Universidade Federal Fluminense

ICEx – Volta Redonda

Introdução a Matemática Superior
Professora: Marina Sequeiros

1. Conjuntos numéricos

Objetivo: aprender sobre conjuntos numéricos, suas operações e propriedades.

1.1 Conjunto dos números naturais (IN)

O conjunto dos números naturais é representado por IN e I={0;1;2;3;...}.

Neste conjunto são definidas duas operações fundamentais: a adição e a multiplicação.
Observamos que dado um número natural a0, o simétrico de a, isto é, -a não existe em IN.
Assim, em IN a subtração não é uma operação. Logo, houve a necessidade da ampliação
dos números naturais e introdução de números negativos.

1.2 Conjunto dos números inteiros (Z)

O conjunto dos números inteiros é representado por Z e Z={...,-3;-2;-1;0;1;2;3;...}.

Além de IN, destacamos os seguintes subconjuntos de Z:

Não negativos: Z + = {0;1;2;3;4;5;...}

Positivos: Z *+ = {1;2;3;4;5;...}
Conjunto dos números inteiros Não positivos: Z − ={0;-1;-2;-3;-4;-5;...}
Negativos: Z *− ={-1;-2;-3;-4;-5;...}

Representação:

Após ser estabelecido um sentido e um ponto 0 (origem) que representa o inteiro zero,
marcamos um segmento unitário u0 e para cada inteiro n, marcamos um segmento de
medida nu cuja extremidade representará n no sentido positivo e –n no sentindo negativo.

No conjunto Z são definidas as operações: adição, multiplicação e subtração. Dados dois

valores aZ e bZ , b0, pode ocorrer que a/b não pertença a Z. Assim, há a necessidade
de ampliar este conjunto para incluir tais casos.

1.3 Conjunto dos números Racionais (Q)

O conjunto dos números racionais é representado por Q e é formado acrescentando-se ao

conjunto Z, as frações não aparentes, isto é, não inteiras. Assim, os números racionais são
aqueles que podem ser escritos como quociente de dois inteiros. Portanto,
p 
Q=  p  Z  q  Z * 
q 

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Dividindo-se dois inteiros p e q pode-se obter um número decimal finito ou um infinito

periódico:

• Decimal finito

Exemplos:
3 3 3.2 2 12
= 2 = 2 2 = 2 = 0,12
25 5 5 .2 10
3
5 5 5.5 625
= 3 = 3 3 = 3 = 0,625
8 2 2 .5 10

99 99 99 99.2 198
= = = = 2 = 1,98
50 5.10 2.5.5 2.5.5.2 10

Nota: Se os denominadores são do tipo 2 a .5 b com a e b naturais, então temos um decimal

finito. Se no denominador da fração irredutível há um fator diferente de 2 ou 5, temos uma
dízima periódica.

• Dízimas periódicas
Exemplo:
7 5
= 2,333...; = 0,8333...
3 6

Método prático para determinação da fração geratriz de alguns decimais:

1o) finito: 0,33

55 11
0,55 = = que é a fração geratriz
100 20

2o) Dízima periódica simples: 0,212121...

Tomamos x=0,212121... e multiplicando-se por 100, temos: 100x=21,2121...

Subtraindo, obtemos:

100x=21,21212121...
x= 0,212121...

99x=21

21 7
Logo, x= = que é a geratriz do número dado.
99 33

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3o) Dízima composta (com algarismos não periódicos):1,26666...

Fazendo x=1,2666... e multiplicando-se por 10 obtemos: 10x=12,666...

10x=12,666...
10x=12+0,666...
6 114 38 38 19
10x=12+ 10x = 10x =  x = x =
9 9 3 30 15

Nesse conjunto, definimos as seguintes operações: adição, subtração, multiplicação e

divisão. No entanto, nem sempre a radiciação tem solução nesse conjunto.

Exemplo: 2 não é racional.

Demonstração:

p
Suponha que 2 é racional, isto é, igual a uma fração irredutível .
q

p p2
2= → 2 = 2 → p 2 = 2q 2 → p 2 é par → p é par → p = 2k , k  IN → 4k 2 = 2q 2 → q 2 = 2k 2
q q

→ q é par.

p
Logo, se p e q são pares, isso contraria a hipótese é irredutível.
q
p
Concluímos que não é racional.
q

Representação:

Para representar o número racional 18/7 na reta numérica usando regra e compasso,
procede-se do seguinte modo:

1o) escrevemos 18/7 na forma mista:

2o) desenhamos uma reta assinalando os pontos de abscissas 2 e 3.

3
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3o) Traçamos uma reta auxiliar e com o compasso formamos 7 segmentos iguais.

4o) por fim traçamos paralela ao segmento 3G pelos pontos A,B, C, D, E e F.

Essa construção se justifica pelo Teorema de Tales.

Relembrando o Teorema de Tales:

Quando duas transversais interceptam um feixe de paralelas, os segmentos determinados

nas transversais são respectivamente proporcionais.

1.4 Conjunto dos números Irracionais

São os números cuja representação decimal não é exata nem periódica, consequentemente
não podendo ser escritos sob a forma de fração. São os números que podem ser
representados por decimais não periódicos infinitos. Esse conjunto é representado por I.

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Exemplos:
3
2 ; 3 23;− ; 2 + 1; 0,1010010001...
2

Um importante exemplo de número irracional, que surge na geometria, é o resultado da

divisão do comprimento da circunferência C pelo seu diâmetro 2r (r é o raio da
C
circunferência), =  , cujo valor aproximado é 3,14. Pode-se provar que  é um decimal
2r
não periódico infinito: =3,1415926535...
Importa aqui ressaltar outras aproximações de , para simplificar problemas, como 22/7 e
também 2 + 3 que podem ser empregadas na retificação da circunferência.

Representação de n , n  IN .

Com o auxílio de triângulos retângulos podemos determinar os pontos da reta numérica que
têm abscissas 2 , 3, 4 , 5,... Observe a figure abaixo e verifique.

1.5 Conjunto dos números reais

o conjunto dos números reais é a reunião do conjunto dos números racionais e o conjunto
dos números irracionais. Representação: IR.
IR=QI, onde QI=
Subconjuntos de IR:

Conjunto dos números reais Não nulos: IR * = {x  IR/ x0}

Não negativos: IR + ={ x  IR/ x0}
Positivos: IR *+ ={ x  IR/ x>0}
Não positivos: IR − ={ x  IR/ x0}
Negativos: IR *− ={ x  IR/ x<0}
Este conjunto completa a reta numérica.

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1.6 Conjunto dos números complexos (C)

Algumas observações importantes:

1. Se a  IR + então n
a  IR + .
17
Exemplo: 2 , 3 5, 4 8, 6  ,
são números reais.
2
2. Se o índice da raiz for ímpar, os radicais da forma n
− a , onde a  IR+ , também
representam números reais. Exemplo: 3
− 1, 5 − 32 e 7
− 3.
3. Se o radicando é negativo e o índice da raiz é par, entretanto, o radical n
− a não
representa elemento de IR. Por exemplo, − 1 não é real, pois:
− 1 = x → −1 = x 2 e isto é impossível pois se x  IR, então x 2  0.

Assim, para que n a exista para todo número a, introduz-se o conjunto dos números
complexos do qual IR é subconjunto.

O conjunto dos números complexos representados por C pode ser definido por:
C={z=a+bi/ a,b  IR e i² = -1}

onde: a é a parte real de Z

b é a parte imaginária de Z

Número real: todo complexo z tal que b=0

Número imaginário: todo complexo z tal que b≠0
Número imaginário puro: todo complexo z tal que a=0 e b≠0

Temos: IN Z  Q  IR C

OBS: Z-IN = conjunto dos números inteiros negativos

Q-Z = conjunto dos números racionais não inteiros
IR-Q = conjunto dos números reais irracionais

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1.7 Intervalos numéricos

Dados dois números a e b, com a<b define-se alguns subconjuntos de IR como intervalos
de extremos a e b:

1o) Aberto: conjunto de todos os números reais compreendidos entre a e b (exclui os

extremos).

Notação: ]a,b[=(a,b)={xIR /a<x<b}

Representação:

2o) Fechado: o intervalo de extremos a e b se diz fechado quando inclui os extremos.

Notação: [a,b]={xIR /axb }

Representação:

3o) Semi-fechado ou semi-aberto

[a,b[=[a,b)={xIR /ax<b }
]a,b]=(a,b]={ xIR /a<xb }

Intervalos Infinitos
[a,[=[a, )={ xIR /xa}

]a,[=(a, )={ xIR /x>a}

]-,a]=(- ,a]={ xIR /xa}

]-,a[=(- ,a)={ xIR /x<a}

Note que:
IR + =[0,+ )
IR *+ =(0,+ )
IR − =(-,0]
IR *− =(-,0)
IR=(-,+)

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1.8 Operações com conjuntos numéricos

Podemos realizar as operações de união, interseção, diferença e produto cartesiano entre conjuntos no
contexto de subconjuntos dos números reais. Vejamos essas definições.
Sejam A e B dois conjuntos quaisquer e U o conjunto universo, isto é, o conjunto dos possíveis resultados
de um problema ou experiência.

1.8.1 União de conjuntos: A ∪ B = {x/x ∈ A ou x ∈ B}.

Exemplos:

a) Se A = {1, 4} e B = {1, 2, 3, 4} então A ∪ B = {1, 2, 3, 4} = B.

b) Se A = {2, 7} e B = {1, 3, 5, 9} então A ∪ B = {1, 2, 3, 5, 7, 9}.

1.8.2 Interseção de conjuntos: A ∩ B = {x/x ∈ A e x ∈ B}.

Exemplos:

a) Se A = {1, 4} e B = {1, 2, 3, 4} então A ∩ B = {1, 4}.

b) Se A = {2, 7} e B = {1, 3, 5, 9} então A ∩ B = ∅.

1.8.3 Conjunto Diferença: A − B = {x/x ∈ A e x 6∈ B}

Exemplo: se A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 3, 7} então A − B = {2, 4} e B − A = {7}.

1.8.4 Complementar de um conjunto

B = A − B.
Se B ⊂ A então o complementar de B em relação a A é o conjunto A − B, denotado por CA

OBS: Ac = CUA = U − A = {x ∈ U/x 6∈ A}, onde U é o conjunto universo.

1.8.5 Produto cartesiano

O produto cartesiano de A por B é o conjunto dos pares ordenados, cuja primeira entrada é um elemento
de A e a segunda coordenada é um elemento B. Este conjunto é denotado por:

A × B = {(a, b) | a ∈ A e b ∈ B} .

Exemplo: se A = {1, 2, 3} e B = {a, b, c} então

A × B = {(1, a), (1, b), (1, c), (2, a), (2, b), (2, c), (3, a), (3, b), (3, c)}.

1
Exercícios resolvidos:

1. Sejam A = (−2, 6) e B = [ 23 , 8). A interseção entre os intervalos pode ser representada pelo “varal” de
interseção:

A
−2 6
B
1.5 8
A∩B
1.5 6

Logo, A ∩ B = [ 32 , 6).

2. Sejam A = (−∞, 1] e B = (−2, 4). A diferença A − B pode ser representada por:

A
1
B
−1 4
A−B
−1

Logo, A − B = (−∞, −1].

3. Dado A = [3, 6), o seu complementar AC é igual à diferença R − A.

A
3 6
AC
3 6

Logo, AC = (−∞, 3) ∪ [6, ∞).

Exercícios propostos

1. Efetue as operações entre os intervalos:

a) (1, 2] ∪ [2, 3) e) [0, 1) ∩ (1, 2]

b) (1, 5) ∪ (4, 10) f) [10, 15] ∩ [5, 8]
c) [10, 15] ∪ [5, 8] g) (−∞, 2) ∪ [2, 3)
d) (1, 2] ∩ [2, 3) h) (1, 3) ∩ (2, ∞)

2. Represente os conjuntos sob a forma de intervalo

a) {x ∈ R : 1 < x < 2}
b) {x ∈ R : − 3 < x 6 4}
c) {x ∈ R : x > −5}
d) {x ∈ R : x 6 9}
e) {x ∈ R : x < 2 ou x > 3}

2
 3. Dados A = {x ∈ R: − 4 < x 6 3}, B = [−3, 5] e C = (−∞, 1), determine e represente na reta real:

a) A ∩ B; d) A ∩ C c ;
b) A ∪ C; e) (A ∪ B) ∩ C;
c) Ac ; f) (A ∩ C) − C.

4. Usando notação de conjuntos, escreva os intervalos:

a) [3, 5) c) (−5, 2]
b) (−∞, 4) d) [0, ∞)

5. Represente os intervalos do exercício anterior na reta real.

6. Dê um exemplo de um intervalo aberto e um intervalo fechado cuja união é igual ao intervalo (1, 4).

7. Dê um exemplo de um intervalo aberto e um intervalo fechado cuja interseção é igual ao intervalo [−3, 5].

Z
8. Sendo o conjunto A = {x ∈ : − 5 < x < −2} e B = {x ∈ Z: − 3 < x < 0}, represente os
intervalos de A e B e faça a união dos dois conjuntos.

9. Determine se as sentenças são verdadeiras ou falsas.

a) O conjunto dos números naturais é finito.

b) A soma de dois números irracionais pode ser um número irracional.
c) A soma de dois números irracionais é sempre um número irracional.
d) o produto de dois números irracionais pode ser um número racional.
e) o produto de dois números irracionais é sempre um número racional.

10. Determine o número racional pq , com p, q inteiros, que gera as dízimas periódicas a seguir:

a) 0, 141414 . . . c) 2, 181818 . . .
b) 4, 3333 . . . d) 7, 38282 . . .

11. Qual o valor da soma 1, 3333 · · · + 0, 16666 . . . ?

√
12. Escreva o número x = 13, 4444 . . . como uma fraçãao de números inteiros.

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Exercícios propostos:

1.
.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

1
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8.

9
.

10.

11.
0

12.
0

13
0

2
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14
0

Respostas dos exercícios propostos

1) a) V b) F c) F d)V e) F f) F g) V h) V i) F j) V
2) a) F b) V c) F d) V e) F
3) C 4) A 5) B 6) E 7) 4 8) E 9) B 10) a) 17,62 b)zero
11) C 12) C 13)A 14)D