Economia de Matérias

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1.

Economia de materiais

Já parou para pensar de onde vêm as coisas que compramos? O sistema


que nos é apresentado quando pensamos sobre essa pergunta é a economia de
materiais. A economia de materiais é o principal sistema de produção utilizado hoje
em dia. Esse sistema diz que o processo que um produto percorre para chegar a
seu destino é o seguinte: extração; produção; distribuição; consumo e por fim o
descarte. A economia de materiais é um sistema em crise, pois é um sistema linear
e vivemos em um planeta onde seus recursos são finitos, ou seja, um dia vai acabar
e esse ciclo nos dá a sensação de que temos matéria-prima infinita para extração.

Quando analisamos profundamente todas as partes desses sistemas,


encontramos muitas lacunas e falhas. Na extração não se possue uma real
preocupação com seu impacto no meio ambiente, desmatamos florestas, extraímos
todos os materiais que possamos considerar minimamente útil, degradamos o solo e
fazemos tudo isso sem pensar nas consequências que essas ações podem ter no
futuro e quando usamos a palavra futuro não quer dizer um futuro distante e sim um
futuro muito próximo, um futuro que esta nos alcançando, cada vez mais rápido. E
ao longo de todo o sistema encontramos falhas, na produção poluímos o ar, os rios e
tudo a nossa volta, na distribuição se tem o objetivo de vender todos os produtos o
mais rápido possível, na parte do consumo é quando entram nós pessoas que foram
nas lojas compraram e logo descartamos, no descarte temos mais poluição e
degradação do meio ambiente.

Isso tudo é apenas a ponta do iceberg, porque quando pensamos e falamos


nesse sistema, excluímos outra parte da equação, as pessoas, existem milhares de
pessoas trabalhando ao longo de todo esse processo para fazer esse sistema
funcionar e muitas vezes estamos tão focados no problema maior que esquecemos
das pessoas que trabalham em péssimas condições e expondo se a situações de
risco para extrair materiais, nas produções pessoas se expõem a produtos e
ambientes que causam mau a saúde, na distribuição pessoas são obrigadas a
trabalharem de forma incansável e atingir metas inatingíveis, apena para ganharem
dinheiro o suficiente para sobreviver e sustentar um sistema falho.

Mas esse sistema não funciona sem sua engrenagem mais importante, o
consumidor. As pessoas têm que consumir em uma velocidade constante e
impulsivamente para que esse sistema funcione e cumpra com seu propósito: o
ganho de dinheiro. Para continuarmos consumindo foram sendo adotados muitas
estratégias, a exposição excessiva do consumidor ao marketing, as propagandas e
uma delas, também podemos destacar obsolescência programada (quando um
produto se torna obsoleto por conta da redução de seu tempo de vida útil) esse
processo é intencional e a obsolescência perceptiva é quando um produto se torna
obsoleto apenas perante os olhos do consumidor, não sendo mais percebido como
uma tendência de estilo, um exemplo disso são o investimento nas modas rápidas
(roupas criadas para serem usadas e descartadas cada vez mais rápido, sem ter
como foco a qualidade), um exemplo que utiliza disso ao seu favor é a Shein.
2. Consumismo: Sociedade de consumidores.

Quando Zygmunt Bauman diz que somos uma sociedade de consumidores, ele
quer dizer com isso que relações sociais são baseadas no consumo, que o
consumismo é um arranjo social, que transforma as vontades e desejos das
pessoas. Trazer o termo sociedade de consumidores pode despertar o pensamento
de que isso é óbvio já que como seres vivos e precisamos consumir desde sempre
como meio de sobrevivência, por exemplo, se não quisermos morrer de fome
precisamos consumir alimentos, da mesma forma que se quisermos nos proteger da
chuva e do calor intenso consumimos materiais para construir um abrigo, mas
quando falamos de consumismo, não estamos nos referindo ao consumo por
necessidade e sim o consumo por impulso. Bauman diz que em uma sociedade de
consumidores, o consumo transforma o consumidor em mercadoria, podemos
concluir que o consumidor para consumir precisa de uma moeda de troca (dinheiro)
para termos dinheiro, trabalhamos, ou seja, vendemos nossa força de trabalho e
quando vendemos a nossa força de trabalho recebemos em troca o dinheiro que
usamos para consumir mais coisas que desejamos.
Em uma sociedade de consumidores, o consumismo não apenas influencia no
meio de trabalho, mas também na formação da identidade e personalidade das
pessoas. O que Bauman comenta é que consumimos produtos que nos valorizem e
mostre aos outros, nosso valor e nossas identidades, podemos observar isso
quando classificamos colocamos alguém em um grupo social apenas pelas roupas
que elas vestem, julgamos identidade e personalidade das pessoas por aquilo que
consomem.
O hábito do consumismo vem sendo alvo de muitas discussões, acima falamos
apenas da visão de Bauman de como o consumo interfere nas relações sociais, mas
muitos autores falam sobre esse assunto. Outros autores destacam a vinculação
histórica do entendimento de que compra significa vida boa, riqueza e saúde. Isso
quer dizer que, ao longo dos anos, criamos a visão de que pessoas que têm maior
poder de compra são consideradas melhores que pessoas com menor poder de
compra.
3. O que fazer para ajudar?

Combater o consumismo excessivo e a degradação do meio ambiente é um


desafio complexo que requer ações em diversas áreas. Não existe uma solução
imediata, mas existem algumas medidas que podem ser tomadas.
Consumo consciente: Promover o consumo consciente é fundamental. Isso
envolve repensar nossas necessidades reais, priorizar produtos duráveis e de
qualidade, evitar compras por impulso e optar por produtos sustentáveis e
ecologicamente responsáveis. Antes de comprar algo, pergunte-se se você
realmente precisa daquilo e avalie o impacto ambiental do produto ao longo de seu
ciclo de vida.
Educação e conscientização: É essencial promover a educação ambiental e
conscientizar a sociedade sobre os impactos do consumismo exagerado e a
importância da sustentabilidade. Isso pode ser feito por meio de campanhas
educativas, programas escolares, palestras, mídias sociais e outras iniciativas que
informem as pessoas sobre os problemas ambientais e as possíveis soluções.
Economia circular: A transição para uma economia circular é uma solução
eficaz. Em vez do modelo tradicional de produção linear (extrair, fabricar, usar,
descartar), a economia circular busca manter os recursos em uso pelo maior tempo
possível, por meio da reutilização, reparo, reciclagem e remanufatura de produtos.
Isso reduz a extração de recursos naturais, minimiza a geração de resíduos e
promove a utilização eficiente dos recursos disponíveis.
Regulamentações e políticas públicas: Governos e instituições devem
implementar regulamentações e políticas públicas que incentivam práticas
sustentáveis. Isso pode incluir restrições à obsolescência programada, incentivos
fiscais para empresas que adotam práticas sustentáveis, estabelecimento de metas
de redução de emissões, incentivos para a utilização de energias renováveis e a
criação de programas de reciclagem eficientes.
Inovação tecnológica: Investir em pesquisa e desenvolvimento de
tecnologias mais sustentáveis é fundamental. Novas soluções e produtos mais
eficientes em termos de recursos podem reduzir o impacto ambiental de diversas
indústrias. Isso inclui energias renováveis, eficiência energética, materiais
biodegradáveis, transporte sustentável e outras áreas que visam a redução do
consumo de recursos naturais e das emissões de carbono.
Engajamento da sociedade: O engajamento ativo da sociedade é crucial. É
importante participar de movimentos ambientais, ONGs e iniciativas locais que
promovam a sustentabilidade. Pressionar empresas e governos por práticas mais
responsáveis, participar de projetos comunitários de reciclagem e compartilhamento,
e adotar um estilo de vida mais sustentável são formas poderosas de contribuir para
a mudança.

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