Psiquiatria e Psicanálise 1

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE INSIGHT

Aluna: TATIANA TRISTÃO DO COUTO MENDONÇA.

PSICANÁLISE E PSIQUIATRIA I.

2021.
I. Introdução.

Podemos dizer que a psicanálise desnuda a parte subjetiva dos processos mentais,
apoiando a psiquiatria no tratamento dos transtornos da mente humana, neste aspecto a
psicanálise, alavancou a psiquiatria como especialidade médica individualizada.
1) PSICANÁLISE E PSIQUIATRIA.

A psiquiatria, é a especialidade médica, que cuida dos transtornos da mente, já a


psicanálise é um método terapêutico criado por Sigmund Freud, empregado nos casos de
transtornos mentais que consiste, fundamentalmente, na interpretação por um psicanalista dos
conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo, com base
nas livres associações e transferências.

Adota-se o termo transtorno para diminuir a afetação da pessoa, como “diferente”, mas
apenas acometido de uma condição que por si prejudica a si mesma, ou as pessoas que com ela
convivem.

2) ENTREVISTA E EXAMES PSIQUIÁTRICOS.

A entrevista é o ponto de partida para o psiquiatra, é a partir dela que se


estabelecem as hipóteses diagnósticas e os recursos para iniciar a terapêutica biológica ou
psicoterápica.
É salutar deixar que o paciente fale livremente por um tempo para observar o grau
de conexão de seus pensamentos usando para isso questões abertas e fechadas.

Torna-se imprescindível a necessidade absoluta de sigilo, durante todo o


procedimento médico, cuidando da ética, e preservando a relação médico/paciente.

Deve-se no contato terapêutico fazer perguntas, bem como responder questões de


maneira sucinta e direta.

3) EXAME DO ESTADO MENTAL.

O exame do estado mental deve ser feito concomitantemente com a obtenção dos
dados da história clínica, dependendo fundamentalmente da observação do psiquiatra. A
descrição mental pode variar de uma consulta para outra e envolve, descrição da
aparência, comportamento, da fala, das ações e pensamentos do paciente. Importante o
registro das impressões sobre a expressão de afeto.

O afeto pode ser congruente ou incongruente com o estado de humor do paciente,


e esta questão deve ser anotada. Deve-se observar ainda a confiabilidade das informações
prestadas pelo paciente.
4) TRANSTORNOS CONGNITIVOS.

Cognição é o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na


percepção, na classificação e reconhecimento, capacidade de conhecer e perceber o
mundo a nossa volta.
Os transtornos cognitivos são divididos em três síndromes principais como; o
delirium, demência e transtornos amnésticos.
- Delirium: é uma síndrome não devendo ser confundido com o sintoma delírio.
Enquanto este último é um sintoma caracterizado por um distúrbio de julgamento da
realidade que não se modifica face a um raciocínio lógico e correto, àquele é um conjunto
de sinais e sintomas comuns a várias afecções e que se caracteriza por um
comprometimento global das funções cognitivas e de curso breve e flutuante, podendo
melhorar rapidamente se a causa for identificada e eliminada.
Os sintomas envolvem, alterações do humor, percepção, comportamento, agitação
psicomotora, reações violentas, diminuição global da atividade psicomotora, tremores
nistagmo, arterixis, incoordenação motora, incontinência urinária e disartria.
A causa mais popular de delirium, é o delirium treminis, ocasionado pela síndrome
de abstinência do álcool.
- Demência: em contraste com o delirium, é uma síndrome caracterizada por
múltiplos comprometimentos das funções cognitivas, mas sem comprometimento da
consciência.
Podem ser afetadas pela demência a inteligência geral, a aprendizagem, a
memória, a linguagem, a orientação, a percepção, a atenção, concentração, o julgamento,
as habilidades sociais, a solução de problemas e até a própria personalidade.
A demência pode ter um curso progressivo ou estático permanente, ou reversível,
mas sempre insidioso.
Os casos mais comuns de demência são descritos pelo mal de Alzheimer (50 a
60% dos casos), distúrbios vasculares (10 a 20% dos casos), e processos
neurodegenerativos, como no caso de mal de Parkinson.
Primeiro ocorre o acometimento da memória recente e so depois a memória
remota.
-Transtornos Amnésticos; trata-se de um transtorno de memória, causa
comprometimento significativo do funcionamento social e funcional. Diferente do
processo de demência, neste transtorno, apenas a memória é afetada, a consciência
também é preservada ao contrário do delirium.
A amnésia pode ser anterógrada, quando compromete o processo de aprendizado
e retenção de novas informações, e pode ser retrógada, quando existe a incapacidade de
recordar um conhecimento anteriormente aprendido.
As causas dos transtornos amnésticos são sistêmicas, deficiência de tiamina ,
vitamina b1, hipoglicemia, hipóxia , convulsões, tumores e infecções.

5) ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS.


A esquizofrenia é a psicose por excelência, desafiando a neurologia e psiquiatria.
Torna-se necessários, entrar no mundo do esquizofrênico para abordá-lo de modo
terapêutico.
Os sintomas mais proeminentes são; delírios, alucinações, discurso
desorganizado, comportamento desorganizado ou catatônico, sintomas negativos,
embotamento afetivo, mutismo ou avolição. Bastam dois destes fatores por uma porção
significativa de tempo para caracterizar a esquizofrenia, desde que os sintomas levem a
uma disfunção social e ocupacional que persistam sinais contínuos de perturbação por
pelo menos seis meses. Devem ser excluídos do diagnostico, os transtornos de humor, a
existência de condição médica geral ou uso de substâncias que possam levar aos sintomas.
Apresenta períodos de remissão incompletos A esquizofrenia se divide em:
paranoide, desorganizado/hebefrênico, catatônico, e indiferenciado residual.
-Esquizofrenia paranoide: preocupação significativa com um ou mais delírios
e alucinações auditivas frequentes e não se encontram proeminentes nem o discurso e o
pensamento desorganizado, nem tampouco o comportamento catatônico ou embotamento
afetivo ou inadequação afetiva. No geral são delírios de perseguição ou grandeza.
Os pacientes são tensos, desconfiados, frequentemente hostis e agressivos, no
entanto mantêm inteligência intacta nas áreas não invadidas por delírios.
- Esquizofrenia, tipo desorganizado ou hebefrênico: apresenta comportamento
e discurso desorganizado, afeto embotado ou inadequado, sem qualquer critério
catatônico, possui contato pobre com a realidade, é ativo, mas desprovido de propósito,
possui geralmente grande prejuízo na aparência e apresenta comportamento social
inadequado.
- Esquizofrenia tipo catatônico: alteração da atividade psicomotora, com
imobilidade motora ou atividade motora excessiva aparentemente desprovida de
propósito e não influenciada por estímulos externos, as vezes com uma rápida alternância
entre extremos de estupor e excitação. Muitas vezes acabam ferindo a si mesmos ou a
outrem, durante o estupor ou excitação, as vezes chegam a desnutrição e exaustão que
podem exigir cuidados clínicos.
- Esquizofrenia tipo indiferenciado: possui sintomas atenuados, com
características mistas de ambos os tipos.
- Esquizofrenia tipo residual: apresenta sintomas negativos, todos de forma
atenuada, crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns, comportamento
excêntrico, pensamento ilógico, afrouxamento das associações.
- Transtorno Esquizofreniforme: é idêntico a esquizofrenia, exceto pela duração
dos sintomas que é de pelo menos a um mês a seis meses, com retorno a normalidade
após a resolução do quadro. Os sintomas dizem respeito ao aparecimento de confusão,
perplexidade, no auge do transtorno psicótico, um estado depressivo frequente após o
período psicótico , melhorando se acompanhado psicoterapicamente.
- Transtorno Esquizoafetivo: características comuns a esquizofrenia e aos
transtornos de humor.
- Transtorno Delirante: Os sintomas proeminentes são os delírios, podem ser de
grandeza, eróticos, de ciúmes, somáticos ou mistos, além de persecutórios. Há
comprometimento funcional mais leve, comparado à esquizofrenia. Não apresenta gama
de efeitos afetivos, quanto aos presentes nos transtornos de humor.
- Delírios:
- Erotomaniácos, uma pessoa geralmente de posição superior estaria apaixonada
pelo indivíduo.
- Grandioso: delírio de valor que se iguala a uma pessoa famosa, ou divindade.
- Ciumento: delírio de que o parceiro é infiel.
-Persecutório: delírio de estar sendo maltratado por alguém próximo.
- Somático: delírio de que possui algum defeito físico ou condição médica
específica.
- Misto: apresenta características de vários tipos de delírios.

5) TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE.


- Caracteriza-se por episódios de curta duração de um dia, ou no máximo um mês.
Apresenta pelo menos, um sintoma de psicose, tem um início súbito, apresenta sintomas
afetivos, confusão e comprometimento da atenção.
É causado por fatores estressantes, acentuados na maioria das vezes por fatores
estressantes de menor importância. Destaca-se como transtorno mais frequente a psicose
puerperal.
6) TRANSTORNO PSICÓTICO COMPARTILHADO.
Ocorre quando a pessoa tem relacionamento com outra pessoa de síndrome
psicótica similar.
7) PSICOSE AUTOSCÓPIA.
Ocorre quando uma pessoa em estado de alucinação projeta o próprio corpo como
fantasma em um espelho.
8) SINDROME DE CAPGRAN.
Ocorre quando o paciente pensa que todas as pessoas do seu relacionamento foram
substituídas por cópias idênticas.
9) TRANSTORNOS DE HUMOR.
Humor é o estado emocional interno de uma pessoa, que varia de acordo com suas
experiências de vida, seus sucessos, seus fracassos, projetos, seus relacionamentos e suas
ambições.
Os transtornos do humor constituem um grupo de condições clínicas
caracterizadas pela perca deste senso de controle, é uma experiência subjetiva de grande
sofrimento.
Transtornos de humor:
transtornos bipolares.
transtornos depressivos.
Pacientes com episódios de manias, são classificados com transtorno bipolar 1.

Transtornos Depressivos: caracteriza-se pelo humor reprimido, perca de


interesse e prazer, desesperança, tristeza, sentimento de inutilidade, insônia frequente.
Dois terços das pessoas que sofrem de transtorno depressivo, pensam em se matar e 10 a
15% tentam suicídio.
Possuem pensamentos sabotadoras, perdem peso, ou tem reação contrária,
queixam-se de ansiedade.
Os transtornos depressivos se dividem em: transtorno depressivo maior ou
transtorno distímico.
Transtorno Depressivo Maior: Episódio depressivo maior, se desenvolve por
um período mínimo de duas semanas. O luto pode desencadear um episódio depressivo
maior. Possui um início agudo, se não tratado, pode se manter constante por um período
de seis a treze meses. Apresenta taxa de recorrência de 75%, nos cinco primeiros anos.
Transtornos bipolares: Se traduzem em episódios de humor anormalmente
elevados chamados episódios maníacos ao de mania. Humor expansivo anormal e
persistentemente elevado, ou irritável com autoestima inflada ou sentimento de
grandiosidade. Possuem necessidade diminuída de sono, fuga de ideias, fala acelerada,
agitação psicomotora, engajamento excessivo em atividades agradáveis com alto
potencial para consequências dolorosas.
O transtorno bipolar, se dividem em: transtorno bipolar 1, transtorno bipolar 2,
transtorno ciclotímico.
Transtorno Bipolar 1; Conjunto completo de manias durante o curso do
transtorno. Para diagnóstico é necessário a exclusão de qualquer transtorno depressivo
maior.
Reagem mal a frustração, podem passar de um estado de euforia até a
irritabilidade, podendo se tornar agressivos. Episódios maníacos duram em média até 3
meses.
Transtorno Bipolar 2: Presença de episódios depressivos maiores, episódios de
hipomania, diagnóstico estável.
Transtorno Ciclotímico: Forma leve de transtorno bipolar 1, com episódios de
hipomania e depressão leve. Constância de sintomas por mais ou menos dois anos, ciclos
de transtornos mais curtos. Aparece no início da adolescência ou início da fase adulta.
10) TRANSTORNOS DE ANSIEDADE.
A ansiedade é uma resposta biopsicológica normal, comum a todos os seres
humanos e a maior parte da escala biológica animal, tem a função de estabelecer um
estado de alerta mais aguçado.
Enquanto a ansiedade é dirigida a ameaças desconhecidas, vagas, internas e de
origem conflituosa, o medo é dirigido a ameaças conhecidas.
A ansiedade é uma ação do sistema nervoso autônomo simpático, se descreve com
os seguintes sintomas: transpiração, taquicardia, desconforto abdominal, inquietação,
midríase, e por vezes em estado patológico, pânico.
- Pânico, Terapia e medicamentos:
Indicada na ocorrência espontânea e inesperada de ataques de pânico de duração
leve, intensa ansiedade acompanhada de sensações somáticas como palpitações,
taquipneia e sudorese.
- Frequentemente o distúrbio é acompanhado de agorafobia, medo de estar em
lugares públicos, sozinho.
- Sensação de medo extremo, relacionado a morte e catástrofes iminentes sem
conseguir identificar a fonte desses temores. Pode haver síncopes, desmaios durante as
crises de pânico. Comum o aparecimento no final da adolescência e início da idade adulta.
- Fobias: Se referem ao medo irracional que provoca o constante esquivar do
objeto. Levam o indivíduo a evitar um estímulo específico. Nestes casos a psicanálise
deve ser mais agressiva, pois o paciente, tende a se esquivar do objeto da sua fobia. O
tratamento pode ser feito com a hipnoterapia e a terapia de dessensibilização.
11) CONCLUSÃO.

Concluímos a presente síntese destacando que Freud vou um grande percursor dos
estudos da psiquiatria, no que tange ao diagnóstico dos transtornos e a terapêutica para
tratamento. Vários conceitos da psiquiatria possuem fundamento na teoria psicanalítica.
A psicanalise defende abordagem da analise pessoal do paciente, se colocando no lugar
do mesmo, busca um fortalecimento do paciente, para que ele conheça das suas dores e
encontre um meio para lidar com elas.
A psiquiatria e a psicanálise podem conviver pacificamente, pois uma não invade
o campo da outra, pelo contrário, contribuem para o entendimento das doenças mentais
que são tão complexas e traduzem uma terapêutica mais humanitária ao paciente.

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