Fichamento - IZECKSOHN, V. A Guerra Do Paraguai

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Referência Palavras-chave

IZECKSOHN, V. "A Guerra do Paraguai" in: GRINBERG, K. e


SALLES, R. Coleção Brasil Imperial, vol. 2, pp. 385-424. Exercício
coletivo com iconografia da Guerra.

ARGUMENTO CENTRAL

A guerra do Paraguai se dá como consequência das independências do


Autores mais citados e
XIX (1810-1814) e das reformulações políticas, que desdobram os
interlocutores mais
vice-reinos em 18 países, desarticulando rotas e fronteiras. A
importantes
estabilização só viria por volta de 1870 com a guerra do Paraguai.

Texto do fichamento, com resumo, metodologia, fontes e etc.

● O vice reino do Rio da Prata dá origem à Chile, Províncias Unidas


do Prata, Uruguai, Paraguai e Bolívia
● As incertezas territoriais e a falta de comunicação e comércio entre
os novos Estados culminou num constante estado de conflito militar
nas fronteiras
● A identidade nacional paraguaia foi cristalizada na segunda década
do século XIX, a partir de vários fatores, entre eles a sua precária
posição na bacia do Prata, sua exposição permanente à instabilidade
das províncias unidas argentinas e seu isolamento em razão das
rivalidades entre portenhos e brasileiros
● “Uma consequência da forma como o Paraguai obteve sua
independência foi a interrupção dos contatos regulares com o
exterior. As guerras civis nas províncias argentinas e o longo
bloqueio naval durante o governo de Juan Manuel de Rosas
estancaram o comércio ao longo do rio Paraguai.
● As transformações relacionadas aos avanços da centralização
(império e república) e às mudanças das capacidades de cada um
dos Estados levaram a grandes variações nas relações entre os
diferentes governos da região.
● 1862: o Partido Blanco (federalistas) tem ascensão no Uruguai e
investe na nacionalização na fronteira e consequente taxação de
brasileiros. Um conflito acontece e os colorados ganham apoio de
Brasil e Argentina.
● Ofensiva paraguaia entre Dez/1864 e julho/1865. Captura do navio,
invasão do Mato Grosso e passagem pela argentina negada.
● As notícias da invasão ao Brasil faz crescer o discurso do
barbarismo paraguaio e de seu ditador. Sua economia centralizada e
a composição racial (indígena guarani) contrastavam com a imagem
imperial do Brasil, que deveria levar civilidade aos guaranis
paraguaios. Dessa forma se consolida o sentimento de
patriotismo, a declaração de guerra e o nascimento dos
voluntários da pátria.
● O recrutamento expressava o aumento da intervenção
governamental e a invasão das prerrogativas locais, com a
apreensão de indivíduos e seu deslocamento para outras
regiões. Durante boa parte do século XIX o recrutamento
militar foi dificultado por forças locais e por um complexo
sistema de isenções legais que impedia o alistamento de
pessoas pertencentes a vários setores”
● O Tratado da Tríplice Aliança, em maio de 1865,
comprometeu Brasil, Argentina e Uruguai a não baixarem as
armas até a queda dos guaranis.
● O Paraguai não se rende e sua invasão começa em agosto de
1866.
● Maio de 1866 - Batalha do Tuiuti, a maior entre os exércitos
da américa latina. Vitória da Aliança.
● Setembro de 1866 - Batalha de Curupaiti - Vitória do
Paraguai.
● Desde o começo da campanha contra o Paraguai escravos e
libertos foram alistados no Exército e na Marinha. o
alistamento desses indivíduos ocorria pela força, por doações,
por substituições ou quando os escravos fugiam e se
apresentavam como homens livres
● Com o afastamento de Mitre, Caxias fica com o comando da
Tríplice Aliança. Este atendia a expectativas do governo de
unificar o comando do exército,
● A necessidade de ampliação dos gastos públicos comprometia
a capacidade do governo de planejar e controlar com
adequação as despesas. Assim, o déficit governamentl,
característico de praticamente todos os orçamentos do período
monárquico, manteve-se em patamares muito mais elevados
durando os anos da Guerra
● Após as batalhas de Dezembro, o exército paraguaio
praticamente havia sido destruido. Em 1869 as tropas entram
em Assunção e López foge para o interior. Caxias parte do
paraguai considerando a guerra encerrada, porém demoraria
mais um ano para que o conflito terminasse de vez.
● O comando do Conde D’Eu foi problemático, com atraso de
salários e meses de conflitos catastróficos para os paraguaios.
A fome paralisou as operações por dois meses com uma crise
de abastecimento.
● No dia 1 de 1870, escoltas brasileiras sob o comando do
general José Antônio Corrêa Da Câmara (visconde de Pelotas)
localizaram as tropas de Solano López num vale [...] perto da
fronteira com Mato Grosso. Após rápido combate, o ditador
paraguaio foi morto”

Conclusões e comentários

“A campanha [...] demonstrou a fragilidade da organização militar do


império apesar da vitória das armas brasileiras e exasperou as relações
entre o poder central e as esferas locais, criando embaraços nas
relações entre governo imperial e lideranças regionais”; “Um dos
efeitos principais do longo conflito foi a desorganização da vida
política e institucional de quase todos os beligerantes. Exceção feita à
Argentina, cujo processo de centralização foi acelerado”.

387 O CONTEXTO Até a elevação de Buenos Aires, 1778, à capital


do vice-reino do Rio-da-prata, a região era
“Para os hispano-americanos o século XVIII secundária, logo, com muito contrabando.
foi o tempo da prata e das reformas
administrativas, período durante o qual Entre 1810-1824, os quatro vice-reinos se
ocorreu a última tentativa de salvar o tornaram 18 países, o que levou à
império pelo emprego de ilustração desarticulação das rotas e guerras civis.
estatizada, capaz de impor racionalidade e
estabilidade a um conjunto de práticas
decadentes. Em contraste, o século XIX foi o
tempo das independências, de esperanças
nos desígnios do progresso e da razão”

388 “O imediato pós-independência foi época de Os novos países tinham dificuldade de unidade
incertezas sobre o futuro, especialmente no e monopólio dentro do próprio território e de
que se refere à sobrevivência dos países de mensurar a extensão deste. Isso leva às pátrias
menor porte, cobiçados pelas antigas sedes chicas, que tinham dificuldade de comunicação
de vice-reinado. O antigo vice-reinado do rio diplomática com o Brasil e receio do seu
da Prata dividiu-se em cinco nações imperialismo.
independentes: Chile, Províncias Unidas do
Prata, Uruguai, Paraguai e Bolívia” A centralização e acomodação dos novos
estados pós independência só viria na região da
Prata em 1870, com a guerra do paraguai.

1828: Brasil perde Província Cisplatina Oriental


(Uruguai), abertura do comércio do Prata

As incertezas territoriais e a falta de


comunicação e comércio entre os novos
Estados culminou num constante estado de
conflito militar nas fronteiras

389 O DRAMA PARAGUAIO O Paraguai via na centralização da antiga


capital do vice-reino da prata o motivo de uma
“A identidade nacional paraguaia foi “Anarquia da confederação Argentina” e
cristalizada na segunda década do século instabilidade, em contraste com a paz do
XIX, a partir de vários fatores, entre eles a Paraguai.
sua precária posição na bacia do Prata, sua
exposição permanente à instabilidade das
províncias unidas argentinas e seu
isolamento em razão das rivalidades entre
portenhos e brasileiros. Finalmente, a
composição étnica do povo paraguaio, a
maior parte do qual descendia da
mestiçagem entre espanhóis e índios, e o uso
massivo do guarani como língua franca,
facilitaram a percepção de sua identidade
nacional como distinta da identidade de
Buenos Aires”

390 “Uma consequência da forma como o Uma ala da historiografia tende a ver a
Paraguai obteve sua independência foi a excepcionalidade do Estado paraguaio como
interrupção dos contatos regulares com o um proto socialismo ou capitalismo de estado.
exterior. As guerras civis nas províncias O fato é que seu primeiro ditador, Jose Gaspar
argentinas e o longo bloqueio naval durante de Francia, El supremo (1776-1840), crítico
o governo de Juan Manuel de Rosas das práticas monopolistas dos Espanhóis,
estancaram o comércio ao longo do rio incorporou algumas delas na construção do
Paraguai. A limitação do comércio entre Estado Paraguaio ao expropriar as terras
1814 e 1852 isolou o Paraguai, contribuindo coloniais e oligárquicas para o Estado.
para o senso de excepcionalidade, que era
muito forte entre seus habitantes”

391 “No que se refere às relações com o Brasil, Um dos pontos de divergência era a navegação
os contatos foram sempre inconstantes, do Rio Paraguai, muito importante para o Brasil
marcados por aproximações e recuos — e a integração da província de Mato Grosso.
empreendidos, em geral, em função das
flutuações da política de Buenos Aires.”

392 AS CAUSAS DA GUERRA A guerra tem como causas um motivo


macro-histórico, a reformulação política da
“O principal foco de tensão para o Brasil na região, e transformações locais, como as
região era a situação uruguaia. Naquele país, transformações na política externa guarani.
problemas da política interna do Brasil Essas decisões levam o ditador Franscisco
confrontavam-se com questões Solano López a tomar decisões que levariam o
internacionais, tornando particularmente paraguai ao conflito.
delicada a posição do império. Os 1862: o Partido Blanco (federalistas) tem
estancieiros do Rio Grande do Sul relutavam ascensão no Uruguai e investe na
em reconhecer a existência de uma fronteira nacionalização na fronteira e consequente
entre os dois países, transferindo gado, taxação de brasileiros. Um conflito acontece e
escravos e trabalhadores livres para aquela os colorados ganham apoio de Brasil e
república e, consequentemente, Argentina.
imiscuindo-se nos conflitos políticos locais”

393 “O desdém pela oferta paraguaia foi O Brasil interveio em 1864, invadindo o
considerado uma afronta pelo ditador López, território uruguaio e irritando os paraguaios que
que anteriormente havia mediado com iriam mediar o conflito.
sucesso a guerra civil argentina. A avaliação
paraguaia subsequente não levou em conta Na Argentina, ascende Bartolomeu Mitre,
importantes transformações institucionais presidente que implementou um plano de
em curso na região, a partir da derrota do modernização centralizada da República. As
projeto federal argentino em 1862. A elites provinciais aderem à unificação em busca
consolidação dos Estados nacionais de progresso material.
brasileiro e argentino, a partir de projetos
centralizadores, levou à diminuição do poder O RS tinha sido reincorporado ao Estado BR
das lideranças regionais, que foram aos em 1845, restabelecendo o alcance político,
poucos cooptadas ou apenas militarmente militar e diplomático na região platina
derrotadas nos dois países”

394 “As transformações relacionadas aos López vê a intervenção brasileira como uma
avanços da centralização e às mudanças das afronta, deflagra o conflito na esperança de a
capacidades de cada um dos Estados ajuda de alguns caudilhos e oligarcas
levaram a grandes variações nas relações dissidentes de Buenos Aires e esperando que a
entre os diferentes governos da região. A presença de escravizados e do separatismo
diplomacia paraguaia, comandada por gaúcho comprometesse o exército do BR.
López, subestimou essas transformações ao
acreditar que obteria a vitória num golpe de
mão, levando o país para guerra que os
paraguaios não tinham condição de vencer.
Apesar da miopia diplomática, os primeiros
movimentos paraguaios foram bem
sucedidos, inspirando a confiança da
população em seu líder”

395 A OFENSIVA PARAGUAIA, - Em protesto a intervenção brasileira no


DEZEMBRO DE 1864-JUNHO DE 1865 Uruguai, o paraguai captura o navio
Marquês de Olinda que levava o novo
Os paraguaios avançaram por enormes presidente da Província do Mato
extensões encontrando pouca resistência, já Grosso;
que, onde existiam, os destacamentos da - Depois, invasão e captura da província
Guarda Nacional não conseguiram do mato Grosso;
contrapor-se aos inimigos. Nessa fase, o - 4 Meses após o início do conflito, o
principal obstáculo anteposto à invasão foi a paraguai pede autorização da Argentina
vastidão do território a ser conquistado, (MItre, aliado dos Colorados) para
aliada à péssima preparação militar dos passar ao Uruguai, este recusa.
comandantes paraguaios e às decisões - Paraguai invade Argentina e chega ao
equivocadas de López, sempre exigindo RS em Junho
rapidez no avanço sobre o território inimigo,
mesmo quando tal velocidade interferia na
capacidade de suprir suas tropas. O resultado
foi a fome, a proliferação de doenças, as
confusões entre os comandantes e o baixo
moral dos soldados.

396 REPERCUSSÕES As notícias da invasão ao Brasil faz crescer o


discurso do barbarismo paraguaio e de seu
“A intensidade e a frequência das ditador. Sua economia centralizada e a
manifestações populares durante o primeiro composição racial (indígena guarani)
semestre de 1865 e o espaço reservado às contrastavam com a imagem imperial do Brasil,
notícias da guerra nos jornais de todo o país que deveria levar civilidade aos guaranis
demonstram a consolidação do sentimento paraguaios. Dessa forma se consolida o
de patriotismo. Nesse páthos enraizavam-se sentimento de patriotismo, a declaração de
tanto a repulsa pela invasão sem declaração guerra e o nascimento dos voluntários da
prévia de guerra quanto o senso de pátria. O exército brasileiro ainda era fraco e
pertencimento a um recorte territorial cuja desarticulado, mas expulsa os paraguaios do
consolidação datava de apenas duas RS.
décadas”

397- RECRUTANDO VOLUNTÁRIOS O governo do império amplia o recrutamento


398 diante do conflito. Antes dos voluntários da
399 “Recrutar para o exército foi sempre um Pátria, o exército era tal qual um castigo,
grande problema no Brasil imperial. O servindo como meio de disciplinarização de
recrutamento expressava o aumento da “Desocupados, migrantes, criminosos, órfãos e
intervenção governamental e a invasão das desempregados“, suas condições eram
prerrogativas locais, com a apreensão de péssimas. Com os Voluntários a estratégia era
indivíduos e seu deslocamento para outras tornar o exército espaço mais aceitável para
regiões. Durante boa parte do século XIX o outras classes. Vários donativos e escravos
recrutamento militar foi dificultado por foram enviados.
forças locais e por um complexo sistema de Daí que a maioria dos soldados eram de classes
isenções legais que impedia o alistamento de baixas ou escravos.
pessoas pertencentes a vários setores”
O exército paraguaio era desarticulado e as
táticas de guerra mal planejadas. Com as tropas
em péssimo estado, foram capturados pelo
império em uruguaiana em 1865.

400 A INVASÃO DO PARAGUAI Tratado da Tríplice Aliança, maio de 1865,


-401 comprometeu Brasil, Argentina e Uruguai a não
baixarem as armas até a queda dos guaranis.

O paraguai não se rende e sua invasão começa


em agosto de 1866.

Maio de 1866 - Batalha do Tuiuti, a maior entre


os exércitos da américa latina. Vitória da
Aliança.

Setembro de 1866 - Batalha de Curupaiti -


Vitória do Paraguai.

A guerra civil na argentina retira grande parte


das forças no conflito, assim como o
comandante-geral Bartolomeu Mitre. A
Argentina, então, passa a ser mais um aliado
simbólico do que bélico, porém ainda assim
fundamental pois as províncias do norte
forneciam hospitais e depósitos de munições,
além de que foi pelo seu território que a invasão
aconteceu.

402 RESISTINDO AO RECRUTAMENTO Várias categorias profissionais eram isentas


ao recrutamento: funcionários públicos,
“Aos poucos o estado de espírito foi trabalhadores de estradas de ferro, empregados
mudando no império. A campanha de casas comerciais, homens legalmente
mostrava-se longa e difícil. A morosidade casados e outros, ou seja, o recrutamento recaía
das operações, os sérios problemas de infra sobre os pobres.
estruturas, o grande número de baixas por
doenças, o desamparo das famílias dos O recrutamento promove tensões sociais:
soldados e a necessidade de ampliação dos brigas, agressões, ataques às escolas e cadeias,
contingentes foram tornando o recrutamento mutilações, casamento relâmpago, choques
cada vez menos atraente” [401] entre poderes e grupos políticos locais,
preocupação com a designação de trabalhadores
para a guerra. Além do medo das elites locais
de uma invasão imperial nos negócios.

403 “O principal foco de conflitos foi a A Guarda Nacional forá criada em 1831 com o
designanção de guardas nacionais para o objetivo de manutenção da ordem interna. Era
exército.[...] O problema surgiu quando o umas das principais alternativas contra o
governo imperial designou guardas de recrutamento.
províncias não fronteiriças para atuar fora do
país pro período dilatado.

404- “Se a intenção inicial era transformar o A politização do recrutamento foi constante.
405 Exército, pelo voluntariado, em espaço mais Durante as eleições, foi comum o recrutamento
digno, a massificação operada pelo de adversários políticos, o que levou a conflitos
recrutamento teve efeito muito diferente do armados internos.
esperado, denegrindo a posição dos
trabalhadores pobres e livres, que viam Tudo isso desorganiza e descontínua a
crescentemente seu status igualado ao dos administração, como remoção de comandantes
demais recrutas, considerados a ralé”. e redistribuição dos regimentos, o que
incentivava as deserções

Em 1866 os dois principais comandantes


brasileiros estavam divididos: o conservador
Polidoro e o liberal Porto Alegre.

406 LIBERTANDO ESCRAVOS PARA O Demonstrando a prioridade da propriedade, ao


SERVIÇO MILITAR menos 36 escravos foram devolvidos aos seus
donos. A entrada no exército servia como
“Desde o começo da campanha contra o proteção à situação de cativo.
Paraguai escravos e libertos foram alistados
no Exército e na Marinha. o alistamento A decisão que libertou um número significativo
desses indivíduos ocorria pela força, por de escravos foi tomada por D Pedro II em
doações, por substituições ou quando os consulta ao Conselho de Estado. Primeiro
escravos fugiam e se apresentavam como aqueles sob a tutela do estado ou ordens
homens livres”. [405] religiosas e depois os cativos de particulares.
Estes que eram comprados a preço de mercado
e teve como plano de fundo vários apelos e
carácter patriótico. Porém as medidas não
funcionaram, dai que mais da metade dos
cativos levados ao recrutamento foram
indivíduos emancipados da Casa imperial. A
doação privada representou algo entre 2%.

407 “A falta de cooperação mais efetiva dos Caxias demonstrou preocupação com a
fazendeiros e outros senhores pode ser heterogeneidade racial dos contingentes, o que
atribuída à crise do trabalho escravo. Mesmo poderia desorganizar a ordem social. A
levando-se em consideração as quantidade excessiva de libertos apresentava
circunstâncias difíceis por que passava a ameaça de indisciplina.
agricultura, porém, sua cooperação ficou
muito abaixo do que esperavam as
autoridades estatais. Sobretudo a dificuldade
para obter novos recrutas mediante a
libertação de escravos demonstra a fraqueza
do estado imperial para extrair recursos dos
setores privados”

408 CAXIAS Com o afastamento de Mitre, Caxias fica com o


comando da Tríplice Aliança. Este atendia a
“Caxias era nome influente do Partido expectativas do governo de unificar o comando
Conservador, símbolo da unidade nacional e do exército,
condestável do império. Havia comandado a
repressão às principais lutas separatistas
durante o período da consolidação da
unidade nacional”

409 “A visão das clivagens políticas como Caxias foi designado à apartar os conflitos
elemento corruptor da tradição militar internos motivados por divergências políticas e
brasileira parece comum a todos os críticos socias, Isso mediante a intervenção imperial,
da guerra. As disputas entre as facções eram sobretudo do poder moderador. A organização
responsabilizadas pela demora na do exército por caxias demorou 17 meses.
organização do Terceiro Corpo do Exército,
essencial ao prosseguimento da campanha”

410- DRENANDO RECURSOS Para cobrir os gastos, o império pegou


411 emprestimos particulares emitindo apólices e
“A necessidade de ampliação dos gastos papel-moeda. Há aumento de taxas e da
públicos comprometia a capacidade do inflação. O império pegou empréstimos da
governo de planejar e controlar com inglaterra para o custeio da guerra, assim como
adequação as despesas. Assim, o déficit investiu em fábrica de pólvora. Pórem, a guerra
governamentl, característico de praticamente não dinamizou a industria nem o transporte do
todos os orçamentos do período monárquico, Brasil.
manteve-se em patamares muito mais
elevados durando os anos da Guerra”

412 A CONQUISTA DO PARAGUAI Após a invasão do território e da tomada dos


principais pontos estratégicos, Caxias avisa ao
“Em agosto de 1868 a frota brasileira imperador que a guerra estava acabada, porém
finalmente ultrapassou a Fortaleza de D. Pedro II ordena que o ditador seja capturado.
Humaitá. Sitiados por terra e pelo rio, os Nisso, a guerra flagela grande parte do território
paraguaios ainda conseguiram evacuar a paraguaio, resultado em fome, mortes e
fortaleza antes de se renderem alguns dias migrações.
mais tarde”.

A DEZEMBRADA Após as batalhas de Dezembro, o exército


paraguaio praticamente havia sido destruido.
“Entre agosto e dezembro de 1868 o exército Em 1869 as tropas entram em Assunção e
brasileiro contorou as trincheiras paraguaias López foge para o interior. Caxias parte do
[...] a marcha foi executava com presição por paraguai considerando a guerra encerrada,
caxias [...] Esse movimento permitiu que no porém demoraria mais um ano para que o
final de 1868 um conjunto de batalhas fosse conflito terminasse de vez.
travado perto de Assunção”

413- A CAMPANHA DA CORDILHEIRA E O O comando do Conde D’Eu foi problemático,


414 FIM DA GUERRA com atraso de salários e meses de conflitos
catastróficos para os paraguaios. A fome
“Cansados de lutar, muitos se preparavam paralisou as operações por dois meses com uma
para voltar a casa. A Perspectiva de lidar crise de abastecimento.
com López e um exército de guerrilhas por
vários anos, porém, levou as lideranças
políticas do império a optar pelo
prosseguimento da campanha [...] Capturá-lo
tornou-se a obsessão do Imperador, que
nomeou seu genro, o Conde d’Eu,
comandante-em-chefe”.

415 “No dia 1 de 1870, escoltas brasileiras sob o


comando do general José Antônio Corrêa Da
Câmara (visconde de Pelotas) localizaram as
tropas de Solano López num vale [...] perto
da fronteira com Mato Grosso. Após rápido
combate, o ditador paraguaio foi morto”.

416 A OCUPAÇÃO DO PARAGUAI E AS O retorno dos soldados brasileiro seria


417 QUESTÕES DIPLOMÁTICAS comemorado com festas e homenagens, o que
foi visto com desconfiança por alguns líderes
“Dado o grau de centralização política do civis, tendo em vista que elas poderiam
país, o exílio ou a morte do ditador eram os fortalecer politicamente o exército, ocasionando
únicos caminhos para o final da resistência. em intervenções militares como nos países
Dois problemas assombram o gabinete vizinhos. Por outro lado, um grande efetivo de
conservador brasileiro nos anos seguintes: o soldados desmobilizados poderia causar
retorno dos veteranos e o acerto dos desordem pública. O esforço, então, foi de
contenciosos com os governos da Aliança, inserir os veteranos na subserviência civil.
principalmente Argentina [...] A ocupação Essas medidas fizeram com que o exército e os
brasileira teve como objetivo dissuadir essa bachareis se distanciassem. Quando a república
pretensão enquanto a diplomacia veio, seu primeiro presidente foi um militar
conservadora buscava reconstruir um veterano da guerra.
governo paraguaio minimamente capaz de
resguardar a independência do país”

418 CONCLUSÃO Além disso, o conflito deu fim a experiência da


Liga Progressista, coalizão de liberais e
“A campanha [...] demonstrou a fragilidade conservadores. Sua queda se deu pela
da organização militar do império apesar da intervensão do imperador, o que ocasiinou na
vitória das armas brasileiras e exasperou as redefinição do sistema partidário, que teve
relações entre o poder central e as esferas início em 1840.
locais, criando embaraços nas relações entre
governo imperial e lideranças regionais.

419 “Um dos efeitos principais do longo conflito Para o império a guerra constituiu um conjunto
foi a desorganização da vida política e de desafios, militares, diplomáticos e de política
institucional de quase todos os beligerantes. interna. Criar um efetivo mobilizando a
Exceção feita à Argentina, cujo processo de população foi penoso; dificuldade de coordenar
centralização foi acelerado”. centro e localidades; não cumprimento das
promessas ao veteranos agravou a desconfiana
dos militares.

Em 1930 é que a memória da guerra foi


resgatada e monumento e homenagens foram
feitas, atendendo a uma historiografia patriótica.
Até 1950, quando novas visões críticas a forma
como o poder político foi exercido durante a
ditadura militar.

420 “Só a partir da década de 1980 o conflito Essas pesquisas focaram nas repercussões da
seria, no Brasil, objeto de pesquisas guerra sobre a difusão do patriotismo, à
conduzidas por historiadores profissionais profissionalização do exército e consequências
[...] acompanham o aumento de pesquisas para a ordem pública e sua influência na
produzidas por historiadores alemães e proclamação a republica. Imprensa ilustrada:
norte-americanos” “representação patriótica, liberdade de
opnião no segundo reinado e adesão popular
ao esforço de guerra”

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