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PEDAGOGIA DO ESPORTE E BASQUETEBOL: aspectos metodológicos para o


desenvolvimento motor e técnico do atleta em formação

Article · July 2012

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4 authors, including:

Larissa Galatti Antonio Montero Seoane


University of Campinas University of A Coruña
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Roberto Rodrigues Paes


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VOLUME 8 NÚMERO 2
Julho / Dezembro 2012

PEDAGOGIA DO ESPORTE E BASQUETEBOL: aspectos metodológicos para o


desenvolvimento motor e técnico do atleta em formação

Larissa Rafaela Galatti,


Pedro Serrano,
Antonio Montero Seoane,
Roberto Rodrigues Paes

Resumo: Um dos aspectos relevantes da formação do atleta de basquetebol é o motor, cujo


desenvolvimento deve estar atrelado a outras dimensões, como a cognitiva, a afetiva e a social. Nesta
perspectiva, a partir da revisão bibliográfica, o estudo discute as contribuições dos métodos baseados no
princípio analítico-sintético e no global-funcional para o desenvolvimento técnico do iniciante e jovem
atleta de basquetebol. Considerando vantagens e desvantagens dos dois princípios, indicamos o segundo
com maiores possibilidades de contribuir com a formação do atleta, uma vez que respeita as
características imprevisíveis do jogo e as características abertas de suas técnicas.

Palavras-chave: Pedagogia do Esporte; Basquetebol; Desenvolvimento Motor; Metodologia de Ensino.

PEDAGOGY OF SPORTS AND BASKETBALL: methodological aspects for the motor and the
technical training development of the beginner athlete

Abstract: One of the relevant aspects to the formation of the basketball athlete is the motor skill, which
development should be connected to other dimensions, like the cognitive, affective and social. In this
perspective, starting with the bibliographic review, this study discusses the contributions of methods
based on the analytic-synthetic and global-functional principles for the technical development of the
young and beginner basketball player. Considering both principles, we indicate the second one as having
more possibilities of contributing to the formation of the athlete, once it respects the unpredictable
features of the game and the opened features of its techniques.

Key Words: Sport Pedagogy; Basketball; Motor Development; Teaching Methods.

INTRODUÇÃO
O basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva com origem no final do
século XIX, em 1891, no contexto escolar norte-americano; dinâmico, o jogo
rapidamente ganhou adeptos pelo país e pelo mundo, tornando-se modalidade
oficialmente olímpica em Roma, no ano 1936. Na atualidade é uma das modalidades
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mais praticadas no mundo, com 213 países vinculados à Federação Internacional de


Basquetebol (FIBA, s/d).
Em diferentes países do mundo a modalidade é praticada e assistida por milhões
de pessoas, dentre as quais estão jovens atletas em formação em clubes, escolas,
universidades, empresas e outros órgãos de fomento ao esporte (GALATTI, 2010). Uma
das preocupações dos técnicos esportivos responsáveis por esse processo é o
desenvolvimento motor desses jovens atletas, sendo este o tema deste ensaio.
Tradicionalmente o ensino e desenvolvimento das habilidades motoras e técnicas
relativas ao basquetebol tem sido a partir de procedimentos pedagógicos baseados no
princípio analítico-sintético, muitas vezes sem inter-relacionar esses aspectos com o
elemento tático, preponderante na modalidade (PIMENTEL; GALATTI; PAES, 2010;
FERREIRA; GALATTI; PAES, 2005). A partir dos anos 1980 até a
contemporaneidade, autores do basquetebol e das modalidades coletivas em geral vêm
sinalizando para a necessidade de novos procedimentos, tendo por base o princípio
metodológico global-funcional, considerado mais adequado para as habilidades de
natureza aberta, como as do basquetebol (MAGILL, 1984).
Diante deste contexto e da necessidade de novas práticas em relação à
modalidade no cenário brasileiro este ensaio discute o desenvolvimento motor no
basquetebol para sinalizar procedimentos metodológicos alinhados às novas correntes
em pedagogia do esporte, a fim de contribuir com a construção de processos de
formação esportiva que tratam o jogo a partir de sua essência tática em perspectiva
complexa.

METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica, sendo que para Marconi e Lakatos (2006,
p.185) “a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras”. Assim, foram pesquisados artigos das bases de
dados Lilacs e Scielo, com as palavras-chave “Pedagogia do Esporte e Jogos Coletivos”
e “Pedagogia do Esporte e Basquetebol” e, em especial, livros e capítulos de livro, dado
que o artigo parte de conceitos clássicos da Educação Física para, a partir de sua análise,
propor uma renovação nos métodos de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento do
basquetebol, em seus aspectos técnicos – tendo por suporte autores dessas modalidades

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e dos Jogos Esportivos Coletivos em geral. A recorrência a livros e capítulos de livros


se justifica, também, pela maioria das publicações em didática do esporte e do
basquetebol se darem neste formato.

Esporte e as etapas de desenvolvimento motor: proposições para o esporte


O desenvolvimento motor é um processo contínuo por toda a vida e que se
insere na complexidade do desenvolvimento humano, que integra a esta dimensão a
cognitiva, afetiva, social e espiritual (GALLAHUE; OZMAN, 2003). A perspectiva
desenvolvimentista tem importante impacto em diferentes linhas de pesquisa na
Educação Física e dos diferentes fenômenos por ela estudados, como o esporte. Vieira,
Vieira e Krebs (2005) – a partir de estudos como os de Gallahue e Ozman (2003),
Bompa (2002, 1995) e Krebs (1992) – descrevem quatro etapas sequenciais do
desenvolvimento motor de indivíduos aplicado ao contexto esportivo, sendo elas:
• Primeira Fase Iniciação; estimulação motora, movimentos fundamentais.
• Segunda Fase Generalizada: a aprendizagem motora, voltada para a formação
atlética e os movimentos específicos.
• Terceira Fase Especializada; a escolha pelas modalidades, em que os níveis dos
movimentos começam a ser voltados para a técnica esportiva.
• Quarta Fase Personalizada; especialização motora com dedicação exclusiva ao
esporte de alto rendimento.
Assim, vemos que é processual a formação do atleta, sendo importante o
respeito a cada uma dessas etapas. Em relação à estimulação motora nas etapas iniciais,
foco de nosso estudo, Vieira, Vieira e Krebs (2005) descrevem quatro fases: de
estimulação, aprendizagem, prática e especialização motora.
A fase de estimulação motora está relacionada à percepção e exploração dos
diferentes movimentos esportivos na infância, tendo o ensino um enfoque aberto,
oportunizando aos iniciantes explorar movimentos, comparando novas destrezas com as
que já conhecem. A criança mostra-se suscetível a novas descobertas de seu corpo e do
espaço que a cerca (BAYER, 1994), devendo os elementos da aprendizagem
perceptivo-motora ser estimulados.
As condições que são favoráveis nesta fase para adquirir habilidades motoras
estão no centro da formação esportiva, com a aplicação da melhoria do repertório motor
e das habilidades coordenativas, que devem ser utilizadas para estimular as técnicas

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básicas de coordenação grosseira. Nesta fase o foco deve ser no processo de ensino e
não no resultado, visto que as crianças estão aprendendo os movimentos básicos
funcionais, vivenciando e objetivando atingir o padrão maduro dos movimentos
fundamentais (VIEIRA; VIEIRA; KREBS, 2005; GALLAHUE; OZMUN, 2003).
Bompa (2002) descreve que a ênfase na fase generalizada da iniciação esportiva
deve ser no desenvolvimento multilateral, mostrando à criança exercícios que auxiliem
na aprendizagem de movimentos que são fundamentais para a escolha de um futuro
esporte. Esta atividade multilateral refere-se aos movimentos fundamentais que são:
correr, pular, saltar, arremessar, receber, quicar, rolar e equilibrar. Assim, mesmo na
aula específica de escolas de iniciação em basquetebol, é importante que o professor
propicie aos alunos a oportunidade de uma vivência motora diversificada, dado que há
chance de, na adolescência e juventude, os alunos optarem por aprofundamento em
outra modalidade. Para Vieira, Vieira e Krebs (2005, p.52), esse processo deve respeitar
as especificidades da infância:

Portanto, o caráter lúdico deve predominar nas atividades motoras


vivenciadas na infância. No entanto, através dessas atividades, os talentos
podem demonstrar uma predisposição para o desempenho em certas
valências físicas como a velocidade, a impulsão e a força, bem como nas
atividades motoras cujos movimentos básicos são os movimentos
fundamentais de correr, saltar e arremessar.

As diversas atividades motoras realizadas através dos jogos e brincadeiras


parecem possibilitar a alfabetização motora, ampliando o repertório motor, estimulando
a vivência e a experiência corporal, em que será pré-requisitada para a próxima fase do
processo de formação desportiva, a de aprendizagem motora.
A Fase de aprendizagem motora é caracterizada pela transição das habilidades
motoras básicas para outras mais elaboradas, dentro do contexto esportivo, com maior
interferência do professor na construção do plano motor, a partir de modelos de técnica
socialmente construídos, conforme Vieira, Vieira e Krebs (2005, p.53):

Nesse sentido, uma orientação em termos de pedagogia de esporte torna-se


necessária para a aprendizagem de esportes. Com esse entendimento, o
professor de educação física ou técnico desportivo desempenha um papel
fundamental no processo de especialização motora.

Os autores complementam destacando que o aprimoramento do treinamento


durante a fase de formação atlética deve ser feita de maneira moderada aumentando a

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intensidade, proporcionando encorajamento, permitindo diferenças individuais da


aprendizagem de maneira adequada. Na fase de aprendizagem esportiva são inseridas
atividades relativas ao desenvolvimento motor de modalidades específicas, promovendo
melhora da base multilateral e possibilitando ao atleta o desempenho necessário na
modalidade escolhida para a participação em competições. Desta forma, volume e
intensidade devem aumentar progressivamente, sendo as competições concebidas como
um meio para a formação humana e do atleta, não apenas um fim.
A terceira fase, de prática motora: está associada à de especialização esportiva,
compreendida entre os 16 e 18 anos de idade. É caracterizada pelo aperfeiçoamento das
capacidades motoras na modalidade esportiva escolhida, com o decorrer da prática
motora e da aprendizagem motora (VIEIRA; VIEIRA; KREBS, 2005).
Se nas fases anteriores a aprendizagem motora tinha característica plural, esta
terceira fase é considerada parcialmente fechada, não pela característica das habilidades,
mas pela especificidade das mesmas em relação à modalidade esportiva praticada, uma
vez que se espera que os planos motores que caracterizam os movimentos e as
condições da tarefa já estejam definidos. Assim, este é um período de refinamento de
habilidades motoras, sendo desejado que a coordenação motora geral esteja
completamente estabelecida, o que tende a gerar entusiasmo e motivação, sendo
oportuno que o técnico ofereça oportunidades de exploração das habilidades do jogo
aliada a estratégias e experimentação tática.
A última etapa, denominada Fase de especialização motora, se refere ao
momento em que o atleta busca a perfeição e a personalização dos movimentos, com a
finalidade da busca pelo máximo desempenho motor e bons resultados em competições
(KREBS, 1992; BOMPA, 2002; VIEIRA; VIEIRA; KREBS, 2005). Para Krebs (1992)
a intensidade do treinamento para as habilidades motoras se especifica, devendo as
capacidades do atleta ser aumentadas progressivamente. O treinamento deve consistir de
atividades que adaptam a especificidade do esporte e proporcione ao atleta condições de
resolver de maneira criativa os problemas do jogo (SILVA; GALATTI; PAES, 2010).
Assim, este é o estágio final, em que todas as etapas de desenvolvimento motor,
articulado ao desenvolvimento integral do atleta, se manifestam em sua plenitude,
completando o processo de especialização motora, assim descrito por Weineck (1991,
p.318):
[...] a especialização é inevitável no esporte de alto nível, entretanto ela
deveria ocorrer com base em uma estrutura de treinamento adequado ao

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desenvolvimento, que leva em consideração o desenvolvimento individual,


que contém um aumento regular da carga, nos modelos de uma formação
básica múltipla e, principalmente, que garanta movimentos coordenativos
gerais, ou seja, a aquisição das habilidades motoras especiais no tempo certo.

Desenvolvimento Motor e Basquetebol: perspectivas para a aprendizagem

Considerando as etapas do desenvolvimento motor e suas aplicações no


basquetebol, cabe abordarmos a base teórica da aprendizagem desse processo.
Ladewing (2000), com base na teoria de Fitts e Posner (1967), caracteriza os estágios de
aprendizagem, cuja compreensão auxilia o técnico esportivo na apresentação de novas
tarefas e problemas motores, sendo eles: cognitivo, associativo, autônomo.
A característica principal do estágio cognitivo, inicial da aprendizagem, são os
inúmeros erros apresentados de maneira grosseira, durante e após a aquisição da
habilidade. Estes erros constantes na performance geram uma sobrecarga nos
mecanismos da atenção do aluno. Sendo assim, ele é capaz de associar o seu erro, mas
ainda não consegue solucioná-lo, elevando o nível de esforço cognitivo exigido e
centrando a atenção do iniciante no movimento, em detrimento da observação do
contexto de jogo (LADEWING, 2000).
Já no Estágio Associativo, após certo período de prática, o aluno consegue
realizar os movimentos propostos pelo professor com facilidade, dominando alguns
mecanismos básicos. A quantidade de erros diminui e sua capacidade de detectá-los
aumenta, devido à concentração para aprimorar os movimentos: a carga nos
mecanismos da atenção é moderada, o que facilita o desempenho, pois o individuo é
capaz de direcionar a atenção para outros aspectos da performance (LADEWING,
2000).
Por fim, no Estágio Autônomo, o atleta consegue realizar a atividade de forma
automática, ou seja, “sem pensar” ou dedicar atenção ao movimento. Neste estágio o
indivíduo realiza os movimentos concentrando-se nos pontos críticos, sendo possível
dificultar as tarefas e problemas propostos. Nesta fase, ele consegue identificar seus
erros e corrigi-los, sendo baixa a variação na performance e pequena a carga dos
mecanismos da atenção, o que facilita o direcionamento da atenção e do foco em outros
itens, como a observação estratégico-tática do jogo.
No basquetebol, Ladewing (2000) exemplifica que, ao final dos três estágios, o
jogador é capaz de driblar a bola e verificar o posicionamento dos seus companheiros,
sem que o adversário roube a bola. Atingir este estágio demanda muita prática, o que

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pode levar anos, em especial quando integrado à percepção espaço-temporal necessária


para as ações técnico-táticas, necessárias no basquetebol (SILVA et al., 2009).
Considerando os múltiplos fatores envolvidos no processo de ensino, vivência e
aprendizagem do basquetebol, Galatti e Paes (2007) sintetizam as características do
processo em aproximação por faixa etária:
7-9 anos: são favorecidos os estímulos visuais e acústicos, estimulando o ritmo e
a flexibilidade. A dificuldade de concentrar-se em tarefas específicas é comum nesta
fase, sendo indicado o uso de jogos e brincadeiras com diversos componentes lúdicos, o
que pode facilitar na atenção e motivação. Nesta fase deve-se trabalhar na perspectiva
global, podendo descaracterizar a modalidade especifica.
10-12 anos: a estimulação deve ser máxima, com variações e possibilidades para
resolver tarefas e problemas motores, sendo o momento mais propício para a
aprendizagem motora e desenvolvimento da coordenação e a noção espacial, equilíbrio
e velocidade. Sugerem explorar as inteligências múltiplas (BALBINO, 2001;
GARDNER, 2000) as variações de estímulos sensoriais, cognitivos e psíquicos devem
ser utilizadas.
13-15 anos: início do trabalho focado nas capacidades específicas do
basquetebol, articulando o desenvolvimento motor com a demanda tática da
modalidade.
A formação motora em basquetebol passa, assim, pelas fases de estimulação e
aprendizagem das diferentes habilidades e técnicas do jogo. É fundamental também,
como destacaremos na sequência do texto, estratégias de ensino, vivência e treinamento
que articulem técnica e tática (GALATTI et al., 2008). Mais que isso, passa por
procedimentos pedagógicos adequados na comunicação técnico e atleta.
Vemos, assim, que o processo de formação motora do jogador de basquetebol é
um desafio para o técnico esportivo, que deve cercar-se de múltiplos conhecimentos a
fim de desenvolver as competências e habilidades necessárias para liderar esse processo.
Na sequência, trataremos do conteúdo motor específico do basquetebol, discutindo as
possibilidades metodológicas de sua aplicação.

Desenvolvimento Motor no Basquetebol: aspectos metodológicos


O basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva, cuja disputa se dá por duas
equipes com cinco jogadores cada, num espaço determinado, com regras específicas,

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tendo como finalidade a posse de bola e a conservação da mesma, avançar o espaço de


jogo criando situações para pontuar a cesta da equipe adversária e quando estiver sem a
posse da mesma, além da tentativa de recuperá-la deve-se proteger a cesta e evitar que a
equipe adversária não faça ponto (FERREIRA; GALATTI; PAES, 2005).
A partir de Paes, Montagner e Ferreira (2009), Galatti e Paes (2007) e Ferreira e
Rose Jr. (2003), consideramos seis os fundamentos da modalidade de Basquetebol, que
são seus componentes técnicos, constituindo as principais habilidades especializadas
para o jogo:
 Controle do corpo: realização dos movimentos corporais necessários nas ações
ofensivas e defensivas dentro da exigência do jogo.
 Manipulação de bola: capacidade de interação e manuseio da bola, parado e em
movimento, dentro e fora do jogo.
 Passe: lançamento da bola entre os companheiros da mesma equipe, a fim de
manter a posse de bola e aproximar-se da cesta; sempre envolve uma recepção.
 Drible: ato de quicar a bola, manipulando com uma das mãos, impulsionando-a
contra o solo, permitindo o deslocamento pela quadra com a sua posse, sem
infringir as regras que o jogo determina.
 Arremesso: fundamento ofensivo com o objetivo de acertar a cesta e marcar
pontos.
 Rebote: recuperação da bola após uma tentativa de arremesso não convertido,
podendo ser defensivo ou ofensivo.
Os fundamentos são habilidades motoras especializadas que devem ser
apresentadas, praticadas e especializadas ao longo dos anos de prática. Na perspectiva
tradicional esses fundamentos foram tratados a partir de exercícios analíticos e
sincronizados, sendo trabalhados majoritariamente fora do contexto do jogo
(GALATTI, 2006). A partir dos anos 1980 e, sobretudo, nos anos 1990 e 2000,
emergiram diversas teorias relativas aos jogos esportivos coletivos e ao basquetebol
preconizando a importância da inserção dessas técnicas no contexto do jogo ao longo do
processo de treinamento (GALATTI, 2006; GRAÇA; MESQUITA, 2002; GRECO,
1998; REVERDITO; SCAGLIA, 2009; REVERDITO; SCAGLIA; PAES, 2009), na
medida em que no jogo formal exige esta interface, permitindo, ainda, melhor interação
jogador-jogo, tomadas de decisão e manifestações criativas.

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Corroboramos com os autores, uma vez o principal foco do processo de


formação do atleta, independentemente do estágio, devem ser os interesses,
necessidades e possibilidades de quem joga. Com isso, os objetivos das metas que
orientam a prática do técnico de basquetebol devem partir do atleta e estar alinhados
com seus valores e ideias, assim como aos princípios pedagógicos da instituição em que
trabalha. Dessa forma, entendemos que os elementos motores e técnicos do basquetebol
devem ser abordados a partir de sua contextualização tática e, sobretudo, de forma
adaptada ao jovem atleta.
Assim, é importante conhecer as técnicas do jogo, integrando-as com a tática,
mas dando espaço para as manifestações individuais, sendo necessário que o técnico
utilize várias estratégias de ensino e diversificados procedimentos pedagógicos, tendo
por centro o atleta e por referência o jogo formal de basquetebol (GALATTI; DARIDO;
PAES, 2010; SILVA; GALATTI; PAES, 2010; MONTERO, 2009; PAES;
MONTAGNER; FERREIRA, 2009; GALATTI; PAES, 2007; OLIVEIRA; PAES,
2005).
Sob a ótica da Pedagogia do Esporte o basquetebol deve ser abordado como um
espaço de aprendizagem motora, mas deve ser mais que isso, constituindo um ambiente
pedagógico de compreensão do jogo e de vivência de valores e modos de
comportamento.
É nesta perspectiva – e considerando as etapas de formação motora e de
aprendizagem – que passamos a discutir as possibilidades metodológicas para o trato
com a formação motora do jogador de basquetebol, sendo considerados dois princípios:
o analítico-sintético e o global-funcional.
Segundo Dietrich et al. (1984, p.32), o princípio analítico-sintético se caracteriza
por:
[...] apresentar cursos de exercícios ou, esporadicamente, jogos, os quais
partem de elementos especiais (técnicos, táticos ou condicionais dos jogos),
reunindo-os, pouco a pouco em conexões maiores (síntese), recolhendo,
posteriormente, as parte em conjuntos lógicos.

Dentro deste princípio, uma aula de basquetebol se dividiria em aquecimento,


exercícios para a aprendizagem da técnica e jogo formal, tendo como direcionamentos
pedagógicos: (a) do conhecido ao desconhecido – das partes ao todo; (b) do fácil para o
difícil – diminuição da ajuda; (c) do simples para o complexo – aproximação gradativa;

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(d) divisão do movimento em fases funcionais (GALATTI; PAES; MONTERO, 2009;


GRECO, 1998).
Por sua vez, o princípio global-funcional baseia-se em jogos de menor
complexidade que o formal, de caráter lúdico e adequados à faixa etária do iniciante e
que envolvam técnica, tática e regras. Dietrich et al. (1984, p. 32), define: “o método
global se caracteriza pela criação de cursos de jogos, que partem da simplificação dos
jogos esportivos formais [...] de acordo com a idade, e, através de um aumento de
dificuldades na apresentação dos jogos, em direção ao jogo final”.
Assim, observamos que o princípio analítico-sintético enfatiza a prática de tarefas
motoras, através de exercícios de valor absoluto e previsíveis, sendo importantes para o
desenvolvimento de habilidades básicas e de intimidade da criança com a bola. Em
contrapartida, não acrescenta à criança habilidade em resolver os desafios propostos
pelo jogo, o que é contemplado no princípio global-funcional, que propõe ênfase no
jogo, oferece problemas imprevisíveis e de valor relativo a serem solucionados por
quem joga; no entanto, o contato do aluno com a bola, neste princípio, tende a ser
menor.
Desta forma, os dois princípios apresentam vantagens e desvantagem, embora o
global-funcional atenda de forma específica a natureza aberta das habilidades do
basquetebol (MAGILL, 1984). Sendo assim, é considerado equivocada a escolha de um
único método para acolher as complexidades do jogo de basquetebol, sendo sugerido
que o técnico conheça os diversos métodos e compreenda seus princípios, sendo capaz
de estruturar seu próprio método e construir aulas diversificadas, compatíveis com os
objetivos e necessidades do grupo, considerando as faixas etárias e o nível de
compreensão do jogo (FERREIRA; GALATTI; PAES, 2005).
Considerando os dois princípios metodológicos, os autores destacam diferentes
estratégias didático-pedagógicas que viabilizam o desenvolvimento das habilidades
básicas e fundamentos técnicos do basquetebol, sendo estes:
1. Exercícios Analíticos: repetição de tarefas para o desenvolvimento de um único
fundamento do jogo de forma isolada, seja o movimento integral ou por partes, a
fim de garantir o aprimoramento de um determinado padrão de movimento.
2. Exercícios Sincronizados: semelhantes aos analíticos, mas envolvem a
combinação de dois ou mais fundamentos do jogo em um mesmo exercício.

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3. Circuitos de Exercícios: é a sequência de um conjunto de exercícios, pela qual


os jogadores executam um fundamento em cada estação, por um tempo
determinado, até que passe por todos os exercícios.
4. Brincadeiras e Jogos: Atividades e jogos que fazem parte da cultura popular
infantil, mas com aproximação para a modalidade, sendo incorporados
movimentos e a bola, sobretudo a de basquetebol.
5. Situações de Jogo: São simulações próximas do jogo formal, com ou sem
adaptação das regras, mas em situação reduzida ou ampliada de jogadores e
espaço, sendo as mais comuns o 1x1, 2x2, 3x3, 4x4, 2x1, 3x2, 4x31.
6. Jogos Pré-desportivos: Jogos com a presença de ao menos duas equipes e
alvo(s) para defender e atacar, dentro de espaço e regras pré-estabelecidas.
7. Jogo Formal: o próprio jogo de basquetebol.
As estratégias 1, 2 e 3 estão relacionadas ao princípio analítico-sintético, que
trabalha com tarefas motoras a partir de exercícios de característica previsível. As
estratégias 4, 5, 6 e 7 estão vinculadas ao princípio global-funcional, baseado em
proporcionar problemas motores a partir de cursos de jogos que contemplem a
imprevisibilidade do basquetebol.
Sinalizamos para a relevância do conjunto de estratégias. Entretanto, entendemos
o processo de formação do jogador deva favorecer ao atleta criar conceitos acerca do
basquetebol que lhe permitam interagir com o jogo, com estímulo à compreensão da
lógica que o permeia, de modo que não seja restringida ou limitada sua capacidade de
assimilação e associação. Dessa forma, mesmo no trato com a técnica, defendemos a
prevalência da utilização de atividades que contemplem o princípio global-funcional,
com ênfase no jogo, uma vez que é papel do técnico, através da metodologia de sua
escolha, situar o aluno e torná-lo capaz de desenvolver novas habilidades por meio do
jogo e não apenas repetir exaustivamente técnicas, mesmo porque nem sempre o
praticante consegue transferi-las para o jogo. Desta maneira, serão atendidas diretrizes
para o técnico de modalidades coletivas, no trato com a técnica, propostas por Garganta
(1994): organizar um ambiente favorável para as aulas, para que os alunos entendam a
importância de desenvolver a leitura do jogo, observe os seus companheiros,
cooperando com eles, melhorando assim individualidade e a coletividade do jogo;

1
O número da frente é referente ao número de atacantes, o X significa a oposição e o número seguinte diz
respeito ao número de defensores.

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desenvolver fundamentos e habilidades que solicitem diferentes formas de execução,


em paralelo com situações-problema semelhantes às do jogo, preocupando-se com seu
refinamento e função em todo o processo de treino.
A partir dos procedimentos indicados, esperamos contribuir para a integração do
trabalho motor no basquetebol com os princípios táticos do jogo, tanto ofensivos,
defensivos como de transição, os quais conduzem a equipe a seus principais objetivos:
acertar a cesta adversária e evitar que os mesmos pontuem, a partir de habilidades
motoras e técnicas que permitam ao jogador encontrar as oportunidades de finalização,
criar linha de passe, desmarcar-se, conservar a posse de bola, dificultar a troca de passe
e o arremesso do adversário, assim como esforçar-se para recuperar a posse de bola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O foco do ensino do basquetebol e da formação do atleta deve considerar seu
desenvolvimento integral, sendo necessários procedimentos pedagógicos capazes de
abranger os aspectos biológico, cognitivo, psicológico, fisiológico e social da pessoa
que joga. É nesta concepção que o ensino e treinamento das habilidades motoras e
técnicas (fundamentos) devem ser desenvolvidos, sem descaracterização da dimensão
tática da modalidade.
Considerando as fases de iniciação, generalizada, especializada e personalizada
do desenvolvimento das capacidades motoras para o esporte, assim como os estágios
cognitivo, associativo e autônomo da aprendizagem, sinalizamos para estratégias de
abordagem das habilidades e fundamentos do basquetebol a partir do princípio
analítico-sintético e do global-funcional, sendo recomendada, com base na literatura, a
ênfase no segundo princípio. Assim, participação do atleta em diferentes formas de jogo
é fundamental para o desenvolvimento dos gestos técnicos em articulação com as
capacidades de tomada de decisão e as situações de jogo que podem possibilitar uma
reflexão tática fazendo com que ele compreenda as razões de certos movimentos.
Com base no levantamento bibliográfico, concluímos que é papel do técnico
esportivo organizar, sistematizar, aplicar e avaliar o treinamento considerando essas
questões em interface com o desenvolvimento da capacidade de jogo, considerando
ainda a possibilidade educacional da modalidade, contribuindo para a formação integral
do jovem atleta.

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REFERÊNCIAS
BALBINO, H. F. Jogos desportivos coletivos e os estímulos das inteligências
múltiplas: bases para uma proposta em pedagogia do esporte. 2001. 142f. Dissertação
(Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas.

BAYER, C. O Ensino dos Jogos Desportivos Colectivos. Lisboa: Vigot, 1994.

BOMPA, T. O. From childhood to champion athlete. Toronto: Veritas Publishing Inc,


1995.

BOMPA, T. O. Treinamento Total para Jovens Campeões. São Paulo: Manole, 2002.

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Contatos dos Autores: Data de Submissão:


"Larissa Rafaela Galatti"
15/12/2011
[email protected]
"Pedro Serrano"
[email protected]
"Antonio Montero Seoane"
[email protected]
Data de Aprovação:
"Roberto Rodrigues Paes"
[email protected] 25/09/2012

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