Not As Tecnica S
Not As Tecnica S
Not As Tecnica S
Lucas Melo Rodrigues, Marcelo Portes de Albuquerque, André Luiz Menezes Pereira e Gabriel Azzi
Laboratório de Instrumentação Eletrônica (LITELT) do Centro Brasileiro de Pesquisas Fı́sicas (CBPF),
Rua Lauro Müller, 150, CEP: 22290-180, Rio de Janeiro, Brasil
Resumo:
Este documento apresenta um método de confecção de placas de circuito impresso (PCI) usando filme
fotográfico. O diferencial deste método é o uso reduzido de soluções quı́micas para se chegar ao resultado
esperado. Enquanto outros métodos apresentam mais de duas soluções quı́micas, este utiliza apenas duas
soluções para realizar toda a confecção de trilhas e ilhas em uma placa virgem de circuito impresso. Nos
procedimentos são exploradas as propriedades de um filme fotográfico, o dryfilm para se desenhar ilhas e trilhas
e assim alcançar o desenho projetado paro o circuito impresso. O método é uma proposta de baixo custo para
fabricação de protótipos de média complexibilidade.
Abstract:
This document presents a method of making printed circuit boards (PCB) using photographic film. The
differential of this method is the reduced use of chemical solutions to reach the expected result. While other
methods have more than two chemical solutions, it uses only two solutions to perform all the tracing of islands
and islands on a virgin printed circuit board. In the procedures are exploited the properties of a photographic
film, the dryfilm to draw islands and tracks and thus reach the design designed for the printed circuit. The
method is a low cost proposal for the production of medium complexity prototypes.
3.2. Manipulação do filme fotográfico deve-se envolver a placa em uma folha de papel A4, e levar
todo o conjunto para uma laminadora. Na laminadora, deve-
O filme fotográfico sensı́vel à luz UV5 , também chamado se ajusta a temperatura para 180 ◦ C e passar todo conjunto
de dryfilm6 , é usado para selecionar as partes da placa (placa embalada no papel) cerca de 4 ou 5 vezes. Essa etapa
onde será removido o cobre. É um material muito delicado é muito importante pois a finalidade é que o dryfilm venha
de se manipular, sendo assim requer muito cuidado. É aderir na placa, o calor da laminadora de forma uniforme
aconselhável manipular esse material em local com o consegue esse resultado. Depois desse processo, o dryfilm
mı́nimo de luz [5], pois mesmo a luz comum (da lâmpada) deve estar aderido na placa sem possibilidades de cair. A
possui comprimentos de onda que podem alterar o material. partir de agora, não é recomendado que o filme seja exposto
O dryfilm deve ser cortado nas dimensões da placa de a luz, seja ela qual for, pois o mesmo será agredido, e
cobre da seção 3.1, ligeiramente maior do que as dimensões dependendo do tempo de exposição ele será inutilizado,
descritas no projeto. O filme é protegido por duas pelı́culas tendo que reiniciar o processo.
de plástico que envolve o mesmo. Na Fig.7 é possı́vel
visualizar como o dryfilm é estruturado. Para fixação do
dryfilm na placa, primeiramente deve-se retirar o plástico 3.3. Exposição a luz UV
de uma das faces, não deixando que o dryfilm encoste
nele mesmo. Assim que retirado, a parte sem o plástico A próxima etapa é a exposição da placa à luz UV. A
deve ser faceada na placa. É recomendado que se pingue transparência obtida na seção 2.3 deve ser colocada em cima
algumas gotas de água na placa para que o filme tenha uma da placa. Como dito anteriormente, tanto a placa quanto
melhor fixação. O resultado esperado pode ser observado na a transparência têm as mesmas dimensões, assim pode-se
Fig.8. O filme só estará faceado se o procedimento for feito colocar a transparência em cima da placa e fixa-la com
corretamente, pois o mesmo depois de cortado não fica mais uma fita adesiva transparente. Na Fig.9 é possı́vel observar
plano. essa montagem. Depois de algumas experiências dessa
montagem, podemos perceber que é muito importante que
a fita adesiva esteja bem esticada para que a transparência
não corra sobre a placa.
e evitar que o operador do laboratório seja exposto. Através luz UV serão removidas. Para este banho, foi feita uma
de um scanner defeituoso, foi construı́do uma espécie de solução de água com uma substância quı́mica, a barrilha
mesa expositora onde a luz UV é emitida de baixo para cima. leve. A barrilha leve é um sal de carbonato de sódio, branco,
Na Fig.10, é possı́vel ver a comparação entre a forma que higroscópico, que é usado para tratamento de dureza de
comumente esse processo é feito e a configuração usando cálcio e/ou para elevar pH [8]. Neste processo, a barrilha
o dispositivo desenvolvido no LITELT. Nesse dispositivo, a eleva o pH da água e faz com que o dryfilm que não recebeu
placa com a transparência já fixada é colocada de face para luz UV seja desprendido da placa e se dissolva, a parte
baixo e em seguida é fechada a tampa do dispositivo. Dentro do dryfilm que ficou exposta ao UV permanece fixa como
do dispositivo está presente a luz UV com placas refletoras mostra a Fig.12.
para que se tenha maior aproveitamento da luz emitida. O Nos experimentos realizados no laboratório, foi utilizado 9g
tempo de exposição é de 2 a 3 minutos, tendo em vista a de barrilha para cerca de 150ml de água. Para o preparo
distância de proximidade entre a lâmpada e a superfı́cie da de volumes maiores deve ser mantido essa proporção.
placa. Assim como em [9], pode-se concluir que o aumento da
concentração de barrilha ou o aumento da temperatura da
água, faz com que todo o dryfilm venha a se desprender,
se essas variáveis não forem controladas, pode ocasionar na
perda de todo o trabalho feito até essa fase.
Assim que for finalizado a fase de exposição, a placa pode
ser levada para a solução descrita no parágrafo anterior feita
em recipiente limpo. Essa fase requer muita atenção. Nos
experimentos realizados, essa foi a fase do processo onde
mais se encontrou dificuldades. Com a placa já imersa na
solução, passado um minuto de imersão, usando uma luva de
Figure 10: (a) relação usado comumente. (b) exposição à lâmpada borracha fina, deve-se passar o dedo levemente nas partes
UV com o dispositivo desenvolvido no LITELT. mais claras do dryfilm, as partes que não foram expostas
ao UV. Deve-se perceber que aos poucos as partes claras do
filme irão se desprender da placa. O tempo máximo do banho
Em [7] existe um guia de proteção ao usuário no manuseio
deve ser de 4 a 5 minutos, para não comprometer a parte que
e transporte de lâmpadas UV, onde também é encontrado
interessa do filme. Sendo assim, se com mais de 5 minutos o
que lâmpadas UV podem causar emissão de ozônio, e de
dryfilm claro não ficar totalmente solto da placa, o trabalho
fato foi percebida essa emissão quando foi realizado teste
estará comprometido. Essa anomalia geralmente acontece
de exposição de dryfilm com a lâmpada UV , o que nos faz
quando o tempo de exposição é muito grande, e ainda que
concluir que é recomendado que esse processo seja realizado
com a proteção do toner impresso na transparência, alguns
em local arejado e com ventilação.
rádios de UV ultrapassam a proteção e chegam até as partes
Passado o tempo do processo de exposição a luz UV (de 4
onde não deveriam, quando essas partes vão ser removidas
a 5 minutos para exposição convencional e de 2 a 3 minutos
pela solução de água e barrilha encontram muita dificuldade,
com o dispositivo desenvolvido), o resultado esperado é o
a placa fica muito tempo na solução e compromete o filme
mostrado na Fig.11. Pode-se retirar a proteção plástica em
inteiro. Se tudo ocorrer bem, ficará somente o dryfilm
cima do dryfilm, a mesma da Fig.8.a, porém do outro lado.
previsto, como na Fig. 12.
O processo de revelação se dá no banho que a placa será Para o processo de corrosão, foi usada a solução de
submetida e assim as partes que não sofreram incidência de percloreto de ferro nas proporções de 250g de percloreto
CBPF-NT-009/19 31
Com o movimento do motor, um eixo consegue fazer Figure 15: Placa após o processo de remoção do dryfilm
remanescente.
o tanque subir e descer dando movimento ao percloreto e
assim acelerando o processo de corrosão. Dentro desses 15
minutos de corrosão, é necessário que constantemente seja
verificado o quanto da placa já foi corroı́do. O ideal é que
seja removido todo o cobre e fique somente as partes cobertas 4. FURAÇÃO E FINALIZAÇÃO
pelo dryfilm como na Fig.14.
Neste estágio, a placa já está com suas ilhas e trilhas
confeccionadas, o próximo passo é realizar a furação
7
para fixação e soldagem dos componentes. O importante
Normalmente essa solução só pode ser usada uma vez, ao contrário nesse processo é verificar o tamanho dos furos que foram
do percloreto que pode ser reaproveitado algumas vezes , se manuseado desenhados no software CAD utilizado (neste caso no
corretamente. Altium Designer). É interessante também imprimir uma
32 Lucas Melo Rodrigues, Marcelo Portes de Albuquerque et al.
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mesmo: Placas de circuito impresso de dupla face usando
método fotográfico.,” Notas Técnicas, Publicações CBPF, pp.
Notas Técnicas é uma publicação de trabalhos técnicos relevantes, das dife-
rentes áreas da fı́sica e afins, e áreas interdisciplinares tais como: Quı́mica,
Computação, Matemática Aplicada, Biblioteconomia, Eletrônica e Mecânica
entre outras.