EQ601 GrupoA Relatório5
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EXPERIMENTO 5:
CAMADA LIMITE
Grupo A
Ana Cristine Boniatti Zilio RA: 231059
Deborah Leal Pedrassoli RA: 237858
Isabela Soares Antunes RA: 238008
Leandro Barbosa RA: 238108
Letícia Marques Rosa RA: 247892
Sabrina Megumi Hayata RA: 238274
Campinas
03 de junho de 2024
SUMÁRIO
1
1. DECLARAÇÃO DE AUTORIA E RESPONSABILIDADE
2
2. RESUMO
3
3. OBJETIVOS
4. INTRODUÇÃO
5. REVISÃO TEÓRICA
Para escoamentos nos quais o objeto está submerso no fluido, ou seja, escoamentos
externos, tem-se uma peculiaridade divergente de escoamentos internos: formação da camada
limite para escoamento de fluidos pouco viscosos. Conforme previamente citado, a camada
limite define-se como uma fina camada que se forma em torno do objeto pelo qual o fluido
4
está escoando, onde tem-se o efeito de forças de atrito/forças viscosas, podendo dividir-se o
escoamento em interno à camada limite e externo (independente do sólido, onde as forças
viscosas resultantes são desprezíveis quando comparadas às inerciais ou forças de pressão). A
camada limite (CL) é uma fina região adjacente à superfície, onde o escoamento é
retardado pela influência da fricção entre o sólido e o fluido. (DE AZEVEDO MAIA, et al,
2024).
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 (5.1)
5
Figura 5.1 - Representação da camada limite (Pequeno, 2020).
2 2
𝑃1 𝑣1 𝑃2 𝑣2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2 (5.2)
ρ𝑔 2𝑔 ρ𝑔 2𝑔
(Equação 5.3):
𝑣 = 2 𝑔 ∆ℎ (5.3)
Para o caso de placas inclinadas, o ângulo de inclinação θ deve ser considerado para o
cálculo da altura manométrica, de forma com que a velocidade para o caso de uso do tubo de
Pitot em placas inclinadas seja dada pela Equação 5.4:
𝑣 = 2 𝑔 ∆ℎ 𝑐𝑜𝑠 θ (5.4)
6
Ademais, é importante realizar o cálculo da correção da densidade para o caso dos
pontos 1 e 2 não serem de mesma composição (Equação 5.5):
(ρá𝑔𝑢𝑎 −ρá𝑟 )
𝑣 = 2 𝑔 ∆ℎ 𝑐𝑜𝑠 θ (5.5)
ρá𝑟
Dentro da camada limite, o escoamento ainda deve ser classificado, variando entre
escoamento laminar, escoamento em transição e escoamento turbulento. A camada limite
começa com um escoamento laminar, seguido por um que atua na fase de transição e, por
fim, tem-se um escoamento turbulento. É definido como Reynolds crítico (Equação 5.6) o
Número de Reynolds no qual o escoamento na camada limite deixa de ser integralmente
laminar (ÇENGEL, 2007). Para um escoamento externo sob uma placa plana, por exemplo,
este se dá em um comprimento xcr da placa (Figura 5.2). Alguns fatores influenciam esse
comprimento crítico, tal como a rugosidade da placa e a velocidade da corrente livre que
caracteriza o escoamento, bem como a viscosidade do fluido em questão, por exemplo.
Figura 5.2 - Formação da camada limite em uma placa plana (Çengel, 2007).
𝑥𝑐𝑟 ρ 𝑎𝑟
𝑣𝑥
𝑅𝑒𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 = µ
(5.6)
𝑎𝑟
7
Para classificar-se um ponto do escoamento da camada limite para o experimento,
utiliza-se a Equação 5.7, sendo x a distância medida pelo micrômetro entre o tubo de Pitot e a
placa e 𝑣𝑥 a velocidade da corrente livre:
𝑥ρ 𝑎𝑟
𝑣𝑥
𝑅𝑒 = µ
(5.7)
𝑎𝑟
∂𝑢 ∂𝑣
∂𝑥
+ ∂𝑦
= 0 (5.8)
( )
2
∂𝑢 ∂𝑣 1 ∂𝑃 ∂𝑢
𝑢 ∂𝑥
+𝑣 ∂𝑦
= − ρ ∂𝑥
+ 𝑣 ∂𝑦
(5.9)
∂𝑃
∂𝑦
≈ 0 (5.10)
No entanto, tais equações não apresentam soluções analíticas, dessa forma, para
resolução desse problema, principalmente, Blasius propôs soluções por similaridade. Para
permitir os cálculos da espessura da camada limite, assim como, coeficiente de atrito e
também força de arraste, expressas nas Equações 5.11, 5.12 e 5.13.
δ 4,64
𝑥
= (5.11)
𝑅𝑒𝑥
0,664
𝐶𝑓𝑥 = (5.12)
𝑅𝑒𝑥
2
ρ𝑣∞
𝐹𝐾 = 𝐴𝐶𝑓 (5.13)
2
8
Representado na Figura 5.3 tem-se um esquema da camada limite para visualização
da espessura da camada limite, bem como qual seria a velocidade 𝑣∞, que representa a
Figura 5.3 - Representação da camada limite em uma placa plana horizontal parada. Fonte: Roteiro do
Experimento 5.
Vale ressaltar que para as equações de espessura da camada limite (Equação 5.11) e
para coeficiente de atrito (Equação 5.12) a equação tem uma faixa de validade de acordo com
o regime de escoamento. O que faz necessário as Equações 5.14 e 5.15 para quando o regime
de escoamento for turbulento, ou seja, Número de Reynolds maior que 3106
(ÇENGEL,2007).
δ 0,376
𝑥
= 0,2 (5.14)
𝑅𝑒𝑥
0,059
𝐶𝑓𝑥 = 1
(5.15)
5
𝑅𝑒𝑥
9
6. MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 6.1 - Aparato experimental para o experimento de camada limite. Fonte: Roteiro.
10
distâncias entre o tubo de Pitot e a placa. E juntamente medir essas distâncias utilizando o
micrômetro. Para assim, obter-se uma curva de calibração para o micrômetro, ou seja, um
gráfico que relacione a distância real (medida no papel milimetrado) com a escala do
micrômetro.
7. DADOS EXPERIMENTAIS
11
Tabela 7.1 - Dados de distância em relação à placa utilizados para calibração do micrômetro.
Papel Micrômetro
Medida
milimetrado (m) (m)
1 0,005 0,00477
2 0,008 0,00732
3 0,011 0,01069
4 0,014 0,01360
5 0,017 0,01508
6 0,020 0,01801
7 0,022 0,02135
8 0,023 0,02134
9 0,025 0,02513
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Tabela 7.3 - Medidas coletadas para placa lisa com aleta.
13
Tabela 7.5 - Medidas coletadas para placa rugosa com aleta.
Lisa plana 26 27
Rugosa 27 26
8. MEMÓRIA DE CÁLCULO
Nesta seção serão apresentados os cálculos que foram realizados para chegar nos
resultados obtidos. Para efeitos de simplificação, para os exemplos foi utilizada a medição 1
do experimento com a placa lisa sem aletas.
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da reta, a distância real foi calculada pela Equação 8.1. A partir disso, foram obtidas as
distâncias para cada medição. Abaixo, segue o exemplo da distância obtida para a medição 1.
𝑥 = 5 𝑚𝑚 e 𝑦 = 4, 77 𝑚𝑚
𝑦 = 0, 967𝑥 − 0, 0003268 (8.1)
𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙+𝑇𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 26+27
𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 2
= 2
= 26, 5°𝐶 (8.2)
ρ30−ρ25
ρ26,5, á𝑔𝑢𝑎 = ρ25 + 𝑇30−𝑇25 (𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 − 𝑇25) (8.3)
995,6−997
ρ26,5, á𝑔𝑢𝑎 = 997 + 30−25
(26, 5 − 25)
−3
ρ26,5, á𝑔𝑢𝑎 = 996, 58 𝑘𝑔 𝑚
ρ30−ρ25
ρ26,5, 𝑎𝑟 = ρ25 + 𝑇30−𝑇25 (𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 − 𝑇25) (8.4)
1,164−1,184
ρ26,5, 𝑎𝑟 = 1, 184 + 30−25
(26, 5 − 25)
−3
ρ26,5, 𝑎𝑟 = 1, 178 𝑘𝑔 𝑚
Desse mesmo modo foi feito o cálculo da viscosidade, porém não foi necessário
calcular para água, pois o Número de Reynolds depende apenas da viscosidade do ar.
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µ30−µ25
µ26,5, 𝑎𝑟 = µ25 + 𝑇30−𝑇25 (𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑎 − 𝑇25) (8.5)
−4 −4
−4 18,6×10 −18,37×10
µ26,5, 𝑎𝑟 = 18, 37 × 10 + 30−25
(26, 5 − 25)
−6 −1 −1
µ26,5, 𝑎𝑟 = 18, 439 × 10 𝑘𝑔 𝑚 𝑠
Na sequência, o cálculo para definir a altura manométrica real foi feito utilizando a
Equação 8.6. Dessa forma, a inclinação escolhida foi 1,36136 radianos (78º), para demonstrar
o cálculo foi utilizada a medição 1, consulta na Tabela 7.2, do experimento de placa plana lisa
sem aletas.
| |
∆ℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 = ℎ2 − ℎ1 . 𝑐𝑜𝑠(𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜) (8.6)
|208−136|
∆ℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 = 1000
. 𝑐𝑜𝑠(78°)
Já para efetuar o cálculo da velocidade foi utilizada a Equação 7.4. Dessa forma, para
demonstrar foram utilizados os valores de densidade, viscosidade e altura real calculados nas
seções anteriores, 8.2 e 8.3, e a gravidade como 9,81 m.s-2.
ρá𝑔𝑢𝑎−ρ𝑎𝑟
𝑣= 2 𝑔 ∆ℎ𝑟𝑒𝑎𝑙 (8.7)
ρ𝑎𝑟
−2 996,58−1,178
𝑣= 2 · 9, 81 · 1, 50 × 10 1,178
16
−1
𝑣 ≃ 15, 75 𝑚 . 𝑠
Mais uma vez esse cálculo foi repetido para todas as medições. Com as velocidades
calculadas, foi possível obter o perfil da velocidade através de gráficos do tipo velocidade em
função da distância real (Figura 9.2)
A partir da Equação 8.8 foi calculado o Número de Reynolds para cada medição.
Sendo assim, para demonstrar foram utilizados os valores calculados anteriormente para
medição 1 do experimento de placas plana lisa sem aletas.
ρ𝑎𝑟𝑣 𝐷𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑅𝑒𝑥 = µ𝑎𝑟
(8.8)
1,178×15,75×0,018
𝑅𝑒𝑥 = −4
18,439×10
2
𝑅𝑒𝑥 = 1, 81 × 10
Mais uma vez esse cálculo foi repetido para todas as medições.
Por fim, por meio da Equação 8.9 foi calculada a espessura da camada limite de todos
os casos. Para exemplificar, foi calculado utilizando o Número de Reynolds obtido
anteriormente e a distância real calculada através da calibração do micrômetro.
4,64𝑥 6
δ𝑙𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟,𝑥 = 1 . 10 (8.9)
2
𝑅𝑒𝑥
4,64×0,018 6
δ𝑙𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟,𝑥 = 1 𝑥10
(1,81×102)
2
4
δ𝑙𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟,𝑥 = 2, 19 × 10 𝑚
0,376𝑥
δ𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜,𝑥 = 0,2
𝑅𝑒𝑥
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Esse mesmo cálculo foi repetido para todas medições do experimento, e no final foi
obtida uma curva demonstrando o perfil da camada limite (Figura 9.3).
9. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através dos dados obtidos na calibração do micrômetro, foi possível realizar o ajuste
linear da distância medida no papel milimetrado pela distância medida no micrômetro através
−4
do gráfico mostrado na Figura 9.1. Obteve-se, então, a equação 𝑦 = 0, 967𝑥 − 3, 27 · 10
para o ajuste, em que o coeficiente angular é aproximadamente 1, indicando uma boa
aproximação entre os valores de distância real e os medidos pelo micrômetro. E como o R2
também está próximo de 1, o ajuste tem precisão suficientemente grande.
18
Figura 9.2 - Perfil de velocidade para placa A) lisa sem e com aletas, B) rugosa sem e com aletas.
Como ilustrado pela Figura 9.2, os perfis de velocidade para a placa lisa (A)
apresentam curvas bem mais constantes do que os perfis para a placa rugosa (B). Isso indica
que a velocidade para a placa lisa é, provavelmente, bastante próxima à velocidade de
corrente livre a qualquer distância da placa e, portanto, a camada limite seria muito delgada.
Por outro lado, os perfis para a placa rugosa apresentam clara diferença na velocidade em
função da distância da placa.
Comparando, agora, os casos sem aleta e com aleta, pode-se perceber que, tanto para
a placa lisa (Figura 9.2A) quanto para a placa rugosa (Figura 9.2B), a velocidade diminuiu
diante do acoplamento das aletas. Isso ocorre porque as aletas foram acopladas de forma a
gerar um gradiente de pressão desfavorável, o que diminui a velocidade e, como será
explorado na próxima seção, aumenta a espessura da camada-limite. Apesar da diminuição
significativa da velocidade, nenhum dos dois perfis com aleta apresenta descolamento da
camada limite.
Os resultados obtidos na Figura 9.2A foram distantes dos esperados na literatura, já
que, para uma camada limite laminar, esperava-se um perfil de velocidade parabólico, como
apresentado anteriormente na Figura 5.1. Para a Figura 9.2B, os perfis foram mais próximos
dos perfis parabólicos encontrados na literatura (Figura 5.1). Por fim, a redução da velocidade
diante da adição de aletas com gradiente de pressão positivo era esperado.
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9.3. ESPESSURA DA CAMADA LIMITE
A partir dos valores de espessura da camada limite encontrados, foi possível obter os
perfis de camada limite para a placa lisa sem aleta, para a placa rugosa sem aleta, para a placa
lisa com aleta e para a placa rugosa com aleta (Figura 9.3).
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10. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Os resultados obtidos para o escoamento sobre placa lisa com e sem acoplamento de
aletas ficaram distantes dos observados na literatura. Para uma camada limite laminar, o perfil
de velocidade esperado era parabólico e a mudança de espessura da camada limite deveria ser
mais abrupta. Isso pode ter ocorrido devido a erros cometidos durante a realização do
experimento, como: o tubo de Pitot não estar totalmente fixo em sua base e eventualmente
rotacionar, o que gera leituras imprecisas das alturas manométricas. Apesar disso, a espessura
mais delgada da camada limite em placas lisas condiz com a literatura.
A placa rugosa teve resultados mais próximos aos da literatura. O perfil de velocidade
segue um padrão parabólico e a camada limite é mais larga. Portanto, chega-se à conclusão de
que a rugosidade tem um papel importante nos resultados do perfil de velocidade e no perfil
de camada limite. Nota-se que utilizando a placa lisa alcança-se velocidades mais altas e uma
menor espessura da camada limite, ou seja, o fluido, nesse caso, o ar conseguiu chegar
próximo de sua velocidade de corrente livre, por conta da menor resistência de atrito na
placa.
A presença de aletas fica aparente ao comparar ambos os perfis (Figuras 9.2 e 9.3),
em que nota-se uma queda na velocidade de escoamento e um aumento na espessura da
camada decorrentes do gradiente de pressão positivo gerado por essas estruturas.
Sugere-se uma melhoria no equipamento em que se está fixado o tubo de Pitot, além
de uma forma de relacionar a espessura da camada limite com o decorrer do escoamento, ou
seja, uma outra disposição do tubo de Pitot em que se possa realizar as medidas da camada
limite em cada ponto da placa (do zero ao comprimento total).
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11. DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES
Nome Atividade
22
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE AZEVEDO MAIA, Cássia Silva; NETO, Marlipe Garcia Fagundes; MARIANO, Felipe
Pamplona. Análise da camada limite a partir de experimento em túnel de vento utilizando
placa plana de camada limite para estimativa de potencial eólico. Cuadernos de Educación
y Desarrollo, v. 16, n. 1, p. 2566-2585, 2024;
HAYNES, W. M.; LIDE, D. R.; BRUNO, T. J. CRC handbook of chemistry and physics a
ready-reference book of chemical and physical data. 95th. ed. [s.l.] Boca Raton, Fla Crc
Press, 2014.
YAMAGUTI, Mateus Xavier; CRUZ, Ricardo Souza; NETO, João Teles de Carvalho.
Simulação de paquímetro e micrômetro para ensino e avaliação em ambientes virtuais de
aprendizagem. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 45, p. e20230178, 2023.
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