VERMES Gisele

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Vermes (helmintos)

As verminoses são doenças provocadas por organismos genericamente chamados de vermes.


Elas podem ser evitadas, na maioria das vezes, com simples hábitos de higiene.

(A tênia é um platelminto responsável por causar a teníase)

Nome popular dos seres vivos pluricelulares pertencentes aos filos platelmintos e
nematelmintos do reino Metazoa. Apresentam corpos tubulares alongados, que podem ser
achatados (platelmintos) ou cilíndricos (nematelmintos).

Alguns têm vida livre e vivem no mar, rios ou ambientes terrestres, e outros são parasitas, ou
seja, vivem à custa dos animais hospedeiros.

Verminoses são todas as doenças desencadeadas por nematoides e platelmintos, organismos


tradicionalmente chamados de vermes. Essas doenças afetam toda a população,
independentemente do sexo, idade, cor da pele ou classe social. Entretanto, elas ocorrem com
maior frequência em áreas com saneamento básico deficiente e em pessoas com hábitos de
higiene precários.

Platelmintos

O Filo Platyhelminthes (platy = chato; helmintos = verme), ou simplesmente filo dos


platelmintos, reúne os animais invertebrados com corpo achatado dorsoventralmente,
triblásticos, acelomados apresentando simetria bilateral. Também conhecidos como vermos
achatados, podem ter vida livre (em ambientes aquáticos ou terrestres), representados pelas
planárias ou ser parasitas de outros animais, inclusive o homem.
(Planária: esquema da disposição dos sistemas desse animal.).

Características

O termo platelminto significa verme achatado, sendo essa uma referência ao corpo delgado
desses animais, que se apresentam achatada dorsoventralmente. Seu corpo é formado por
três folhetos germinativos (ectoderme, mesoderme e endoderme), portanto, são considerados
triblásticos. São animais acelomados (não possuem celoma) e apresentam simetria bilateral.

Os platelmintos são animais que possuem um corpo relativamente simples, com muitos
sistemas ausentes e outros muito pouco especializados. As trocas gasosas desses animais, por
exemplo, ocorrem por difusão pela superfície do corpo.

No que diz respeito à excreção, observa-se um sistema simples constituído por protonefrídios,
os quais são uma rede de túbulos com estruturas ciliadas conhecidas por células-flama.
(A planária é um platelminto de vida livre.).

 Estrutura

Os platelmintos são animais dotados de órgãos definidos. Possui o mesoderma, uma terceira
camada de tecidos localizada entre a epiderme e o revestimento interno do intestino.

O mesoderma dá origem aos órgãos e sistemas diferenciados, como os músculos, o sistema


reprodutor e o sistema excretor.

Na região anterior, correspondente à cabeça, encontram-se estruturas sensoriais.

 Digestão

Possuem cavidade digestiva dotada de apenas uma abertura – a boca, que serve tanto para a
entrada de alimento como para a eliminação de materiais não digeridos. Trata-se de um
sistema digestivo incompleto.

 Reprodução

Entre os platelmintos, encontram-se padrões de reprodução assexuada e sexuada. Além dos


platelmintos, estes tipos de vermes, estão distribuídos ainda entre os anelídeos e
os nematelmintos.

Classificação

Existem diferentes espécies de platelmintos, sendo algumas de vida livre e outras parasitas.
Dentre estas, podemos citar as tênias e o esquistossomo, enquanto de vida livre, podemos
citar a planária. Podemos identificar quatro classes nesse filo: Turbellaria, Trematoda, Cestoda
e Monogenea.
Na Turbellaria temos organismos apenas de vida livre, incluindo-se nesse grupo as planárias. Já
as classes Trematoda, Cestoda e Monogenea apresentam apenas representantes parasitas. Na
classe Trematoda temos como representante o esquistossomo; na classe Cestoda temos as
tênias; e na Monogenea, algumas espécies ectoparasitas de peixes, anfíbios e répteis.

 Platelmintos de vida livre

(Esquema da planária representando algumas de suas principais partes.).

Os platelmintos de vida livre são as espécies que não apresentam hábito parasita, sendo
encontrados em ambientes de água doce ou salgados bem como terrestres e úmidos. As
espécies de platelminto de vida livre mais conhecidas são chamadas popularmente de
planárias. Esses animais vivem em ambiente de água doce e alimentam-se de pequenos
animais ou animais mortos.

A planária apresenta uma cabeça com um par de ocelos — estruturas que garantem a
percepção de luz. Na cabeça observam-se ainda abas laterais que atuam na detecção de
substâncias químicas presentes na água. O sistema nervoso desses animais é do tipo
ganglionar, apresentando um par de gânglios próximos aos ocelos, de onde partem cordões
nervosos ventrais, que percorrem todo o comprimento do corpo.

Esse animal apresenta um tubo digestório que inclui uma boca, porém não apresenta ânus,
sendo, portanto, um sistema digestório incompleto. A boca está associada a uma faringe
muscular, a qual pode protrair-se (mover-se para frente) a partir da boca durante a
alimentação. Sucos digestórios são lançados na presa, e depois a faringe suga o alimento para
o interior da cavidade gastrointestinal, onde a digestão será continuada. Inicialmente a
digestão é extracelular, porém é completada no interior de células que revestem a cavidade
gastrovascular.

(As planárias apresentam grande capacidade regenerativa.).

A reprodução das planárias pode ocorrer por meio da fissão. Nesse caso, o animal sofre
constrição do seu corpo, separando a cabeça da cauda, dando origem a dois indivíduos. Esses
animais também apresentam incrível capacidade de regeneração. Se uma pessoa cortar a
planária em vários pedaços, por exemplo, estes se regeneram e dão origem a novas planárias.

A reprodução sexuada é também observada nas planárias. Esses animais são hermafroditas, ou
seja, em um único indivíduo observa-se a produção de gametas masculinos e femininos. A
fertilização nesse grupo é cruzada, pois, na hora da cópula, os parceiros são fertilizados.

 Platelmintos parasitas

Os platelmintos parasitas são muito conhecidos por provocarem doenças no homem, sendo
esse o caso do esquistossomo e da tênia. Na maioria das espécies parasitas, observa-se uma
cobertura no corpo que ajuda a proteger esses animais no interior do hospedeiro.

Nematelmintos

Nematódeos, nematoides ou nematelmintos são vermes que possuem o corpo alongado,


cilíndrico e afilado nas extremidades. Destacam-se por serem animais triblásticos,
pseudocelomados, protostômios e com simetria bilateral. Alguns representantes apresentam
poucos milímetros de comprimento, enquanto outros podem apresentar mais de um metro.
São encontrados em diferentes hábitats, existindo espécies de vida livre e também espécies
parasitas.
Ascaridíase, ancilostomíase, filariose e bicho-geográfico são doenças causadas por
nematódeos que afetam os seres humanos. É importante destacar que há espécies parasitas
de outros animais e também de plantas, sendo consideradas pragas de algumas culturas
agrícolas.

(Bicho-geográfico é uma doença causada por nematódeos)

Características

Os nematódeos, também conhecidos como nematoides e nematelmintos, são animais


invertebrados pertencentes ao filo Nematoda que apresentam corpos não segmentados,
cilíndricos, alongados e com suas extremidades afiladas. Algumas espécies são microscópicas,
enquanto outras podem atingir mais de um metro de comprimento.

Esses animais apresentam a parede do corpo formada externamente por uma cutícula
complexa, e internamente, observa-se uma camada de músculos longitudinais. Os nematódeos
são como um tubo dentro de outro, sendo o tubo interno o sistema digestório. Entre a parede
corporal e o tubo digestivo há uma cavidade preenchida por líquido (pseudoceloma), que atua
como um esqueleto hidrostático.

Os nematódeos são seres:

 Triblásticos: possuem três folhetos germinativos (ectoderme, endoderme e mesoderme).


 Pseudocelomados: possuem uma cavidade corporal, entretanto essa cavidade é
delimitada em parte pela mesoderme, em parte pela endoderme.
 Protostômios: no desenvolvimento embrionário, a boca é formada antes do ânus.
 Bilateralmente simétricos: o corpo apresenta duas partes semelhantes, sendo seu corpo
dividido por um único plano de simetria.
(Estrutura de um verme Nematelminto)

Nematódeos possuem sistema digestório completo, ou seja, seu tubo digestivo inicia-se com a
boca e termina no ânus. Trata-se basicamente de um tubo praticamente reto que se estende
da parte anterior do animal até a porção posterior.

O sistema nervoso dos nematódeos é parcialmente centralizado, sendo possível observar um


anel nervoso ao redor da faringe. Nos nematódeos, o sistema respiratório está ausente, e as
trocas gasosas ocorrem por difusão através do tegumento. Também não possuem sistema
circulatório. Nos nematódeos, os nutrientes são transportados pelo corpo do animal no líquido
encontrado no pseudoceloma.

Habitat dos nematódeos

Os nematódeos podem ser encontrados em diferentes hábitats, sendo animais considerados


muito bem-sucedidos ecologicamente. Eles podem ser observados, por exemplo, no ambiente
terrestre, marinho e de água doce.

Algumas espécies de nematódeos são parasitas, que podem ser observadas, portanto, no
corpo de outros seres vivos. Esse é o caso das lombrigas, que podem ser vistas habitando o
intestino de alguns indivíduos.
(Algumas espécies de nematódeos são parasitas dos seres humanos, como o Ascaris lumbricoides.).

Reprodução

A maioria dos nematódeos é dioica, ou seja, existem indivíduos de sexos diferentes. Machos e
fêmeas de algumas espécies apresentam nítido dimorfismo sexual, sendo possível observar,
por exemplo, fêmeas maiores que os machos. A fecundação nos nematódeos é interna, e os
machos colocam seus espermatozoides no poro genital das fêmeas. O ciclo de vida dos
nematódeos pode ser direto ou indireto.

 Reprodução sexuada

Os seres dióicos fazem reprodução sexuada, com o macho introduzindo sua estrutura
reprodutiva (espícula peniana) no poro genital da fêmea. O encontro dos gametas
(fecundação) gera um zigoto que se encontra dentro de ovos que são liberados pelo poro
genital da fêmea para o meio em que se encontram. Desenvolvem e viram adultos.

Nos parasitas, o homem é o hospedeiro definitivo, sendo nele o local onde ocorre a
reprodução sexuada e a formação de ovos, que podem ser liberados no ambiente pelas
fezes do ser humano.

Dependendo da espécie, alguns vermes podem ir para a corrente sanguínea, onde são sugados
junto com o sangue do ser humano para um hospedeiro intermediário. Uma vez no
ambiente, esses ovos podem contaminar águas, solos e plantas, podendo ser ingeridos por
outros hospedeiros definitivos.

 Reprodução assexuada

Os seres hermafroditos podem realizar autofecundação (sem variabilidade genética) ou


fecundação cruzada (dois hermafroditas fecundando um ao outro).
Cisticercose

A cisticercose é uma doença desencadeada pela ingestão de ovos de tênia, um verme


platelminto. Muitos autores consideram que a cisticercose pode ser causada tanto pela Taenia
solium quanto pela T. saginata, entretanto, alguns pesquisadores assumem que a T. saginata
não causa cisticercose ou que é muito rara.

A doença pode causar diferentes sintomas a depender de onde a larva instala-se. A


neurocisticercose destaca-se por sua grande importância clínica, podendo desencadear dores
de cabeça e epilepsia.

(Quando um indivíduo está com teníase, significa que o verme adulto está se desenvolvendo em seu
intestino.).

O que é cisticercose?

A cisticercose é uma doença desencadeada pela ingestão de ovos da tênia. A tênia, tanto a de
suínos quanto os de bovinos, apresenta dois hospedeiros durante seu ciclo de vida: um
definitivo e um intermediário. Os seres humanos são os hospedeiros definitivos das tênias,
sendo o nosso intestino o local em que o adulto desenvolve-se e reproduz-se.

Nos hospedeiros intermediários (suínos e bovinos), as tênias apresentam-se no seu estágio


larval, fixando-se, por exemplo, na musculatura esquelética e também no músculo cardíaco. A
cisticercose ocorre quando nos tornamos hospedeiros intermediários e passamos a abrigar a
fase larval do parasita.
(A cisticercose é transmitida por meio da ingestão de ovos de tênia.).

Após ingerirmos ovos da tênia, eles seguem pelo nosso sistema digestório e, ao chegarem ao
intestino delgado, ocorre à liberação dos embriões. Estes caem na corrente sanguínea e fixam-
se nos diferentes tecidos do nosso corpo, podendo alojar-se, por exemplo, nos nossos olhos e
no sistema nervoso central, sendo essa última condição conhecida como neurocisticercose.

A larva pode também se fixar em outras partes do corpo, como nos músculos e na região
subcutânea, porém esses achados apresentam menor risco ao paciente, apesar de ser um
alerta para larvas em outras regiões do corpo. Ao estacionarem nesses locais, formam um
cisto, uma espécie de bolsa em que a larva desenvolve-se. Esse cisto aumenta de tamanho e
forma os cisticercos.

 Neurocisticercose

A neurocisticercose caracteriza-se pela presença de cisticercos no sistema nervoso central,


sendo o tipo de cisticercose com maior importância clínica. Pode ser classificada em espinhal
ou cerebral, a depender da região acometida. Na maioria dos casos, o parasita é encontrado
no encéfalo. É uma forma grave da doença que pode causar problemas como dores de cabeça,
convulsões, hidrocefalia, meningite, demência, e alterações psíquicas.

O tratamento é individualizado e depende da localização dos cistos e do seu grau de atividade.


O tratamento pode incluir cirurgia, antiparasitários e medicamentos que controlam alguns
sintomas, como fármacos que reduzem as crises epiléticas.
Ciclo de vida

O ciclo de vida da cisticercose pode ser representado da seguinte forma:

(Ciclo de vida e transmissão da cisticercose)

A cisticercose é adquirida pelo homem através da ingestão de água ou alimentos


contaminados por fezes de porco que contém ovos da Tênia. Os ovos, cerca de 3 dias após
serem ingeridos, rompem e liberam as larvas que conseguem passar do intestino para a
corrente sanguínea, onde circulam pelo corpo e se alojam em tecidos como cérebro, fígado,
músculos ou coração, causando cisticercose humana.

Os ovos da tênia podem ser liberados através das fezes de um indivíduo com Teníase, podendo
contaminar o solo, a água ou os alimentos que depois podem ser ingeridos pelo homem, porco
ou boi. Saiba mais sobre a Teníase e como distinguir estas duas doenças.

Transmissão

Como mencionado, a cisticercose é transmitida com a ingestão de ovos da tênia. Isso ocorre
quando ingerimos alimentos ou água contaminada pelas fezes de seres humanos que possuem
teníase. Essa contaminação pode ocorrer quando as fezes são liberadas em ambiente
inadequado, contaminando, por exemplo, a água que será utilizada para a irrigação ou mesmo
para o consumo.

Hábitos de higiene inadequados também podem fazer com que a doença espalhe-se, podendo
ocorrer, por exemplo, quando uma pessoa com teníase sem hábitos adequados de higiene
manipula alimentos ou leva sua mão à boca.

É importante deixar claro que a cisticercose não é adquirida pela ingestão de carne de porco
ou vaca com cisticercos. Nessa situação temos o desenvolvimento de uma doença denominada
teníase.
Sintomas

Os sintomas de cisticercose variam de acordo com o local no qual o verme se localiza. Alguns
casos são assintomáticos e só é possível identificar em razão do aparecimento de nódulos
decorrentes da instalação da larva na musculatura. As manifestações clínicas mais comuns
acontecem no intestino, e incluem dores abdominais, náuseas, perda de peso, diarreia,
constipação e flatulência, por exemplo.

A partir do momento que o cisticerco se aloja no cérebro, os sintomas se tornam mais graves,
causando assim uma degeneração que desencadeia uma inflamação no cérebro humano. Essa
inflamação obstrui o fluxo do líquido cérebro-espinhal e pode causar problemas como:

 Convulsões;
 Epilepsia;
 Distúrbio de comportamento;
 Hidrocefalia;
 Hipertensão intracraniana;
 Problemas de visão e oftalmológicos;

Tratamento

O tratamento para a cisticercose geralmente é feito com remédios como o Praziquantel,


Dexametasona e Albendazol, por exemplo. Além disso, pode ser necessário o uso de remédios
anticonvulsivantes para evitar as convulsões, assim como corticoides ou cirurgia para a
retirada da larva da Tênia, dependendo do estado de saúde do indivíduo e da gravidade da
doença.

Prevenção

A prevenção da cisticercose inclui medidas básicas de higiene, como lavar sempre as mãos
bem como as frutas e verduras antes do consumo. É importante também beber apenas água
filtrada, fervida ou tratada, não utilizar fezes humanas como adubo e utilizar água de
qualidade para irrigação de hortas. Outro ponto que merece destaque é nunca defecar em
lugares inapropriados e tratar os casos de teníase, a fim de evitar que ovos contaminem a água
e os alimentos.
Teníase

Teníase, popularmente conhecida como “solitária”, é uma verminose causada


pelos platelmintos das espécies Taenia solium e Taenia saginata. A doença é contraída por
meio da ingestão de carne malcozida ou crua de suínos ou bovinos contaminados. A prevenção
pode ser conseguida, portanto, por meio do consumo de carne sempre bem cozida ou bem
assada.

Após a contaminação, o verme adulto passa a se desenvolver no intestino delgado,


provocando sintomas como dor abdominal, alterações no apetite e perda de peso. O homem é
o único hospedeiro definitivo das duas espécies de tênia. O tratamento é feito por meio da
administração de medicamentos específicos, conhecidos popularmente como vermífugos.

O que é teníase?

A teníase, também conhecida como solitária, é uma verminose intestinal que se caracteriza
pela presença da forma adulta dos parasitas Taenia solium ou Taenia saginata no nosso corpo.
A doença é contraída quando uma pessoa alimenta-se de carne mal passada ou crua, de
bovinos ou suínos, contendo os chamados cisticercos.

(A tênia se fixa na mucosa intestinal por meio do escólex.).

Agente causador da teníase

Os agentes causadores da teníase são as chamadas tênias, animais platelmintos pertencentes


à classe Cestoda, ordem Cyclophyllidea, família Taeniidae e gênero Taenia. As espécies
responsáveis por causar a teníase são a Taenia solium e a Taenia saginata.

A T. solium é também chamada de tênia do porco, uma vez que esse mamífero é o hospedeiro
intermediário dessa espécie de tênia. Ela apresenta cabeça ou escólex com ventosas e rostro
com dupla coroa de ganchos, estruturas importantes para a fixação da tênia na mucosa
intestinal. Logo após a cabeça, é possível perceber uma região denominada de colo ou
pescoço, a qual apresenta intensa atividade multiplicadora e garante o alongamento do corpo
da tênia.

Após o colo, há o corpo ou estróbilo da tênia, que lembra uma grande fita. O corpo é formado
por uma cadeia de unidades denominadas proglotes, os quais são dotados de órgãos sexuais
femininos e masculinos com capacidade de autofecundação.

As proglotes podem ser divididas em jovens, maduras e grávidas. As jovens apresentam os


órgãos genitais em desenvolvimento. As maduras, por sua vez, possuem órgãos reprodutores
aptos para a fecundação. Por fim, temos as proglotes maduras, as quais apresentam ovos e
estão localizadas mais distantes do escólex. A T. solium pode atingir, quando adulta, de 3 a 5
metros de comprimento.

(Observe as principais partes do corpo de uma tênia.).

A T. saginata apresenta como hospedeiro intermediário os bovinos. A divisão em escólex, colo


e corpo é também verificada nessa espécie, porém, diferentemente da tênia do porco, a T.
saginata não possui ganchos no rostro. Essa espécie pode atingir cerca de 6 a 7 metros de
comprimento.

Ciclo de vida da tênia

Os suínos e bovinos são, respectivamente, os hospedeiros intermediários da Taenia solium e


Taenia saginata. Eles se contaminam quando ingerem alimentos contaminados com ovos ou
proglotes eliminados no ambiente com as fezes de humanos portadores da teníase. Após os
ovos serem ingeridos, eles seguem pelo sistema digestório e liberam um embrião, que penetra
na mucosa intestinal, cai na corrente sanguínea e aloja-se na musculatura do animal,
desenvolvendo-se em uma forma larval denominada cisticerco.
(O ciclo de vida da tênia envolve um hospedeiro definitivo e um intermediário. Na figura temos o ciclo
da Taenia saginata.).

O homem contrai a teníase ao alimentar-se da carne mal passada ou crua contendo os


cisticercos vivos. As larvas são liberadas, o escólex da tênia fixa-se no intestino delgado, e o
parasita desenvolve-se se alimentando dos nutrientes, liberados no processo de digestão, por
absorção pela superfície corpórea. As primeiras proglotes são eliminadas de 60 a 70 dias após
a fixação no intestino. Cada proglote grávida pode apresentar até 40 mil ovos do animal. Esses
ovos podem sobreviver por muito tempo no meio externo.

Sintomas

 A teníase é uma verminose que provoca sintomas como:


 Dores abdominais;
 Flatulência;
 Diarreia ou constipação;
 Náuseas;
 Perda de peso.

Essa verminose pode provocar complicações quando o parasita penetra em estruturas como o
apêndice e o ducto pancreático. Ela também pode se apresentar de maneira assintomática.
Diagnóstico

O diagnóstico da teníase pode ser feito por meio do exame de proglotes e pesquisa de ovos
nas fezes, ou ainda pela técnica da fita gomada na região perianal. Após a confirmação da
presença de ovos, deve-se iniciar o tratamento com medicamentos específicos.

Tratamento

O tratamento da teníase é feito utilizando-se medicamentos conhecidos popularmente como


vermífugos. Dentre os medicamentos mais utilizados, destacam-se o mebendazol e albendazol.

Controle de teníase

Como visto, a teníase é uma doença bastante relacionada com as condições de criação dos
animais e o saneamento básico de uma região. Portanto, são considerados medidas que
podem controlar a teníase:

 Construção de sistemas de esgoto;


 Melhoria nas condições de criação de animais;
 Promoção de uma inspeção rígida em locais de abate e comércio de carnes;
 Investimento em campanhas de conscientização da população a respeito de hábitos de
higiene e das formas como essa verminose é transmitida.

Teníase e cisticercose

A teníase e a cisticercose são duas verminoses transmitidas pela Taenia solium e Taenia
saginata, entretanto, em cada doença, o parasita está em uma diferente fase do seu ciclo de
vida. Enquanto na teníase há a presença do verme adulto no organismo; na cisticercose, a
doença é provocada pela forma larval do parasita nos tecidos.

A cisticercose ocorre quando ingerimos ovos do parasita, o qual pode se desenvolver na forma
larval e se fixar em tecidos. A doença é potencialmente grave, uma vez que o cisticerco pode
se desenvolver no sistema nervoso, uma situação conhecida como neurocisticercose. Vale
destacar que alguns autores admitem que a cisticercose por T. saginata não ocorre ou é
extremamente rara.

Esquistossomose
A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni, que pode ser
encontrado em água de rios e lagos e que tem como hospedeiro intermediário o caramujo.
Esse parasita pode penetrar na pele e provocar sintomas nas pessoas como vermelhidão e
coceira no local, fraqueza e dor muscular.

A esquistossomose, também conhecida como xistose, barriga d´água ou mal do caramujo, é


mais frequente em ambientes tropicais onde não existe saneamento básico e onde existe uma
grande quantidade de caramujos.

É importante que a esquistossomose seja diagnosticada logo nos primeiro sintomas, pois assim
é possível iniciar o tratamento com antiparasitários para eliminar o agente infeccioso e
aumentar as chances de cura da doença.

(O Schistosoma mansoni é o parasita responsável pela esquistossomose.)

O que é a esquistossomose?

A esquistossomose, também conhecida como barriga d’água, xistose ou doença do caramujo,


é uma doença causada por um platelminto. A doença não escolhe sexo, raça ou idade,
podendo ser contraída por qualquer pessoa. A esquistossomose é adquirida quando entramos
em ambiente aquático que apresenta o hospedeiro intermediário do platelminto liberando
cercárias. O hospedeiro intermediário do Schistosoma mansoni é o caramujo do gênero
Biomphalaria.

Agente etiológico
A esquistossomose é causada por vermes platelmintos da classe dos trematódeos da espécie
Schistosoma mansoni. Esse verme apresenta coloração esbranquiçada, e há diferença entre o
macho e a fêmea.

O macho mede entre 6,5 mm e 12 mm e apresenta o corpo achatado. Suas bordas se enrolam
ventralmente e formam o canal ginecóforo. O enrolamento das bordas corporais dá a
impressão que o verme apresenta corpo cilíndrico. A fêmea é mais fina e cerca de duas vezes
maior que o macho. Apresenta corpo cilíndrico e as extremidades afiladas. A fêmea aloja-se no
canal ginecóforo do macho, no qual é facilmente fecundada.

Ciclo da doença

A doença inicia seu ciclo quando pessoas com esquistossomose eliminam suas fezes em
ambiente aquático ou próximo a ele. As fezes contêm ovos de Schistosoma mansoni, os quais
eclodem quando entram em contato com a água e eliminam uma larva ciliada chamada de
miracídio.

Os miracídios liberados na água penetram no hospedeiro intermediário do parasita, o


caramujo do gênero Biomphalaria. Dentro do hospedeiro, os miracídios se multiplicam e
passam por uma série de transformações. Eles dão origem a outra forma larval, chamada de
cercária, que é liberada no ambiente. A maior liberação ocorre em momentos quando o calor e
a luz solar são mais intensos (entre 10 h e 16 h). Esse momento coincide com o período em
que uma maior quantidade de pessoas está em contato com a água.

A cercária é a forma infectante do parasita e se caracteriza por possuir uma cauda bifurcada.
Essa forma larval penetra ativamente no corpo do ser humano por meio de pele e mucosas.
Assim que atravessa a pele ou mucosa, ela perde a cauda e se transforma em esquistossômulo.
Os esquistossômulos caem na circulação venosa e atingem órgãos como coração e pulmões.
Do coração, eles são levados para diferentes partes do corpo por meio das artérias. O parasita
é localizado preferencialmente na veia porta no fígado.

No fígado, as formas jovens se alimentam, crescem e diferenciam-se sexualmente. Elas migram


então para o intestino, no qual adquirem a forma adulta. É nesse local que os vermes adultos
se acasalam. Após o acasalamento, ocorre a liberação de ovos, os quais migram para a luz
intestinal e são liberados com as fezes.
(Os ovos de Schistosoma mansoni são liberados com as fezes.)

Vale salientar que a doença não pode ser transmitida por meio do contato direto com o
doente. Além disso, não se observa autoinfecção.

Fases da esquistossomose

Clinicamente, a esquistossomose pode ser classificada em fase inicial e fase tardia.

Fase inicial

Corresponde à penetração das cercarias por meio da pele. Nessa fase, as manifestações
alérgicas predominam; são mais intensas nos indivíduos hipersensíveis e nas reinfecções. Além
das alterações dermatológicas ocorrem também manifestações gerais devido ao
comprometimento em outros tecidos e órgãos.

As formas agudas podem ser assintomáticas ou sintomáticas.

 Assintomática: em geral, o primeiro contato com os hospedeiros intermediários da


esquistossomose ocorre na infância. Na maioria dos portadores da doença é
assintomática, passa despercebida e pode ser confundida com outras doenças dessa fase.
Geralmente é diagnosticada nas alterações encontradas nos exames laboratoriais de
rotina (eosinofilia e ovos viáveis de mansoninas fezes).
 Sintomática: a dermatite cercariana corresponde à fase de penetração das larvas
(cercarias) através da pele. Caracteriza-se por micropápulas eritematosas e pruriginosas,
semelhantes a picadas de inseto e eczema de contato, com duração de até 5 dias após a
infecção. Pode ocorrer a febre de Katayama após 3 a 7 semanas de exposição. É
caracterizada por alterações gerais que compreendem: linfodenopatia, febre, cefaléia,
anorexia, dor abdominal e, com menor frequência, o paciente pode referir diarréia,
náuseas, vômitos e tosse seca. Ao exame físico, pode ser encontrado
hepatoesplenomegalia. O achado laboratorial de eosinofilia elevada é bastante sugestivo,
quando associado aos dados epidemiológicos.

Fase tardia

 Formas crônicas: iniciam-se a partir do sexto mês após a infecção, podendo durar vários
anos. Podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a
atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite,
ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam a depender da localização
e intensidade da carga parasitária, da capacidade de resposta do indivíduo ou do
tratamento instituído. Apresenta-se nas seguintes formas clínicas:
 Hepatointestinal: em geral, nesta forma da doença as pessoas não apresentam sintomas
e o diagnóstico torna-se acidental, quando o médico se depara com a presença de ovos
viáveis de mansonino exame de fezes de rotina. Nas pessoas com queixas clínicas, a
sintomatologia é variável e inespecífica: desânimo, indisposição para o trabalho, tonturas,
cefaleia e sintomas distônicos. Os sintomas digestivos podem predominar: sensação de
plenitude, flatulência, dor epigástrica e hiporexia. Observam-se surtos diarreicos e, por
vezes, disenteriformes, intercalados com constipação intestinal crônica. Esse quadro
clínico, exceto pela presença de sangue nas fezes, não difere do encontrado em pessoas
sem esquistossomose, mas com a presença de outras parasitoses intestinais.
 Hepática: a apresentação clínica dos pacientes pode ser assintomática ou com sintomas
da forma hepatointestinal. Ao exame físico, o fígado é palpável e endurecido, à
semelhança do que acontece na forma hepatoesplênica. Na ultrassonografia, verifica-se a
presença de fibrose hepática, moderada ou intensa.
 Hepatoesplênica: Apresenta-se de nas formas: compensada e descompensada ou
complicada.
 Hepatoesplênica compensada: a característica fundamental desta forma é a presença de
hipertensão portal, levando à esplenomegalia e ao aparecimento de varizes no esôfago.
Os pacientes costumam apresentar sinais e sintomas gerais inespecíficos, como dores
abdominais atípicas, alterações das funções intestinais e sensação de peso ou
desconforto no hipocôndrio esquerdo, devido ao crescimento do baço. Às vezes, o
primeiro sinal de descompensação da doença é a hemorragia digestiva com a presença de
hematêmese e/ou melena. Ao exame físico, o fígado encontra-se aumentado. O baço
aumentado mostra-se endurecido e indolor à palpação. Esta forma predomina nos
adolescentes e adultos jovens.
 Hepatoesplênica descompensada: considerada uma das formas mais graves da
esquistossomose mansoni, responsável por óbitos por essa causa específica. Caracteriza-
se por diminuição acentuada do estado funcional do fígado. Essa descompensação
relaciona-se à ação de vários fatores, tais como os surtos de hemorragia digestiva e
consequente isquemia hepática e fatores associados (hepatite viral, alcoolismo).
 Existem, ainda, outras formas clínicas: vasculopulmonar, a hipertensão pulmonar,
verificadas em estágios avançados da doença e a glomerulopatia. Dentre as formas
ectópicas, a mais grave é a neuroesquistossomose
(mielorradiculopatiaesquistossomótica), caracterizada pela presença de ovos e de
granulomas esquistossomóticos no sistema nervoso central. O diagnóstico é difícil, mas a
suspeita clínica e epidemiológica conduz, com segurança, ao diagnóstico presuntivo. O
diagnóstico e a terapêutica precoces previnem a evolução para quadros incapacitantes e
óbitos. A prevalência dessa forma nas áreas endêmicas tem sido subestimada.
 Outras localizações: são formas que aparecem com menos frequência. As mais
importantes localizações encontram-se nos órgãos genitais femininos, testículos, na pele,
na retina, tireóide e coração, podendo aparecer em qualquer órgão ou tecido do corpo
humano, uma vez que a esquistossomose mansoni é considerada uma doença
granulomatosa.
 Forma pseudoneoplásica : a esquistossomose pode provocar tumores que parecem
neoplasias e, ainda, apresentarem doença linfoproliferativa.

Sintomas

Nos dois primeiros meses de infecção, a esquistossomose é geralmente assintomática. Depois


desse período, a doença se divide em duas fases.

Na fase aguda da esquistossomose, o paciente apresenta sintomas que podem incluir:

 Coceiras e alergias na pele;


 Febre;
 Dor no corpo;
 Calafrios;
 Falta de apetite;
 Fadiga e prostração;
 Emagrecimento;
 Tosse;
 Diarreias;
 Náuseas e vômitos.

Na fase crônica, o indivíduo com esquistossomose pode apresentar diarreia e prisão de ventre
de forma alternada. Conforme a condição evolui, sintomas mais perigosos podem surgir,
como:

 Aumento do fígado e do baço;


 Cirrose;
 Tonturas;
 Coceira constante no ânus;
 Impotência sexual;
 Emagrecimento;
 Hipertensão pulmonar;
 Hemorragias;
 Abdômen distendido e inchaço, considerados a principal característica da barriga d’água.
Complicações

Se não tratada adequadamente, a esquistossomose pode evoluir e provocar algumas


complicações, como, por exemplo:

 Aumento do fígado;
 Aumento do baço;
 Hemorragia digestiva;
 Hipertensão pulmonar e portal;

Diagnóstico

O diagnóstico, geralmente, não é uma tarefa fácil em regiões onde a doença não ocorre com
frequência. É fundamental, para a realização de um diagnóstico correto, saber os sintomas do
paciente e também informações sobre onde o indivíduo vive e se ele se expôs a ambientes que
possam estar contaminados. A realização de exames laboratoriais é essencial para a
confirmação do caso. O exame de fezes permite a detecção de ovos do parasita causador da
doença.

Tratamento

A esquistossomose é tratada com uso do medicamento Praziquantel, distribuído


gratuitamente pelo Ministério da Saúde, e só deve ser utilizado após prescrição médica. O
medicamento apresenta baixa toxicidade e os efeitos colaterais são leves. Sua dosagem varia
em crianças e adultos e relaciona-se com o peso corporal do indivíduo. Em casos mais graves
da doença, a internação pode ser recomendada.

Prevenção

A melhor prevenção da esquistossomose é:

 Evitar nadar, tomar banho ou andar em água doce em áreas conhecidas por conter
esquistossomos.
 Usar latrinas ou vasos sanitários para micção e defecação
 Usar produtos químicos que matam os caramujos (moluscicidas) em corpos de água doce
onde se sabe que há esquistossomos

A água doce usada para banho deve ser fervida durante pelo menos um minuto e depois
resfriada antes do banho. Entretanto, a água que foi mantida em um tanque de
armazenamento durante pelo menos um a dois dias deve ser segura sem fervura.
Pessoas que forem acidentalmente expostas a água possivelmente contaminada (por exemplo,
ao cair em um rio) devem secar-se vigorosamente com uma toalha para tentar retirar
quaisquer parasitas antes que eles penetrem na pele.

O uso de moluscicidas em corpos de água doce que contêm esquistossomos pode ser eficaz na
prevenção de esquistossomose, mas também pode ser um procedimento difícil e dispendioso,
além de suscitar preocupações de natureza ambiental. O tratamento com praziquantel (um
medicamento antiparasitário), realizado em massa na comunidade ou nas escolas, bem como
programas educativos são utilizados para controlar a esquistossomose em áreas endêmicas.

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