Doenças Virais

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DOENÇAS VIRAIS

MEDICINA VETERINÁRIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS
VÍRUS CONCEITOS IMPORTANTES:
 Infecção: A infecção é mais
 Os vírus são capazes de infectar todos os comum, mas não
animais, incluindo o homem, bactérias, amebas necessariamente a doença será
e plantas, ou seja, todos os seres vivos. apresentada. A maior parte da
 Além de causarem doenças eles estão população exposta não será
encrustados no DNA humano e de outros infectada, uma parte um pouco
animais. O Retrovírus, por exemplo, implanta menor será infectada, mas não
seu DNA na célula do hospedeiro causando apresentará a doença, uma
mudanças nas células e atualmente 8% das terceira parcela apresentará a
células humanas possui genes originados pelo doença leve, uma quarta é a
vírus. Esta mudança permitiu uma certa doença moderada, quinta doença
imunossupressão da fêmea durante a gravidez severa e apenas uma população
impedindo que ela reconheça o feto como pequena morte (pirâmide). A
corpo estranho podendo causar aborto. infecção subclínica só pode ser
 São utilizado em laboratórios em testes com RT diagnosticada através do
ou bacteriófagos, na medicina humana utiliza- diagnóstico laboratorial, estes
se microbiota fecal e na agricultura para indivíduos são importantes pois
controle de pragas. disseminam vírus.
 São parasitas intracelulares obrigatórios,
 Doença: É a manifestação de
compostos por material genético de DNA ou
sinais clínicos.
RNA, são recobertos por um capsídeo proteico
e podem ter uma membrana externa chamada
envelope.
 O vírus possui duas fases, a primeira é o vírus
fora da célula do hospedeiro, chonhecido como
vírion (partícula viral completa e infecciosa) e a
segunda fase quando parasita uma célula e
exerce sua capacidade máxima de replicação
utilizando o aparato celular do hospedeiro,
neste momento é denominado vírus. Alguns
pesquisadores não consideram o vírion um ser
vivo, pois não consegue se replicar.
 São organismos minúsculos, por exemplo, uma
cabeça de alfinete possui aproximadamente
2mm, e nela cabem cerca de 500 milhões de
partículas de rinovírus. Um espirro, pode
infectar milhares de pessoas. Um eritrócito tem
10000nm de diâmetro, a E. colli possui
aproximadamente 3000nm, o vírus da varíola
possui 200-300nm, o vírus do Tobacco possui
15-300nm, vírus da poliomielite 30nm.
 Até 2003 afirmava-se que não era possível
observar vírus no microscópio, porém em 2003
descobriram-se os vírus gigantes entre 0,4-0,6
micrometros até 2 micrometros, infectam
amebas. Mas os vírus de importância clínica
humana e veterinária não são passíveis de
observar na microscopia óptica, apenas na
microscopia eletrônica.
 Em 2008 encontrou-se o Sputinik vírus, que é
um vírus capaz de infectar outros vírus,
chamado vírusfago. Determinando que os vírus
são organismos vivos e capazes de serem
infectados por outros microrganismos.
 Nem todos os vírus são circulares, eles possuem
formados diversos, como o vírus da raiva com
formato de bala, e outras formas.
 Como dito, os vírus podem ser envelopados ou
não envelopados, os não envelopados são mais
simples compostos apenas do ácido nucléico e
capsídeos. Já o vírus envelopados são mais
complexos, possuem o ácido nucléico envolto
pelo capsídeo proteico que é envolto pelo
envelope (lipoproteica, sendo que o lipídeo é
originado da célula do hospedeiro).
 Alguns vírus possuem o ácido nucléico muito
íntimo ao capsídeo sendo chamado
núcleocapsídeo.
 Os vírus envelopados (coronavírus, SARs COV,
cinomose e outros) são sensíveis a sabonetes e
detergentes, pois dissolve a camada
lipoproteica, sendo assim, mais sensíveis e
reduzindo a transmissão indireta, exceto em
locais populosos e com grande carga viral.
 As funções do capsídeo incluem:
Empacotamento e proteção do ácido nucléico,
ligação e penetração do vírus nas células (vírus
não envelopados, nos vírus envelopados as
proteínas dos envelopes realizam a ligação), são
alvos de anticorpos (vírus não envelopados, nos
vírus envelopados as proteínas dos envelopes
que são alvos).
 O capsídeo pode ter formato helicoidal ou
icosaédrico, pode ter esse formato em vírus não
envelopado ou envelopado. O capsídeo
icosaédrico possui diferenças na conformação
das proteínas formando diversos formatos de
capsídeos, mas que são mais arredondados
possível. O vírus da febre aftosa possui 4
proteínas (VP1, VP2, VP3, VP4) formando um
icosaédrico. Este formato é importante para o
estímulo da resposta imune, pois o organismo
do animal reconhece este formato como um
elemento estranho e gera uma resposta imune.
Quando a vacina para a febre aftosa se aquece
ou seu pH cai o pentâmero perde a conformação
inicial do icosaédrico, e o sistema imune não
gera a resposta vacinal esperada.
 O envelope viral é um pouco mais complexo,
ele é formado quando as proteínas virais se
aderem na célula do hospedeiro e adere os
lipídeos da membrana em suas proteínas
formando o envelope. Ele possui inúmeras
funções como (completar aqui com slide).
 O envelope viral é um pouco mais complexo,
ele é formado quando as proteínas virais se
aderem na célula do hospedeiro e adere os
lipídeos da membrana em suas proteínas
formando o envelope. Ele possui inúmeras
funções como (completar aqui com slide).
 Na célula dos eucariotos a DNA polimerase
replica o DNA, e a RNA polimerase transcreve
o DNA para RNA e os ribossomos traduzem o
RNA e sintetizam proteína. Os retrovírus
possuem uma enzima chamada Transcriptase
reversa e sintetizam DNA à partir de RNA para
realizar sua replicação.
 Existem 7 genomas virais diferentes
representado pelo esquema de Baltimore Sheme
e eles são divididos de acordo com a técnica
utilizada para sintetizar proteínas virais:
Grupo 1 (poxvírus): Vírus que possuem fita dupla
de DNA, com polaridade positiva e negativa, são
vírus que prontamente funcionam como RNA
mensageiro.
Grupo 2 (parvovírus): Vírus que possuem fita
simples de DNA, com polaridade positiva, se
transforma em fita dupla para produzir RNA
mensageiro.
Grupo 3 (rotavírus): Molécula de RNA de dupla fita
com as duas polaridades, são vírus que prontamente
funcionam como RNA mensageiro.
Grupo 4 (coronavírus): Moléculas de RNA de fita
simples, polaridade positiva, formam um RNA
intermediário de polaridade negativa para formar
RNA mensageiro.
Grupo 5: Moléculas de RNA de fita simples,
polaridade negativa, são vírus que prontamente
funcionam como RNA mensageiro.
Grupo 6: Molécula de RNA de fita simples,
polaridade positiva, produz uma fita de DNA para
depois produzir RNA mensageiro.
Grupo 7: Molécula de RNA com partes de fita
dupla e partes de fita simples, eles se transformam
completamente em fitas duplas, por transcrição
reversa, para produzir RNA mensageiro.
 Quanto maior for o genoma, maior a taxa de
mutação viral, os vírus RNA possuem maior
taxa de mutação também seguido pelo DNA
de fita simples e por último de fita dupla. E
após os vírus encontram-se as bactérias.
 Outra grande diferença entre os vírus e as
bactérias, é a progressão da multiplicação,
onde, na bactéria é uma progressão contínua
através da fissão binária. Já os vírus
possuem um período de eclipse, onde não se
observa nada, e não há aumento de
partículas infecciosas, e de repente uma
grande quantidade de partículas virais
surgem rapidamente. Isso ocorre, pois, os
vírus se replicam por agrupamento de
componentes virais pré-formados em muitas
partículas, não se dividindo por bipartição
como é o caso das bactérias.
 O genoma viral realiza replicação do
genoma através das polimerases e proteínas
acessórias, regulação e timing para
replicação, subversão e modulação das
funções celulares de acordo com sua
necessidade, empacotamento dos novos
genomas pelo capsídeo e/ou envelope.
 O genoma possui proteínas estruturais que
são aquelas que fazem parte da arquitetura
da partícula viral (capsídeo e envolope), e
não estruturais que são proteínas com
atividade enzimática/regulatória.
 O ICTV (International Committee on
Toxonomy of Viruses) que regula como será
realizada a classificação taxonômica dos
vírus, sendo feitos reportes anuais
atualizados, o mais novo é de 2020 já
atualizado com o novo SARS-COV. É
basicamente formada de Ordem, Família,
Subfamília, Gênero e Espécie, mas pode ser
maior, como é o caso dos coronavírus. Nos
vírus a nomenclatura é dada em inglês,
mesmo que cada local tenha nomes
regionais não oficiais. Para a classificação
são consideradas características
morfológicas, genéticas e biológicas.
Atualmente existem mais de 2600 espécies
virais, com mais de 35000 cepas virais e
este número é crescente constantemente.
Métodos diagnósticos para doenças virais
A maioria dos sinais clínicos observados em doenças
virais são consequência da resposta do hospedeiro à
uma lesão celular e tecidual como resultado direto da
replicação do vírus ou da resposta imune do
hospedeiro. Antes de escolher um teste é importante
considerar qual amostra deve ser coletada (Como
coletar? Onde guardar? Como transportar? Quanto
Microscopia eletrônica de coronavírus
tempo a amostra pode ser guardada? Ideal armazenar
SARS-CoV 2.
para vírus RNA por apenas 72 horas de refrigeração,
mais que isso acondicionar em gelo seco, já vírus DNA
pode ser refrigerado por até 7 dias), deve ser feito
detecção de anticorpo ou antígeno (se houver vacinação
não faz sentido buscar anticorpo, deve se pesquisar
antígeno para determinar infecção, depende do
patógeno), o teste deve ser eficaz para detectar o(s)
vírus de acordo com a suspeita clínica. Sensibilidade Isolamento em cultivo celular para
analítica é a capacidade de um teste detectar pequenas identificação de vírus.
quantidades do agente e seus produtos, já a
especificidade analítica é a capacidade de um teste em
detectar um determinado vírus, ou seus produtos e
distingui-los de outros, mesmo que semelhantes.

MÉTODOS DIRETOS:
 Identifica o próprio patógeno, o material
genético do patógeno ou algum antígeno, é mais
específico.
 Microscopia eletrônica: permite visualização
das partículas virais coradas com metais
pesados em um microscópio ultrapotente. É
rápida (poucas horas), detecta vírus viáveis e
inviáveis, é útil para vírus que não replicam em
cultivo celular e permite a identificação do
agente. É limitada por necessitar de um
equipamento caro, exige pessoal treinado, baixa
sensibilidade (pode ser coletados áreas sem
vírus), aplicação restrita a alguns vírus
(infecções entéricas – rota, corona, astro;
cutâneas – pox e herpesvírus).
 Isolamento em cultivo celular: observa-se o Teste de hemaglutinação.
efeito citopático e/ou detecção de produtos
virais após sua multiplicação em células de
cultivo. É uma técnica sensível, o agente fica
disponível para estudos posteriores (pode ser
congelada em freezer -80ºC), possui execução
simples. Possui restrições pois é demorado
(semanas), não é aplicável a alguns vírus como
coronavírus causador da PIF, somente detecta
vírus que estejam viáveis, pode ocorrer
contaminação bacteriana e fúngica. Todos os
vírus que replicam em cultivo celular podem ser
diagnosticados por cultivo e qualquer material
clínico pode ser submetido ao isolamento. Vírus
que não causam efeitos citopáticos necessitam
de outras técnicas.
 Hemaglutinação: observa-se a capacidade do
vírus de se ligar às moléculas da membrana
plasmática dos eritrócitos permitindo
hemaglutinação. As hemácias são de galinhas,
coelhos e cobaias. O teste é feito numa placa
com vários poços que possuem fundo de funil,
quando ocorre hemaglutinação forma-se um véu
quando se joga este material no poço as
Teste de imunofluorescência direta
hemácias ficam soltas e se espalham pelo poço.
Quando não há vírus as células se unem e
formam uma região acumulada de hemácias,
vermelha (similar a um botão), este é o
resultado negativo. É uma técnica rápida, boa
sensibilidade e especificidade, fácil execução.
Mas é aplicável a um grupo restrito de vírus que
provocam hemaglutinação, a hemaglutinação
inespecífica pode ocorrer (outro vírus que
provocam hemaglutinação confundindo os
resultados positivos), necessidade de espécies
doadoras e não é automático. Ela é aplicável a
Teste rápido
vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos
imunoenzimático/cromatográfico
(adeno, corona, parainfluenza 3 para bovinos; e
outros – slide).
 Imunofluorescência e imunoperoxidase:
proteínas virais são detectadas por anticorpos
específicos com um marcador fluorescente
(IFA) ou com enzima (IPX). É uma técnica
rápida (minutos-horas), simples, de baixo custo,
boa sensibilidade e especificidade, detecta vírus
inviável, pode informar sobre sorotipos,
disponível em kits. Aplicável a todos os vírus,
pode ser feita de forma direta (sem anticorpo
secundário) ou indireta (com anticorpo
secundário). Na imunofluorescência é
necessário microscópio de fluorescência
(equipamento caro), na imunoperoxidase pode
ser utilizado microscópio óptico simples. Pode Imunodifusão em gel de ágar
causar reações inespecíficas, algumas células
emitem fluorescência natural (eritrócitos de
onças emitem uma fluorescência natural quando
se utiliza o microscópio de fluorescência), para
alguns vírus não há reagentes disponíveis. É
aplicável para qualquer vírus que possua o
anticorpo específico. Pode ser feito com
material (fresco, congelado, resfriado).
 Testes imunoenzimáticos/cromatográficos:
identifica a presença de antígeno que reage com
anticorpo específico imobilizado ou após
migração, é revelada pela mudança de cor. É
simples e prático, disponível em kits, são
rápidos, boa sensibilidade e especificidade, não
é automatizado. Possui uma especificidade e
sensibilidade podem deixar a desejar, custo alto
por amostra. É aplicável para vários vírus e
muito difundido na clínica. A reação
imunoenzimática envolve a ligação anticorpo-
antígeno, é feito 2 lavagens e essa reação cora.
Já o imunocromatográfico não é lavado e a
própria ligação cora o teste.
 Detecção de ácidos nucleicos (PCR e
hibridização): os ácidos nucleícos virais são
detectados por sondas marcadas (hibridização)
ou após amplificação por reações enzimáticas
(PCR). São técnicas específicas, sensíveis,
feitas com amostras em quantidades mínimas,
pode ser aplicado a todo vírus que tenha
conhecimento de seu genoma, é uma técnica
rápida e automatizada (PCR), pode ser
quantitativa (qPCR). A hibridização é feita com
uma sonda que que possui inúmeros ácidos
nucleicos em sequência específica com um
marcador fluorescente na ponta, esses ácidos se
ligam ao genoma viral e provoca a
fluorescência. A PCR é feito através da extração
de material genético (RNA e/ou DNA), através
de qualquer material e ao final observa-se uma
suspensão de ácidos nucleicos, em seguida é
feito uma mistura com componentes do PCR.
Em seguida esta amostra é colocada no e
coloca-se no termociclador realiza a
desnaturação do genoma (90ºC), anelamento
quando os primers (sequências de nucleotídeos
que identificam os nucleotídeos virais)
identificam a região alvo, se liga em
extremidades opostas e se anelam (56ºC) e por
fim uma extensão (72ºC) a enzima polimerase
completa os nucleotídeos a partir do primer
formando duas fitas complementar a fita alvo
do patógeno. Este processo repete-se entre 45-
50 vezes replicando o DNA e amplificando o
sinal. Com o passar dos ciclos as fitas vão
ficando mais curtas se focando na fita alvo. Por
fim passa-se esse material no equipamento de
eletroforese junto com o controle positivo e
negativo. A PCR em tempo real (qPCR) permite
quantificação utiliza-se um aparelho, um
termociclador, que detecta fluorescência e passa
para o computador com um programa próprio
que cria um gráfico. A principal restrição da
técnica é um custo um pouco mais elevado em
relação as demais, mas normalmente não possui
custos elevados, exceto em casos como a
pandemia de COVID-19, requer equipamento e
pessoal treinado, o equipamento de PCR em
tempo real custa cerca de 250 mil de reais. É
aplicável virtualmente a todos os vírus
conhecidos, desde que seu genoma seja
conhecido, pode ser realizada em qualquer
amostra clínica. PCR-RT refere-se a
transcriptase reversa presente nos retrovírus, a
polimerase não reconhece a uracila do RNA,
portanto, primeiramente é feito o contato com a
transcriptase reversa (retrovírus de
camundongo) para transformar o RNA do vírus
em DNA e posteriormente realizar o PCR ou
qPCR normalmente. Pode ser feito de uma vez
e colocar-se no termociclador uma (reduz erros
do operador, menor contaminação e mais
sensível) ou em duas etapas, o qPCR é mais
sensível e rápida e possui menor chances de
contaminação e confusão entre amostras e erros
pessoais.

MÉTODOS INDIRETOS:
 Identifica anticorpos secundários (IGm recente,
IGg memória), essa técnica perde a
especificidade, mas é mais facilmente
encontrado. Procura-se na amostra a resposta
imunológica do animal.
 Imunodifusão em gel de ágar: é feito em placa
de petri ou lâmina de vidro, o principio é a
observação de linhas de precipitação pela
reação antígeno anticorpo. É um teste simples
que obtém resultados em cerca de 24-48 horas,
mas não é muito seletivo ou específico. Coloca-
se sobre a superfície um poço de antígenos, e
um poço com o material que se espera que tenha
anticorpos, então, se o material tiver anticorpos,
ele irá se unir aos antígenos no centro formando
uma linha no centro que é observada
macroscopicamente. Normalmente são feitos 7
poços, 3 controles, o antígeno no centro e entre
os controles utiliza-se o soro de até 3 animais
que se deseja testar. A linha formará em
amostras positivas. Possui restrições pois
podem ocorrer reações inespecíficas
frequentemente, sensibilidade limitada,
qualidade do antígeno é crítica, somente
qualitativa. Pode ser utilizado para diagnósticas
AIE, língua azul, leucose enzoótica bovina e
influenza aviária.
 Soroneutralização: os anticorpos presentes no
soro previnem a replicação do vírus e a
produção de efeitos citopáticos em cultivos.
Precisa de um vírus suspeito, utiliza-se uma
suspensão do vírus (sobrenadância) e coloca-se
em contato com o tapete celular do animal que
se deseja testar. Se não ocorrer efeitos
citopáticos indica que o animal é positivo, pois
ele teve reação dos anticorpos evitando os
efeitos citopáticos. Pode ser utilizada em vírus
que não causam efeitos citopáticos, mas é mais
usada na pesquisa, pois necessita de duas
técnicas (imunofluorescência ou
imunoperoxidase). É sensível e específica, custo
reduzido, pode fornecer uma resposta
qualitativa e quantitativa com diluição seriada.
Mas exige cultivos celulares, implementação e
execução pode ser problemática e pode ocorrer
contaminação bacteriana. Alguns soros podem
ser tóxicos, mas é raro, e podem interferir no
resultado. Esta técnica detecta somente
anticorpos neutralizantes. Pode ser utilizado em
todos os vírus que se replicam em cultivo.
OBS: Necessita de um tempo para que o sistema imune
produza anticorpos, o tempo depende do tipo de doença
e alguns animais podem não produzir anticorpos contra
a infecção por alguma alteração imune.

 ELISA: anticorpos presentes no soro se ligam


em antígenos imobilizados em placas de
poliestireno e são detectados anti-anticorpo
conjulgados com enzimas. É uma técnica rápida
(2-3 horas), sensível e específica,
automatizável, disponível em kits e pode
detectar classes específicas de anticorpo como
IgG e IgM. A técnica de laboratórios necessita
de equipamentos específicos, e os kits podem
ter custo alto, não está disponível para todos os
vírus, a qualidadade do antígeno é crítica
necessitando trabalhar com laboratórios bons
para evitar antígenos de má qualidade. Pode ser
usada para inúmeros vírus, pode ser qualitativa
(kits e laboratório), quantitativa (laboratório).
 Imunocromatografia para anticorpo: reage o
anticorpo com o antígeno e ocorre mudança de
cor, é simples e prática, disponível em kits,
rápida, boa sensibilidade e especifidade. Não é
automatizável, especificidade e sensibilidade
pode deixar a desejar, o custo individual é alto.
 Inibição da hemaglutinação: os anticorpos
antivirais impedem a atividade hemaglutinante
dos vírus. São colocados poços com suspensão
de vírus e soro, se o animal apresentar anticorpo
(positivo) não haverá atividade hemaglutinante,
pois os anticorpos vão inibir a ação do vírus,
formará o botão. É uma técnica rápida, sensível
e específica, custo baixo. Mas só pode ser
utilizado para vírus hemaglutinantes, necessita
de manter animais para doar o sangue,
inibidores específicos podem dar falso-
positivos, não é automatizável. Pode ser
utilizado em doenças hemoaglutinantes de aves
e mamíferos.
VACINAS VIRAIS
As vacinas são compostas por microrganismos vivos ou mortos. Existem dois tipos de imunização:
1. Passiva: anticorpos pré-formados, é dividida como natural (placenta, colostro ou gema), aplicação de
globulinas. Produz uma resposta imediata, mas de curta duração, sem memória, importante para neonatos,
atua contra patógenos que são pouco imunogênicos ou que não se tem vacina.
2. Ativa: anticorpos que vão ser formados, é dividida de acordo com sua origem por infecção ou vacinação,
produz uma resposta não imediata, mais efetiva e duradouro, produz anticorpos de memória.
Em homens, primatas, roedores e carnívoros a placenta permite a transferência de imunoglobulinas e
apenas um pouco é transferido por colostro. Em ruminantes, equídeos e suídeos a placenta não permite esta
transferência e o colostro deve ser ingerido nas primeiras horas de vida garantindo que o intestino ainda é
permeável a estas imunoglobulinas. A transferência de anticorpos da mãe para o feto/filhote depende da
qualidade da imunidade da mãe e da quantidade e qualidade do colostro. A imunidade colostral é dividida
em:
1. Sistêmica: A IgG é absorvida pelo intestino e atingem a corrente sanguínea.
2. Local: A IgA é absorvida pelo intestino e produz imunidade local.
Quando o animal ainda tem anticorpos maternos o ideal é não vacinar, pois a vacina irá consumir os
anticorpos maternos e prejudicar a vacinação. Portanto, recomenda-se vacina após a 8ª semana. Caso o
animal não tenha a imunidade materna adequada ele deve ser vacinado mais jovem. Existe uma janela de
susceptibilidade que é quando os anticorpos maternos decaíram e já não mais protegem o animal, mas
ainda interferem na vacinação. Esta janela de susceptibilidade sempre existirá, portanto, o filhote deve ser
restringido de contato no momento da vacinação, apenas após os anticorpos vacinais começarem a serem
efetivos em sua proteção.
Soros hiperimunes: Soro total ou semipurificado ou IgG obtidos de um animal imune que será
administrado em um animal em uma emergência, pois é apenas imunidade passiva. Um exemplo é o CDV
(cinomose) e CPV (parvovirose), administrar em casos onde os indivíduos estão em contato com o vírus e
ainda não estão vacinados. RabV (raiva), pode ser colocado na mordida para formar uma barreira, mas é
mais frequente em pessoas, principalmente expostas em laboratórios ou em campo, em pessoas ou animais
mordidos que foram expostos ao risco. FPLV (panleucopenia felina), não é industrializado, utiliza-se um
gato que foi imunizado e extrai o soro.
O objetivo da vacinação é prevenir o animal de uma infecção, isto é, uma imunidade esterilizante. Mas é
impossível, pois ainda pode ocorrer infecção e replicação viral inicial. Portanto, neste caso previne ou
atenua a doença clínica e suas consequências. Proteger o feto, imunizando as mães em busca de prevenir
infecções que causam abortos, também para proteger os neonatos para que a mãe consiga transferir uma
boa imunidade passiva para o filhote. Outro objetivo é a redução da excreção viral, para reduzir a
disseminação e transmissão. O objetivo é erradicar o agente da população por meio da imunidade de
rebanho, mas na maioria das vezes não é possível. Atualmente a tendência é vacinar contra patógenos que
realmente o indivíduo tem risco de exposição. A imunidade de rebanho define que para doenças
infectocontagiosas o ideal é a vacinação de rebanho onde a % de animais vacinados corretamente é mais
importante do que o número de vacinas fornecidas apenas a um indivíduo. Ela reduz a probabilidade de
surtos de doenças, espera-se entre 80-85% da população vacinada, mas para a erradicação é necessário
100%.
Tipos de vacinas:
1. Vacinas replicativas (vírus vivo): Vírus patogênico, utilizado em ectima contagioso ovino,
parvovirose suína, papilomatose, onde expõe o animal a doença diretamente aos fômites, vacinas
autógenas (verrugas da papilomatose maceradas com inativantes), o maior risco é causar a doença e
outras doenças concomitantes. Vírus heterólogo, é um vírus vacinal apatogênico para a espécie em
que será administrado a vacina causando uma imunidade cruzada, por exemplo rotavírus bovino
para vacinar suínos, poxvírus bovino para vacinar humanos. Vírus atenuado (é o mais frequente)
onde o vírus é cultivado em situações adversas tornando-o não infectante. Modificada por deleção
de genes, utiliza-se um microrganismo e com engenharia genética retira-se o gene que causa
virulência deixando o vírus seguro para ser administrado. Vacinas diferenciais/DIVA, é possível
diferenciar quem é o animal infectado e qual é o vacinado através de marcadores antigênicos
(ELISA), por exemplo a pseudoraiva que a vacinação retira-se a proteína E, e os anticorpos são
produzidos contra a proteína E, através dessa marcação é possível diferenciar o animal infectado
(com proteínas E) do animal vacinado (sem proteínas E). A vacina com vetores virais produz, não
há interferência de anticorpos maternos, é produzido para cinomose, são usados como vetores virais
o poxvírus, herpesvírus e adenovírus. O vetor viral vai transportar uma informação genética do
vírus desejado para a vacina, em seguida ocorre a replicação viral, no caso da cinomose os genes
importantes são os que codificam a F (fusão) e H (hemaglutinina) presentes no envelope do vírus
da cinomose. Ocorre transcrição reversa, neste caso, pois o vírus da cinomose é RNA.
2. Vacinas não replicativas (vírus não vivo): Podem ser nomeadas de vacinas de vírus inativado ou
morto, pode ser feito por inativação química com substâncias como formoaldeido utilizado na
vacina caseira de papiloma, etilenemina, beta-propiolactona. Ou inativação física como radiação
UV, calor e outros. Permanece com a conformação, mas perde o genoma do vírus, é uma forma.
Outra forma é a partículas do vírus-like, onde remove-se o conteúdo interno e mantém o envelope
que será reconhecido e estimular resposta imune. Outra forma são as vacinas de proteína
recombinante, onde são utilizadas cultura de bactérias para replicar o vírus, uma parte do vírus é
introduzida no plasmídeo, esta informação do plasmídeo, o gene que codifica a glicoproteína 70 no
caso de Felv é utilizado, é propagada no cultivo bacteriano e apenas estas proteínas após serem
extraídas e purificadas ficam em suspensão e adicionadas a um adjuvante (saponina, FelV) que
necessita nestas vacinas.
3. Vacinas DNA/RNA: Contém o gene de uma proteína de interesse, a proteína viral é produzida após
sua administração e produz resposta imune humoral e celular. É a melhor opção para organismos
perigosos e difíceis de manipular, pois evita de trabalhar com o vírus infectivo, só existe um
exemplo na veterinária nos EUA que é contra o vírus do Nilo Ocidental. Seleciona um gene que
codifica proteínas importantes do vírus, insere este gene em um plasmídeo (geralmente ocorre em
bactérias, mais comum) que se torna um plasmídeo mutante que será inserido no hospedeiro
gerando as respostas imunes. Pode ser feita com DNA, RNA e RNAm (não há envolvimento do
plasmídeo, só retira-se o RNAm do gene de interesse, encapsula este RNA e faz uma suspensão que
será inserida no hospedeiro que vai entrar nas células do hospedeiro e produzir a proteína de
interesse gerando a resposta imune como na Pfizer).
Comparação entre vacinas vivas e mortas:
COLOCAR TABELA
Optar por usar vacina morta ou inativa em animais prenhes e imunodeficientes sempre que possível, pois
possuem segurança mais precisa. A vacina replicativa em um animal adulto não necessita de mais de uma
dose.
Adjuvantes:
 São substâncias naturais ou sintéticas utilizadas para melhorar ou modular (terminar de copiar).
 Colocar tabela de diferentes adjuvantes, sendo que o hidróxido de alumínio é mais utilizado e eles
agem de forma diferente. Adjuvantes de deposito, fazem depósitos de antígenos para apresenta-lo
lentamente as células. Os adjuvantes estimulantes estimulam células imune.
Causas de falhas vacinais:
 Resposta individual (caso tudo tenha sido feito corretamente): A curva de gals se aplica, onde uma
maioria vai responder a vacinação de forma adequada, alguns indivíduos não respondem por
variações individuais e alguns vão apresentar resposta imune exacerbada. Não é possível proteger
100% de uma população aleatória.
 Fazer fluxograma.
 Administração incorreta: Via de administração incorreta, degradação da vacina viva, administração
a animais protegidos de forma passiva.
 Administração tardia, quando o animal já estava infectado, mas em fase de incubação e não se
observa clinicamente. O uso de cepas ou organismos errados, vacinar cepas frequentes na região. E
o uso de antígenos não protetores, relacionada a erros de laboratórios, mas não é o caso desde que
sejam laboratórios confiáveis.
 Animais que não respondem a imunização, podem ser por diferentes causas: Imunização passiva
ativa (anticorpos maternos consomem os antígenos vacinais prejudicando ambas as imunizações,
pode ocorrer resposta parcial), animal imunossuprimidos (estresse, subnutrição, infecção parasitária
– administrar antiparasitário, doenças concomitantes). Variações biológica próprias e vacinação
inadequada.
Possíveis reações adversas:
 Erros: na fabricação (contaminação viral ou bacteriana, toxicidade atípica ou virulência residual
causando imunossupressão, manifestações clínicas e óbito fetal) ou administração (embalagem
multidoses utilizadas inadequadamente, contaminação).
 Toxicidade “normal”: Febre, indisposição, inflamação e dor, é transitória e pode ocorrer de forma
sistêmica entre 2-3 dias, até 1 semana pode durar a reação local.
 Resposta inadequada: Reação contra corpos estranhos (adjuvantes) que predispõe a fibrossarcoma,
reações neurológicas (neurite e encefalite), granulomas, acúmulo de imunocomplexos (antes era
observado na vacina de hepatite infecciosa canina – adenovírus tipo I, hoje é utilizado o adenovírus
tipo II que causa doença respiratória, mas causa imunidade cruzada), reações locais.
 Reação cutânea local: É comum, principalmente em gatos (dor, inchaço, irritação e formação de
abscessos), e em cães pode ocorrer alopecia focal transitória ou permanente, descoloração do pelo
no local da vacinação. Principalmente ocorre com vacinas que tem adjuvantes (vacinas mortas).
 Reação de hipersensibilidade tipo I: Edema fácil, periorbital, urticária, hiperemia cutânea, prurido
generalizado, salivação, choque hipotensivo, taquipneia, vômitos, diarreia, colapso e morte.
Vômitos e desconfortos são comuns em gatos, sinais menos graves ocorrem dentro de 24 horas e
anafilaxia dentro de minutos (é raro, mas é recomendado esperar uns minutos antes de deixar o
animal ir embora, mais da metade cerca de 5 minutos, mas uma parcela pode levar até uma hora,
mas normalmente ocorre até 30 minutos). Tratamento com epinefrina, tratamento de suporte
(fluidos IV e O2 suplementar), a vacinação deve ser evitada em pacientes com histórico de reação
grave. A maior quantidade de antígenos e animais menores predispõe a reações adversas.
 Sarcoma felino pós-aplicação: Os felinos são muito inflamáveis, observou-se que a vacina e
aplicação de outras substâncias que causam reação inflamatória local. Ocorre entre 0,6-2 sarcomas
a cada 10000 gatos. O intervalo entre a vacinação e a formação do tumor é variável entre 3 meses
até 3-4 anos. Nenhum tipo de vacina tem risco zero, aparentemente as recombinantes apresentam o
menor risco (mas não existem na veterinária felina no Brasil). Indicação de vacinação nos
membros, evitar pescoço, área interescapular e região de coxa. Pois caso necessite de remoção do
sarcoma pode ser feito uma amputação mais facilmente que retirar sarcoma nestas regiões, pois
necessita de margem de segurança. Notificar para o laboratório caso tenha algum sarcoma
comprovadamente da vacina (anotar o local que foi administrado, assim como o produto e número
do lote, ideal é ter um registro na clínica). O ideal é abaixo da articulação.
 Problemas intrínsecos das vacinas: Diferentes sorotipos ou variantes, principalmente em vírus
RNA, deve-se vacinar as cepas próximas das variantes presentes no campo. Pode ocorrer destruição
parcial ou completa de epítopos, reduzindo a capacidade antigênica, trabalhar com laboratório
confiável.
 Problemas de conservação ou administração: Porta de vidro pra evitar que a geladeira fique aberta
por muito tempo, deve ser exclusiva para vacina. Vacinas de administração alternativa por
dificuldade de administração e pode causar imunização não uniforme. Desinfetantes utilizados
excessivamente na antissepsia prévia à administração parenteral da vacina (não precisa de álcool,
apenas algodão seco).
 Reações adversas: todas as vacinas apresentam riscos, são raras, as vacinas vivas podem ter efeitos
virulentos residuais ou sofrer mutação e recuperar a virulência. Animais imunodeprimidos não
devem ser vacinados com vacinas vivas, evitar vacinas vivas em caso de animais prenhes,
principalmente da panleucopenia felina, e bovinos com BoHV-1 e BVDV. É importante fazer a
notificação para mapear e entender as reações adversas.
 Testes sorológicos.

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