Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual
Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual
Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual
*Artigo 213- Estupro: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
* crime complexo (atinge vários bens jurídicos)
°Dissenso durante o ato: a liberdade sexual é absoluta, não sendo admitida em hipótese alguma
a sua supressão. Por isso, caso alguém inicialmente consentida com a relação sexual e durante o
ato mudar de ideia, a sua decisão deverá ser respeitada.
°Hediondez do estupro: o estupro, em todas as suas formas (até mesmo tentado), é considerado
crime hediondo por força do que dispõe no artigo 10, v, da Lei 8072/90
°Estupro qualificado:
➔ quando resulta lesão corporal de natureza grave;
➔ resultado morte;
➔ vítima menor de 18 anos ou maior de 14 anos.
CURIOSIDADES:
Ejaculação precoce: caso o ato pretendido pelo agente exija que seu pênis esteja rígido, mas
não consegue assim mantê-lo em razão da ejaculação precoce, o crime é considerado tentado.
Não foi consumado por circunstância alheia à vontade. No entanto, se após a ejaculação decida
praticar ato libidinoso, que não exija a ereção, o crime poderá ser consumado.
Disfunção erétil: a não ocorrência do crime por rigidez peniana deve ser analisada sob dois
aspectos:
° Se o agente, pretendendo praticar o estupro mediante penetração não obtiver exito em sua
conduta em razão de impotência, o fato será atípico, pois se trata de crime impossível por
absoluta ineficácia do meio empregado;
° Por outro lado, se o agente não é impotente, mas não conseguiu manter o pênis ereto em
razão do nervosismo, ou outro motivo, o crime será considerado tentado; visto que o
resultado não foi alcançado por motivo alheio à vontade.
*Artigo 215- Violação sexual mediante fraude: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da vítima.
Parágrafo único: Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa.
Conceito: o delito de violação sexual mediante fraude como ilícito penal é denominado pela
doutrina como um estelionato sexual, no qual o sujeito ativo não se vale da violência ou grave
ameaça e sim de meios capazes de levar a vítima a erro ou mantê-lo em erro;
Sujeito ativo: vale-se de fraude ( engodo, ardil, artifícios) ou qualquer outro meio que dificulte a
livre manifestação de vontade da vítima, a fim de abusar sexualmente desta pois pela circustância
do momento a vítima não é capaz de manifestar livremente sua vontade;
Elemento subjetivo: dolo direto específico consistente na satisfação sexual;
Bem jurídico tutelado: liberdade sexual do ser humano;
Sujeito ativo: qualquer pessoa, homem ou mulher, biológico ou transsexual, independentemente
de qualidade ou condição especial;
Consumação: ocorrerá com a efetiva prática dos atos libidinosos ou da conjunção carnal.
Exemplo - Caso João de Deus:
Em Goiás, o “médium” João de Deus realizava atendimentos espirituais coletivos. Ele teria dito
para as mulheres que, segundo uma entidade, elas deveriam procurá-lo posteriormente em sua
sala porque tinham sido escolhidas para receber a cura.Quando estavam sozinhas com ele, eram
violentadas sexualmente, entre as acusações contra João de Deus estavam em fazer as vítimas
passarem as mãos em seu pênis, além de obriga-las ao sexo oral e até mesmo penetração nas
pacientes. O Ministério Público denunciou João de Deus por violação sexual mediante fraude e
estupro de vunerável em mais de dez ações penais.
No dia 25 de setembro de 2018 foi publicada a lei 13.718 que altera dispositivos concernentes
aos crimes contra a liberdade sexual, e contra vulneráveis, além de criar novos tipos penais, e
uma desses crimes é a importunação sexual, está no disposto do artigo 215-A
*Artigo 215- A - Importunação sexual: Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato
libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro.
A tipificação dessa conduta surgiu em virtude dos numerosos casos em transportes públicos, em
que o agente esfrega seu órgão sexual contra o corpo da vítima, o mesmo se masturba e nela,
consistentemente, ejacula. Situações para as quais não existia uma adequação penal precisa.
Em virtude da incorporação do artigo 215-A, houve a revogação expressa da contravenção de
importunação ofensiva ao pudor do artigo 61 da Lei das Contravenções penais.
Observação: antes da lei 13.718, não havia um tipo de crime para enquadrar as situações de
assédio no espaço público, sugerindo ao aplicador do direito a escolha entre duas opções
extremas: aplicar a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor, ou o crime de estupro,
com pena de seis a dez anos. A importunação sexual foi criada para exercer a função de uma
sanção intermediária entre as duas opções,