Uma Família Supresa para o CEO
Uma Família Supresa para o CEO
Uma Família Supresa para o CEO
Thalatta Guerra
Direitos autorais © 2022 Thalatta Guerra
Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas
reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou
transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou
outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.
ISBN-13: 9781234567890
ISBN-10 1477123456
SAMUEL
Laura
Samuel
Laura
Samuel
Quando sai do quarto, minha vontade era de matar o Joel por ter
arrumado aquela confusão para mim! Eu estava a dias tentando não
pensar na merda do meu irmão e da família dele, e quando chegava em
casa... Tinha essa bomba me esperando!
Eu sei que tinha concordado em ajudar fosse lá com o que a
minha sobrinha precisasse, afinal, eu não era um monstro. A garotinha
não tinha culpa dos meus problemas do passado com o pai dela. Mas
ter essa consciência não queria dizer que eu aceitava recebê-la na
minha casa. Ainda mais junto da tia dela.
Se fosse para uma loira gata daquelas estar na minha casa, com
certeza não seria para ficar morando ali e cuidando de uma criança.
Mesmo com toda a situação conturbada, claro que eu tinha reparado
nela... Eu nem lembrava qual era o nome dela, mas dificilmente iria
esquecer a cena dela no banho...
Só que não era o momento para isso. E me lembrei disso no
momento em que sentei no sofá e algo embaixo de mim fez barulho.
A droga de um coelho de pelúcia.
Viu! Era por isso que eu não as queria no meu apartamento. Mal
tinham chegado e já estavam tomando meu quarto e espalhando
brinquedos por aí. E definitivamente ali não era um lugar nem
apropriado para crianças. Tinha mesinhas de centro com jarros de
vidro em cima e várias outras coisas quebráveis! Definitivamente eu
não queria saber de dedinhos sujos chegando perto da minha coleção
de vinis!
Sem dúvida precisava resolver aquela situação o quanto antes.
Ver outro lugar para mandá-las, nem que fosse um hotel ou sei lá o
que. Estava tentando pensar nisso quando... Vi a loira saindo do
quarto, e não vou negar que fiquei meio abalado. Ela era realmente
muito bonita!
Mas acabei voltando a mim quando reparei na coisinha pequena
que andava ao lado dela, segurando no vestido.
— "Cueio"!
Clarice viu o bichinho de pelúcia na minha mão e veio correndo
até mim para pegá-lo. Por um momento eu até fiquei com medo que
ela caísse, já que era tão pequena, mas ela conseguiu andar até mim e
abraçou o coelho de pelúcia como se não o visse há séculos. Ela ainda
falou mais alguma coisa que eu não entendi, só que no momento que
ela estendeu os braços para mim, eu acabei dando um passo para trás,
recuando.
— Como você pode ser tão insensível com sua sobrinha? — a
loira reclamou.
— Não sou insensível. Eu só... Não sei lidar com crianças, ok?!
Eu posso acabar deixando cair e quebrando, sei lá. E por que ela fica
fazendo essa cara de choro?!
Definitivamente eu não queria ficar criando proximidade com
aquela criança, ainda mais porque... Quanto mais eu olhava para ela,
mas ela me lembrava do meu irmão. Claro que numa versão em
miniatura e fofinha, mas ainda sim ela se parecia bastante com Diego.
Os mesmos olhos e nariz. Imagino que outras coisas, tipo o cabelo
loirinho, ela tivesse puxado da mãe, mas eu só conseguia pensar no
imbecil do meu irmão quando olhava para ela.
— Crianças não são tão frágeis assim. Fora que a Clarice já tem
um ano e meio. Ela já é bem independente — a loira falou e pegou a
menina no colo, antes que ela começasse a chorar. — E eu sei que isso
pode não fazer sentido para você, ou ser agradável, mas você é a cara
do Diego. Imagine isso na cabecinha de uma criança que perdeu os
pais há alguns dias.
Bem, definitivamente pensar sobre isso não era agradável, mas
olhei mais uma vez para o rostinho triste de Clarice. Era difícil mesmo
ignorar aquilo... Como eu havia dito, ela não tinha culpa do pai
babaca. Então acabei me rendendo um pouquinho, e peguei-a no colo.
Seria só um instante, para ela se acalmar. Só que na mesma hora, a
menina largou o bichinho de pelúcia para me abraçar e ficou com o
rosto escondido contra o meu pescoço. Eu podia sentir as mãozinhas
pequenas agarradas à minha camisa, como se nunca mais fosse soltar.
Cara... Eu estava mesmo ferrado.
Ainda mais porque, naquele momento, foi a loira que começou a
fazer cara de choro!
— Você... — eu não sabia bem o que dizer. Ela era grandinha
demais para eu dar colo, não é?! E eu nem sequer conseguia lembrar o
maldito nome!
— Desculpe, eu estou bem — ela disse, mas claramente não
estava bem.
Eu apenas observei enquanto ela foi sentar no sofá, e enfiou as
mãos no rosto. Não conseguia saber se ela estava chorando, mas os
ombros dela tremiam.
— Eu só... Estou cansada. Foram dias péssimos. Você não tem
ideia.
A verdade é que eu não queria ter ideia! Não queria estar
envolvido em nada daquilo. Mas acabei indo até ela e sentando ao seu
lado.
E onde infernos estava Joel que não tinha chegado ainda?!
— Eu imagino. Suponho que você e sua irmã se davam bem, não
é? Aí ela morre e te deixa com esse problema para lidar — falei
indicando a bebê.
— A Clarice não é um problema!
— A situação! Eu quis dizer a situação. Você tinha sua vida, seu
trabalho, e aí de repente tudo bagunça pela morte de alguém e um bebê
surge do nada na sua vida. Definitivamente um problema que ninguém
quer lidar.
A loira me olhou com mais raiva ainda.
— Você realmente não está nada feliz com essa situação, não é?
Tudo o que eu queria nesse momento era poder cuidar da Clarice por
conta própria, mas aí está você tendo a chance e simplesmente odiando
isso, antes mesmo de conhecer a sua sobrinha!
— Então por que raios você não fica com ela?
E eu até tentei passar a criança para a loira, mas a menininha não
desgrudou de mim!
— O problema é dinheiro?
— Não! Quer dizer... Também. Mas... Olha, é complicado. Tem
muita coisa acontecendo, ok?! Obviamente o seu irmão não teria
deixado a guarda da Clarice para você se tivesse tido uma opção
melhor. Eu sei que vocês não se falavam há anos.
— Cinco anos, para ser exato.
E aos poucos a expressão dela foi mudando, como se estivesse...
Triste?! Ou pior. Com pena de mim!
— Deve ter sido bem difícil, não é? Ter pedido ao seu irmão sem
fazer as pazes com ele. Imagino como se sinta.
— Sinceramente, moça, você está fazendo suposições demais.
Porque eu quis parar de falar com o Diego. Por mim, eu nunca mais
ficaria sabendo nada sobre ele. Então não comece a pensar coisas e me
olhar com essa cara de pena. Eu só aceitei ajudar vocês porque não ia
deixar uma criança largada em sei lá que situação. Mas por mim, tudo
isso seria resolvido pelo meu advogado e eu nem veria a cara de vocês.
E felizmente bem naquele momento, a porcaria do meu
advogado chegou. Como ainda estava com a chave da minha casa, Joel
foi entrando direto, como de costume, e pela cara de nervoso dele, ele
já devia imaginar que eu estava realmente bravo.
— Samuel... Vejo que já conheceu a Laura — ele disse, e então
eu finalmente descobri o nome dela. Laura!
— Pois é. Aparentemente alguém se esqueceu de me passar um
monte de informações.
— Bom, mas pelo menos parece que vocês estão se entendendo,
não é? A Clarice parece ter gostado mesmo de você.
Claro, ainda tinha o fato de que a menina se recusava a sair do
meu colo.
— Joel... — toda minha irritação inicial estava voltando.
— Vamos conversar, ok?! Aí explico tudo.
Joel se apressou em ir sentar no sofá de frente para Clarice e para
mim. E apesar de meio nervoso, ele parecia bastante satisfeito também.
Eu conhecia aquele cretino há anos. Não sabia o que era, mas com
certeza tinha mil coisas mirabolantes se passando pela cabeça dele. E
aí eu começava a pensar se tinha escolhido a pessoa errada para
confiar. De novo!
— Bom, primeiro, eu te passei um monte de coisas referente à
situação da Clarice e da guarda dela e você simplesmente não queria
parar para escutar direito. Eu te dei os papéis e você assinou tudo.
Inclusive você já tinha assinado um ano atrás uns documentos que o
Diego tinha assinado, referente às coisas que sua mãe deixou para
vocês.
— Joel, eram milhões de páginas! Você acha mesmo que eu ia
parar para ler tudo aquilo?! Por isso disse para você cuidar disso para
mim!
— Você é imbecil?! Por acaso assina qualquer coisa que eu te
entregue?
— Claro! Você é meu advogado e meu melhor amigo. Se eu não
confiar em você, vou confiar em quem?
E mais uma vez Joel fez aquela cara de quem queria muito me
socar, mas talvez, de alguma forma, ele tenha se sentido lisonjeado
também. Ele sabia que eu não costumava confiar em qualquer um.
Claro que agora eu estava um pouco arrependido disso.
— Então... — Laura se intrometeu na conversa — Você nem
sequer sabia que seria o tutor legal da Clarice caso algo acontecesse
com os pais dela?
— Claro que não! Tinha a merda do inventário da nossa família
sendo resolvido. Eu só vi que tinha uma partilha de patrimônios, e o
Diego ia passar as coisas para mim, tipo a casa onde crescemos.
— É, mediante ao acordo de você aceitar cuidar da Clarice caso
necessário. A casa era meio que uma garantia, sabe? De cobrir
possíveis custos com a menina.
Definitivamente o imóvel mais caro que eu já tinha visto! Não
tinha valido mesmo a pena, até porque era uma casa antiga que eu nem
chegava perto. Estava fechada há anos.
— Ok, entendi. Fiz merda, mas como resolvemos isso agora? Por
que raios a Laura não pode ficar com a menina? E por que elas não
foram para um hotel ou sei lá o que?
E olhei de Joel para Laura, esperando uma explicação, mas ela
apenas pareceu se encolher, constrangida.
— Eu bem que queria, mas... Primeiro que não teria condições de
cuidar financeiramente dela, e tem uns... Problemas de família. Umas
coisas complicadas, mas devo conseguir resolver daqui a dois anos.
— Dois anos?! E você espera que eu cuide da Clarice esse tempo
todo?
Aquilo só podia ser mesmo um pesadelo. Um pesadelo de
bochechas rosa e cachinhos loiros, que agora já estava dormindo no
meu colo.
CAPÍTULO 6
Laura
Samuel
Apesar de todo o ódio que eu sentia de Diego, não tinha mais
como negar a mim mesmo que eu havia sim ficado mal com a morte
do meu irmão.
Tendo uma família ruim e desestruturada, por muitos anos Diego
havia sido minha base, minha referência. Mesmo não sendo muito
mais velho que eu, ele também era o mais próximo de um "pai
presente" que eu tinha, já que o nosso parecia muito mais interessado
em se meter em problemas e sair pegando mulheres por aí.
Eu ainda lembrava bem das tantas vezes em que era uma criança
e escutava meus pais brigando, quebrando coisas pela casa de
madrugada... Então Diego vinha para o meu quarto e dizia que tudo
ficaria bem. Ele me emprestava seus fones de ouvido e ficava ao meu
lado até o amanhecer.
Não sei como alguém assim podia ter me traído, tomado de mim
a única mulher que eu já amei. E isso para abandoná-la também pouco
depois, até onde eu sabia.
Todas aquelas coisas eram difíceis demais de superar.
Mas a única coisa que realmente importava, era que agora tinha
uma criancinha na minha casa, e aparentemente não seria tão simples
assim me livrar dela.
E eu queria me livrar dela?!
Bem, inicialmente sim, mas... Respirei fundo. Várias decisões
precisavam ser tomadas e pelo visto eu teria que cuidar de tudo
pessoalmente, antes que Joel me arranjasse outra família surpresa,
junto com um gato e um cachorro na próxima. Então depois de um
tempo, eu saí do quarto, e Joel ainda estava conversando com Laura, e
Clarice continuava dormindo.
— Ok, vamos resolver isso logo — eu disse, chamando a atenção
dos dois.
— Eu não vou abandonar minha sobrinha — eu disse e Laura
pareceu sorrir, mas eu continuei — mas isso não quer dizer que quero
vocês diretamente na minha vida. Mesmo com esse problema de
interdição ou sei lá o que, você pode ficar aqui com ela?
Laura pareceu pensar um pouco, olhou para Joel.
— Bem, acho que sim. Meu problema principal são bens e coisas
que precisam de algum tipo de autorização judicial. Eu estou tentando
resolver isso há séculos.
— Eu posso dar uma olhada no seu caso. Se você quiser, claro —
Joel disse.
Mais uma vez ela pareceu pensar. Nós estamos oferecendo ajuda
e ela estava super receosa! E isso depois de ter atravessado metade do
país e se metido na casa de um estranho. Eu não conseguia mesmo
entender o raciocínio daquela mulher.
— Certo. Eu vou organizar os documentos e informações que
tenho comigo e te mando, ok? — ela finalmente disse
— Então, ok — eu precisava ser prático. — O próximo passo é
encontrar um lugar para você e a Clarice ficarem, porque sem
condições de ficarem aqui. Não sei se reparou, mas esse apartamento
não é exatamente o lugar mais recomendável para crianças. E eu não
vou abrir mão do meu quarto.
— Sempre territorialista... — Joel resmungou, mas se calou
quando olhei feio para ele.
— Amanhã alugamos um apartamento para vocês e vocês
passam a viver lá até essa bagunça ser resolvida. Eu cubro todas as
despesas. Se quiser, por conta do seu emprego, eu te contrato como
babá de tempo integral da Clarice, assino carteira, qualquer coisa. Só
que nem ferrando você vai largar ela aqui e sumir no mundo,
entendeu?
Eu falei tudo aquilo bastante sério e querendo deixar claro que
não aceitaria discussões ou grandes negociações. E eu até achei que a
Laura iria brigar, reclamar de sei lá o que, mas... Em vez disso, ela
veio até mim e me abraçou com um braço só, enquanto o outro ainda
estava segurando a bebê.
— Obrigada, Samuel! Muito obrigada mesmo! Eu imagino que
seja mesmo difícil para você tudo isso, mas não vai se arrepender, ok?
A Clari e eu sempre vamos ser gratas a você.
E eu até coloquei a mão no ombro de Laura para afastá-la, e foi
quando percebi que Joel estava tirando um monte de fotos daquela
cena.
— Para registrar o momento! — ele disse. — A Clari vai adorar
ver essas fotos quando for grandinha. O dia em que a nova família dela
se formou.
— Não somos uma família! — eu me apressei em dizer. — Eu só
estou cumprindo minhas obrigações de tio e tutor legal.
— Certo, entendi — Joel disse, mas o idiota não conseguia parar
de sorrir. — De qualquer forma, hoje é quarta-feira, então vocês vão
ter todo o fim de semana para se conhecerem e na segunda-feira
começamos a procurar o apartamento para as meninas.
E Joel levantou-se, pronto para ir embora.
— Na segunda?! — eu finalmente parei para pensar nos prazos
daquilo. — É tão difícil assim arrumar um lugar em dois ou três dias?
E os corretores não trabalham no fim de semana?
— Eles até trabalham, mas eu não. Sem contar que precisa de
uns dias para separar os imóveis para visitarmos. Então, a não ser que
vocês resolvam isso por conta própria... A gente organiza tudo na
segunda.
E depois daquilo, Joel simplesmente foi embora! Ele era mesmo
um grande idiota! Até porque sabia que eu iria detestar ter que ligar
para um monte de corretores e ficar procurando imóveis no meu fim de
semana.
— Bom, já está tarde, então eu posso preparar o jantar — Laura
disse. — Só vou botar a Clarice no quarto.
— No "meu" quarto?! Eu disse que não abriria mão do meu
quarto.
— Mas eu não disse para abrir mão do quarto. Samuel, eu vi o
tamanho daquela cama. Eu durmo no sofá sem problema, mas não dá
para deixar sua sobrinha de dezoito meses dormindo em um.
— E como raios eu vou passar a noite com uma criança? E se ela
acordar de noite? Fazer xixi na cama, sei lá!
E Laura me olhou como se meus questionamentos fossem
ridículos e passou direto por mim, indo para o quarto e deixando a
bebê lá. E então eu comecei a me arrepender de ter concordado com
aquilo. Até porque... Não foi daquele jeito que eu disse que as coisas
seriam. Eu queria o mínimo de mudanças possíveis na minha rotina e
agora tinha uma pessoa estranha revirando minha despensa e a
geladeira, atrás de sei lá o que.
— Você não come?! Não tem nada direito aqui. Um alho ou
cebola! Como você prepara suas refeições assim?
— Eu não reparo. Eu simplesmente peço por delivery e pronto
— eu disse e entreguei para ela o meu celular, já com o aplicativo
aberto para pedir comida.
— Ainda bem que eu trouxe as coisas de fazer a mamadeira da
Clari... — Laura resmungou, mas pegou meu celular e começou a
mexer ali e logo reclamou. — É ridículo o que cobram por um
yakisoba aqui. Eu sei fazer e não gasto nem metade disso no mercado.
— Eu prefiro pagar a ter o trabalho, então, por favor, só escolha
qualquer coisa aí logo!
E mais uma vez Laura fez uma careta para mim, para então
voltar a mexer no celular. Como raios uma mulher tão bonita podia ser
tão irritante com coisas pequenas?! Ela era oito anos mais nova que eu,
e apesar das olheiras que imagino que tenham sido provocadas pelos
últimos dias, ela parecia ter a pele bonita, e o cabelo loiro comprido
chamava mesmo atenção. Aquele vestido dela não era decotado, mas
eu não podia deixar de reparar no volume dos seios ali.
Oh, isso era péssimo!
Quer dizer, se eu teria que ficar lidando com Laura por pelo
menos dois anos, enquanto a situação de Clarice dependesse de mim,
obviamente eu não poderia me envolver com ela. Isso estava fora de
questão. Por isso proibi a mim mesmo de pensar nela daquela forma.
Seria fácil, não é?! Fui dormir tentando fixar isso na minha
cabeça, mas... Quando acordei no dia seguinte, e fui para a cozinha,
senti certas partes do meu corpo reagirem bem rápido com a cena que
vi.
Ainda era cedo, então Laura estava dormindo no sofá,
tranquilamente. O problema é que ela tinha dormido de camisola, e o
tecido havia subido para a cintura dela, como toda boa camisola fazia...
E como o lençol tinha ido parar no chão, devo dizer que era uma vista
e tanto ali.
Só que a função de Laura na minha vida era apenas cuidar de
Clarice! Eu não iria me deixar levar. E com isso em mente, peguei o
lençol do chão e a cobri, deixando o ambiente mais "seguro". E talvez
ela estivesse com frio, porque se ajeitou melhor no sofá, se agarrando
ao lençol e murmurando algo.
— Alice...
Foi então que reparei que, mesmo sendo de manhã cedo, o rosto
de Laura tinha típicas marcas de choro.
E mais uma vez, eu não queria me importar com ela, mas... Antes
que me desse conta, estava ajoelhado ao lado do sofá afagando seu
cabelo.
Talvez ela estivesse se sentindo tão sozinha quanto eu, e sabendo
o quão ruim era isso, se tornava mesmo difícil de ignorar. Mas respirei
fundo e logo me afastei. Precisava ir para o trabalho e inventar a
melhor desculpa para só sair de lá bem tarde.
CAPÍTULO 8
Laura
SAMUEL
Laura
Samuel
Laura
Eu ainda não acreditava que Samuel havia nos feito perder tempo
procurando por apartamentos enquanto tinha uma casa incrível,
literalmente, pegando poeira e abandonada!
Não sei se era por eu ter crescido em uma casa parecida com
aquela, mas o lugar realmente parecia ótimo, apesar do mal estado de
conservação. Mas não tinha nada que não pudesse ser arrumado ali em
poucos dias. Isso se conseguíssemos reativar a luz e por internet
rápido, claro.
De qualquer forma, ficou mesmo acertado a mudança para lá.
Então no sábado pela manhã deixamos Clarice com Teresa, que tinha
se voluntariado para cuidar dela, e fomos olhar a casa com mais calma.
E foi só quando chegamos lá é que percebi que era a primeira vez que
realmente ficava sozinha com Samuel...
— Você realmente tem certeza que quer ficar aqui? — Samuel
ainda parecia insatisfeito com aquela ideia. — Dá para procurarmos
uma casa para alugar também, embora eu ache que apartamentos são
melhores.
— Como você implica com isso! — eu disse e fui abrindo as
janelas da casa, para o ar circular.
Pela manhã, o lugar parecia ainda melhor, com toda aquela luz
natural. Dava para ver agora que era bem ventilado e tinha vários
detalhes bonitos na casa, desde as luminárias aos detalhes de gesso do
teto.
— Sua mãe deve ter cuidado muito bem da casa. Os móveis
todos combinam. Ainda bem que não estragaram — eu disse enquanto
analisava uma estante na sala.
Acabei vendo que ali tinha um porta-retrato antigo, com uma
foto de duas crianças, que facilmente percebi que eram Diego e
Samuel. Eles estavam abraçados e sorrindo, parecendo que se davam
muito bem. Só que pouco depois Samuel veio até mim e tirou a foto de
minhas mãos.
— Definitivamente ela gostava mais dessa casa do que dos
próprios filhos. Então nem Diego e nem eu nunca tivemos muito
apreço por esse lugar.
Samuel disse aquilo com certo amargor, mas ficou olhando para
a foto, parecendo meio triste também. Volta e meia parecia que ele se
perdia em meio a pensamentos, sentimentos e lembranças antigas. No
início eu achava difícil entendê-lo, mas agora acho que começava a ter
uma ideia. Então coloquei minha mão sobre a dele, chamando sua
atenção.
— Então talvez essa seja a oportunidade de dar uma história
melhor para essa casa, não acha? Vocês passaram anos aqui, e mesmo
que não tenha sido exatamente um bom período, parece que ainda tem
uma ou outra lembrança boa.
E Samuel me encarou por uns segundos, sem dizer nada, para
então dar uma discreta risada.
— Você realmente quer bagunçar tudo, não é? Minha vida,
minhas ideias e até minhas lembranças... É realmente difícil lidar com
você, sabia?
— Bagunçar tudo é um dos meus muitos talentos.
E dessa vez Samuel riu de verdade. Era uma risada bonita, em
um tom grave, e finalmente parecia que ele estava relaxando um
pouco.
— É, talvez você tenha razão — ele acabou dizendo. — No
fundo eu sei que nem todas as coisas aqui foram ruins. Tipo... Meu
relacionamento com meu irmão. Não que eu vá perdoá-lo pelas coisas
que aconteceram, mas... Existiu um Diego antes disso. Que foi mesmo
um bom irmão mais velho. E de certo modo, os bons momentos com
ele foram justamente nessa casa. Então faz um pouco de sentido a
Clarice viver aqui.
E eu fiquei mesmo surpresa com aquilo. Por mais que aquela
fosse minha argumentação, não esperava conseguir convencer Samuel
disso, ainda mais tão rápido. Era até estranho ver que ele estava
mesmo me escutando, levando em conta que antes ele parecia me odiar
e me querer longe dali.
E como ele já parecia mais maleável ali, acabei convencendo ele
a olhar os armários e revirar as coisas antigas da mãe dele. Parecia que
nada ali tinha sido tocado desde o falecimento dela, dois anos atrás.
Então ele ficou bem surpreso de ver que ainda tinham muitas coisas da
época em que ele era criança, desde fotografias, alguns brinquedos que
ele nem se lembrava mais e até umas roupinhas já muito antigas de
bebê, que pareciam ter sido guardadas com bastante cuidado.
De certa forma, acho que essas coisas acabaram mexendo com
Samuel mais do que ele queria admitir. Fomos direto para casa, já que
estávamos bem sujos da poeira da casa, e durante todo o percurso ele
ficou quieto.
Eu não consegui nem comentar o fato de que ele havia levado
para casa a fotografia em que estava junto com Diego.
— Já avisei a Teresa que daqui a pouco vamos passar para buscar
a Clarice. Ela disse que está tudo bem por lá — Samuel disse quando
chegamos em casa, em um tom bastante casual. — Aí buscamos a
Clari e almoçamos em um restaurante.
Eu apenas concordei e fomos nos aprontar. Claro que não perdi a
chance de falar em como era inconveniente apenas um banheiro em
um apartamento daquele tamanho, mas Samuel apenas riu e não
reclamou de minhas reclamações. As coisas estavam mesmo melhores
entre nós, e também... Estávamos ficando mais íntimos depois de
tudo.
Eu estava no banheiro penteando o cabelo, com a porta aberta,
quando ele entrou ali para pegar o perfume que havia esquecido. E era
impossível não pensar em como, mesmo sem o perfume, ele já tinha
um cheiro maravilhoso. Fui olhar para ele pelo espelho, e então vi que
ele estava me olhando também.
— Acho que... Vai ser estranho quando vocês forem embora —
ele disse de repente.
— É? — eu deixei o pente de lado e me virei para Samuel.
Aqueles olhos azuis tão intensos... Eu sentia um frio na barriga
toda vez que o encarava.
— Eu não esperava por isso, mas acho que acabei me
acostumando rápido com vocês aqui.
— Bem... Minha irmã costumava dizer que é fácil se acostumar
com as coisas boas.
E eu até tentei soar confiante quando disse isso, mas minha voz
saiu meio baixa, tremida... Era difícil parecer firme quando Samuel
Vidal estava tão perto de mim daquele jeito. Ele chegou um pouco
mais perto e eu precisei prender a respiração por um instante, tentando
manter a calma.
— Eu costumava gostar de como as coisas eram antes — ele
disse em um tom baixo.
— E agora?
Samuel apoiou uma das mãos na pia atrás de mim e nesse ponto
parecia mais uma questão de eu ter esquecido como se respirava.
— Quando vocês chegaram... Parecia um pesadelo. Mas agora...
E ele estava tão perto, com o corpo praticamente encostado ao
meu. Ele parecia estar testando minha reação, ver o que eu faria, mas
eu estava paralisada diante daquele homem. Eu só ficava desejando
que ele me agarrasse ali mesmo, ao mesmo tempo em que morria de
medo disso acontecer e ter que lidar com as consequências depois!
— Você tem mesmo bagunçado tudo, Laura. Minha vida, meus
pensamentos, meus desejos...
E a sensação era de estar sendo devorada pelo olhar de alguém.
Um desejo tão palpável que me causava arrepios. E não tinha como
negar o óbvio: eu o desejava também.
— Samuel...
Ele pareceu hesitar por um segundo, como se tentasse se agarrar
a qualquer vestígio de sanidade e responsabilidade naquele momento,
mas eu mesma já havia desistido disso. Eu só conseguia manter meus
olhos presos aos dele, mantendo a respiração presa.
Foi então que Samuel juntou os lábios aos meus, num beijo
intenso. Fui imprensada entre a pia e o corpo forte de Samuel e
finalmente pude me deixar levar pelas coisas que sentia. Passei os
braços em torno do pescoço dele e deixei que sua língua invadisse
minha boca enquanto suas mãos já passeavam pelo meu corpo.
Como um homem podia acender um fogo tão intenso em mim
com apenas um beijo?! Ou talvez falar "apenas um beijo" fosse errado,
porque aquele parecia ser, sem dúvida, o melhor beijo da minha vida.
Samuel era um sedutor experiente e agora parecia estar usando tudo
aquilo contra mim. Minhas pernas já estavam bambas quando Samuel
me suspendeu, me colocando sentada na bancada da pia. Acabei
passando as pernas em torno dele, o puxando para perto.
E como eu estava de vestido, claro que o tecido acabou subindo...
— Como pode ser tão gostosa assim e esperar que eu me
controle? — ele sussurrou junto ao meu ouvido.
— Eu... Nunca pedi isso... Que se controlasse.
Notei o sorriso cínico dele na hora.
— Laura... Nós devíamos manter certo limite, sabe — Samuel
disse isso, mas foi enquanto deslizava a alça do meu vestido para
baixo. — Eu nunca fui do tipo "bom moço", um cara de família...
Meu coração já estava desesperado na hora. Como Samuel
esperava que eu mantivesse o controle quando ele me provocava
daquele jeito?! Samuel desceu meu vestido até a cintura, expondo
meus seios, e quando voltamos a nos beijar, ele me tocou ali, com suas
mãos grandes e firmes, e acabei arfando por entre o beijo.
Eu nunca havia me sentido tão envolvida por alguém, desejando
tanto ser tocada e possuída por um homem. E claro que eu queria tocá-
lo também. Queria arrancar as roupas do Samuel e sentir o corpo dele
completamente junto ao meu.
Só que antes que eu pudesse por meu plano em prática, o celular
de Samuel começou a tocar.
— Ignore — ele disse e foi descendo seus beijos pelo meu
pescoço.
— E se for importante? — eu ainda tentei ser racional.
— Mais importante que isso?
As mãos de Samuel apertaram minhas coxas e eu queria poder
esquecer de todo o resto do mundo naquele momento. Só que quando o
celular dele parou de tocar, aí foi o meu que começou.
— Deve ser a Teresa... A Clarice...
Samuel resmungou em frustração, mas se afastou. E eu nem
saberia explicar também o quanto me senti frustrada naquela hora, mas
subi meu vestido e corri para atender a ligação. Aparentemente Clarice
havia tido um pesadelo e estava chorando muito, chamando pelo pai e
pela mãe. Eu ainda falei com minha sobrinha pelo telefone, tentando
acalmá-la, mas precisávamos mesmo ir buscá-la logo.
Samuel também parecia estar fazendo certo esforço para se
acalmar e voltar à racionalidade, mas por fim se aprontou logo para
irmos buscar Clarice.
— Então ser pai é tipo isso? Ter momentos assim interrompidos
para cuidar da criança?
Eu acabei rindo ao escutar aquilo.
— Bem vindo à paternidade, Samuel. Você está mesmo cada vez
mais parecido com um pai.
E pela cara de chocado que Samuel fez naquele momento,
entendi como aquele comentário o surpreendeu. Provavelmente ele não
tinha se visto daquela forma até então, mas era inegável como ao longo
daqueles dias, ele estava se comportando cada vez mais como se fosse
pai de Clarice.
E eu não podia negar que achava isso maravilhoso.
CAPÍTULO 13
SAMUEL
Laura
SAMUEL
LAURA
Samuel
LAURA
SAMUEL
Laura
SAMUEL
LAURA
SAMUEL
LAURA
SAMUEL
LAURA
MARISA ALVES, uma jovem professora virgem, que aceitou uma proposta
arriscada: um casamento arranjado com um empreiteiro rico para seguir
com os planos dele de proteger a pequena cidade onde vive. Mas ela não
imaginava o quão difícil seria lidar com a família de seu falecido “marido”.
Mas em meio a todas as brigas e disputa pelo direito a herança, Marisa não
esperava acabar se encantando por uma linda bebezinha de dois anos, e
muito menos esperava acabar se apaixonando pelo pai dela: o irmão de seu
falecido marido.
LIVRO ÚNICO.
Mathias Castillo não era apenas um CEO implacável, o jovem bilionário era
um mulherengo sem salvação, acostumado a ter todas as mulheres que
queria. Escondendo uma grande mágoa do passado, ele comandava a
empresa da família com punhos de ferro, até ver sua vida ser revirada pela
sua nova funcionária. Uma bela jovem que não pensou duas vezes antes de
lhe dar um tapa na cara!
Eliza Diaz havia focado sua vida nos estudos e no trabalho. Mesmo
solitária, a jovem era determinada e sabia onde queria chegar. Mas ao
começar em seu novo emprego, não estava preparada para o maior desafio:
conviver com um chefe problemático, mas terrivelmente sedutor.
Agora entre brigas e uma forte atração, Eliza e Mathias vão se encarar e
descobrir até onde aqueles novos sentimentos vão.