a zero. Você deve estar se perguntando:
“Mas como assim? O pugilista X deu um soco no pugilista Y, que levou
um nocaute”.
O fato é que quando um pugilista acerta um soco na cara do outro,
o rosto do adversário devolve a mesma força recebida, mas no sentido

– 162 –
Conceitos de isostática

contrário, agindo contra a mão daquele que desferiu o golpe. É uma visão
otimista de enxergar as coisas: o pugilista golpeado poderia dizer que ele
foi nocauteado pelo fato de ele ter desferido um golpe contra a mão do
adversário com seu rosto. Vai que cola, né?
Figura 11.2 – Luta de boxe

Fonte: Stock.adobe.com/alphaspirit

Um conceito muito importante para a resolução dos problemas de


estática é a confecção do diagrama de corpo livre (DCL), que é uma repre-
sentação esquemática de todas as forças que atuam em um corpo.
Para elaboração do DCL podemos seguir os seguintes passos:
1. redesenhar o corpo de modo que ele fique isolado do sistema.
2. desenhar as forças visíveis no sistema.
3. verificar a existência de outras forças fundamentais.
Para definição destas forças fundamentais, pode-se analisar alguns
requisitos, como:
1. o corpo analisado possui massa e está em um local que possui
aceleração da gravidade?
2. o corpo em análise está em contato com algum outro corpo?

– 163 –
Resistência dos Materiais

3. existe alguma corda esticada ou alguma barra que está puxando


o corpo?
4. existe algum elástico ou mola deformada atuando na análise?
Com base nessas perguntas, é possível resolver inúmeros problemas,
mas lembre-se: os problemas não são sempre iguais, é preciso aprender
o conceito para aplicar em diversas situações, como a mostrada a seguir.

Figura 11.3 – Guindaste recebendo forças

Fonte: Stock.adobe.com/rommma

Com base na Figura 11.3, vamos definir todas as forças atuantes no


sistema. Primeiramente, sabemos que a viga possui um peso próprio, ou
seja, a viga exerce uma força-peso no sistema, que está representada na
Figura 11.4. Todo este peso realizado pela viga está sendo puxado pelos
cabos na extremidade superior, que estão tracionados. Chamaremos esta
força de “F CABO 3”. No entanto, para esta força ser recebida pelo cabo 3,
é necessário que os dois cabos presos no arganéu possam receber esta carga
primária da viga. Chamaremos estas forças de “F CABO 1” e “F CABO 2”.

– 164 –
Conceitos de isostática

Figura 11.4 – Forças atuantes no sistema

F. Cabo 3

F. Cabo 1

F. Cabo 2

Peso Viga

Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/rommma

Desta forma, temos o arganéu como o ponto central para o equilíbrio


do sistema; este ponto está representado na Figura 11.5.
Figura 11.5 – Equilíbrio do ponto

F. Cabo 3

F. Cabo 1
F. Cabo 2

Fonte: elaborada pelo autor.

– 165 –
Resistência dos Materiais

Temos então um ponto em equilíbrio. Sendo assim, podemos dizer


que o somatório das forças tanto em x quanto em y é igual a zero, como
mostrado nas equações a seguir:

0
∑ Fx =

0
∑ Fy =

Para fins de somatório de força, considera-se as forças no eixo y


como sendo positivas, caso estejam apontadas para cima.
No eixo x, considera-se as forças sendo positivas quando estiverem
orientadas para o lado direito.
No entanto, repare que as forças da Figura 11.5 não estão nos eixos x
e y, assim como as forças representadas na Figura 11.6.
Figura 11.6 – Forças em planos diferentes dos eixos x e y

F₂
F₁

F₃

Fonte: adaptada de Hibbeler (2005).

Para deixar estas forças nos eixos x e y, é necessário decompô-las em


componentes x e y, como ilustrado na Figura 11.7. Para fins de demonstra-
ção, a F1 será decomposta em sua componente x e y.

– 166 –
Conceitos de isostática

Figura 11.7 – Forças decompostas


y

F2y
F1y

F2x F1x
F3x x

F3y
Fonte: adaptada de Hibbeler (2005).

Considerando a decomposição da F1 em x e y utilizando o ângulo α :


F1x = F1 cos α

F1y = F1senα

Considerando a decomposição da F1 em x e y utilizando o ângulo θ :


F1x = F1senθ

F1y = F1 cos θ

Tanto faz utilizar o ângulo α ou θ , este critério é definido pelo aluno.


Vamos praticar um pouco?
Exemplo numérico 1
Determine a força nos cabos AB e AD para o equilíbrio do motor
de 250 kg mostrado na Figura 11.8. Considere a aceleração da gravidade
como 10 m/s².

– 167 –
Resistência dos Materiais

Figura 11.8 – Problema utilizado no exemplo numérico 1

Fonte: Atlan Coelho.

Primeiramente vamos calcular a força-peso do motor:


Pmotor 250.10
= = 2500 N

Figura 11.9 – DCL do exemplo numérico 1

Agora vamos confeccionar


o diagrama de corpo livre. O
motor exerce um peso no sen-
tido da gravidade, e as cordas,
por conta disto, ficam tracio-
nadas. O DCL está ilustrado na
Figura 11.9.

Fonte: elaborada pelo autor.

– 168 –
Conceitos de isostática

Figura 11.10 – Decomposição força TAB

A próxima etapa é decom-


por a força TAB, conforme ilus-
trado na Figura 11.10.

Fonte: elaborada pelo autor.

TABx TAB
= = cos30 0,87 TAB
Considerando o ângulo de
30º, temos que: TABy TAB
= = sen30 0,5 TAB

0
∑ Fy =
Realizando o somatório
das forças em y, temos que: 0,5 TAB − 2500 =
0

TAB = 5000 N

0
∑ Fx =
Realizando o somatório
das forças em x, temos que:
0,87 TAB − TAD =
0

0,87 ( 5000 ) − TAD =


0
Substituindo o valor de
TAB encontrado, temos então:
TAD = 4350 N

Simples, não é? Para treinar, faça muitos exercícios.


No entanto, nem sempre conseguimos o equilíbrio em um ponto; com
corpos rígidos entra mais uma condição de equilíbrio, o momento.

– 169 –
Resistência dos Materiais

O momento é uma força


que leva em consideração a 0
∑ Fx =
força multiplicada pela dis-
tância até o ponto conside- 0
∑ Fy =
rado. Desta forma, temos três
condições de equilíbrio nesta
parte, que estão demonstradas 0
∑M =
a seguir:
Considera-se positivo o momento que a força causa no sentido horário.
Nesta parte, temos muitos problemas envolvendo vigas, em que será
necessário definir os apoios dos problemas. Os apoios podem ser fixos,
móveis e engastados. A simbologia destes apoios, assim como os graus de
liberdade e reações estão ilustrados na Figura 11.11.
Figura 11.11 – Apoios e suas características

Fonte: adaptada de Graciliano (2005).

– 170 –
Conceitos de isostática

Uma situação muito comum de se encontrar refere-se aos carregamen-


tos distribuídos. Neste capítulo, vamos tratar do carregamento distribuído
retangular, que poderia simular o peso de uma parede sobre uma viga.
Figura 11.12 – Carregamento distribuído retangular

F equivalente

q N/m

A B

L m

L/2 L/2

Fonte: elaborada pelo autor.

Existem outros tipos de carregamento, como o triangular; no entanto,


recomendo que você consulte uma bibliografia especializada sobre o
assunto.
Para resolução do carregamento distribuído retangular, repare no
exemplo ilustrado na Figura 11.12. Precisamos achar uma força equiva-
lente para resolver problemas de condições de equilíbrio. O carregamento
possui um comprimento L (metros) e uma intensidade Q (kN/m). Para
obter a força equivalente, basta multiplicar o carregamento pela distância
e posicionar esta força no centro do carregamento.
Vamos aplicar? Faremos agora o exemplo a seguir.
Exemplo numérico 2
Calcule as reações de apoio do problema ilustrado na Figura 11.13.

– 171 –
Resistência dos Materiais

Figura 11.13 – Problema utilizado no exemplo numérico 2

Fonte: elaborada pelo autor.

Conforme a Figura 11.11, é possível observar que o apoio da esquerda


(Apoio A) na Figura 11.13 é fixo, contribuindo com duas reações no pro-
blema. O apoio da direita (Apoio B) é móvel, contribuindo com uma rea-
ção no problema.
O carregamento distribuído pode ser resolvido encontrando a força
equivalente, conforme demonstrado a seguir:
Feq 25
= = . 4 100 kN

O posicionamento da força equivalente e as reações de apoio podem


ser vistos no Diagrama de corpo livre, ilustrado a seguir.
Figura 11.14 – Diagrama de corpo livre

Fonte: elaborada pelo autor.

Realizando o somatório das forças em X, temos que:


0
∑ Fx =

− Ax + 20 − 15 =
0

– 172 –
Conceitos de isostática

Ax = 5 kN

Realizando o somatório dos momentos no apoio A, temos que:


0
∑M =

−100.4 − 30.4 − 15.6 + By.8 =


0

By = 76, 25 kN

Realizando o somatório de forças em Y, temos que:


0
∑ Fy =

+ Ay − 100 − 30 − 15 + 76, 25 =
0

Ay = 68,75 kN

Atividades
1. Determine a intensidade das forças F1 e F2, de modo que o
ponto material P esteja em equilíbrio.
y
400 lb

30°

P
x
5
5
60° 4
F₂ F₁

Fonte: adaptada de Hibbeler (2005).

– 173 –
Resistência dos Materiais

2. Calcule as reações de apoio da viga a seguir.

Fonte: Atlan Coelho.

3. Calcule as reações de apoio da viga a seguir.

Fonte: Atlan Coelho.

4. Calcule as reações de apoio da viga a seguir.

Fonte: Atlan Coelho.

– 174 –
12
Forças internas

Para projetar uma estrutura, é necessário conhecer as cargas


atuantes dentro de cada membro estrutural. Isso garante que o
material possa resistir a estas cargas.
Resistência dos Materiais

Figura 12.1 – Sistema estrutural em concreto armado

Fonte: Stock.adobe.com/Piman Khrutmuang

Sabemos que uma estrutura, conforme a ilustrada na Figura 12.1,


recebe carregamentos, seja do uso da edificação, seja do peso próprio.
Ela é dimensionada exatamente para suportar os esforços internos que
são gerados.
Para visualizar estes carregamentos internos, vamos utilizar como
exemplo a Figura 12.2. Considere inicialmente a viga mostrada na Figura
12.2a, engastada na parede e com duas forças externas atuando. Se reali-
zássemos um corte fictício para analisar as forças na seção AA, teríamos o
equivalente à Figura 12.2b.
Ao realizar o corte AA no ponto B, é possível observar que algumas
forças apareceram, são elas:
2 Nb – força normal.
2 Vb – força cortante.
2 Mb – momento fletor.

– 176 –
Forças internas

Seguindo o princípio da ação e da reação, a força normal na Seção


B surge para deixar em equilíbrio a peça, devido ao componente X da
força P2. A força cortante na Seção B surge para manter o equilíbrio com
relação às forças verticais existentes no esquema. De forma análoga, o
momento fletor em B surge para manter a peça em equilíbrio em relação
aos momentos gerados pelos carregamentos externos.
Figura 12.2 – Demonstração das forças internas

Fonte: Atlan Coelho.

É possível realizar vários cortes nas peças para conhecê-las em diver-


sos pontos da viga e realizar assim um esquema que mostre todas estas
forças ao longo da viga. Esse esquema é chamado de diagrama de estado
(normal, cortante e fletor).
O conhecimento das forças internas permite aos engenheiros verificar
se a geometria escolhida e o tipo de material, por exemplo, são suficien-
tes para suportar os carregamentos internos. Quando os esforços superam
a resistência do material, ocorre a ruptura. Esta é uma condição extre-
mamente crítica na qual nenhum engenheiro quer ver sua obra chegar. A
Figura 12.3 ilustra uma ruptura de elemento estrutural.

– 177 –
Resistência dos Materiais

Figura 12.3 – Ruptura de peça estrutural

Fonte: Stock.adobe.com/Anlomaja

Em estruturas de concreto armado, conhecer os esforços internos é


fundamental para o dimensionamento das armaduras de aço. Por exemplo,
os esforços cortantes são combatidos pelas barras transversais (estribo) e
os esforços de momento fletor são combatidos pelas barras longitudinais.
Figura 12.4 – Barras longitudinais e transversais

Fonte: Stock.adobe.com/somchairakin

– 178 –
Forças internas

Para ilustrar o método das seções, iremos fazer um exercício passo a


passo para deixar tudo mais claro. No entanto, as seções devem ser feitas
nas vigas em dois pontos de interesse:
2 antes e depois dos carregamentos;
2 antes e depois dos apoios.
Feitos estes cortes, analisaremos os sentidos das forças, que serão
positivos quando estiverem em conformidade com o demonstrado na
Figura 12.5.
Figura 12.5 – Convenção de sinais

Com relação aos diagramas,


os diagramas da força cortante e
linear serão compostos de retas.
Nos diagramas de momento fle-
tor, forças pontuais irão gerar
diagramas lineares, e carregamen-
tos distribuídos retangulares irão
gerar diagramas parabólicos. Ao
realizar um corte, você pode olhar
tanto para a esquerda quanto para
a direita.

Fonte: adaptada de Hibbeler (2005).

O estudo dos diagramas é algo complexo. O objetivo deste capítulo é


dar um pontapé inicial em seus estudos. Por isso, é extremamente neces-
sário que você busque uma leitura para complementar seu aprendizado.
Vamos fazer o primeiro exercício? Iremos resolvê-lo passo a passo.
Exemplo numérico 1
Para o problema ilustrado na Figura 12.6, trace os diagramas de
momento fletor, força cortante e normal.

– 179 –
Resistência dos Materiais

Figura 12.6 – Problema utilizado no exemplo numérico 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Para não perder tempo com a resolução das reações de apoio, vamos
pegar os cálculos do exemplo numérico 2 do capítulo 11, que é igual a
este. Desta forma, temos que: AX = 5 kN, By = 51,25 kN, Ay = 93,75 kN.
Iremos aplicar o método das seções. Vamos fazer os cortes antes
e depois de apoio e antes e depois de força. O sinal das forças será
obtido conforme a Figura 12.5. Os cortes a serem realizados estão na
figura a seguir.
Figura 12.7 – Seções escolhidas

Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 1: realiza o corte e olha para a esquerda.


Não se visualiza nada. Logo:
2 N: 0 kN
2 V: 0 kN
2 M: 0 kN.m

– 180 –
Forças internas

Seção 2: realiza o corte e olha para esquerda.


Figura12.8 – Esquema da seção 2

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: + 5,0 kN
2 V: + 93,75 kN
2 M: 93,75 . 0,0 = 0,0 kN.m
Seção 3: realiza o corte e olha para a esquerda.
Figura 12.9 – Esquema da seção 3

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: + 5,0 kN
2 V: + 93,75-100,00 = -6,25 kN
2 M: +(93,75 . 4,0)-(100 . 2,0) = 175,00 kN.m

– 181 –
Resistência dos Materiais

Seção 4: realiza o corte e olha para a esquerda.


Figura 12.10 – Esquema da seção 4

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: + 5,0 kN
2 V: + 93,75-100,00-30,00 = -36,25 kN
2 M: +(93,75 . 4,0)-(100 . 2,0)-(30,0 . 0,0) = 175,00 kN.m
Seção 5: realiza o corte e olha para a esquerda.
Figura 12.11 – Esquema da seção 5

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: + 5,0 kN
2 V: + 93,75-100,00-30,00 = -36,25 kN
2 M: +(93,75 . 5,0)-(100 . 3,0)-(30,0 . 1,0) = 138,75 kN.m

– 182 –
Forças internas

Seção 6: realiza o corte e olha para a esquerda.


Figura 12.12 – Esquema da seção 6

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: + 5,0 -20,0 = -15,0 kN


2 V: + 93,75-100,00-30,00 = -36,25 kN
2 M: +(93,75 . 5,0)-(100 . 3,0)-(30,0 . 1,0) = 138,75 kN.m
Seção 7: realiza o corte e olha para a direita.
Figura 12.13 – Esquema da seção 7

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: -15,0 kN
2 V: +15,0-51,25 = -36,25 kN
2 M: +51,25 . 2,0 = 102,50 kN.m

– 183 –
Resistência dos Materiais

Seção 8: realiza o corte e olha para a direita.


Figura 12.14 – Esquema da seção 8

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: -15,0 kN
2 V: -51,25 kN
2 M: +51,25 . 2,0 = 102,50 kN.m
Seção 9: realiza o corte e olha para a direita.
Figura 12.15 – Esquema da seção 9

Fonte: elaborada pelo autor.

2 N: -15,0 kN
2 V: -51,25 kN
2 M: 0,0 kN.m

– 184 –
Forças internas

Seção 10: realiza o corte e olha para a direita.


Não se visualiza nada, logo:
2 N: 0 kN
2 V: 0 kN
2 M: 0 kN.m
Basta agora, em cada seção, colocar os pontos calculados e traçar o
diagrama. Seguem as respostas.
Diagrama de esforço normal:
Figura12.16 – Diagrama de esforço normal

Fonte: elaborada pelo autor.

Diagrama de força cortante:


Figura 12.17 – Diagrama de força cortante

Fonte: elaborada pelo autor.

Diagrama de momento fletor:


Figura 12.18 – Diagrama de momento fletor

Fonte: elaborada pelo autor.

– 185 –
Resistência dos Materiais

As imagens do diagrama foram geradas pelo software Ftool®. Reco-


mendo fortemente que você aprenda esse software.

Atividades
1. Confeccione os diagramas de momento fletor, força normal e
cortante para a figura a seguir:

2. Confeccione os diagramas de momento fletor, força normal e


cortante para a figura a seguir:

– 186 –
Gabarito
Resistência dos Materiais

1. Objetivos e aplicações de
Resistência dos Materiais
1. Resposta do aluno
2. Resposta do aluno
3. Resposta do aluno
4. Resposta do aluno
5. Resposta do aluno

2. Tensão normal: compressão e tração


1. 1,82 Mpa
2. 3,08 Mpa
3. 1,092 kN
4. 48,3 mPa

3. Deformação
mm
1. ∆AC = 0,00578
∆AC = .
mm
mm
2. ε AB = 0,00251 .
mm
3. 4,383 mm.
4. 11,20 mm.

4. Propriedades geométricas da seção transversal


1.
a) u = 3,67 cm, v = 5,53 cm; I y = 425,33 cm 4 , I z = 1250,93
cm 4 .

– 188 –
Gabarito

b) u = 30 cm, v = 35 cm; I y = 2 x 10^5 cm 4 , I z = 2,9 x 10^5


cm 4 .
c) u = 42,94 cm, v = 53,41 cm; I y = 1,49 x 10^6 cm 4 , I z =
1,58 x 10^6 cm 4 .
d) u = 4,75 cm, v = 8,0 cm; I y = 202,125 cm 4 , I z = 986 cm 4 .

5. Flexão pura
1. σa = 382 MPa, σb = 270,1 MPa.
2. σ = 0,684 Mpa.
3. σ = 40 Mpa, M = 36,5 kN.m.
4. Mz = 14,15 kN.m, My = 4,08 kN.m.

6. Flexão composta
1. 1. 8,33 MPa.
2. 2. -14,81 MPa.
3. 3. 174,2 kN <= P <= 212 kN.

7. Flexão oblíqua composta


1. =σ 2,90 MPa
= ;θ 66,59°
σ 21,97 MPa
2. = = ;θ 63,91°
σ 1,30 MPa=
3. = ;θ 3,74°

8. Flexão em vigas compostas


1. σ aço = 3,70 MPa, σ mad = 0,179 MPa
2. σ aço = 62,7 MPa, σ mad = 4,1 MPa

– 189 –
Resistência dos Materiais

3. σ aço = 10,37 MPa, σ mad = 0,62 MPa


4. σ conc = -16,8 MPa, σ aço = 323,51 MPa

9. Tensão de Cisalhamento
1. τ=
b τ=
c τ=
a 324, 2 MPa
2. P=3,70 kN
3. P = 168 kN
4. Abc = 1834,42 mm²; da = 41,85 mm e db = 29,59 mm

10. Flambagem
1. P = 64,6 kN.
2. P = 1,16 kN.
3. 9,46 kN/m
4. d = 40mm

11. Conceitos de isostática


1. F1 = 435 lb e F2 = 171 lb.
2. Ay = 6,5 kN; By = 9,5 kN.
3. Ay = 9,5 kN; By = 10,5 Kn.
4. Ay = By = 80 Kip.

12. Forças internas


1. Diagrama de esforço normal:

– 190 –
Gabarito

Diagrama de força cortante:

Diagrama de momento fletor:

2. Diagrama de esforço normal:

Diagrama de força cortante:

Diagrama de momento fletor:

– 191 –
Referências
Resistência dos Materiais

BEER, F.P.; JOHNSTON JR, E. R. Resistência dos Materiais. 3. ed.


Makron Books: São Paulo, 1996.

CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.


John Wiley & Sons, Inc., 2002.

CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.


8. ed. John Wiley & Sons, Inc., 2005.

CHUST, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de


estruturas usuais de concreto armado. 4. ed. Edufscar, 2014.

DA SILVA, H.G.A. et al. Caracterização de fraturas frágil e dúctil em


microscopia eletrônica de varredura. Revista Militar de Ciência e
Tecnologia, v. 34, n. 3, 2017.

GRACILIANO, Josué. Apresentação de mecânica dos sólidos. 2005.


Disponível em: https://jesuegraciliano.wordpress.com/aulas/mecanica_
solidos_novo/mecanica-dos-solidos/apresentacao-mecanica-solidos/.
Acesso em: 12 set. 2021.

HIBBELER, R. C. Estática: Mecânica para Engenheiros. 7. ed. Pearson


Prentice Hall, 2005.

HIBBELER, R. C. Estática: Mecânica para Engenheiros. 14. ed. Pearson


Prentice Hall, 2017.

HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7 ed. Pearson Prentice


Hall, 2010.

KAEFER, L. F. A Evolução Do Concreto Armado. São Paulo, 1998.

PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de Madeira. 6. ed. LTC, 2003.

RAMIREZ, R.E.R. Ensaios mecânicos e correlação digital de imagens


aplicados à caracterização das propriedades mecânicas de um ferro

– 194 –
Referências

fundido e poliestireno. 2017. Dissertação (Mestrado) – Universidade de


Brasília, Brasília, 2017.

SOUZA, S. A. D. Ensaios mecânicos de materiais metálicos:


fundamentos teóricos e práticos. E. Blucher, 1982.

SPOHR, R. C. Resistência dos materiais avançada – Flexão normal


composta – notas de aula. Universidade de Santa Cruz do Sul, 2012.

ZOLIN, Ivan. Ensaios mecânicos e análises de falhas. 3. ed. Universidade


Federal de Santa Maria, 2011.

– 195 –
A Resistência dos Materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações
entre as cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das
forças internas que atuam dentro do corpo. Este livro foi dividido de forma a
maximizar sua aprendizagem. Passaremos por conceitos básicos da disciplina,
como tensões de tração e compressão, deformação, propriedades mecânicas
dos materiais, flexão, flambagem e diversos outros. Os dois últimos capítulos
são dedicados a uma pequena revisão sobre os conceitos de isostática e
elaboração de diagramas de estado. Caso não se sinta seguro, sugiro que
comece por estes dois capítulos.

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