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ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRUTURAS METÁLICAS

Projeto e Detalhes Construtivos

AÇÃO DO VENTO NAS EDIFICAÇÕES


(De acordo com a NBR 6123:1988)

Prof. M.Sc. Marcos Antônio Campos Rodrigues

São Paulo, 2015


PONTE DE TACOMA NOS ESTADOS UNIDOS

O COLAPSO OCORREU SOB A AÇÃO DO VENTO


Pode-se também definir o vento como um fluxo de ar médio
sobreposto a flutuações de fluxo, estas flutuações são denominadas
rajadas ou turbulências; as rajadas apresentam um valor da
velocidade do ar superior à média e são utilizadas para a
determinação das forças relativas ao vento que atuam nas
edificações.

Em uma edificação, as forças oriundas da ação do vento podem


causar sérios danos a sua estrutura como também às partes que a
compõem (caixilhos, vedações, etc.). Em caso extremo, o vento pode
causar o colapso da edificação pela perda de estabilidade lateral.

Uma das dificuldades do ser humano é quantificar a velocidade do


vento; é difícil para as pessoas e, em particular aos engenheiros, ter
esta sensibilidade. A escala de Beaufort classifica a velocidade do
vento em graus crescentes em função dos efeitos causados.
Tabela – Escala de Beaufort
Davemport (1963) propôs uma variação exponencial para a velocidade do vento
com a altura . A figura abaixo mostra os perfis da velocidade média propostos por
este autor para três tipos de terrenos:
a) região com grandes obstruções – centros de grandes cidades;
b) regiões com obstruções uniformes – subúrbios de grandes cidades e cidades
pequenas;
c) região com poucos obstáculos – campo aberto, fazendas.
 As dimensões da edificação estão relacionadas
diretamente com o turbilhão (rajada de vento) que deverá
envolver toda a edificação; quanto maior é a edificação
maior deve ser o turbilhão que a envolverá e por
consequência menor a velocidade média do vento.

 Uma maneira simples de compreender este efeito é como


se pudesse materializar a rajada de vento como um grande
tubo que envolverá toda a edificação; o tempo que este
tubo levará para percorrer a edificação será considerado o
tempo de rajada (ver figura seguinte). A NBR 6123:1988
considera os intervalos de tempo de 3, 5 e 10 segundos
para as rajadas de vento, respectivamente, para as classes
A, B, e C.
Figura – Esquema para a determinação do tempo de rajada
Tabela – Fator de rugosidade
De acordo com a NBR 6123:1998, pode-se obter o fator S 3 para outros
níveis de probabilidade e vida útil a partir da seguinte expressão:

 l n (1  Pm ) 
-0,157

S3  0,54   
 m 
onde:
Pm = probabilidade considerada;
m = período de retorno adotado.
Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe) externos para paredes de edificações de
planta retangular

a/b  1 : mesmo das partes A2 e B2



Partes A3 e B3  Vento 00 a/b  2 : Ce  -0,2
1  a/b  2 : interpolar linearmente

Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe) externos para telhados com duas
águas, simétricos, em edificações de planta retangular

Partes I e J

a/b  1 : mesmo de F e H

Vento 00 a/b  2 : Ce  -0,2
1  a/b  2 : interpolar

Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe), externos, para telhados
com uma água, em edificações de planta retangular, com h/b < 2
Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe), externos, para telhados
múltiplos, simétricos, de tramos iguais, com h ≤ a’
Continuação.....
Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe), externos, para telhados
múltiplos, assimétricos, de tramos iguais, com água menor inclinada
de 60º e h ≤ a’
Continuação.....
Coeficientes aerodinâmicos para abóbodas cilíndricas – baixa turbulência
Continuação.....
Coeficientes de forma (Ce) e de pressão (Cpe), externos, para telhados
múltiplos com uma água vertical, de tramos iguais
Continuação.....
Ábacos para o Ca
(para V.N.T e V.T)
VENTO TURBULENTO (V.T.)

Condições para consideração de vento turbulento:

O regime do vento para uma edificação pode ser considerado


de alta turbulência quando sua altura não excede a duas
vezes a altura média das edificações da vizinhança
estendendo-se estas, na direção do vento incidente a uma
distância mínima de:

• 500 m para edificação até 40 m de altura


• 1000 m para edificação até 55 m de altura
• 2000 m para edificação até 70 m de altura
• 3000 m para edificação até 80 m de altura
Exemplo de determinação da ação do
vento em um galpão industrial com
cobertura em duas águas. Estrutura
principal em treliça.
Características da edificação:

• Local da edificação: São Carlos – SP.


• Cobertura em duas águas com inclinação em
torno de 9º.
• Vão transversal de 15,0m (face a face).
• Pé-direito de 5,0m.
• Comprimento total do galpão de 32,0m.
• Fechamento lateral em alvenaria até 1,5m de
altura e o restante em telha de aço galvanizada.
• Cobertura em telha de aço galvanizada.
Plano de base
6,65m
Coeficientes de pressão externa (para paredes)

h 5
  0,33 a/b  1 : mesmo das partes A2 e B2
b 15 
Partes A3 e B3  Vento 00 a/b  2 : Ce  -0,2
a 32
  2,13 1  a/b  2 : interpolar linearmente
b 15 
Vento 0° Vento 90°
Coeficientes de pressão externa (para cobertura)

Partes I e J

a/b  1 : mesmo de F e H

Vento 00 a/b  2 : Ce  -0,2
1  a/b  2 : interpolar

h 5
  0,33   8,7 0
b 15
Cpe médio
Vento 0° Vento 90°
Exemplo de determinação da ação do
vento em um galpão industrial com
cobertura em duas águas. Estrutura
principal em pórtico, composto por
perfis de alma cheia (vigas e colunas).
Características da edificação:

•Local da edificação: Ribeirão Preto - SP.


•Telhado em duas águas com inclinação de 10°.
•Vão transversal: 20,0m (distância entre eixos de
colunas).
•Comprimento do galpão: 48,0m.
•Pé-direito: 6,0m.
•Altura do galpão (na cumeeira): 7,76m.
•Espaçamento entre pórticos: 6,0m.
•Cobertura e tapamentos: em telha de aço.
10°
A B
6,00m

PORTA

20,00m

SEÇÃO TRANSVERSAL - FACHADA FRONTAL


Seção transversal principal
m
10360 m 2590
2590
2590
2590
3000
6000 mm
2800

20400 mm
1 2 3 4 5 6 7 8 9
6000 6000 6000 6000 6000 6000 6000 6000

A
20000

PLANO DE BASE
Velocidade básica do vento (V0):
Cidade de Ribeirão Preto-SP  V0 = 45m/s

Velocidade característica do vento (Vk):


Fator topográfico (S1): Terreno plano  S1 = 1,00
Fator de Rugosidade (S2):Cat. IV; Classe B  S2 = 0,81
Fator Estático (S3): Grupo 3  S3 = 0,95

Vk = V0 · S1 · S2 · S3  Vk = 34,50m/s

Pressão Estática do vento:


q = 0,613 · (Vk)²  q = 0,613 · 34,50² = 0,73 kN/m²
Coeficientes de pressão externa (para paredes)

Cpe médio = -1,00

Vento 0° Vento 90°


Coeficientes de pressão externa (para cobertura)

Vento 0° Vento 90° Cpe médio


Coeficientes de pressão interna

Adotado quatro faces igualmente permeáveis:

Cpi = -0,30 ou Cpi = 0,00 (o que for mais nocivo)


Composição dos coeficientes de pressão

Vento 0°
Com Cpi = -0,30 Com Cpi = 0,00

Crítico
Composição dos coeficientes de pressão

Vento 90°
Com Cpi = -0,30 Com Cpi = 0,00

Crítico
Ações distribuídas nas barras do pórtico
Carregamentos resultantes

Vento 0°

Crítico
Carregamentos resultantes

Vento 90°

Crítico
Carregamentos críticos

Vento I (Vento 0° com Cpi = 0,00)


Carregamentos críticos

Vento II (Vento 90° com Cpi = 0,00)


Exemplo de determinação da ação do
vento em um edifício de múltiplos
pavimentos.
Exemplo - edifício

Características da edificação:

• Local da edificação: Araraquara - SP.


• Dimensões em planta: (18m x 18m).
• Altura do edifício: 12m.
• Edifício residencial com alto fator de ocupação.
• Terreno plano.
• Categoria de terreno: adotar categoria IV.
• Vento não turbulento (V.N.T.).
Exemplo - edifício

18m

12m
18m 18m
Planta Baixa Elevação
Exemplo - edifício

Velocidade básica do vento (V0):


Cidade de Araraquara-SP  V0 = 40m/s
Velocidade característica do vento (Vk):
Fator topográfico (S1): Terreno plano  S1 = 1,00
Fator de Rugosidade (S2) – é variável com a altura:
• Categoria IV (cota média do topo dos obstáculos: 10m)
• Classe A (maior dimensão menor que 20m)
• Altura sobre o terreno: divisão em trechos de 3m
Fator Estático (S3): Grupo 2  S3 = 1,00
b = 0,86 (categoria IV e classe A)

S2  b  Fr  (z/10)p p = 0,12 (categoria IV e classe A)


Fr = 1,00 (classe A e categoria II)
Exemplo - edifício

Vk = V0 · S1 · S2 · S3 (variável com a altura)

Pressão Estática do vento (variável com a altura):


q = 0,613 · (Vk)²

Resultado de Vk e q para cada trecho


Trecho Z (m) S1 S2 S3 Vk (m/s) q (N/m²)
1 3,0 1,0 0,73 1,0 29,20 523
2 6,0 1,0 0,79 1,0 31,60 612
3 9,0 1,0 0,83 1,0 33,20 676
4 12,0 1,0 0,86 1,0 34,40 725
Exemplo - edifício

Coeficiente de arrasto
(para V.N.T.)

 1 18,0 
  1,0 
 2 18,0 
  Ca  1,05
h 12,0
  0,67
 1 18,0 

igual nas duas direções


Exemplo - edifício

Carregamento estático (qa)

q a  Ca  q  

(igual nas duas direções, pois  1   2    18m )

Trecho Z (m) q (N/m²)  (m) q a (N/m)


1 3,0 523 9885
2 6,0 612 18,0 11567
3 9,0 676 12776
4 12,0 725 13703
Exemplo - edifício
Carregamento estático (qa)
VENTO
Exemplo de determinação da ação do
vento em edifício de múltiplos
pavimentos.
Exemplo - edifício

Características da edificação:

• Local da edificação: Americana - SP.


• Dimensões em planta: (15m x 30m).
• Altura do edifício: 50m.
• Edifício residencial com alto fator de ocupação.
• Terreno plano.
• Categoria de terreno: adotar categoria II.
• Vento não turbulento (V.N.T.).
Exemplo - edifício

Elevação Planta
Exemplo - edifício

Velocidade básica do vento (V0):


Cidade de Americana-SP  V0 = 45m/s
Velocidade característica do vento (Vk):
Fator topográfico (S1): Terreno plano  S1 = 1,00
Fator de Rugosidade (S2) – é variável com a altura:
• Categoria II (adotado)
• Classe B (maior dimensão igual a 50m)
• Altura sobre o terreno: divisão em trechos de 10m
Fator Estático (S3): Grupo 2  S3 = 1,00
b = 1,00 (categoria II e classe B)
S2  b  Fr  (z/10)p p = 0,09 (categoria II e classe B)
Fr = 0,98 (classe B e categoria II)
Exemplo - edifício

Vk = V0 · S1 · S2 · S3 (variável com a altura)

Pressão Estática do vento (variável com a altura):


q = 0,613 · (Vk)²

Resultado de Vk e q para cada trecho


Exemplo - edifício
Coeficiente de arrasto (para V.N.T.)
Exemplo - edifício
Carregamento estático (qa)
Exemplo - edifício
Carregamento estático (qa)

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