Arte Gótica 1
Arte Gótica 1
Arte Gótica 1
Paris era talvez, com seus 200.000 habitantes, juntamente com Milão, a
cidade mais populosa da baixa idade média.
NOTRE DAME
Provavelmente foi lá que se utilizou pela 1. vez o sistema de contrafortes
abertos = arcos botantes.
Foi destruída na revolução francesa e restaurada no séc XIX
CHARTRES
O chamado pórtico real da catedral constitui o ponto alto da escultura do
gótico clássico francês.
Arquitetura Gótica – Chartres, uma das primeiras catedrais góticas da
França
A construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela elevação e
desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da
luz no espaço.
Tudo isso foi possível graças a duas das inovações arquitetônicas mais
importantes desse período: o arco em ponta, responsável pela elevação
vertical do edifício, e a abóbada cruzada, que veio permitir a cobertura de
espaços quadrados, curvos ou irregulares.
O restante do peso foi distribuído por pilares externos. Estes, por sua vez,
remetem o peso aos contrafortes – torres pontiagudas e muito trabalhadas,
que substituem as maciças pilastras românicas, com a mesma função. As
torres dão mais altura e majestade à catedral.
Livros de Pedra
Os templos católicos de estilo gótico construídos na Idade Média revelam
toda a magia dos ocultistas e sociedades secretas da época.
Enfim, Notre Dame, Chartres, Amien, Colônia e Duomo de Milão podem ser
vistas como gigantescos livros de pedra, cuja leitura exige não só uma boa
dose de conhecimento esotérico mas a capacidade de ver além da
realidade.
Localização
De acordo com mapeamento feito pelo pensador católico Bernard
Clairveaux, fundador da Ordem Cisterciense, de monges beneditinos, as
catedrais góticas ficam próximas de antigos menires ( pedras sagradas ),
consideradas como centros de energia do mundo. Também a estrutura das
catedrais góticas não parecem resultado de simples cálculos arquitetônicos.
De acordo com Fulcanelli, o grande alquimista que nos anos vinte escreveu
O Mistério das Catedrais, o plano dessas igrejas tem a forma de uma cruz
latina estendida no solo.
Caminhamento
Assim, ao se caminhar na direção do santuário, volta-se obrigatoriamente
para o Oriente, o lugar onde nasce o sol, ou seja, sai-se das trevas e ruma-
se para a Luz, em direção ao berço das grandes tradições espirituais. Esse
convite à iniciação está presente até mesmo no piso, em que costuma
haver a representação de um labirinto. Chamados de Labirintos de
Salomão (rei bíblico, símbolo da sabedoria) eles costumam se localizar num
ponto em que a nave (o espaço que vai da entrada do templo ao santuário)
e os transeptos ( os braços da cruz ) se unem. Seu sentido alquímico é o
mesmo do mito grego de Teseu, o herói que entra num labirinto a fim de
combater o Minotauro. Após vencer o monstro – metade homem, metade
touro – consegue voltar, graças ao fio que sua esposa Ariadne (aranha) lhe
dera.
Todo artesão possuía uma marca própria, que passava de pai para filho, de
mestre para discípulo. Em função de guerras, pestes e outros flagelos,
muitas vezes as obras das igrejas ficavam temporariamente interrompidas,
e os trabalhadores viajavam, oferecendo seus serviços em outras cidades e
países. Ganharam, assim, o nome de franc-maçons, ou pedreiros livres, cuja
associações acabaram resultando na Maçonaria. Mas esta, embora detenha
antigos conhecimentos esotéricos, se consolidou como ordem iniciática
apenas em 1792.
Busca
Se a busca dos idealizadores do gótico ainda permanece um enigma, o
estudo da origem da expressão ‘arte gótica‘ apenas reforça a idéia de que
sua inspiração é totalmente mística. Estudos etimológicos remetem às
palavras gregas goés-goéts, de bruxo, bruxaria, que sugere a idéia de uma
arte mágica.
O alquimista Fulcanelli prefere associar ‘arte gótica‘ a argot, que significa
idioma particular, oculto, uma espécie de cabala falada, cujo os praticantes
seriam os argotiers (argóticos), descendentes dos argonautas. No mito
grego de Jasão, eles dirigiam o navio Argos, viajando em busca do Tosão de
Ouro. Jasão teria sido um grande mestre, que iniciava seus discípulos nos
mistérios egípcios, inclusive na geometria sagrada, que é uma das chaves
da arquitetura gótica. Prova dessa herança egípcia está no fato de os
construtores góticos disporem os símbolos que aparecem nos entalhes, nas
estátuas, nos medalhões e vitrais de maneira que obedeçam sempre a uma
seqüência que torna inevitável a associação de uns com os outros. Trata-se
de um recurso egípcio de memorização que permite a apreensão de um
grande número de informações, pois somos, sem perceber, levados a
relacionar cada coisa ao local onde ela se encontra. Talvez seja esse o
motivo pelo qual muitas vezes o zodíaco está representado dentro das
catedrais fora de sua ordem convencional.
Longe de ser aleatório, esse desmembramento está relacionado ao
sentido mais esotérico de cada signo, como se vê a seguir:
Áries: Geralmente sua figura é a de um carneiro, que simboliza o início do
caminho na busca da elevação espiritual.
Touro: Representado pelo próprio Touro, às vezes está associado ao
evangelista Lucas; às vezes a Cristo. Simboliza a vida na matéria.
Gêmeos: Sua representação usual é de duas figuras humanas abraçadas,
que expressam a capacidade de elevar espiritualmente o próximo por meio
da transmissão de conhecimentos. Em Chartres, este signo aparece junto a
uma das portas e mostra dois cavaleiros atrás de um grande escudo.
Câncer: Na forma de um caranguejo ou de um lagostim, costuma estar
próximo da pia batismal, junto da imagem do arcanjo Gabriel. Com certeza,
trata-se de uma influência da Cabala, que associa a Lua, regente de Câncer,
a Gabriel, o emissário do nascimentos. A intenção é mostrar que, por meio
do batismo (ritual iniciático), o homem pode se religar às esferas espirituais
das quais se origina.
Leão: Com a mesma representação de hoje, é emblema do evangelista
Marcos, a quem emprestaria seus atributos de persistência e força de
vontade na busca da espiritualização.
Virgem: Algumas vezes aparece como uma jovem segurando uma espiga
de milho. Mas pode também estar representado por uma estátua da
própria Virgem Maria, com uma estrela na cabeça. É um dos signos mais
ricos de significados nas igrejas góticas, uma vez que a maioria delas foi
dedicada justamente à mãe de Cristo. Em Amiens, por exemplo, ela se
encontra em duas árvores. Na iconografia cristã, uma delas representaria a
árvore pela qual a humanidade caiu – numa referência ao mito de Eva e da
serpente tentadora enroscada numa árvore – , enquanto a outra remete à
cruz de Cristo, pela qual a humanidade foi redimida.
Libra: Quase sempre aparece como uma mulher segurando uma balança
desproporcionalmente grande, no interior da qual há uma pessoa envolta
num halo de luz. Seria um lembrete para o homem de que ele também faz
parte do divino.
Escorpião: Sua imagem pode ser traduzida por uma águia (símbolo de
elevação espiritual) e representa o evangelista João. Ou, então, aparece
como um escorpião mesmo, já com um sentido de regressão espiritual. Só
que, como não havia escorpiões na Europa, muitas das suas
representações têm pouquíssimo a ver com a realidade. Em ambas as
formas, o signo está localizado aonde a luz do sol chega por último.
Sagitário: Este signo costuma ser representado por um centauro prestes a
disparar a sua flecha. Na catedral de Amiens, porém, ele aparece na forma
de um sátiro. Mas ambos traduzem a luta que o homem precisa travar para
vencer sua natureza material, a fim de ascender a planos mais elevados.
Capricórnio: Meio cabra, meio peixe, este signo indica as posições que o
homem tem de enfrentarem busca de espiritualização.
Aquário: Representado por um homem segurando um livro ou um
pergaminho, foi adotado como emblema do próprio cristianismo e do
evangelho de Mateus. Esotericamente, seria o ar cósmico, que permeia
todas as formas de vida.
Peixes: Rico em significados esotéricos, aparece normalmente como dois
peixes unidos por um cordão, nadando em direção opostas. O cordão seria
o fio de prata que une o espírito e a alma durante a vida, mas que se rompe
na morte. Um dos peixes corresponde, portanto, ao espírito, que
permanece acima do plano físico, enquanto o outro, a alma, seria um
intermediário direto com a matéria.
Uma curiosidade do cristianismo medieval é que, com exceção do peixe, a
maioria dos outros animais eram considerados funestos, embora fosse
comum encontrá-los nas catedrais góticas. Dessa fauna maldita faziam
parte o dragão e o grifo, figura mitológica meio leão, meio pássaro
(invólucros do demônio), o cavalo (usado pelas forças das trevas), o bode
(luxúria), a loba (avareza), o tigre (arrogância), o escorpião (traição), o leão
(violência), o corvo (malícia), a raposa (heresia), a aranha (o diabo), os sapos
(pecados) e até a avestruz (impureza).
Baphomet
A figura mais temida da fauna que povoava o imaginário medieval era o
Bafomé, que aparece com destaque na porta de todas as igrejas góticas.
Metade homem, metade bode, por muito tempo foi confundido com o
demônio cristão.
Mas seu sentido é bem outro, como explica o teólogo Victor Franco: “O
Bafomé é um símbolo templário que expressa a necessidade humana de
transcender seus instintos básicos, a fim de ascender espiritualmente e
cumprir seu papel evolutivo. Ser parte de Deus, até se confundir com Ele, é
o sentido da verdadeira humanização. E este era o ensinamento maior dos
idealizadores do gótico, que criaram uma arquitetura viva. As catedrais
estão tão perfeitamente integradas ao cosmo e são praticamente forças da
natureza”.
Chartres
Teve sua construção iniciada em 1194, num local onde havia, nos tempos
pagãos, uma gruta com a estátua de uma Virgem Negra, esculpida em
madeira pelos druidas e venerada por milhares de peregrinos franceses.
Duomo de Milão
Com a pedra fundamental lançada em 1386, inaugurada várias vezes e
ainda incompleta, é uma espécie de tapete de Penélope dos milaneses. A
iniciativa da construção partiu do duque Gian Galeazzo Visconti, que a
ofereceu como ex-voto à Virgem, em troca de um herdeiro. Mas toda a
cidade contribuiu, até mesmo as prostitutas, que ofereceram uma noite de
trabalho.
Colônia
A construção começou em 1248 e só foi finalizada em 1880, por Frederico
Guilherme IV, que conseguiu recuperar o projeto original. Concebida para
abrigar os restos mortais dos três Reis Magos, saqueados da Lombardia por
Barba-Roxa e guardados num sarcófago de ouro e prata com 300 quilos de
peso, a igreja ostenta quase 7 mil metros de fachada e é um dos maiores
templos do mundo. Suas janelas têm 17 metros de altura, e as torres, que
alcançam 150 metros, abrigam sinos grandiosos com mais de trinta
toneladas de bronze. O curioso é que metade desse bronze foi obtida com
a fundição de canhões requisitados de inimigos vencidos. Durante a
Segunda Grande Guerra, quando a cidade foi praticamente destruída, a
situação se inverteu e os sinos é que foram fundidos, para se transformar
de novo em armamentos.
Notre Dame
Iniciada em 1163 e concluída em 1330, já abrigou sob seus arcos coroações
e mendigos. Também resistiu a devastações entre os séculos 18 e19,
quando teve suas pinturas e estátuas, vitrais e portas, tirados e substituídos
por ornamentos barrocos. Na Revolução Francesa, transformaram-na em
depósito de suprimentos e uma das torres foi derrubada simbolicamente,
decapitada como os membros do clero. Mais tarde, vendida ao conde de
Saint-Simon, quase foi demolida.
Amiens
Construída em 1221, é uma das obras-primas do gótico na França. Um
verdadeiro feito, pois em apenas três séculos os franceses ergueram nada
menos que 80 catedrais e 500 grandes igrejas neste estilo, sem falar nos
milhares de templos paroquiais. Era uma verdadeira corrida arquitetônica,
na qual Amiens saiu vencedora, superando até mesmo Chartres e Notre
Dame. Sua abóbada atinge a altura de quase 43 metros e cria uma
sensação de suntuosidade inigualável.
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