Fabio
Fabio
Fabio
RESUMO
Os estudos geoambiental surgem como uma nova ferramenta para trabalhar o espaço,
portanto, abordando bacias hidrográficas contribuímos para chegar a estas soluções. Neste
trabalho estudamos a bacia hidrográfica do Arroio Saicã, localizada na porção Oeste do RS,
região marcada pela ação de processos erosivos. O objetivo inicial dos trabalhos é de
análise do relevo com elaboração de mapas morfométricos como de declividade e
hipsométrico. A questão teórico-metodológica foi baseada numa revisão bibliográfica,
utilização de aplicativos de geoprocessamento, análise de mapas e imagens. A elaboração
dos mapas, precedida da revisão da literatura pertinente, permitiu chegar aos primeiros
resultados sobre o comportamento do relevo da bacia hidrográfica estudada. A bacia em
estudo abrange uma área de 795 Km2, com uma forma retangular. A drenagem total da
bacia perfas mais de 1486 km e sua hierarquia é de sexta ordem. Os canais de primeria
ordem somam 54% do comprimento e os de sexta ordem 3,2% do comprimento. A análise
morfométrica mostrou haver três comportamentos típicos da drenagem, provavelmente
refletindo a estrutura geológica. O padrão das drenagens pode ser classificado como
retangular-dendritico, indicando controle estrutural. O mapa de declividade foi dividido em
quatro categorias de declividade, refletindo o comportamento diferenciado dentro da bacia.
As áreas planas apresentaram a maior incidência e, na porção sul encontram-se as maiores
declividades, associadas à vertentes definidas como morrotes pertencentes a Serra do
Caverá. O mapa hipsométrico foi segmentado em oito patameres de altitude, mostrando que
nas áreas a montante prevalecem os processos de dissecação e nas áreas próximas à foz
ocorrem processos de acumulação e inundação. Individualizamos 9 unidades/formas de
relevo. Com os resultados apresentados, torna-se possível planejar de forma sustentável a
ocupação destas áreas, muitas vezes fortemete afetadas pelos processos erosivos devido à
má utilização e conservação do solo.
INTRODUÇÃO
Os estudos envolvendo bacias hidrográficas são cada vez mais utilizados para o
planejamento de áreas. O uso destas técnicas ressalta o papel do geógrafo, que caminha
em paralelo com as tendências dos órgãos de planejamento, públicos e privados, tendo em
vista que estes trabalhos reduzem custos, reduzem o tempo gasto e permitem uma grande
flexibilidade das informações, por meio de (re)combinação de dados. Assim apresentamos
uma breve caracterização e análise sobre a morfologia e o comportamento da drenagem da
bacia hidrográfica do Arroio Saicã, bem como das formas de relevo. Os estudos envolvendo
bacias hidrográficas são uma das principais práticas do geógrafo, visto ser esta uma
unidade natural usada para fazer o planejamento de uma região, já que não considera
limites políticos que muitas vezes são mal delimitados ou existem divergências de interesses
por diferentes partes, como por exemplo, as unidades municipais.
A bacia esta localizada no Oeste do Rio Grande do Sul, entre as latitudes de -29° 48’ 54” e -
30° 18’ 08” e as longitudes de -54° 55’ 35” e -55° 17’ 35”, conforme Figura 1.
1
Universidade Federal de Santa Maria, Estudante de Geografia e Física, [email protected]
2
Universidade Federal de Santa Maria, Professor Doutor, [email protected]
3
Universidade Federal de Santa Maria, Estudante de Geografia, [email protected]
2671
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
6690000
6680000
6670000
6660000
6650000
665000 675000 685000 695000
Rio Grande do Sul
Brasil
-29
0
-31
-10
-20 -33
-57 -55 -53 -51
-30
-70 -60 -50 -40 -30
Figura – 1. Localização da bacia hdrográfica do Arroio Saicã – RS – Brasil
MÉTODOS e TÉCNICAS
Os métodos utilizados basicamente consistem em uma revisão bibliográfica, digitalização de
cartas topográficas e que posteriormente foram trabalhadas no software de
geoprocessamento SPRING. Além disto, fez-se uso de uma imagem de satélite Landsat 7.,
de escala de aproximadamente 1:50.000, do ano de 2000 e imagens do CBERS-II. AS
cartas topográficas utilizados foram: (Saicã, Itapevi, Cerro da Samorá, Rosário do Sul,
Rosário do Sul_N, Guará, Cacequi), todas na escala de 1:50.000, elaboradas pela Diretoria
do Serviço Geográfico. Com o SPRING foram elaborados os mapas de declividade, mapa
hipsométrico e a análise do comportamento da drenagem com o auxilio de observações de
uma imagem de satélite, em escala de aproximadamente 1:50000, do Landsat 7, de maio de
2000. O aplicativo SURFER 8 foi utilizado para elaboração de mapas de áreas homogêneas,
setores de drenagem, relevo em três dimensões, entre outros. A hierarquia da drenagem foi
feita com base no método de Sthraler (1974). As classes do mapa de hipsométrico foram
definidas aplicando a expressão elaborada por Sturges, dada por: 1 + 3,3.Log n , obtendo-se
2672
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
Para se fazer uma análise é importante que se tenha uma visão sistêmica, visto que o
reducionismo não possibilita a abrangência e qualidade a que nos propomos buscar neste
trabalho. Devemos estudar o conjunto numa perspectiva horizontal, pois segundo Troppmair
(1976 p. 6), “seu enfoque recai sobre a distribuição, estrutura e a dinâmica da organização
espacial envolvendo os componentes abióticos e bióticos...” Além desta contribuição, este
autor ainda nos trás um conceito muito importante, que é o de meio ambiente, que define
como sendo “o complexo de elementos e fatores físicos, químicos e biológicos que
interagem entre si com reflexos recíprocos afetando, de forma direta e visível, os seres
vivos.”
A forma da bacia relaciona a área interna não sobreposta e a área fora, sendo que podemos
utilizar a formula do Desvio Padrão e do coeficiente de correlação para verificar qual a figura
geométrica que melhor se adapta. Estas formulas são apresentadas no anexo 1. A
densidade de drenagem é definida a partir da relação entre o comprimento total das
drenagens existentes dentro da bacia e a área da mesma bacia. É dado pela seguinte
formula: Dd =
∑ CRT onde Dd representa a densidade de drenagem, ∑ CRT representa
A
o somatório dos canais tributário e ravinas e A equivale à área da bacia. A densidade
hidrográfica ou textura de drenagem é definida pela equação Dh = N / A , onde N equivale
ao número de drenagens de primeira ordem e A representa a área da bacia. O índice de
circularidade é calculado a partir da seguinte formula: Ic = Ac / AC , onde Ac representa a
área da bacia e AC representa a área do circulo de mesmo perímetro. Depois se aplica as
4π − A R
seguintes formulas: Ic = onde S = πr 2 ; C = 2πR e R = . A declividade do
C 2
2π
terreno pode ser dada em graus (º) ou em percentagens (%). O comprimeto de “rampa” ou
vertente, é dado pela diferença entre os pontos de maior e menor altitude de determinada
vertente.
Os limites de declividade foram definidas como sendo: <2%, represntando áreas planas; 2 –
5%, representao áreas levemente onduladas; 5 – 15% são áreas que registram a ocorrência
de processos erosivos; > 15%, que são áreas de elevada inclinação, onde o uso de
máquinas agrícolas é prejudicado e em áreas urbanas faz-se necessário fazer cortes ou
RESULTADOS
2673
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
-29.85
-29.9
A
-29.95
-30
D
-30.05
-30.1
B
-30.15
-30.2
-30.25
C
-55.25 -55.2 -55.15 -55.1 -55.05 -55 -54.95
Figura 2 – Rede de drenagem da bacia hidrográfica do Arroio Saicã e os setores de drenagem
Drenagem
Ordem dos canais Representatividade em % Comprimento dos canais km
1ª 54,0 798,44563
2ª 21,5 320,39954
3ª 13,3 198,41214
4ª 4,7 71,04275
5ª 3,3 49,86502
6ª 3,2 48,56211
Total 100 1486,72719
Observando o mapa da drenagem apresentado na Figura 2, juntamente com as
regiões/setores de drenagem, dividimos a bacia em quatro setores, com base no padrão de
densidade de drenagem. O primeiro setor a jusante da bacia, ou setor A, o setor Centro-
2674
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
2675
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
A
A
-29.85 DD C
C B
E
E
F FF
-29.9
GG EE
EE GG
H GG
I I DD
DD
-29.95
J
CC
CC
K
-30 K
L
M
N BB
BB
-30.05 OO
NM
PP R
-30.1
AA
Z AA
Q
Q
-30.15
Y
SS W
Desidade de drenagem
-30.2
TT < que 1,5
XX 1,5 a 2,0
-30.25
V U
V > que 2,0
A variação hipsométrica é da ordem de 282 metros, sendo que grande parte da bacia possui
altitude inferior a 115 metros, que é o limiar da primeira cota, e cerca de 80% da área esta
compreendida nas duas primeiras cotas, ou seja, entre os 75 e 155 metros de altitude. A
bacia apresenta uma ampla área associada a planície de inundação, na altitude dos 75 aos
130 metros, com algumas feições residuais em meio à planície de inundação. De forma
adversa, as áreas acima de 355 metros representam apenas 0.002% (≈ 2/3 ha.), localizadas
nos divisores de água do Sul da Bacia. O total de área de cada camada hipsométrica pode
ser vista na Tabela 3, em Km2. A Figura 4 nos apresenta a conformação hipsométrica da
bacia do Arroio Saicã.
2676
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
Hipsometria
Classes Representatividade em % Área em km2
75-115 39,459 315,8028
115-155 37,733 300,2454
155-195 16,200 128,9061
195-235 2,888 22,9815
235-275 1,776 14,1354
275-315 1,219 9,7011
315-355 0,713 5,6772
>355 0,002 0,0153
2677
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
A partir da análise das declividades das vertentes, podemos dividir a bacia em três setores,
de acordo com a Figura 5. Assim, a jusante e centro-leste a bacia apresenta as menores
declividades, com áreas isoladas de declividade entre 5% e 15%. Estas declividades mais
acentuadas nesta região da bacia podem estar associadas a montes residuais de material
vulcânico. A baixa declividade representa áreas de uma possível várzea da bacia do Rio
Santa Maria. Cerca de 40% da área da bacia tem menos de 2% de inclinação, caracterizada
com área de deposição recente.
2678
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
Declividade
Declividade em % Km2 Representatividade em %
<2% 317,4 39,9
2-5% 141,4 17,8
5-15% 240,6 30,2
>15% 96,3 12,1
Área total 795,715577 Km2 100
Perimetro 168,927153km -
Uma segunda região/setor pode ser individualizado no centro-oeste da Figura 5, com cerca
de 35% da área, predominam declividades entre 5% a 15%, constituindo áreas pouco
inclinadas. Esse setor se estende mais no sentido Sul - Norte na parte Oeste devido a maior
distância da margem do Rio Santa Maria. A dissecação é o principal processo do relevo.
O terceiro setor, situado no extremo Sul da bacia do arroio Saicã, apresenta as maiores
declividades. Estas maiores declividades podem estas associadas ao fato de que essa área
compreende parte da Serra do Caverá, que tem uma formação vulcânica. A área com
declividade acima de 15% é de aproximadamente 10%.
6695000
4
6690000
550 metros
6685000
6680000
2
6675000
3
500 metros
6670000 690 metros
6665000
6660000 1
530 metros
6655000
6650000
2679
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
Unidade VII – Representa uma faixa de transsição, onde o padrão dendritico predomina e a
densidade de drenagem varia de 1,5 a 2. A declividade apresenta-se predominantemente
superior a 15%. A ltitude não supera os 235 metros. O comprimento médio das vertentes é
de 530 metros. Em relação a toda a baica hidrográfica do Arroio Saicã, esta unidade
apresenta 5,74% de sua área, o que representa 4567,87 hectares.
2680
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
6700000
6695000
6690000
6685000
6680000
6675000
Legenda
6670000
Unidade I
6665000 Unidade II
Unidade III
Unidade IV
6660000
Unidade V
Unidade VI
6655000
Unidade VII
Unidade VIII
6650000
Unidade IX
2681
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
CONCLUSÕES
Como últimas considerações destacamos a importância do estudo nas áreas onde a bacia
hidrográfica do Arroio Saicâ esta inserida, perante o quadro do Oeste do Rio Grande do Sul.
Em relação à área estudada, apresentou quatro unidades distintas em relação à forma da
drenagem, quatro classes de declividade com predominancia das areas com menos de 2 %
de declividade. Em relação a hipsomentria da bacia, das oito classes estudadas, 80 % da
area esta abixo dos 155 metros de altitude. Com a combinação de informações de diversos
mapas apresentados no escopo deste artigo, discriminamos 9 unidades de forma de relevo.
Esperamos que as informações expostas neste tabalho sejam relevantes para futuras
análises/avaliações, nos processos de tomada de decisões, possibilitando um melhor
aproveitamento destas áreas.
REFERÊNCIAS
2682
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada – 05 a 09 de setembro de 2005 – USP
2683