Julio Bressane
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Resumo
O presente estudo propõe-se a debater, analisar e argumentar ideias que visam elucidar a
linguagem marginal desenvolvida por Júlio Bressane em sua construção poética presente
em seus três primeiros longas, parte do escopo do Cinema Marginal, em anteparo ao olhar
singular do espectador comum tendo em vista os estudos sobre as influências exercidas pela
ação hegemônica do olhar, passível de alterar os processos de produção de sentido de tais
filmes. Contudo, a complexidade dos elementos narrativos e estéticos presentes em tais
obras caracterizadas principalmente pela fragmentação, tanto da narração quanto da forma,
afetam o entendimento lógico das ações trazendo à tona a ideia de uma constante postura
ativa do espectador, caracterizando a singularidade de uma nova linguagem poética
cinematográfica.
Palavras-chave
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Trabalho apresentado no GP Cinema, XV Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do
XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
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Mestranda em Comunicação Midiática pela UNESP, e-mail: [email protected].
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espectador da obra de Bressane possa entrar em uma espécie de catarse. Ao ver pela
primeira vez imagens que não se equivalem, fragmentos, cenários precários, a exploração
do grotesco e temas de forte apelo emocional faz com que o espectador se posicione ora
chocado ou no mínimo desconfortável, ora tentando buscar nexos prováveis, porém que
somente produzirão algum sentido a partir do olhar sobre o todo da obra. Esse fenômeno da
busca de apreensão através da estética marginal entra diretamente em conflito com o olhar
do cineasta, uma espécie de olhar anti herói – empresto aqui o conceito ideológico utilizado
também por Hélio Oiticica3.
Marginália tropical
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Nos primeiros longas de Bressane é possível se deparar com temas que vão além de
um universo estético universalizado. Sem obsessão por uma identidade cultural homogênea,
se constroem pautados pela heterogeneidade em meio ao perfil de um país marcado pela
ânsia de superação cultural, na tentativa de firmar sua identidade ao resgatar suas imagens
“hiper-reais”, no sentido em que acentua o caráter grosseiro e violento da realidade, como
uma espécie de racionalismo exacerbado.
Dessa forma, o Cinema Marginal, apoiado pela Tropicália aparece como uma
espécie de fratura da hegemonia cultural imposta pela Indústria Cultural e a Cultura de
Massa. Permeado por paradoxos adota a própria contradição como afirmação de sua
identidade, caindo no campo conceitual: “É a parte paradoxal - em constante conflito com a
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Quando justapõe elementos diversos da cultura, obtém uma suma cultural de caráter
antropofágico, em que contradições históricas, ideológicas e artísticas são
levantadas para sofrer uma operação desmistificadora. Esta operação, segundo a
teorização oswaldiana, efetua-se através da mistura dos elementos contraditórios -
enquadráveis basicamente nas oposições arcaico-moderno, local-universal - e que,
ao inventaria-las, as devora. Este procedimento do tropicalismo privilegia o efeito
crítico que deriva da justaposição desses elementos. (Favaretto, 2007, p. 26)
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Longman (1995) define o termo alemão kitsch como um objeto ou estilo que, simulando uma obra de arte, é apenas
imitação de mau gosto para desfrute de um público que alimenta a indústria cultural da cultura de consumo ou cultura de
massa; atitude ou reação desse público em face de obras ou objetos com essa característica.
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“... uma revivescência de arcaísmos brasileiros" (Favaretto, 2007, p. 23).
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Do grego auto “próprio” e poiésis “criação”.
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Em meio a tantas teorias e métodos que se arriscam por caminhos diversos para
explicar a complexidade do cinema, podemos questionar dentro da linguagem
cinematográfica marginal o conceito de estética7. Dentro desta perspectiva surgem
inúmeros questionamentos como o que seria verdadeiramente belo dentro das
representações cinematográficas? Ou o que poderia ser considerado de fato uma “obra
prima” para a arte ou repugnante para a ética? Como o olhar do espectador deve se
comportar diante das informações apresentados por um determinado filme? Como ele deve
melhor degluti-las? Entre tantas outras perguntas – não menos importantes – que poderiam
ser apontadas dentro da complexidade de um filme marginal pode-se apontar, na história do
cinema nomes de profunda relevância para possíveis elucidações.
Sergei Eisenstein (2002) em sua teoria do cinema destaca uma estética que vai além
de uma simples mimese, ampliando o olhar eurocentrista para nichos que levam desde o
rasa hindi ao kabuki japonês, que por meio da montagem altera a forma no filme,
produzindo relevantes significados e alterando percepções à luz do modernismo: “a
montagem tornou-se o axioma inquestionável sobre o qual se construiu a cultura
cinematográfica internacional”. (Eiseinstein, 1957, p. 257).
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Vale lembrar a concepção adotada por Kant (1993), para explicar o conceito de beleza desfocada do objeto para o sujeito,
segundo juízos de valor, gosto e de conhecimento advindos do receptor da informação. Para o filósofo tais juízos são
dotados de paradoxos que dificultam a solução dos problemas estéticos que acabam por distanciar-se da objetividade, já
que os considera como pura sensação subjetiva.
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Um olhar, entretanto, ressentido e que desejava ser quebrado por um visual sujo,
áspero, e de grosso trato parece levar os planos de Bressane a uma necessidade de resgate e
superação à dependência pragmática que se instaurou na sétima arte ao longo dos anos.
Mais que por uma construção linear da trama, fundada sobre a causa e o efeito.
Eisenstein interessava-se por uma diegesis truncada, disjuntiva, fraturada,
interrompida por digressões e materiais extra diegéticos como os planos do pavão
mecânico de Outubro, metaforizando a vaidade do primeiro-ministro Kerensky.
Vislumbrava o potencial do cinema para estimular o pensamento e o
questionamento ideológico por meio de técnicas construtivistas. Em um lugar de
contar histórias através de imagens, o cinema eisensteiniano pensa através de
imagens, utilizando o choque entre planos para provocar, na mente do espectador,
chispas de pensamentos resultantes da dialética de preceito e conceito, ideia e
emoção.” (Stam, 2013, p. 57).
Todavia a obra de Eisenstein fora julgada como totalitária, asfixiante e sujeita a uma
espécie de despotismo formal. Machado (1997) chega a afirmar que a obra do cineasta
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Do grego τρόπος ou trópos, do verbo trépo, "girar". Figura de linguagem ou da retórica responsável pela mudança de
significado, seja interna (em nível do pensamento) ou externa (em nível da palavra).
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O conceito anti-arte apoia-se na ideia dadaísta da determinação do valor estético não como procedimento técnico, mas
como um puro ato mental, uma atitude diferente em relação à realidade: “Com suas intervenções inesperadas e
aparentemente gratuitas, o Dadaísmo propõe uma ação perturbadora, com o fito de colocar o sistema em crise, voltando
para a sociedade seus próprios procedimentos ou utilizando de maneira absurda as coisas a que ela atribuía valor.” (Argan,
1999, p.356). O estilo inventivo e provocativo de Duchamp chamou a atenção da crítica pelo caráter enigmático de suas
obras, consideradas quebra-cabeças desafiadores a estudiosos e o grande público: “Precisa-se apenas de virar o
caleidoscópio da interpretação para descobrir que os fragmentos da vida de Duchamp e da sua obra, formaram um novo
padrão.” (Mink, 2000, p.8).
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elucidar a ideia “de que o cinema convertia o público em uma entidade bovina e passiva”
(p. 83), um legítimo “matadouro da cultura”. Para Duhamel, a massificação do cinema
estupidificara as mentes elevando a espetacularização à falsa sensação de abastamento. Tal
posição ridicularizante fez Walter Benjamin discordar, já que considerava tal postura
positivista como uma semente para a abolição da posição passiva do espectador. Para o
autor, o cinema enriquecia as percepções, além de disponibilizar acesso a um grande
contingente de público:
Essa ideia de contracinema postulada pelos teóricos críticos veste efetivamente estes
objetos de análise. Os filmes de Bressane, aqui estudados, nos dão matéria-prima para a
execução do pensamento, posicionando o espectador ativamente, como participante do ato
criativo, e, pensando-se em arte contemporânea, possíveis coautores das obras. Ecos da
Teoria Crítica na obra deste cineasta apresentam-se principalmente sobre o aspecto da
subversão, sobretudo a formal, e enquanto antiarte ou antiestética, na rejeição ao conceito
clássico de beleza, em favor de uma estética de fragmentos e de restos.
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na estrada, até se perder de vista e depois retornar. Durante esse intervalo temporal, o
espectador posiciona-se entre a paciência e a tortura, buscando sentido, ou mesmo
distraindo-se com outros pensamentos. Esse momento que beira ao existencialismo
proposto por Bressane também pode ser elucidado pela fenomenologia de Merleau-Ponty, a
mesma que argumentou sobre a obra de Bazin, ao apontar para a riqueza da produção de
significados sobre experiência perceptiva da representação, o filme assim, torna-se mais
real do que a realidade. Para o espectador de Bressane, entretanto, tem-se algum ponto que
fica entre o olho e a navalha10.
Tal vínculo paterno aos primeiros longas de Bressane são difíceis de serem
quebrados. Bernadet (1991) aponta que a partir desses filmes, Bressane se instaura como
“filho ilegítimo”, na tentativa de se libertar das influências que serviam de inspiração para a
execução de tais obras. Ao analisar os filmes, o autor aponta uma série de elementos que à
luz da psicanálise remetem à independência maioritária de Bressane a Glauber. Para
Bressane, entretanto, o autorismo aparece mais como um engajamento artístico do que a
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Como na cena de “Matou a família e foi ao cinema” (1969) em que o personagem gesticula a lâmina sobre os olhos,
numa espécie de ritual, antes de matar os pais.
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Berthold Brecht (2005) postulou uma forma de encenação realística, baseada na valorização de cenas do cotidiano que
investiam na crítica social e temas polêmicos, na fragmentação narrativa e na bricolagem como elementos cênicos, além
do rompimento com a quarta-parede, que inspirou a interatividade da plateia como participante do ato teatral.
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O Manifesto Antropofágico, postulado por Oswald de Andrade, em 1928, partia do conceito de deglutição das
influências culturais existentes no Brasil, como uma tentativa de buscar a identidade nacional.
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ambição de superar tal hegemonia consolidada no cinema, daí uma possível justificativa
para a negação de sua “paternidade”. Bernadet (1991), entretanto, comenta sobre tal atitude,
apontando as influências como indissociáveis do processo criativo do cineasta:
Todavia, é inegável que tanto o cinema novo com o marginal se instauram com
força autoral, na tentativa de romper com a estética hegemônica, em prol de uma estética da
fome e do lixo, antipopular e descontínua.
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O Mito da Caverna trata de uma alegoria que explica como, através do conhecimento, é possível se captar a existência
do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do mundo inteligível (conhecido somente através da razão). O mito
aborda sobre as representações de sombras de estátuas projetadas nas paredes de uma caverna por uma fogueira vistas por
prisioneiros acorrentados desde o nascimento. Os simulacros da realidade impressos pelas imagens com temática cotidiana
instigam a interpretação de tais indivíduos que analisam e julgam tais situações. Uma suposta fuga faria com que o sujeito
entrasse em contato com a realidade e então descobriria a farsa. Ao voltar à caverna, ávido em relatar seu novo
conhecimento adquirido, seria questionado já que os demais prisioneiros somente teriam como modelo de realidade a
crença absorvida por seus sentidos. Platão (2002) nos concebe a ideia de que os seres humanos têm uma visão distorcida
da realidade, e que segundo o mito, os prisioneiros na realidade poderíamos ser nós mesmos, já que enxergamos e
acreditamos apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos durante a vida. A caverna
simbolizaria o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. Só sendo possível conhecer a
realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.
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Dos estudos de Aristóteles, Ethos, Pathos e Logos; Pathos se refere à sensibilidade do auditório (aquele que recebe a
informação), a variável em função das características do mesmo. A ideia é que o orador deve selecionar as estratégias
adequadas para provocar em seu receptor as emoções e as paixões necessárias para suscitar sua adesão e assim, induzi-lo a
mudar de atitude e comportamento. Para tanto é necessário que o orador use de argumentos racionais sem deixar de usar o
seu carisma e a sua habilidade oratória. (Aristóteles, 2006)
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intensidade neurótica, como uma forma de regressão socialmente aprovada” (In Stam,
2013, p. 182). Essa vertente de pensamento levou os psico-semioticistas adotarem uma
postura de investigação da receptividade pela forma como os sujeitos se constituem
intelectualmente. Resgatando as ideias de Freud e Lacan, houve uma tentativa de se
explicar as reações comportamentais dos espectadores, conforme as dimensões
egocêntricas, do desejo, do voyeurismo, da identificação, do fetichismo, do narcisismo e
outras subjetividades. Para os filmes de Bressane, Bernadet (1991) adota esta linha de
pensamento com o intuito de justificar através de uma análise detalhada dos elementos
presentes na constituição dos filmes, o resgate de múltiplos significados, como o da
“desfiliação paterna” em relação a Glauber Rocha, até o nascimento de uma nova
linguagem, como em “O anjo nasceu” (1969). Assim, Bressane nos dá outras possibilidades
de olhar sobre novas perspectivas, com base num movimento de liberdade de pensamento,
como uma espécie de espectador interativo e coautor do sentido de sua obra.
Dessa forma, os olhares do cineasta e do espectador adentram um território
conflituoso e transformador de significados exponenciais. Nem sempre o que um artista
materializou de seu pensar é o que se contempla ou vice-versa. O processo de fruição
artístico é em demasia complexo por sua natureza, de caráter imprevisível, multidirecional,
dinâmico e auto transformável. Pensar um objeto artístico, entretanto, significa traçar um
itinerário libertador e independente, marcado por impressões arbitrárias de livre pensar.
Esse caráter “interminável”, de seguir percursos imprevistos e conclusões inusitadas, como
se o espectador não obtivesse o controle, permite a ampliação de possibilidades e um
enriquecimento da compreensão, com crescente proporção do entendimento, um
pensamento que infla em anteparo à burocracia do saber permeada por paradigmas fixos e
regras ortodoxas, como um caleidoscópio de ideias sensíveis e inteligíveis.
Considerações finais
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Assim, esta dialética de fragmentação intenciona a suspeita de uma possível crise formal,
pois o olhar da câmera de Bressane é como uma máquina que tudo observa a seu próprio
tempo, uma câmera que está longe de ser “tranquila”. Suas imagens trazem uma dimensão
polêmica, intertextual, na recusa de envolvimento sob uma imobilidade que pode ser
considerada dialógica.
A liberdade da câmera de Bressane traz à tona uma diegese, enunciadora de um
espaço off de reflexão independente das ações, com um olhar amplificador enriquecido pela
disjunção. A parataxe aparece como elemento crucial para a diacronia das cenas. Sem
encadeamentos ou subordinações, as séries são descontínuas e nem sempre olhar e objeto se
encontram. Sendo assim, cada sequência é um recomeço através da liberdade do olhar a
princípio sugerindo ser arbitrário, mas que no conjunto da obra produzirá sentido. Dessa
forma, o fluxo de estímulo das ações é desencadeado fazendo com que o espectador tome
uma suposta postura de decifrador da mensagem.
Contudo, a condição do cineasta como um representante social imaginário torna
ainda mais aguda esta discussão em vista dos desafios do cinema na contemporaneidade,
assim, entender suas origens torna-se de suma importância que indubitavelmente são
cruciais a compreensão de sua complexidade.
Os apontamentos e reflexões aqui apresentados problematizam como o olhar
marginal de Júlio Bressane pode ser absorvido por um público cujo olhar é marcado pela
hegemonia, e como uma possível crise formal e narrativa são passíveis de intervir na
fruição desses filmes, alterando a produção de sentido e desafiando o entendimento lógico
do espectador, libertando ou aprisionando-o. A obra de Bressane, entretanto, parece se
assemelhar a um caleidoscópio, quantificando um exponencial semântico ao espectador,
investindo em sua elaboração perceptiva, crítica, sensível e inteligível.
REFERÊNCIAS
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