A Arvore Do Beto - Ruth Rocha
A Arvore Do Beto - Ruth Rocha
A Arvore Do Beto - Ruth Rocha
·Mariana Massarani
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A árvore
do Beto
ILUSTRAÇÕES
Mariana Massarani
1O• impressão
SALAMANDRA
Texto © Ruth Rocha.
Editora Salamandra, 2010: 1' edição reformulada. Publicações anteriores:
Editora Abril Cultural, 1976: 1' edição; Cultrix, 1984 - 1987: 2' e 3' edições;
Editora FTD, 1992 - 2008: 4' a 7' edições.
Ilustrações © Mariana Massarani, 2010.
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Lenice Bueno da Silva
ASSISTENTE EDITORIAL
Rita de Cássia da Cruz Silva
REVISÃO
Fernanda Kanawati
PROJETO GRÁFICO
Traço Design
DIGITALIZAÇÃO DAS IMAGENS
Angelo Greco
IMPRESSÃO
Yangraf Gráfica e Editora
Rocha, Ruth
A árvore do Beto / Ruth Rocha ; ilustrações Mariana
Massarani. -- São Paulo: Moderna, 2010.
ISBN 978-85-16-06274-3
10-01652 CDD-028.5
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É amigo do seu Nicolau, um velho engraçado,
que faz pipocas para a gente. É o Beto quem faz
as compras para ele.
7
O Beto tinha muita vontade de ter uma árvore
de Natal. Era o sonho dele. Uma árvore grande,
como a da casa do Caloca. Mas o pai do Beto não
podia comprar. Todo ano ele prometia, mas todo
ano acontecia alguma coisa e ele nunca podia
dar a árvore para o Beto.
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Um dia, o Beto teve uma ideia.
Lá na nossa rua tem um terreno vazio, um terreno
baldio. O Beto resolveu plantar uma árvore lá
e esperar até que ela crescesse.
Limpou um pedaço do terreno ... Arranjou um
pouco de adubo com seu Alexandre, o jardineiro .. .
Comprou uma muda pequenininha de pinheiro .. .
E plantou no terreno.
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Todos os dias, o Beto regava a mudinha dele.
Revolvia a terra em volta, tirava os galhinhos
secos. Vigiava para não subir formiga. Cuidava
da plantinha como se fosse -uma gentinha.
E ·a plantinha foi crescendo, forte e bonita.
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Eu não sei quanto tempo o Beto cuidou daquela
planta. Foi muito tempo ... Até que a árvore do
Beto ficou grande, cheia de galhos, uma beleza!
Prontinha para virar árvore de Natal.
Na véspera do Natal, o Beto pediu para o seu
Nicolau ajudar. Ele ia levar a árvore para casa.
Seu Nicolau veio, com um serrote e uma lata.
- Pra que este serrote, seu Nicolau? - Beto
perguntou.
- Ué, é pra serrar a árvore, você não quer
pôr a árvore na lata, pra levar pra casa?
- Ah, mas assim vai matar a árvore!
- Bem, é assim que todo mundo faz.
Serra o tronco da árvore e enterra numa lata .
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- Ah, mas isso eu não quero. Minha árvore deu
tanto trabalho ... Eu gosto muito dela. Não quero
matar, Deus me livre ...
- Bom, a gente pode desenterrar com cuidado,
serrar as raízes ...
- Ah, não, seu Nicolau, piorou! Serrar as raízes?
Parece até que eu vou serrar as pernas dela ...
- Mas, então, não tem jeito, Beto.
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Beto estava com os olhos cheios de lágrimas.
- É, então, não tem jeito. Eu é que não vou matar
a minha árvore.
E o Beto foi para casa, muito triste.
19
A mãe do Beto ficou com pena dele. Fez bolo
de chocolate, que ele gostava. Fez cocada, fez
raban'ada ...
O pai do Beto fez um papagaio lindo para ele.
Os irmãos não sabiam o que fazer para ele ficar
contente.
O Beto estava muito desapontado. Mas cortar
a sua árvore? Nem pensar!
Aí o Beto começou a reparar que havia um
movimento diferente lá na rua. O pessoaftodo
passava, pra lá e pra cá, apressado, com embrulhos.
Seu Nicolau, seu Bertoldo, seu Júlio, o'S meninos ...
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Quando já era noite, a mãe do Beto chamou:
- Vá tomar banho, meu filho.
Está na hora da festa.
A mãe do Beto estava toda arrumada,
como quem 1a sair.
- Nós vamos sair, mãe?
- Vamos sim, Beto.
Vá se arrumar, ande.
O pai de Beto estava impaciente:
- Vamos embora.
Só estão esperando a gente ...
- Onde, papai? Aonde nós vamos?
- É logo ali, Beto, nós vamos à sua festa ...
25
A festa do Beto era no velho terreno baldio.
E Beto foi. E, quando chegou, sentiu que
era uma verdadeira festa de Natal!
O terreno estava limpo. Todos os seus amigos
estavam lá: seu Alexandre, seu Bertoldo,
seu Júlio, dona Neném, os meninos ...
Havia luzes; estava tudo enfeitado.
E, no centro do terreno, estava a sua árvore.
Grande, brilhante, exatamente como ele tinha
sonhado. Cheia de luzes, de bolas coloridas, de
guirlandas prateadas. A sua árvore, o seu pinheiro,
com os galhos compridos, pesados de presentes.
E todos os seus amigos tinham trazido de casa
comidas gostosas.
Tinham arrumado uma mesa bem grandona.
Todos tinham vindo passar a noite de Natal
com o Beto.
Todos queriam estar juntos. E uns diziam para
os outros:
- Feliz Natal! Feliz Natal!
E o Beto pensava, comovido e feliz:
- Pra quem tem tantos amigos, todo dia é dia
de Natal. ..
28
Quero dedicar esta coleção à turma da minha rua.
A todos os amigos que brincaram comigo de amarelinha,
de pegador e de roda.
A todas as meninas com quem eu brinquei de bonecas, de comidinhas, de dona de casa.
A toda turma que sentava na calçada nas noites de verão e com quem eu conversava
conversas sem !im sobre São Jorge na lua, para que fim estamos todos sobre a Terra,
sobre os mistérios da vida e o milagre do parto.
A esta mesma turma com quem eu brincava de mocinho e bandido, de subir nas
árvores da casa do meu tio Aurélio para chupar limas e comer araçás.
Com quem eu passeava de bicicleta no lbirapuera deserto, lia gibis e comentava
o último filme da matinê no Phoenix.
Quero dedicar não só esta coleção como todas as minhas histórias às crianças
com quem eu fui, .durante anos e anos, a pé, para o Colégio Bandeirantes, cruzando
as chácaras perfumadas de flores da Vila Mariana.
Desenho para livros, jornais e revistas. Sempre gostei de desenhar, desde bem pequena.
Já ilustrei quase 100 livros e escrevi outros oito. A parceria com a Ruth Rocha é grande
e bem antiga (desde 1993), mas eu já era fã desde a década de 70, quando eu lia a
Revista Recreio.
Fiquei vários meses trabalhando nesta coleção. Desde os esboços até finalizar todos
os desenhos. Sei que vou sentir falta da turma toda. Bolar a cara dos personagens
de um livro é uma das melhores partes do meu trabalho. Ainda mais quando se pode
continuar com eles por mais um tempo, numa coleção inteira. Nestes livros, usei
nanquim e pincel para desenhar e depois pintei tudo com aquarela líquida.
Ah, esqueci de dizer, tenho um blog de desenhos: http://marianamassarani.blogspot.com
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Catapimba é um garoto legal. Amigo da turma
toda, centroavante e secretário do Estrela-D'Alva
Futebol Clube, com ele o tempo só esquenta
quando o Armandinho não apita o jogo direito.
Nos livros desta série, cada história é urna
aventura, sempre contada daquele jeito gostoso,
característico de Ruth Rocha!
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A decisão do campeonato
Armandinho, o juiz
Como se fosse dinheiro
O piquenique do Catapimba
A árvore do Beto
A máquina maluca
o tempo em que a televisão
mandava no Carlinhos
SALAMANDRA
www.salamandra.com.br