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Ano 19 - Edição 203 / Maio-Junho de 2024

PESQUISA,
DESENVOLVIMENTO
E INOVAÇÃO:
DESAFIOS DO SETOR ELÉTRICO
Iniciativa estabelecida no início dos anos 2000,
determina a realização de investimentos em
pesquisa e desenvolvimento por parte das
empresas concessionárias do setor elétrico

ARTIGO TÉCNICO - ARCO ELÉTRICO E O RISCO DE INCÊNDIO EM INSTALAÇÕES EM BAIXA TENSÃO


Por Luiz Carlos Catelani Júnior

FEIRA E CONGRESSO
COM LÍDERES DO SETOR ELÉTRICO, T&D ENERGY ELEVA O DEBATE SOBRE
GESTÃO DE ATIVOS COM O COMPROMISSO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Realizado entre os dias 17 e 18 de abril, em SP, evento reuniu os grandes players do mercado para discutir o presente
1
e o futuro do setor elétrico brasileiro.
2
4 Editorial

Sumário Edição 203


A tragédia ambiental no Rio Grande do Sul e as mudanças climáticas

[email protected]
6 Cobertura especial
Diretores Com líderes do setor elétrico, T&D Energy eleva o debate sobre gestão de ativos com o
Adolfo Vaiser - [email protected]
Diretores
compromisso da transição energética
Simone
Adolfo Vaiser - [email protected]
Vaiser
Simone Vaiser
Editor - MTB - 0014038/DF Fascículos
Edmilson Freitas - [email protected]
Assistente de circulação, pesquisa e eventos 12 Transição Energética e ESG
Henrique Vaiser – [email protected]
Coordenação de conteúdo e pauta 20 Transformação digital no setor elétrico
Victor Meyagusko – [email protected]
Flávia Lima - [email protected] 24 Digitalização de subestações e energias renováveis
Administração
32 Perdas energéticas em GTD
Reportagem
Roberta
MatheusNayumi
de Paula - [email protected]
[email protected] 36 Por Dentro das Normas
Marketing e mídias digitais
Aguinaldo Bizzo – NR 10 / Paulo Barreto - NBR 5410 / Marcos Rogério - NBR 14039
Henrique Vaiser - [email protected]
Editor
Letícia Benício - [email protected]
Edmilson Freitas
[email protected]
40 Espaço ABRADEE
Pesquisa e circulação Com segunda chamada em andamento, Sandboxes Tarifários da distribuição vai ouvir o consumidor
Inês Gaeta - [email protected]
Reportagem
(11) 93370-1740
Fernanda Pacheco - [email protected] 42 Espaço Aterramento
Assistente Administrativa SPDA UFV Parte 1/2
Maria Elisa Vaiser - [email protected]
Publicidade
Diretor comercial
Administração
Adolfo Vaiser 44 Espaço Cigre-Brasil
Roberta Mayumi - [email protected] Um novo papel para as hidrelétricas no Brasil
Contato publicitário
Comercial
Willyan Santiago - [email protected]
Adolfo Vaiser - [email protected] 46 Reportagem
(11) 98188 – 7301 Pesquisa Desenvolvimento e Inovação: desafios do setor elétrico
Direção
Willyande arte e produção
Santiago - [email protected]
Leonardo Piva
(11) 98490 - [email protected]
– 3718
52 Publieditorial
Diagramação desta edição
Colaboradores Workshop discute a importância da manutenção dos transformadores
Leonardo
Aguinaldo Pivade
Bizzo - [email protected]
Almeida, Paulo Roberto Borel Júnior, Renato Jardim
Teixeira, Thiago Francisco Gomes, Henrique Fernandes Borges, Caio
Colaboradores
Huais, Luiz CarlosdaCatelani
publicação:
Junior, Daniel Bento, Danilo de Souza, 53 Notícias do Setor
Nivalde dedeCastro,
Emmanuela Almeida Priscila Santos, Carbonera
Jordão, Frederico Paulo Henrique
Boschin,Vieira
Paulo Pioneirismo: ABB vai integrar projeto de lítio zero carbono / Premiação: Chint Power Brasil
Soares, Marcio
Edmundo Almeida
Freire, Jose da Silva,
Maurilio Aguinaldo
da Silva, Bizzo deJoão
Rinaldo Botelho, Almeida,
Carlos
PauloMonica
Mello, Barreto, Marcos
Saraiva Panik, Rogério, Paulo
Lílian Ferreira Edmundo
Queiroz, Freire
Lindemberg da
Nunes
lança campanha de incentivo para integradores / Indústrias do futuro: Engerey inicia
Fonseca, Maria Alzira Noli Silveira, Luiz Carlos Catelani Júnior,
Reis, Luciano Rosito, Claudio Mardegan, Nunziante Graziano, Jose produção de painéis com inversores inteligentes APM da Schneider / Reconhecimento:
Frederico Carbonera Boschin, Lílian Ferreira Queiroz, Cláudio
Starosta, Fabrício Augusto Matheus Moura, Ana Carolina Ferreira da João Carlos Mello assume cadeira na Academia Nacional de Engenharia
Mardegan, Luciano Rosito, Roberval Bulgarelli, Daniel Bento,
Silva,
JoséArnaldo José
Starosta, Pereira
Danilo deRosentino
Souza, JoséJunior e Marcus
Barbosa Vinícius
e Caio Borges
Huais.
Mendonça.

Fale conosco 54 Artigo Técnico


A Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude
[email protected] Arco elétrico e o risco de incêndio em instalações em baixa tensão | Por Luiz Carlos Catelani Júnior
Editorial Ltda., voltada aos mercados de Instalações Elétricas,
Tel.: (11) 98433-2788
Energia e Iluminação, com tiragem de 13.000 exemplares.
Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação,
A Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude 58 Pesquisa Setorial
manutenção, indústrias de diversos segmentos, concessionárias,
Editorial Ltda., voltada aos mercados de Instalações Elétricas, Produtos para distribuição de energia
prefeituras
Energia ee revendas de material
Iluminação, elétrico,de
com tiragem é enviada
13.000 aos executivos
exemplares.
eDistribuída
especificadores destes
entre segmentos.de engenharia, projetos e
as empresas
instalação,
Os manutenção,
artigos assinados
concessionárias,
necessariamente
indústrias de diversos
são de responsabilidade
prefeituras
refletem e revendas
as opiniões
segmentos,
de seus autores
de material
da revista.
e não
elétrico,a
Não é permitida
Colunas
é enviada aos
reprodução totalexecutivos e especificadores
ou parcial das destes segmentos.
matérias sem expressa autorização 60 Frederico Boschin - Conexão Regulatória
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores
da Editora.
e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não
62 Lilian Ferreira Queiroz - Gestão de ativos
é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem 64 Cláudio Mardegan – Análise de Sistemas Elétricos
expressa
Capa: autorização |da
istockphoto.com Editora. Thanakonwirakit
Chirapriya
66 Luciano Rosito – Iluminação Pública
Impressão - Referência Editora e Gráfica
Capa: istockphoto.com | Scharfsinn86
Distribuição
68 Roberval Bulgarelli – Instalações EX
Impressão -- Correios
Gráfica Grafilar
Distribuição - Correios 70 Aguinaldo Bizzo – Segurança do Trabalho
Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda.
72 Daniel Bento – Redes Subterrâneas em Foco
Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda.
Rua Piracuama, 280, Sala 41
www.osetoreletrico.com.br
74 José Starosta – Energia com Qualidade
Cep: 05017-040 – Perdizes – São Paulo (SP)
Fone - (11) 98433-2788
[email protected]
Filiada à
Filiada à 76 Danilo de Souza – Energia, Ambiente & Sociedade
www.osetoreletrico.com.br
[email protected]
78 José Barbosa – Proteção contra raios
80 Caio Cezar Neiva Huais – Manutenção 4.0
3
Editorial

A tragédia ambiental no
Rio Grande do Sul e as
mudanças climáticas

O que a tragédia do Rio Grande do Sul tem a ver com as mudanças climáticas? Tudo, segundo estudos divulgados por um grupo
de cientistas de diferentes países que realizam análises que colocam os extremos meteorológicos em uma perspectiva climática,
logo após a sua ocorrência, o ClimaMeter.
Liderado por pesquisadores do centro especializado em ciências climáticas da Universidade Paris-Saclay, o grupo, que é
financiado pela União Europeia e pela Agência Francesa de Investigação (CNRS), publicou o “estudo rápido de atribuição”, na qual
mostra que as mudanças climáticas provocadas pela ação humana – em especial, a emissão de gases do efeito estufa liberados com
a queima de combustíveis fósseis – tornaram as chuvas que atingiram a região Sul do país entre o final de abril e início de maio
cerca de 15% mais intensas.
Os estudos apenas evidenciam algo que já é falado, testemunhado e registrado em diversas partes do planeta, mostrando que
a humanidade precisa adotar medidas urgentes para frear a emissão de gases poluentes e, principalmente, interromper e reverter
os danos ambientais provocados pelo desmatamento e por diversas outras atividades econômicas que afetam o equilíbrio natural
do meio ambiente.
Para o setor elétrico, este tema não só é evidente, como já vem mobilizando todos os agentes do segmento,
no Brasil e no mundo, na busca por uma transição energética capaz de reverter o cenário atual, que aponta para
um acelerado e catastrófico desarranjo ambiental no planeta. Ao mesmo tempo em que busca a ampliação
da geração elétrica proveniente de fontes renováveis, cresce também a busca por tecnologias e soluções
que possibilitem a substituição massiva do uso dos combustíveis fósseis – campeões de poluição - em áreas
como mobilidade urbana, transportes e na indústria de base, que engloba setores como o siderúrgico,
metalúrgico, petroquímico e de cimento.
Como destacado no editorial da edição de número 201, intitulado “A hora de fazer o dever de casa”,
se antes os efeitos danosos das mudanças climáticas eram apenas previsões de um possível futuro
sombrio, agora, tudo isso, já é uma realidade, e diga-se de passagem, mais assustadora do que diziam
os estudos científicos.
As cheias no estado do Rio Grande do Sul, que afetaram 446 dos 497 municípios gaúchos,
deixando mais de 600 mil pessoas desabrigadas e resultando na morte de 149 pessoas (até 16/05),
e no desaparecimento de outras 112, sem contar a morte de centenas de animais, deve servir não
só de alerta, mas também como uma grande lição para que a sociedade, governantes e os setores
econômicos entendam, de uma vez por todas, que se continuarmos fazendo tudo do mesmo
jeito, o único caminho que seguiremos é o da própria extinção humana.
Boa leitura!

Edmilson Freitas
[email protected]
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@osetoreletrico Revista O Setor Elétrico Revista O Setor Elétrico Revista O Setor Elétrico

4
5
Evento

Por Matheus de Paula

Com líderes do setor elétrico,


T&D Energy eleva o debate sobre
gestão de ativos com o
compromisso da transição energética
Realizado entre os dias 17 e 18 de abril, a terceira
edição marcou o encontro de grandes players do
mercado para discutir o presente e o futuro do
setor elétrico brasileiro

6
Uma boa gestão de ativos é fundamental para a transição
energética. A afirmação foi feita pelo Vice-presidente de Operações
de Segurança da Eletrobras, Antonio Varejão Godoy, que esteve
presente no T&D Energy 2024, evento que ocorreu nos dias 17
e 18 de abril, no Novotel Center Norte, em São Paulo (SP). Na
ocasião, Varejão, que participou do painel de abertura do encontro,
ressaltou o compromisso da Eletrobras com o desenvolvimento
e modernização do segmento, por meio de políticas robustas que
assegurem ao país uma transição energética capaz de promover a
descarbonização dos principais setores econômicos, com ampliação
das fontes renováveis na matriz energética brasileira.
“Uma empresa (Eletrobras) que tem controle privado, mas que
tem a preocupação básica e fundamental em trazer a segurança e
também a transição energética. Ou seja, a Eletrobras tem investido
principalmente nos seus ativos e, fundamentalmente, buscando Primeiro painel de debates da terceira edição do T&D Energy

a segurança para que, de fato, aconteça uma transição energética


no país”, ressaltou Varejão, que também participou do painel Decenal de Expansão de Energia) cerca de 165 bilhões em
sobre segurança e universalização energética das transmissoras e investimentos estimados, sendo que cerca de 105 bilhões são
distribuidoras de energia. leilões de licitações e o restante são de renovação de ativos, seja
Participando dos debates, o Diretor Técnico da ABRATE, Geraldo por melhoria ou reforços autorizados. O contrato de concessão
Pontelo, também destacou a importância da preservação e da das transmissoras disciplina muito bem a obrigação de prestação
melhoria contínua nos ativos das distribuidoras, transmissoras e de serviço adequado e, por conta disso, uma boa gestão de ativos,
geradoras de energia. “Temos programado no PDE 2032 (Plano por isso temos técnicas para essas ações, como o monitoramento,

7
onde você pode preservar com mais tempo o ativo e a operação, por e mais transformadores, por isso eu levo muito mais tempo para
Evento

exemplo”, ressaltou o dirigente da ABRATE. restabelecer”, explica.


Os debates contaram ainda com a participação do Um dos desafios para o enfrentamento dessas condições
Superintendente de Distribuição da Cemig, Denis Mollica, e o climáticas severas, segundo Luis Alessandro Alves, Diretor de
pesquisador da Gesel, Roberto Brandão, que atuou como moderador Implantação da Taesa, é o envelhecimento de ativos, como as linhas
da conversa. de transmissão, que não foram feitas para suportar grandes vendavais,
como vem ocorrendo, com frequência, em algumas regiões do país.
RESILIÊNCIA ENERGÉTICA E OS EVENTOS CLIMÁTICOS “Nós temos ativos de 30, 40 e 50 anos, que são linhas de transmissão
EXTREMOS que não consideraram na elaboração de seus projetos os ventos de
hoje, isso é nítido, e como vão ficar esses ativos?” Questiona o diretor,
O impacto das mudanças climáticas, com o aumento acentuado que responde adiante.
de ocorrências climáticas extremas que afetam a segurança e o “Temos o procedimento de rede, o Módulo 3, que determina
abastecimento de energia elétrica em todo o país, também esteve nosso serviço de transmissão. Nele, tem as questões de melhorias de
no centro das discussões do T&D Energy. Para isso, foi escalado um grande porte, onde se enquadraria o reforço estrutural numa torre,
time de especialistas de peso, dentre eles, o Diretor de Engenharia então, é uma questão de reforço estrutural, visando a prevenção
da CPFL Energia, Caius Vinicius Sampaio Malagoli, que falou sobre de eventos climáticos, versus o volume de ativos que nós temos
os desafios operacionais enfrentados pelas distribuidoras para o no Brasil com idade superior há 30, 40 anos, onde o projeto, com
rápido restabelecimento do fornecimento de energia, com uma certeza, está obsoleto. Então, é preciso um incentivo do regulador e
equipe de suporte especializada de prontidão para o enfrentamento também tempo de adequação das concessionárias de energia para
de condições climáticas adversas que resultam em danos ao sistema poder atuar dessa forma”, pondera.
elétrico.
“No período de verão, normalmente nós temos de 70 a 80 ARMAZENAMENTO DE ENERGIA NO BRASIL
ocorrências, 70 a 80% delas atendidas por equipe leve, que são
serviços mais simples, como por exemplo troca de fusível ou Outro tema que ganhou destaque no evento, foram os avanços
estender um ramal de serviço e de 20% a 30% por equipe pesada, e perspectivas do armazenamento de energia elétrica. “Ao que tudo
que são já pessoas transportadas por caminhões e são trabalhos indica, inclusive, nos próximos anos, com esse aumento cada vez maior
mais complexos, tipo um poste caído. Em época de eventos da penetração das outras fontes renováveis variáveis, o papel das
extremos, essa lógica adverte, eu passo a ter 70 a 80% de casos que hidrelétricas deve ser muito mais em contribuir com essa modulação,
demandam a equipe pesada que vão e chegam naquele local onde com esses recursos de flexibilidade e controlabilidade. Logo, é muito
descobrem que tem diversos postes caídos, porque uma árvore caiu importante mostrar que hoje o armazenamento no Brasil já existe e está
sobre ele. Então, começamos a trabalhar ali para restabelecer essa representado pelas grandes usinas hidrelétricas”, afirmou a Consultora
rede e quando terminamos, não podemos atender o próximo evento, de Superintendência de Transmissão da EPE, Thais Teixeira, que também
porque precisamos retornar para base para buscarmos mais poste falou da importância da flexibilidade do armazenamento energético.

Daniel Lima, COO da Evoltz, Bruno Isolani, Gerente de execução Participaram também do debate Tatiane Pestana, Gerente executiva
de operação da TAESA e a mediação do CEO América Latina da de regulação e relacionamento com agentes da ONS, William
Prysmian, Raul GIl, complementaram o debate Alves de Souza, Gerente de engenharia, automação e sistemas da
distribuição da Cemig e a mediação de Rogério Camargo, Diretor
técnico da Mata de Santa Genebra Transmissão

8
Proteção Avançada
com Tecnologia de
Ponta: DPS Spark Gap
da EMBRASTEC
“Essa é nossa segunda participação e foi de
Em um mundo onde a
alto aproveitamento, um público qualificado, segurança elétrica não é apenas
uma necessidade, mas uma
interessado nas temáticas das palestras e com um exigência, a EMBRASTEC se
destaca como pioneira em
direcionamento bastante específico para tratar soluções de Proteção Contra
Surtos. O DPS Spark Gap de
do nosso produto, que são os transformadores. Classe I + II — é projetado para
profissionais eletricistas que
Isso prova que o modelo que foi instituído, via demandam o máximo em
segurança e eficiência.
congresso, é muito assertivo para as empresas
do setor elétrico e a oportunidade de network é
DPS Spark Gap
sempre marcada com bons resultados” Versões: 175V | 275V | 385V | 485V
Centelhador: 50/120kA | 25/50kA

Presente no painel que debateu o tema, a consultora da CELA - Clean Energy Latin America,
C

Ana Zornitta, reclamou da alta carga tributária para importação de produtos e novas tecnologias de
M
armazenamento, em especial, importadas da China, que é um dos maiores líderes no assunto.
“Quando importamos os sistemas de armazenamento, principalmente da China, a qual Y
dependemos muito, enfrentamos uma carga tributária de mais de 100%, e quando comparamosCM
com outras alternativas renováveis, até mesmo termelétricas, hidrelétricas, esse valor é muito menor.MY
Então, é uma diferença grande, em termos de viabilidade, só que ainda não conseguimos viabilizar esseCY
processo, por falta de regulamentação. Não tem ainda um órgão regulatório que dê segurança para
CMY

os investidores. Precisamos decidir quem será o armazenador, comercializador, gerador, transmissor e


K
distribuidor, ainda há muitas dúvidas sobre isso”.
Apesar dos entraves, a expectativa é pouco positiva para a expansão do segmento de
armazenamento no país, avalia a consultora. “A gente vê, no futuro, a possibilidade disso acontecer
(transformação), mas hoje, infelizmente, ainda estamos um passo atrás. Temos um roadmap 1 Centelhador para N/PE: Equipado
com um centelhador garante uma
regulatório, só que está para ser finalizado lá em 2027, e até lá, o mercado, principalmente resposta rápida e eficaz,
minimizando os riscos associados a
internacional, já passou bastante à nossa frente, se comparado ao Estados Unidos, Austrália, por
surtos elétricos.
exemplo”, alertou.

2 Câmara Blindada: Impede a


formação de arcos voltaicos,
PALESTRAS ESPECIAIS
oferecendo maior segurança na
instalação.
A Diretora de Gestão de Ativos da Eletrobras, Lilian Ferreira Queiroz, esteve presente no T&D,
onde ministrou palestra sobre a gestão e monitoramento de ativos da empresa. “Recentemente, 3 Caixa Plástica Anti-Chamas.
aconteceu a fusão das quatro subsidiárias, então temos em nosso portfólio uma capacidade instalada
de 22% em todo o país e também 28% da energia elétrica produzida no Brasil. Como a gente vai 4 TOV: Sobretensão temporária
IEC 61643.
equilibrar o custo, o risco e o desempenho? Tem o momento em que precisamos identificar os ativos
e onde vamos expandi-los, ou seja, se eu estou decidindo trocar ativos, comprar ativos novos, eu
5 Sinalizador de defeito: versões local
tenho que trabalhar fortemente nas minhas especificações, nos meus projetos, e aqui, eu tento ter e remoto.
uma parceria muito grande, tanto das concessionárias, quanto de fabricantes e desenvolvedores,
para que tenhamos ativos de qualidade” comentou Lilian.
Para um monitoramento mais completo e eficiente desses ativos, a Eletrobras utiliza diversos
Acesse o QR Code
recursos tecnológicos, conforme explica a diretora de técnicas e tecnologias da empresa. “Temos um e conheça as linhas
acompanhamento e monitoramento de ativos com sensores. Ou seja, todos os transformadores e completas.
reatores de uma das nossas subsidiárias, eles já são 100% monitorados e a gente monitora a bucha, a
gente monitora óleo, a gente monitora tudo”, concluiu.

9
FEIRA DE NEGÓCIOS
Evento

Com mais de 17 estandes, a feira de exposição do T&D Energy


repetiu as edições anteriores e ofereceu ao público presente a
oportunidade de conhecer as melhores e mais recentes inovações
das principais empresas provedoras de tecnologia do setor
elétrico, proporcionando o cenário ideal para novos negócios e
relacionamentos e networking. “A experiência foi muito positiva,
nós estamos no evento desde a primeira edição, porque é bastante
relevante, haja vista que podemos encontrar todas as pessoas do
setor. A gente vem acompanhando a evolução do evento e sua
relevância aumentando, inclusive para as distribuidoras, com o tema
da resiliência energética. Então, a gente pode acompanhar palestras
interessantes e de bastante importância para o setor”, afirma o
gerente de vendas da S&C Electric Company, Adelson Pereira.
Em relação às oportunidades de negócios e de networking,
o gerente executivo de vendas da Itaipu, Alexandre Rios Lopes,
Lilian Ferreira Queiroz fala sobre o gerenciamento de ativos da
considera o T&D Energy uma referência nacional. “Essa é nossa
Eletrobras no T&D Energy
segunda participação e foi de alto aproveitamento, um público
qualificado, interessado nas temáticas das palestras e com um
direcionamento bastante específico para tratar do nosso produto,
que são os transformadores. Isso prova que o modelo que foi
instituído, via congresso, é muito assertivo para as empresas do setor
elétrico e a oportunidade de network é sempre marcada com bons
resultados”, afirmou.
Um dos palestrantes da edição, o engenheiro sênior da Treetech,
Rafael Prux Fehlberg, destacou o nível técnico das palestras do T&D.
“As apresentações e debates que eu acompanhei, foram excelentes
e de nível técnico muito interessante. Também, me surpreendeu, a
quantidade de gente, todas as palestras, normalmente, lotadas”.
Avaliação semelhante foi feita por Ronaldo Tarcha, diretor-
geral da Roxtec. “Eu tenho certeza que a tendência desse evento é
crescer ainda mais em qualidade e em quantidade, trazendo mais
Estande da Itaipu Transformadores no T&D Energy informações e tecnologias para o mundo das subestações”.

Ao todo, foram 49 palestrantes e 17 patrocinadores, que puderam Feira de exposição da terceira edição do T&D Energy
conhecer as melhores e mais inovadoras soluções práticas da
engenharia e infraestrutura do setor

10
11
Transição Energética e ESG
Estruturado pelo economista Nivalde de Castro, professor do Instituto de Economia da UFRJ
e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico - GESEL, desde 1997, este fascículo
abordará as diferentes abordagens em curso no país relacionadas à transição energética e as
práticas de ESG no setor elétrico.

Capítulo 4
Os recursos energéticos distribuídos na
modernização do setor elétrico brasileiro
Por Nivalde de Castro e Leonardo Gonçalves*

INTRODUÇÃO Deste contexto de risco climático, passam a ser realizadas


conferências e firmados acordos internacionais, com a formulação
Historicamente, as mudanças estruturais nas matrizes de políticas em prol de um processo de transição energética.
energéticas ocorreram com os objetivos de garantir a segurança Diferentemente das transições anteriores – lenha, carvão, petróleo
de fornecimento destes insumos estratégicos e impulsionar as e substitutos –, o objetivo central da atual transição energética não
vantagens competitivas dos países no cenário global, utilizando possui um caráter econômico, mas visa neutralizar as emissões de
como elemento dinâmico as inovações tecnológicas. Um exemplo gases de efeito estufa (GEE) e limitar o aquecimento do planeta a
dessa tendência histórica ocorreu com os choques do petróleo a 1,5ºC, através da substituição dos combustíveis fósseis das matrizes
partir da década de 1970. energéticas por fontes renováveis, com predominância das energias
Na época, a disparada do preço do petróleo, provocada solar e eólica. Em suma, a prioridade da política energética passa
pelo embargo dos países-membros da OPEP, impactou de forma a ser a descarbonização dos processos produtivos e dos padrões
significativa os países importadores de petróleo, afetando, em de consumo, sendo a indústria automobilística um exemplo
especial, a inflação. A partir dessa crise foram adotadas medidas paradigmático, ao sair dos veículos à combustão para os elétricos.
direcionadas, principalmente, para investimentos em bens O imenso e complexo compromisso de descarbonização, ímpar
energéticos substitutos, com destaque para a energia nuclear, o gás na história, por sua vez, está ocorrendo em um momento em que os
natural e, no Brasil, o desenvolvendo da cadeia produtiva do etanol, sistemas de eletricidade, notadamente no segmento de distribuição
Fascículo

além de inovações tecnológicas em prol da eficiência energética de energia elétrica, enfrentam uma série de desafios, que vão desde
para reduzir o consumo de energia. o envelhecimento da infraestrutura física, passando pelo crescimento
Em meados dos anos de 1980, um novo espectro de crise contínuo da demanda por energia, até a intermitência das fontes
passa a ganhar a atenção mundial, uma vez que estudos científicos renováveis. Diante deste inédito e imprevisível cenário, definiu-se um
associavam a utilização intensiva de energia de fontes fósseis com novo conceito, os Recursos Energéticos Distribuídos (REDs), para melhor
mudanças climáticas que aumentavam a temperatura média expressar os desafios do processo indispensável de modernização das
mundial. Assim, foi se consolidando a percepção de que os padrões redes para lidar com os desafios impostos pela transição energética.
de produção e consumo de energia eram insustentáveis do ponto de O perfil e as características dos REDs estão associados, entre
vista econômico, social e ambiental. outros, com:

12
I - A difusão acelerada das fontes renováveis intermitentes;
II - A descentralização da geração de energia elétrica; É um modelo com fluxos unidirecionais de energia e
III - O armazenamento de energia; comunicação, no qual a “geração segue a carga”, com aspectos e
IV - A difusão massiva e maciça das tecnologias de informação e possibilidades técnicas bem definidas de planejamento, operação,
comunicação (TICs). regulação e investimentos.
Derivado diretamente do processo de transição energética, a
Destaca-se que esses vetores irão elevar a capacidade de difusão acelerada das inovações tecnológicas nos segmentos de
operação e flexibilidade do sistema elétrico, assim como viabilizar e geração, transmissão e distribuição estão alterando drasticamente
exigir uma participação mais dinâmica dos agentes econômicos em esse cenário. As fontes renováveis (solar e eólica) e as tecnologias
termos de volume e qualidade dos investimentos. e equipamentos digitais, em especial, vem impulsionando a
Nestes termos, pode-se antever que os REDs, além do exposto, descentralização da geração de energia, aprimorando os mecanismos
serão capazes de promover tanto o empoderamento do consumidor de medição e controle do sistema e viabilizando um consumo flexível
quanto novos modelos de negócio para as empresas do setor por parte dos consumidores.
elétrico, passando pelo fortalecimento da resiliência e confiabilidade Neste contexto, se inserem os REDs, definidos como tecnologias
dos sistemas de eletricidade, além dos necessários benefícios de geração ou armazenamento de energia elétrica, localizadas dentro
ambientais para a preservação do planeta. dos limites de uma área territorial determinada, cuja responsabilidade
Em síntese prévia, a importância deste conceito fica claramente técnica é atribuída às concessionárias de distribuição de energia
qualificada como estratégica para um maior e melhor entendimento elétrica. Os REDs mais usuais são:
do porvir da transição energética.
Considerando a dimensão, a amplitude e a profundidade dos I - Micro e minigeração geração distribuída;
desafios e impactos sobre a economia e o setor elétrico como um II - Armazenamento de energia;
todo, este capítulo da Série Transição Energética e ESG, fruto da III - Veículos elétricos e a infraestrutura de recarga;
parceria que o GESEL-UFRJ firmou com a Revista Setor Elétrico, IV - Resposta da demanda;
irá analisar a importância dos REDs para a modernização do setor V - Redes inteligentes.
elétrico e o seu papel na promoção de inovações tecnológicas intra
e intersetoriais. O elemento diferencial dos REDs é serem capazes de estimular,
O quarto capítulo da série está estruturado em três seções, além desenvolver e impor componentes de inovação tecnológica
desta introdução e das conclusões. A primeira seção tem foco no
contexto do processo de transformação estrutural observado
atualmente no setor elétrico. A segunda seção examina
os vetores que fundamentam e orientam o processo de
transição energética, notadamente a descarbonização,
a descentralização e a digitalização. Por fim, a terceira
seção será dedicada à análise dos REDs enquanto
indutores de inovações tecnológicas.

1 - A MUDANÇA DE PARADIGMA NO CONTEXTO


DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Tradicionalmente, o paradigma tecno­


lógico tradicional do setor elétrico pode ser
enquadrado em um retrato bem definido:

I - Geração centralizada distante dos grandes


centros de consumo;
II - Transporte em linhas de transmissão
de alta tensão;
III - Distribuição da energia elétrica às
unidades consumidoras em redes de média/
baixa tensão.

13
tanto do lado da demanda quanto do lado da oferta, servindo de cadeias produtivas e ampliação da capacidade de geração das
complemento ou substituição ao sistema de geração centralizado. fontes de energia solar e eólica, recursos renováveis genuinamente
Além disso, são tecnologias que ajudam a diminuir a dependência nacionais, o que contribui, simultaneamente, ao aumento da
dos combustíveis fósseis e, assim, a reduzir as emissões de GEE. segurança energética e à redução das emissões de poluentes.
Ademais, em relação aos investimentos associados, os REDs abrem Nessa conjuntura, o Brasil se destaca positivamente em relação
margens expressivas para novos modelos de negócio associados a ao cenário internacional. No que diz respeito à geração de energia
serviços para diferentes tipos de consumidores. elétrica, a matriz elétrica mundial apresenta uma baixa participação
Em relação ao padrão de consumo, os REDs viabilizam uma de fontes renováveis (cerca de 29%), como ilustrado no Gráfico 1, o
verdadeira transformação do papel do consumidor em cliente, que evidencia o tamanho do desafio da descarbonização no âmbito
tirando-o de uma posição passiva e transformando-o em agente do setor elétrico para a grande maioria dos países.
participativo das relações e dos fluxos de oferta e consumo de Por outro lado, o Brasil apresenta uma das matrizes elétricas
energia. O novo papel do consumidor é exercido através da geração com maior participação de fontes renováveis na geração de energia
própria de energia e comercialização do excedente produzido (os elétrica do planeta, apresentada no Gráfico 2, cujo percentual de
chamados prossumidores) ou, ainda, do poder de escolha com renovabilidade alcançou cerca de 87% no ano de 2022.
relação ao fornecedor de energia, processo este que está crescendo
de maneira exponencial no Brasil com a abertura do mercado livre,
inclusive na modalidade de geração distribuída por assinatura.
Observa-se, assim, um novo padrão de consumo nas redes
elétricas, cada vez mais descentralizado, digitalizado e com foco nas
necessidades do cliente final.

2 - OS 3 D’S DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

De forma geral, o processo de metamorfose do setor elétrico


associado à transição energética analisado anteriormente Gráfico 2: Evolução da geração renovável e não renovável de
pode ser sintetizado através de três vetores, os chamados 3 energia elétrica do Brasil: 2000-2022 (em %). Fonte: Arquivo
pessoal, a partir de Energy Institute
D’s: a descarbonização, a descentralização e a digitalização. A
descarbonização visa a conversão das matrizes energéticas baseadas
em combustíveis fósseis para fontes renováveis, uma vez que o setor
Esses dados atestam a vocação inquestionável do Brasil para
de geração de energia é o maior emissor de GEE do planeta.
geração de energia renovável. A título de destaque, apenas o estado
Ademais, a descarbonização recebe um destaque central na
do Ceará possui um potencial de geração solar de 1,363 TWh/ano, o
agenda estratégica dos países, pois representa uma oportunidade
que corresponde a quase o dobro da oferta interna de eletricidade
de reduzir a dependência de importação de combustíveis externos.
do Brasil em 2022.
Portanto, nessa dinâmica, se abrem possibilidades para estratégias
Deste modo, observa-se uma possibilidade concreta de
e planos/programas de investimentos nacionais que ajudam o
impulsionar a inserção das fontes renováveis, com o objetivo de
crescimento e desenvolvimento econômico.
elevar o grau de sustentabilidade do país, ao mesmo tempo em
Neste processo específico, destacam-se os investimentos nas
que é imprescindível fortalecer as cadeias produtivas nacionais de
renováveis, fazendo do processo de descarbonização um catalisador
do desenvolvimento tecnológico e econômico nacional. Contudo,
ainda falta uma percepção clara e focada do Governo Federal, a ser
materializada por meio de uma política pública estratégica à qual
Fascículo

as diferentes instâncias e organismos devem estar subordinadas. A


única e positiva exceção que merece ser destacada é o BNDES.
O pilar da descentralização, por sua vez, refere-se à alteração
do modelo de geração de energia, tradicionalmente centralizado,
visando a distribuição das fontes de energia em uma rede mais
ampla. A descentralização permite que as comunidades gerem
parte ou toda a sua própria energia, reduzindo a sua dependência
Gráfico 1: Evolução da geração renovável e não renovável de
energia elétrica mundial: 2000-2022 (em %). Fonte: Arquivo pessoal, de fontes de energia não renovável e mitigando os riscos associados
a partir de Energy Institute a falhas em grandes infraestruturas centralizadas. Além disso, a

14
15
descentralização irá estimular e envolver, gradativamente, o uso de armazenar o excesso de energia produzida durante os períodos
tecnologias de armazenamento de energia, como baterias, o que de alta geração para uso posterior, o que auxilia a garantir um
permitirá que as comunidades armazenem o excesso de energia fornecimento estável mesmo quando as condições de geração são
gerada durante os períodos de pico para consumo posterior ou o variáveis. Destaca-se que as novas regras da Lei nº 14.300/2022,
injetem de volta na rede com uma compensação financeira. que instituem mudanças no sistema de compensação de energia
No Brasil, o avanço da descentralização vem ocorrendo de forma elétrica, também tornarão mais vantajoso o uso dos sistemas
acelerada através da difusão exponencial da micro e minigeração de armazenamento, uma vez que a energia autoproduzida e
solar distribuída. Desde 2012, essa dinâmica modalidade de geração armazenada não será passível de descontos.
saltou de 7 MW de capacidade instalada no país para mais de 28 GW Além disso, os sistemas de armazenamento podem servir
no 1º trimestre de 2024, como ilustra o Gráfico 3. como uma fonte de backup de energia em caso de falhas ou
”apagões“ na rede elétrica principal, elevando a confiabilidade, a
resiliência e a autonomia no fornecimento de energia. Portanto,
o armazenamento é um segmento tecnológico e econômico
que ganhará importância e predominância nos investimentos,
abrindo possibilidades consistentes para novos negócios nos
próximos anos.
O terceiro e último vetor, da digitalização, diz respeito à
integração de tecnologias digitais avançadas com objetivo de
melhorar a eficiência, a confiabilidade e a sustentabilidade do
sistema elétrico. Ao passo em que a descentralização amplia a
inserção das fontes renováveis e a participação de novos agentes
Gráfico 3: Evolução da capacidade instalada de geração solar na gestão da rede, a digitalização, através de um volume cada vez
distribuída no Brasil: 2012-2024 (em MW). Fonte: Arquivo pessoal, a maior de dados e equipamentos modernos, possibilita a tomada
partir de ABSOLAR
de respostas operacionais rápidas, o que é capaz de elevar o
Vale destacar que esse crescimento significativo também rendimento do sistema como um todo e viabiliza o surgimento
vem produzindo externalidades extremamente positivas tanto de novos serviços que se encaixem nos padrões de consumo dos
para a economia quanto para a descarbonização. Estimativas da clientes.
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) Dentre as tecnologias que compõem o ecossistema digital
apontam que, desde 2012, a geração solar distribuída já mobilizou do setor elétrico, destacam-se os medidores inteligentes, que
mais de R$ 140 bilhões em investimentos e cerca de R$ 42 bilhões são dispositivos que registram o consumo de energia em tempo
em arrecadação para os cofres públicos, além de ter gerado mais real e facilitam a gestão e o controle mais precisos da demanda
de 860 mil empregos, espalhados pelas cinco regiões do país. de cada unidade consumidora. A disseminação dos medidores
No acumulado de 12 anos, a fonte também foi responsável por inteligentes permite, por exemplo, que as smart grids utilizem
evitar a emissão de mais de 47 milhões de toneladas de CO2 tecnologias de comunicação e controle para melhorar a eficiência
na atmosfera. No entanto, esse crescimento exponencial ainda e a confiabilidade da distribuição de energia, possibilitando uma
ocorre através de subsídios, o que, hoje, não é mais necessário, melhor integração de fontes renováveis e acomodando a geração
pois os próprios números indicam claramente que esta indústria distribuída de acordo com os requisitos operacionais da rede
já atingiu a fase de maturidade. Por outro lado, o volume de elétrica.
subsídios associados ao crescimento exponencial tende a superar, A digitalização também cumpre a importante função de
em muito os benefícios associados, destacando-se aqui o impacto elevar a produtividade em outros segmentos operacionais.
Fascículo

negativo sobre a modicidade tarifária do mercado cativo. Sensores e sistemas de monitoramento avançados, por exemplo,
Aliado a micro e minigeração solar distribuída, o permitem o acompanhamento em tempo real do desempenho de
armazenamento de energia desempenha um papel fundamental equipamentos e infraestrutura, o que possibilita a manutenção
na maximização dos benefícios da geração descentralizada para preditiva e a otimização do uso de recursos financeiros. No âmbito
os consumidores. Embora a geração distribuída seja altamente das tecnologias digitais da fronteira do conhecimento, como
vantajosa em termos de sustentabilidade e resiliência, a natureza a inteligência artificial, os algoritmos de análise de dados são
intermitente da fonte solar pode apresentar desafios para o capazes de prever a demanda de energia e a geração de fontes
fornecimento de energia contínua e confiável. renováveis, ajudando os operadores de rede a tomar decisões
Neste sentido, as tecnologias de armazenamento permitem mais informadas sobre o planejamento e a operação do sistema.

16
em países desenvolvidos, como Alemanha e Itália, onde 70%
3 - OS REDS COMO INDUTORES DA INOVAÇÃO das instalações de geração distribuída são comercializadas em
TECNOLÓGICA conjunto com sistemas de armazenamento.
No caso dos veículos elétricos, as estratégias de eletrificação
Diante do cenário disruptivo apresentado nas duas seções das montadoras já instaladas em território nacional e a chegada
anteriores, percebe-se que a inserção dos REDs no contexto da de grandes grupos chineses têm o potencial de requalificar a
transição energética e de seus principais vetores abriu um curso posição brasileira na indústria automotiva mundial. Deste modo,
irreversível de uma verdadeira revolução tecnológica no setor a fabricação dos modelos eletrificados no Brasil contribui para a
elétrico, alterando os perfis de infraestrutura e fundamentos da eletrificação da frota nacional de veículos e para a transformação
operação dos sistemas. Mais do que isso, a difusão desses novos do país em um polo exportador, em especial para a América
recursos tem o potencial de viabilizar um salto tecnológico Latina.
tanto no âmbito da economia nacional quanto em segmentos Concomitante a isso, e de forma análoga à experiência
específicos do setor, como é o caso da distribuição de energia, da década de 1950, o ingresso das fabricantes estrangeiras
com grandes ganhos para o desenvolvimento econômico e social e a produção dos veículos elétricos no Brasil podem
do país, através de novos investimentos, do aumento do emprego mobilizar a estruturação de toda uma cadeia de autopeças,
e da criação de novas cadeias produtivas. equipamentos, tecnologias digitais e baterias para o mercado
Com relação ao primeiro ponto, a disseminação avançada dos da eletromobilidade, com o aproveitamento da
REDs pode catalisar o investimento em inovações tecnológicas e
a formação de diversas cadeias produtivas nacionais associadas
a equipamentos de geração e armazenamento de energia limpa.
No caso da geração distribuída, por exemplo, as perspectivas
de crescimento acelerado das instalações solares apontam para
o desenvolvimento de um enorme mercado consumidor, que
hoje é atendido através do elevado volume de importações
provenientes da China.
A fabricação de células e painéis fotovoltaicos, assim como
de inversores - equipamentos que tem a função de converter
a corrente contínua para corrente alternada, possibilitando
o uso da energia elétrica gerada pelos sistemas solares -, se
apresenta como uma oportunidade para a indústria brasileira de
se posicionar na liderança da transição energética global e, ao
avançar na maturação das tecnologias (com painéis fotovoltaicos
mais eficientes, por exemplo), disputar o mercado interno
nacional e os mercados consumidores do exterior.
De forma análoga, o armazenamento de energia distribuído
pode ser um importante vetor para o desenvolvimento de
uma cadeia produtiva e inovativa nacional. Assim como
acontece com a geração distribuída, as etapas de
processamento e fabricação das baterias são
geograficamente concentradas na China. No
entanto, a abundância de recursos minerais do
Brasil e as perspectivas de redução gradual
dos preços das baterias, em função dos
ganhos de escala e dos avanços tecnológicos,
indicam uma promissora oportunidade
para o desenvolvimento de tecnologias
de armazenamento em solo brasileiro. Essas
possibilidades permitem, inclusive, a integração entre
as cadeias produtivas e comerciais no padrão observado

17
expertise das companhias com longa trajetória de mercado e a I - Com maior segurança no fornecimento de energia;
exploração das vantagens competitivas do país neste segmento. II - Mais eficiente na utilização dos recursos energéticos;
Para as empresas do setor elétrico, o crescimento do mercado III - Capaz de manter a dinâmica da sustentabilidade através da
da eletromobilidade também representa uma oportunidade promoção de tecnologias limpas;
para o desenvolvimento de novas tecnologias e oferta de novos IV - Mais resiliente na resposta a eventos críticos e falhas na rede;
serviços. A existência de uma infraestrutura de recarga dos V - Capaz de estimular e viabilizar a participação ativa dos con­
veículos, por exemplo, constitui uma das principais demandas sumidores;
de potenciais proprietários, abrindo um nicho de mercado de VI - Com maiores possibilidades para o desenvolvimento de novos
eletropostos para as empresas tanto em locais públicos como em serviços e modelos de negócio para os agentes econômicos,
áreas privadas (residências, prédios comerciais, estacionamentos, criando mais emprego e gerando mais renda.
etc.).
Com relação ao segmento de distribuição de energia CONCLUSÕES
elétrica, a difusão dos REDs implica em uma evolução do modelo
tradicional, com as concessionárias passando a atuar como A transição energética está induzindo uma ampla e profunda
operadoras do sistema de distribuição (DSOs, na sigla em inglês) e transformação do setor elétrico. Neste contexto, os REDs têm
não mais apenas como operadoras da rede de distribuição (DNOs, surgido como uma resposta à necessidade de diversificação
na sigla em inglês. Ou seja, caberá às DSOs operar e gerenciar e descentralização das fontes de energia e, para além do
o sistema de distribuição de um determinado território através empoderamento dos usuários, cumprem uma importante
da coordenação dos fluxos bidirecionais de energia das fontes função quando integrados à rede elétrica, fornecendo serviços
renováveis e dos REDs conectados à rede elétrica. ancilares e de flexibilidade. A transição para os REDs também vem
Nota-se que a transição de DNO para DSO envolve uma série impulsionando a adoção de inovações tecnológicas que estão
de mudanças significativas nas operações das distribuidoras de transformando as distribuidoras de energia em DSOs, de modo
energia, que pressupõe a internalização de inovações tecnológicas a ampliar os seus atributos e sua capacidade de coordenação
capazes de qualificá-las a assumirem novas responsabilidades. da rede elétrica, ao passo em que exploram novos modelos de
Isso inclui a implementação de tecnologias avançadas de negócio capazes de refletir melhor os custos e benefícios da
monitoramento e controle, dispositivos de automação da rede e geração e do consumo de energia em tempo real.
sistemas de gerenciamento de dados em tempo real. Dessa forma, os REDs são catalisadores da metamorfose
Na relação com os consumidores, a digitalização da rede tecnológica que o setor elétrico atravessa e a sua integração
também é relevante para a viabilização de mecanismos de se mostra imprescindível ao enfrentamento dos desafios da
resposta da demanda, na qual os consumidores ajustam o seu mudança climática e à construção de um futuro energético mais
consumo de energia em resposta a um sinal de preço, e de outros seguro, limpo e acessível para todos.
serviços inovadores, como o carregamento inteligente de veículos O Brasil, especificamente, se vê diante de uma oportunidade
elétricos e sistemas de gerenciamento que elevam a eficiência única de convergir a modernização do setor energético com as
energética das residências. bases de crescimento econômico. O potencial quase infinito de
Neste contexto, vale destacar a recente iniciativa da ANEEL de aproveitamento dos recursos renováveis abre a possibilidade
promover sandboxes tarifários, visando a evolução e adequação para a fabricação e internalização de novas tecnologias no setor
do modelo tarifário brasileiro em direção a uma regulação de energia em linha com os objetivos de uma neoindustrialização
aderente à nova realidade digital. Os projetos são campos de em bases sustentáveis.
teste de novos serviços, baseados em tarifas personalizadas para Para as empresas do setor elétrico, por sua vez, as inovações
usuários de REDs, como micro e minigeração distribuída, veículos tecnológicas contribuem não só para o upgrade do sistema
elétricos e resposta da demanda. como um todo, visando a garantia da segurança energética do
Fascículo

Deste modo, o upgrade tecnológico em direção às DSOs é país, mas também para o desenvolvimento de novos negócios e
visto como um passo importante na modernização e adaptação serviços. Ainda falta, porém, uma estratégia integrada e global,
das redes elétricas aos crescentes desafios do setor elétrico, em coordenada e capitaneada pelo Governo Federal, uma vez que
especial relativos ao segmento da distribuição, uma vez que todas são observadas iniciativas de diferentes ministérios sem um norte
essas novas tecnologias irão utilizar as redes elétricas. mais estruturado e centralizado.
Ao promover a correta e eficaz integração dos REDs à rede
elétrica, as DSOs desempenham um papel crucial na consolidação *Leonardo Gonçalves é Pesquisador Associado do GESEL-
de um sistema: UFRJ.

18
19
Transformação digital no setor elétrico
Em constante evolução, a transformação digital do setor elétrico é um caminho sem volta. Para tratar
deste tema contaremos com toda a expertise da engenheira e pesquisadora de energia da FIT Instituto
de Tecnologia, em Sorocaba/SP, Priscila Santos, que possui mestrado em Energia e doutoranda em
Agroenergia e Eletrônica, é pesquisadora de energia do Programa MCTI Futuro do FIT, uma iniciativa
do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com recursos da Lei nº 8.248, de 23/10/1991, e conta
com a coordenação da Softex, execução e parceria com diversas instituições privadas.

Capítulo 4
Energia e processos: o bispo do jogo

Nos fascículos anteriores, enfatizamos a evolução nos que foram detalhados no segundo fascículo. Além disso, é
processos de transformação e distribuição de energia elétrica. crucial considerar nosso sistema de infraestrutura, que engloba
Fornecemos uma explanação concisa sobre as tecnologias a geração, transmissão e distribuição de energia, citado no
predominantes, bem como as oportunidades e impactos terceiro fascículo.
associados. No entanto, é importante ressaltar, que todo esse Porém, a existência de uma infraestrutura robusta de
progresso seria em vão, sem os meios de telecomunicações, telecomunicações e redes, é inútil sem um processo adequado
Fascículo

20
de normas e resoluções. Como o enxadrista do século XIX, o Barão Tassilo, diplomata alemão,
uma vez disse: “O xadrez é, em essência, um jogo. Em forma, uma arte. E em execução, uma
ciência” [1]. Da mesma forma, a implementação eficaz de tecnologias de telecomunicações e
redes, requer uma abordagem que equilibre a estratégia do jogo, a beleza da arte e a precisão
da ciência. Isso só pode ser alcançado através de um conjunto de normas e resoluções bem
definidas que acompanhem as transformações.

OS BISPOS DO SETOR ELÉTRICO

No xadrez, existem quatro bispos, dois para cada jogador. No xadrez, cada bispo é
confinado a casas de uma só cor, movendo-se apenas diagonalmente, uma analogia à rigidez
dos processos normativos no setor elétrico. Esta peculiaridade reflete a rigidez e a rotina
dos processos em nosso setor, onde cada etapa é limitada e segue um caminho predefinido.
Normas, procedimentos, conexões e resoluções normativas são os “bispos” do nosso setor,
trazendo rigidez. No entanto, essa rigidez, quando aliada à modernização do nosso sistema,
por meio da digitalização, impulsiona mudanças e transformações. Embora o processo possa
ser desafiador, esses elementos são fundamentais para a evolução contínua do sistema.
A modernização do sistema elétrico, facilitando mudanças rápidas em normas e
regulamentações, marca um progresso significativo na quebra de padrões e movimentos
repetitivos. Essa transformação pode ser comparada aos desafios apresentados ao tentar tirar
uma foto com um celular Motorola PT550 ou com um lampião, como mostrado no primeiro e
segundo fascículo. Assim, a evolução do sistema elétrico, bem como a evolução da tecnologia,
exige a superação de obstáculos e a quebra de paradigmas estabelecidos. É uma jornada
desafiadora, mas necessária para o progresso.
Como podemos mudar e adaptar normas, procedimentos e resoluções, considerando o
uso de IoT e IA, integrados à cibersegurança? Como acelerar a modernização das normas e
resoluções? Da oportunidade ao desafio, já que não temos ainda de forma pública uma diretriz
para o desenvolvimento dessas tecnologias e inserção delas, podemos utilizar e estabelecer
com esses laboratórios de testes reais e abertos às novas resoluções ou previsões destas, usar a
tecnologia de IA a favor do sistema, acelerando assim a transformação digital e o acesso a novas
tecnologias, o desafio sempre será grande, mas se as mudanças não acompanharem teremos
sistemas obsoletos.

1 - AS TECNOLOGIAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO

A transformação do setor elétrico é um desafio considerável para todas as empresas


envolvidas, sejam elas distribuidoras, transmissoras ou geradoras de energia. Acompanhar a
evolução tecnológica e as adaptações de mercado, requer uma transição de sistemas arcaicos
para sistemas digitais. Isso exige a adaptação das redes e a calibração de novos equipamentos
conforme os requisitos de conexão. Além disso, a modernização das equipes responsáveis pela
manutenção e a implementação de novos processos, além de segurança são aspectos cruciais
nesse processo. Portanto, a transformação do setor energético não é apenas uma questão de
atualização tecnológica, mas também uma questão de adaptação organizacional e operacional.
Como mencionamos no primeiro capítulo, as principais tecnologias estão relacionadas à
implementação da Internet das coisas (IoT), Big data, Inteligência Artificial (IA), machine
learning e blockchain.
A implantação da IoT tem revolucionado os processos no setor elétrico, tornando-os mais
eficientes, seguros e econômicos. Esta inovação marca a transição de um setor tradicionalmente
rígido para um modelo mais flexível e orientado a dados. A IoT oferece uma plataforma

21
robusta que permite coletar, analisar e compartilhar dados de de energia, além de permitir a simulação de cenários futuros para
diversas fontes, facilitando assim uma tomada de decisões mais a implementação de novas tecnologias. Essas tecnologias incluem
informada e efetiva [2]. sistemas de armazenamento com baterias, sistemas de geração
A implementação robusta da Internet das Coisas (IoT) tem distribuída, carros elétricos, entre outros. Além disso, a análise de
melhorado e continua aprimorando o fornecimento de energia dados pode ajudar a prever tendências de preços e até mesmo
elétrica. Isso é particularmente evidente no que diz respeito ao cenários de mudanças na regulamentação das concessionárias,
tempo de interrupção das linhas de distribuição, um aspecto normas da ABNT e de outros órgãos competentes [5].
crítico do sistema, e a confiabilidade da rede. Com a implementação de novas tecnologias no sistema elétrico
Além disso, a transformação digital tem contribuído para brasileiro, é vital que a segurança e o conhecimento evoluam
a melhoria dos índices de qualidade relacionados às metas proporcionalmente. Nesse contexto, encontramos soluções
da ONU, como as métricas de eficiência. Esses avanços são inovadoras em sistemas blockchain aplicados a redes inteligentes.
fundamentais para atender às crescentes demandas do setor Essas soluções abrangem diversas áreas, como comércio de energia,
de energia elétrica e para garantir um fornecimento de energia veículos elétricos, gestão de resposta à demanda, além de segurança
confiável e eficiente para todos os brasileiros. A continuidade e privacidade. Essas tecnologias estão atreladas ao sistema de
dessas inovações e melhorias será crucial para o futuro do setor aprendizado de máquina (machine learning), que desempenha
de energia elétrica no Brasil [3] um papel crucial na identificação de padrões de comportamento
No artigo “How will the internet of energy (IoE) revolutionize e mudanças no consumo de energia. Além disso, essas inovações
the electricity sector? A techno-economic review”, o autor abrem novas possibilidades para o consumidor final, como o acesso
Laroussi discute como as camadas da IoT são aplicadas ao setor a novas opções de compra de energia. Portanto, a implementação
de energia. Ele descreve a camada física, também conhecida de novas tecnologias no sistema elétrico, não apenas melhora
como camada base, que é a fundação do sistema. Além disso, a eficiência e a segurança, mas também oferece oportunidades
ele menciona a camada de dados, que atua como uma interface inéditas para os consumidores [6]
entre as demais camadas e as aplicações. Esta análise fornece
uma visão valiosa sobre a estrutura e o funcionamento do IoT no 2 - CORRIDA CONTRA O TEMPO
contexto da energia. Segundo o autor, no processo da camada
base encontram-se os sistemas de medição, gerenciamento da Para ilustrar a situação atual do setor de energia, vamos
distribuição, sistemas de armazenamento, carros elétricos e os considerar uma analogia: seria possível transformar um Ford Model
sistemas de micro redes. Já na segunda camada, que liga o mundo A, de 1903, em um Rolls-Royce Boat Tail, de 2024? Poderíamos
físico, sendo a última camada de operação do sistema. [4] mudar um sistema mecânico para um sistema automático da noite
As aplicações de Big Data e Inteligência Artificial estão alinhadas para o dia? Embora essa comparação possa parecer exagerada, ela
com a proposta de valor que visa aprimorar nosso sistema. Elas destaca a diferença de um século. Da mesma forma, nossas normas,
fornecem informações relevantes para a expansão do sistema, o regulamentações e resoluções muitas vezes demoram para se
desenvolvimento de metodologias para combater falhas e furtos adaptar às novas tecnologias e às transformações que elas trazem.
Então, quais são as resoluções normativas para a transformação
digital em clientes de baixa tensão? Como podemos nos adequar ao
excesso de eletrônica inadequada presente em alguns inversores
e equipamentos do cliente final, na rede da distribuidora?
Fascículo

Equipamentos mais baratos para o cliente podem acabar sendo


caros para a distribuidora de energia, considerando as harmônicas e
perturbações que podem ocorrer no sistema.
Um exemplo clássico disso é a NBR 5410, a norma de Instalações
Elétricas de Baixa Tensão. Desde sua última versão em 2004, houve
mudanças significativas no comportamento do consumidor em
relação ao uso da eletricidade e na evolução de alguns aparelhos. A

Figura 1 diferentes camadas IoT e as oportunidades oferecidas em questão é: essa norma acompanhou essa evolução ou previu essas
cada nível . Fonte [4] mudanças? Essas são questões importantes que precisamos abordar

22
à medida que avançamos na era digital. REFERÊNCIAS
As lâmpadas incandescentes, por exemplo, evoluíram para as
fluorescentes (que hoje são difíceis de encontrar para comprar) [1] Title, Handbuch des Schachspiels ; Author, Paul Rudolph von Bilguer ;
e, finalmente, para as de LED. Os eletrodomésticos também Editor, Tassilo Heydebrand und der Lasa ; Edition, 2, illustrated ; Publisher, Veit, 1852.
passaram por mudanças, tanto em termos de potência quanto de [2]Sultanabanu, Kazi & Liyakat, Sayyad & Kazi, Kutubuddin. (2023). IoT in the
funcionalidade. Electric Power Industry. 8.
Além disso, com o advento das casas inteligentes, surgem [3] Xavier, S.S., Lima, J.W.M., Lima, L.M.M. et al. How Efficient are the Brazilian
novas necessidades. Precisamos de uma resolução normativa Electricity Distribution Companies?. J Control Autom Electr Syst 26, 283–296
que implemente a cibersegurança nas instalações, especialmente (2015). https://doi.org/10.1007/s40313-015-0178-2
considerando os sistemas de assistente virtual que podem ser [4]Ilias Laroussi, Liu Huan, Zhao Xiusheng, How will the internet of energy
vulneráveis a ataques cibernéticos. Essas são questões importantes (IoE) revolutionize the electricity sector? A techno-economic review, Materials
que precisamos abordar, à medida que avançamos na era digital. Today: Proceedings, Volume 72, Part 7, 2023, Pages 3297-3311, ISSN 2214-7853,
Este é um exemplo de como a corrida contra o tempo em relação https://doi.org/10.1016/j.matpr.2022.07.323. (https://www.sciencedirect.com/
aos avanços tecnológicos é desafiadora. Assim como não é possível science/article/pii/S2214785322049550)
tirar fotos com um lampião, também pode ser complexo acelerar [5] Liao, H.; Michalenko, E.; Vegunta, S.C. Review of Big Data Analytics for
o processo de evolução tecnológica em sintonia com as normas e Smart Electrical Energy Systems. Energies 2023, 16, 3581. https://doi.org/10.3390/
resoluções normativas dos órgãos competentes. A questão central en16083581
é: como podemos harmonizar a rápida evolução da tecnologia com [6] Mololoth, V.K.; Saguna, S.; Åhlund, C. Blockchain and Machine Learning
a necessidade de regulamentação adequada? Este é um desafio que for Future Smart Grids: A Review. Energies 2023, 16, 528. https://doi.org/10.3390/
precisamos enfrentar à medida que avançamos na era digital. en16010528

23
Digitalização de Subestações e Energias Renováveis
A integração das fontes de energias renováveis nas redes elétricas, impulsionada pela digitalização, está
remodelando o paradigma da geração, distribuição e consumo de energia. Para abordar os desafios relacionados
a este assunto convidamos o Engenheiro Master da Vale, Paulo Henrique Vieira Soares. Mestre em engenharia
Elétrica pela UNIFEI, possui MBA em Gestão (FGV) e pós-graduação em Sistemas fotovoltaicos pela UFV.

Capítulo 4
Comissionamento de centrais geradoras
fotovoltaicas
Por Paulo Henrique Vieira Soares e *Carolina Reis Silva

1 - INTRODUÇÃO Este artigo foca nos testes da Usina Fotovoltaica, uma


área emergente, diferentemente dos itens 2 a 4, que são bem
O comissionamento de usinas fotovoltaicas é um processo estabelecidos. Os subsistemas em foco são aterramento, módulos
crucial que assegura a operacionalidade e eficiência de tais solares, rastreadores e inversores conforme Figura 1.
instalações. Dividido em comissionamento a frio e a quente, cada
fase desempenha funções específicas para validar a segurança e
desempenho dos sistemas envolvidos. O comissionamento a frio
verifica os aspectos de segurança e conformidade técnica sem
necessidade de energia ativa, enquanto o comissionamento a
quente confirma a capacidade operacional sob condições reais
de carga.
O comissionamento começa com o isolamento e sinalização
da área para acesso controlado. É essencial inspecionar o sistema
para conformidade com o projeto e segurança, incluindo a
Fascículo

verificação de circuitos, conexões e aterramento. Antes da


energização, é crucial avaliar se os padrões de proteção elétrica
e segurança foram cumpridos. Os testes devem ser conduzidos
Figura 1 - SKID de geração
na:
Após as verificações iniciais, é viável começar os testes usando
1 - Usina Fotovoltaica apenas a alimentação auxiliar dos equipamentos. Frequentemente, o
2 - Subestação Elevadora/Coletora projeto ainda está em andamento nesta fase, e geradores podem ser
3 - Linha de Transmissão empregados para energizar o sistema e prosseguir com as atividades
4 - Subestação Transmissora em campo.

24
2 - COMISSIONAMENTO A FRIO extensa área que essas instalações ocupam, realizar ensaios em todo
o parque não é viável. Contudo, é possível executar esses testes na
Durante o comissionamento a frio de uma usina fotovoltaica, uma área da ITS, isolando-a por meio da caixa de equipotencialização.
série de testes são conduzidos sem a necessidade de energização Os valores obtidos nessa medição servirão como referência para
do sistema. Isso inclui a verificação da integridade estrutural, a intervenções futuras, garantindo uma base consistente para a
instalação correta e a segurança dos equipamentos. Testes de manutenção da integridade do sistema de aterramento.
continuidade asseguram a conexão adequada entre os módulos e o
sistema de aterramento, enquanto testes de polaridade confirmam a Módulos e Caixa de junção
correta instalação elétrica dos componentes. Além disso, verificações O comissionamento de campo para módulos solares é regido
visuais e ensaios específicos como o de resistência de isolamento são pela norma ABNT NBR 16274, a qual estabelece diretrizes para os
realizados para garantir que não existam falhas de isolamento que ensaios realizados no arranjo fotovoltaico. Tal arranjo consiste em um
possam afetar o desempenho ou a segurança da usina. agrupamento de módulos conectados em série e interligados à caixa
de junção, garantindo a conformidade técnica e operacional do sistema.
Aterramento
Inicialmente, é crucial assegurar a conexão de todos os módulos
e rastreadores ao sistema de aterramento, o que deve ser verificado
por testes de continuidade. Em situações em que o uso de um
multímetro não se mostra eficiente para tal medição, a aplicação de
um microhmímetro é aconselhada.
No SKID ou ITS (Inverter and transforrmer Station), que abriga o
transformador, inversores centrais, o controlador dos rastreadores e
o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), deve
existir um sistema de equipotencialização. Este sistema assegura a
interconexão da malha de aterramento dos rastreadores e caixas
de junção com os demais componentes da estação. A verificação
da continuidade dentro deste sistema e sua conexão com outros
sistemas é imprescindível. Adicionalmente, dada a presença de
circuitos de média tensão e o acesso frequente à área, é imperativo
a realização de ensaios de passo e toque para garantir a segurança.
No contexto da resistência de aterramento em usinas
fotovoltaicas, a ausência de diretrizes normativas específicas
complica a padronização dos procedimentos. Considerando a Figura 2 - Vista interna de uma Caixa de junção

Tabela 1 - Medição de continuidade (Relatório de aterramento)


Ponto de Origem Ponto de Destino Leitura Parecer
Item Área Descrição Área Descrição R (mΩ)
1 SKID Barra de Equalização SKID Trocador de calor 79,70 Conforme
2 SKID Barra de Equalização SKID UCR-01 57,00 Conforme
3 SKID Barra de Equalização SKID UCR-02 68,90 Conforme
4 SKID Barra de Equalização SKID UCR-03 67,00 Conforme
5 SKID Barra de Equalização SKID Barra do SIKD 83,60 Conforme
6 SKID Barra de Equalização SKID Para-raio 01 94,50 Conforme
7 SKID Barra de Equalização SKID Para-raio 02 48,30 Conforme
8 SKID Barra de Equalização SKID Escada SKID 90,00 Conforme
9 SKID Barra de Equalização SKID Leito Cabos 54,60 Conforme
10 SKID Barra de Equalização SKID Transformador 78,20 Conforme

25
Os ensaios previstos para os arranjos incluem: executor, sendo recomendada a sua realização noturna para minimizar
tais riscos.
• Polaridade: verificação em todos os cabos de corrente contínua
para assegurar a conexão adequada dos equipamentos, baseando-se Rastreadores Solar
na tensão entre polos. O comissionamento dos rastreadores é uma responsabilidade
• Caixa de Junção: avaliação para confirmar conexões corretas e a exclusiva do fabricante, devido a questões de garantia. O sistema inclui
funcionalidade das seccionadoras e fusíveis. Unidades Controladoras Autônomas (UCA) em cada suporte de módulo,
• Corrente de Curto-Circuito: medição em cada circuito para Unidades Controladoras de Rede (UCR) para cada SKID/ITS, estações de
identificar possíveis falhas nos cabos. meteorologia para o monitoramento perimetral e um servidor para
• Corrente de Operação: análise em cada circuito quanto à sua suporte remoto do fabricante, abrangendo todo o projeto. A quantidade
funcionalidade, comparando valores medidos com os esperados. de equipamentos varia conforme a escala do projeto. O processo
• Tensão de Circuito Aberto: checagem em cada circuito para inicia-se pela identificação individual de cada UCA, associando-a à
confirmar a quantidade e conexão correta dos módulos. UCR correspondente, que configura e controla o rastreamento. Esta
• Resistência de Isolamento: garantia da isolação adequada dos comunicação, geralmente sem fio (Protocolo Zigbee), é testada para
módulos e condutores, podendo ser realizada individualmente em assegurar a execução correta dos comandos, incluindo um “teste de
cada série de módulos. giro” que verifica a resposta dos rastreadores.
Além disso, as estações solarimétricas são responsáveis por
É importante destacar que, devido à natureza inerente das monitorar a velocidade e direção do vento, essenciais para posicionar
fontes energéticas, não é possível isolar completamente os os módulos na “posição de segurança” em caso de ventos fortes. Estas
circuitos para testes. Isso implica que as medições de resistência estações são distintas das usadas para fornecer dados ao Operador
de isolamento podem ser afetadas pela direção da corrente gerada Nacional do Sistema (ONS). Antes dos testes de vento, é crucial
pelo módulo em relação à corrente de teste. Especificamente, que a usina tenha a alimentação auxiliar e a rede de comunicação
medições entre o eletrodo positivo e o terra podem subestimar a estabelecidas. Após os testes, ajustes finais são feitos na angulação dos
resistência real, enquanto medições entre o eletrodo negativo e o rastreadores para evitar sombreamento nos módulos, considerando
terra podem superestimá-la. Assim, uma avaliação empírica torna-se as características do terreno. Finalmente, um arquivo de configuração
necessária, esperando-se que resistências de isolamento de circuitos “como construído” é atualizado no software e no servidor do fabricante,
similares sem falhas alcancem valores próximos. Tal avaliação exige permitindo o acesso remoto a todos os dados dos equipamentos,
considerável experiência por parte do executor. concluindo o comissionamento.

Tabela 2 - Relatório de Ensaios de Categoria 1 – Medições Inversores


de Resistencia de Isolamento.
O comissionamento de inversores em usinas fotovoltaicas
Temperatura (ºC): 37,9 Umidade (%):35 geralmente é efetuado pelos fabricantes devido à complexidade e
Open-circuit Voltage (Voc) = 49,54 especificidade técnica desses dispositivos. Dada a importância crítica e
Short-circuit Currente (Isc): 13,63 A o alto valor dos equipamentos, envolver “terceiros” no comissionamento
pode introduzir riscos adicionais. O processo de comissionamento
Ensaio de Megger do Arranjo (MΩ) Parecer
inicia-se com a inspeção do sistema de troca de calor e o reaperto das
Arranjo Voc (V) P (+) N (-)
conexões elétricas, que podem ser afetados durante o transporte e
1 1346 17,2 20,2 Conforme
armazenamento. Posteriormente, realiza-se uma série de verificações,
2 1347 17,2 20,2 Conforme
medições e testes em subsistemas como o trocador de calor, nobreak
3 1343 17,2 20,2 Conforme
e sistema de incêndio, se presentes, além de realizar ajustes funcionais
Fascículo

4 1341 17,2 20,2 Conforme


e calibrações conforme necessário. É crucial, nessa fase, configurar e
5 1342 17,2 20,2 Conforme
validar a comunicação e os pontos digitais para garantir a execução
6 1340 17,2 20,2 Conforme
remota de leituras e comandos durante os testes de carga subsequentes.
7 1356 17,2 20,2 Conforme
8 1347 17,2 20,2 Conforme
3.0 - COMISSIONAMENTO A QUENTE
No comissionamento a quente, o sistema é testado sob condições
Uma alternativa mais precisa, conforme norma, envolve o operacionais plenas, o que inclui a geração e distribuição de energia.
curto-circuito dos terminais positivos e negativos em relação à terra. Esta fase verifica se a usina atende aos requisitos de desempenho
Entretanto, essa abordagem apresenta um risco elétrico elevado para o esperados e se comporta adequadamente sob carga. Testes de geração

26
27
Figura 3 - Qualidade da corrente CA em baixa potência (esquerda) e potência nominal (direita).

de energia, ajustes de inversores e verificação da qualidade da energia modo de espera. Adicionalmente, os inversores podem “gerir” a potência
produzida são alguns dos aspectos avaliados. Esta etapa também reativa para controlar a tensão da rede à noite, diminuindo a necessidade
envolve a interface com órgãos de regulamentação para garantir que de bancos de capacitores na subestação elevadora. Esse controle reativo
a usina esteja em conformidade com todas as normas e regulamentos é geralmente limitado a alguns inversores para balancear a demanda e
aplicáveis antes de iniciar a operação plena. minimizar o desgaste. Com os inversores em funcionamento, os testes
É essencial que o sistema de geração esteja completamente operacionais subsequentes da usina podem prosseguir.
finalizado e as condições climáticas, particularmente a incidência
solar, devem ser favoráveis durante os testes, dada a dependência da Termografia
energia solar como fonte de geração. Adicionalmente, é crucial obter A termografia é uma ferramenta valiosa na inspeção de módulos
a autorização do Operador Nacional do Sistema (ONS) para iniciar os solares e conexões, mas requer configurações precisas do equipamento,
testes de geração. Caso a usina esteja conectada à rede do Sistema incluindo resolução da câmera, faixa de temperatura e precisão de
Interligado Nacional (SIN), é necessário cumprir determinados requisitos medição. Para resultados confiáveis, é essencial ajustar corretamente
para adquirir a Declaração de Atendimento aos Procedimentos de Rede os parâmetros como emissividade, distância ao objeto e temperatura
para operação em teste (DAPR/T) e, consequentemente, a autorização ambiente, que variam conforme o objeto e as condições ambientais.
da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para despacho da Durante o ensaio, as normas exigem que os módulos operem
energia. normalmente, sob condições de irradiância superiores a 600W/m² e
em clima estável, sem vento, chuva forte ou nuvens significativas para
Inversores evitar variações de corrente que afetem os resultados. Variações na
Durante o comissionamento, a “certificação” dos cabos de geração temperatura dos módulos indicam funcionamento anormal, podendo
é crucial. Inversores contêm dispositivos de monitoramento de isolação apontar para “pontos quentes” causados por defeitos ou sombreamento,
que bloqueiam a entrada em operação se a resistência de isolação estiver que necessitam de investigação.
abaixo do limite configurado. Assim, uma baixa isolação em qualquer Para grandes usinas, inspeções termográficas aéreas via drones
ponto do sistema pode impedir que o inversor alcance sua capacidade são práticas, porém podem fornecer “apenas” uma visão geral devido à
total. Além disso, conforme a NBR 16149, o inversor necessita de uma limitação na resolução das imagens. Áreas suspeitas identificadas nesta
tensão de referência da rede para operar, uma exigência conhecida inspeção preliminar devem ser examinadas mais de perto em inspeções
como proteção anti-ilhamento. terrestres. Além dos módulos, é crucial realizar termografia terrestre em
Na ausência de impedimentos, procede-se às validações caixas de junção, conexões, inversores e transformadores para identificar
operacionais do inversor, envolvendo potência ativa e reativa. Uma potenciais sobreaquecimentos em seccionadoras, disjuntores, porta-
Fascículo

vez ativados os conversores, tensões e correntes são inspecionadas, fusíveis e conexões, prevenindo perdas materiais e interrupções no
e a qualidade da energia produzida é avaliada por meio de medições sistema de geração.
fasoriais e oscilografias para identificar distorções causadas pelos
inversores conforme Figura 3. Curva I x V
Para otimizar a eficiência, inversores utilizam a tecnologia MPPT O ensaio com o traçador de curva IxV é essencial em usinas
(Maximum Power Point Tracking), que ajusta automaticamente o fotovoltaicas de grande escala para verificar a integridade dos
equipamento para operar no ponto de máxima potência, com base na arranjos, identificando defeitos ou sombreamentos. Utilizando
tensão de entrada CC. Se a tensão cair abaixo do mínimo operacional, por esse equipamento e acessórios apropriados, é possível mensurar
exemplo, devido a uma redução na irradiância solar, o inversor entra em temperatura, irradiância, corrente, tensão e potência. Essas medições,

28
29
Figura 4 - Curva IxV, gráfico esperado (unidade) e medido (Série)

combinadas com as especificações dos módulos solares, permitem


normalizar os resultados para as Condições Padrão de Teste (STC),
facilitando a comparação com os valores e gráficos esperados,
assegurando a conformidade dos arranjos.
Para a realização do ensaio, conforme a NBR 16274, é necessário que os
módulos permaneçam em rastreamento, quando aplicável, posicionados
em um ângulo máximo de ±22,5° em relação ao sol, sob irradiância direta
e superior a 700W/m². A presença de sujeira nos módulos pode afetar os
resultados, sendo recomendada a limpeza prévia dos módulos. Durante o
ensaio, o traçador de curva realiza rapidamente a leitura dos parâmetros
e a elaboração da curva IxV. A norma também detalha os desvios típicos
que podem ser observados na curva, fornecendo insights sobre possíveis Figura 5 – Exemplo de Curva IxV de referência prevista na
NBR 16274
falhas e suas causas subjacentes.
Caso a curva não apresente nenhum dos desvios indicados
na norma, avalia-se os parâmetros medidos com os valores STC
fornecidos. 4.0 - PRÓXIMOS ARTIGOS
Se os valores medidos não excederem a tolerância especificada
pelo fabricante do módulo, considerando também a precisão do O Artigo V explorará os sistemas SCADA e PPC aplicados no
traçador de curva, as séries de módulos são consideradas aprovadas. Este monitoramento e controle das usinas fotovoltaicas de grande
procedimento precisa ser executado em cada série ou arranjo fotovoltaico porte. Serão abordados exemplos práticos de aplicação e melhores
da usina. A obtenção de resultados satisfatórios em todos os ensaios indica práticas adotadas para otimização da operação remota e segura do
que o sistema está devidamente qualificado e pronto para a operação. complexo.

Tabela 3 - Dados de placa e dados de Medição de curva IxV


Condições Climáticas Modulo Solar (Série de 30 módulos)
Parâmetro Unidade Parâmetro STC Medição
Fascículo

Irradiância 916 W/m2 Potência Máxima (Pmáx) 15.900 Wp 13.204 Wp


Temperatura ambiente 33 ºC Tensão de Máxima Potência (Vmp) 1.226,1 V 1.079,13 V
Umidade 29% Corrente de Máxima Potência (Imp) 12,97 A 12,24 A
Clima Seco Tensão de Circuito Aberto (Voc) 1.484,40 V 1.333,05 V
Temperatura do módulo 54 ºC Corrente de Cuito-circuito (Isc) 13,73 A 13,05 A

Ilustrações - Keli Antunes


*Carolina Reis Silva é engenheira eletricista, formada pela PUC-MG. Atua na implantação de subestações de energia desde 2014
e parques solares de geração centralizada desde 2017, com vivência nos processos de montagem e comissionamento de sistemas
elétricos e participação em projetos executivos.

30
350A até 5000A 250A até 2500A 1000A até 5000A

31
Perdas energéticas em GTD
Um dos grandes desafios para o setor elétrico é a redução das perdas energéticas em
geração, transmissão e distribuição, pois elas impactam não somente os consumidores, como
toda a cadeia responsável pelo fornecimento de energia no país. Para este fascículo, teremos
como mentor o engenheiro Márcio Almeida da Silva, que possui MBA em Planejamento e
Gestão de Serviços e, atualmente, ocupa a posição de Diretor Executivo da LIG Engenharia,
Consultoria e Treinamento.

Capítulo 4
Perdas da geração de energia elétrica

Conforme definido pela Agência Reguladora: “as perdas na Rede termelétrica, eólica, fotovoltaica, entre outras) e o consumidor, sendo
Básica são calculadas pela diferença da energia gerada e entregue nas os principais as Distribuidoras de Energia Elétrica.
redes de distribuição. Essas perdas são apuradas mensalmente pela Cabe aqui esta primeira reflexão no sentido que analisarmos que as
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o seu custo, é geradoras já partem para compor a remuneração da sua produção de
definido anualmente nos processos tarifários, e dividido em 50% para um percentual de perda na rede básica definido pela ANEEL e apurado
geração e 50% para os consumidores.” pela CCEE, portanto, se torna, entre outros fatores, desenvolver modelos
Importante primeiro saber de forma resumida que a Rede cada vez mais eficientes e muito bem projetados por especialistas
Básica é composta pelas instalações de transmissão de energia do segmento, de modo e mitigar estes impactos no investimento e
elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), por sua vez, composto assegurar uma remuneração adequada.
principalmente pelas linhas de transmissão, subestações e demais Dentre as principais fontes geradoras previstas nas concessões,
componentes inerentes a estas, em tensão igual ou superior a 230 permissões e autorizações dos serviços que energia elétrica estão:
kV. Portanto, de uma forma resumida, a rede básica é a responsável
pelo transporte de energia elétrica entre a geradora (hidrelétrica, • Central Geradora Hidrelétrica – CGH;
Fascículo

Figura 1 - Matriz Elétrica Brasileira - Fonte ANEEL

32
• Central Geradora Undi-elétrica – CGU;
• Central Geradora Eólica – EOL;
• Pequena Central Hidrelétrica – PCH;
• Central Geradora Solar Fotovoltaica – UFV;
• Usina Hidrelétrica – UHE;
• Usina Termelétrica – UTE;
• Usina Termonuclear – UTN.

Neste artigo, vamos nos ater ao tema de perdas na geração àquelas


que têm obtido a maior notoriedade e crescimento ao longo dos anos
no país, no caso a UFV e EOL, estas que tem sido destaque em um país
onde predominantemente e historicamente sempre se destacou pela
Geração Hidroelétrica (CGH) e também porque consistem em fontes de
energia renováveis e limpas. Outro mais uma abordagem específica a
cada outro tipo demandaria de matérias específicas com expertises de
outros especialistas do setor.
Como dito, a Matriz Elétrica Brasileira segundo a Agência Nacional
de Energia Elétrica, apresenta a atual característica e distribuição na
Figura 1.
Nos últimos anos, as fontes renováveis mais especificamente
as fotovoltaicas e eólicas se destacaram em cenário nacional e ainda
colocaram o Brasil como protagonista no cenário mundial para fontes
renováveis, mostrando que a matriz energética brasileira é mais Figura 2 - Expansão da matriz elétrica brasileira - Dezembro/2023 -
Fonte ANEEL
renovável do mundo, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética)
que fornece estudos e pesquisas ao Ministério de Minas e Energia,
empresa esta responsável pelo desenvolvimento sustentável da As poeiras também somam ao fator de sombreamento ou ainda, de
infraestrutura energética do país e os resultados obtidos comprovam a forma isolada, atuam como perdas quando não se leva em consideração
sua atuação. a existência de canteiros de obras nas proximidades, o porte da
construção, e também a existência de estradas nas proximidades em
PRINCIPAIS PERDAS NO SISTEMA FOTOVOLTAICO especial na região rural onde quase a totalidade delas não possuem
É óbvio dizer que as centrais geradoras fotovoltaicas jamais pavimento e são feitos de terra.
operam em sua capacidade máxima ao longo do dia, pois muitos Consideramos este o principal fator, pois um mau dimensionamento
fatores contribuem para isto, então se torna um dever minimizar estes e planejamento pode provocar transgressões ao meio ambiente com
fatores que se constituem em Perdas e consequentemente estas o intuito de reverter estas perdas, como por exemplo a remoção de
devem ser evitadas com um correto planejamento e dimensionamento árvores assim evoluindo para um crime de ordem ambiental.
maximizando o potencial produtivo.
Dentre os principais fatores de perdas nos sistemas fotovoltaicos, b) Mismatch ou Incompatibilidade: também considerada como uma
temos: das principais perdas e de fator extremamente importante a ser avaliado
na fase de projeto. Consiste, basicamente, na diferença da capacidade de
a) Sombreamento e poeira: a análise do local de instalação é geração de dois ou mais módulos fotovoltaicos, colocados em série ou
um dos principais fatores que prejudicam a geração de energia e, paralelo, que por razões de diferenças nas características construtivas,
consequentemente, é uma das principais causas de perdas no sistema. sombreamento parcial (por exemplo, folhas ou objetos que caem sobre
Isto acaba sendo resultado de uma falha no Planejamento que não parte dos módulos e até mesmo poeiras), springs incompatível ao
consistiu em uma vistoria preliminar do local onde fosse possível número de módulos, isso reduz a capacidade de desempenho o que
constatar a existência de árvores ou outros objetos fixos (totens, causa uma perda da capacidade de geração. Este tipo de perda pode ser
chaminés, silos, etc), que possuem alturas que possam afetar a produção resolvida através de manutenção preventiva.
dos módulos e onde estes serão instalados, incluindo construções
consolidadas ou previstas. c) Temperatura: considerando como cada vez mais o clima global e as
estações do ano têm surpreendido até os meteorologistas, este fator PRINCIPAIS PERDAS NO SISTEMA EÓLICO
de perda pode ser algo que venha a surpreender após a implantação Assim, como qualquer outro projeto de geração, cada qual
da central fotovoltaica, pois altas temperaturas também prejudicam o apresenta a sua particularidade conforme a tecnologia a ser empregada
sistema e consequentemente provocam perdas. e para que o planejamento e consequentemente o projeto possa ter
O cálculo para melhor resultado é dado pela equação: a maior taxa de sucesso não se deve jamais desconsiderar as perdas
envolvidas a este sistema e que comprometem o investimento a ser
Tinst. = Tamb. + (Tamb. – Tref.) realizado.
No que se refere às perdas no sistema eólico dentre os principais
Equação 1 – Temperatura de Instalação fatores de perdas a serem considerados de forma simplista, iremos
Onde: abordar 3 (três) principais:
Tinst. – Diferença entre a temperatura real e a de referência.
Tamb. – Temperatura ambiente considerada para operação normal ou 1 - Características meteorológicas: acesso às informações
real. meteorológicas do local e região, por um período e medições
Tref. – Temperatura de referência obtida em ensaios a 25°. ajudam a considerar a melhor localização dos aerogeradores e
consequentemente tem por objetivo a obtenção e seleção da melhor
É importante também levar em consideração sempre o coeficiente tecnologia a ser empregada. Neste ponto as informações e medições
de correção de temperatura obtido no pico de potência do módulo a serem primordialmente observadas são: velocidade, direção, pressão
fotovoltaico. e ângulo de incidência do vento, além da temperatura, entre outros.
Isto pode evitar desempenho inadequado ou abaixo do esperado e
d) Formas de Instalação e Sistema: outro ponto a se observar é a forma consequentemente em perda de rendimento no potencial fornecimento
de instalação, ou seja, aparente ou subterrânea, que associado à energia de energia elétrica.
elétrica seja ela em corrente contínua ou corrente alternada pode
implicar em perdas razoáveis. 2 - Desempenho de Aerogeradores: a norma IEC 61400-26-11 veio
Em corrente contínua a distância passa a ser um fator muito com o objetivo de propiciar o melhor desempenho baseado no tempo
relevante já em corrente alternada as condições de instalação devem e produção da energia elétrica, assegurando entre outros pontos a
ser primordialmente consideradas tanto para questões de perda quanto expectativa de vida útil do equipamento e critérios de manutenção
para detecção de falhas e manutenção corretiva. Usualmente as perdas evitando entre outros fatores a parada desnecessária que afetam a
desse fator podem variar de 1% a 7%. perda da produtividade. Já a norma ABNT NBR IEC 61400-21 contribui
diretamente para o desempenho ao definir e especificar as grandezas a
e) Orientação e Inclinação: muito embora este tema esteja diretamente serem determinadas para caracterizar a qualidade da energia elétrica de
ligado ao sombreamento e poeira já que é um fator a ser considerado em um aerogerador conectado à rede entre outros fatores.
conjunto com estes, optei por deixar em separado já que pode ser uma
particularidade exclusiva de observação quando se colocado no topo 3 - Normatização: atentar-se sempre e assegurar que os
de edifícios ou nos telhados das residências, onde o sombreamento é dimensionamentos e procedimentos para o bom desempenho dos
superado e a poeira fortemente minimizada. aerogeradores sigam o seu melhor desempenho parece soar como
Outro destaque que deve ser ponto de atenção para reduzir as óbvio, mas é sempre bom trazer em tela visto que muitos desconhecem
perdas ou assim mitigá-las em conjunto com a inclinação é a direção as normas da série 61400 e séries em âmbito nacional e as de referências
de instalação dos módulos fotovoltaicos considerando primordialmente irmãs da IEC de mesma numeração principal.
a posição onde nasce o sol e onde este se põe para se obter a correta
instalação e melhor obtenção no sistema de geração, que podem Por fim, analisamos a pauta das perdas em geração de forma
inclusive variar as perdas conforme a região do Brasil. resumida vemos que temos grandes avanços a serem feitos não só em
busca de novas soluções e tecnologias mas fundamentalmente em
Fascículo

Para finalizar este item, é importante sempre acompanhar as ações e equipamentos eficientes voltados a manutenção preventiva
tendências de mercado que cada vez mais visam imitar a natureza assim como empresas altamente capacitadas para estas manutenções
e assim obter a maior eficiência na produção de energia elétrica por e de corretiva que forma a detectar possíveis falhas vindouras e realizar
meio de centrais fotovoltaicas como é o dos painéis solares que imitam manutenções periódicas que antecedem as falhas que é a principal
o movimento de um girassol conhecidas por placa de energia solar do bandeira das indústrias 4.0.
tipo girassol. As perdas técnicas podem ser reduzidas a partir de estudos
A manutenção preventiva é um item obrigatório ainda mais ações detalhados, planejamento, projeto, instalação e manutenção, palavras
da natureza como por exemplo limpeza de placas solares por empresas e ações simples que devem caminhar juntas e que explicam que tudo
especializadas ou como mecanismo automático integrado ao sistema. tende a dar certo se começado de forma correta!

34
35
Por dentro das normas

Confira insights
e curiosidades
sobre o processo
de atualização das
normas NR 10,
NBR 14039 e NBR 5410

SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE | Por Aguinaldo Bizzo

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DOS CURSOS DE RECICLAGEM

Conforme texto colocado em consulta pública em 2020, no mercado, especialmente EAD, onde predominam cursos de
vide Aviso da Consulta Pública nº 1/2020, no processo de revisão “gênero”, não direcionados à realidade laboral das organizações,
da Norma Regulamentadora nº 10 (Norma Regulamentadora de ou seja, buscam somente “atender requisito legal da forma mais
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade), é definido rápida e com menor custo possível”.
no item 10.8 Treinamento de Segurança, vide item 10.8.4 que: “A Entendo que, a definição de carga horária mínima, deve
organização deve definir o conteúdo programático teórico e prático ser tratada de forma diferenciada para os cursos de reciclagem
dos treinamentos periódico e eventual de maneira a atender às bianual, daqueles que devem ser realizados em situações
necessidades da situação que o motivou, bem como a carga horária específicas, como mudança de empresa, retorno de afastamento
mínima de treinamento de 75% daquela obedecida no treinamento do trabalho, novos procedimentos e\ou métodos de trabalho,
inicial de segurança”. acidentes do trabalho, etc, onde o conteúdo e carga horária
Qual o objetivo da definição dessa carga horária para os cursos devem atender a situação que o motivou.
de reciclagem, uma vez que o texto vigente não define carga horária Ainda, considero fundamental que o conteúdo programático
específica? dos cursos de reciclagem, independente da situação que os
A proposta do treinamento de reciclagem define carga motivou, sejam direcionados à realidade laboral da organização,
horária mínima, porém não define especificamente o conteúdo considerando especialmente o processo de análise de risco,
programático e os recursos a serem utilizados. A definição da carga procedimentos e medidas de controle, face os cenários elétricos
horária, visa minimizar a situação atual dos treinamentos existentes existentes e características construtivas das instalações elétricas.

36
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO | Por Paulo Barreto

PROJETO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Para chamar ainda mais a atenção para certas conectado à rede pública de distribuição de energia elétrica,
características que um projeto de instalações elétricas deve nada mais natural e coerente do que obter os parâmetros
contemplar, o texto de revisão da NBR 5410, que ficou em dessa rede que, de uma forma ou de outra, podem influenciar
consulta nacional até 27/02/2024, criou uma subseção as instalações elétricas dos consumidores.
específica, com a seguinte estrutura: Diversos são esses parâmetros, e indicados no projeto de
revisão da NBR 5410, porém, destacam-se os seguintes:
4.2 Projeto
4.2.1 Generalidades • Tensão nominal;
4.2.2 Parâmetros da fonte de alimentação • Potência de curto-circuito ou corrente de curto-circuito
4.2.3 Utilização e demanda presumida no ponto de entrega
4.2.4 Influências externas
4.2.5 Seção dos condutores A citação da tensão nominal parece óbvia, mas algumas
4.2.6 Tipos de linhas elétricas e métodos de instalação regiões do Brasil possuem, na baixa tensão, tensões
4.2.7 Dispositivos de proteção nominais diferentes das usuais 127/220 V e 220/380 V,
4.2.8 Documentação da instalação elétrica como por exemplo, 120/240 V e 120/208 V. Esta última, se
passar despercebida pelo projetista e não observada no
O conteúdo dessa subseção “4.2 Projeto” não é novo, mas dimensionamento da instalação e na especificação dos
existem aspectos interessantes que auxiliam o projetista em sua componentes, poderá causar enorme dor de cabeça aos
tarefa de elaboração, cálculos e determinação das proteções. usuários.
Para este artigo, destaque-se o texto a seguir: O caso da corrente de curto-circuito presumida é ainda
mais preocupante, uma vez que influencia sobremaneira
4.2.2 Parâmetros da fonte de alimentação o nível de curto-circuito ao longo da instalação e, por
conseguinte, a especificação dos disjuntores e a determinação
Para a elaboração do projeto das instalações da energia incidente nos quadros de distribuição (para efeitos
elétricas é necessário considerar os parâmetros da de proteção ao trabalhador em eletricidade – especificação
fonte de alimentação. da vestimenta).
Modificações nas características da fonte de alimentação E por fim, salientar o trecho final do texto de 4.2.2 “(...)
podem afetar a segurança da instalação. Em particular, quando o operador da rede modificar as características da
no caso da alimentação pela rede pública, quando o rede, ele deve informar o consumidor”. Ou seja, se o projeto
operador da rede modificar as características da rede, ele foi elaborado considerando determinados parâmetros da
deve informar o consumidor. rede e esses são alterados, nada mais coerente e necessário do
que analisar os impactos dessa modificação nas instalações
Particular atenção se deve ter com o trecho “parâmetros elétricas do consumidor.
da fonte de alimentação”. Afinal, se um empreendimento será

37
Por dentro das normas

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE MÉDIA TENSÃO | Por Marcos Rogério

CHOQUE ELÉTRICO POR FALHA NA ISOLAÇÃO

Quando ocorre uma falha na isolação entre uma parte viva da


instalação e a massa, aquele ponto da instalação, que não deveria estar
sob tensão, fica energizado. Se uma pessoa tocar neste ponto, ficará
sujeita àquela tensão. Contrariando o senso comum, a condição de
perigo nessas ocasiões, não é propriamente a magnitude da tensão
que é originada pela falha, mas sim, a circulação da corrente elétrica
resultante da aplicação daquela tensão sobre a impedância equivalente
do corpo humano que, passando através da região do coração, possui
magnitude suficiente para causar fibrilação ventricular.
O limite seguro dessa corrente, depende da proporção que flui
através da região do coração, da resistência entre o ponto de contato
do ser humano com a estrutura sob tensão e a terra, da impedância do
Figura 1 – Corrente corporal permitida versus tempo de duração
caminho da corrente no ser humano e da duração da corrente. (percurso mão esquerda ao pé)
A ABNT NBR 14039 prescreve que deve existir na subestação em
média tensão (MT) um dispositivo de proteção para o seccionamento
automático da alimentação. Esse dispositivo, deve secionar
automaticamente a alimentação do circuito ou do equipamento Nessa figura, a Zona AC-1 abrange o limite até 5mA – curva “a”
protegido, em um tempo de interrupção relativamente curto, sempre e corresponde ao efeito fisiológico de percepção possível e que
que ocorrer uma falha na isolação, que dê origem a uma tensão de geralmente não causa reação. A Zona AC-2, abrange, desde 5mA,
contato superior ao valor máximo tolerável pelo ser humano. até a curva “b”, e produz uma provável percepção e contração
O efeito da corrente elétrica sobre o corpo humano tem sido alvo muscular involuntária, porém sem efeitos fisiológicos. A Zona AC-3,
de exaustivas investigações, com o intuito de definir limites seguros de abrange a partir da curva “b” para cima, produzindo fortes contrações
C
corrente tolerável pelo corpo humano. Esses estudos, visam evitar que as musculares involuntárias, dificuldade respiratória e disfunções
pessoas expostas a choques elétricos possam sofrer danos irreversíveis cardíacas reversíveis. M

ou até que venham a óbito. Entretanto, devemos reconhecer que a De maior interesse para o assunto deste texto é a Zona AC-4, Y

ocorrência de uma falha na isolação, a impedância entre o ponto sob acima da curva c1, da curva c1-c2, curva c2-c3 e acima de c3, CM

tensão e a terra, a magnitude da corrente da falha que passa pelo corpo podendo, nestes casos, ocorrer efeitos patológicos graves, inclusive
MY

humano, o tempo para interrupção da corrente e até a presença de seres paradas cardíacas, paradas respiratórias, queimaduras ou outros
CY
humanos no local, são de natureza probabilística. danos às células. A probabilidade de fibrilação ventricular aumenta
CMY
A norma IEC 60479-1:2018 apresenta um extenso estudo sobre com a intensidade da corrente e do tempo. A probabilidade de
os efeitos da corrente elétrica (c.a. e c.c.) sobre o ser humano e fornece fibrilação ventricular é de 5% na região AC-4.1, de 50% na região K

diretrizes para o cálculo do limite de corrente tolerável em função do AC-4.2, e acima de 50%, na região AC-4.3.
tempo de seccionamento. A norma IEC 61936-1:2021, que é utilizada como base para a
A figura 1, apresenta os limites toleráveis da corrente corporal ABNT NBR 14039, apresenta a seguinte fórmula para o cálculo da
(em corrente alternada 50/60 Hz), em função do tempo de duração tensão de toque permitida:
da corrente de falha, até a interrupção pelo sistema de seccionamento
automático de proteção: UTp = IB t(f ) x 1/HF x ZT (UT) x BF (1)

38
ONDE:
UT é a tensão de toque;
UTp é a tensão de toque permitida;
tf é a duração de falta;
IB.t(f ) é o limite de corrente do corpo, c2 na Fig. 1, onde a probabilidade de fibrilação ventricular é inferior a 5%.
IB depende da duração da falta
HF é o fator da corrente cardíaca 1,0 para a mão esquerda para os pés, 0,8 para a mão direita para os pés, 0,4
para mão a mão
ZT (UT) é a impedância do corpo ZT depende da tensão de toque.
BF é o fator corporal Figura 3 da IEC 60479-1:2018, ou seja, 0,75 para a mão nos dois pés, 0,5 para as
duas mãos para a frente

Para o projeto de uma instalação em MT, essa mesma


norma fornece, como subsídio, a curva da figura 2, calculada
pela aplicação da fórmula (1).
A IEC 61936-1:2021 também informa que, como regra
geral, atender aos requisitos de tensão de toque, satisfaz os
requisitos de tensão de passo, porque, os limites de tensão de
passo toleráveis, são muito mais elevados do que os limites
de tensão de toque devido o diferente caminho da corrente
da falha, através do corpo humano.

ai171623111511_ANUNCIO OSE - MAIO.JUNHO.pdf 1 20/05/2024 15:52:00


Figura 2 – Tensão de toque permitida

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39
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Com segunda chamada em


andamento, Sandboxes Tarifários da
distribuição vai ouvir o consumidor
O COORDENADOR DO P&D FALA SOBRE OS PROJETOS EM ANDAMENTO E AS
PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS PASSOS

informações. Na sequência, as outras empresas também farão


suas coletas de dados. Inclusive, a Energisa, por ter sido a primeira
empresa a assinar o projeto de P&D, já forneceu à ANEEL o relatório
octomestral, conforme prevê a Resolução Normativa 966/2021.

Você pode dar mais detalhes sobre a pesquisa com os


consumidores? Temos uma nova frente em andamento, que é uma
pesquisa qualitativa com os usuários de energia. A Innovare iniciou
esse processo no primeiro trimestre deste ano. No final de abril
começamos as interlocuções com o que se chama de grupos de
discussões, que nos darão a dimensão de quanto os diversos usuários
de energia conhecem a tarifa, e quanto eles estão propensos a mudar
Um ano e meio após o início da 1ª Chamada Pública para seus hábitos de consumo em face de novos sinais tarifários.
execução de projetos pilotos de tarifas, o P&D Governança de A ideia é abordar os mais diversos usuários, desde os que têm
Sandboxes Tarifários vai ouvir o consumidor de energia. Para o rendas mais baixas, até os com rendas mais elevadas, ou níveis
coordenador da iniciativa, Lindemberg Reis, esta é uma etapa de escolaridades distintos. É um questionário que está sendo
de grande relevância para os experimentos tarifários. A iniciativa desenvolvido para ser aplicado em 30 grupos de discussão: 20
será executada ao longo dos próximos meses, com expectativa de grupos de usuários residenciais e outros 10 grupos de usuários rurais.
resultados mais completos entre agosto e setembro de 2024. A ideia A iniciativa será executada ao longo dos próximos meses e
é verificar a percepção do usuário em relação às tarifas, a propensão a esperamos, já entre agosto e setembro de 2024, ter resultados sobre
entender novas modalidades tarifárias e, principalmente, responder a percepção do usuário em relação às tarifas, a propensão a entender
a elas. Leia os principais pontos da entrevista: novas modalidades tarifárias e, principalmente, responder a elas.

Como você avalia o desempenho do projeto até aqui? Já temos Como está a 2ª Chamada Pública? Enquanto na primeira
cerca de um ano e meio de projeto, e nesse tempo, tivemos duas chamada nós tivemos 6 projetos aprovados e 4 que de fato se
chamadas. Os projetos da primeira chamada já estão consolidados. concretizaram, nesta segunda chamada, a ANEEL recebeu 5
Temos o projeto aprovado pela Energisa, que vai trabalhar a tarifa propostas de projetos, oriundas de 4 grupos econômicos (Cemig,
time of use e o pré-pagamento; o da Equatorial, que vai trabalhar Copel, Energisa e Light). Essas propostas foram avaliadas e o projeto
com a tarifa com sinais locacionais; o projeto da Enel com tarifa de governança propôs a aprovação de todos. Alguns até possuem
trinômia; e o da EDP com tarifas binômias e trinômias. determinadas ressalvas, mas, em geral, os projetos da 2ª Chamada
São 4 projetos que já estão estruturados e em andamento. foram bem desenhados.
Esperamos que em setembro de 2024 tenha o início das medições
em campo, que é um fato extremamente relevante. A primeira E qual será o próximo passo? Nosso posicionamento já foi
empresa que vai fazer é a Energisa, na área de concessão da Energisa enviado à ANEEL, e obviamente, a deliberação final depende dela.
Sul-Sudeste. Mas fato é que, em comparação com a primeira chamada, esses
É uma grata surpresa porque ainda esse ano veremos os projetos vieram bem mais estruturados. Portanto, a gente entende
experimentos em campo e começaremos a ter coleta dessas que eles podem prosperar.

40
41
Proteção para
seus equipamentos
Espaço Aterramento

SPDA UFV
*Paulo Edmundo Freire da Fonseca é engenheiro eletricista e Mestre em
Sistemas de Potência (PUC-RJ). Doutor em Geociências (Unicamp), membro
do Cigre e do Cobei e também atua como diretor na Paiol Engenharia.

UFV deve ou não ter um sistema de proteção contra quedas Podemos considerar a ideia mais simples – vamos instalar
diretas de raios? Em outras palavras: é para instalar para-raios captores para interceptar os raios de modo que eles não atinjam
em UFV? Esta é uma pergunta recorrente, e que tem ardorosos as placas e outros equipamentos. Mas onde vamos fixar estes
defensores, tanto do sim como do não. Eu estou neste segundo captores – nos arranjos fotovoltaicos, ora pois!
grupo e apresento neste artigo os meus argumentos. Será que vamos conseguir uma proteção efetiva? A meu ver, a
A Tabela B.2 da parte 2 da NBR-5419 estabelece a probabilidade proteção dos arranjos fotovoltaicos por meio de terminais aéreos
de uma estrutura sofrer danos físicos por uma queda de raio, em neles fixados (hastes de aço zincado com comprimento até 0,5
função da classe do SPDA e do conjunto de medidas de proteção m), não caracteriza um sistema de captação efetivo. Geralmente,
adotadas. A primeira categoria desta tabela são as estruturas o dimensionamento da distribuição destes elementos captores
não protegidas por SPDA – no meu entendimento arranjos curtos é baseado no modelo eletrogeométrico. Ocorre que não
fotovoltaicos normalmente enquadram-se nesta categoria. se pode esperar um desempenho adequado para um captor que
Este entendimento leva a duas consequências: tem extensão da ordem de apenas 1% do raio da esfera rolante
(vide Figura 2). O comportamento de um raio é um processo
• Aplica-se a Análise de Risco à Cabine de Medição, aos extremamente complexo e essencialmente estocástico, não
eletrocentros, Sala de O&M etc., mas não aos arranjos fotovoltaicos; admitindo a ilusão de que o modelo eletrogeométrico possa ter
• Quando da queda direta de um raio em um componente dos tanta exatidão.
arranjos fotovoltaicos, a probabilidade de dano é de 100%,
podendo ser um dano fatal (que compromete a operacionalidade
do equipamento atingido) ou latente (que vai diminuir a sua vida
útil).

Figura 1: Tabela B.2 da NBR-5419-2 - Probabilidade de uma descarga causar Figura 2: raio da esfera rolante com 45 m para o nível III de
danos físicos a uma estrutura proteção

42
Ainda que se pudesse atribuir esta esperada exatidão ao modelo Ora, o problema do sombreamento pode ser resolvido com um
eletrogeométrico, o uso de terminais aéreos diretamente fixados adequado planejamento, mas os contras precisam ser considerados:
nas estruturas dos arranjos fotovoltaicos não resultaria na desejada
proteção das placas. Os danos nos painéis solares na maioria das • Pode ser necessário aumentar o espaçamento entre as strings – vale
vezes têm origem nas sobretensões induzidas pelo raio nos circuitos a pena diminuir o W/m² em função dos raios que poderão vir a cair?
internos das células fotovoltaicas e respectivos diodos de by-pass. • A instalação de mastros para-raios nos corredores entre strings
Um módulo Fv é composto por células conectadas em série não vai comprometer a circulação nestes espaços e atrapalhar os
com diodos de by-pass em paralelo com a string - a passagem de trabalhos de limpeza e manutenção dos painéis, corte de mato etc.?
uma corrente impulsiva muito próxima ao módulo induz tensões • A solução é efetiva, ou seja, vale a pena pagar o preço de diminuir
nas suas malhas internas. Quando uma descarga atinge o frame do o W/m² e atrapalhar a circulação entre as strings, em função de uma
painel, a corrente do raio flui para a estrutura e desta para o sistema solução que não consegue garantir que vai resolver o problema das
de aterramento, onde é descarregada no solo. Contudo, a elevada quedas diretas de raios?
taxa de variação do fluxo magnético vai induzir sobretensões nos
circuitos internos dos módulos mais próximos, e nos condutores
cc ligados aos módulos. Geralmente, os diodos são os primeiros a
serem danificados e, dependendo da intensidade do raio, outros
componentes também o serão.

Figura 4: ponto quente em placa fotovoltaica causado por


sombreamento de para-raios

Eu tenho minhas dúvidas que um raio de alta intensidade caindo


em um mastro para-raios entre duas linhas de arranjos fotovoltaicos
não vai induzir nenhuma sobretensão nas strings próximas. Até
que ponto esta solução é efetiva e vale o custo de implantação e
de manutenção deste sistema de spda? Gostaria muito de ver um
estudo abordando uma UFV GD. Uma UFV de 5 MVA ocupa uma área
da ordem de 140.000 m². Em um local com Ng = 7 raios/km²/ano,
esta UFV vai estar exposta a uma queda direta de raio por ano. Qual
é o prejuízo médio de uma queda de raios (em termos de material e
de perda de geração)? Qual é o impacto de um spda no custo total
de uma UFV dessas? Qual vai ser o impacto no custo da malha de
aterramento (que vai ter que ser necessariamente aumentada).
Penso que antes de se partir para uma solução cara e de eficiência
Figura 3: tensões induzidas por um raio nas strings internas de questionável, como é um spda para descargas diretas em uma UFV,
uma placa fotovoltaica
outras providências nem sempre adotadas devem ser consideradas:
OK, então vamos evitar o uso de terminais aéreos e de mastros
para-raios fixados nos arranjos fotovoltaicos e partir para a solução • Boas práticas de instalação, com uma boa organização dos
de fixar mastros para-raios entre as strings dos arranjos fotovoltaicos. condutores cc e ca;
Como não vai dar para separar os aterramentos dos mastros • Utilizar DPS de boa qualidade, corretamente dimensionados e com
para-raios e dos arranjos fotovoltaicos, eles vão acabar sendo aterramento adequado;
interligados. Neste caso, além da injeção de parte da corrente do • Interligação do eixo de torção (torque tube) em todas as estacas
raio na estrutura do arranjo fotovoltaico, surge um novo problema dos trackers (frequentemente isolados por um casquilho de plástico);
– o sombreamento. As fotos mostram o ponto quente em uma placa • Uso de câmeras de CFTV autoalimentadas por uma placa solar
fotovoltaica associado ao sombreamento por mastro para-raios. A dedicada (mais carregador e bateria, para a noite) e com linha de
formação diária de pontos quentes nas placas vai comprometer a sinal de fibra ótica, que melhora significativamente a imunidade dos
sua vida útil a médio prazo. serviços de supervisão da UFV e auxiliares dos eletrocentros.

43
Espaço Cigre-Brasil

Um novo papel para as


hidrelétricas no Brasil
João Carlos de Oliveira Mello (presidente),
Antonio Carlos Barbosa Martins (diretor técnico),
Maria Alzira Noli Silveira (diretora de assuntos corporativos) e
André Luiz Mustafá (diretor financeiro)

A expansão do parque gerador de energia elétrica segue atuar como garantia de fornecimento, considerando as oscilações da
impulsionada pela disseminação em larga escala de projetos de usinas oferta por conta da intermitência dessas fontes. Já há um movimento
eólicas e fotovoltaicas, embalada pelo apelo incontestável da transição para, inclusive, prover a necessária regulação dessa nova atividade.
energética e por vantagens comparativas em relação a outras fontes. A Atento a esse importante novo papel das hidrelétricas, o
pujança do crescimento da geração de eletricidade a partir da energia CIGRE-Brasil, um think tank que atua na busca de soluções para a
do sol e da força dos ventos contrasta, entretanto, com um quadro de modernização do setor elétrico brasileiro, tem-se dedicado a estudos
quase estagnação da geração hidrelétrica. Esse contraste nos leva a que contribuam para maximizar a utilização da geração hidráulica
questionar: qual é o futuro da geração hidráulica no país? para tornar mais segura a operação do sistema elétrico. Um trabalho
Os dados do crescimento da matriz elétrica em 2023, produzidos em particular, intitulado “Estado da arte e tendências das tecnologias
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), evidenciam a de turbinas Francis com ampla faixa operativa”, produzido por um
paralisia da geração hidráulica, que por muitas décadas conduziu, fabricante de turbinas no âmbito do Grupo de Estudos de Geração
com grandes empreendimentos, o crescimento do parque gerador Hidráulica (GGH), que atua no SNPTEE - Seminário Nacional de
elétrico. Em 2023, entraram em operação apenas 158 megawatts Produção e Transmissão de Energia Elétrica, evento do CIGRE-Brasil,
(MW) em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) – usinas com 5 aponta um potencial para a ampliação da capacidade de regulação
a 50 MW de potência – e outros 11,4 MW em centrais geradoras de carga no sistema elétrico, levando-se em conta, justamente,
hidrelétricas (CGHs), que são as usinas com capacidade com até 5 o aumento significativo na participação de fontes renováveis
MW. Não foi registrada a entrada em operação de nenhuma usina intermitentes na geração de energia, embora esta ampliação da
hidrelétrica – as centrais com mais de 50 MW de capacidade instalada. faixa operativa de turbinas Francis necessite um amplo estudo de
Apesar dessa situação, as usinas hidrelétricas, que contam com modificação na sua fabricação, além, naturalmente, da elevação
uma participação majoritária na matriz elétrica – respondem por dos custos e da longa duração na modernização destas inúmeras
54,5% da capacidade total do parque gerador do país -, podem turbinas, que já estão em operação em todo o país.
desempenhar um papel importante na nova configuração da O estudo está centrado na possibilidade de maior aproveitamento
operação do sistema elétrico, determinada pela disseminação das turbinas Francis, uma das mais utilizadas na geração hidrelétrica
de fontes com geração intermitente. Explica-se: dependentes da no país. São mais de 400 turbinas espalhadas pelo Brasil, que
presença do sol e da força dos ventos, as fontes fotovoltaica e eólica respondem por aproximadamente 75% da capacidade de geração
não sustentam a produção de energia o tempo todo. Para garantir hidrelétrica. Essa turbina é conhecida pela sua flexibilidade e pela
a segurança do suprimento, diante das oscilações na produção capacidade de operar em faixas de quedas e com potências nominais
de eletricidade dessas fontes, é necessário que a matriz elétrica diferenciadas. Mas funcionam atualmente dentro de uma faixa
disponha de alternativas que proporcionem energia firme, como operacional limitada entre 50% e 100% de sua potência nominal,
é o caso das usinas hidrelétricas e das termelétricas. A vantagem prática que restringe sua flexibilidade em resposta a variações na
das usinas hidrelétricas é que, assim como as usinas fotovoltaicas, demanda e disponibilidade dos recursos hídricos.
a geração hidráulica é uma fonte renovável, o que contribui para a De acordo com o estudo, a modernização das usinas hidrelétricas
transição energética. existentes no Brasil com turbinas de ampla faixa operacional
Portanto, há uma forte corrente do setor elétrico que defende proporcionaria uma melhor resposta às variações resultantes da
a utilização das hidrelétricas como se fossem “baterias naturais” do participação crescente das fontes intermitentes. Dessa forma,
sistema elétrico. Ou seja, as hidrelétricas deixariam futuramente de assegurariam uma melhor integração dessas fontes ao sistema
atuar “na base”, no jargão dos técnicos do setor – ou seja, funcionando elétrico nacional, assegurando estabilidade e confiabilidade no
em tempo integral para atender à demanda imediata do sistema fornecimento de energia. Para o país, o resultado seria contribuir
elétrico, papel que caberia às fontes intermitentes. E passariam a para impulsionar ainda mais a transição energética do país.

44
45
Reportagem

PESQUISA,
DESENVOLVIMENTO E
INOVAÇÃO: DESAFIOS
DO SETOR ELÉTRICO
Iniciativa estabelecida no início dos anos 2000,
determina a realização de investimentos em
pesquisa e desenvolvimento por parte das
empresas concessionárias do setor elétrico

Por Matheus de Paula

Em constante evolução, o setor elétrico enfrenta diversos do Setor Elétrico. Desde a sua formação, a iniciativa vem sendo
desafios quando o assunto é modernização e desenvolvimento. gradualmente implementada e aprimorada por meio de diversas
Dentre esses obstáculos, destacam-se a necessidade contínua resoluções normativas e deliberações realizadas pela própria ANEEL.
de descarbonização da matriz energética, com o crescimento da Segundo o levantamento da EPE (Empresa de Pesquisa
geração de energia oriunda de fontes limpas, bem como a adaptação Energética), no período entre 2010 e 2020, foram investidos mais de
e mitigação dos impactos das mudanças climáticas na geração, 8 bilhões de reais pelas concessionárias de energia em projetos de
transmissão e distribuição de energia elétrica. Neste contexto, duas P&D.
palavras são fundamentais para impulsionar a inovação para as Todos esses investimentos, além de tornar o segmento
companhias elétricas: pesquisa e desenvolvimento (P&D). mais competitivo, também resultam em ganhos e melhorias na
Esse conceito engloba uma série de compromissos estabelecidos prestação de serviços aos consumidores de todo o país, conforme
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), no qual empresas explica Lindemberg Reis, Gerente de Planejamento e Inteligência
concessionárias do setor elétrico devem destinar uma parcela da de Mercado da ABRADEE e Coordenador de P&D Estratégico de
renda líquida operacional para investimentos em temas específicos, Sandboxes Tarifários.
com base nas necessidades do setor e nas prioridades estratégicas “No setor elétrico, sobretudo nas distribuidoras, os impactos do
da ANEEL, voltadas para pesquisa e inovação - com exceção P&D são diversos, porque a sociedade se beneficia, a distribuidora
daquelas que geram, exclusivamente, a partir de pequenas centrais e o usuário de energia elétrica também. Isso acontece porque há
hidrelétricas (PCHs), biomassa, cogeração qualificada, usinas eólicas um desenvolvimento de novos negócios, empresas e economia,
ou solares. pois você não faz pesquisa e desenvolvimento apenas com o
O Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da ANEEL corpo técnico da distribuidora, pelo contrário, é necessário ter
foi criado juntamente com a promulgação da Lei nº 9.991, de 24 parceiros para essa iniciativa e daí surgem a participação dos centros
de julho de 2000, também conhecida como Lei de Modernização tecnológicos, das universidades e startups. Então, todo mundo se

46
beneficia no processo”, explica o Coordenador de P&D Estratégico de a todo esse processo, que era, como de se esperar, novidade. O
Sandboxes Tarifários. processo inicial era muito custoso e burocrático, dificultando
demasiadamente o fluxo contínuo dos projetos. Aos poucos, as
PAPEL DA ANEEL NA INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO empresas e as instituições foram se aperfeiçoando e encontrando
SETOR ELÉTRICO meios para acelerar e, por vezes, automatizar o processo, por isso,
as empresas do setor criaram departamentos exclusivos para se
Para garantir um avanço constante no setor elétrico, a ANEEL adequarem ao programa”, explica.
estabelece diretrizes para o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, Além de estimular a pesquisa e inovação das concessionárias
contemplando os três principais segmentos: geração, transmissão e do setor elétrico, a ANEEL também assume a responsabilidade
distribuição de energia elétrica (GTD). Segundo as normativas da de fiscalizar os projetos em andamento e avaliar a maturidade
Agência, a porcentagem de investimento altera de acordo com o tecnológica para sua implementação. Dessa forma, a agência
tipo de empresa e região onde ela atua, em geral, as empresas são utiliza o padrão TRL (Technology Readiness Level), que determina
obrigadas a investir cerca de 0,5% da sua renda líquida operacional. os diferentes estágios de maturidade de uma tecnologia até sua
Essa estrutura regulatória é fundamental para promover o aplicação prática, caracterizados em níveis de 1 a 9.
desenvolvimento de novas tecnologias e soluções no setor elétrico Os estágios iniciais, do 1 ao 3, representam a fase de pesquisa
brasileiro. Desde a criação do P&D em 2000, aconteceu uma série básica e viabilidade do projeto - com o objetivo de entender se a
de marcos regulatórios que dão continuidade no propósito de pesquisa é justificável. Nos níveis de maturidade 4 a 6, ocorre o plano
desenvolver inovações para o setor. de desenvolvimento e teste em ambiente controlado. Por fim, em
Em 2004, com a Resolução Normativa n° 288/2004, a ANEEL seguida, do 7 ao 9, acontece a implementação de toda pesquisa e
estabeleceu as primeiras diretrizes para o investimento em P&D. desenvolvimento.
Essa resolução definiu os percentuais mínimos a serem aplicados
e os tipos de projetos elegíveis. A seguir, a Resolução Normativa
nº 414, de 2010, consolidou e aprimorou as diretrizes do P&D,
modernizando seus objetivos, instrumentos e mecanismos de
acompanhamento. Como também, a criação do Comitê Gestor do
P&D, que, representado por membros da ANEEL, do setor elétrico
e da academia, tem a função de assessorar a Agência na gestão do
programa e acompanhar os resultados das pesquisas.
A aprovação da Resolução Normativa Normativa n° 482, de
2013, estabeleceu novas diretrizes para o P&D da ANEEL, com foco
em eficiência energética, energias renováveis e novas tecnologias de
geração e transmissão de energia. Já no ano de 2019, aconteceu a
revisão das diretrizes do Programa de P&D da ANEEL, com tópicos
voltados à transição energética, a digitalização do setor elétrico e a
descarbonização da matriz energética.
Na última atualização, em 2023, houve a implementação de
mudanças estruturais no programa, com foco em maior flexibilidade
e agilidade na execução de projetos, além de permitir a participação
de startups e fundos de investimentos.
Para o Doutor em engenharia e Pesquisador do Centro de
Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), Hélio Amorim, o surgimento da
obrigação do investimento em pesquisa obrigou as concessionárias
de energia a uma adequação burocrática complexa, que resultou
num desafio imediato para essas empresas.
“Durante esse período, os processos que envolvem submissão,
avaliação, aprovação e, finalmente, execução, foram modificados,
com o intuito de aperfeiçoamento do processo. Logo, um dos
principais desafios encontrados foi a adequação dos envolvidos

47
USO DA ESCALA TRL POSSIBILITA O ACOMPANHAMENTO DE ATIVOS TECNOLÓGICOS DURANTE OS PROCESSOS DE
Reportagem

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO, E TAMBÉM A COMPARAÇÃO DIRETA ENTRE ATIVOS

IDEIA
0 Conceito não comprovado, nenhum teste foi realizado

PESQUISA BÁSICA
1 Busca de conhecimento para elaborar a pesquisa, com artigos, documentos e o que mais for necessário
IDEIA

FORMULAÇÃO DA TECNOLOGIA
2 Pesquisa exploratória e a busca pelo conceito da aplicação

MOMENTO DE VALIDAÇÃO
3 Elaboração de um estudo para entender quais serão os resultados mínimos favoráveis do produto

4
PROTÓTIPO DE PEQUENA AMOSTRA
PROTÓTIPO

Início da fase prática e são vistos os primeiros indicadores

5
PROTÓTIPO EM GRANDE ESCALA
Validação dos processos conforme os indicadores

6
SISTEMA DO PROTÓTIPO
VALIDAÇÃO

Avaliação do protótipo

7
DEMONSTRAÇÃO DO SISTEMA
Teste em ambiente operacional com desempenho pré-comercial

8
PRIMEIRO SISTEMA COMERCIAL
PRODUTO

Todos os processos e sistemas técnicos de apoio à atividade comercial estão prontos

9
APLICAÇÃO COMERCIAL COMPLETA
Tecnologia em disponibilidade geral para uso

DESENVOLVIMENTO, PESQUISA E INOVAÇÃO distribuidoras que fazem parte de uma área de concessão menor.
Pela Neoenergia, a gente tem a concessão de cinco distribuidoras
De acordo com o Especialista em Inovação Tecnológica da e a maior parte dos nossos projetos são cooperativos, porque a
Neoenergia, João Fonseca, desde o estabelecimento do Programa de gente entende que os problemas da distribuição, pelo menos nas
Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL, as empresas do setor elétrico nossas áreas de concessão, na maior parte das vezes, são comuns.
têm demonstrado uma compreensão profunda da importância dos Então, quando a gente desenvolve uma tecnologia que vai atender
investimentos em P&D. “A Neoenergia, por exemplo, enxerga o a necessidade da distribuição, todas as distribuidoras participam,
Programa como uma grande oportunidade que as distribuidoras por mais que a pesquisa se desenvolva em uma área de concessão
vêm tendo, ao longo do tempo, para, de fato, alcançar resultados específica, todas se beneficiam desses avanços e soluções”, destaca.
concretos, com produtos no mercado, que conseguem promover A implementação globalizada de políticas de P&D nas
uma movimentação dos agentes e dos nossos parceiros para a concessionárias, segundo Paulo Barreto, professor de Engenharia
inovação em rede”. Elétrica do Instituto Brasileiro de Educação Continuada - INBEC,
Do ponto de vista das distribuidoras, João frisa as diferenças que foi uma das determinações da ANEEL, em 2023. “A orientação mais
cada concessionária de distribuição apresenta no cenário de P&D, recente da ANEEL, que começou a ser aplicada em 2023, está no
processo que é influenciado pelo tamanho e área de atuação. Com sentido de que um projeto não represente um processo isolado,
base nisso, a Neoenergia implementou uma colaboração entre as mas que faça parte de um movimento, ou seja, de um conjunto
distribuidoras nos projetos do seu portfólio, com o objetivo de obter de pesquisas que estão na mesma linha de raciocínio. Então, a
uma tecnologia comum. orientação é para projetos encorpados, dessa forma, ampliamos a
“Olhando para o setor elétrico, existem muitas diferenças entre perspectiva da criação de produtos para o mercado, como um todo”,
as distribuidoras. Têm aquelas de área de concessão grande e as explicou.

48
49
INOVAÇÃO NA PRÁTICA de instrumentos, disjuntores, subestações isoladas a gás, capacitores
Reportagem

de potência e para-raios.
Como resultado do Programa de P&D da ANEEL, a Neoenergia Para Hélio Amorim, um dos engenheiros participantes do projeto,
desenvolveu o GODEL, uma família de tecnologias nacionais para o IMA-DP representa a independência tecnológica que as empresas
redes inteligentes, baseada nos pilares de perdas e qualidade. O brasileiras têm para produzir suas próprias tecnologias e soluções.
GODEL conta com conjunto de equipamentos, softwares, analytics e “O IMA-DP é um sistema desenvolvido por engenheiros e cientistas
sistemas focados nos processos de redução de perdas e de melhoria brasileiros, que já obteve prêmios nacionais e internacionais.
da qualidade do produto e do serviço, tanto relacionado ao nível Atualmente, a sua utilização está em plena expansão, atingindo as
de tensão e correntes harmônicas, como relacionado à duração e maiores e mais importantes empresas do setor elétrico, incluindo a
frequência das interrupções. Eletrobras, Petrobras, Itaipu, entre outras”, conclui.
“O GODEL Qualidade nos permite saber quais são os motivos
para um desligamento de energia do cliente, e também, os possíveis
locais onde isso ocorre na rede. Dessa maneira, a gente consegue
reduzir o que chamamos de ‘área de vulnerabilidade do cliente’,
ao pegarmos uma rede de 6 mil quilômetros e identificarmos as
áreas onde ocorrem eventos que desligam os clientes, que são uma
pequena parte dessa rede. Além disso, por meio de inspeções na
rede, podemos diminuir ainda mais a área de interesse. Desse modo,
conseguimos saber quais são as áreas afetadas, e com isso somos Amostra de descargas parciais do IMA-DP
capazes de realizarmos ações muito mais assertivas no sentido de
melhoria de serviço”, detalha o especialista em Inovação Tecnológica Criado também pela ANEEL, o Plano Quinquenal de
da Neoenergia, João Fonseca. Investimentos, conhecido como Plano Estratégico Quinquenal
O especialista ressalta ainda que existem quatro pilares de Inovação (PEQuI), define as diretrizes, objetivos e metas de
fundamentais da Neoenergia para a implementação de novas investimentos das empresas para um período de cinco anos. A edição
tecnologias desenvolvidas, de acordo com o Programa de mais recente do plano entrou em vigor em 1 de outubro de 2023 e
Desenvolvimento e Inovação da ANEEL e, são elas: inovação em rede; teve o objetivo de definir as prioridades na produção de inovação
desenvolvimento tecnológico; propriedade intelectual; e inserção no setor elétrico até 2028. O Plano está focado em ações voltadas à
dos equipamentos no mercado. ”Então, o GODEL exemplifica esses digitalização do setor, cibersegurança, modernização e modicidade
pilares, porque ele é um case de inovação em rede, pois são vários das tarifas, smart grids, entre outros.
parceiros que estão envolvidos. É um case de desenvolvimento “As pesquisas trouxeram uma diversidade muito grande no setor,
tecnológico, porque essas tecnologias foram avançando na escala mas também o desafio do regulador em monitorar se esses produtos
de TRL e a gente foi, de fato, desenvolvendo esses produtos, essas estão de acordo com a proposta da ANEEL, isso fez com que a Agência
tecnologias. E, por fim, é um case de propriedade intelectual, visto realiza-se uma série de aperfeiçoamentos regulatórios e normativos que
que todas essas tecnologias geraram registros de PI, sejam eles foram pautados ao longo do ano de 2023, e resultou numa mudança
patentes, software, dentre outros”. de regulamentação do Plano Quinquenal de Investimentos. Então,
você tem diretrizes muito claras de onde as distribuidoras ou em temas
que as distribuidoras deveriam investir seus recursos. Quando falo de
distribuidoras, na verdade, do setor elétrico como um todo, ou seja,
distribuidoras, transmissoras e geradoras, que têm a compulsoriedade
GODEL Smart Sensor 34,5 kV é um
de aplicar o recurso para pesquisa e desenvolvimento. Então, nos
equipamento de monitoramento de
redes de média tensão até 34,5 kV próximos 5 anos, elas têm diretrizes muito claras de quais temas são
estratégicos a serem investido”, explica Lindemberg.
Além disso, em 2023, entrou em vigor uma determinação com
o objetivo de enfrentar o desafio da transparência e prestação
de contas das empresas do setor elétrico, em relação aos recursos
recebidos da população, sob o pretexto da sociedade reconhecer os
serviços prestados em seu benefício. “Esse é um ponto que resultou,
Outro projeto resultante do Programa de P&D é o IMA-DP, inclusive, numa preocupação e determinação normativa externada
tecnologia desenvolvida pela CEPEL, que se baseia na Medição de pela ANEEL, da qual os projetos de pesquisa e desenvolvimento, nos
Descargas Parciais (DP), um teste não destrutivo que visa avaliar o próximos 5 anos, terão vídeos de divulgação dos seus portfólios de
isolamento de equipamentos elétricos de alta tensão. Essa tecnologia investimentos, com o objetivo de demonstrar à sociedade, de forma
pode ser aplicada em cabos, geradores, motores, compensadores prática e pragmática, os resultados dos recursos”, complementa
síncronos, transformadores de potência, reatores, transformadores Lindemberg.

50
TRANSFORMADORES
PARA APLICAÇÃO
SOLAR

Transformador Transformador
Trifásico a Seco Trifásico a Óleo
Transformadores nas potências de 150kVA a Transformadores nas potências de 300kVA a
5.000kVA nas classes de tensão até 36,2kV, 3.000kVA nas classes de tensão até 36,2kV,
com frequência de 50Hz ou 60Hz; com frequência de 50Hz ou 60Hz.

65 3611-6500 TRAEL Cuiabá


[email protected] Rua Paulo Masayuki Uezato (antiga Rua N), Quadra 17, n 244, Distrito
www.trael.com.br Industrial, CEP 78098-400, Cuiabá-MT Brasil 51
Publieditorial

Workshop discute
a importância da
manutenção dos
transformadores
Organizado pela Liquitec, evento reuniu especialistas
para compartilhar insights, novas tecnologias e
técnicas de manutenção dos equipamentos

Referência nacional em análises de fluidos isolantes e manutenção de fortalecer laços com nossa comunidade, pudemos reafirmar
de transformadores de potência e equipamentos elétricos, a Liquitec nosso compromisso com a excelência em serviços relacionados
realizou, no dia 10 de maio, seu primeiro workshop sobre “A importância a transformadores. O evento foi uma jornada de conhecimento,
da manutenção dos transformadores”. O evento, que ocorreu no Gran marcada por apresentações instigantes, trocas de ideias e
Hotel Morada do Sol de Araraquara/SP, contou com a participação de experiências enriquecedoras. Profissionais de diferentes origens
mais de 50 pessoas, entre especialistas renomados do setor elétrico, trouxeram perspectivas valiosas, contribuindo para um debate
empresários, além de diretores e colaboradores da empresa. diversificado e dinâmico”, destaca o Diretor de RH da empresa,
Com uma extensa programação, o encontro debateu temas Marcos B. Ferreira.
como: boas práticas de inspeções e manutenções preventiva, Liquitec - O Diretor-Executivo da Liquitec, Thiago Marques,
preditiva e corretiva em transformadores e reatores; selagem de tratou sobre os benefícios e diferenciais da aplicação do óleo vegetal
transformadores - pulmão de ar; acessório de transformador de em subestações. De acordo com o especialista, além de proporcionar
força - instalação, manutenção e falhas; óleo vegetal; termovácuo; vantagens ambientais, a utilização de óleo vegetal, como fluído
técnicas e vantagens da regeneração de óleos isolantes; acessório refrigerador para transformadores, contribui para o aumento da vida
de transformador de força - instalação, manutenção e falhas; dentre útil dos materiais isolantes em celulose, além de apresentarem grande
outros temas relacionados à manutenção desses equipamentos. resistência ao fogo, requisito fundamental para este tipo de fluído.
Os participantes do workshop tiveram ainda a oportunidade “Esperamos que este workshop seja apenas o primeiro de uma série
de acompanhar, virtualmente, uma palestra do Technical Manager de eventos que promovam o aprendizado e a colaboração contínua.
da Sea Marconi Latinoamericana, Manuel Dal Bello, empresa Estamos ansiosos para construir sobre essa base e proporcionar mais
italiana especializada em soluções sustentáveis para a gestão de oportunidades para crescermos juntos”, ressaltou Thiago Marques.
transformadores e outros equipamentos elétricos com fluidos Coube ainda aos especialistas da Liquitec Luiz Gustavo Rocha
isolantes. Com o tema “Investigação de casos de enxofre corrosivo (Supervisor de Laboratório) e Thales Pratavieira (Gerente Comercial),
- Análise de PCB”, o executivo compartilhou insights valiosos e abordarem o tema “Análise de óleos isolantes - técnicas para a
experiências da empresa, que possui mais de 3.000 Clientes em 5 realização e diagnósticos de transformadores”. Participaram ainda do
continentes, com escritórios na França, Espanha, Argentina e Itália evento: Danilo di Lazzaro – Anilag; Alexandre Vieira – TDM; Claudio
- sede da empresa. Rancoleta – Urkraft; Estevão Tomé – Termofiltro; Joyce Fontanella e
“Para nós, da Liquitec, esse workshop foi um marco. Além Heitor Grangheli – ITOIL.

52
Notícias do Setor
Pioneirismo: ABB vai integrar Schneider Electric, multinacional francesa com tecnologia em
automação e energia, para a produção de equipamentos com
projeto de lítio zero carbono inversores de frequência do modelo Altivar Process Modular (APM).
A empresa líder em automação, ABB, vai integrar um projeto Os dispositivos têm a função de controlar a velocidade de
de extração mineral em desenvolvimento na Alemanha que motores de alto desempenho, podendo alcançar até 1.000 kilowatts
promete ser o primeiro no mundo a disponibilizar lítio dissociado de potência (kW). Os inversores são amplamente utilizados
de emissões para o mercado de baterias. A organização assinou um em diversos setores industriais, como saneamento, óleo e gás,
memorando de entendimento com a Vulcan Energy Resources para mineração, alimentos e bebidas, além do agronegócio. O diferencial
integrar o projeto Zero Carbon Lithium, que pretende extrair lítio de dessa nova geração de inversores está em sua capacidade de
água salobra do subsolo do Alto Rio Reno, onde estão os maiores conectividade, que permite o processamento de informações e seu
depósitos do metal na Europa. compartilhamento em tempo real, resultando em operações mais
“A associação da ABB com a Vulcan oferece perspectivas resilientes e produtivas para máquinas, pessoas e sistemas.
empolgantes porque, se conjugadas, nossas abordagens, expertises
e tecnologias têm potencial de impactar a produção de baterias para
usos industriais e domésticos”, explica Michael Marti, diretor global
Reconhecimento: João
da Divisão de Growth Industries, da ABB. Carlos Mello assume cadeira
na Academia Nacional de
Premiação: Chint Power Brasil Engenharia
lança campanha de incentivo
para integradores
A Chint Power, fabricante chinesa e líder global com mais de
um milhão de inversores fotovoltaicos instalados, lançou, no início
de maio, a campanha de incentivo para integradores brasileiros: a
“Rally de Vendas 2024”. Com um tema que traz conceitos de energia,
força e velocidade para incentivar os participantes, a empresa busca
fortalecer ainda mais a marca, além de colaborar com os resultados
das distribuidoras parceiras.
O principal prêmio da nova Campanha é uma viagem para Nova
Iorque/EUA. A Rally de Vendas 2024 teve início no dia 6 de maio e
considerará as vendas realizadas e cadastradas até 04/08/2024. Para
participar, basta entrar no site da campanha e se cadastrar
Mulheres na energia: Energy Summit 2024 anuncia desconto
especial para a participação de mulheres
Considerado o principal evento de inovação e empreendedorismo
em energia sustentável do mundo, o Energy Summit 2024 anunciou um
desconto exclusivo para mulheres que tenham interesse e sejam do setor
de energia e que queiram ir ao evento. A categoria “Women In Energy
Pass”, dará um desconto de até 80% no ingresso do público feminino.
A quantidade de mulheres no setor de energia ainda é pequena,
O CEO da Thymos Energia, João Mello, foi eleito membro titular
de acordo com estudo da FESA Executive Search, mulheres
da Academia Nacional de Engenharia (ANE). A instituição, que
ocupavam apenas 6% dos cargos de liderança no setor de energia no
desde 1991 atua na promoção do debate e da proposição de ideias
Brasil, representando 19% nos cargos de direção e 13% em posições
e políticas relacionadas à formação de engenheiros, garantiu uma
de apoio ao negócio.
cadeira ao executivo por sua trajetória profissional e acadêmica. O
executivo tomou posse no dia 29 de abril, na Escola de Guerra Naval,
Indústrias do futuro: Engerey no Rio de Janeiro, com outros nove profissionais.
inicia produção de painéis com “É uma honra receber a titulação de uma instituição que sempre
inversores inteligentes APM da tem desempenhado um papel crucial para o fomento do debate
acadêmico e profissional para moldar as políticas que irão definir
Schneider
o futuro da Engenharia no Brasil”, disse João, ao reforçar que está
A Engerey, especializada na fabricação de painéis elétricos
animado para colaborar com outros membros para impulsionar a
de baixa e média tensão, anunciou sua nova homologação pela
inovação e a excelência nesta área.

53
Artigo Técnico

Arco elétrico
e o risco de incêndio
em instalações
em baixa tensão
Luiz Carlos Catelani Junior *

A grande maioria dos curto-circuito elétricos em instalações de Este fenômeno resulta de um arco entre duas partes do
baixa tensão são devido a falha de isolação entre partes vivas e a mesmo condutor. Sempre que um condutor estiver danificado ou
massa. uma conexão não estiver devidamente apertada, irá ocorrer um
As medidas de proteção contra choques elétricos, seccionamento ponto quente localizado que carboniza os materiais isolantes nas
automático da alimentação através de dispositivos específicos proximidades.
em função do regime de aterramento, garantirá o desligamento Sendo o carbono, produto resultante na queima do isolante
automático da alimentação em caso de falha para correntes elevadas. de um material condutor, permite o fluxo da corrente que se torna
Mas a falha entre um condutor fase e o terra com amplitude excessivo em vários pontos. Como o carbono é depositado de
menor que a do limite de atuação da proteção de sobrecorrente, maneira não homogênea, as correntes que passam por ele geram
poderá ocorrer, sem o devido desligamento da proteção. arcos elétricos para facilitar seu trajeto. Então, cada arco amplifica
Quando um cabo é danificado localmente ou uma conexão a carbonização dos materiais isolantes, resultando em uma reação
elétrica se deteriora, duas condições podem ocorrer: que é mantida até que a quantidade de carbono seja alta o suficiente
para que um arco a inflame espontaneamente (Figura 2).
Falha de arco em série (Figura 1):

Figura 1 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection Figura 2 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection

54
Falha de arco paralelo, curto-circuito resistivo – degradação irá ocorrer, formando mais carbono e gerando mais
(Figura 3): aquecimento até o incêndio.
Este fenômeno acontece entre dois condutores diferentes. A característica comum destes fenômenos é a ignição por arcos
ocasionando fogo, por isso a detecção da presença de arcos é uma
forma de evitar que eles se transformem em desastre.
Esses fenômenos podem ocorrer normalmente nas seguintes
situações:

• Cordões de alimentação sujeitos a esforços excessivos;


• Defeitos ou mau contato nos cordões de alimentação;
• Mau contato ou conexões inapropriadas na emenda de cabos;
• Danos acidentais na isolação de condutores;
Figura 3 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection • Envelhecimento da isolação ou degradação por exposição a
agentes externos;
Sempre que os materiais isolantes entre dois condutores • Falta de aperto, mau contato ou perda parcial das conexões elétricas;
energizados forem danificados, uma corrente significativa pode ser • Danos ocasionados por animais roedores.
estabelecida entre os dois condutores, mas é de amplitude baixa
para ser considerado como um curto-circuito e ocasionar o disparo A tecnologia do dispositivo de detecção de falha de arco
de um disjuntor. Por ser entre dois condutores, dispositivos de (AFDD) torna possível detectar perigos à arcos e assim proteger as
proteção contra por corrente residual não detecta, pois esta corrente instalações.
não vai para a terra. Tais dispositivos foram implantados com sucesso nos Estados
Ao passar por estes materiais isolantes, estas correntes de Unidos desde o início da década de 2000, e sua instalação é exigida
fuga otimizam seus caminhos gerando arcos que transformam pela NEC (National Electric Code) desde 2013, a Norma Internacional
gradativamente os materiais isolantes em carbono. Assim, a mesma IEC 62606 define Dispositivos Detecção de Falha de Arco (AFDD)

55
como sendo equipamentos que detectam a presença de arcos
Artigo Técnico

elétricos perigosos e interrompam a fonte de alimentação do circuito


para evitar o início da primeira chama.
A velocidade é essencial, pois um arco elétrico pode se
transformar em um flash (literalmente), incendiar qualquer material
inflamável próximo e causar um incêndio. De acordo com IEC 62606,
os dispositivos de detecção de falha de arco devem reagir muito
rapidamente em caso de falhas de arco e isolar o circuito dentro de
um tempo limitado.
Esses perigosos arcos elétricos não são detectados por
dispositivos de corrente residual nem por disjuntores ou fusíveis.

Figura 5 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection

Figura 4 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection

A figura 4 mostra um comparativo entre curvas de atuação de


disjuntores IEC curvas B, C e D com o tempo de atuação do AFDD.
Mesmo em correntes menores que a nominal do disjuntor, há a
atuação do dispositivo de arco.
O dispositivo de detecção de falha de arco monitora em tempo
real vários parâmetros elétricos do circuito que protege (Figura -
5) para detectar informações características da presença de arcos
Figura 6 - Fonte: Schneider Electric Fire Protection
elétricos perigosos, em função da forma de onda (Figura - 6).
Alguns parâmetros que são usados para detectar a presença de Dispositivos de detecção de falha de arco (Figura 7) são
arcos: projetados para limitar os riscos de incêndio causados pela presença
de correntes de arco nos circuitos terminais de uma instalação fixa.
• A corrente do arco em série é perigosa assim que seu valor for igual São instalados em quadros elétricos para proteger circuitos
ou exceder a 2,5 A; que fornecem energia a tomadas e iluminação e são especialmente
• A duração e/ou aparecimento do arco muito curto é característico recomendados em casos de reforma e/ou atualização das instalações
da operação normal de um interruptor; elétricas.
• A irregularidade do arco (os arcos dos motores com escovas, Desde 2014, a Norma Internacional IEC 60364 – Instalações
por exemplo, são bastante regulares e como tais não deve ser elétricas de edifícios Parte 4-42, faz as seguintes recomendações,
considerado perigoso); relacionadas à instalação e ambientes de aplicação de AFDDs em
• A distorção do sinal de corrente no momento de seu cruzamento edifícios residenciais e comerciais:
por zero é característica da presença de arco elétrico: a corrente flui
somente após o aparecimento de um arco que necessita de uma • Em locais com acomodações para dormir, como hotéis, lares de
tensão mínima para ser criado; idosos, quartos em locais de habitação;
• A presença de perturbações em níveis variados de diferentes • Em locais com riscos de incêndio devido a grandes quantidades
frequências é característica da passagem de uma corrente através de de materiais inflamáveis, como celeiros, marcenarias, depósitos de
materiais heterogêneos (como isolamento de cabos). materiais combustíveis;

56
• Em ambientes com materiais de construção combustíveis, como
edifícios de madeira ou aglomerados;
• Em estruturas de fácil propagação de incêndio, como edifícios altos;
• Em locais onde estão alojados bens insubstituíveis, como museus
e antiquários.

Recomenda-se que os AFDDs sejam instalados em circuitos


terminais a proteger (isto é, quadro elétrico de uma instalação).
Mais especificamente, a instalação do AFDD é altamente
recomendada para proteger circuitos com maior risco de incêndio,
tais como:

• Cabos salientes ou expostos (risco de impactos mecânicos);


• Cabos áreas externas (maior risco de deterioração);
• Cabos desprotegidos em áreas isoladas (como depósitos);
• Fiação envelhecida e deteriorada ou fiação para a qual as caixas de Figura 7 - Fonte: Schneider Electric Low Voltage Catalogue

conexão são inacessíveis.


*Luiz Carlos Catelani Junior é engenheiro eletricista pela
A ligação dos AFDD deve ser feita com a passagem dos dois Unicamp, com ampla experiência em proteção de sistemas
condutores que alimentam o circuito, independente se seja de duas elétricos, subestações AT, linhas de transmissão elétrica e
fases ou uma fase e neutro. Isso se dá para poder monitorar tensão plantas industriais. Ao longo de sua carreira, tem desenvolvido
e corrente para detecção de arcos conforme mostrado na figura 5. atividades ligadas à geração de fontes renováveis, sendo,
Para facilitar o uso e a verificação do dispositivo, existe um botão atualmente, um dos principais especialistas do país em análise
teste que executa e verifica se há o desligamento adequado. de energia incidente de média e alta tensão – ATPV e Arc Flash.

57 57
Guia setorial

PRODUTOS PARA
Principal canal Principais clientes
A empresa é de vendas

Oferece treinamento técnico para os clientes


DISTRIBUIÇÃO

Montagem de redes de transmissão


Distribuidores de materiais elétricos

Montagem de redes de distribuição

Possui serviço de atendimento ao


cliente por telefone e/ou internet
Tem corpo técnico especializado
para oferecer suporte ao cliente
Revendas de materiais elétricos

Transmissão de energia elétrica


Distribuição de energia elétrica
Distribuidora de produtos para

Distribuidora de produtos para

Possui programas na área de


Montagem de equipamentos
Fabricante de produtos para

Fabricante de produtos para

Importa produtos acabados


Venda direta ao cliente final

Exporta produtos acabados


responsabilidade social
DE ENERGIA

transmissão de energia

transmissão de energia
distribuição de energia

distribuição de energia

Manutenção de redes
Engenharia
Internet
EMPRESA TELEFONE SITE CIDADE UF

ADELCO (11) 4199-7515 www.adelco.com.br Barueri SP x x x x x x x x x x

BLUTRAFOS (47) 3036-3000 www.blutrafos.com.br Blumenau SC x x x x x x x x x x x x x x x x x

BOHNEN+MESSTEK (11) 5567-0200 www.bohnen.com.br São Paulo SP x x x x x x x x x x x

BRASFORMER BRASPEL (11) 2969-2244 www.brasformer.com.br São Paulo SP x x x x x x x x x x x x x x x

BRVAL ELECTRICAL (21) 3812-3100 www.brval.com.br Valença RJ x x x x x x x x x x

CABELAUTO (35) 3629-2500 www.cabelauto.com.br Itajubá MG x x x x x x x x x x x x x x

ELETRON ENGENHARIA (12) 99163-9377 www.eletronengenhariaindustrial.com Pindamonhangaba SP x x x x x x x x x x

ELETROPOLL (47) 3375-6700 www.eletropoll.com.br Corupá SC x x x x x x x x x x x x x

GIMI (11) 4752-9900 www.gimi.com.br Suzano SP x x x x x x x x x x x x x x x x x

INDEL BAURU (11) 97389-6213 www.indelbauru.com.br Bauru SP x x x x x x x x x

ITAIPU (16) 3263-9400 www.itaiputransformadores.com.br Itapolis SP x x x x x x x x x x x x x x x x x

KIT ACESSÓRIOS (21) 98112-3517 www.kitacessorios.com.br Rio de Janeiro RJ x x x x x x x x x x x x x x

LOJA ELÉTRICA (31) 3218-8030 www.lojaeletrica.com.br/ Belo Horizonte MG x x x x x x x x x x x x x x x x x

MÉDIA TENSÃO (11) 2384-0155 www.mediatensao.com.br Guarulhos SP x x x x x x x x x x x x x

MERSEN DO BRASIL (11) 98158-5740 www.mersen.com São Paulo SP x x x x x x x x x x x x x x x

MINUZZI (19) 3272-6380 www.minuzzi.ind.br Campinas SP x x x x x x x x x x x

NANSEN (31) 98492-8859 www.nansen.com.br Contagem MG x x x x x x x x

ONIX (44) 3233-8500 www.onixcd.com.br Mandaguari PR x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

PEXTRON (11) 5094-3200 www.pextron.com.br São Paulo SP x x x x x x x x x

PFIFFNERDO BRASIL (47) 3348-1700 www.pfiffner.com.br Itajaí SC x x x x x x x x x x x x x x x

PLP (11) 4448-8000 www.plp.com.br Cajamar SP x x x x x x x x x x x x x x x x x

PROVOLT (47) 3036-9666 www.provolt.com.br Blumenau SC x x x x x x x x x x x x x x x x

ROMAGNOLE (44) 3233-8500 www.romagnole.com.br Mandaguari PR x x x x x x x x x x x x x x x x x

S&C ELECTRIC (41) 3382-6481 www.sandc.com São José dos Pinhais PR x x x x x x x x x x

SÃO JOSÉ ISOLADORES ELÉTRICOS (19)38529555 www.saojoseisoladoreseletricos.com.br Pedreira SP x x x x x x x x x x x x x x x x x x

SCHNEIDER ELECTRIC 0800 7289 110 www.se.com/br São Paulo SP x x x x x x x x x x x x x x x x x

SEL (19) 3515-2000 www.selinc.com Campinas SP x x x x x x x x x x x x

SIEMENS (11) 97174-4009 www.siemens.com Jundiai SP x x x x x x x x x x x x

TECSYS DO BRASIL (12) 3797-8800 www.tecsysbrasil.com.br São José dos Campos SP x x x x x x x x x

TRAEL TRANSFORMADORES (65) 3611-6500 www.trael.com.br Cuiabá MT x x x x x x x x x x x x

TRANSFORMADORES UNIÃO (11) 2023-9000 www.transformadoresuniao.com.br São Paulo SP x x x x x x x

TREETECH TECNOLOGIA (11) 2410 1190 www.treetech.com.br/ Atibaia SP x x x x x x x x x x

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Possui certificado ISO 9001(qualidade)

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Possui certificado ISO 14.001 (ambiental)

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Subestações de média tensão

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Painéis

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Fusíveis

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Interruptores

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Transformadores de potência

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Uso interno

Chaves

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Uso externo

seccionadoras

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Sem abertura em carga

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Com abertura sob carga

Chaves
fusíveis

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Religadora

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Uso interno

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x
Uso externo

Disjuntores

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Anunciador de alarme

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Automação de estações
sistema elétrico brasileiro.

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x
Proteção contra arco

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Transdutores

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x
Relés de estado sólido
Automação de sistemas

x
x
x
Relés eletromecânicos
Instrumentos para monitoramento

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x
de qualidade de energia

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x
Automação de subestações

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x
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Isoladores de porcelana

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x
x
Isolador polimérico
Para-raios

x
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Encapsulados

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x
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x
De corrente

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x
x
x
De potencial

x x
Componentes, materiais e acessórios

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x
Reguladores de tensão

x
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x
x
Indicadores de tensão
Transformadores de instrumentação

x
x
x
Cabos aéreos

x
x
x
x Cabos subterrâneos

x
Cabos submarinos
Cabos elétricos

x
x
x

Cabos especiais
Distribuição de energia

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x
x
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x
x
Conectores

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x
x
Emendas

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x
x
x
Terminações
cabos elétricos
Acessórios para

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x
x
Espaçadores

x
x
x
x
Cerâmica

x
x
x
x
Poliméricos
Isoladores

x
Vidro
revendedores de equipamentos para redes de distribuição e transmissão de

x
x x Compensação serial
Nesta edição, trazemos uma relação completa dos principais distribuidores e

x
x
Compensação paralela
energia. Dinâmico e extremamente conectado com as principais novidades do

x
x

Compensação em tempo real


altamente especializada, responsável por garantir a segurança e a resiliência do
segmento em nível global, os distribuidores desses produtos suprem uma cadeia

x
x
x
x

Filtro de harmônicas
Compensação de reativos

Equipamentos para inspeção

x
x
x
x
x
x
x
x

termográfica
Equipamentos para medição e

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x
x
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x
x

ediagnóstico
Manutenção

Equipamentos para análise e

x
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x
x

regeneração de óleo isolante

x
x
x
x
x
x

Equipamentos georreferenciados
Conexão Regulatória

A hora e a vez
do autoprodutor
Frederico Carbonera Boschin é Diretor Executivo da Noale Energia e Sócio
da Ferrari Boschin Advogados. Conselheiro da ABGD; Conselheiro Fiscal do
Sindienergia RS e Professor do Curso de MBA da PUC/RS, UCS/RS e PUC/MG.

O cenário energético global passa por importantes transformações, crescimento exponencial do setor de geração distribuída ocorrido nos
com destaque para as formas renováveis de geração, mais eficientes e últimos anos.
distribuídas, que visam abastecer um mercado consumidor de energia De forma prática e irreversível, esta é, portanto, a tendência atual
elétrica novo, intenso e célere, alinhado com todas as inovações mais clara nos consumidores de energia – a geração própria de energia.
tecnológicas, que vão desde a digitalização das unidades de consumo, Entretanto, gerar a própria energia não é benefício (ou intenção)
até a utilização de veículos elétricos. de consumidores residenciais ou atendidos por concessionárias de
No Brasil, não tem sido diferente, com destaque para a micro e distribuição.
minigeração distribuída (a “MMGD”), por fonte solar fotovoltaica, que Neste contexto, o mercado livre de energia vive um atual momento
atingiu 29GW de potência instalada, o que equivale, apenas a título bastante propício para a penetração da energia solar, tal qual ocorreu
de comparação, ao dobro da potência instalada da Usina Hidrelétrica com o mercado cativo e a geração distribuída. Uma vez que os custos
de Itaipú. de energia sofreram reiterados e severos reajustes, nos últimos anos
A principal disrupção causada pela MMGD reside no fato de que os (decorrência da crise hídrica), cada vez mais consumidores livres
consumidores têm hoje a possibilidade de gerar sua própria energia, de energia optam pela geração própria de energia – a chamada
seja junto à carga ou remotamente, por meio de equipamentos autoprodução de energia (“APE”).
próprios ou alugados, trazendo economias significativas, em razão da Conceitualmente, autoprodutor é a pessoa física ou jurídica
não aplicação de tributos, reajustes tarifários e aplicação das bandeiras ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou
tarifárias. autorização para produzir energia elétrica destinada ao seu uso
Sabidamente, até pouco tempo, não existia outra opção para o exclusivo, podendo, mediante autorização da ANEEL, comercializar
seu abastecimento de energia elétrica, pois dependia inteiramente seus excedentes de energia.
do mercado cativo, que consiste no fornecimento de energia elétrica A figura do autoprodutor de energia no Ambiente de Contratação
e pagamento apenas às distribuidoras, de acordo com suas áreas de Livre (o “ACL”), o chamado mercado livre de energia, igualmente, vive
concessão. Em virtude de todas essas vantagens, existem hoje mais seus momentos de mudanças e de aprimoramentos (nada de novo até
de 2 milhões e meio de consumidores com sistemas de geração aqui), todavia, é um mercado mais maduro e acostumado a estritos
distribuída conectados às redes de concessionárias, no âmbito do regulamentos e complexidades técnicas, em especial no âmbito do
Sistema de Compensação de Energia Elétrica (o “SCEE”), anteriormente Projeto de Lei 414, que trata da abertura e modernização do setor
previsto pela REN 482/2012, e agora, revisado para a Lei 14.300/2022, elétrico como um todo.
conforme dados fornecidos pela ANEEL . Pois bem, conforme o artigo 2º do Decreto nº 2.003/96,
Como já falamos em colunas passadas, este crescimento considera-se como autoprodutor de energia elétrica, a pessoa física ou
exponencial da MMGD, inclusive, deu origem a recentes e acaloradas jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebe, concessão ou
discussões acerca das novas regras a serem aplicadas ao SCEE (com autorização, para produção de energia destinada ao seu uso exclusivo.
o recente advento da Lei 14.300) e os eventuais encargos a serem Como observa-se, os autoprodutores possuem como
cobrados em função do uso da rede, o que gera, não só insegurança finalidade a geração de energia elétrica voltada para o consumo
regulatória para novos empreendimentos, como desgastam a relação próprio, enquadrando-se para fins de qualificação na Câmara de
entre consumidores e distribuidoras, freando investimentos e este Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), como agentes da categoria
1
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZjM4NjM0OWYtN2IwZS00YjViLTllMjItN2E5MzBkN2ZlMzVkIiwidCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZhMi05MmQ0LWVhNGU5YzAxNzBlMSIsImMiOjR9

60
de geração. Aqui entram os conceitos de Energia Evitada Vs. Energia
Como se trata de geração própria de energia, seguindo a Comprada. Para os consumidores que possuem autoprodução de
tendência dita acima, cada uma dessas centrais necessita de dados energia junto à carga e a aferição do consumo é líquida, o que logo
de leitura e regularizações específicas, a fim de padronizar e controlar de início limita o autoprodutor ao pagamento de encargos setoriais
adequadamente suas gerações e consumos. Outro fato importante a e tributos que usualmente são cobrados sobre o consumo de energia
ser destacado, é que o APE pode vender seus excedentes de energia elétrica adquirida de terceiros, seja no âmbito do mercado cativo ou
gerados no mercado livre de energia (ACL), segundo o parágrafo livre.
único do art. 6 “[..] Os outorgados sob o regime de autoprodução de Diferentes estruturações e gestão energética tem ainda o condão
energia elétrica estão autorizados a comercializar os seus excedentes de otimizar os benefícios trazidos ao autoprodutor, tais como a
de energia na forma do inciso IV do art. 26 da Lei nº 9.427, de 26 de compra no mercado livre do déficit não produzido ou da venda da
dezembro de 1996.”, e isso, por si só, já admite a formação de novos e energia excedente. Não obstante, a notória a liquidez do mercado
mais sofisticados modelos de negócios. financeiro e a disponibilidade de crédito em condições facilitadas para
Percebe-se, portanto, que a injeção de energia na rede da empreendimentos de energia, o que atrai cada vez mais consumidores
concessionária é contabilizada não como créditos de energia, mas de energia interessados em tornarem-se autoprodutores, seja por
sim como um produto (TE) a ser comercializado no ambiente de meio de ativos próprios, ou de ativos de terceiros, são as tendências
contratação livre (ACL) a valores de mercado (preço horário). de aumentos nos custos de energia e a facilidade na aplicação da
Na resolução normativa N° 921, de 23 de fevereiro de 2021, é tecnologia solar.
inserido e devidamente explicado como se configura e se declara um Com essas ideias estabilizadas, passamos para os conceitos e
autoprodutor de energia, incluindo seus direitos e deveres. Como dito, implicações da energia evitada e comprada. Para uma boa percepção,
podem ser incluídas pessoas físicas ou jurídicas, por meio de consórcios os conceitos de energia comprada como LCOE (Levelized Cost of
que possuem o objetivo comum de uma implantação ou exploração Electricity ou Custo Nivelado de Energia, em tradução livre) e de
de centrais geradoras elétricas próprias. Essas centrais podem ser de energia evitada como LACE (Levelized Avoided of Electricity ou Custo
energia eólica, os EOL (Central Geradora Eólica), energia hidráulica, Evitado Nivelado de Energia). O primeiro é calculado como o custo
os PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) ou de energia solar, os UFV necessário para construir e operar um sistema de geração, até obter
(Central Geradora Fotovoltaica). uma receita positiva para gerar, no mínimo, 1MWh de eletricidade,
Assim, um conceito de autoprodução que surgiu no início dos anos dependendo da fonte alternativa a ser utilizada.
90 (destinado e restrito a empreendimentos centralizados construídos Já o LACE calcula diretamente o custo evitado da energia gerada,
e geridos por corporações eletrointensivas, em especial siderúrgicas ou, em outras palavras, precifica a escolha de não utilizar a reserva
e montadoras com gerações hidráulicas remotas), com o advento da padrão para atender a demanda, injetando os MW’s produzidos pela
tecnologia solar e custos compatíveis, vivencia um atual momento curioso: fonte alternativa na rede de distribuição, “poupando” os MW’s das
a tecnologia solar no mercado livre alcança seu grande concorrente e fontes tradicionais e os deixando de reserva na rede, caso ocorra uma
inibidor de expansão - o preço da energia no mercado livre. explosão de demanda.
Caso se considere que, no cenário atual, a geração solar tem Desta forma, o LACE abarca, genericamente, a soma de todos os
custo igual ou inferior que a aquisição de energia por meio de custos evitados de uso das reservas tradicionais, conforme o tempo
contratos CCEALs (Contrato de Compra de Energia no Ambiente de atividade de planta de geração alternativa é dividida pela média
Livre), especialmente em aplicações na carga, onde a simultaneidade de geração anual dessa planta. Esse resultado, em R$/MWh, é o
entre curva de carga e curva de geração favorece a autoprodução de informativo de qual o valor dessa nova planta e qual a vantagem de
energia, não por acaso, a geração solar, igualmente tem momento inseri-la no sistema de potência geral.
favorável no mercado livre de energia. Com isso em mente, entendemos que a autoprodução deve ser
Os benefícios são econômicos e viabilizados graças a uma a nova onda do mercado de energia (distribuída) descentralizada,
convergência de fatores rara em um país de custos crescentes: principalmente para aqueles consumidores que tenham possibilidade
tecnologia com custos decrescentes, descontos e exonerações de geração junto à carga, mas que exige maior conhecimento técnico
tarifárias/setoriais (PROINFA, CDE e CCC) e repercussões tributárias que do que a geração distribuída, diante de sua complexidade regulatória,
trazem para o concorrido mercado livre de energia as vantagens da jurídica, contábil e fiscal.
geração solar descentralizada (ou “distribuída”).
h ttps://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-normativa-aneel-n-921-de-23-de-
É importante lembrar também que há obrigações, como a fevereiro-de-2021-305704311
http://www.abesco.com.br/pt/o-que-e-uma-empresa-esco/
cobertura de custos e implementações, por parte do outorgado, Levelized Costs of New Generation Resources in the Annual Energy Outlook 2021, EIA 2021
https://epbr.com.br/competitividade-das-fontes-eolica-e-solar-no-brasil-em-diferentes-
como também a obrigatoriedade de participação dos sistemas de
horizontes-temporais-e-implicacoes-praticas/#_ftn1
transmissão e distribuição nacionais, do pagamento das cotas mensais https://pt.linkedin.com/pulse/lcoe-lace-e-icb-an%C3%A1lise-comparativa-dos-custos-de-om-
c%C3%A2mara-medeiros
da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis - CCC, da Taxa de https://www.ourworldofenergy.com/vignettes.php?type=electrical-power-generation&id=16
Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica e dos impostos das já https://www.iea.org/articles/levelised-cost-of-electricity-calculator
Joskow, Paul L. 2011. “Comparing the Costs of Intermittent and Dispatchable Electricity Generating
citadas redes de transmissão e distribuição, as TUST e TUSD. Technologies.” American Economic Review, 101 (3): 238-41.

61
Gestão de ativos

Como a implementação
da Gestão de Ativos
contribui para transição
energética justa
Lílian Ferreira Queiroz é engenheira eletricista, Membro do Cigré
e especialista em confiabilidade e gestão de ativos. Atualmente, é
superintendente de Gestão da Manutenção na Eletrobras Eletronorte.

N
o contexto atual da transição energética, tendo a energia que a capacidade do sistema elétrico nacional de fornecer energia
solar e a eólica como fontes alternativas de energia mais barata é pressionada por eventos climáticos extremos. Junto com
baratas e também uma pressão para a manutenção dos esse fenômeno, tem-se a maior digitalização de subestações, usinas
menores preços da energia em períodos de escassez e redes de energia, uso de inteligência artificial, expansão de geração
hídrica, as formulações e execução de políticas tarifárias tornam-se descentralizada de energia, exigência da expansão das redes de
mais desafiadoras. transmissão, descarbonização da indústria, transição energética e
Para uma adequada prestação dos serviços públicos de ESG, eletrificação de veículos e a produção de hidrogênio verde. Com
energia elétrica – geração, transmissão e distribuição – ela deve ser isso, sugerem novos modelos de negócio, mas também impõem
remunerada por meio de preços ou tarifas que viabilizem o serviço mudanças que podem impactar a tarifa e sua capacidade de refletir
adequado, com qualidade, a preços módicos e que criem incentivos adequadamente os custos de operação de um sistema complexo.
para uma prestação de serviço eficiente. E ainda, na discussão crescente pela transição energética
O cálculo tarifário deve considerar fatores referentes à justa de forma gradual, responsável e crescente, que seja boa para
infraestrutura, fatores econômicos, bem como às políticas públicas o planeta e justa para a sociedade, há a necessidade de expansão
correlatas que justifiquem a definição de incentivos à modicidade dos investimentos em novas energias, mas sem abrir mão, de uma
tarifária e à eficiência alocativa, com a adequada sinalização ao hora para outra, das fontes existentes. A necessidade de oferta
mercado. de combustíveis renováveis e de projetos de fontes de energia
Tais exigências, que se fazem presentes na formulação e na renovável, preparando o futuro de baixo carbono, a busca por fontes
execução de uma política tarifária para o setor elétrico, parecem ainda energéticas que sejam, ao mesmo tempo, eficientes e com baixo
mais desafiadoras hoje, em um contexto de transição energética em impacto de carbono, para garantir que essa energia não tenha um

62
"
custo alto demais para o planeta, é urgente. Mas na necessidade
de termos a transição justa, o Brasil ainda possui propostas para a A necessidade de oferta
modernização do setor elétrico de uma forma abrangente e que
ensejarão a necessidade de atualização do modelo de tarifa.
Quando olhamos a transição energética rumo a uma economia
de combustíveis renováveis
de carbono zero, vemos que por um lado temos que dobrar a
oferta de energia para acompanhar a evolução do consumo. Por e de projetos de fontes
outro lado, as empresas permanecem pressionadas por mais
competitividade, mais rentabilidade e mais sustentabilidade. Então, de energia renovável,
temos uma dicotomia entre avanços tecnológicos, rentabilidade e
competitividade. preparando o futuro de
As empresas que se propõe a implantar um sistema de gestão
de ativos, que avalia todo o ciclo de vida de seus ativos, que tem baixo carbono, a busca
início na captação de novos projetos, necessidades da companhia,
que abrange todo o ciclo da vida operacional e que possuem ativos
em operação, possuem vantagens frente ao clássico processo de
por fontes energéticas que
operação e manutenção. Como o desafio está na manutenção
operacional destes ativos, extraindo valor em longo prazo, seria
sejam, ao mesmo tempo,
eficientes e com baixo
imprudente negligenciar a importância destes ativos na economia,
sendo necessária práticas cada vez mais assertivas para geri-los, com
uma avaliação sistêmica.
O Asset Management promove e implanta uma cultura de impacto de carbono, para
investimentos objetivando que o ciclo de vida dos ativos seja
considerado integralmente, e neste momento, todas as áreas garantir que essa energia
envolvidas no ciclo de vida se veem responsáveis por ponderar
a continuidade de tecnologias existentes, a extração de valor, as não tenha um custo alto
novas tecnologias emergentes e o sucesso da companhia em longo
prazo. Assim, a Gestão de Ativos vem como uma alternativa para a
demais para o planeta, é

"
tomada de decisão de melhor alocação de recursos e contribuição de
melhoria no serviço adequado, com qualidade, desempenho, custos
a preços módicos e serviço eficiente. urgente.

63
Análise de sistemas elétricos

Energia Incidente:
questões não abordadas
pela IEEE Std 1584
Cláudio Mardegan é CEO da EngePower Engenharia, Membro Sênior
do IEEE, Membro do Cigrè | [email protected]

OBJETIVO DO ARTIGO DESTA COLUNA americano John Nélson (muitas vezes coordenador do PCIC –
Petroquemical Industrial Conference) do IEEE. Resume-se a seguir os
O objetivo desta matéria é salientar pontos importantes, que principais itens não abordados pelas normas:
muitas vezes passam desapercebidos pelos profissionais da área
Estudos, Segurança e Projeto. a) Painéis arco resistentes
b) Painéis isolados a gás (GIS)
QUAL ARCO A IEEE STD 1584 CONSIDERA? c) Painéis com barramento isolado
d) Probabilidade de um evento
Embora mais de 90% das faltas em sistemas elétricos industriais e) Aterramento por resistência de alto valor (HRG – High Resistance
se iniciem como um arco shunt à terra, segundo o paper de Dunki- Grounding)
Jacabos “The escalating arcing ground-fault phenomenon,” IEEE
Transactions on Industry Applications, vol. IA-22, no. 6, Nov./Dec. a) Painéis Arco Resistentes
1986 esta falta evolui para um arco trifásico, em até 2 ciclos. Dunki- Os painéis arco resistentes contém a energia incidente dentro do
Jacobs, para mim, é um dos maiores pesquisadores do arco. Com painel pelo tempo especificado em seu projeto, construção e ensaio.
base nesta premissa, a norma considera apenas o arco trifásico no É importante observar este tempo. Para alguns fabricantes, este
cálculo da energia incidente. tempo é de 1 segundo, e para outros, pode ser menor.
Com base na premissa acima da norma significa que não O que deve ser feito nas simulações é fixar um tempo muito
devemos nos preocupar com o arco fase-terra? baixo de atuação da proteção, de modo que, na etiqueta, apareça o
Nós como, Engenheiros de Sistema e Proteção, devemos nos nível de energia mais baixo da NFPA-70E, que atualmente é a energia
preocupar com a Segurança do Trabalhador. Com isso, eu gostaria, mais baixa < 4 cal/cm2.
preferencialmente, que a falta não evoluísse para um Arco Trifásico. É importante salientar que, mesmo sendo um painel arco
Então devemos sim nos preocupar com o Arco Fase-Terra. resistente, quando especificado segundo a norma IEC 61439-1
(Conjunto de Manobra e Comando de Baixa Tensão), deve ser de
QUESTÕES NÃO ABORDADAS PELA NORMA IEEE STD 1584-2018 Classe de Arco C e ser instalado relé monitor de arco fotossensível
para garantir a operação do painel após um arco. Na norma IEC
Existem algumas situações reais que não são abordadas na 62271-200 não se aplica estas classes de arco, você especifica se quer
metodologia de cálculo de arco e também algumas recomendações ou não um painel Arco Resistente (IAC – Internal Arc Cubicle).
que poderiam ser incentivadas para melhorar situações do mundo
real, que serão listadas a seguir, com o ponto de vista do autor desta b) Painéis Isolados a Gás
coluna. Algumas dessas situações, são abordadas no paper [17] Nos painéis isolados a gás (GIS – Gas Insulated Switchgear), os
“The Effects of System Grounding, Bus Insulation, and Probability barramentos ficam imersos em SF6 (hexafluoreto de enxofre) e o arco
on Arc Flash Hazard Reduction – The Missing Links”, do engenheiro não tem como se estabelecer. Este painel possui um manômetro que

64
normalmente possui dois níveis de atuação: alarme e trip por baixa pressão.
O que tem que ser feito nas simulações é fixar um tempo muito baixo de atuação da proteção
de modo que na etiqueta apareça o nível de energia mais baixo da NFPA-70E, que atualmente é a
energia mais baixa < 4 cal/cm2.
Nos painéis com barramento isolado o que tem que ser feito nas simulações é fixar um tempo
muito baixo de atuação da proteção de modo que na etiqueta aparece a categoria mais baixa da
NFPA-70E, que atualmente é a Categoria 1 (< 4 cal/cm2).

c) Painéis Com Barramento Isolado


Atualmente, as empresas com um maior nível de consciência sobre segurança, tem adquirido
seus painéis de baixa tensão com barramentos isolados. Isto minimiza a probabilidade de
escalamento do arco entre as fases.
O que tem que ser feito nas simulações é fixar um tempo muito baixo de atuação da proteção
de modo que na etiqueta apareça o nível de energia mais baixo da NFPA-70E, que atualmente é a
energia mais baixa < 4 cal/cm2.

d) Probabilidade de Ocorrência de um Evento


A probabilidade de ocorrência de um evento é um fator importante a ser ponderado pelo
engenheiro. A segurança envolve, no caso de energia incidente, a minimização do valor da energia
incidente e também da probabilidade de ocorrência de evento sério. Atualmente, pouco se
tem escrito sobre este tema. Isto está descrito no paper “The effects of system, grounding, bus
insulation and probability on arc flash reduction – missing links [17].

e) Aterramento por resistência de alto valor (HRG)


Conforme já mencionado neste treinamento a norma IEEE Std 1584 trata apenas do arco
trifásico. Entretanto, é sabido que mais de 90% das faltas se iniciam como falta fase-terra. A IEEE
1584 trata apenas do arco trifásico com base no paper de Dunki-Jacobs, que diz que uma falta à
terra em sistemas solidamente aterrados evolui rapidamente para uma falta trifásica (1 a 2 ciclos).
Nós, como engenheiros de proteção, temos que procurar evitar que uma falta fase-terra evolua
para uma falta trifásica.
Isto pode ser feito através da utilização de um resistor de aterramento de alto valor instalado no
neutro. Isto não reduz a energia incidente do arco trifásico calculada pelo software, mas, no mundo
real, evita que uma falta por arco trifásico se estabeleça, ou seja, diminuímos a probabilidade de
ocorrência de um arco trifásico

Quem quiser se aprofundar no tema de Energia Incidente, basta fazer um treinamento sobre
o tema. escreva um email para [email protected] e você receberá as informações
necessárias.

65
Iluminação pública

Atualização da NBR
5101: avanços e
desafios
Luciano Rosito é engenheiro eletricista, especialista em iluminação e iluminação
pública. Professor de cursos de iluminação pública no Brasil e exterior.

N
o dia 25 de março de 2024, finalmente foi publicada faixas de pedestres, ainda admite-se 3000K. Tal fato acabou
a revisão da NBR 5101, agora com o título Iluminação gerando um atraso na publicação, que deveria ter sido feita em
Viária - Procedimentos. Já pela mudança do título 2023 e a inclusão de uma nota na introdução da norma por parte
e escopo, percebe-se que a revisão foi bastante do órgão regulamentador em função de contratos existentes
significativa. Aqui vamos ver alguns dos pontos mais relevantes, e a necessidade de um período de adaptação exclusivamente
e a partir disto, fazer algumas análises do impacto nos futuros no que diz respeito à temperatura de cor. Ora, esta norma é de
projetos de iluminação Viária . procedimentos para projetos de iluminação Viária e não de
Um longo período de revisão e três CNs (Consultas Nacionais) construção de luminárias viárias, a qual é regulamentada pela
foram necessárias para que se concretizasse esta versão publicada. Portaria 62.
A mudança de escopo se dá pela inclusão da iluminação privada A falta de atualização das temperaturas de cor na referida
e não mais somente a pública. O principal ponto de discordância Portaria e outros pontos que já poderiam ter sido atualizados, se
após o envio para as consultas nacionais foi a limitação da não forem incluídos, poderão gerar a impossibilidade de aplicação
temperatura de cor para os tipos de vias, limitando-se a 2700K da NBR 5101 na prática. O órgão que regulamenta o produto que
e 2200K a temperatura de cor máxima para as vias locais. Para é definido no projeto de acordo com a NBR 5101, impede a efetiva
utilização de uma norma da ABNT, quase um mês depois de sua
publicação. Espera-se que este impasse seja resolvido, com a
publicação de portaria complementar ou outro instrumento.

A falta de atualização das Mas a revisão da norma trará diversos outros avanços e
mudanças, bem como a evolução de muitos conceitos existentes.
Destaco aqui os critérios de densidade e energia e densidade de
temperaturas de cor na referida potência, a nova classificação das vias e tipologias, a classificação
BUG e maior destaque ao combate da poluição luminosa. Faixas
Portaria e outros pontos que já de pedestres e critérios de luminância já fazem parte da Norma
desde 2012, mas foram aprimorados.

poderiam ter sido atualizados, Nos próximos meses, deve haver muitas discussões técnicas e
aprendizado sobre a utilização da Norma e evolução, até mesmo
da maneira que se constroem as luminárias viárias, em diversos
se não forem incluídos, poderão sentidos. Com isto, podemos ter uma nova forma de se fazer
engenharia no mercado de iluminação externa, visando aspectos

gerar a impossibilidade de qualitativos e não somente quantitativos, assim como uma


iluminação externa mais preocupada com o meio ambiente e o

aplicação da NBR 5101 na prática.


ser humano, respeitando de forma mais ampla a natureza.

66
TELBRA 1

67
Instalações Ex

Novos requisitos sobre


inspeção e manutenção
de equipamentos e
instalações em atmosferas
explosivas
Roberval Bulgarelli é engenheiro eletricista e consultor sobre equipamentos
e instalações em atmosferas explosivas.

Foi publicada pela IEC em 01/12/2023, a Edição 6.0 da Norma


internacional IEC 60079-17 – Atmosferas explosivas – Parte 17:
Inspeção e manutenção de instalações elétricas.
As instalações de instrumentação, automação,
telecomunicações e elétricas “Ex” em áreas classificadas possuem
características especificamente projetadas, de forma a torná-las
adequadas para operações nestas áreas, com o risco da presença
de atmosferas explosivas formadas por gases inflamáveis ou
poeiras combustíveis. É essencial, por razões de segurança, que seja
mantida a integridade destas características específicas “Ex” nestas
áreas classificadas, durante o ciclo total de vida destas instalações.

Esta parte da Série ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas)


é destinada a ser utilizada por usuários, proprietários e operadores de
instalações em áreas classificadas e abrange os fatores diretamente
relacionados aos serviços de inspeção e manutenção de instalações
instrumentação, automação, telecomunicações e elétricas “Ex”.
Esta Norma complementa os requisitos para inspeção e testes
de normas para instalações em áreas não classificadas. Esta Norma é
destinada a ser aplicada quando existe o risco devido a presença de
Esta norma pode ser considerada como sendo uma das mais uma atmosfera explosiva de gases inflamáveis ou mistura de poeira
importantes da Série IEC 60079, sob o ponto de vista de segurança com o ar ou com camadas de poeiras combustíveis sob condições
e de conformidade técnica e legal das instalações “Ex”. Isto se deve atmosféricas normais.
ao fato de que nas inspeções iniciais e periódicas “Ex” podem ser Nesta norma são especificados os requisitos para inspeções “Ex”
identificadas e prontamente corrigidas eventuais “desvios” ou “não com grau visual, apurado e detalhado, bem como para inspeções “Ex”
conformidade” nos equipamentos “Ex”, devido a falhas dos serviços iniciais, periódicas e por amostragem.
de montagem, manutenção ou recuperação dos equipamentos “Ex”, Nesta Norma são apresentados os programas de inspeção de
ao longo do ciclo total de vida das instalações “Ex”. instalações e equipamentos “Ex” com tipos de proteção Ex “d”, Ex “e”,

68
Ex “n”, Ex “t”, Ex “p”, Ex “i” e Ex “o”, de acordo com o grau de inspeção a
ser aplicado em cada caso (detalhado, apurado ou visual).
Esta Norma apresenta também, dentre outros requisitos sobre
inspeção de instalações “Ex” “antigas”, competências pessoais
requeridas dos inspetores “Ex”, requisitos de manutenção de
equipamentos “Ex”, influências externas às instalações “Ex”, análise
e aplicação das “condições específicas de instalação” (equipamentos
com certificados com sufixo “X”) e procedimento típico para
inspeções periódicas das instalações “Ex”, sejam novas ou existentes.
Dentre as principais alterações técnicas que foram introduzidas
nesta nova edição da IEC 60079-17 podem ser destacadas as
seguintes:

• Incluídas orientações adicionais sobre fatores que contribuem para


a deterioração dos equipamentos “Ex” Os profissionais participantes da Comissão de Estudo CE
• Incluídos esclarecimentos sobre a utilização das tabelas de inspeção 003.031.001 do Subcomitê SCB 003.031 (Atmosferas explosivas)
“Ex” da ABNT/CB-003 (Eletricidade) acompanharam todo o processo de
• Introdução de requisitos para inspeção de equipamentos com revisão, atualização, comentários, votação e publicação desta nova
tipo de proteção Ex “o” (Proteção de equipamentos por imersão em edição da Norma IEC 60079-17. Com a publicação desta nova edição
líquido) foram iniciados os trabalhos de revisão da respectiva Norma Técnica
Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-17, de forma a manter a
Os sistemas informatizados existentes para gestão de ativos devida atualização e harmonização com a respectiva norma técnica
e inspeções de equipamentos de instrumentação, automação, internacional, com base nos requisitos da DIRETIVA 3 da ABNT:
telecomunicações e elétricas “Ex”, utilizados por diversas empresas Adoção de documentos técnicos internacionais.
usuárias, proprietárias ou operadoras de instalações “Ex”, necessitam Mais informações sobre a Norma técnica internacional IEC
ser devidamente atualizados, de forma a incorporar as alterações que 60079-17 Ed. 6.0 estão disponíveis na IEC Webstore: https://webstore.
foram introduzidas nesta nova edição da Norma IEC 60079-17. iec.ch/publication/90154

Inteligência em Proteção

Empresa brasileira com sede em São Paulo especializada em relés de


proteção para cabines primárias com ou sem Geração de Energia

REMP-GD
REMP-G D REMP 100
Relé para geração distribuíd
distribuídaa renovável, Relé para cabines
cabines primárias com ou
fotovoltaica, eólica, micro PCH, biogás, sem rearme automático.
compensação ou geração de energia.
ANSII: 50/51 - 50N/51N - 50GS/51GS
• ANS ANSI:: 50/51
• ANSI 50/51 - 50N/51N - 50GS/
50AFD - 2x67 - 2x67N - 51V - 2x27 - 2x59 51GS - 50AFD - 27 - 59 - 47 - 74
2x32 - 37 - 2x81U - 2x81O 2x81R - 78 86 - 79V - 27-0;
59N - 25 - LVBM - 47 46 - 74 - 86 - 79V • Software gratuito.
gratuito
08 - 27-0;
• Eventos;
• Oscilografia;
gratuito.
• Software gratuito. www.relprot.com.br
www. relprot.com.br
E-mail: [email protected]
Tel.: (11) 2667-6575
2667-6575

Av. Álvaro Ramos, 1810 - Quarta Parada 69


São Paulo/SP - CEP: 03330-000
Segurança do trabalho

EBT: interpretação da
interface da NR-10 e
NR-12 – Parte 2/3
Aguinaldo Bizzo de Almeida é engenheiro eletricista e atua na área de Segurança
do trabalho. É membro do GTT – NR10 e inspetor de conformidades e ensaios
elétricos ABNT – NBR 5410 e NBR 14039, além de conselheiro do CREA-SP.

C
onforme ressaltado no artigo anterior, é necessário evidenciando as medidas de proteção ao risco de choque elétrico;
interpretação correta quanto à aplicação da EBT – Extra 5 - Ressalta-se que a efetiva aplicação da EBT – extra baixa tensão em
Baixa Tensão referente aos requisitos estabelecidos na indústrias de grande porte, devido características e vultuosidade das
NR-10 e NR-12, onde algumas premissas básicas devem ser instalações elétricas, nem sempre será possível (inclusive em alguns
consideradas: casos inexequíveis...), ou seja, necessariamente outras medidas de
proteção ao risco de choque elétrico deverão ser consideradas;
1 - O uso da EBT–extra-baixa tensão, sem dúvida, é a alternativa 6 - Dessa forma, novos projetos, devemos priorizar o uso da EBT
ideal considerando possível exposição ao choque elétrico, onde – extra-baixa tensão quando aplicável, e, instalações existentes,
o potencial de dano, se atendido corretamente as premissas especialmente as que possuem idade avançada e processos
estabelecidas na NBR 5410 BT, é “mínimo”, propiciando segunda aos complexos, devem ser avaliadas a adoção de medidas específicas
profissionais que operam máquinas equipamentos; para proteção ao risco de choque elétrico;
2 - Entretanto, é plenamente possível operações em BT – baixa 7 - Assim, para atendimento aos requisitos estabelecidos nos
tensão de forma segura, devendo as medidas de controle para subitens 12.4.13 e 12.4.13.1 da NR12, quanto a “ser adotada outra
choque elétrico por contato direto e indireto serem definidas e medida de proteção contra choques elétricos, conforme normas
especificadas no memorial descritivo do projeto das instalações técnicas oficiais vigentes em alternativa ao emprego da EBT -extra
elétricas, considerando as influências externas (A,B e C) da NBR 5410 baixa tensão”, é necessário que seja elaborado por Profissional
BT, vide alínea “e” do item 10.3.9 da NR-10 : “o memorial descritivo do Legalmente Habilitado, um Parecer Técnico atestando as condições
projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança: e) existentes nas instalações elétricas quanto às medidas de controle
precauções aplicáveis em face das influências externas....” existentes para proteção ao risco de choque elétrico por contato
3 - Ressalta-se que os níveis de tensão EBT descritos na NR 12, ou direto e contato indireto;
seja, 25 Vca ou 60 Vcc, referem-se a condições de influências externas, 8 - Seja evidenciado no Inventário de Perigos e Riscos Elétricos do
em “condições específicas”, caracterizadas como “situação 2” na NBR PGR- NR 1, a real classificação do nível de risco da condição laboral
5410, sendo BB3 - Resistência Elétrica do Corpo Humano e BC4 - existente.
Contato das Pessoas com Potencial de Terra, ou seja, condições
especiais foram generalizadas; Ressalto novamente a complexidade desse tema, que gera
4 - 4 – Em 2016, devido a necessidade de correção das condições conflito em praticamente todas as grandes empresas que possuem
restritivas inicialmente descritas, ocorreu alteração na NR 12, instalações elétricas de grande porte, tanto para profissionais da
vide item 12.4.13.1.1. Poderá ser adotada outra medida de área elétrica, como para profissionais do SESMT, bem como para
proteção contra choques elétricos, conforme normas técnicas profissionais que elaboram Laudos Técnicos da NR12 e NR-10,
oficiais vigentes em alternativa as alíneas “b” dos respectivos e, especialmente aqueles que efetuam fiscalização, causando
subitens 12.4.13 e 12.4.13.1 desta NR, ou seja, permite a adoção problemas para as Organizações.
de outra medida de controle de proteção contra choque elétrico Dessa forma, é necessário que todos os “personagens” que
conforme Normas Técnicas vigentes, especialmente a NBR 5410 atuam com processos referentes a NR 10 e NR 12, independente da
– BT. Entretanto, essa possível condição deve obrigatoriamente formação, sejam capacitados adequadamente, para que possam
ser contemplada no memorial descritivo das instalações elétricas desenvolver os trabalhos de forma correta.

70
71
Redes subterrâneas em foco

Usinas Eólicas, Solares e


Grandes Indústrias -
Rede de Média Tensão -
Manter é preciso - Parte I
Daniel Bento é engenheiro eletricista. Membro do Cigré, onde
representa o Brasil em dois grupos de trabalho sobre cabos isolados.
É diretor executivo da Baur do Brasil | www.baurbrasil.com.br

E
m uma das últimas colunas que publiquei neste espaço, adotadas durante a operação, de forma única e global, a todos os
iniciei uma discussão acerca da importância do correto cabos do empreendimento, ou de forma combinada e selecionada
comissionamento nas redes de média tensão em usinas para alguns trechos dos circuitos, seja em acordo com criticidade,
eólicas e solares, antes da energização das plantas, uma prática que histórico, entre outros.
também podemos estender para as grandes indústrias que possuem
muitos cabos isolados de média tensão. Tal ação assegura que os Run-to-failure
circuitos comecem a operar sem irregularidades que, ao longo da A estratégia de manutenção run-to-failure é utilizada em
operação, poderiam evoluir para falhas, comprometendo a vida útil diversos segmentos da área de manutenção, quando o impacto das
desses ativos. falhas é considerado baixo ou possíveis ações de manutenção são
Durante um comissionamento bem executado, todas as ações pouco eficazes. Para cabos isolados, quando aplicada esta filosofia
possíveis para mitigação de risco são adotadas, devido à maior de manutenção, usualmente nenhum tipo de ensaio elétrico é
probabilidade de falhas nessa etapa inicial do ciclo de vida. Assim, feito durante paradas programadas de manutenção. Os cabos são
após o comissionamento, falhas eventuais podem ocorrer, mas, substituídos com base em alguma regulamentação interna como,
se os procedimentos de instalação foram bem executados e o por exemplo, o tempo em operação.
comissionamento realizado corretamente, serão eventos isolados
e, rapidamente, a rede de média tensão atingirá um nível de
probabilidade de falhas constante e mínimo, que deverá perdurar
por anos.
O fato é que, como qualquer produto industrializado, cabos
isolados também estão sujeitos à degradação com o passar do
tempo, e tendem a apresentar sintomas de envelhecimento, com
variação no valor do tangente delta, após cerca de 10 anos em
operação. Então, como assegurar que a vida útil desses importantes
ativos seja prolongada? Através de boas estratégias de manutenção!
Após o período de aproximadamente 10 anos, torna-se
recomendável o aumento da frequência de procedimentos de
manutenção. Mecanismos de envelhecimento começam a se Figura 1 - Gráfico esquemático que correlaciona a condição dos
cabos isolados em função do tempo em serviço. Note que há uma
tornar mais significativos e o acompanhamento preditivo pode
pequena fração de cabos em condições ruins, no início da vida útil.
ser empregado para identificar defeitos e direcionar ações para Após o período inicial de vida há certa dispersão na condição dos
prevenção de falhas. Os próprios ensaios preditivos deverão cabos, sendo que alguns que se apresentam em piores condições
podem produzir falhas eventuais. Após o período de 40 anos, neste
direcionar a frequência ideal de execução dos ensaios, juntamente
exemplo, todos os cabos seriam substituídos, mas note que alguns
com restrições de disponibilidade. cabos ainda em boas condições seriam substituídos, havendo
A seguir, vamos listar algumas abordagens que podem ser perdas e desperdícios associados

72
Como benefícios desta estratégia, podemos citar a Como o número de falhas em operação é reduzido, há
simplicidade e o baixo custo com equipe de manutenção. No menor custo associado a perdas de geração, perdas decorrentes
entanto, há usualmente uma taxa de falhas mais elevada do dos eventos de falhas e redução em riscos para segurança
que pela adoção de outras estratégias, pois cabos com desvios dos colaboradores. Os testes, no entanto, demandam tempo
e defeitos são mantidos em operação. Devido ao procedimento considerável e é difícil a aplicação generalizada, tanto nos parques
empírico adotado para a substituição dos cabos ao fim da vida eólicos e solares, como nas grandes indústrias. Além disso, devido
útil, os ativos não são otimizados, sendo substituídos cabos que ao estresse elétrico recorrente a que os cabos são submetidos,
poderiam se manter em operação, em boas condições, e mantidos é possível haver pequena redução na vida útil dos ativos. A
outros que se apresentam degradados, que já deveriam ter sido aplicação desta metodologia geralmente não modifica os critérios
substituídos. adotados para substituição dos cabos no fim da vida útil, similares
ao run-to-failure, ou seja, ao alcançar determinada idade, os cabos
Testagem periódica são substituídos, não sendo otimizados em relação a este aspecto.
Esta estratégia emprega os testes de tensão aplicada, de forma Na próxima coluna, daremos prosseguimento ao tema
sistemática, para eliminação de cabos ou trechos de cabos que se apresentando outras três abordagens que podem ser adotadas
apresentem em condições ruins. A filosofia é esquematizada na durante a operação para prolongar a vida útil dos cabos. Até mais!
figura abaixo. Os cabos que apresentam condição ruim, ou seja,
acima da linha amarela, são reprovados nos testes de performance
e devem ser corrigidos antes de serem colocados novamente
em operação. Após a correção, há melhora na condição geral
do cabo, de modo que esta estratégia estabelece um critério
mínimo de performance para os ativos. A eliminação dos defeitos
durante as paradas reduz, teoricamente, a quantidade de falhas e
intercorrências em operação.

Figura 2 - Gráfico esquemático que correlaciona a condição dos


cabos isolados em função do tempo em serviço. Ao aplicar os
testes de tensão aplicada é delimitado um critério de performance.
Cabos ruins são reprovados nos testes e corrigidos antes de
serem novamente colocados em operação. No entanto, ainda há
desperdício na etapa de substituição dos cabos ao fim da vida útil

73
Energia com qualidade

A necessária conformidade
da alimentação elétrica aos
equipamentos de Tecnologia
da Informação - TI
Por: Eng José Starosta – Diretor da Ação Engenharia e Instalações Ltda
[email protected]

N
ão é de hoje que tratamos do tema relativo à necessidade O documento também apresenta a necessária monitoração de
de monitorar a qualidade da energia, não só nas fontes baterias, também em função da classificação TIER, especificamente TIER 3
de energia, mas aqueles considerados estratégicos e TIER 4.
na distribuição de energia desde os barramentos de O grau de monitoração não está claramente especificado no
paralelismo de geradores, chaves de transferência em média e baixa documento e a importância ao tema dependerá dos aspectos relacionados
tensão, PDU’s e RPPs. à confiabilidade desejável das instalações. A monitoração pode considerar
Quanto mais próximo da carga de TI for a monitoração, maior o estado de disjuntores (aberto/fechado), presença ou não de tensão em
será o nível de conformidade. O artigo publicado e disponível no link: barramentos, e se equipamentos estariam operando ou não.
(https://www.acaoengenharia.com.br/upload/dt01-cargas-cr%C3% Outros níveis de monitoração podem considerar informações mais
ADticas-e-compliance-de-energia.pdf trata do assunto de forma detalhadas como os valores de tensão, correntes e outras variáveis elétricas
detalhada instantâneas ou valores históricos registrados.
Essas questões, entre outras, certamente, foram tema de Sob o ponto de vista de conformidade na alimentação de cargas TI, a
discussões na elaboração da revisão de 2017 da norma ANSI-TIA 942. questão está relacionada a necessidade de garantia que as condições de
Na tabela 13 da norma (reference guide), especificamente ao suprimento de energia estariam adequadas durante toda a operação dos
tema relativo às instalações elétricas, observam-se as recomendações equipamentos e cargas alimentadas, sob os aspectos de imunidade das
quanto à necessária monitoração. As tabelas abaixo são referenciadas cargas e outras variáveis, como os limites de fornecimento definidos pela
à essa tabela 13 e apresentam as recomendações dos pontos de regulação das distribuidoras de energia.
monitoração das instalações e a forma de notificação em relação à O uso de instrumentos específicos de monitoração da Qualidade
classificação TIER do data center. da Energia Elétrica exerce essa função, como os exemplos nos
gráficos que se seguem.
Pontos de monitoração TIER 1 TIER 2 TIER 3 TIER 4
Distribuidora 
Transformador Principal  
Gerador  
UPS e chaves estáticas relacionadas  
Disjuntores dos circuitos alimentadores  
PDU's  
Chaves Estaticas das Cargas  
DPS  
circuitos terminais das cargas críticas  

Formas de notificação

TIER 1 TIER 2 TIER 3 TIER 4


São apresentados os registros das tensões eficazes durante VTCD
NA em console em console na em console na sala de
(variação de tensão de curta duração) e da forma de onda da tensão, durante
na sala de sala de controle, controle, além de e-mail
distúrbio de aproximadamente 5 ciclos. Havendo algum tipo de irregularidade
controle além de e-mail e e ou mensagens de texto
na operação, os registros podem aferir se a causa da irregularidade da
ou mensagens de enviado a diversas pessoas
operação da carga teria sido a energia elétrica com desvios em relação aos
texto
padrões aceitáveis e desejáveis, tanto pelo lado da fonte, como das cargas.

74
75
Energia, ambiente e sociedade

Minerais estratégicos para


a transição energética –
o caso do neodímio
Danilo de Souza é professor na Universidade Federal de Mato Grosso,
sendo membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento
Energético – NIEPE, e é Coordenador Técnico do CINASE – Circuito
Nacional do Setor Elétrico. Danilo também é Pesquisador no Instituto de
Energia e Ambiente da USP | www.profdanilo.com

N
o cenário atual de discussões acerca da transição Atualmente, a integração da energia eólica nas redes elétricas
energética, os recursos eólicos aparecem com destaque tem se mostrado viável devido a avanços tecnológicos que permitem
dentre as possibilidades viáveis de complementariedade uma operação mais estável e eficiente. Esses avanços tecnológicos
para produção de eletricidade. A apropriação da energia dos sistemas de armazenamento de energia (baterias) e melhorias
dos ventos é caracterizada por sua natureza intermitente o que na previsão meteorológica, tem facilitado a gestão da variabilidade
coloca desafios à sua adoção, diferentemente das tradicionais natural da produção de energia eólica.
fontes disponíveis de resevas naturais (carvão, gás, petróleo). Para A principal tecnologia usada para geração de energia eólica são
complementar os sistemas de geração de energia elétrica existentes, os geradores de ímãs permanentes. O elemento químico neodímio
a energia eólica se apresenta como um vetor importante, sendo é crucial para a fabricação dos ímãs permanentes empregados nos
considerada promissora no processo de transição energética global, geradores eólicos devido à sua habilidade em manter fortes campos
pois utiliza o vento — um recurso natural inesgotável e amplamente magnéticos, aumentando a eficiência na conversão da energia
disponível — para gerar eletricidade sem emitir gases de efeito cinética do vento em eletricidade.
estufa. Ressalta-se que o setor industrial depende fortemente de
eletricidade, abrangendo uma ampla variedade de aplicações, como
motores elétricos (para movimento de fluidos, processamento de
materiais, manuseio, compressores de ar, refrigeração e operações
auxiliares de caldeiras), aquecimento e iluminação. Em 2021, os
sistemas de motores elétricos representavam cerca de 70% da
demanda por eletricidade no setor industrial. Portanto, é crucial
implementar estratégias para melhorar a eficiência energética desses
sistemas. Além de contribuir para uma indústria mais competitiva,
essa abordagem pode reduzir a demanda de eletricidade na rede,
aumentando assim a capacidade disponível e oferecendo uma
alternativa à criação de novas infraestruturas, que são caras e
demandam tempo para implantação.
Os Motores de Indução de Gaiola de Esquilo (MIT), que
representam mais de 95% de todas as aplicações de acionamento
no setor industrial, apresentam perdas significativas inerentes no seu
rotor. Com objetivo de aprimoramento da eficiência dos MIT, foram
criados índices de eficiência energética adotados em diversos países e
no Brasil; estes índices iniciam no numeral 1 e à medida que se alcança
a eficiência esperada cria-se um novo índice. Portanto, alcançar o
nível de eficiência IE5 é um desafio. Reconhecendo essa limitação

76
dos MITs tradicionais, os Motores Síncronos de Ímãs Permanentes do tempo. As etapas de extração e processamento desses minerais
(MSIP) surgiram como alternativas viáveis, oferecendo a possibilidade são intensivas em energia e resultam em altas emissões de gases
de aumentar significativamente a eficiência energética e alcançar de efeito estufa, além de perturbarem os ecossistemas locais com
potencialmente o nível de eficiência IE5, e mais recentemente, problemas como erosão do solo, contaminação da água e destruição
IE6. Os MSIP não apresentam perdas de energia no rotor, o que de habitats naturais.
aumenta significativamente a eficiência energética, devido aos ímãs Além destes impactos ambientais, a falta de rotas de reciclagem ou
permanentes feitos de neodímio, ferro e boro (NdFeB) em seus rotores. possibilidades de reuso para os ímãs permanentes de terras raras pioram
Nesse sentido, outro uso final de energia em que os motores significativamente a sua pegada ecológica. Questões de natureza técnica
elétricos são fundamentais, é na mobilidade elétrica. Os motores também são fatores importantes a serem analisados. A temperatura de
elétricos de carros podem ser de diversos tipos, mas, os motores de Curie pode ser facilmente superada por alguma condição adversa na
ímãs, produzidos principalmente a partir de neodímio, representam utilização do motor, por exemplo. Pulsos de corrente elevada também
uma parcela significativa do mercado de veículos elétricos. podem levar à desmagnetização dos ímãs, como por exemplo, em um
Aproximadamente 90% dos motores de carros elétricos de hoje eventual curto-circuito interno na máquina. Estes casos podem levar à
utilizam ímãs de neodímio devido à maior densidade de potência, inutilização da máquina com elevados custos de reposição.
reduzindo assim o seu volume, o que é essencial para os requisitos Um outro aspecto bastante relevante é a concentração da produção
de espaço e peso dos veículos elétricos. de ímãs de terras raras na China, que detém cerca de 90% da capacidade
Nos três casos citados: I) aerogeradores; II) motores elétricos de produção global. Deste modo, existe uma tensão geopolítica
para mobilidade; e III) indústria (força motriz estacionária), a função sobretudo no ocidente, acerca da dependência chinesa nesse aspecto.
dos ímãs permanentes é a mesma: produzir campo magnético de Já no início da década passada a China impôs sobretaxas à exportação
elevada intensidade, a partir do menor volume de material fonte. E dos ímãs de NeFeB buscando o estímulo à exportação de máquinas
nesse sentido, o gráfico mostra que o Neodímio-Ferro-Boro [NdFeB] prontas, o que é interessante para a economia doméstica chinesa. Essa
apresenta produto energético de 60 Mega-Gauss Oersteds (MGOe), situação ensejou uma resposta dos países ocidentais que procuraram
sendo o seu melhor concorrente o Samário-Cobalto [SmCo], que estimular a pesquisa de máquinas elétricas de alta eficiência que não
com o mesmo volume de material produz praticamente a metade do usem ímãs de terras raras. Pode-se destacar ações da União Européia,
campo produzido pelo NdFeB. do Japão e dos Estados Unidos, na busca por motores elétricos de alta
Destaca-se que as barras na parte superior esquerda da figura eficiência “livre” de metais de terras-raras.
indicam de forma visual o volume de material necessário para No Brasil, foram mapeados grandes depósitos de minerais
produzir a mesma intensidade de campo magnético. de terras-raras em locais como Araxá-MG, Serra Verde-GO,
Outras observações relevantes sobre a disponibilidade, acesso, Catalão-GO e Pitinga-AM. As ocorrências brasileiras de terras-
uso e descarte de ímãs permanentes que utilizam neodímio são raras são predominantemente de monazita, que contém uma alta
fundamentais, tanto para a indústria quanto para a formulação de concentração de terras-raras leves, como neodímio e praseodímio,
estratégias de desenvolvimento regionais e globais. A produção dos enquanto em Pitinga-AM se encontram quantidades maiores de
ímãs permanentes causa impactos ambientais significativos ao longo terras-raras pesadas, como o disprósio. Essas descobertas são
importantes para o desenvolvimento de políticas e estratégias que
possam mitigar os impactos negativos e maximizar os benefícios da
exploração desses recursos.
Dessa forma, a transição energética para fontes e usos
finais mais sustentáveis é um processo complexo, demorado e
desafiador, entrelaçado com questões geopolíticas profundas
que se assemelham às dinâmicas observadas nos mercados de
produtores de petróleo. Essa transição não apenas depende da
disponibilidade de questões tecnológicas, mas do desenvolvimento
de infraestruturas adequadas, e está profundamente influenciada
pelas relações políticas e econômicas globais, especialmente em
relação aos países detentores das terras-raras.

77
Proteção contra raios

DPS classe I de 12,5


kA, 25 kA ou 50 kA,
qual devo escolher?
José Barbosa é engenheiro eletricista, relator do GT-3 da Comissão de
Estudos CE: 03:064.010 - Proteção contra descargas atmosféricas da
ABNT / Cobei responsável pela NBR5419. | www.eletrica.app.br

A
coluna anterior mostrou que um dispositivo de (NP) definidos na análise de risco, conforme Parte 2 desta Norma. Isso
proteção contra surtos (DPS) classe I é obrigatório leva ao entendimento que é impossível definir o valor do parâmetro
quando há um sistema de proteção contra descargas Iimp do DPS sem a realização da análise de risco.
atmosféricas (SPDA) instalado ou a necessidade foi estabelecida No caso da necessidade ou existência de um SPDA, o NP que
na análise de risco, conforme NBR 5419. Além disso, apresentou irá definir a corrente Iimp deve, no mínimo, ser igual ao NP do SPDA.
que um DPS classe I é testado na forma de onda 10/350µs, como Se não houver SPDA, mas a análise de risco definir a necessidade de
definir sua tecnologia (varistor ou centelhador) e o parâmetro Up. DPS classe I nas entradas das linhas elétricas, o NP será definido no
Nesta trataremos da definição do parâmetro corrente impulsiva controle do risco de perda nessa análise.
(I imp).

NP I (kA)
I 200
II 150
III 100
IV

Figura 2 – Trecho da Tabela 3 da Parte 1 da ABNT NBR 5419

Figura 1 – Representação típica em um DPS classe I


Na tabela 3 da Parte 1 da ABNT NBR 5419, conforme figura 2,
O parâmetro Iimp na etiqueta do DPS, conforme exemplificado na há os valores de corrente impulsiva do primeiro impulso positivo
Figura 1, é um dos indicativos de que ele pertence à classe I. Quando que deverão ser utilizados, em função de NP, como a corrente total
a representação do DPS inclui apenas o parâmetro In, trata-se de um injetada na estrutura (S1) que após as divisões a saber, resultarão no
DPS classe II, e não é adequado para ser utilizado na entrada da linha valor de corrente (Iimp) que sobrarão para o DPS classe I.
elétrica quando há um SPDA ou quando a análise de risco determina A divisão da corrente impulsiva total (S1) é estabelecida por
a necessidade de um DPS classe I. Tipicamente, o parâmetro Iimp dois métodos apresentados na Parte 1 da NBR 5419. O mais simples
é acompanhado da indicação 'T1' ou da expressão '10/350', que e conservador, resultando em um valor mais seguro, no caso da
também indicam que o DPS pertence à classe I. linha de energia, consiste na divisão da corrente total (100%) pela
O valor adequado do parâmetro Iimp do DPS classe I deve ser metade. A corrente total injetada na captação do SPDA é conduzida
definido através do cálculo da corrente impulsiva esperada no pelas descidas até o eletrodo de aterramento. Nesse ponto, uma das
condutor da linha elétrica considerada. Essa corrente impulsiva metades (50%), será injetada no solo e a outra irá percorrer o caminho
dependerá da fonte de dano S1 – descarga direta na estrutura – ou pelo do eletrodo de aterramento, passando pelo BEP – barramento
S3 – descarga direta na linha. As descargas S1 e S3 são definidas pela de equipotencialização principal - conduzido pelo DPS e, por fim, a
NBR 5419 em três valores que são associadas ao nível de proteção saída da estrutura pela linha elétrica que chega, conforme figura 3.

78
EMBRASTEC.COM.BR

Proteção para
seus equipamentos

conduzirá 50kA de corrente impulsiva para fora da estrutura. Portanto,


o DPS nesse caso, responsável pela ligação equipotencial indireta no
Fonte S1
condutor fase, deve ter uma corrente Iimp ≥ 50kA especificada em sua
configuração. Por outro lado, se o SPDA for NP IV (S1 = 100kA) e a

Descidas do SPDA
linha for composta por cinco condutores (trifásico: 3 fases + neutro +
QDP PE), a corrente impulsiva por condutor será de 20% da corrente total.
50%
Isso resultará em uma corrente impulsiva por condutor e DPS de Iimp
≥ 12,5kA.
50%
Para o caso de S3 – descarga direta na linha –, a tabela E.1 da Parte
DPS 1 da ABNT NBR 5419 estabelece os valores de corrente impulsiva (Iimp)
por condutor e, por consequência, do DPS, em função do NP, como

100%
PE mostrado na figura 4. Esses valores são aplicáveis quando a descarga
atmosférica atinge o último poste da linha próximo ao consumidor e
a linha é composta por vários condutores (3 fases + PE).
50%
NP I (kA)
Eletrodo de I 10
aterramento 50% II 7,5
III 5
Figura 3 – Divisão de corrente no DPS na entrada da linha de
energia IV

Metade da corrente que passará pelo DPS pode ser distribuída Figura 4 – Trecho da Tabela E.2 da Parte 1 da ABNT NBR 5419

entre os condutores que compõem a linha elétrica de forma Especificar a corrente impulsiva Iimp do DPS classe I é mais
conservadora. Se a linha consistir em dois condutores (monofásico: uma etapa crucial na definição de seus parâmetros. Continue
fase e PEN), cada condutor conduzirá 25% do total injetado na acompanhando esta coluna para avançar na especificação dos
estrutura (S1) para fora dela. Por exemplo, se a análise de risco exigir demais parâmetros necessários para uma adequada configuração de
um SPDA com NP I e uma corrente total de 200kA, cada condutor um DPS classe I.

79
Manutenção 4.0

Fundamentos da Remuneração
Regulatória e Contratos de
Concessão: uma Introdução e sua
Relevância na Gestão de Ativos
Parte 1/2
Caio Huais é engenheiro industrial, especialista em Engenharia Elétrica e Automação com
MBA em engenharia de manutenção e gestão de negócios. Atualmente, ocupa posição de
gerente corporativo de manutenção no Grupo Equatorial, respondendo pelo desempenho da
Alta Tensão de 7 concessionárias do Brasil.

Por Caio Huais e Bruno Oliveira*

O
atual cenário do setor elétrico brasileiro é marcado permitindo operação eficiente desses monopólios naturais,
por uma série de acontecimentos de grande relevância garantindo que os serviços essenciais de energia elétrica sejam
e complexidade. Desde a recente busca do Governo prestados de forma adequada e acessível a todos os consumidores.
Federal por modicidade tarifária, por meio de Medida Provisória, De maneira contínua, o Governo e os órgãos reguladores exercem
aos moldes de 2013 com o então Governo Dilma Rousseff, até os controle sobre as concessionárias para proteger os interesses
desafios enfrentados por grandes concessionárias, como multas e dos consumidores, promover a concorrência justa e assegurar a
investigações parlamentares sob as suas áreas de concessão, o setor qualidade e a confiabilidade dos serviços prestados.
está em constante transformação. Além disso, é preciso considerar Nesta ótica, as concessões são oportunidades de negócio estável e de
o marco histórico alcançado pela Geração Distribuída (GD) com a longo prazo, com a segurança jurídica proporcionada pelos contratos
instalação de mais de 28 Gigawatts (GW) de potência em mais de de concessão e os diversos regramentos previamente
3,5 milhões de unidades consumidoras, refletindo uma significativa estabelecidos pelo agente regulador. Além
evolução no panorama energético nacional. disso, o modelo de concessão estimula
Além das constantes evoluções tecnológicas e do cenário de os investimentos em infraestrutura
agitação política, é indiscutível a importância da manutenção dos elétrica, promovendo o
ativos elétricos para a sustentabilidade e eficiência operacional desenvolvimento econômico
das concessionárias. A gestão eficiente da Base de Remuneração e a modernização do setor.
Regulatória (BRR) depende diretamente da integridade e
disponibilidade desses ativos, que compõem a infraestrutura
essencial para a prestação dos serviços de energia elétrica. A falta
de investimentos em manutenção pode comprometer não apenas a
qualidade e confiabilidade do fornecimento de energia, mas também
a própria base sobre a qual são calculadas as tarifas.
Neste complexo e turbulento cenário, é fundamental o
profissional do setor elétrico, em especial aqueles relacionados às
distribuidoras de energia, entender como as concessionárias se
estruturam sob a ótica dos contratos de concessão e da Base de
Remuneração Regulatória (BRR). Neste sentido, trazemos conceitos
introdutórios do tema.
As concessões são estabelecidas para criar um ambiente regulado
que é benéfico para todos os agentes econômicos (por exemplo,
Governo, órgãos reguladores, consumidores, concessionárias)

80
Historicamente, as concessões no Setor Elétrico brasileiro estabelecem as condições para a prestação desses serviços, incluindo
apresentam não apenas avanços, mas também desafios e obrigações, prazos, metas, tarifas, investimentos necessários e outros
contradições. Embora as primeiras iniciativas tenham contribuído aspectos relevantes para garantir a qualidade, segurança e eficiência
para o desenvolvimento inicial da infraestrutura energética do país, do fornecimento de energia elétrica aos consumidores.
muitas vezes foram marcadas por monopólios naturais com práticas Para os consumidores, as concessões significam acesso confiável
pouco transparentes. Com o tempo, a centralização do controle à energia elétrica, com preços regulados e proteção garantida. Isso
por parte do Governo Federal levantou questões sobre a eficiência contribui para o bem-estar social, facilitando o acesso a serviços
e a capacidade de adaptação do setor às demandas em constante essenciais e impulsionando o crescimento econômico em todo
evolução. Além disso, as reformas dos anos 1990, embora tenham o país. Em resumo, as concessões são essenciais para garantir o
introduzido elementos de competição e modernização, também funcionamento eficiente e sustentável do Setor Elétrico no Brasil.
foram acompanhadas por desafios significativos, como a falta de Os contratos de concessão estabelecem as bases para a formação
investimentos em infraestrutura e a fragmentação do setor. Portanto, dos preços praticados no setor elétrico. Geralmente, esses contratos
uma análise crítica do histórico das concessões no setor elétrico preveem um regime tarifário que pode incluir diferentes mecanismos
brasileiro é essencial para compreender os caminhos percorridos e de determinação de preços, como tarifas reguladas, preços de
os obstáculos enfrentados em busca de um sistema energético mais energia definidos em leilões ou mercado livre, entre outros. As tarifas
justo, eficiente e sustentável. reguladas são frequentemente utilizadas em serviços de distribuição
Assim, são firmados os contratos de concessão do Setor de energia elétrica, em que os preços são estabelecidos pela agência
Elétrico brasileiro, entre União e grupos econômicos privados, mas reguladora com base em critérios como custos operacionais,
também com companhias estatais, PPPs (Parceria Público-Privada), investimentos necessários, qualidade do serviço, e retorno adequado
cooperativas e outros. Os contratos de concessão são acordos sobre o capital investido pela concessionária. Em outros casos, como
estabelecidos para a prestação de um serviço público ou exploração na geração e transmissão de energia elétrica, os preços podem ser
de uma atividade econômica de interesse coletivo. No Setor Elétrico, determinados por meio de contratos de fornecimento de energia
esses contratos, que geralmente têm um prazo determinado durante em leilões realizados pelo governo ou pelo mercado livre, onde os
o qual a concessionária opera sob regulação governamental e é preços são estabelecidos pela oferta e demanda de energia elétrica.
responsável pelo cumprimento de diversas exigências técnicas, Esses mecanismos visam garantir a sanidade econômica do setor e
econômicas, sociais e ambientais estipuladas pelo Poder proporcionar equilíbrio econômico-financeiro entre os interesses
Concedente, regulam a concessão de direitos dos consumidores e das empresas concessionárias.
de exploração e operação de instalações De tal modo, as concessões desempenham um papel
e serviços de geração, transmissão, fundamental no Setor Elétrico brasileiro, proporcionando um
distribuição e comercialização ambiente regulado para a prestação de um serviço essencial.
de energia elétrica, que Ao longo da história, esses contratos evoluíram para atender
às necessidades do mercado, garantindo investimentos em
infraestrutura, modernização e expansão da rede elétrica, sendo
condição sine qua non para seu sucesso, que esses processos sejam
conduzidos de forma transparente, com a participação ativa dos
órgãos reguladores e da sociedade civil, visando sempre o interesse
público e o desenvolvimento sustentável do país. Os ciclos tarifários
e a BRR, por sua vez, são instrumentos importantes para regular
os preços da energia elétrica, garantindo o equilíbrio econômico-
financeiro das concessionárias e a modicidade tarifária para os
consumidores.

*Bruno Oliveira é graduado em Administração, Processos


Gerenciais e Contabilidade, além de possuir MBAs em
Finanças Corporativas e Gestão de Pessoas. Atua como gestor
de BRR há mais de uma década e, atualmente, ocupa o cargo
de Executivo de Base de Remuneração Regulatória no Grupo
Equatorial.

81
Índice de anunciantes
APS 15

BrVal 29

Clamper 35

Cobrecom 41

Condumax 45

Dominik 3ª capa

Embrastec 9

Exponencial 21

Gonzaga 65

Grupo gimi 2ª capa e 11

Intelli 4ª capa

Itaipu 27

KRJ 75

Liquitec 52

Maxbar 31

MCI 63

Minuzzi 23

Moura 5

Pextron 79

Relprot 69

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