Dia Do Senhor 3 Catecismo de Heidelberg
Dia Do Senhor 3 Catecismo de Heidelberg
Dia Do Senhor 3 Catecismo de Heidelberg
R. Não, Deus criou o homem bom¹ e à sua imagem², isto é, em verdadeira justiça e
santidade, para conhecer corretamente a Deus seu Criador, amá-Lo de todo o coração e
viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e glorificá-Lo³.
(1) Gn 1:31: ³¹ E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom.
Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.
(2) Gn 1:26,27: Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem
rente ao chão".
27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou.
(3) 2Co 3:18: ¹⁸ E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do
Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados.
(2) Sl 51:5: ⁵ Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu
minha mãe.
Jo 3:6: ⁶ O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.
8. Mas nós somos tão corrompidos que não podemos fazer bem algum
e que somos inclinados a todo mal?
(1) Gn 6:5: ⁵ O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e
que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o
mal.
Gn 8:21: ²¹ O Senhor sentiu o aroma agradável e disse a si mesmo: "Nunca mais
amaldiçoarei a terra por causa do homem, pois o seu coração é inteiramente
inclinado para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres vivos
como fiz desta vez.
Jó 14:4: ⁴ Quem pode extrair algo puro da impureza? Ninguém!
Jó 15:14-16: ¹⁴ "Como o homem pode ser puro? Como pode ser justo quem nasce de
mulher?
¹⁵ Pois se nem nos seus Deus confia, e se nem os céus são puros aos seus olhos,
¹⁶ quanto menos o homem, que é impuro e corrupto, e que bebe iniqüidade como
água.
Jó 15:35: ³⁵ Eles concebem maldade e dão à luz a iniqüidade; seu ventre gera
engano.
Is 53:6: ⁶ Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para
o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.
Tt 3:3: ³ Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes,
vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos
na maldade e na inveja, sendo detestáveis e odiando-nos uns aos outros.
(2) Jo 3:3-5: ³ Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver
o Reino de Deus, se não nascer de novo".
⁴ Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não
pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer! "
⁵ Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se
não nascer da água e do Espírito.
1Co 12:3: ³ Por isso, eu lhes afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz:
"Jesus seja amaldiçoado"; e ninguém pode dizer: "Jesus é Senhor", a não ser pelo
Espírito Santo.
2Co 3:5-6: ⁵ Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos
próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus.
⁶ Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do
Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica.
ESBOÇO DE ESTUDO
DOMINGO 3
Pergunta e resposta 6:
1. Por que motivo o Catecismo faz a Pergunta 6? Para enfatizar nossa natureza má ou para
livrar Deus da culpa por nosso pecado?
EXPLICAÇÃO: A resposta anterior nos leva a perguntar quem é o culpado pela situação do
homem. A pergunta 6 é natural e até lógica. O Domingo 3 trata da origem do pecado. Primeiro
precisamos conhecer o começo da história, a criação. Gênesis 1 e 2 dizem que tudo o que Deus
fez era bom. Também o homem que Ele criou era bom. Não é correto dizer que o homem sempre
teve uma natureza má. Houve uma época em que o homem não cometia nenhum pecado: após a
criação e antes da queda. O homem bom podia fazer o que Deus queria que ele fizesse. Deus tinha
um plano com o homem e o homem tinha as condições de agir conforme esse plano de Deus.
Conclusão: nossa natureza má não é a culpa de Deus.
2. O que significa que “Deus criou o homem à sua imagem”? Será que, o homem tem a
aparência de Deus?
EXPLICAÇÃO: Uma imagem é uma representação gráfica ou fotográfica de uma pessoa ou de
um objeto. No Brasil há muitas imagens de Maria, a mãe de Jesus. Mas “imagem de Deus”
significa uma coisa bem diferente. Ninguém pode ser uma representação gráfica ou fotográfica de
Deus. Adão não parecia com Deus. “Feito à imagem de Deus”, Adão era “filho de Deus” (Lucas
3:38) com uma tarefa grandiosa. Deus que é o Rei do céu e da terra queria ter um representante na
terra. Era o homem, seu vice-rei. Devia governar sobre a terra e todas as criaturas de Deus,
representando o Criador.
3. Leia Efésios 4:24. O que este verso diz sobre a nova natureza do homem?
EXPLICAÇÃO: Nós, sendo pecadores, temos uma velha natureza, que é dominada pelo
pecado.
Mas pela obra do Espírito Santo recebemos uma nova natureza. Esta renovação significa uma
natureza dominada por Deus. As duas naturezas estão lutando uma contra a outra dentro de nós.
Efésios 4 diz que a nova natureza dedicada a Ele. O Catecismo diz que Deus criou o homem bom
e à sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade. Essas duas palavras são exatamente as
últimas palavras de Efésios 4:24.
4. Por que Deus criou o homem à sua imagem? Veja a Resposta 6 do Catecismo que fala
sobre três objetivos da criação do homem.
EXPLICAÇÃO: Esses três objetivos são:
a) para o homem conhecer corretamente a Deus, seu Criador.
b) para o homem amá-lo de todo o coração.
c) para o homem viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e glorifica-Lo.
Pergunta e resposta 7:
6. O que Romanos 5:19 e Salmo 51:5 ensinam sobre a origem do pecado e a consequência
da queda?
EXPLICAÇÃO: Romanos 5:19 diz que os seres humanos se tornaram pecadores por causa da
desobediência de um só homem, Adão. No Salmo 51:5, Davi confessa que de fato tem sido mau
desde que nasceu e que desde o dia de seu nascimento tem sido pecador. Esses versos mostram
que a origem do pecado é a queda de Adão, sendo o pecado original, e a consequência da queda é
a natureza pecaminosa dos descendentes de Adão e Eva.
Pergunta e Resposta 8:
1. O Catecismo não é muito radical quando diz “não podemos fazer bem algum”?
EXPLICAÇÃO: Muitas pessoas consideram o Catecismo radical demais porque acham que
ainda o homem possa fazer o bem. Reconhecem que o homem faz mal, mas não querem dizer
que somos tão corrompidos que não possamos fazer bem algum. Isto não é aceitável para a
maioria do povo, nem para a igreja Romana nem para muitos evangélicos. Mas a Bíblia mostra
que esta é a realidade: o homem não é mais capaz de fazer o bem no sentido de se salvar do
pecado e fazer tudo o que Deus falou na Sua palavra.
O Rei Salomão disse que Deus criou o homem reto. Essa é a doutrina que encontramos em Gn 1.
A palavra “reto” tem o mesmo significado que honrado, justo, probo, bom, sincero. O homem não
era pervertido, não era malvado. Deus fez o homem reto.
A segunda parte de Ec 7.29 é baseada na doutrina em Gn 3. Nessa parte da Escritura aprendemos
sobre a queda e desobediência de nossos pais: Adão e Eva. Ali o homem se “meteu” (buscou com
muito interesse) preocupações muito grandes.
O homem deixou sua mente trabalhar para trazer problemas abundantes para sua vida. Isso o fez
perder a sua retidão. O Espírito Santo revelou ao sábio rei Salomão o homem é quem trouxe todos
a multidão de problemas causados pelo pecado.
O Dia do Senhor 3 vai nos ensinar sobre a origem do pecado na história do homem. Essa parte do
Catecismo vai nos responder quem é o autor do pecado. Por isso, com base na doutrina da Palavra
de Deus, ouça a mensagem do Senhor no seguinte tema:
Tema: O nosso Deus justo, bondoso e salvador não é o autor do pecado. Ele não nos criou
maus e perversos
O Livro de Gênesis diz que Deus viu todas as obras de Suas mãos e “eis que tudo era muito bom”
(Gn 1.31).
O homem e mulher são parte da criação que Deus chamou de “muitíssimo boa”. Assim, não havia
nada de ruim ou incompleto no homem. O homem foi criado muitíssimo bom.
Nós podemos ter certeza dessa bondade original do homem, pois, homem e mulher foram criados
“a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1.26,27). O nosso Catecismo nos ajuda a entendermos a
essa declaração da Escritura: “isto é, em verdadeira justiça e santidade”.
Essa expressão do Salmo nos mostra que Deus criou o homem à imagem de Deus e que fomos
“criados para a esperança de uma vida bendita e imortal.
Esse estado original do homem dava condições a ele de, como diz o Catecismo, “… conhecer
corretamente a Deus, o seu Criador, amá-lo de coração, e viver com Ele em eterna felicidade para
o louvar e glorificar”.
Nós podemos dizer, concluindo esse ponto, que o homem não foi criado mau e perverso. Não
havia nada mau em nossos primeiros pais. A vontade deles combinava com a vontade de Deus em
tudo. Nenhum sentimento de Adão e Eva era impuro. O homem era completamente bom, justo e
santo! Adão e Eva gozavam de verdadeira justiça e santidade. O estado original do homem era
sublime e glorioso!
Agora, será que conseguimos perceber em nós e nos outros esse estado original de perfeita
bondade, justiça e santidade?
O sábio Salomão viu a vida do homem nessa terra. Ele comparou essa vida com o estado original
do homem revelado na Escritura. Qual a conclusão que Salomão chegou? O homem se meteu em
muitas astúcias!
Chegaremos a essa sábia conclusão se olhamos a vida nossa nessa terra. Será que o amor a Deus
está acima de tudo? Será que a sinceridade, a harmonia e a boa vontade tem sido perfeitas na vida
do homem?
Em verdade, a nossa consciência nos acusa e a lei de Deus nos convence que em nós, na nossa
natureza atual, não há bem algum. Temos em nós a ausência de perfeita bondade, justiça e
santidade. Nem aqueles que estão em Cristo escapam dessa verdade. Os crentes podem até deseja
o bem, mas o fazer não conseguem realizar.
A Escritura nos dá essa resposta em Gênesis 3. O bondoso e amoroso Senhor Deus deu um
mandamento a Adão (Gn 2.16,17): “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do
jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Esse mandamento de vida não foi
obedecido por nossos pais, Adão e Eva.
Adão deliberadamente creu no diabo, se fez inimigo de Deus e desobedeceu a vontade de Deus
revelada. A tão falada Queda foi a desobediência de Adão ao mandamento de Deus.
Saibam que o diabo sempre vai querer por dúvida na bondade de Deus, para poder atingir seus
planos malignos. Ele fez isso com Adão e Eva, no Paraiso. Por exemplo, para atacar a bondade de
Deus ele tem falado que Deus é o autor, ou, culpável por nosso pecado.
Ora, Deus não decretou tudo? – pergunta o diabo a nós – Então, o pecado foi decretado. O
homem pecou por causa do decreto. Então, Deus é o autor do pecado, ou, pelo menos é culpável
pelo pecado. Essa é a lógica do diabo.
O que o diabo fala não é lógica, pois é contra a revelação da Escritura. Deus decretou tudo sim.
Mas, está Escrito o que Deus disse a Adão (Gn 3.17): “Maldita é a terra por tua causa”. Está
Escrito (Rm 5.12): “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Está
Escrito (1 Co 10.13): “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação,
vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” Está Escrito (Tg 1.13): “Ninguém, ao ser
tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a
ninguém tenta”. Está Escrito acerca de Deus: “Pois tu não és Deus que se agrade com a
iniquidade, e contigo não subsiste o mal”.
A nossa lógica deve estar submissa a revelação de Deus que está na Escritura. Se algo que penso
vai contra, ou, além da Escritura não é uma lógica verdadeira. Por isso, a lógica do diabo é falsa.
Com base na Escritura podemos dizer que Deus decretou tudo, porém, Ele não é autor do pecado.
A doutrina reformada ensinada nas confissões e nos catecismos produzidos pela Reforma se
limitam à Escritura. Por isso, nenhuma confissão reformada acusa Deus de ser o autor do pecado.
Só pensar em tal coisa é uma blasfêmia abominável.
O nosso Catecismo é uma confissão reformada. Por isso, ensina que a natureza corrompida do
homem veio “da queda e desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva. Ali a nossa
natureza tornou-se corrupta de tal modo que somos todos concebidos e nascidos em pecado”.
O pecado tem consequência. Por isso, o Catecismo diz que “a nossa natureza tornou-se corrupta”.
A natureza humana não era corrupta, mas tornou corrupta. Hoje sofremos com a corrupção da
nossa natureza. Essa corrupção é conhecida como o pecado original.
Esse pecado original é a fonte de todos os pecados que acontecem em nossa vida. O pecado
original é tão maligno e terrível que envenena até as criancinhas nos ventres de suas mães. Nós
somos concebidos e nascidos em pecado (Sl 51.5).
O pecado original é suficiente para condenar toda a humanidade, pois “todos pecaram e carecem
da glória de Deus … a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram … o salário do
pecado é a morte” (Rm 3.23; 5.12; 6.23).
Por isso, pela Palavra, podemos entender que as nossas criancinhas mentem, brigam com
irmãozinhos e coleguinhas na escola, nos desobedecem, etc. Nossos filhinhos cometem pecados
por causa de uma natureza corrompida que eles têm.
A corrupção herdada de Adão explica por que em nosso coração surgem “os maus desígnios, a
prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a
inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contamina o
homem” (Mc 7.21-23). A explicação bíblica é: Nós e nossos filhos herdamos uma herança
maldita, a corrupção, o pecado original.
Essa compreensão da origem do pecado nos ajudará a tratarmos as nossas fraquezas com o
evangelho e oração. Hoje se fala de educação para melhorar a humanidade. Da psicologia para
corrigir os erros de conduta. Porém, o evangelho revela que o homem precisa, em primeiro lugar,
de uma nova vida.
Os generais mais sanguinários de Hitler eram doutores nas diversas ciências humanas. Os
“sábios” desse mundo são os mais blasfemadores contra Deus e quem mais lutam contra a Igreja
de Cristo.
Nós precisamos discernir que um sistema de Educação ou a psicologia do mundo não produzirá
homens sublimes, mas somente vai gerar pecador mais sofisticado, mais depravados e que não
reconhecem a sua corrupção.
Então, segundo a Palavra, podemos dizer ao homem: Você pode perder toda esperança em
consertar a sua natureza! Você está perdido em si mesmo!
O homem necessita ouvir que é incapaz de mudar sua natureza corrompida como uma onça é
incapaz de retirar do seu coro as manchas pretas (Jr 13.23)! O homem necessita ouvir a Escritura
que diz (Rm 3.12): “… todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem,
não há nem um sequer”. O homem necessita saber que somente uma nova vida pode recuperá-lo
do estado de depravação total. Sem essa nova vida o homem permanecerá na sua incapacidade de
fazer bem algum, continuará inclinado a todo mal. O Catecismo na P e R 8 nos diz essa verdade.
Mas, há restauração para o homem caído? Sim. Há restauração para o homem caído.
Deus é soberano em graça e misericórdia. O desejo dEle era que o homem vivesse com Ele em
amor, alegria e felicidade eternas. O pecado do homem nunca vencerá a vontade de Deus. Ele
restaura o que Adão corrompeu no Éden.
Jesus disse a Nicodemos (Jo 3.3,5,6): “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer
de novo, não pode ver o reino de Deus … Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é
nascido do Espírito é espírito”. Jesus ensinou que é o Espírito que nos faz nascer de novo, para
que possamos ser salvos.
O Espírito, por Seu poder e por meio da pregação do Evangelho, nos concede a nova vida. O
Espírito Santo nos faz novas criaturas, criados em Cristo Jesus, para as boas obras (2 Co 5.17; Ef
2.10). Em termos mais profundos, quando o Espírito nos regenera, então, a imagem de Deus
começa a ser restaurada em nós. Essa é a boa notícia de salvação para o homem perdido.
Concluindo:
A vontade revelada de Deus para o homem era que, por meio da obediência, o homem vivesse
com Ele em plenitude de vida, de amor, de alegria e de glória eternas. Para isso, o SENHOR Deus
tirou o homem do pó para ser a coroa de sua criação, a imagem de Deus na terra.
Mas, qual foi a vontade do homem? Foi conseguir a glória por meio da desobediência. Então, o
que aconteceu? O homem, duramente, aprendeu que a glória não se consegue por meio da
desobediência.
Quando o diabo quiser dizer a você que a vida, a alegria e a glória para você e sua família se
consegue por meio da desobediência aos mandamentos de Deus, então, lembre-se do que
aconteceu com nossos primeiros pais: Adão e Eva. A desobediência somente nos leva à morte e à
vergonha eternas!
Hoje somente temos a vida, a alegria e glória por causa da obediência e sacrifício de Cristo na
cruz. Ele, como nosso representante, o Cabeça da Igreja, o Último Adão, cumpriu pagou o preço
do nosso pecado. Assim, em Cristo, somos restituídos a nossa posição de coroa da criação. No
Salvador Jesus Cristo está a nossa alegria e a nossa vida eterna.
Amados irmãos, esse evangelho nos traz consolo sem igual. Esse evangelho nos faz gemer por
causa dos pecados que ainda nos restam contra a nossa vontade. O evangelho que ouvimos nos
faz ansiar pelo dia quando seremos, de uma vez por todas, libertados do corpo dessa morte, da
nossa velha natureza. Nesse esperado dia não mais pecaremos contra o Senhor que tanto nos ama.
O evangelho no Catecismo nos traz o consolo da Palavra, pois sabemos que o nosso bondoso,
justo e soberano Deus não é o autor do pecado. Em verdade, Ele é o autor da nossa salvação.
Amém.
O Dia do Senhor 2 explica que a Lei funciona como fonte de conhecimento da pecaminosidade
humana. Diante do espelho da Lei ninguém se mostra tão bonito quanto parece ser. O homem é
um pecador que não pode fazer nada para fugir da condenação.
Não é fácil para se conceber o que é uma pessoa em seu estado original, uma pessoa boa de
verdade, porque não existe no mundo um exemplar de pessoa perfeitamente boa para fazer essa
constatação. O melhor que o mundo tem como exemplo de pessoas boas são os mártires da igreja
que foram elevados ao status de santos por sua posição na igreja, ou por suas virtudes, ou por
causa de suas boas obras.
Além dos mártires da igreja, o mundo tem elegido seus próprios santos, por razões mais
particulares. Pessoas que são tomadas como exemplo de piedade na família, outras que são
tomadas como exemplo de honestidade na política, outras que são tomadas como exemplo de
caridade na sociedade. São muitos os santos deste mundo. Pessoas tomadas como referência de
ser um humano bom.
Mas a Bíblia diz coisa bem diferente do mundo. Vamos começar com o que a Bíblia relata sobre a
criação das primeiras pessoas boas do mundo e o que aconteceu com elas. Vamos pensar um
pouco sobre Adão e Eva. Eles foram criados bons, à imagem de Deus. Eles refletiam o caráter
justo e santo de Deus (Gn 1.26-31).
A Bíblia não fornece um vasto relato dos atos de bondade que o primeiro casal realizou enquanto
habitava o jardim do Édem. O que temos são poucos registros das coisas boas que Adão e Eva
fizeram antes de se preciptarem no pecado.
Antes da queda, Adão e Eva compreendiam muito bem qual era a vontade de Deus para ele. Eles
cumpriam o mandado de Deus para dominar sobre todas as criaturas, como regente da criação. O
homem fazia com que as criaturas também cumprissem seus papéis como seres criados por Deus.
E eles mesmos, como o primeiro casal criados pelo Senhor, Amavam a Deus e O glorificavam
com toda sua vida. Eles estavam prontos para encher a terra de pessoas boas, de seres humanos
que preservassem a imagem de Deus.
Mas isso não aconteceu. Adão e Eva não permaneceram neste estado de obediência em que foram
criados. O casal que fora criado bom, tornou-se mau. Eles transgrediram o mandamento de Deus
e comeram do fruto da árvore da qual Deus havia dito que eles não comecem. Caíram em
transgressão e corromperam sua natureza humana.
Eles perderam os dons preciosos da justiça e da santidade. Eles não manifestavam mais a imagem
de Deus. A justiça foi abandonada; a obediência deu lugar à rebelião; a ganância roubava a glória
que eles deviam dar a Deus. O homem que fora criado bom, tornou-se mau.
Os filhos que Adão e Eva geraram eram como eles, pecadores. Gênesis 5 diz que Adão gerou um
filho conforme a sua semelhança, ou seja, à semelhança de um pecador.
Então temos duas verdades aqui que precisamos manter, contra o ensino deste mundo caído.
Primeira: foi Deus quem criou o homem, diretamente, não foi um processo evolutivo que gerou o
homem. Segundo: Deus criou o homem bom e à sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e
santidade. O homem, por sua vez, desprezou essa condição e se lançou no pecado.
Notem que o Catecismo explica o significado do homem ter sido criado “bom, e à imagem de
Deus”. O Catecismo não está inventando um significado para esta frase. Ele está repetindo o
ensino da Palavra de Deus.
Em Efésios 4.22-24, a Bíblia ensina que a vida presente do velho homem é marcada pelo pecado,
enquanto que a vida do novo homem, que é a ressurreição com Cristo do homem que estava
morto em pecado, experimenta características que se opõem ao pecado: justiça, retidão
(santidade), conhecimento de Deus.
Essas são marcas do viver do novo homem e era assim que Adão e Eva viviam no Éden. Eles
podiam viver com Deus, desfrutá-lo em profundo amor, conhecê-lo mais e mais, obedecê-lo em
tudo. Deus era corretamente adorado e glorificado na vida do primeiro casal. Até que veio o
pecado e estragou este belo relacionamento.
Por isso, todos nós, como descendentes diretos de Adão e Eva, somos o que somos. Todos nós
somos por natureza a imagem de nossos pais. Somos todos pecadores desde a concepção e
nascimento (Sl 51.5; 58.3). Somos todos pessoas más.
Mas esse conhecimento da Palavra de Deus não é claro para todas as pessoas nem é aceito por
todas as pessoas. As vezes, até mesmos pessoas que se dizem cristãs, recusam esse claro ensino da
Escritura.
E mesmo que se admita que os homens são pecadores, nem todos admitem que as pessoas são
totalmente más em tudo que fazem. Por isso ouvimos no início desta pregação que os homens
elegem seus santos, contrastando suas vidas de piedade com as vidas pervertidas de outras
pessoas.
Comparando pessoa com pessoa, sempre se chegará a conclusão que umas pessoas são mais
corretas que outras e algumas pessoas são mais erradas que outras. Assim, quando uma pessoa se
destaca por suas virtudes não falta quem a exalte à categoria de santo ou de pessoa boa que
merece estar no céu.
(Por isso, existe a prática dominical das Igrejas Reformadas do Brasil de ler os Dez Mandamentos
no início do culto da manhã, a fim de comparar as vidas dos crentes com a Lei de Deus –
Domingo 2. A Lei de Deus reflete a perfeição que Deus exige do seu povo)
Mas o Catecismo não está sugerindo que nenhuma das ações dos homens se mostram
externamente boas. Isso realmente acontece. Algumas pessoas devotam toda sua vida à prática da
caridade. Abrem mão de suas vidas confortáveis para sofrer ao lado de doentes, perseguidos,
famintos, etc. Pessoas podem fazer coisas boas.
Mas tem duas coisas que vocês precisam entender sobre as coisas boas que as pessoas fazem:
Todas as ações boas dos homens estão contaminadas pelo pecado. Existe um defeito na fonte –
Uma caixa d’água contaminada ainda oferece água que mata a sede, mas não oferece vida senão
morte.
As boas ações dos homens não servem à sua salvação. A salvação de pecadores está baseada, não
nas boas ações “contaminadas” dos homens, mas na obra perfeita de Cristo consumada na cruz.
Você pode perceber que o Catecismo sugere essa corrupção do homem que estraga tudo que ele
faz. Observe o texto bíblico no qual o Catecismo se baseia para afirmar que “não conseguimos
fazer bem algum” (P&R 8). LER Gn 6.5 – mau, o tempo todo, todos os desígnios, do coração. A
fonte está contaminada. Qualquer que seja a coisa boa que proceda do homem está contaminada
com o pecado.
Ao velho homem, morto em pecados, é impossível fazer qualquer coisa que seja genuinamente
boa. Não está no homem o poder para agir com justiça e retidão; não está no homem o aprender
sobre o caráter de Deus e viver de acordo com este caráter.
Voltando para Efésios 4.22 “e vos revistais do novo homem, que é de acordo com a vontade de
Deus criado em justiça e retidão procedentes da verdade”. Notem que o novo homem é segundo
Deus, não segundo o homem.
A Palavra de Deus diz isso claramente também no Evangelho de João (Jo 1.13):
“Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do homem, mas da vontade de Deus”.
Queridos irmãos e irmãs, não se confundam com o mundo pecador. Não confie na bondade
apresentada pelos pecadores. Suas virtudes podem ter utilidades para a vida presente. Mas a
salvação não pode ser alcançada pelas boas ações dos homens.
Deus criou o homem bom e à sua imagem, mas o homem se lançou no pecado. E por causa disso,
ele não consegue fazer nenhuma boa ação que não esteja contaminada pelo pecado. Essas boas
ações não têm nenhuma utilidade para a salvação.
A situação de pecado dos homens não é culpa de Deus, mas de sua própria corrupção. Não culpe
Deus por causa dos seus sofrimentos. Não culpe a Deus por causa das coisas erradas que
acontecem em sua vida. Assuma sua própria culpa.
Apesar dos pecados dos homens. Há esperança. Há salvação. Mas a salvação não está naquilo que
as pessoas podem fazer, mas naquilo que Deus pode fazer. Deus pode fazer um novo homem. É
assim que o Catecismo termina o Dia do Senhor 3. Uma mensagem de esperança. A luz chega às
trevas. O evangelho da salvação é anunciado ao pecador perdido.
Amém.
O que significa o fato de o homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus?
Quanto a isso podemos dizer o seguinte:
1 O homem criado à imagem de Deus recebeu do Seu Criador uma posição e tarefa
especiais para cumprir na terra. Por ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, o
homem foi colocado por Deus acima das outras criaturas. Deus lhe deu uma posição
excelente. Ele era a coroa da criação. Era o representante de Deus na terra com a
tarefa de dominar e governar a criação. O SENHOR ordenou ao homem que
sujeitasse a terra e tivesse domínio sobre todas as outras criaturas (1.26,28). Com
esse propósito, Deus criou um belo jardim e colocou dentro dele o homem que tinha
formado com a tarefa de cultivá-lo e guardá-lo (Gn.2.8,15). O primeiro casal, Adão e
Eva, recebeu do SENHOR o privilégio de viver no paraíso em plena harmonia com a
natureza e principalmente em comunhão com o Seu Criador. Eles podiam muito bem
refletir a glória do Seu Criador no domínio de toda a criação que estava sob sua
responsabilidade.
2 O homem criado à imagem de Deus foi revestido de bondade, justiça e
santidade. “Estas três qualidades não são próprias do homem, mas são próprias de
Deus. Bondade, justiça e santidade compõem a natureza de Deus. Deus em sua essência
é bom, justo e santo. E quando o homem foi criado por Deus, Deus lhe deu estas
qualidades em seu primeiro estado no jardim do Éden”. O fato de o homem ter sido
criado dessa maneira implica que ele tinha total capacidade de estar na presença de
Deus e concordar em tudo com a vontade de Deus. Ele podia não pecar. Tinha plenas
condições de cumprir a vocação e o propósito para o qual fora criado por Deus. O
homem tinha tudo que precisava em suas mãos. Podia viver com Deus e para Deus, pois
era santo, justo e bom.
Com que propósito Deus criou o homem à sua imagem? Havia uma necessidade para
isso? Deus precisava criar o homem? Não. Deus criou o homem por sua livre vontade e
também com um propósito maravilhoso: Ter um relacionamento de amor com ele. Deus
resolveu criá-lo e quis também viver em comunhão com ele. Nosso catecismo nos
explica o propósito pelo qual Deus criou o homem bom e à sua imagem: 1) para
conhecer corretamente a Deus Seu Criador; 2) amá-lo de todo o coração; 3) viver com
ele em eterna felicidade, para louvá-lo e glorificá-lo.
O homem tinha condições de conhecer corretamente a Deus, viver com ele, amá-lo e
glorificá-lo, pois foi criado por Deus com este propósito e apto para o seu cumprimento.
O SENHOR deu tudo o que o homem precisava; nada lhe faltava naquele bonito jardim.
Ali ele fora colocado não para viver para si mesmo, mas para viver para Deus e,
vivendo para Deus ele tinha a verdadeira felicidade.
O fato de o homem ter sido criado à imagem de Deus, não quer dizer que ele foi criado
como um robô para obedecer automaticamente a vontade de Deus. O homem foi criado
como um ser moral, isto é, com total responsabilidade por seus atos. Deus lhe deu a
responsabilidade de dominar a criação, cultivando e guardando o jardim. Ele podia fazer
isso muito bem e com muito prazer.
Também o SENHOR Deus lhe deu a seguinte ordem: “De toda árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn.2.16,17). Qual a razão
dessa ordem de Deus para o homem? Tal ordem não foi uma emboscada ou armadilha
criada por Deus para o homem cair, mas foi um teste para ver se o homem queria
realmente e voluntariamente demonstrar o seu amor por Seu Bondoso Criador. Ele
também podia obedecer a esta única ordem. Vemos então que o SENHOR, ao dar este
mandamento ao homem, manifestou sua justiça e bondade com o homem avisando-lhe
claramente das consequências de sua desobediência, não exigindo demais do homem e,
ao mesmo tempo, dando-lhe plenas condições de cumprir perfeitamente a sua vontade.
Na verdade, este mandamento não era um mandamento para a morte, mas para a vida.
Depois dos capítulos 1 e 2 de Gênesis nos deparamos com o capítulo 3, o capítulo mais
triste e lamentável da Bíblia. Este capítulo nos narra o fato histórico da entrada do
pecado no mundo, da origem da nossa miséria. Gênesis 3 está ligado com Gênesis 1 e 2.
Gênesis 1 e 2 relata-nos o período no qual tudo era muito bom, pois o homem vivia em
harmonia com a natureza e em plena comunhão com Deus Seu Criador. Em Gênesis 3,
Deus nos revela que, em decorrência da desobediência do homem à sua ordem, o
pecado entrou no mundo e assim deu-se origem à nossa miséria.
A nossa miséria, portanto, vem da queda e desobediência de nossos primeiros pais Adão
e Eva no paraíso. Motivados por Satanás e levados por sua própria cobiça, Adão e Eva
desobedeceram a ordem de Deus. Gênesis 3.6, mostra-nos claramente o momento exato
em que se deu origem a nossa miséria: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se
comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do
fruto e comeu e deu também ao marido e ele comeu”. A queda do homem foi o seu ato
de desobediência a Deus, exatamente o seu ato de comer do fruto proibido. Este foi o
primeiro pecado, o pecado original que deu origem a toda miséria e pecado que há no
mundo. Um ato simples, porém, terrível, pois deu origem à miséria do homem.
Que conclusão podemos tirar do fato de Deus ter criado o homem bom e à sua imagem,
em plenas condições de fazer a sua vontade? Que a origem da nossa miséria não está no
ato da criação do homem por Deus, mas está no ato da desobediência do homem a Deus.
Isso significa que Deus não é o culpado pela miséria que há no mundo, mas o homem é
o principal responsável por sua miséria. Deus não criou o homem mau e perverso, mas
bom e à sua imagem. Portanto, Ele não é o autor do pecado. A culpa da miséria que há
no mundo não é sua e nem mesmo pode ser. Pois, se considerarmos Deus como o autor
do pecado e o principal responsável por toda miséria que há no mundo, ele então deixa
de ser Deus. A Bíblia não ensina que Deus é o autor do pecado. Pelo contrário, segundo
as Escrituras, o SENHOR Deus: 1) É justo e perfeito em si mesmo e em todas as suas
obras (Jó 34.10; Dt. 32.4); 2) Ele não pode ser tentado pelo mau e ele mesmo a ninguém
tenta (Tg.1.13).
De fato, Deus deu a certeza da entrada do pecado no mundo. Ele sabia que o homem ia
cair e decretou que isso acontecesse. Pois ele é Deus, e, portanto, conhece todas as
coisas antes mesmo de acontecerem. Mas não podemos dizer que a causa e a origem de
nossa miséria está em Deus e que ele é o autor responsável pelo pecado, pois ele não
criou o homem mau e perverso, mas o criou à sua imagem e semelhança: bom, justo e
santo, capaz de concordar em tudo com a Sua boa e perfeita vontade ( CB. Art.14). Não
Deus, mas o homem é responsável por sua miséria. Essa é a conclusão do sábio
pregador que escreveu em Eclesiastes 7.29: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez
o homem reto, mas este se meteu em muitas astúcias.”
Depois, você tira seu filho com muito esforço, e vocês dois começam a puxar na
segunda corda com todo seu esforço, para tirar o seu amigo do perigo.
Finalmente, eis seu amigo na terra firme, mais morto do que vivo. Você joga água no
seu rosto para acordá-lo.
Agora, imagine a seguinte reação do seu amigo: ele olha para você, e ele diz, “O que é
isto! Você é culpável por tudo isto! Você me jogou lá embaixo e me deixou quase
morto. É somente por causa do meu próprio esforço que eu consegui sair!”
Qual será sua reação? Depois de ter colocado a vida do seu próprio filho em risco, para
tirar seu amigo do perigo que ele mesmo criou, como você vai reagir a esta atitude
ingrata? Acredito que você teria uma forte vontade de jogar seu amigo dentro do poço
mais uma vez, e deixá-lo ali.
Mas irmãos, a atitude ingrata daquele amigo é exatamente a atitude que nós homens
temos por natureza.
Em primeiro lugar, nós não queremos aceitar nenhuma culpa por nosso estado miserável
—nós preferimos culpar o próprio Deus! Em segundo lugar, quanto à nossa salvação,
nós não aceitamos que isto seja inteiramente de Deus—nós preferimos dizer que nós
temos condições de participar e de contribuir algo para nossa salvação.
Em outras palavras, nós queremos colocar sobre Deus a culpa por nossa miséria; e nós
queremos para nós a glória de termos alcançado a salvação por nós mesmos!
A Palavra de Deus nos ensina o contrário. A Palavra de Deus nos ensina que nossa
miséria é completamente nossa culpa, e que nossa miséria é tão profunda e tão grave
que nem temos condições de levantar um dedo para sair dela. Mais que nos entendemos
a gravidade da nossa culpa e miséria, mais que entendemos que nossa única esperança
de salvação está em Deus.
Mas, por natureza, nós homens tentamos achar um jeito de fugir desta realidade. E,
como aquele amigo que caiu no poço, nos temos dois artifícios para evitarmos o
problema.
Primeiramente, tentamos jogar a culpa por nossa miséria sobre o outro. Não são
somente os grandes filósofos e pensadores que refletem sobre a questão, “De onde vem
o mal?”. Todo ser humano enfrenta esta questão. É triste, mas verdade, que logo
pensamos que Deus é o culpado. “Se Deus existe, como Ele pode permitir toda esta
tristeza, todo este sofrimento, toda esta miséria?” E quando entendemos que o homem é
mau por natureza, nós perguntamos logo: “Mas, porque Deus o criou desta forma?”.
Irmãos, esta atitude não é algo novo. Já logo depois da Queda, podemos ver os
primeiros seres humanos fazendo a mesma coisa. Quando Deus enfrenta Adão com seu
pecado, o que Adão fez? Ele tenta jogar a culpa sobre Deus!
“Aquele mulher que tu me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” Desde
aquele dia, todos os filhos de Adão tentam fazer a mesma coisa: culpar Deus por nossa
miséria.
O nosso Catecismo enfrenta esta questão no Domingo 3. Já aprendemos no Domingo 2
que a Lei de Deus é um espelho que mostra claramente que somos miseráveis por
natureza, que até odiamos Deus e o nosso próximo por natureza.
O Catecismo então quer mostrar de onde vem esta natureza. Será que Deus nos criou
assim? Se Deus nos criou mau e perverso, nós podemos nos desculpar quando não
guardamos a Lei de Deus.
Mas a resposta 6 acaba com esta tentativa de nos desculpar perante a Lei. O Catecismo
nos dirige para o primeiro capítulo da Palavra de Deus, para nos lembrar que Deus nos
criou bom, à sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade. Em outras palavras,
Deus nos criou de tal maneira que nós tínhamos todas as condições para conhecê-Lo,
para amá-Lo de todo o coração e viver come Ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e
glorificá-Lo.
Nossa natureza corrompida vem de Deus? De forma alguma! Vem da nossa própria
rebeldia e desobediência. Quando Adão e Eva pecaram, a raça humana se jogou no
fundo do poço. Assim, não temos condições de culpar Deus por nossa maldade. Somos
100% culpados por nossa maldade, por nossa miséria.
Mas, temos um segundo artifício para evitar aceitar a culpa por nossa miséria. Em
segundo lugar, tentamos mitigar (diminuir) a gravidade da nossa miséria.
Será que somos tão corrompidos, que nem conseguimos fazer bem algum? Isto não é
um pouco exagerado? Irmãos, mais uma vez, isto é a nossa natureza pecaminosa
mostrando sua cara feia. Nós até podemos aceitar que somos perdidos, que somos
culpáveis. Podemos até aceitar que precisamos de salvação.
Mas de forma alguma podemos aceitar que somos totalmente perdidos, que somos
totalmente culpáveis; que precisamos duma salvação total.
Minha natureza corrompida não aceita que estou no fundo do poço, inconsciente, e sem
condições nenhumas para sair. Quero contribuir para minha salvação! Quero me
parabenizar pois EU fiz algo para me salvar!
Isto é a natureza humana, irmãos. Assim, os homens se esforçam para ganhar sua
salvação, pelo menos em parte. Eles passam horas jejuando, orando, subindo escadas
de joelho, adorando imagens, indo para igreja todos os dias, acendendo velas, sofrendo
o calor trabalhando de calça comprida, esvaziando a carteira para dar à Igreja…. e todo
isto por quê? Porque o homem não aceita que toda a glória seja para Deus! O homem
acha que ele pode fazer algumas boas obras; que Deus precisa de um pouco de ajuda
quando Ele quer nos salvar.
Mais uma vez, o nosso Catecismo vai para a Palavra de Deus para acabar com esta
tentativa do homem de se autojustificar. A Bíblia ensina que nossa natureza tornou-se
tão envenenada, que todos nós somos concebidos e nascidos em pecado. Davi disse em
Salmo 51:5:
“Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.”
“E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.”
Irmãos, na luz da Palavra de Deus, não temos como fugir da realidade. Somos
completamente culpados; somos completamente miseráveis. Não temos como negar a
gravidade da nossa situação.
Isto é nosso estado natural. Isto é como somos sem Cristo: totalmente perdidos, e
totalmente culpados por esta perdição.
Irmãos, que boa nova! Que benção quando entendermos esta verdade! Pois, quando
entendo que da parte do homem só existe uma culpa e uma miséria total, eu entendo que
preciso buscar uma salvação total somente da parte de Deus. Mais que reconheço
minha perdição total, mais que reconheço que a salvação total somente se acha em
Deus!
Uma vida nova é minha única esperança! E graças a Deus, a Bíblia revela como posso
receber esta vida nova. A Palavra de Deus me revela que sem Cristo, sou um filho da
ira. Mas, em Cristo, eu nasci de novo, e sou uma nova criatura!
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo.” 2 Coríntios 5:17.
Como posso estar em Cristo? Como posso nascer de novo? Só tem um jeito:
arrependa-se e crê! Devo me arrepender dos meus pecados—devo confessar minha
culpa total por minha miséria total. E, devo crer—devo esperar a salvação total , apenas
do Senhor!
É isto que Davi fez no Salmo 51! Ele confessou a totalidade da sua miséria (v3,5):
Arrepende-se e crê! Se você faz isto, você tem a garantia que você está em Cristo, e –
estando nEle– você é uma nova criatura.
Amém.