Resumo 2 Jadas - P2 (Kalecki)

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SISTEMATIZAR TODAS AS EQUAÇÕES

O esquema de reprodução

O sistema de Kalecki é constituído com base nas seguintes suposições:

1.Existem apenas duas classes sociais e duas categorias de renda – os capitalistas que auferem
lucros e os trabalhadores que auferem salários , 2) Economia Fechada, 3) economia sem
atividades administrativas do governo, 4) ausência de poupança por parte dos trabalhadores,
5) inexistência de acumulação de estoques ou é computada como produção de bens de
investimento e 6) a produção, o lucro e o investimento são computados em seus valores
brutos, antes de deduzida a depreciação do capital fixo.

Despesa interna bruta= consumo + investimentos brutos

Kalecki divide a economia em três setores: Departamento I que produz bens de investimento,
Departamento II que produz bens de consumo aos capitalistas e Departamento III que produz
bens de consumo aos trabalhadores. Fica aberta a questão dos bens intermediários.

Bens finais e bens intermediários

Kalecki supõe que os Departamentos também produzem os bens intermediários. Em outras


palavras, o valor da produção e de cada departamento passa a ser igual ao valor adicionado, o
qual corresponde à soma de salários e lucros. No esquema de Kalecki o valor da produção se
torna igual ao próprio valor adicionado porque se supões que os insumos são produzidos
dentro do próprio setor produtor de bens finais, e o valor dos insumos que entram no valor
dos bens finais é igual ao valor adicionado na produção dos insumos, de modo que o valor da
produção de cada departamento se converte inteiramente em valor adicionado.

Para explicar façamos algumas suposições

Va = Ma + Ya ( M insumos, Y valor adicionado e V valor da produção) Este consideremos como


setor que produz todos os bens finais.

Vb = Mb + Yb. Este é o setor que produz os insumos. Como este é o único que fornece insumos
ele produz insumos para A e também para B.
Assim

Vb = Ma + Mb, Assim temos que: Ma + Yb = Mb + Yb. Assim Yb= Ma. No fim das contas
podemos concluir que o valor adicionado na produção do setor de bens intermediários ( Yb) é
igual ao valor dos insumos utilizados no setor A.

O esquema

( colar a imagem do esquema aqui)


P + W = I + Cc + Cw, como os trabalhadores gastam todo seu salário ( w) na compra de bens de
consumo, ou em outras palavras, se a produção do DIII é adquirida pelos trabalhadores então
W= Cw e temos: P = I + Cc.

Isto também pode ser visto de outro modo. No DIII os capitalistas pagam aos trabalhadores o
montante de salários W3. Com esse salário os trabalhadores desse departamento adquirem aí
mesmo todos os bens de consumo no valor de w3. Isto posto, restam nesse departamento
bens de consumo no valor de P3., visto que o valor da produção é igual P3+ W3 e W3 é o valor
comprado pelos trabalhadores de DIII, concluímos que os bens de consumo no valor de P3 são
vendidos aos trabalhadores dos outros dois setores W1 + W2= P3. Como conclusão temos que
o lucro dos capitalistas de DIII é determinado pelos salários dos trabalhadores dos
departamentos DI e DII.

Daí temos:

P3= W1 + W2, adicionando P1+P2 nos dois lados da equação temos:

P= P1 + W1 + P2 + W2, ou ainda, P= I + Cc

Concluindo, deve-se observar que, na situação descrita pelo esquema de reprodução, a


capacidade produtiva da economia e a distribuição de renda entre salários e lucros são dadas.
Assim, temos que, dadas a capacidade produtiva e a distribuição de renda em cada
departamento, o lucro total dos capitalistas é igual ao investimento mais o consumo dos
capitalistas.

Lucro, salários e renda nacional

1.Determinantes dos níveis de salários e renda nacional

Se supomos dada a distribuição de renda entre salários e lucros, o total de salários ( ou o


consumo total dos trabalhadores) e a renda nacional são também determinados pelo
investimento e o consumo dos capitalistas.

Podemos representar como W/P ou W/Y. Usaremos esta segunda forma para saber a
participação dos salários na renda total. Assim, em cada departamentos temos: W1/ I , W2/Cc
e W3/Cw.

Desta forma, os salários em Di e DII dependem dos níveis de produção ( supondo distribuição
de renda constante) que , por sua vez, dependem de I e Cc respectivamente. Em DIII W3
também depende da produção, mas esse nível de produção depende de w1 e w2 que por sua
vez dependem de I e cc. Assim temos que o W total da economia é, em última instância,
determinado por I e Cc. Em suma, são os capitalistas que, através de seus gastos,
determinam não só o montante de seus lucros, mas também o montante de salários e a
magnitude da renda nacional; ou, em outras palavras, a dinâmica da economia capitalista (
isto é , os níveis e as variações nos níveis dos lucros, salários e renda nacional) está nas mãos
dos capitalistas.

2.Equação da distribuição de renda


Análise do que determina a distribuição de renda. Para isso, precisamos levar em conta a
composição do valor da produção.

V= M + W + P ( M = valor total de insumos utilizados). Para simplificar eliminemos os


overheads ( custos fixos com trabalho administrativo, aluguéis, seguros, taxas, etc.)
distribuindo-os entre salários e lucros. Vamos representar por k a relação entre o valor da
produção e os custos dessa produção ( insumos e salários):

k= V/ M + W

V = k ( M + W) ACRESCENTAR MARK UP

Como V> M + V, temos que k >1. O lucro é: P= V-M-V ( V menos os custos com insumos e salá
rios)

P = k( M+W) – M – W = kM + kW – M – W

P= ( k-1)( M + V)

Ainda temos que P= Y – W

Y= W + ( k-1) ( M + W)

Representaremos a participação relativa dos salários como w.

w= W/W + (k-1)(M+W) e dividndo em cima e embaixo por W teremos?

w= 1/ 1 + ( k-1) ( M/W +1), denotando j como a relação entre os insumos e o montante de salá
rios temos:

w= 1/ 1 + ( k-1) ( j +1) – Equação 5

Tudo isso para chegar a conclusão de que quão maiores forem k e j menor será w.

3.Os fatores de distribuição de renda

J= M/W (relação entre insumos e salários) e k= V / M + W (relação entre salários e custos de


produção)

Para Kalecki, k e j são os fatores de distribuição. Quanto maior for k, maior será a relação entre
lucros salários, ou seja, menor será a participação dos salários na renda. Se supusermos k
constante, quanto maior for o valor dos insumos em relação aos salários ( ou seja quanto
maior for j ), maiores serão o valor da produção e o lucro em relação aos salários.

Ainda há outro fator de distribuição que é a participação relativa de cada uma das
firmas que compõem o sistema econômico no valor adicionado de um ramo em questão.
Assim, além de k e j, a composição setorial da economia constitui também um fator de
distribuição de renda.
Em longo prazo, j tende a diminuir, pois o aumento na produtividade do trabalho
provoca queda nos preços dos insumos em relação aos salários. Em curto prazo, a razão M/W
tende a variar de acordo com as flutuações cíclicas da econômica; ou seja, em relação aos salá
rios, os preços dos insumos tendem a subir durante as fases e expansão econômica e cair
durante fases de depressão.

O elemento k é determinado pelo “grau de monopólio existente na economia,


podendo, inclusive, ser usado como uma forma de exprimir o monopólio uma vez que Kalecki
não aceita a teoria neoclássica dos preços em concorrência perfeita.

A concepção de Kalecki pode ser resumida do seguinte modo: na agricultura, onde a


oferta é relativamente inelástica a curto prazo e a produção é fragmentada entre inúmeros
estabelecimentos, os preços dependem fundamentalmente da demanda. Nos outros setores
de atividade, contudo, onde existe uma capacidade ociosa e onde os produtos de um mesmo
ramo de produção não são perfeitamente homogêneos, e, portanto, onde cada empresa deté
m certo domínio sobre seu mercado e sobre seu preço, o processo de formação de preços é
diferente. Para fixar o preço de seu produto, cada empresa leva em conta seu custo médio (
incluindo W e M) e o preço médio cobrado pelas firmas concorrentes ( Acrescentar equação
do LOPREATO!!!). Ou seja, a empresa toma seu custo médio como o limite mínimo do preço a
ser fixado, e a partir daí estabelece sua margem de lucro levando em conta o preço médio das
outras firmas. Assim quanto maior for seu domínio sobre o mercado exercido por uma
empresa, maior tenderá a ser seu preço em relação ao preço médio e também em relação a
seus custos médios de produção.

Temos k= V / M + W , então quanto maior for a empresa ( grau de monopólio) maior


será a magnitude de k.

Os Determinantes dos lucros

1.Equação Simplificada

P= I + Cc

É importante analisar esta equação além do senso comum que aponta que o lucro se divide
em consumo e investimento. Nesse caso o lucro seria a variável independente enquanto I e Cc
seriam as variáveis dependentes. No entanto, devemos considerar a economia como um todo;
o investimento e o consumo dos capitalistas não são obtidos pela divisão do lucro, mas, ao
contrário, o lucro se obtém pela soma dessas duas outras grandezas. Na economia marxista,
toda a renda é criada exclusivamente pelo trabalho e, ao ser criada, ela se divide entre os
trabalhadores, os capitalistas e os proprietários de terra. Portanto, não é a mesma coisa dizer
que o valor de uma determinada variável se divide em várias parcelas e dizer que o o valor da
variável é dado pela soma das parcelas. Deste modo, as variáveis independentes são o
investimento e o consumo dos capitalistas; a soma dessas duas grandezas determina o
montante dos lucros num dado período de tempo.
b. Como I e Cc determinam os lucros

No esquema os lucros correspondem ao valor da produção dos três Departamentos menos os


salários aí pagos.

Agora cabe demonstrar que o lucro depende não de todo o valor da produção, mas do valor da
produção dos departamentos I e II somente – isto é- do volume de vendas de bens de
investimento e bens de consumo dos capitalistas.

Suponha o ex da aula. Se os lucros dos capitalistas do DIII estão se ampliando, isto significa que
eles estão vendendo mais para os trabalhadores dos outros 2 departamentos; se esses
trabalhadores estão comprando mais, isto quer dizer que seus salários são maiores; sendo
maiores os salários e se a produção desses outros 2 departamentos não aumenta, então os
lucros dos capitalistas desses 2 departamentos estão diminuindo. Em suma, o aumento de
lucro no DIII é exatamente igual ao decréscimo de lucro nos outros 2 Departamentos

Para que houvesse aumentos nos lucros totais, a produção em DI e DII deveria crescer també
m, ou seja, deveria aumentar o investimento e o Cc. Portanto, é a produção desses 2
departamentos – ou mais precisamente o volume de I e Cc – que determina o volume de
lucros numa economia como um todo.

Desta forma, temos que os lucros dependem das decisões dos capitalistas; é o gasto que
determina o lucro e não o contrário. Um capitalista pode estar decidido a aumentar seu lucro,
mas ele só conseguirá isso se puder vender mais, e apenas poderá vender mais se,
obviamente, houver maior compra de seus produtos.

De forma geral o lucro total da economia só vai subir se os capitalistas decidirem vender mais
e-ou consumir mais.( gasto)

Embora num dado período de tempo o montante de lucros da classe capitalista seja
determinado pelo volume de investimento e de consumo dos próprios capitalistas, existe
também uma certa dependência destas duas últimas grandezas em relação ao montante de
lucros auferidos em período anterior de tempo. Ou seja, os lucros no período t exercem,
certamente, uma influencia sobre o investimento e o consumo dos capitalistas no período t +1.

A despeito disso, é importante frisar que o I e o Cc num dado período não são iguais aos lucros
auferidos em um dado período anterior, porque senão o volume de lucros seria exatamente
igual sempre: P(t)= I(t) + Cc (t) em t + 1; P (t+1)= I (t+1) + Cc ( t + 1) = P (t)

Assim, quando dizemos que o investimento e m consumo dos capitalistas dependem


em parte do lucro de períodos anteriores, não estamos afirmando que existe uma relação de
igualdade entre esse lucro e aquelas duas outras grandezas; estamos apenas afirmando que
tanto as decisões de I e Cc dependem, dentre outras coisas, do volume e da tendência de seus
lucros em momentos anteriores numa relação funcional.
O lucro total num determinado período de tempo é determinado pelo que os
capitalistas investiram e consumiram nesse mesmo período de tempo. O I e o Cc nesse
momento são influenciados pelo lucro passado, mas não somente por ele.

2. Equação Completa

a. Equação completa dos lucros

Salários Consumo dos trabalhadores

(menos impostos) Cc

Lucros I bruto

(menos impostos Saldo de exportação

Tributos diretos e indiretos Despesa governamental

Renda Interna Bruta Despesa Interna Bruta

Cc

Lucros Brutos I bruto

( Deduzidos impostos indiretos) Saldo de exportação

Déficit ou superávit do Governo

( - ) poupança dos trabalhadores

Para chegar na segunda tabela, partiremos da suposição já apresentada de que os


trabalhadores gastam todo o seu salários naquilo que consomem, assim eliminamos a primeira
linha. Considerando que os tributos são iguais a despesa governamental eliminados a
antepenúltima linha. Se os salários dos trabalhadores excedem o consumo então a poupança
entra no lado esquerdo com sinal negativo ( estão deixando de gastar). Se os tributos do
governo são maiores do que as despesas há um superávit e do contrário o déficit. Assim
constituímos a segunda tabela.
Esta nova equação mostra que os lucros são tanto maiores quanto maiores forem não apenas
o I e o Cc, mas também o saldo de exportação, o déficit orçamentário e menor for a poupança;
ou seja os lucros vão ser maiores dado o tamanho do gasto dos capitalistas, dos trabalhadores
e do governo.

Analisemos cada elemento.

b. Poupança dos trabalhadores

Quanto maior a poupança menor serão as vendas do DIII e, portanto, menor será o lucro de
DIII e o lucro total. Logo quanto menor for Cw1 e Cw2 menor será P3. O lucro total varia em
relação inversa à poupança dos trabalhadores.

c. saldo de exportação

Suponhamos um setor interno e outro externo. Tratemos dos lucros do interno. Se ele vende
pra fora e nada compra esse montante é o lucro.

d. Déficit do governo

Similar ao c). O governo compra com aquilo que arrecada ( tributos diretos e indiretos) basta
analisar a relação entre montante gasto e montante arrecadado.

O fato de haver impostos sobre os lucros não significa que os capitalistas dispõem de menos
recursos para seus gastos, ou seja, não quer dizer que eles diminuem seus gastos num
montante igual ao montante de impostos sobre os lucros ( ou seja não são os lucros que,
exclusivamente, determinam o investimento). Significa que deixaram de gastar um montante
igual ao dos impostos, mas nada garante que na ausência do imposto eles gastariam
exatamente o mesmo montante. Os impostos só vão afetar os lucros dos capitalistas se
afetarem as decisões de gasto com I e Cc.

Determinantes do consumo dos capitalistas


1.Equaçao do consumo dos capitalistas

O investimento, o consumo dos capitalistas, as atividades administrativas do governo e comé


rcio exterior são as quatro variáveis que comandam a dinâmica da economia capitalista.

Cct= A + qPt-z , onde q é o coeficiente que relaciona o consumo no período t ao lucro (P) no
período t-z. Em alguns trabalhos ele supõe não haver intervalo de tempo entre o lucro e o
consumo: Cct= A + qPt

O consumo dos capitalistas num período t pode ser decomposto em duas partes: uma parte A,
que pode ser considerada como constante, e uma parte qPt-z que exprime a dependência do
consumo dos capitalistas em elação a seus lucros passados. A é constante só no curto prazo,
pois em longo prazo está sujeita à alterações econômicas e sociais. O importante é notar que
esta parte A não depende dos lucros.

A parte qPt-z corresponde ao que os capitalistas consomem em função de variações em seus


lucros passados: se seus lucros foram maiores, os capitalistas aumentam essa parcela e vice-
versa. O coeficiente q exprime a relação entre uma parte do consumo presente e os lucros
passados. Como os capitalistas não gastam todos seus lucros exclusivamente em consumo,
então seu consumo no período t é menor do que os lucros no período t-z, e nesse caso 0<q<1.
É fundamental ter em mente que os lucros auferidos pelos capitalistas num determinado perí
odo de tempo influem sobe seu consumo no período seguinte. Se os capitalistas alteram seu
montante de consumo logo após os lucros mudarem z será pequeno e vice-versa.

O principal problema dessa equação é a suposição de A e q constantes, isto porque nas


economias capitalistas dinâmicas o padrão de consumo sofre um constante processo de
mudança.

2. Lucros e Investimentos

Consideremos o esquema simplificado?

Pt= It + Cct e Cct= A + qPt-z ,logo:

Pt= It + A + qPt-z

Se supusermos A e z constantes, o lucro no tempo t é uma função do investimento no mesmo


tempo t e do lucro no tempo t-z. Por sua vez, o lucro no tempo t-z é função do investimento
nesse mesmo tempo e do lucro no tempo t-2z e assim por diante.

Pt= It + q( It-z + qPt-2z + A) + A ou Pt= It + qIt-z + q²It-2z ...

; o lucro no tempo t é uma função dos investimentos nos momentos t, t-z, t-2z e etc onde 1, q
e q² são os coeficientes que relacionam o lucro a esses investimento. Quanto mais afastados
no tempo, os investimentos exercerão menos influência sobre o lucro presente. Dada a
equação, podemos levar em conta só os investimentos realizados no passado próximo, já
que os coeficientes farão que os investimentos mais antigos tendam a zero.

Logo, a equação dos lucros no momento t pode ser escrita como sendo aproximadamente
Pt = f(It-x)

Pt= It-x + A/ 1 – q ( partindo do princípio de que o consumo dos capitalista no momento t é


determinado por seus lucros no momento t-z)

VER pg 262 com governo e tc

3.Multiplicador do investimento

Pt= (It + A) 1/ (1-q); o fator 1/ (1-q) tem muita semelhança com o multiplicador keynesiano.
Onde q é a propensão marginal a consumir dos capitalistas e Kalecki relaciona o lucro com o
investimento e com o consumo autônomo dos capitalistas, isto é, o consumo que não depende
das variações nos níveis de lucros. Dada a parte estável A e dado o investimento o montante
de lucro no tempo 1 dependerá da magnitude daquele fator, ou seja, quanto maior q maior
será o lucro. Como q é menor do que 1, o fator é positivo e maior do que 1; logo, o montante
de lucro será maior do que a soma do investimento com a parte estável do consumo dos
capitalistas.

4. O papel do consumo dos capitalistas na dinâmica econômica

O lucro num dado período é determinado pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas
nesse mesmo período. Mas, por seu turno, a magnitude do consumo dos capitalistas depende
de uma parte estável A e da grandeza de seus próprios lucros, que determinam a outra parte
do consumo dos capitalistas por meio do coeficiente q, o qual, na terminologia keynesiana,
corresponde à propenso marginal a consumir ( nesse caso dos capitalistas).

Podemos concluir que, dado o investimento, o lucro será tanto maior quanto maiores forem A
e q. Assim, estes dois elementos expressam os determinantes do consumo dos capitalistas – o
lucro é determinado pelo investimento e pelo consumo do capitalistas.

Agora, se tomamos A e q como constantes, então o lucro passa a ser inteiramente


dependente do investimento(VER A ALGEBRA); é o investimento que, de modo direto e por
meio de sua influencia sobre o consumo dos capitalistas ( ou mais exatamente, sobre a parte
variável desse consumo), determinará o montante dos lucros.

Os determinantes do investimento

1.Introdução

Ou seja, num sistema capitalista do tipo laissez-faire, onde o Estado limita suas
intervenções e onde, portanto, o déficit orçamentário do Governo tem um reduzido papel, o
investimento se converte- como assinalamos no fim do capítulo 20 – na variável fundamental
da dinâmica econômica, ou seja, no principal elemento determinante dos níveis das atividades
econômicas como um todo. Desta forma se faz mister analisar os determinantes do
investimento em uma economia capitalista.

Em sua análise Kalecki distingue o investimento em capital fixo e o investimento em


estoque. Analisaremos o primeiro com afinco e o segundo será tratado apenas no final.
Kalecki separa também as decisões de investimento e os investimentos realmente efetuados.
Estas duas grandezas se apresentam separadas no tempo: Dt= I(t + v), onde D são as decisões
e I os investimentos realmente efetuados no momento t + v que é posterior.

2. Taxa de juros

Para Kalecki o papel da taxa de juros no processo de acumulação de capital ( ou, mais
especificamente, no processo de tomada de decisão de investimento por parte dos
capitalistas) é secundário. Antes disso é importante que analisemos a diferenciação que
Kalecki faz no que diz respeito aos dois tipos de taxa de juros: curto e longo prazo.

A taxa de juros de curto prazo é determinada pelo volume de transações econômicas e


pela oferta de dinheiro por parte dos bancos que pode ser controlada pela política monetária
do governo. Como a oferta não acompanha de perto as mudanças no volume de transações, a
taxa de juros de curto prazo tende a variar no mesmo sentido do volume de transações. Dessa
forma, a taxa de juros de curto prazo tende a aumentar em períodos de crescimentos econô
mico nos quais as transações se elevam, no entanto para Kalecki, como poderia se pensar, os
investimentos não são desestimulados, pois estes estão vinculados, fundamentalmente, aos
empréstimos e financiamentos de longo prazo. Para ele, a taxa de juros de longo prazo
permanece relativamente estável durante o ciclo econômico.

Vamos tentar analisar a taxa de juros em linhas mais gerais, pois a explicação de
Kalecki é bastante complicada. Para começar é preciso levar em consideração que a taxa de
juros de longo prazo – assim como a de curto prazo- depende da situação da demanda e da
oferta de moeda por empréstimos. Porém a demanda e a oferta de curto prazo são
determinadas pelo volume de transações, enquanto que em longo prazo estes mecanismos
estão relacionados com a decisão de investir do capitalista. Desta forma os eventuais
emprestadores podem confrontar as taxas de curto com as de longo prazo.

Denotaremos a estimada taxa de juros de curto prazo por ie e o risco que podem
incorrer em empréstimos de longo prazo por h. Os empréstimos de longo prazo envolvem
maiores riscos, estes são, em parte, compensados por certas vantagens como a taxa de juros
constante e a conveniência de não ter que renovar os empréstimos com tanta frequência.

Desse modo, a taxa de longo prazo é expressa por (r) : r= ie + h ( taxa de curto prazo
mais o risco). É importante salientar que ie é estimada com base em resultados anteriores e i ,
que é a taxa real de juros de curto prazo, pode ser sim maior do que r na prática. O aspecto
importante referente a taxa de longo prazo é sua relativa estabilidade., pois ao longo do
tempo ie correspondo, em termos estatísticos, a uma aproximada média móvel de certo nú
mero de anos, e, como tal, apresenta uma relativa estabilidade. Para simplificar podemos
dizer que r pode variar entre dois ciclos econômicos, mas dentro de um mesmo ciclo ela
permanece relativamente constante; portanto, r são apresenta oscilações cíclicas como i ( taxa
real de juros de curto prazo).

Outro fator importante que dá o caráter estável à r é que h varia em sentido contrário
à de ie. Sendo r= ie + h, a variação de h em direção oposta à de ie dá a r uma estabilidade.
Esse movimento de explica do seguinte modo: dentro de um ciclo econômico, as mais altas
taxas reais de juro de curto prazo se encontram na fase ascendente do ciclo, e as mais baixas
na fase descendente, de modo que o valor de ie é elevado durante a prosperidade e reduzido
durante a depressão; com a taxa de risco h acontece o contrário. Na fase da prosperidade o
cenário é otimista e o risco é baixo, e vice-versa.

Concluímos que a taxa de juros é relativamente estável ( a taxa de longo prazo


responsável por financiar os investimentos). É óbvio que os capitalistas confrontam esta taxa
com a taxa de lucro é neste sentido que as taxas de juros desempenham um papel secundário
na determinação dos investimentos.

3. Capital Empresarial e o princípio do risco corrente

O que limitaria o investimento? As deseconomias de grande escala e as limitações de


mercado., ou seja, toda firma deve ter um tamanho ótimo é o mercado é limitado. Kalecki
discorda do primeiro ponto, pois para ele o capitalista poderia investir em várias firmas
diferentes cada uma com tamanho adequado, já concorda com o segundo , mas salienta que
não resolve o problema uma vez que em um mesmo ramo existem diversas empresas de
diferentes tamanhos.

Para Kalecki o limite para o montante de um determinado investimento a ser efetuado


por uma firma é estabelecido pela dimensão do capital próprio da firma (capital empresarial).
O capital empresarial estabelece o limite do investimento por dois motivos: primeiro,
determina o grau de acesso da firma ao mercado e capitais; segundo, determina o grau de
risco do investimento a ser efetuado. Este capital empresarial vai determinar a magnitude má
xima dos empréstimos que podem ser obtidos.

Além disso, há o problema do riso crescente: dado o montante do capital empresarial,


risco corrido por uma firmar ao fazer um investimento será tanto maior quanto maior for a
grandeza do empréstimo tomado pela firma.

Quanto maior a sua acumulação interna ( uso dos próprios lucros para fins de
acumulação), maior será o capital empresarial e, consequentemente, maior será também o
montante dos empréstimos que ela pode obter para investimento; em outras palavras, quanto
maior a acumulação num dado momento, maior ainda poderá ser a acumulação no momento
seguinte.

Determinação da Renda Nacional e do Consumo

Introdução

Busca-se estabelecer uma relação entre a renda nacional e I’.


Onde V é o valor real dos salários e ordenados e Y é a renda bruta real do setor privado. O
coeficiente a ( alfa) é positivo e <1. 0<a<1 e a constante B que está sujeita a modificações em
longo prazo e também é positiva.

A diferença entre o produto nacional bruto e o produto privado bruto consiste no produto do
Governo e é medida pelos pagamentos aos empregados do setor público. A diferença entre o
valor do produto privado bruto e a renda bruta do setor privado, Y, consiste nos impostos
indiretos que se acham incluídos no valor do produto privado. Assim, a diferença entre o
produto nacional bruto e a renda bruta do setor privado consiste nos pagamentos aos
empregados do Governo e dos impostos indiretos.

Produto nacional, lucros e investimento em um modelo simplificado

Primeiro vamos supor um modelo fechado e sem governo.

Fica claro que a renda bruta ou produto bruto Yt é completamente determinado pelo
investimento It-w ( A renda atual é determinada por um investimento realizado previamente).

Papel dos fatores de distribuição é assim o de determinar a renda ou o produto com base
nos lucros, que por sua vez são determinados pelo investimento. O mecanismo dessa
determinação da renda já foi descrito no Cap. 3. Daí se conclui diretamente que as modificaçõ
es na distribuição de renda ocorrem não por meio e uma modificação dos lucros, P, mas atravé
s de uma mudança na renda buta ou produto.

Imaginemos, por exemplo, que, devido à elevação do grau de monopólio, a parcela relativa
dos lucros na renda bruta aumente. Os lucros permanecerão sem alteração, já que continuarã
o a ser determinados pelo investimento, que depende das decisões de investir originadas no
passado, mas os salários e ordenados reais e a renda bruta ou produto irão cair. O nível de
renda ou produto irá declinar até o ponto em que a parcela relativa dos lucros mais elevada
permitir auferir o mesmo nível absoluto de lucros.

Modificações no investimento e no consumo em um modelo simplificado

Pelo dito até aqui, qualquer modificação no investimento provoca uma nítida mudança na
renda.

Uma elevação em (delta) It-m provoca, com um hiato temporal, uma elevação dos lucros em:
Ademais, uma elevação dos lucros em delta P (segunda equação) provoca uma elevação da
renda bruta ou do produto.

) (1 – q)

Deve-se lembrar que q é o coeficiente que indica a parte de delta P, o incremento dos lucros,
que será dedicada ao consumo; e que alfa é o coeficiente que indica a parte de delta Y, o
incremento da renda bruta, que vai para salários e ordenados. Tanto 1 – q como 1 – a
são < 1, de modo que Yt > It –w. . Em outras palavras, a renda bruta ou produto aumenta
mais que o investimento, devido ao efeito da elevação do investimento sobre o consumo dos
capitalistas (fator 1 /1 – q) e sobrea renda dos trabalhadores ( fator 1/1-a) ( Efeito
multiplicador).

Uma vez que aqui se supõe que o consumo dos trabalhadores seja igual à sua renda, isso quer
dizer que a renda aumenta mais que o investimento, devido à influência do aumento do
investimento sobre o consumo dos capitalistas e dos trabalhadores. Durante a depressão, a
queda do investimento também motiva uma redução do consumo, de modo que a queda do ní
vel de emprego é maior do que a que se origina diretamente da contração da atividade
investidora.

O caso genérico

Abandonemos a suposição de que os gastos e os rendimentos do setor público são desprezí


veis. Assim, esta equação ainda se aplica:

No entanto, os lucros antes da dedução dos impostos não são mais iguais aos lucros depois da
dedução dos impostos. Agora coloquemos os efeitos dos tributos em a e B.

Agora as constantes a e B não depenem simplesmente dos fatores subjacentes à distribuição


da renda nacional, mas são influenciadas também pelo efeito do sistema tributário sobre os
lucros. Mantem-se a ideia de determinação com um hiato temporal. ΔY aqui é mais uma vez
maior que ΔI. Isso, contudo, é explicado não só pelo aumento do consumo dos capitalistas e
dos trabalhadores subsequente ao acréscimo do investimento, mas também pelo maior
volume de impostos diretos que pagam sobre a renda acrescida.
4.Determinantes do investimento: uma formulação

Três fatores para a decisão de investimento: 1) a acumulação interna de capital pelas


empresas, 2) as variações nos lucros e 3) as variações no estoque de capital fixo.

A acumulação interna de capital está diretamente relacionada ao nível de atividade


econômica. Quanto mais elevado for esse nível, maior será a poupança bruta dos capitalistas.
Esta poupança bruta reinvestida (acumulada internamente) o que faz com que o capital
empresarial aumente. Assim, a poupança bruta das empresas é fundamental na determinação
do montante de investimentos.

Kalecki não leva em conta só a poupança bruta das firmas, ele também adiciona a
poupança pessoal das pessoas que detêm o controle destas firmas ( poupança dos capitalistas
como um todo). Assim, a poupança bruta do total da sociedade é S.

AS variações no nível de atividade, ou mais precisamente, as variações nas taxas de


lucro também influenciam as decisões de investimento. Isto é claro: mesmo dispondo de
poupanças par investir, os capitalistas só se decidirão a investi-las se as variações nas taxas de
lucro foram favoráveis; o mesmo acontece com os recursos externos que os capitalistas
podem obter para investimento. Assim, são as variações na taxa de lucro que determinam se o
montante de investimento num dado período de tempo será igual, inferior ou superior ao
volume de poupança que os capitalistas dispõem.

A taxa de lucro pode ser expressa como a relação entre o lucro P e o estoque de capital
fixo K ( P\K). Supondo-se K constante, um aumento de P eleva a taxa de lucro; considerando P
constante um aumento de K diminui a taxa de lucro. Como as decisões de investimento variam
no mesmo sentido da taxa de lucro, então o investimento é uma função crescente do aumento
do lucro ( ΔP) e uma função decrescente do aumento do capital fixo ( ΔK). Assim as decisões
de investir num dado momento serão influenciadas positivamente pelo crescimento do lucro e
negativamente pelo acréscimo no estoque de capital fixo ocorridos no intervalo de tempo
imediatamente anterior à tomada dessas decisões.

Representemos por I ( t +v) o investimento efetuado no tempo t +v, por ΔPt e ΔKt os
aumentos, respectivamente do lucro e do capital fixo no intervalo de tempo entre t e t+v. Se,
nesse intervalo de tempo, não houvesse acumulação de capital, o aumento de lucro
provocaria, em seguida, um investimento, cuja magnitude representaremos por b ΔPt. Como,
porém já houve acumulação de capital no montante de ΔKt, então, no momento seguinte, nem
todo esse investimento de magnitude qbΔPt é efetuado. Portanto, o investimento torna-se igual
a qbΔPt - cΔKt., onde cΔKt representa o efeito negativo, sobre o investimento no momento t +
v, da acumulação de capital ocorrida no momento anterior.

Deste modo, chegamos a seguinte equação: ( D = I (t+v) )

A constante d ( ou B para Miglioli) refere-se a um parâmetro sujeito apenas a mudanç


as de longo prazo; em especial, as alterações de d refletem as inovações tecnológicas. Os
coeficientes a,b e c expressam a intensidade com que o investimento no momento t+ v reage
em função, respectivamente, da poupança total no momento t e das variações no lucro e no
estoque de capital no intervalo de tempo anterior ao momento t + v.

Analisar na pg 118 umas álgebras que ele faz para modificar a equação.

Sobre o investimento em estoques

Para Kalecki a acumulação de estoques num momento qualquer pode ser expressa,
aproximadamente, como uma função da variação do nível da produção, ou , para simplificar,
no nível de renda num período anterior.
Há que salientar que o coeficiente e e o hiato temporal θ são de fato

médias. A relação entre as alterações dos estoques e as modificações

da produção varia muito de um produto para outro, as alterações dos

estoques não apresentam uma relação direta com as alterações da produção

de serviços (que também se acha incluída em Ot). Se pudermos

esperar alguma estabilidade de e, será somente com base na correlação

entre as flutuações de diversos componentes da produção total do setor

privado, O.

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