Tabuas Multiplo Decremento
Tabuas Multiplo Decremento
Tabuas Multiplo Decremento
Introdução
Chiang propôs que a eliminação de um risco de morte não afeta os outros, embora isso seja
visto como uma limitação, pois a morte muitas vezes resulta da interação de vários riscos. O
estudo em questão visa medir o impacto da eliminação total de um ou mais riscos de morte
na estrutura de mortalidade, por idade e sexo, em uma população específica. O objetivo é
construir Tábuas de Vida de Múltiplo Decremento para a população de Recife em 1979,
examinando os efeitos da eliminação de grandes grupos de causas de morte como doenças
infecciosas, neoplasias malignas, doenças circulatórias, respiratórias e causas externas.
A relevância deste estudo está em ampliar o conhecimento sobre a duração de vida dos
indivíduos em Recife, contribuindo para o entendimento da mortalidade na população
brasileira. Trabalhos anteriores, como o de Gotlieb em São Paulo, também usaram a
metodologia de Chiang, encontrando resultados semelhantes aos obtidos para Recife,
apesar das diferenças sociais e econômicas entre as duas cidades.
Material e Métodos
Chiang estimou esses parâmetros assumindo que as forças de mortalidade \( \mu_i(t) \) são
somadas para formar a força total \( \mu(t) \), e a proporção \( \frac{\mu_i(t)}{\mu(t)} = k_i \) é
constante em cada intervalo de idade. Assim, ele derivou as probabilidades bruta e líquida
de morte através de relações matemáticas.
Resultados e Discussão
A cidade não atingiu a meta do Plano Regional de Saúde da ONU, que visava aumentar em
cinco anos a esperança de vida para regiões abaixo de 65 anos, através de melhorias em
saúde, água potável e saneamento. Com a tendência atual, é improvável que Recife
alcance a meta de 70 anos de esperança de vida ao nascer até o ano 2000, conforme a
Estratégia Internacional de Desenvolvimento da ONU.
Em 1979, 16,4% dos óbitos em Recife foram causados por doenças infecciosas e
parasitárias, com 56,7% destes óbitos ocorrendo em crianças de 0-1 ano. Este grupo foi o
segundo mais significativo em termos de mortalidade para ambos os sexos. As tabelas
apresentaram as probabilidades de morte, sobrevivência e esperança de vida antes e após
a eliminação deste grupo de causas, destacando seu impacto significativo na mortalidade
infantil e geral.
Neoplasmas malignos representaram 8,2% dos óbitos em 1979, com maior incidência entre
40 e 75 anos. A eliminação total desse grupo não é realista com a tecnologia médica atual,
mas a prevenção e tratamento podem reduzir significativamente a mortalidade. Medidas
preventivas podem evitar até um terço dos casos de câncer e curar outro terço.
As doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por 26,6% dos óbitos, o maior
grupo de causas de morte em Recife. A eliminação dessas doenças poderia aumentar a
esperança de vida em 6,23 anos para homens e 6,57 anos para mulheres. Embora a
eliminação total seja irrealista, a redução e o retardamento dessas doenças são possíveis
com avanços médicos e medidas preventivas.
As doenças respiratórias causaram 10,2% dos óbitos, com forte impacto em crianças
menores de um ano. A pneumonia, responsável por 59% dos óbitos respiratórios, foi a
principal causa. A eliminação dessas doenças poderia aumentar a esperança de vida em 6
anos para ambos os sexos. O controle dessas doenças pode ser alcançado com tratamento
adequado, prevenção, diagnósticos padronizados e educação pública.
A análise conjunta dos cinco grupos de causas revela diferenças significativas nas
probabilidades de morte por faixa etária e sexo. As doenças respiratórias foram a principal
causa de morte para meninos de três anos, enquanto os neoplasmas malignos foram mais
significativos para mulheres entre 35-40 e 45-50 anos. As causas externas foram
predominantes nos homens, e as doenças do aparelho circulatório foram as mais
representativas em várias faixas etárias para ambos os sexos.