Farmacologia Cardiovascular
Farmacologia Cardiovascular
Farmacologia Cardiovascular
CARDIOVASCULAR
Revisão
Sistema Nervoso Parassimpático
Receptor M2 (muscarínico)
• Proteína G: Gi
• Efeito: inibe adenilato ciclase, diminuindo AMPc e PKA e resultando em diminuição de Ca2+
citoplasmático
• Localização: coração (nó SA e miocárdio), SNC e pré-sinaptico
• Ação fisiológica no SCV: menor força de contração cardíaca, bradicardia
Sistema Renina-Angiotensina
Renina converte angiotensinogênio em angiotensina I, que é convertida pela ECA em angiotensina
II. Efeitos da angiotensina II:
➢ Secreção de ADH (vasopressina): aumento da volemia e da vasoconstrição
➢ Secreção de aldosterona: aumenta a reabsorção de sódio e consequentemente a volemia
➢ Aumento da reabsorção de sódio
➢ Vasoconstrição
RESULTADO = ↑ resistência vascular periférica e ↑ débito cardíaco = ↑ pressão arterial
Aula 1- Anti-hipertensivos
Pressão arterial
• Sistólica: força de contração para bombear o sangue para a aorta – depende de contração
e volume
• Diastólica: força resultante da resistência arterial à passagem do sangue para retornar ao
coração, quanto este está em repouso
Hipertensão
• Doença silenciosa, de adaptação, que se caracteriza por elevação da pressão arterial e má
perfusão tecidual
• À medida que a pressão vai aumentando, são ativados barorreceptores (devido a ativação
do parassimpático, com a Ach agindo em receptores M2), que abaixam a pressão. No
entanto, depois de muitos picos, os barorreceptores se “acomodam” e podem não mais
serem ativados a uma pressão x inicial.
Hipertensão secundária (5%)
➢ Feocromacitoma: tumor maligno na medula da adrenal, que aumenta os níveis de
adrenalina
➢ Hipertaldosteronismo primário: tumor benigno no córtex da adrenal, que aumenta a
retenção de Na+ e de água
➢ Hipertensão renovascular: obstrução total ou parcial da artéria renal, que diminui o ritmo
de filtração glomerular e aumenta a secreção de renina
➢ Doença renal crônica: aumenta o volume extracelular
Hipertensão essencial (95%)
Tem causas inespecíficas, como: obesidade, idade (atinge, principalmente, os mais velhos), o
tabagismo (nicotina ativa receptores na adrenal e nos gânglios), sexo (mais comum entre mulheres)
e etnia (mais comum em negros), herança genética, estresse e dieta rica em sódio
Doenças cardiovasculares
São responsáveis por 31% de todas as mortes do mundo em um ano, sendo 80% dessas mortes
causadas por infarto ou AVE
As mais comuns, associadas à hipertensão, são:
• AVE, demência vascular
• Cegueira (isquemia nas células ganglionares formadoras de nervo óptico)
• Doença vascular periférica
• Insuficiência renal (devido à lesão de néfron)
• Infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença cardíaca coronariana
Anti-hipertensivos
Vasodilatadores (↓RVP)
• Diminuem resistência vascular periférica, promovendo queda brusca de pressão arterial.
Isso ativa os barorreceptores, havendo um silenciamento do sistema parassimpático e
ação do simpático, reestabelecendo a pressão. Tem, portanto, um efeito autolimitado,
sendo pouco eficaz.
• São necessárias muitas doses.
• Utilização: crises hipertensivas
• Nitroprussiato de sódio
o Mecanismo de ação: doador de NO
o Efeito adverso: taquicardia
o Administração endovenosa
Medicamentos que atuam no SNA simpático (↓DC e ↓RVP)
Ação central
• α-metiltirosina
o Mecanismo de ação: inibe a tirosina-hidroxilase, diminuindo noradrenalina e
adrenalina
o Utilizada para tratamento de feocromacitose
• α -metildopa – Aldomet ®
o Mecanismo de ação: é um falso substrato, análogo à DOPA. O produto final, α-
metil-noradrenalina, é um falso neurotransmissor que age no receptor pré-
sináptico, fazendo feedback negativo
o Utilizado para tratamento de pré-eclâmpsia e eclampsia
• Reserpina – Higroton ®
o Mecanismo de ação: bloqueia transportador vesicular, impedindo a conversão de
dopamina em noradrenalina
o Usado em último caso
Efeitos colaterais desses fármacos: depressão e parkinsonismo
• Clonidina – Atensina ®
o Mecanismo de ação: agonista seletivo do canal α2
o Utilizado em último caso
Ação periférica
Mais utilizados na clínica do que os de ação central!
Antagonistas de receptores β
• Propranolol
o Não seletivo
o Efeito adverso: broncoconstrição, hipertensão de rebote no caso de retirada
repentina (devido a aumento do número de receptores)
• Atenolol
o Seletivo para β1
o Efeito adverso: hipertensão de rebote no caso de retirada repentina
Depois da retirada e da crise hipertensiva, deve-se voltar a utilizar a mesma classe de
medicamentos.
Antagonista de receptores α1
• Prazosina - Minipress®
o Efeitos adversos: hipotensão ortostática e sintomas de hipoperfusão cerebral
(fraqueza, visão turva, cansaço, cefaleia, lentidão cognitiva, vertigens, perda de
consciência transitória)
- NÃO SÃO RECOMENDADOS COMO MONOTERAPIA
Terapias combinadas
• Antagonista de receptores α1 e β
o Labetalol (Prazosina + Pindolol)
o Carvedilol
o Efeitos adversos: broncoconstrição, hipertensão de rebote em caso de retirada
repentina
• Doador de NO e antagonista de receptores β
o Nebivolol
▪ Efeitos adversos: broncoconstrição, hipertensão de rebote
• Efeitos adversos:
o Nifedipina (vasodilatação excessiva): hipotensão postural, edema periférico e
taquicardia reflexa
o NUNCA associar Verapamil ou Diltiazem a antagonista β: bloqueio do nó AV
e/ou depressão da função ventricular
Sistema renina angiotensina-aldosterona
Aldosterona
Secretada no córtex da adrenal, com estímulo da angiotensina II. Age no túbulo distal ou no ducto
coletor.
Interage com receptor citoplasmático, complexo receptor + aldosterona vai para o núcleo e ocorre
síntese de proteínas, como:
• novos canais (sódio e potássio)
• novas bombas (sódio-potássio ATPase)
• proteínas moduladoras de bomba e canais
Assim, a aldosterona promove a REABSORÇÃO DE SÓDIO (vai para o citoplasma e depois para o
sangue) e a PERDA DE POTÁSSIO (vai para o citoplasma e depois para o lúmen do túbulo distal).
ADH/ Vasopressina
Secretado pela hipófise, age no ducto coletor.
No rim, age no receptor V2, que ativa proteína Gs. Ocorre síntese de AMPc e aumento da atividade
de pPKA, que fosforila vesículas ricas em aquaporinas, fazendo com que elas fiquem intercaladas
na membrana apical. Ocorre, então, aumento da reabsorção de água.
ANP promove:
• Vasodilatação
• Diminuição da resistência vascular periférica
• Diminuição da atividade simpática
• Diminuição da renina
• Diminuição da taxa de filtração glomerular, resultando em diminuição da secreção de
renina
• Diminuição dos níveis de angiotensina II, e consequentemente da aldosterona, ocorrendo
diminuição da reabsorção de sódio (natriurese) e água (diurese)
Fisiologia renal
A medula tem a osmolaridade maior que a do córtex.
O néfron consiste em:
• Cápsula de Bowman: ocorre filtração
• Túbulo contorcido proximal: reabsorção de 65% de sódio – urina isosmótica
• Porção descendente da alça de Henle: elevada permeabilidade à água e baixa
permeabilidade ao sal
• “Meio” da alça: urina hipertônica
• Porção ascendente da alça de Henle: impermeável à água, permeável ao sal
• Ramo espesso do túbulo distal: reabsorção de 25% de sódio – urina hipotônica
• Túbulo contorcido distal: reabsorção de 5-10% de sódio
• Ducto coletor: reabsorção de 2-5% de sódio
Aparato justaglomerular
A mácula densa consiste em células diferenciadas do túbulo distal, composta por
quimiorreceptores. A queda na concentração de Na+ sinaliza para células justaglomerulares
(mecanorreceptores), que aumentam a secreção de renina.
Túbulo proximal
A água sai por osmose, já que a região medular tem alta osmolaridade.
Cinquenta por cento dessa reabsorção ocorre de maneira paracelular, devido à diferença de
potencial transepitelial (70mV na membrana apical e 60 mV na membrana basolateral).
+ reabsorção de Ca2+ e Mg2+ por esse meio
Também ocorre perda de potássio, devido a um canal na membrana apical.
• Simportador Na+/K+/2Cl- na membrana apical (entrada dos íons na célula)
• Na+/K+/ATPase na membrana basolateral (saída de 3 Na+ e entrada de 2K+)
Túbulo distal
Reabsorção de 3 a 10% de sódio e cloreto
Diuréticos
Inibidores da anidrase carbônica
Acetalozamida
• Mecanismo de ação: inibe anidrase carbônica citoplasmática e apical, resultando em:
o Excreção de 5% de Na+
o Excreção de 35% de HCO3- (↑pH urinário)
o Excreção de 70% de K+ → hipocalemia intensa → arritmia cardíaca
• Efeitos:
o Efeito diurético auto-limitado
o Acidose metabólica – diminuição da reabsorção de bicarbonato
o Hipocalemia
• Uso terapêutico:
o Glaucoma – uso tópico
o Alcalose metabólica – dose única
o Intoxicação com fármacos ácidos – alcalinização urinária
Diuréticos osmóticos
Manitol e glicerina
• Mecanismo de ação: aumenta a osmolaridade do filtrado (?), diminuindo a diferença entre
túbulo e medula, resultando em:
o diminuição da reabsorção e aumento da secreção de água
• Efeitos: excreção de Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO3-
• Uso terapêutico:
o Edema cerebral: ↓ pressão IC pré-cirúrgico
o Fase precoce da insuficiência renal aguda
• Administração IV para o manitol
Diuréticos de alça
Furosemida
• Mecanismo de ação: inibe simportador Na+/K+/2Cl- (transcelular) e bloqueia transporte
paracelular, resultando em:
o maior excreção de Na+, K+, Cl-, Ca2+ e Mg2+
• Efeitos: eliminação de 15 a 25% de Na+
• Usos terapêuticos:
o Edema pulmonar agudo associado a doença renal
o Edema devido a doença renal aguda
o Edema/ascite devido a doença renal crônica
o Edema associado a insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
o Hipertensão (uso limitado pelo curto tempo de meia vida)
• Efeitos colaterais:
o Hipocalcemia (podendo levar a osteoporose)
o Hipomagnesemia e hipocalemia (podem induzir arritmias cardíacas)
o Hiperuricemia (hipovolemia leva aumento da reabsorção de ácido úrico, causando
gota)
o Ototoxicidade
Diuréticos tiazídicos
Agem no túbulo distal
Hidroclorotiazida e Clortalidona
• Mecanismo de ação: bloqueia simportador Na+/Cl-, aumentando a excreção de Na+ (5%) e
de Cl-
• Usos terapêuticos:
o Edema – de diferentes causas
o ICC
o Hipertensão – 1x ao dia
• Efeitos colaterais (relativamente raros)
o Hipercalcemia (antiporte cálcio-sódio para atingir homeostase, já que a entrada de
sódio havia sido bloqueada) – pode ser utilizado em osteoporose
Agentes poupadores de K+
Amilorida
• Mecanismo de ação: bloqueia canal de Na+ no ducto coletor, fazendo com que não haja
entrada de K+ pela bomba sódio/potássio na membrana basolateral
• Uso terapêutico:
o Associado principalmente a diuréticos de alça, pois diminui hipocalemia e
aumenta resposta diurética
o Tratamento de edemas, ICC e hipertensão
Espironolactona
• Age na parte terminal do túbulo distal e no ducto coletor
• Mecanismo de ação: é um antagonista do receptor de aldosterona, diminuindo a
reabsorção de sódio e aumentando a secreção de potássio
• Uso terapêutico:
o Associado principalmente a diuréticos de alça, pois diminui hipocalemia e
aumenta resposta diurética
o Tratamento de edema, hipertensão e hiperaldosteronismo
• Efeitos colaterais: associados a sua afinidade por receptores de esteroides (tem efeito
antiandrogênico e antimineralocorticoide, sem atividade estrogênica ou glicocorticoide)
o Ginecomastia
o Impotência
o ↓ libido
o ↓ hirsutismo (excesso de pelos) utilizado como terapia
o ↓ distúrbios menstruais (SOP)
Aula 3- Farmacologia do Ritmo Cardíaco: Fármacos
Antiarrítmicos
Propriedades do coração
Histologia
cardiomiócitos +fibroblastos (poucos, na matriz) + colágeno (compõe a matriz)
Cardiomiócitos se dividem em:
• Células musculares
o Responsáveis pela função contrátil
• Células nodais
o Marca-passo cardíaco, responsáveis pela função elétrica
Fisiologia
Potencial de ação nas células não marca-passo
• Recuperação: os canais vão voltando para o repouso à medida que o potencial diminui
Arritmia
Distúrbio da frequência, do ritmo ou do padrão das contrações cardíacas
Ritmos lentos
• Bradiarritmia, FC baixas (<60bpm)
• Precipitantes: atividade colinérgica, hipercalemia (ex.: antagonistas ECA)
• Arritmia associada a:
o Bloqueio de condução
o Batimentos de escape ou ectópicos (marca-passos secundários ou células latentes)
o Assistolia → parada cardíaca
• Tratamento não-farmacológico: marca-passo
Ritmos rápidos
• Taquiarritmias, FC elevadas (>100bpm)
• Precipitantes: atividade catacolinérgica, hipocalemia (ex.: diuréticos de alça)
• Arritmia associada a:
o Fibrilação atrial → coagulação do sangue → hipertensão pulmonar, AVE,
obstrução do leito mesentérico
o Fibrilação ventricular
• Tratamento da fibrilação ventricular:
o Desfibrilador!
o Cardioversor desfibrilador implantável (CDI)
o Farmacológico
Fármacos antiarrítmicos
Também são arritmogênicos e não melhoram desfecho primário
Outros
Adenosina
• Mecanismo de ação: semelhante à estimulação parassimpática
o Células dos nodos SA e AV: A1 → ↓AMPc → ↓frequência de disparos
o Células do músculo liso vascular: A2 → ↑AMPc → vasodilatação (melhora quadro
de arritmia por isquemia)
o Plaquetas: A2A → ↑AMPc → inibe a agregação plaquetária
• Indicação: cessar crise de taquicardia supraventricular paroxística
• Reações adversas: rubor, cefaleia, dor torácica, broncoconstrição
Cloreto de magnésio
• Compete com íons Ca2+
• Usados para Torsades de Pointes
AUTOMATICIDADE CONDUTIBILIDADE REFRATARIEDADE
Classe Ia ✓ ✓ ✓
Classe Ib ✓ ✓
Classe Ic ✓ ✓
Classe II ✓ ✓
Classe III ✓
Classe IV ✓ ✓
Adenosina ✓ ✓
Mioproteínas cardíacas
• Miosina + actina
• Movimentação depende de Ca2+ (inotrópico positivo) e ATP. O íon cálcio interage com
outras proteínas, expondo a actina, e é um cofator, modulando força de interação
• Troponina
o C: Ca2+
o T: contato com tropomiosina
o I: inibitória – REPOUSO. É um bom marcador de lesão cardíaca
Regulação da contratilidade
Movimento de Ca2+
Fontes de Ca2+ para a contração cardíaca:
• Meio extracelular (cálcio desencadeante, agonista do receptor do retículo
sarcoplasmático)
• Retículo sarcoplasmático (RyR – agonistas: Ca2+, ianodina, cafeína)
↑ Ca2+ em 10000x → SÍSTOLE
Relaxamento: hidrólise do ATP
• SERCA (ATPase do retículo): recaptação de Ca2+ para dentro do retículo
o garante que o ciclo cardíaco se perpetue
o ↑ captação de Ca2+ = inotropismo + na próxima sístole
o duração da contração depende de cálcio no citosol
Débito cardíaco
Coração insuficiente:
• pré-carga alta = + trabalho
o venodilatador
o diurético (↓ volemia). Ex.: Furosemida I.V. para emergências
• pós-carga alta
o vasodilatadores
▪ Losartana (antagonista de AT1)
▪ Captopril (inibidor da ECA)
▪ Propranolol (antagonista β): reduz RVP, pois inibe estimulação simpática.
Indicado para indivíduos com insuficiência crônica
▪ Hidralazina (vasodilatador direto)
• BAIXO DÉBITO CARDÍACO
o Pode causar insuficiência renal e hepática, isquemia no SNC e baixa perfusão
cardíaca (sinal clínico de hipoperfusão: paciente frio)
o Congestão causada por descompensação cardíaca esquerda: edema pulmonar
o Congestão causada por insuficiência direita: jugular dilatada, edema de membros
Insuficiência cardíaca
Síndrome clínica complexa na qual o coração é incapaz de manter um débito cardíaco suficiente
para atender às necessidades metabólicas e acomodar o retorno venoso.
Glicosídeos cardíacos
Compostos naturais obtidos da Dedaleira.
Digitoxina e Digoxina
• Mecanismo de ação: inibição da bomba de Na+/K+ ATPase
o ↓ extrusão de Na+
o ↓ extrusão de Ca2+ pelo antiporte Na+/Ca2+
o ↑ reservas de Ca2+ intracelulares → captação de Ca2+ pelo retículo, via SERCA
• Efeitos:
o inotropismo + (próxima sístole)
o lusitropismo + (aumento da capacidade de relaxamento cardíaco)
Não ocorre alteração global da concentração de Na+ intracelular porque a isoforma da bomba
Na+/K+ mais inibida pela Digoxina é a que está mais próxima do túbulo T (região de proximidade de
membranas → plasmerossoma)
• Outros efeitos:
• Efeitos adversos:
o cardíacos: arritmias
o centrais: distúrbios da visão, excitação da área postrema → náuseas e vômitos
• Tratamento da intoxicação por digitálicos: anticorpos anti-digoxina
• Interações medicamentosas:
o Competição com o K+ pelo mesmo sítio, logo:
▪ Hipercalemia: redução do efeito dos digitálicos (ex.: diuréticos de alça e
tiazídicos)
▪ Hipocalemia: aumento do efeito dos digitálicos (ex.: iECA, antagonistas
MR)
▪ Monitorar potássio sérico e ajustar a dose do digitálico. Em caso de
hipocalemia, considerar redução de K+ ou associar diurético poupador de
K+
Digoxina tem baixo índice terapêutico!
Agentes inotrópicos
São utilizados em emergências.
1- Agonistas dos receptores β-adrenérgicos
Dopamina
➢ D1: leito arterial renal → vasodilatação → ↑TFG
➢ β1: coração → ↑força da contratilidade cardíaca arritmias
➢ α1: arteríolas → vasoconstrição → ↑ RVP → trabalho cardíaco
Agente inotrópico positivo, utilizado em ICC e choque
Noradrenalina, Adrenalina e Dobutamina
2- Inibidores de Fosfodiesterase
A fosfodiesterase diminui a quantidade de AMPc, e, logo, de PKA
Amrinone (não comercializado no Brasil), Mirlinone
São inodilatadores:
➢ No músculo cardíaco, PKA fosforilada é inotrópica
➢ No músculo liso, a PKA inibe fator importante na contração → vasodilatadora
3- Sensibilizador do Cálcio
Levosimendana
Interage com proteínas contráteis e expõe o sítio para cálcio.
Efeito sinérgico com fármacos que aumentam a concentração intracelular de cálcio.
Isquemia do miocárdio
demanda de O2 > suprimento de O2
Angina
Manifestação clínica da isquemia
(Má) Evolução da isquemia: infarto do miocárdio
Cardiopatia isquêmica
• Conduta – paciente infartando (quadro agudo) – angina instável + infarto sem supra de ST:
o Morfina (para dor)
o Oxigênio (melhorar suprimento)
o Nitrovasodilatador
o AAs
• Conduta – paciente infartando (quadro agudo) – infarto com supra de ST
o MONA
o Desobstrução
Farmacoterapia
Bloqueadores dos canais de cálcio
Dihidroperidinas: Nifedipina, Anlodipina
Não-DHP: Verapamil, Diltiazem
• Mecanismo de ação antianginosa: bloqueia dos canais de Ca2+ tipo L
• Indicação: não são indicados no tratamento das Síndromes Isquêmicas Miocárdicas
Instáveis (SIMIs) – AUMENTA DEPRESSÃO MIOCÁRDICA; 2a linha para angina estável
• Contraindicações:
o Pacientes com ICC (uso com cautela!)
• Efeito adverso: risco de edema no tornozelo
Antagonistas β-adrenérgicos
Propranolol (não seletivo), Metoprolol (cardiosseletivo), Carvendilol (antagonista α e β), Pindolol
(agonista parcial)
• Indicação: SIMIs e angina estável
• Mecanismo de ação: efeito inotrópico e cronotrópico negativo → ↓trabalho cardíaco e
consumo de O2
• Contraindicação: angina variante (angina por espasmo de coronária) → atua em β2,
responsável por vasodilatação. Assim, não haverá oposição à vasoconstrição causada pelo
receptor α1 → piora da angina.
Nitrovasodilatadores
Nitratos orgânicos (trinitrato de glicerila/nitroglicerina, mononidrato de isossorbida, nitrito de
amila) e nitrato inorgânico (nitroprussiato de sódio)
• Doadores de NO, que atua na enzima GCs. Ocorre conversão de GTP em GMPc e ativação
da PKG, que promove relaxamento nos vasos
• Mais efetivos em veias (venulodilatadores) - ↓ pré-carga em IC e em artéria coronária - ↓
angina
• Nitrato inorgânico
o Nitroprussiato de sódio → NO (vasodilatação) e cianeto (excreção renal)
o Intoxicações por tiocianato (produto do cianeto): anorexia, náuseas, fadiga e
desorientação
o ↓↓↓ pré-carga e ↓ demanda de O2 do miocárdio
o Hipotensor de ação curta (1 a 10 minutos), indicado principalmente em crise
hipertensiva. Administração IV.
• Nitratos orgânicos
o Redução o consumo do O2 cardíaco
o Redistribuição do fluxo coronariano
o Alívio do espasmo coronariano
o ↓ pós-carga e ↓ demanda de O2 do miocárdio
o São fármacos de primeira escolha para tratamento de SIMIs e angina estável
• Limitações quanto ao uso de nitratos orgânicos
o Uso contínuo induz tolerância (↓biotransformação enzimática em NO, ↑espécies
reativas de oxigênio, ↓at. GCs, ↑fosfodiesterases)
o Reações adversas: cefaleias (dilatação de vasos meníngeos), hipotensão postural
• Interação medicamentosa com inibidores da fosfodiesterase V
o Foram desenvolvidos para serem anti-hipertensivos, mas atualmente são
utilizados para ereção peniana (fosfodiesterase V muito expressa no leito vascular
pulmonar e no tecido cavernoso peniano) – Ex.: Viagra ®
o Inibidor de fosfodiesterase V + nitrovasodilatador = efeito sinérgico. ↑GMPc (NO)
e ↓diminuição do GMPc (iPDE V) → ↑↑↑ GMPc
o Resposta hipotensora e piora da perfusão coronariana
Novo agente
Ivabradina
• Mecanismo de ação: bloqueia corrente no nó SA e diminui trabalho cardíaco
• Efeitos adversos: bradicardia sinusal, sintomas visuais
Aula 6- Farmacologia da Coagulação e Trombólise
HEMOSTASIA
HEMORRAGIA TROMBOSE
Hemostasia primária
Formação do tampão plaquetário
1- Vasoconstrição
2- Exposição das plaquetas no local da lesão → ativação
3- Agregação das plaquetas
LESÃO VASCULAR
Hemostasia secundária
Formação do trombo firme, retraído, aderido à superfície endotelial
Ativação da cascata de coagulação
Zimogênios
• Ligados a fosfolipídeos: fatores II (protrombina), VII, IX, X – dependentes de vitamina K
• Ligados à superfície (sistema de contato)
o Calicreína/cinina
o Fator XII
Co-fatores
• Receptores:
o fator tecidual (tromboplastina) – ancora o fator VII, ativando-o
o fatores VIIIa e Va
• Catalizadores:
o Complexo Tenase: fatores IXa (enzima) – X (substrato) – VIIIa (cofator)
o Complexo Protrombinase: fatores Xa (enzima) – II (substrato) – VIa (cofator)
VIA INTRÍNSECA:
Obs.: Quando existe um “a” depois dos algarismos romanos, significa que o fator foi ativado.
• XII → XIIa
• XIIa: XI → XIa (ou seja, fator XIIa ativou fator XI)
• XIa: X→Xa
• Fator Xa: protrombina → trombina
REFORÇA A VIA EXTRÍNSECA!
VIA EXTRÍNSECA – mais importante!
• VIIa (ancorado por tromboplastina): X → Xa
• Xa: protrombina → trombina
• Trombina: fibrinogênio → fibrina
o Monômeros de fibrina formam ligações cruzadas através da reação pelo fator XIII, ativado
pela trombina
Coágulo é um agregado de plaquetas circundado por rede de fibrina.
Observações:
• Soro → fatores de coagulação não preservados
• Plasma → fatores de coagulação preservados
• Vitamina K → ancora fatores II, VII, IX e X na superfície endotelial, potenciando sua
ativação
Fibrinólise e anticoagulação
Anticoagulação = inibição da disseminação da coagulação
• Antitrombina III (AT) – circulante: inativa trombina, fatores IXa, Xa, XIa, XIIa
o Proteoglicanos das CE (sulfato de heparan) catalisam a reação da AT
o Sulfato de heparan presente no endotélio saudável
• Proteína C/ Proteína S (enzima/cofator): inativa os fatores Va e VIIIa
o PC é ativada por trombina + trombomodulina (trombomodulina presente no
endotélio saudável)
o PC e PS são dependentes da vitamina K (a vitamina K, portanto, tem efeito
coagulante e anticoagulante)
o Ausência: estado trombótico avançado
Fibrinólise = dissolução da fibrina intravascular por plasmina. É a degradação do coágulo já
existente.
Trombose
Anti-agregantes plaquetários
Aspirina
• Mecanismo de ação: inibe irreversivelmente e não-seletivamente as cicloxigenases,
inibindo a formação do tromboxano A2 até a morte das plaquetas
• Sobrevida das plaquetas: 10-12 dias
• Indicação: sobreviventes de infarto, devido ao risco de agregação plaquetária
• Efeitos colaterais: úlceras e hemorragia
Antagonistas dos receptores P2Y
• Receptores P2Y são uma família de receptores purinérgicos acoplados à proteína G,
estimulados por nucleotídeos
• Mecanismo de ação: inibem a agregação plaquetária inibida por ADP (ADP diminui o AMPc
– anticoagulante – e aumenta o Ca2+)
• Opção para pacientes com restrição ao uso de AAS
• Efeito adverso: risco hemorrágico
• Indicações: SIMI com supra de ST, risco de AVE e eventos isquêmicos
1) Tienopiridinas
❖ Ticlopidina, Clopidogrel, Prasugrel
❖ Pró-farmacos, antagonistas irreversíveis
❖ Clopidogrel em uso hospitalar
❖ Prasugrel tem alta metabolização, ou seja, alto risco hemorrágico
2) Outros
❖ Ticagrelor
❖ Reversíveis (< risco de sangramento)
❖ ASSOCIADO À REDUÇÃO DA MORTE EM PACIENTE COM SIMIS
Inibidor da fosfodiesterase (PDE plaquetária)
Dipiramidol, Cilostazol (via oral)
• Mecanismo de ação: conserva níveis de AMPc nas plaquetas → ↓agregação plaquetária
• Atividade vasodilatadora → contribui para benefício clínico (x embolização)
• Usados também para tratar angina (embora, paradoxalmente, também possa causa-la:
“sequestro coronário”
• Efeitos antiplaquetários fracos → associação com AAS/Varfarina
• Efeito adverso: risco hemorrágico
Anticoagulantes
Antagonista da vitamina K
Varfarina
• Mecanismo de ação: inibe a redutase envolvida na reciclagem da vitamina K, impedindo a
reação de γ-carbolixação dos fatores II,VII, IX e X
o Vitamina K reduzida é cofator da reação que promove a ancoragem dos fatores de
coagulação. Sem a sua reciclagem, não ocorre essa ancoragem
o Varfarina possui semelhança estrutural com vitamina K
• Reduz a quantidade total de cada um dos fatores hepáticos dependentes de vitamina K de
30 a 50%.
• Não atua sobre fatores já formados (latência para efeito dos fármacos: 2 a 3 dias)
• Tem baixo índice terapêutico – monitorização com tempo de protrombina
• Farmacocinética
o alimentos podem diminuir absorção (absorção no TGI)
o alto tempo de meia vida (36h) → efeitos continuam até 5 dias do fim do
tratamento
o interações farmacológicas com indutores da CYP como barbitúricos, rifampicina,
etanolol (metabolização por CYP2D9)
• Interação relevante: alimento (com vitamina K) x medicamento
o deficiência da vitamina K potencializa medicamento
o antibióticos → ↓microbiota intestinal → ↓vitamina K
o Cefalosporinas → x redutase da vitamina K
• Efeitos adversos e toxicidade
o Hemorragias intestinais e cerebrais – revertidas com vitamina K1
o Anticoagulantes orais NÃO devem ser utilizados durante a gravidez (efeitos
congênitos e aborto, riscos de hemorragia fetal/neonatal)
Heparina
Superfície onde se dá a inibição
• Mecanismo de ação: favorece o mecanismo de anti-coagulação (ativa AT)
o Heparina atua como molde catalítico onde se ligam a trombina ou os fatores da
coagulação + antitrombina III
o Efeito anticoagulante pela inibição do fator Xa pela antitrombina
• Heparina de baixo peso molecular mais seletiva para fator X do que para trombina
o Dalteparina, enoxaparina, nadroparina (I.V. e S.C.)
• Inibidor seletivo do fator X – menor necessidade de monitoramento (S.C.)
o Fondaparinux
• Indicações: extensas: prevenção de trombos – embolia pulmonar, SIMIs...
• Reações adversas:
o hemorragias (revertidas por sulfato de protamina)
o Síndrome de Trombocitopenia induzida por heparina – revertida após suspensão
o Trombose (depleção de proteínas C e S)
• Pode ser utilizada durante gravidez
Inibidores da trombina
• Mecanismo de ação: inibe diretamente a trombina, impedindo suas ações (formação do
coágulo de fibrina)
• Fármacos: derivados da Hirudina
o Dabigatrana (P.O.)
Trombolíticos
Agentes que lisam trombos formados (trombos novos, até 72h)
Estreptoquinase
Uso hospitalar
• Mecanismo de ação: forma complexo com plasminogênio, expondo sítio ativo
• Indicações: tratamento emergencial das SIMIs com supra de ST e embolia pulmonar
• Efeitos adversos:
o sangramentos
o potencial antigênico → risco de anafilaxia
Análogos de t-PA
• Mecanismo de ação: ativam a conversão de plasminogênio em plasmina, causando
fibrinólise. É ativado por fibrina
• Indicações: mesmas da estreptoquinase
• Efeitos adversos:
o sangramentos
o antigenicidade → menor do que estreptoquinase
• Alteplase, Tenecteplase
Inibidores da fibrinólise
Para reverter hemorragias causadas por anticoagulantes e fibrinolíticos
Protamina
• Mecanismo de ação: forma complexo com heparina, inativando-a
• Administração IV
• Pouco ativo contra heparinas de baixo peso e seletivas para fator X
Inibidores da plasmina
• Mecanismo de ação: análogos de lisina, que impedem a interação de plasmina com a
fibrina
• Ácido aminocaproico, ácido tranexâmico
Aprotinina
Peptídeo, administração IV.
• Mecanismo de ação: inibidor de serino-protease (inibe plasmina)
• Efeito adverso: anafilaxia