Doenças Virais
Doenças Virais
Doenças Virais
MÉTODOS DIRETOS:
Identifica o próprio patógeno, o material
genético do patógeno ou algum antígeno, é mais
específico.
Microscopia eletrônica: permite visualização
das partículas virais coradas com metais
pesados em um microscópio ultrapotente. É
rápida (poucas horas), detecta vírus viáveis e
inviáveis, é útil para vírus que não replicam em
cultivo celular e permite a identificação do
agente. É limitada por necessitar de um
equipamento caro, exige pessoal treinado, baixa
sensibilidade (pode ser coletados áreas sem
vírus), aplicação restrita a alguns vírus
(infecções entéricas – rota, corona, astro;
cutâneas – pox e herpesvírus).
Isolamento em cultivo celular: observa-se o Teste de hemaglutinação.
efeito citopático e/ou detecção de produtos
virais após sua multiplicação em células de
cultivo. É uma técnica sensível, o agente fica
disponível para estudos posteriores (pode ser
congelada em freezer -80ºC), possui execução
simples. Possui restrições pois é demorado
(semanas), não é aplicável a alguns vírus como
coronavírus causador da PIF, somente detecta
vírus que estejam viáveis, pode ocorrer
contaminação bacteriana e fúngica. Todos os
vírus que replicam em cultivo celular podem ser
diagnosticados por cultivo e qualquer material
clínico pode ser submetido ao isolamento. Vírus
que não causam efeitos citopáticos necessitam
de outras técnicas.
Hemaglutinação: observa-se a capacidade do
vírus de se ligar às moléculas da membrana
plasmática dos eritrócitos permitindo
hemaglutinação. As hemácias são de galinhas,
coelhos e cobaias. O teste é feito numa placa
com vários poços que possuem fundo de funil,
quando ocorre hemaglutinação forma-se um véu
quando se joga este material no poço as
Teste de imunofluorescência direta
hemácias ficam soltas e se espalham pelo poço.
Quando não há vírus as células se unem e
formam uma região acumulada de hemácias,
vermelha (similar a um botão), este é o
resultado negativo. É uma técnica rápida, boa
sensibilidade e especificidade, fácil execução.
Mas é aplicável a um grupo restrito de vírus que
provocam hemaglutinação, a hemaglutinação
inespecífica pode ocorrer (outro vírus que
provocam hemaglutinação confundindo os
resultados positivos), necessidade de espécies
doadoras e não é automático. Ela é aplicável a
Teste rápido
vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos
imunoenzimático/cromatográfico
(adeno, corona, parainfluenza 3 para bovinos; e
outros – slide).
Imunofluorescência e imunoperoxidase:
proteínas virais são detectadas por anticorpos
específicos com um marcador fluorescente
(IFA) ou com enzima (IPX). É uma técnica
rápida (minutos-horas), simples, de baixo custo,
boa sensibilidade e especificidade, detecta vírus
inviável, pode informar sobre sorotipos,
disponível em kits. Aplicável a todos os vírus,
pode ser feita de forma direta (sem anticorpo
secundário) ou indireta (com anticorpo
secundário). Na imunofluorescência é
necessário microscópio de fluorescência
(equipamento caro), na imunoperoxidase pode
ser utilizado microscópio óptico simples. Pode Imunodifusão em gel de ágar
causar reações inespecíficas, algumas células
emitem fluorescência natural (eritrócitos de
onças emitem uma fluorescência natural quando
se utiliza o microscópio de fluorescência), para
alguns vírus não há reagentes disponíveis. É
aplicável para qualquer vírus que possua o
anticorpo específico. Pode ser feito com
material (fresco, congelado, resfriado).
Testes imunoenzimáticos/cromatográficos:
identifica a presença de antígeno que reage com
anticorpo específico imobilizado ou após
migração, é revelada pela mudança de cor. É
simples e prático, disponível em kits, são
rápidos, boa sensibilidade e especificidade, não
é automatizado. Possui uma especificidade e
sensibilidade podem deixar a desejar, custo alto
por amostra. É aplicável para vários vírus e
muito difundido na clínica. A reação
imunoenzimática envolve a ligação anticorpo-
antígeno, é feito 2 lavagens e essa reação cora.
Já o imunocromatográfico não é lavado e a
própria ligação cora o teste.
Detecção de ácidos nucleicos (PCR e
hibridização): os ácidos nucleícos virais são
detectados por sondas marcadas (hibridização)
ou após amplificação por reações enzimáticas
(PCR). São técnicas específicas, sensíveis,
feitas com amostras em quantidades mínimas,
pode ser aplicado a todo vírus que tenha
conhecimento de seu genoma, é uma técnica
rápida e automatizada (PCR), pode ser
quantitativa (qPCR). A hibridização é feita com
uma sonda que que possui inúmeros ácidos
nucleicos em sequência específica com um
marcador fluorescente na ponta, esses ácidos se
ligam ao genoma viral e provoca a
fluorescência. A PCR é feito através da extração
de material genético (RNA e/ou DNA), através
de qualquer material e ao final observa-se uma
suspensão de ácidos nucleicos, em seguida é
feito uma mistura com componentes do PCR.
Em seguida esta amostra é colocada no e
coloca-se no termociclador realiza a
desnaturação do genoma (90ºC), anelamento
quando os primers (sequências de nucleotídeos
que identificam os nucleotídeos virais)
identificam a região alvo, se liga em
extremidades opostas e se anelam (56ºC) e por
fim uma extensão (72ºC) a enzima polimerase
completa os nucleotídeos a partir do primer
formando duas fitas complementar a fita alvo
do patógeno. Este processo repete-se entre 45-
50 vezes replicando o DNA e amplificando o
sinal. Com o passar dos ciclos as fitas vão
ficando mais curtas se focando na fita alvo. Por
fim passa-se esse material no equipamento de
eletroforese junto com o controle positivo e
negativo. A PCR em tempo real (qPCR) permite
quantificação utiliza-se um aparelho, um
termociclador, que detecta fluorescência e passa
para o computador com um programa próprio
que cria um gráfico. A principal restrição da
técnica é um custo um pouco mais elevado em
relação as demais, mas normalmente não possui
custos elevados, exceto em casos como a
pandemia de COVID-19, requer equipamento e
pessoal treinado, o equipamento de PCR em
tempo real custa cerca de 250 mil de reais. É
aplicável virtualmente a todos os vírus
conhecidos, desde que seu genoma seja
conhecido, pode ser realizada em qualquer
amostra clínica. PCR-RT refere-se a
transcriptase reversa presente nos retrovírus, a
polimerase não reconhece a uracila do RNA,
portanto, primeiramente é feito o contato com a
transcriptase reversa (retrovírus de
camundongo) para transformar o RNA do vírus
em DNA e posteriormente realizar o PCR ou
qPCR normalmente. Pode ser feito de uma vez
e colocar-se no termociclador uma (reduz erros
do operador, menor contaminação e mais
sensível) ou em duas etapas, o qPCR é mais
sensível e rápida e possui menor chances de
contaminação e confusão entre amostras e erros
pessoais.
MÉTODOS INDIRETOS:
Identifica anticorpos secundários (IGm recente,
IGg memória), essa técnica perde a
especificidade, mas é mais facilmente
encontrado. Procura-se na amostra a resposta
imunológica do animal.
Imunodifusão em gel de ágar: é feito em placa
de petri ou lâmina de vidro, o principio é a
observação de linhas de precipitação pela
reação antígeno anticorpo. É um teste simples
que obtém resultados em cerca de 24-48 horas,
mas não é muito seletivo ou específico. Coloca-
se sobre a superfície um poço de antígenos, e
um poço com o material que se espera que tenha
anticorpos, então, se o material tiver anticorpos,
ele irá se unir aos antígenos no centro formando
uma linha no centro que é observada
macroscopicamente. Normalmente são feitos 7
poços, 3 controles, o antígeno no centro e entre
os controles utiliza-se o soro de até 3 animais
que se deseja testar. A linha formará em
amostras positivas. Possui restrições pois
podem ocorrer reações inespecíficas
frequentemente, sensibilidade limitada,
qualidade do antígeno é crítica, somente
qualitativa. Pode ser utilizado para diagnósticas
AIE, língua azul, leucose enzoótica bovina e
influenza aviária.
Soroneutralização: os anticorpos presentes no
soro previnem a replicação do vírus e a
produção de efeitos citopáticos em cultivos.
Precisa de um vírus suspeito, utiliza-se uma
suspensão do vírus (sobrenadância) e coloca-se
em contato com o tapete celular do animal que
se deseja testar. Se não ocorrer efeitos
citopáticos indica que o animal é positivo, pois
ele teve reação dos anticorpos evitando os
efeitos citopáticos. Pode ser utilizada em vírus
que não causam efeitos citopáticos, mas é mais
usada na pesquisa, pois necessita de duas
técnicas (imunofluorescência ou
imunoperoxidase). É sensível e específica, custo
reduzido, pode fornecer uma resposta
qualitativa e quantitativa com diluição seriada.
Mas exige cultivos celulares, implementação e
execução pode ser problemática e pode ocorrer
contaminação bacteriana. Alguns soros podem
ser tóxicos, mas é raro, e podem interferir no
resultado. Esta técnica detecta somente
anticorpos neutralizantes. Pode ser utilizado em
todos os vírus que se replicam em cultivo.
OBS: Necessita de um tempo para que o sistema imune
produza anticorpos, o tempo depende do tipo de doença
e alguns animais podem não produzir anticorpos contra
a infecção por alguma alteração imune.