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1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA COMPUTAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DO PERÍODO DO PÊNDULO SIMPLES


DEPENDENTE DA AMPLITUDE DE OSCILAÇÃO

EDUARDO FERNANDES DE OLIVEIRA

GOIÂNIA – GO
DEZEMBRO DE 2020
2

ESTUDO DO PERÍODO DO PÊNDULO SIMPLES


DEPENDENTE DA AMPLITUDE DE OSCILAÇÃO

EDUARDO FERNANDES DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Pontifícia


Universidade Católica de Goiás como pré-requisito
necessário para a obtenção da aprovação na disciplina
MAF1319, TCC II, bem como para a conclusão do curso
de Licenciatura Plena em Física. Monografia realizada
sob a orientação do professor Dr. Clóves Gonçalves
Rodrigues.

GOIÂNIA – GO
DEZEMBRO DE 2020
3

Resumo
Os movimentos periódicos e oscilatórios são de grande interesse devido às suas
diversas aplicações tanto no campo da Física quanto da engenharia e de áreas
técnicas. Um estudo aprofundado sobre a física envolvida nestes movimentos
periódicos é de extrema importância para uma descrição do fenômeno em si e para
a determinação das leis que regem o seu movimento. O conhecimento destas leis
traz uma melhor clareza sobre o fenômeno em questão dando suporte para
possíveis aplicações. Aqui neste trabalho tratamos especificamente do movimento
de um pêndulo simples considerando não apenas pequenas oscilações como é de
costume, mas também considerando o efeito de grandes amplitudes de oscilação.
Para isto é necessário obter uma solução mais geral para o problema sem
considerar aproximações rotineiramente utilizadas para pequenas oscilações.
Assim, foram obtidas neste trabalho as equações diferenciais de movimento que
caracterizam e determinam o movimento de um pêndulo simples considerando
desde pequenas até grandes amplitudes de oscilação. Estas equações diferenciais
foram solucionadas por meio de técnicas de solução de equações diferenciais
usando-se métodos de expansão de funções. Foi possível verificar, tanto
experimentalmente quanto teoricamente, que para o movimento do oscilador
harmônico simples, o seu período de oscilação aumenta e a sua frequência angular
diminui com o aumento da amplitude de oscilação. Foi também determinada a
faixa de validade da aproximação para pequenas amplitudes de movimento.
4

Sumário

Capítulo 1 .................................................................................................................................. 5
MOVIMENTOS PERIÓDICOS ............................................................................................. 5
1.1 Introdução ....................................................................................................................... 5
1.2 Período e Frequência ...................................................................................................... 5
1.3 Exemplos de Osciladores ................................................................................................ 6
1.3.1 Pêndulo Simples ......................................................................................................... 6
1.3.2 Oscilador Harmônico Linear Simples ........................................................................ 7
1.4 Oscilações Amortecidas .................................................................................................. 8
1.5 Oscilações Forçadas ........................................................................................................ 8
Capítulo 2 ................................................................................................................................ 10
PÊNDULO SIMPLES ............................................................................................................ 10
Capítulo 3 ................................................................................................................................ 15
A DEPENDÊNCIA DO PERÍODO DO PÊNDULO SIMPLES COM A AMPLITUDE
DE OSCILAÇÃO ................................................................................................................... 15
Bibliografia .............................................................................................................................. 29
5

Capítulo 1

MOVIMENTOS PERIÓDICOS

1.1 Introdução

A introdução de movimentos periódicos é de grande importância para a física sendo


aplicado, por exemplo, para o estudo do movimento ondulatório. As noções de período,
frequência e amplitude que serão introduzidos aqui são de grande utilidade para o estudo de
fenômenos físicos periódicos.

1.2 Período e Frequência

Diz-se que um movimento é periódico quando, para um mesmo referencial, se repete


identicamente em intervalos de tempos sucessivos e iguais. O termo periódico quer dizer que,
depois de um lapso de tempo, o sistema recupera sua configuração original e em seguida o
movimento começa a se repetir. O movimento, portanto, ocorre em ciclos repetitivos, cada um
dos quais, exatamente igual a qualquer outro. Movimentos periódicos ocorrem
frequentemente na natureza e ocupam uma posição de grande importância na Física. Como
exemplos, podemos citar o movimento de rotação da Lua em torno da Terra e o movimento de
translação da Terra em torno do Sol. Movimentos periódicos que podem ser descritos em
termos de uma única coordenada de distância, como o movimento para cima e para baixo de
uma massa suspensa por uma mola vertical, são chamados de movimentos oscilatórios ou
vibratórios. O movimento de uma corda de violino, o movimento de um pêndulo oscilando, o
movimento dos átomos num sólido são todos exemplos de movimento oscilatório. O
movimento periódico pode ser chamado também de movimento harmônico.
Quando um corpo executa um movimento, indo e voltando sobre uma mesma
trajetória, dizemos que ele está vibrando ou oscilando entre dois pontos. Se o corpo vai de
uma posição extrema à outra e retorna à posição inicial, dizemos que ele efetuou uma
vibração completa ou um ciclo.
6

O tempo que um corpo, em movimento periódico, gasta para realizar um ciclo


completo é denominado período (𝑇) do movimento. Por exemplo, o período de rotação da
Lua em torno da Terra é de aproximadamente 28 dias e o de translação da Terra em torno do
Sol de 365 dias.
Nos movimentos oscilatórios o número de vibrações completas (ou número de ciclos) 𝑁
que o corpo efetua por intervalo de tempo Δ𝑡 é denominado frequência (𝑓) do movimento:
𝑁
𝑓 = Δ𝑡 . (1.1)

Devemos notar que para uma única oscilação temos 𝑁 = 1 e Δ𝑡 = 𝑇, logo podemos
escrever que
1
𝑓=𝑇. (1.2)

A unidade de frequência no SI é 1/s (segundo a menos 1). Esta unidade de 1 vibração/s


ou 1 ciclo/s foi denominada de hertz ( 1 hertz = 1/s), em homenagem ao famoso físico alemão
do século XIX Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894). Se o corpo oscila com uma frequência 𝑓,
podemos obter da equação (1.2) que o seu período de vibração (𝑇) será dado por
1
𝑇= , (1.3)
𝑓

Desta relação, podemos concluir que quanto maior for a frequência com que o corpo
oscila menor será o seu período e vice-versa. Usando a equação (1.1) poderíamos ainda
escrever a equação (1.3) como
Δ𝑡
𝑇= . (1.4)
𝑁

1.3 Exemplos de Osciladores

1.3.1 Pêndulo Simples

Um pêndulo simples (veja Figura 1.1) é um fio inextensível e de


massa desprezível fixo em uma de suas extremidades e com um corpo
de massa 𝑚 preso à sua outra extremidade. Quando retirado de sua
posição de equilíbrio e solto o pêndulo começa a oscilar. A amplitude
do movimento será a distância entre a posição de equilíbrio e a posição
extrema ocupada pelo corpo que oscila. É possível demonstrar que o Figura 1.1
7

período de oscilação de um pêndulo simples oscilando com pequena amplitude (𝛼 < 15°) é
dado pela expressão:
𝐿
𝑇 = 2𝜋√𝑔 , (1.5)

onde 𝐿 é comprimento do pêndulo simples e 𝑔 é a aceleração da gravidade local.


A expressão (1.5) nos mostra que: quanto maior for o comprimento 𝐿 do pêndulo, maior
será o seu período; quanto maior for a aceleração da gravidade no local onde o pêndulo oscila,
menor será o seu período; o período não depende da massa 𝑚 do pêndulo.

1.3.2 Oscilador Harmônico Linear Simples

Um bloco de massa 𝑚 conectado a uma


mola está inicialmente em repouso na posição
x 0 , sobre um piso horizontal sem atrito (veja

Figura 1.2). O bloco é então deslocado de sua


posição inicial até o ponto x 1 esticando-se é
Figura 1.2
claro a mola. O bloco é então solto. Este irá,
então, se movimentar entre os pontos x 1 e x 2 , sendo | x1 | | x 2 | . A amplitude A do

movimento será o módulo do deslocamento máximo realizado pelo movimento, ou seja


A | x1 | | x 2 | . Este constitui um exemplo de um oscilador harmônico linear. Neste caso é

possível demonstrar que o período de seu movimento é

𝑚
𝑇 = 2𝜋√ 𝜅 , (1.6)

onde 𝑇 é o período (ou seja, o tempo necessário para que o objeto realize um ciclo completo),
𝑚 é a massa do objeto que está oscilando e 𝜅 é a constante elástica da mola. Observe que
neste caso, ao contrário do pêndulo, o período depende da massa do corpo que oscila – quanto
maior a massa maior será o período do pêndulo.
Nos sistemas que se comportam como osciladores sempre existe uma força que tende
a retornar o objeto oscilante para a sua posição de equilíbrio. Esta força é chamada de força
restauradora. No caso do pêndulo a força restauradora está associada à gravidade e no caso
8

do oscilador harmônico simples a força restauradora está associada às propriedades elásticas


da mola.

1.4 Oscilações Amortecidas

Quando o movimento de um oscilador é reduzido por uma força externa dizemos que
o movimento é amortecido. Na prática todos os movimentos oscilatórios são amortecidos por
algum tipo de força. O movimento de um pêndulo oscilando no ar, por exemplo, vai
lentamente diminuindo porque o ar exerce uma força viscosa sobre o pêndulo. Já o
movimento de um bloco conectado a uma mola será amortecido pelo ar e também pela força
de atrito existente entre o bloco e o piso. Para um oscilador amortecido a energia mecânica
não é constante e decresce com o decorrer do tempo.

1.5 Oscilações Forçadas

As oscilações naturais (ou próprias) de um corpo são aquelas que ocorrem quando o
corpo é deslocado e depois abandonado, oscilando livremente. Agora, quando o corpo está
sujeito a uma força externa oscilatória, a oscilação resultante do corpo é denominada
oscilação forçada e terá a mesma frequência da força externa e não a sua frequência natural
de oscilação. A resposta do corpo a uma força externa oscilatória dependerá da relação entre a
sua frequência natural de oscilação e a frequência aplicada. Teremos agora neste caso duas
frequências:

i) A frequência natural do sistema, 𝑓0 , que é a frequência na qual o sistema iria oscilar


se fosse deslocado e depois deixado livremente a oscilar, e
ii) a frequência, 𝑓, da força externa.

Um exemplo de oscilação forçada é a que ocorre quando uma pessoa empurra outra em
um balanço. Outro exemplo de oscilação forçada é quando uma tropa de soldados marcha de
forma cadenciada por sobre uma ponte. A sucessão de pisadas cadenciadas na ponte fará com
que ela oscile não com sua frequência natural, mas sim com a frequência da força externa que
lhe é aplicada. Uma sucessão de pequenos impulsos, gerados por uma força externa aplicada a
um corpo, pode provocar grandes amplitudes de movimento. Existe um valor característico da
9

frequência externa para o qual a amplitude de oscilação atinge um valor máximo. Esta
condição é chamada de ressonância e o valor da frequência externa para o qual a ressonância
acontece é chamada de frequência de ressonância. Esta condição de ressonância ocorre
quando 𝑓 ≈ 𝑓0 . Uma soprano quando quebra uma taça de cristal está usando o princípio de
ressonância.
No caso da construção de um prédio industrial, por exemplo, deve-se saber que tipo de
máquina irá funcionar em seu interior e quais as frequências naturais da estrutura do prédio
para se evitar que a frequências naturais de oscilação do prédio coincidam com as das
máquinas que irão funcionar naquele local.
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Capítulo 2

PÊNDULO SIMPLES: APROXIMAÇÃO PARA


PEQUENAS OSCILAÇÕES

Um pêndulo simples é por definição um fio inextensível e de massa desprezível fixo em


uma de suas extremidades e com um corpo de massa 𝑚 preso à sua outra extremidade (veja
Figura 1.1). Quando retirado de sua posição de equilíbrio e solto o pêndulo começa a oscilar.
A amplitude do movimento será a distância entre a posição de equilíbrio e a posição extrema
ocupada pelo corpo que oscila. A Fig. 2.1 apresenta um esquema das forças atuantes e as suas
decomposições.

Figura 2.1 Esquema de forças para um pêndulo simples.

Duas forças atuam na partícula de massa 𝑚, o peso 𝑃⃗ e a tensão 𝑇


⃗ . O peso 𝑃⃗ pode ser
escrito como a soma:

𝑃⃗ = 𝑃⃗𝜃 + 𝑃⃗𝑟 = −𝑃𝜃 𝜃̂ + 𝑃𝑟 𝑟̂ (2.1)


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sendo:

𝑃𝜃
𝑠𝑒𝑛𝜃 = → 𝑃𝜃 = 𝑃sen𝜃 = 𝑚𝑔sen𝜃 (2.2)
𝑃

𝑃𝑟
𝑐𝑜𝑠𝜃 = → 𝑃𝑟 = 𝑃cos𝜃 = 𝑚𝑔cos𝜃 (2.3)
𝑃

Usando a 2ª lei de Newton:

⃗ = −𝑃𝜃 𝜃̂ + 𝑃𝑟 𝑟̂ − 𝑇𝑟̂
𝐹 = 𝑃⃗ + 𝑇 (2.4)

𝐹𝑟 𝑟̂ + 𝐹𝜃 𝜃̂ = −𝑃𝜃 𝜃̂ + 𝑃𝑟 𝑟̂ − 𝑇𝑟̂ (2.5)

Logo:

𝐹𝑟 = 𝑃𝑟 − 𝑇 (2.6)
{
𝐹𝜃 = −𝑃𝜃 (2.7)

Podemos também escrever a Eq. (2.4) como:

𝑚𝑎 = −𝑃𝜃 𝜃̂ + 𝑃𝑟 𝑟̂ − 𝑇𝑟̂ (2.8)

Usando a aceleração em coordenadas polares:

𝑎 = (𝑟̈ − 𝑟𝜃̇ 2 )𝑟̂ + (2𝑟̇ 𝜃̇ + 𝑟𝜃̈)𝜃̂ (2.9)

Para pêndulo temos:

𝑟 = 𝐿 → 𝑟̇ = 0 𝑒 𝑟̈ = 0

Logo:

𝑎 = −𝑟𝜃̇ 2 𝑟̂ + 𝑟𝜃̈𝜃̂ (2.10)

Substituindo (2.10) em (2.8):

𝑚(−𝐿𝜃̇ 2 𝑟̂ + 𝐿𝜃̈ 𝜃̂) = −𝑃𝜃 𝜃̂ + 𝑃𝑟 𝑟̂ − 𝑇𝑟̂

Logo:

−𝑚𝐿𝜃̇ 2 = 𝑃𝑟 − 𝑇 (2.11)
{
𝑚𝐿𝜃̈ = −𝑃𝜃 (2.12)

Substituindo a Eq. (2.2) na Eq. (2.12) temos:


12

𝑚𝐿𝜃̈ = −𝑚𝑔sen𝜃

𝑔
𝜃̈ = − sen𝜃
𝐿
𝑔
𝜃̈ + 𝐿 sen𝜃 = 0 (2.13)

Para pequenos ângulos podemos fazer sen𝜃 ≈ 𝜃, logo:

𝑑2 𝜃 𝑔
+ 𝜃=0 (2.14)
𝑑𝑡 2 𝐿

Definindo:
𝑔
𝜔0 2 ≡ (2.15)
𝐿

Temos:

𝑑2 𝜃
+ 𝜔0 2 𝜃 = 0 (2.16)
𝑑𝑡 2

Esta é uma equação diferencial de 2ª ordem, homogênea e de coeficientes constantes.


Generalizando:

𝑑2 𝑌(𝑡) 𝑑𝑌(𝑡)
𝑎 +𝑏 + 𝑐𝑌(𝑡) = 0 (2.17)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

Temos como solução:

𝑌(𝑡) = 𝑐1 𝑒 𝑟1𝑡 + 𝑐2 𝑒 𝑟2 𝑡 , 𝑠𝑒 𝑟1 ≠ 𝑟2 (2.18)

𝑌(𝑡) = 𝑐1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑐2 𝑒 𝑟𝑡 , 𝑠𝑒 𝑟1 = 𝑟2 (2.19)

onde 𝑟 é a solução de:

𝑎𝑟 2 + 𝑏𝑟 + 𝑐 = 0 (2.20)

Comparando a Eq. (2.20) com a Eq. (2.17) temos:

𝑎 = 1; 𝑏 = 0 𝑒 𝑐 = 𝜔0 2 ,

logo:

𝑟 2 + 0 + 𝜔0 2 = 0 → 𝑟 2 = −𝜔0 2 → 𝑟 = √−𝜔0 2
13

Pela equação (2.15) notamos que 𝜔0 2 > 0, pois g e L são quantidades positivas. Assim:

𝑟 = +𝑖𝜔0
𝑟 = ±𝑖𝜔 { 1
𝑟2 = −𝑖𝜔0

Substituindo estes valores de 𝑟1 e 𝑟2 na Eq. (2.18) temos:

𝜃(𝑡) = 𝑐1 𝑒 𝑖𝜔0 𝑡 + 𝑐2 𝑒 −𝑖𝜔0 𝑡

Usando a fórmula de Euler a equação anterior fica:

𝜃(𝑡) = 𝑐1 [cos(𝜔0 𝑡) + 𝑖sen(𝜔0 𝑡)] + 𝑐2 [cos(𝜔0 𝑡) − 𝑖sen(𝜔0 𝑡)]

𝜃(𝑡) = (𝑐1 + 𝑐2 ) cos(𝜔0 𝑡) − (𝑐2 − 𝑐1 )𝑖sen(𝜔0 𝑡) (2.21)

Definindo:

𝑐1 + 𝑐2 = 𝐴cos𝛼 (2.22a)
{
(𝑐1 − 𝑐2 )𝑖 = 𝐴sen𝛼 (2.22b)

onde α é uma constante a Eq. (2.21) fica:

𝜃(𝑡) = 𝐴[cos𝛼. cos(𝜔0 𝑡) − sen𝛼. sen(𝜔0 𝑡)] (2.22)

Usando a relação trigonométrica:

cos(𝑎 + 𝑏) = cos(𝑎). cos(𝑏) − sen(𝑎). sen(𝑏)

Identificando 𝑎 = 𝛼 𝑒 𝑏 = 𝜔𝑡, a Eq. (2.22) fica:

𝜃(𝑡) = 𝐴cos(𝜔0 𝑡 + 𝛼) (2.23)

Onde A é a amplitude do movimento, 𝜔0 é a frequência angular e α é a fase inicial. A


Eq. (2.23) é a solução para 𝜃(𝑡) para o problema do pêndulo físico considerando-se pequenas
oscilações.
Observamos que tomando uma definição diferente nas Eqs. (22a) e (22b), por exemplo,
𝑐1 + 𝑐2 = 𝐴sen𝛼 e (𝑐2 − 𝑐1 )𝑖 = 𝐴cos𝛼, teríamos obtido como solução:

𝜃(𝑡) = 𝐴sen(𝜔0 𝑡 + 𝛼) (2.24)

Voltamos à Eq. (2.23) tomando 𝛼 = 0 e A = 𝜃0 , temos simplesmente:

𝜃(𝑡) = 𝜃0 cos(𝜔𝑡) (2.25)


14

Onde 𝜃0 é o ângulo 𝜃(𝑡) pata 𝑡 = 0. Pela Eq. (2.15) a frequência angular ω será:

𝑔
𝜔0 = √ 𝐿 (2.26)

2𝜋
E lembrando que 𝜔0 = , o período 𝑇0 será:
𝑇

𝐿
𝑇0 = 2𝜋√𝑔 (2.27)

Note-se pelas Eqs. (2.26) e (2.27) que para pequenas oscilações a frequência angular 𝜔0
e o período 𝑇0 independem da amplitude de oscilação do movimento.
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Capítulo 3
A DEPENDÊNCIA DO PERÍODO DO PÊNDULO
SIMPLES COM A AMPLITUDE DE OSCILAÇÃO

O problema do movimento do pêndulo simples para grandes amplitudes pode ser


tratado em termos da energia mecânica total 𝐸 do sistema, ou seja:

𝐸 = 𝐾 + 𝑉, (3.1)

onde 𝐾 é a energia cinética e 𝑉 é a energia potencial do sistema. Note pela Fig. 3.1 que:

𝑉 = 𝑚𝑔∆𝑦

𝑉 = 𝑚𝑔(𝑦2 − 𝑦1 )

𝑉 = 𝑚𝑔(−𝐿cos𝜃 − 0)

𝑉(𝜃) = −𝑚𝐿cos𝜃 (3.2)

Figura 3.1

A energia cinética 𝑲 é dada por:


𝑚
𝐾= 𝑣2
2

e usando que a velocidade 𝑣 pode ser descrita em termos da variável 𝜃 como 𝑣 = 𝐿𝜃̇, a
expressão anterior para a energia cinética 𝐾 do sistema pode então ser expressa como:
𝑚
𝐾= (𝐿𝜃̇)2
2

𝑚 2 2
𝐾= 𝐿 𝜃̇ (3.3)
2

Substituindo as Eqs. (3.2) e (3.3) na Eq. (3.1) tem-se:


𝑚 2 2
𝐸= 𝐿 𝜃̇ − 𝑚𝑔𝐿cos𝜃 (3.4)
2

Tomaremos a simplificação que não há forças dissipativas no sistema e, portanto, a


energia 𝐸 será constante. A Fig. 3.2 mostra um gráfico da energia potencial 𝑉(𝜃).
16

Figura 3.2 Energia potencial do oscilador em função do ângulo 𝜽.

Verifica-se que para – 𝑚𝑔𝐿< E < 𝑚𝑔𝐿 o movimento é oscilatório. Se a massa m


estivesse presa em uma haste rígida (de massa desprezível) de comprimento L em vez de um
fio, o pêndulo poderia girar em um círculo se E > 𝑚𝑔𝐿. Mesmo assim esse movimento ainda
seria periódico, pois o pêndulo realizaria uma revolução completa a cada vez que θ aumenta
de 2π. Aqui trabalharemos somente o caso do pêndulo simples composto de um fio de
comprimento L e uma massa m solta de um ângulo inicial 𝜃0 menor que π/2.
Tentemos agora solucionar a Eq. (3.4), a qual pode ser escrita como:
𝑚 2 2
𝐿 𝜃̇ = 𝐸 + 𝑚𝑔𝐿cos𝜃
2

2𝐸 2𝑚𝑔𝐿
𝜃̇ 2 = 𝑚𝐿2 + 𝑚𝐿2 cos𝜃

2𝑔 𝐸
𝜃̇ 2 = 𝐿 (𝑚𝑔𝐿 + cos𝜃)

2𝑔 𝐸
𝜃̇ = √ 𝐿 . √𝑚𝑔𝐿 + cos𝜃

𝑑𝜃 2𝑔 𝐸
= √ 𝐿 √𝑚𝑔𝐿 + cos𝜃
𝑑𝑡

𝑑𝜃 2𝑔
𝐸
= √ 𝐿 𝑑𝑡
√𝑚𝑔𝐿+cos𝜃

𝜃 𝑑𝜃 𝑡 2𝑔
∫𝜃 𝐸
= ∫0 √ 𝐿 𝑑𝑡
0
√𝑚𝑔𝐿+cos𝜃

𝜃 𝑑𝜃 2𝑔
∫𝜃 𝐸
=√𝐿 𝑡 (3.5)
0
√𝑚𝑔𝐿+cos𝜃
17

O período do movimento pode ser obtido pela resolução da integral entre limites
apropriados. Quando o movimento é oscilatório, ou seja, E < 𝑚𝑔𝐿 o valor máximo de 𝜃, que
chamamos de α, é dado de acordo com a Eq. (3.4) por:

−𝑚𝑔𝐿cos𝛼 = 𝐸 (3.6)

Assim a Eq. (3.5) fica:

𝜃 𝑑𝜃 2𝑔
∫𝜃 =√𝐿 𝑡 (3.7)
0 √cos𝜃−cos𝛼

O ângulo 𝜃 oscila entre os limites – 𝛼 < 𝜃 < 𝛼. Tomemos a relação trigonométrica:

cos(𝐴 + 𝐵) = cos(𝐴) cos(𝐵) − sen(𝐴)sen(𝐵)


𝛾
Com 𝐴 = 𝐵 = 2 fica:

𝛾 𝛾 𝛾 𝛾 𝛾 𝛾
cos (2 + 2) = cos (2) cos (2) − sen (2) sen (2)

𝛾 𝛾
cos(𝛾) = cos2 (2) − sen2 (2)

𝛾 𝛾
cos(𝛾) = 1 − sen2 (2) − sen2 (2)

𝛾
cos(𝛾) = 1 − 2sen2 (2)

Assim:

𝜃
cos(𝜃) = 1 − 2sen2 ( 2)

𝛼
cos(𝛼) = 1 − 2sen2 ( 2 )

Logo:

𝜃 𝛼
cos𝜃 − cos𝛼 = 1 − 2sen2 ( 2) − 1 + 2sen2 ( 2 )

𝛼 𝜃
cos𝜃 − cos𝛼 = 2 [sen2 (2) − sen2 (2)] (3.8)

Substituindo a Eq. (3.8) na Eq. (3.7) tem-se:


18

𝜃 𝑑𝜃 2𝑔
∫𝜃 =√𝐿 𝑡
0 𝛼 𝜃
√2√sen2 ( 2 )−sen2 ( 2 )

𝜃 𝑑𝜃 𝑔
∫𝜃 = 2√𝐿 𝑡
0 𝛼 𝜃
√sen2 ( )−sen2 ( )
2 2

𝜃 𝑑𝜃 𝑔
∫𝜃 = 2√ 𝐿 𝑡
0 2
𝛼 sen(𝜃⁄2)
√sen2 ( )[1−( ) ]
2 sen(𝛼⁄2)

𝜃 𝑑𝜃 𝑔
∫𝜃 = 2√ 𝐿 𝑡 (3.9)
0 2
𝛼 sen(𝜃⁄2)
sen( )√[1−( 𝛼 ) ]
2 sen( ⁄2)

Lembrando que o ângulo θ oscila entre os limites ±α, e introduzindo uma nova variável
φ que varia de 0 a 2π num ciclo completo de oscilação de θ da seguinte forma:

sen(𝜃⁄ )
sen𝜑 = sen(𝛼 2) (3.10)
⁄2

Fazendo:

𝛼
𝑎 = sen ( 2 ) (3.11)

e então:

sen(𝜃⁄2)
sen𝜑 = (3.12)
𝑎

Note que:

𝜃
𝑑 cos( )
sen𝜑 = 2
𝑑𝜃 2𝑎

𝑑𝜑 1 𝜃
cos𝜑 𝑑𝜃 = 2𝑎 cos ( 2)

2𝑎cos𝜑
𝜃 𝑑𝜑 = 𝑑𝜃 (3.13)
cos( )
2

Pela Eq. (3.12) tem-se:


19

𝜃
sen2 ( )
2 2
sen 𝜑 = 𝑎2

𝜃
𝑎2 sen2 𝜑 = 1 − cos2 ( 2)

𝜃
cos 2 ( 2) = 1 − 𝑎2 sen2 𝜑

𝜃
cos ( 2) = √1 − 𝑎2 sen2 𝜑 (3.14)

Assim a Eq. (3.13) fica:

2𝑎cos𝜑
𝑑𝜑 = 𝑑𝜃 (3.15)
√1−𝑎2 sen2 𝜑

Usando as Eqs. (3.10), (3.11), (3.12) e (3.15) a Eq. (3.9) fica:

𝜑 1 2𝑎cos𝜑 𝑔
∫0 𝑑𝜑 = 2√ 𝐿 𝑡
𝑎√1−sen2 𝜑 √1−𝑎2 sen2 𝜑

𝜑 1 cos𝜑 𝑔
∫0 𝑑𝜑 = √ 𝐿 𝑡
√cos2 𝜑 √1−𝑎2 sen2 𝜑

𝜑 𝑑𝜑 𝑔
∫0 = √𝐿 𝑡 (3.16)
√1−𝑎2 sen2 𝜑

Esta integral tem a forma padrão das integrais elípticas. Tem-se que:

𝑑𝑥
∫ = 𝐹(𝑥, 𝑎)

onde ∆= √1 − 𝑎2 sen2 𝑥 e 𝐹(𝑥, 𝑎) é chamada de integral elíptica de primeira espécie.


A integral da Eq. (3.16) pode ser resolvida expandido o denominador em uma série de
potências e depois integrando termo a termo. Tem-se que:

−1⁄ 𝑥
(1 − 𝑥) 2 =1+2−⋯ (−1 < 𝑥 ≤ 1)

Então:

*referencia:
I.S. Gradshteyn and I.M. Ryzhik, Table of integrals, series, and Products, seventh edition, Academic
Press, London, UK, p. 190, 2007.
20

−1⁄ 𝑎2 sen2 𝜑
(1 − 𝑎2 sen2 𝜑) 2 =1+ +⋯
2

e a integral em (3.16) fica:

𝜑 𝑎2 sen2 𝜑 𝑔
∫0 (1 + 2
+ ⋯ ) 𝑑𝜑 = √𝐿 𝑡

𝑎2 𝑔
𝜑+ (2𝜑 − sen2𝜑) + ⋯ = √ 𝑡 (3.17)
8 𝐿

O período do movimento é obtido fazendo-se 𝜑 = 2𝜋:

𝑎2 𝑔
2𝜋 + [4𝜋 − sen(4𝜋)] + ⋯ = √ 𝑇
8 𝐿

𝑎2 𝑔
2𝜋 + 2𝜋 + ⋯ = √𝐿 𝑇
4

𝐿 𝑎2
𝑇 = 2𝜋√𝑔 (1 + +⋯) (3.18)
4

𝐿
Na Eq. (3.18) podemos identificar, como demonstrado no Cap. 2, que o termo 2𝜋√𝑔 é

justamente o período 𝑇0 do pêndulo simples para pequenas oscilações (reveja a Eq. (2.27)), ou
seja:
𝐿
𝑇0 = 2𝜋√𝑔 (3.19)

e com esta definição a Eq. (3.18) fica:

𝑎2
𝑇 = 𝑇0 (1 + +⋯) (3.20)
4

𝛼
Lembrando que pela Eq. (3.11), 𝑎 = sen ( 2 ), onde α é o limite de oscilação de θ.

Assim, pela Eq. (3.20) evidenciamos que quando a amplitude de oscilação se torna grande o
período se torna ligeiramente maior do que para pequenas oscilações.
A frequência angular 𝜔 do movimento pode ser obtida pela Eq. (3.18) da seguinte
forma:
−1
2𝜋 𝑔 𝑎2
𝜔= = √𝐿 (1 + +⋯)
𝑇 4
21

Usando a expansão:

(1 + 𝑥)−1 = 1 − 𝑥 + 𝑥 2 − ⋯ (−1 < 𝑥 < 1)

a frequência angular ω assume a forma:

𝑔 𝑎2
𝜔 ≅ √ 𝐿 (1 − ) (3.21)
4

𝑔
Na Eq. (3.21) podemos identificar, como demonstrado no Cap. 2, que o termo √ é a
𝐿

frequência angular 𝜔0 do pêndulo simples para pequenas oscilações (reveja a Eq. (2.26)), ou
seja:
𝑔
𝜔0 = √ 𝐿 (3.22)

Assim, com esta definição, a Eq. (3.21) fica:


𝑎2
𝜔 ≅ 𝜔0 (1 − ),
4

evidenciando que para grandes amplitudes a frequência angular é ligeiramente menor.


Não é nosso objetivo nesse trabalho, mas a título de conhecimento a Eq. (3.17) pode ser
resolvida aproximadamente para se obter 𝜑, usando-se o método das aproximações
sucessivas, e o resultado ser substituído na Eq. (3.12) para se obter 𝜃 por aproximações
sucessivas. O resultado até segunda ordem na aproximação é:

𝛼3 𝛼3
𝜃 ≅ (𝛼 + 192) sen(𝜔𝑡) + 192 sen(3𝜔𝑡) (3.23)

onde:
𝛼2
𝜔 ≅ 𝜔0 (1 − 16 + ⋯ ) (3.24)

𝑔
onde 𝜔0 = √𝐿 é a frequência angular para pequenas oscilações, ou seja, quando é válida a

aproximação: sen𝜃 ≈ 𝜃. Assim, nota-se pela Eq. (3.24) que para grandes amplitudes a
frequência angular é ligeiramente menor e que pela Eq. (3.23) nota-se que o movimento em 𝜃
possui um termo de terceiro harmônico.
O período de oscilação 𝑇 do pêndulo simples pode também ser obtido sem realizar uma
expansão em série de potências do denominador da Eq. (3.16). Na Eq. (3.16) podemos fazer:
22

𝑔 2𝜋 2𝜋 𝑑𝜑
√ 𝐿 𝑇 = 2𝜋 ∫0 √1−𝑎2 𝑠𝑒𝑛2 𝜑

𝑔 1 2𝜋 𝑑𝜑
𝑇 = 2𝜋√ 𝐿 2𝜋 ∫0
√1−𝑎2 𝑠𝑒𝑛2 𝜑

𝑇 2𝜋 𝑑𝜑
𝑇 = 2𝜋0 ∫0 . (3.25)
√1−𝑎2 𝑠𝑒𝑛2 𝜑

A integral da Eq. (3.25) pode ser resolvida de forma numérica. Para isto, pode-se
construir um programa computacional utilizando alguma linguagem como o Fortran, ou
utilizar algum software matemático como, por exemplo, o Maple ou o Mathematica§.
A Tabela 3.1 mostra os resultados obtidos para a razão do período 𝑇 e o período 𝑇0
usando-se as equações (3.20) e (3.25). Os valores numéricos foram obtidos usando o software
Mathematica WOLFRAM 7.0.

Tabela 3.1 Dados obtidos para o período de oscilação a partir das Eqs. (3.20) e (3.25).
Amplitude de oscilação 𝑇/𝑇0 (Eq. 3.20) 𝑇/𝑇0 (Eq. 3.25)
(ângulo 𝜃0 )
1° 1.000019 1.000019
5° 1.000475 1.000476
10° 1.001899 1.001907
15° 1.004259 1.004300
20° 1.007538 1.007669
25° 1.011711 1.012030
30° 1.016746 1.017408
35° 1.022605 1.023833
40° 1.029244 1.031340
45° 1.036611 1.039973
50° 1.044651 1.049782
55° 1.053302 1.060829
60° 1.062500 1.073182
65° 1.072172 1.086922
70° 1.082247 1.102144
75° 1.092647 1.118959
80° 1.103293 1.137492
85° 1.114105 1.157894
90° 1.125000 1.180340

§
https://www.wolfram.com/mathematica/
23

Figura 3.1 mostra graficamente os resultados apresentados na Tabela 3.1 para o


período 𝑇/𝑇0 utilizando a Eq. (3.25), representada pelos símbolos quadrados, e utilizando a
Eq. (3.20) representada pela curva cheia. Verifica-se, confirmando os resultados obtidos pelas
equações, que o período 𝑇 é maior que o período 𝑇0 . Nota-se ainda que à medida que a
amplitude de oscilação (o ângulo 𝜃0 ) aumenta, aumenta também a discrepância entre o
período 𝑇 e o período 𝑇0 , chegando a aproximadamente 18% de diferença para um ângulo de
oscilação de 90º usando-se a Eq. (3.25) e uma diferença de aproximadamente 12% usando-se
a Eq. (3.20). Verifica-se ainda, como era de se esperar, que o valor do período encontrado
com a Eq. (3.25) é maior que o período obtido pela Eq. (3.20), com a discrepância entre os
dois resultados aumentando à medida que se aumenta a amplitude de oscilação.

Figura 3.1 Gráfico mostrando o período 𝑇/𝑇0 utilizando a Eq. (3.25), representada pelos símbolos quadrados, e
utilizando Eq. (3.20) representada pela curva cheia.
24

Capítulo 4

MEDIDAS EXPERIMENTAIS

Tratamos neste Capítulo com medidas experimentais. Foi utilizado um pêndulo


montado com canos de PVC, como ilustrado pela Fig. 4.1, com um transferidor acoplado para
medir o ângulo em que o pêndulo é solto. O comprimento do pêndulo utilizado foi de 50 cm,
e para a marcação do tempo foi utilizado o cronômetro de um celular. Para cada ângulo fixo
foi marcado o tempo ∆𝑡 gasto pelo pêndulo para executar dez oscilações completas (𝑁 =
10). O período 𝑇 será então: 𝑇 = ∆𝑡/𝑁. A Tabela 4.1 mostra os resultados experimentais
obtidos. A primeira coluna da Tabela 4.1 refere-se ao ângulo inicial em que o pêndulo foi
solto, a segunda coluna o tempo gasto para o pêndulo executar 10 oscilações completas e a
terceira coluna o período referente a estas 10 oscilações. As medidas de tempo estão em
segundos e as medidas de ângulo em graus. A partir de 5º o ângulo foi variado de 5º em 5º até
o limite de 90º. Verifica-se pela Tabela 4.1 que na medida em que se aumenta o ângulo de
oscilação 𝜃0 aumenta-se também o período 𝑇 medido.

Figura 4.1 Aparato construído para medir o período de um pêndulo simples.


25

Podemos apontar como erros nas medidas experimentais: a) erro na medida do


comprimento do fio (± 0,1 cm); b) erro na medida do ângulo de oscilação (± 1º); c) erro na
medida do tempo para 10 oscilações (± 0,1 s); d) erro em disparar o cronômetro no instante
exato em que o pêndulo é solto e de travar o cronômetro quando o pêndulo chega a amplitude
máxima em 10 oscilações (± 0,5 s); e) deslocamentos de ar (vento) ocorridos durante as
medidas; f) resistência do ar.

Tabela 4.1 Medidas experimentais para o pêndulo simples.


𝜃0 (em graus) ∆𝑡 (s) 𝑇 = ∆𝑡/𝑁 (s)

1° 14,267 1,4267
5° 14,271 1,4271
10° 14,275 1,4275
15° 14,304 1,4304
20° 14,303 1,4303
25° 14,341 1,4341
30° 14,566 1,4566
35° 14,612 1,4612
40° 14,650 1,4650
45° 14,771 1,4771
50° 14,835 1,4835
55° 15,052 1,5052
60° 15,122 1,5122
65° 15,244 1,5244
70° 15,261 1,5261
75° 15,300 1,5300
80° 15,515 1,5515
85° 15,584 1,5584
90° 15,621 1,5621

Ressaltamos aqui que a intenção inicial nesta pesquisa era de realizar as medidas
experimentais do período do pêndulo simples no Laboratório de Física da PUC Goiás
utilizando sensores de alta resolução para obter os resultados experimentais desta pesquisa.
No entanto, devido à pandemia gerada pelo Covid 19, chegamos ao bom senso que as
26

medidas seriam realizadas em ambiente domiciliar com um pêndulo construído pelo próprio
acadêmico.
A Tabela 4.2 mostra uma comparação dos resultados experimentais obtidos para o
período 𝑇 do pêndulo com as expressões teóricas obtidas no capítulo anterior. A primeira
coluna da Tabela 4.2 refere-se ao ângulo inicial em que o pêndulo foi solto, a segunda coluna
o período experimental obtido, a terceira coluna foi obtida teoricamente utilizando a expansão
dada pela Eq. (3.20) e a quarta coluna são valores teóricos obtidos utilizando a expressão dada
pela Eq. (3.25), a qual é mais exata que a Eq. (3.20). Nas expressões (3.20) e (3.25) foi
utilizado para a gravidade o valor 𝑔 = 9,78 m/s2 e para o comprimento do pêndulo 𝐿 = 0,5 m,
com os valores dos ângulos mostrados na primeira coluna da Tabela 4.2. O valor teórico do
período 𝑇0 , o qual foi determinado com a aproximação de sen𝜃 ≈ 𝜃, pode ser obtido pela Eq.
(2.27). Utilizando estes valores de 𝑔 e 𝐿, foi encontrado que 𝑇0 = 1,42068 s. Nota-se da
Tabela 4.2 que de forma geral:

𝑇(Eq. 3.25) > 𝑇(Eq. 3.20) > 𝑇(Eq. 3.25) > 𝑇(experimental).

Tabela 4.2 Comparação dos resultados obtidos de forma experimental com os teóricos.
𝜃0 (em graus) 𝑇 (s) 𝑇 (s) 𝑇 (s)
(experimental) (expansão, Eq. 3.20) (integral, Eq. 3.25)
1° 1,4267 1,4207 1,4207
5° 1,4271 1,4214 1,4214
10° 1,4275 1,4234 1,4234
15° 1,4304 1,4267 1,4268
20° 1,4303 1,4314 1,4316
25° 1,4341 1,4373 1,4378
30° 1,4566 1,4445 1,4454
35° 1,4612 1,4528 1,4545
40° 1,4650 1,4622 1,4652
45° 1,4771 1,4727 1,4775
50° 1,4835 1,4841 1,4914
55° 1,5052 1,4964 1,5071
60° 1,5122 1,5095 1,5246
65° 1,5244 1,5232 1,5442
70° 1,5261 1,5375 1,5658
75° 1,5300 1,5523 1,5897
80° 1,5515 1,5674 1,6160
85° 1,5584 1,5828 1,6450
90° 1,5621 1,5983 1,6769
27

Para uma melhor visualização dos valores apresentados na Tabela 4.2, estes são
apresentados graficamente na Fig. 4.2. As curvas em azul e vermelho foram obtidas
teoricamente utilizando as equações (3.25) e (3.26), respectivamente, enquanto que os
círculos representam os resultados experimentais. Nota-se que para ângulos menores que 55º
existe uma boa concordância entre os resultados experimentais e teóricos.

2
Figura 4.2 Comparação entre resultados experimentais e teóricos, sendo utilizado 𝑔 = 9,78 m/s e 𝐿 = 0,5 m.
28

Capítulo 5

CONCLUSÃO

Sabe-se que movimentos periódicos e oscilatórios são de grande interesse devido às


suas diversas aplicações tanto no campo da Física quanto nas engenharias aplicadas. Um
estudo aprofundado sobre a física envolvida nestes movimentos periódicos é de extrema
importância para uma descrição do fenômeno em si e para a determinação das leis que regem
o seu movimento. O conhecimento destas leis traz uma melhor clareza sobre o fenômeno em
questão dando suporte para possíveis aplicações.
Aqui neste trabalho foi feito um estudo específico sobre o movimento de um pêndulo
simples considerando não apenas pequenas oscilações como é de costume nas disciplinas
introdutórias sobre o assunto, mas também considerando o efeito de grandes amplitudes de
oscilação. Para isto foi obtida uma solução mais geral para o problema sem considerar as
aproximações rotineiramente utilizadas para pequenas oscilações. Assim, foram obtidas neste
trabalho as equações diferenciais de movimento que caracterizam e determinam o movimento
de um pêndulo simples considerando desde pequenas até grandes amplitudes de oscilação.
Estas equações diferenciais foram solucionadas por meio de técnicas de solução de equações
diferenciais usando-se métodos de expansão de funções. Foi possível verificar, tanto
experimentalmente quanto teoricamente, que para o movimento oscilatório do pêndulo
simples, o seu período de oscilação aumenta e a sua frequência angular diminui com o
aumento da amplitude de oscilação. Foi também determinada a faixa de validade da
aproximação para pequenas amplitudes de movimento. Verificou-se que os resultados teóricos
e experimentais apresentam uma boa concordância para ângulos menores que 55º.
Em prosseguimento à esta pesquisa serão realizadas medidas experimentais do período
do pêndulo simples no Laboratório de Física da PUC Goiás utilizando sensores de alta
resolução para que sejam obtidos melhores resultados.
29

Bibliografia
LUIZ, Adir Moysés. Física 1 Mecânica. 1 ed. São Paulo: Livraria da Física 2006.

NETO, João Barcelos. Mecânica Newtoniana, Lagrangiana E Hamiltoniana. 1 ed. São


Paulo: Livraria da Física, 2004.

SERWAY, Raymond A. e JEWETT, John W. Princípios de Física. Mecânica Clássica -


Volume 1. 5 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

SYMON, Keith Randolph. Mechanics. 3 ed. Massachusetts (EUA): Addison-Wesley, 1971.

YOUNG, Hugh David e FREEDMAN, Roger A. Freedman. Física 2 Termodinâmica e


Ondas. 12 ed. Massachusetts (EUA): Addison-Wesley, 2008.

Justin A. Hill, Jamier E. Hasbun, A Nonlinear Approximate Solution to the Damped


Pendulum Derived Using the Method of Successive Approximations, Georgia Journal of
Science, vol. 76, n. 2, p. 1, 2008.

Eugene I. Butikov, Oscillations of a simple pendulum with extremely large amplitudes,


Eur. J. Phys., vol 33, pp. 1555-1563, 2012.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL
Av. Universitária, 1069 l Setor Universitário
Caixa Postal 86 l CEP 74605-010
Goiânia l Goiás l Brasil
Fone: (62) 3946.3081 ou 3089 l Fax: (62) 3946.3080
www.pucgoias.edu.br l [email protected]

RESOLUÇÃO n˚038/2020 – CEPE

ANEXO I
APÊNDICE ao TCC
Termo de autorização de publicação de produção acadêmica
O(A) estudante Eduardo Fernandes de Oliveira do Curso de Licenciatura em Física,
matrícula 2017.1.0018.0042-0, telefone: (62) 99126-5617 e-mail:
[email protected], na qualidade de titular dos direitos autorais, em
consonância com a Lei nº 9.610/98 (Lei dos Direitos do autor), autoriza a Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) a disponibilizar o Trabalho de Conclusão de
Curso intitulado Estudo do Período do Pêndulo Simples Dependente da Amplitude de
Oscilação, gratuitamente, sem ressarcimento dos direitos autorais, por 5 (cinco) anos,
conforme permissões do documento, em meio eletrônico, na rede mundial de computadores, no
formato especificado (Texto (PDF); Imagem (GIF ou JPEG); Som (WAVE, MPEG, AIFF,
SND); Vídeo (MPEG, MWV, AVI, QT); outros, específicos da área; para fins de leitura e/ou
impressão pela internet, a título de divulgação da produção científica gerada nos cursos de
graduação da PUC Goiás.
Goiânia, 02 de dezembro de 2020.

Assinatura do(s) autor(es):

Nome completo do autor: Eduardo Fernandes de Oliveira

Assinatura do professor-orientador:

Nome completo do professor-orientador: Clóves Gonçalves Rodrigues

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