Oração Mental Ou Oração Vocal

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11/07/2020 Oração mental ou oração vocal?

ESPIRITUALIDADE

Oração mental ou oração vocal?


padrefaus.org | Jan 15, 2016

Será que uma é melhor que a outra? Como viver cada tipo de
oração em profundidade?

Q uando você pensa em Deus e lhe diz coisas íntimas, só com o pensamento
e os sentimentos do coração, está fazendo “oração mental”.

Quando você, na Missa, reza com todos os participantes as orações litúrgicas


(“Confesso a Deus todo-poderoso…”, “Glória a Deus nas alturas…”, “Cordeiro de
Deus…”); quando reza o Terço; quando reza o Pai-nosso e a Ave Maria em vários
momentos do dia, está fazendo “oração vocal”.

Jesus amava e praticava esses dois tipos de oração, e nos ensinou a amá-los e a
praticá-los. Basta lembrar o seguinte:

1) — como já comentamos atrás, Jesus, com muita frequência passava horas – às


vezes a noite inteira – conversando a sós com Deus Pai (Lc 6,12), fazendo “oração
mental”;

– e fazia também “oração vocal”: rezava os salmos e as orações tradicionais


judaicas, ao participar no culto da sinagoga (Mc 6,2) ou nas festas no Templo (Jo
7,1 ss.); e seguia todo o cerimonial litúrgico e as preces e cânticos prescritos, na
celebração da Páscoa judaica (Mt 26, 30).

2) — a nós, pede-nos que, como Ele, façamos “oração mental”: «Quando orares,
entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo» (Mt 6,6);

– mas, ao mesmo tempo, pede-nos que estimemos muito a “oração vocal”. Ele
próprio nos ensinou a mais bela “oração vocal” que existe, o Pai-nosso (Mt 6,9-
13), que milhões de cristãos vêm repetindo ao longo dos milênios. E os primeiros
cristãos aprenderam dele a amar a recitação dos Salmos (At 2,46 e 4,25-26).

Oração espontânea ou “fórmulas”?

Nunca ouviu alguém dizer: “Eu não gosto de recitar fórmulas, eu gosto é de rezar
com os pensamentos e sentimentos que saem espontaneamente do coração”?.

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11/07/2020 Oração mental ou oração vocal?

Há muitos que já disseram isso. Mas, infelizmente, se esquecem de uma coisa. Do


nosso coração sai o que há realmente dentro dele (não o que não há), e nele não
estão presentes todas as riquezas da fé, da esperança e do amor. Pode até ser um
coração muito “pobre”, vazio e cheio de egoísmo gelado. E então, o que é que vai
“sair” daí?

Ora, as orações vocais enriquecem, porque “oferecem”, “colocam” dentro do


coração tesouros de pensamentos, de verdades, de sentimentos e desejos, que o
coração sozinho não possui nem poderia criar. Bem rezadas, enriquecem muito a
alma.

Santo Agostinho, por exemplo, recebeu o último “empurrão” para a sua conversão
no dia em que se emocionou até derramar lágrimas, ao participar na basílica de
Milão – onde era bispo Santo Ambrósio -, do canto dos Salmos e de hinos
litúrgicos compostos por esse santo bispo, que o povo todo sabia de cor. As
“orações vocais” tornaram sua alma – alma de um homem extraordinariamente
culto e inteligente – mais cheia de luzes espirituais, despertaram nela, com o
auxílio de Deus, sentimentos, perspectivas, alegrias e esperanças que ele, sozinho,
não teria sido capaz de conseguir.

Santa Teresa de Ávila conta de uma freira muito santa, que a vida inteira
alimentou a sua conversa de amor com Deus quase que exclusivamente com o
Pai-nosso; e ela própria, Santa Teresa, escreveu um belo livro ( “Caminho de
perfeição”) em que dedica muitas páginas a comentar as maravilhas dessa oração
vocal “que o Senhor nos ensinou”.

Dois perigos

Como rezar bem as orações vocais? É bom ter em conta que há dois perigos que
sempre nos ameaçam e que podem “acabar” com as nossas orações vocais:

1º) O primeiro é o “perfeccionismo”, ou seja, a idéia de que, se não rezamos


colocando muita consciência, atenção e sentimento em cada palavra, mais vale
não rezar, seria como fazer “oração de papagaio”.

Os que pensam assim também se esquecem de uma coisa importante: Jesus


afirmou que, se não nos fizermos simples como crianças, não entraremos no
Reino de Deus (ver Mt 18,3). Ora, ninguém pede a uma criança uma atenção total
nem uma perfeição de “doutor em conversa”. O que se lhe pede é carinho, amor, e
esse existe mesmo que a criança se distraia – não o faz por mal -, e se esqueça de
coisas que acaba de ouvir.

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11/07/2020 Oração mental ou oração vocal?

Como é bonito o que dizia São Josemaria Escrivá: «Sei que te distrais na oração. –
Procura evitar as distrações, mas não te preocupes se, apesar de tudo, continuas
distraído. – Não vês como, na vida natural, até as crianças mais sossegadas se
entretêm e divertem com o que as rodeia, sem atender muitas vezes às palavras de
seu pai? – Isso não implica falta de amor nem de respeito; é a miséria e a
pequenez própria do filho. – Pois olha: tu és uma criança diante de Deus»
(“Caminho”, n. 890).

2º) O segundo perigo é o contrário: é a frieza, é o “calo” da alma, o mau costume


de rezar por mera rotina. É isso o que fazem os que rezam mecanicamente, por
puro hábito frio, sem empenho, sem consciência do que dizem, sem amor a Deus
nem desejo de melhorar. Esses, como dizia Santa Teresa de Ávila, não fazem
oração, por muito que mexam os lábios. «Esse falar às pressas, sem lugar para a
reflexão – como diz São Josemaria – é ruído, chacoalhar de latas» (“Caminho”, n.
85).

O valor da boa vontade

O bom caminho da oração vocal evita tanto o perfeccionismo como a rotina


mecânica. Então, o que é que Deus nos pede? Pede-nos as coisas de sempre:

1) Primeiro, amor: que saibamos esquecer-nos do nosso egoísmo (“gosto, não


gosto de rezar agora; tenho vontade, não tenho vontade; isso de rezar quando
estou cansado é um fardo, não é comigo…”). Santa Teresinha, mesmo em períodos
de grave cansaço e dores de cabeça, não se dispensava do esforço por colocar
amor na oração vocal: «Algumas vezes – dizia – , quando o meu espírito se
encontra numa secura tão grande que me é impossível formar um só pensamento
para unir-me a Deus, rezo muito devagar o Pai-nosso e depois a Ave-Maria. Assim
rezadas, estas orações encantam-me e alimentam a minha alma…»;

2) Segundo, boa vontade (rezar do melhor modo possível, naquele momento


previsto, ainda que esse “melhor modo” seja bastante imperfeito). Pense que Deus
não precisa das nossas obras “perfeitas” – pois Ele pode dar-se a Si mesmo
infinitas obras perfeitas-, mas do nosso amor, desse amor (o “teu” e o “meu”), que
só nós lhe podemos dar.

Façamos, portanto, o propósito de valorizar, de praticar e de “cuidar” mais as


orações vocais: as orações litúrgicas (Missa; para alguns, a Liturgia das Horas), as
orações da manhã e da noite; as orações às refeições; o Terço; o Anjo do Senhor; e
outras devoções sérias aprovadas pela Igreja (à Santíssima Trindade, ao Coração

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11/07/2020 Oração mental ou oração vocal?

de Jesus, ao Espírito Santo…; e à Virgem e aos santos, que são intercessores


nossos diante do Senhor). Com a ajuda de Deus, em outras meditações
subsequentes refletiremos sobre o Rosário e algumas outras devoções.

(via Padre Faus)

Tags: ORAÇÃO

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