Por Uma Reflexão Filosófica Reformada 2024

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POR UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA REFORMADA

Meus caros irmãos, nos próximos momentos apresentarei alguns textos para quem se
interessa por filosofia reformada. Nossa intenção é identificar o caminho que assumimos
como referencial último em termos filosóficos, para tanto o melhor é começar com uma
reflexão simples extraídas de um livro que chamo de manual para uma introdução do
pensamento cristão evangélico: Verdade Absoluta de Nancy Pearcey 1:

Para início do assunto, algumas perguntas?

1. Existe "missionários para o intelecto"?


2. Há uma base inicial para salvar a intelectualidade? Se há quando começou?
3. Que linguagem filosófica adotaram?
4. Eles comprometeram a mensagem espiritual?
5. Que legado duradouro nos deixaram?

Observem o texto:

Vários anos atrás, uma tremenda controvérsia fulgurou nas páginas do


periódico Christian Scholar's Review acerca do modo correto de definir
evangelicalismo. Quais grupos fazem parte do evangelicalismo? Quem tem
direito ao rótulo?

Dois historiadores se opunham tenazmente, enquanto os outros torciam por


um ou pelo outro. De um lado estava Donald Dayton, que traçou uma
linhagem "metodista" ao evangelicalismo. Começando com a Reforma, esta
linha passa pelo pietismo europeu, João Wesley na Inglaterra, os dois grandes
despertamentos nos Estados Unidos, Dwight L. Moody e chega a Billy Graham.
O foco estava na conversão individual e na experiência subjetiva da fé. Agora
você reconheceu o padrão: Dayton identificou o evangelicalismo com o ramo
populista descrito nos dois capítulos anteriores.

Assumindo o outro lado no debate do periódico estava George Marsden, que


traçou uma linhagem "presbiteriana" ao evangelicalismo. Começando com a
Reforma, esta linha passa pela ortodoxia protestante, os presbiterianos da
velha escola, em especial Charles Hodge e B. B.Warfield de Princeton, e chega

1PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o cristianismo do seu cativeiro cultural. Trad.: Luiz Aron.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004, cap. 11.
a Gresham Machen do Seminário Westminster. O foco desta linha está na
ortodoxia teológica e na autoridade bíblica.

Qual definição de evangelicalismo está correta? Resposta As duas. Como


mencionamos no início, historicamente o movimento evangélico consistia em
duas alas, a populista e a erudita. Precisamos ser versados em ambas para
elaborar uma estratégia eficaz e reavivar a mente evangélica em nossos dias.
O exame da ala populista revelou as raízes dos padrões do antiintelectualismo
há muito existentes. O exame da ala erudita revelará por que até uma
abordagem racional não teve êxito total em confrontar os desafios da
educação secular. Também descobriremos os recursos importantes que
constam na herança americana para reavivar uma cosmovisão cristã na
atualidade.

A ala erudita do evangelicalismo tinha mais que a linha "presbiteriana" que


Marsden traçou. Com o decorrer das décadas, a ala populista do
evangelicalismo superou a fase adolescente de repelir toda autoridade
religiosa e deu origem a seus próprios estudiosos. Ao lado de pregadores
fogosos se levantaram mestres distintos ensinando em seminários e
universidades. Com adeptos intransigentes entre os presbiterianos da velha
escola, eles trabalharam para o desenvolvimento de filosofias morais e
políticas; aprimoraram argumentos apologéticos contra deístas, unitários e
não-crentes; reagiram às mais recentes teorias científicas; e em geral
procuraram relacionar a fé evangélica com as correntes intelectuais dos seus
dias.

Foram, em grande medida, bem-sucedidos. Segundo certo historiador, a ala


erudita do evangelicalismo se tornou "a mais poderosa influência
modeladora" na cultura americana do século XIX. Só os presbiterianos
fundaram quarenta e nove universidades antes da guerra civil, mais do que
qualquer outra denominação. Dessa forma, dominaram a educação
americana. Embora em termos numéricos fossem logo suplantados pela ala
populista, em termos de influenciar a vida pública americana foram mais
eficazes. "Os presbiterianos conservadores eram batalhadores ardorosos
contra o anti-intelectualismo” em vigor nesse período, diz certo historiador.
Eles “se consideravam missionários para o intelecto americano”.

[...] Em todas as épocas, os cristãos procuram lidar com os assuntos do dia,


“traduzindo” as infinitas verdades bíblicas para a linguagem contemporânea.
Eles recomendam a fé antiga usando termos atualizados entendidos pelo
povo em geral. O ardil é encontrar uma linguagem que comunique
eficazmente sem comprometer o evangelho [...].

Tendo o texto acima com referencial vamos partir para o segundo grupo de perguntas:

1. No Brasil, há duas bases: populista e erudita?


2. Se há uma base erudita, quem, na sua opinião, melhor define e caracteriza tal
linha?
3. Você acha que precisamos de uma linha erudita, de fato?
4. Há no Brasil um anti-intelectualismo?
5. Quais os efeitos da abordagem das duas linhas (populistas e eruditas) no cenário
do evangelicalismo brasileiro?

1. INFORMAÇÃO ESCOCESA EM BUSCA DO AVIVAMENTO


INTELECTUAL
Reflexão Inicial

Thomas Reid representa o caminho filosófico de formação das bases do pensamento


cristão. Nos meus estudos entendo que muito do que temos de ortodoxo em termos de
uma filosofia mais fiel aos dogmas cristãos depende, em muito, dele. No final, apresento
dois gráficos que nos dão uma ideia sobre o tema.

Poucos pastores têm uma nítida compreensão do assunto, e por isso, antes de falarmos
mais sobre um avivamento filosófico em nosso meio, é necessário termos uma
identidade sobre como se dá o nosso pensamento de forma histórica. Sigamos o texto
de nossa professora Nancy Pearcey2 nesta importante apresentação da matriz iluminista
escocesa:

Para dar expressão filosófica à fé, os evangélicos dos séculos XVIII e XIX
recorreram aos serviços de uma filosofia trazida da Escócia, chamada de
realismo do senso comum. Na ocasião, essa filosofia era imensamente
popular em todo o cenário intelectual dos Estados Unidos. Os adeptos e
críticos dos dois despertamentos a adotaram. Os unitários e outros liberais
teológicos a aceitaram. Até os deístas, como Thomas Jefferson (que negavam
todos os elementos sobrenaturais da Bíblia), a adotaram. “O iluminismo
escocês foi a única tradição mais potente no iluminismo americano", conclui
um relato. O realismo do senso comum foi denominado "a filosofia oficial dos
Estados Unidos do século XIX".'

Pearcy expressa sua estranheza com o ostracismo do realismo do senso comum:

Quantos sabem deste aspecto da história americana? Quando eu fazia o curso


de filosofia na universidade, li as obras dos grandes pensadores europeus —
Descartes, Kant, Hegel e assim por diante. Mas nunca li sobre a filosofia que
dominou por mais de um século no país americano. Isto é uma omissão

2PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o cristianismo do seu cativeiro cultural. Trad.: Luiz Aron.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004, cap. 11. Faço a mudança que creio seja necessária, pois no texto em português
o tradutor prefere o termo “bom senso”, creio que o melhor seja senso comum.
surpreendente e uma falta crucial a ser corrigida para que entendamos a
história americana.

O realismo do senso comum foi levado aos Estados Unidos por John
Witherspoon, que em 1768 saiu da Escócia para ser reitor da Universidade de
Princeton (então chamada Faculdade de Nova Jersey). De Princeton, a
filosofia do senso comum se espalhou pelo mundo acadêmico da época.
"Tornou-se uma cosmovisão evangélica que se infiltrou em toda sala de aula
e influenciou centenas de ministros, incontáveis professores e dezenas de
cientistas e médicos experimentados", diz certo historiador." Praticamente se
identificou com o ponto de vista evangélico."

Se esta filosofia foi nada menos que a "cosmovisão evangélica" por tanto
tempo, então temos de saber mais a respeito. O que era esta filosofia e por
que foi tão popular?

Veja um pouco da razão da existência da filosofia de Reid e sua assimilação nos campos
cristãos protestantes da América.

O realismo do senso comum foi elaborado por Thomas Reid, filósofo escocês,
em resposta ao ceticismo radical de um colega escocês, David Hume. O
ceticismo de Hume foi tão radical que Immanuel Kant disse excelentemente
que o despertou de seu "sono dogmático". Pelo visto, também despertou Reid,
porque ele objetivou seus esforços filosóficos em refutar Hume e formular um
novo fundamento para o conhecimento. O modo de evitar o ceticismo,
segundo propôs Reid, é dar-se conta de que certos conhecimentos são "auto-
evidentes, evidentes por si mesmo", ou seja, nos são impingidos pela maneira
como a natureza humana é constituída. Por conseguinte, ninguém de fato
dúvida ou nega tais conhecimentos. Fazem parte da experiência imediata e
são inegáveis.

Por exemplo, ninguém duvida que existam (não na prática, pelo menos).
Ninguém duvida que o mundo material seja real (sempre olhamos para os dois
lados antes de atravessar a rua). Nem duvidamos de nossas experiências
interiores como as recordações ou a dor. (Se digo que estou com dor de
cabeça, ninguém pergunta: "Como você sabe?") Se alguém nega estes fatos
básicos, dizemos que ele é insano — ou um filósofo. E até os filósofos os
negam apenas teoricamente. O próprio Hume afirmou que, depois de racionar
sobe o ceticismo radical na solidão dos seus estudos, ele ventilaria a mente
jogando gamão com os amigos.

Na vida prática, todos temos de tomar por certa boa quantidade de


proposições. Como disse Reid: "Os estadistas continuam labutando, os
soldados lutando e os comerciantes exportando e importando, sem estar
sequer comovidos com as demonstrações oferecidas da não-existência dessas
coisas às quais eles se dedicam com tanta seriedade".

A reivindicação nuclear do realismo do senso comum era que estas verdades


inegáveis ou patentes da experiência fornecem a fundação firme sobre a qual
construir o edifício do conhecimento. (Por "senso comum", Reid não quis dizer
natureza prática ou senso prático, como usamos o termo hoje em dia. Ele se
referia às verdades conhecidas pela experiência humana universal; a
experiência comum a toda a humanidade.) Diversos pensadores do século XIX
incluíram entre as verdades evidentes por si mesmas muitos dos ensinos
básicos do cristianismo, como a existência de Deus, a sua bondade e a sua
criação do mundo. Eles consideravam estes ensinos evidentes por si mesmos
para as pessoas sensatas.

Tendo posto a fundação nas verdades evidentes por si mesmas, como o


realismo do senso comum construiu a casa em cima? Para esta tarefa, Reid
recomendava a obra de Francis Bacon, pensador do século XVII, a quem se
atribui o estabelecimento do método indutivo da ciência. De acordo com
Bacon, a ciência fora entendida de maneira errônea nos tempos primitivos,
porque as pessoas deduziam suas ideias sobre a natureza a partir das
especulações metafísicas. A ciência genuína não deve começar com filosofia,
mas com fatos, depois razão estritamente por indução. "Ensinado por Lord
Bacon", escreveu Reid, o povo ficou livre do trabalho árduo e monótono da
"dedutibilidade" medieval, e se colocou no "caminho rumo ao conhecimento
das obras da natureza".

Para muitos americanos, esta ligação do realismo do senso comum com a


indução baconiana se afigurava combinação insuperável para contrapor o
ceticismo de Hume e outros filósofos radicais do Iluminismo. Logo, estava
sendo aplicada em praticamente todo campo de pensamento: ciência,
filosofia política, teoria moral e até interpretação bíblica (hermenêutica).

Seu conceito central chegou a ser incrustado na Declaração da Independência


Americana: "Nós consideramos que estas verdades são evidentes por si
mesmas". De onde veio esta ideia de verdades evidentes por si mesmas? Do
realismo do senso comum.

Perguntas para reflexão:

1. Você consegue perceber o quanto o Tratado da Natureza Humama de Hume foi


importante para História da Filosofia; e, na história da filosofia evangélica? Em
que aspectos?
2. Você pode definir o que a filosofia do senso comum depois de ter lido o texto
acima?
3. Crie um pequeno texto sobre verdades evidentes e verdades do cristianismo.
4. Como vincular verdades da natureza e revelação geral?

Segue agora dois gráficos para que os estudiosos do assunto possam se basear:
Reflexão Inicial

O realismo escocês era particularmente atraente para os cristãos, porque era uma
filosofia teísta que se apoiava na suposição da criação divina.

Mais uma vez chamemos a professora Nancy Pearcey3 e sua identificação da fé cristã:

2. DANDO SENTIDO AO SENSO COMUM: TESE IMPORTANTES:


Segue agora 12 teses para o leitor que está seguindo nossa identificação da matriz
filosófica de fé reformada à luz do texto de Pearcey:

3PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o cristianismo do seu cativeiro cultural. Trad.: Luiz Aron.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004, cap. 11. Faço a mudança que creio seja necessária, pois no texto em português
o tradutor prefere o termo “bom senso”, creio que o melhor seja senso comum.
1. Thomas Reid disse que todo conhecimento começa com as coisas que não
podemos deixar de acreditar, por causa do modo como a mente humana é
constituída (verdades evidentes por si mesmas).
2. Nossa consciência interior de dor e prazer,
3. Nosso senso moral de certo e errado,
4. Nossa convicção instintiva na realidade do mundo físico.

Tudo isso:

5. São coisas que não precisam de justificação filosófica,


6. São praticamente impingidas a nós pela constituição de nossa natureza para
atuar no mundo que Deus criou,
7. Poderíamos dizer que o realismo do senso comum não é tanto uma filosofia
quanto é uma antifilosofia, porque descreve o conhecimento experiencial que
forma a matéria-prima para a filosofia formal,
8. O senso comum é a experiência pré-teórica que fornece o material inicial às
nossas teorias em filosofia, ciência, moralidade e assim por diante.
9. O papel da filosofia é explicar por que é possível saber as coisas que já sabemos
por experiência,
10. Este conhecimento experiencial também serve de teste de erro. Quando os
filósofos preparam sistemas abstratos que contradizem as verdades evidentes
por si mesmas do senso comum, podemos estar certos de que algo deu errado.
11. Afinal, o propósito da filosofia é explicar o que sabemos por experiência direta e
não contradizer ou negar isso. "Quando o homem se deixa persuadir pelos
princípios do senso comum através de argumentos metafísicos", disse Reid,
"podemos chamar isto de loucura metafísica.",
12. Adotar uma filosofia que nega as verdades conhecidas pela experiência é
arrematada loucura.

Por isso, neste filósofo e pastor, Thomas Reid, temos três pontos:

a) Uma filosofia teísta,


b) Sua suposição basilar é a criação,
c) Ele modelou a Velha Escola de Princeton, escola que formou muitos dos
pensadores que lemos4 e estudamos até hoje. Ele explicou que Deus criou a
mente para saber a verdade, da mesma maneira que Ele fez "os olhos para
ver, os ouvidos para ouvir, ou o coração para sentir".'

4 A.A. Hodge, C. Hodge, B.B. Warfield, James McCosh,


Na próxima parte podemos entender a forma assimilada da filosofia do senso comum
nos campos da apologética evidencialista e pressuposicional.

[...] A filosofia do senso comum continua tendo vitalidade notável e até


desfruta certo ressurgimento em nossos dias, sobretudo entre os pensadores
reformados. Desde fins do século XIX, houve essencialmente duas vertentes
principais no pensamento reformado.

Três vertentes apologéticas:

a) O realismo do senso comum promovia uma forma evidencialista de


apologética, enfatizando as verdades conhecíveis por crentes e incrédulos,
que atuam como bases de prova para avaliar cosmovisões rivais.
b) Outra vertente posterior é a tradição reformada holandesa. Consistia
no neocalvinismo de Abraham Kuyper e Herman Dooyeweerd. Promovia uma
forma pressuposicionalista de apologética, enfatizando o impacto formativo
das cosmovisões em si e a necessidade de avaliá-las como inteiros unificados;
começava com primeiros princípios e traçava de forma cuidadosa suas
conclusões lógicas.
c) Certos híbridos entre ambos: Francis Schaeffer propôs um híbrido,
quando mostrou como os elementos evidencialista e pressuposicionalista
podem trabalhar no evangelismo prático. O seu método mostrou-se
notavelmente eficaz para uma geração de jovens. Schaeffer concordava com
a doutrina básica do realismo do senso comum, que diz que todos tem
conhecimento imediato e pré-teórico derivado da experiência direta. Todos
fomos feitos à imagem de Deus, vivemos no universo de Deus e somos
sustentados pela graça comum de Deus. Assim, compartilhamos certas
experiências, insights e modos de pensar universais. Os mais básicos seriam
as verdades do senso comum: nosso senso fundamental de identidade
pessoal, de certo e errado, as regras da lógica e assim por diante. Estas
verdades não se interpretam sozinhas. São meros dados que precisam ser
explicados e considerados por um sistema metafísico global. Por outro lado,
Schaeffer concordava com o neocalvinismo que até nossas crenças básicas
devem ser interpretadas em uma estrutura cristã. Ao falar com não-crentes,
nossa meta é mostrar-lhes que o cristianismo é o único sistema teórico que dá
a razão das verdades que sabemos pela experiência pré-teórica.Toda verdade
é a verdade de Deus, onde quer que a encontremos, como há muito disseram
os pais da igreja; mas essas verdades só fazem sentido em uma cosmovisão
cristã.

Uma abordagem baseada em Romanos 1.19-20.

Esta abordagem está baseada em Romanos 1.19-20. A passagem começa


afirmando que todos têm conhecimento genuíno de Deus pelo mundo que Ele
fez: "O que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto
o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis". Em outras
palavras, as experiências mais influentes e inevitáveis — de nossa natureza
humana e de um universo ordeiro e bonito — dão amplas razões para crermos
em Deus. Por quê? Porque só a sua revelação explica essas experiências.

Os não-crentes tentam "suprimir" o seu conhecimento de Deus, continua


dizendo Romanos, inventando todos os tipos de explicações alternativas para
o mundo. Mas nenhuma delas é adequada. Por conseguinte, em algum
momento a explicação que os não-crentes dão do mundo será contradita pela
experiência vivida. Essa contradição deveria lhes dizer algo. O termo traduzido
por "inescusáveis" (Rm 1.20) significa literalmente "sem uma apologética". A
tarefa do evangelismo começa ajudando os não-crentes a enfrentar
diretamente as inconsistências entre as crenças professas e a experiência real.
Como explica o filósofo Roy Clouser, um teste de cosmovisão implica "verificar
se certos dados podem ter alguma razão plausível em seu ponto de vista".
Depois de mostrar que a cosmovisão do não-crente não pode dar "alguma
explicação plausível" aos dados da experiência, então podemos apresentar o
cristianismo como a única cosmovisão que dá uma explicação consistente e
lógica.

Ou, para virar o argumento ao contrário, queremos ajudar as pessoas a ver


que, se a cosmovisão que elas sustentam contradiz a experiência do senso
comum, então não pode ser verdadeira. Como disse Dooyeweerd, a
experiência é "um dado pré-teórico" e "toda teoria filosófica da experiência
humana que não explique este dado de modo satisfatório deve ser errônea".
Usando a frase de Reid, é loucura metafísica.

Questões avaliativas:

1. Qual o real valor do pensamento de Reid quando tratamos que o senso comum é
a experiência pré-teórica que fornece o material inicial às nossas teorias em
filosofia, ciência, moralidade e assim por diante?
2. Você consegue distinguir em alguma obra de Schaeffer os seus pontos híbridos?
Registre algum trecho de qualquer obra do profícuo autor.
3. Explique por que adotar uma filosofia que nega as verdades conhecidas pela
experiência é arrematada loucura.

Rev. Donizeti Rodrigues Ladeia

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