S. Mill - Ética Utilitarista

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A ética utilitarista de S.

Mill
Professora: Emília Alves
Filósofo, político e economista inglês, foi um
dos pensadores liberais mais influentes do
século XIX.

A sua principal obra intitula-se

Utilitarismo e foi publicada em 1861.

O utilitarismo de Stuart Mill é o exemplo mais

conhecido de consequencialismo.
1806-1873

UTILITARISMO
• Fundado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham.
• Stuart Mill foi discípulo de Bentham.
Memorial a Stuart Mill no
Temple Garden, em Londres, visitado
em 1928 por representantes da Liga
para a Liberdade da mulheres.
Mill tal como Bentham, foi
ainda um reformador social e, entre
outras coisas, um forte advogado dos
direitos das mulheres.
Ética consequencialista

Faz depender a moralidade da ação das suas consequências: uma


ação é moralmente correta quando promove as melhores
consequências, isto é, os resultados são bons. As melhores
consequências são aquelas nas quais a felicidade é maximizada isto é,
uma ação é correta quando produz a maior felicidade para o maior
número.

Na avaliação de um ato, o que interessa são as melhores


consequências sendo irrelevante a intenção do agente.
Se uma ação tiver
consequências
O utilitarismo é favoráveis, é
consequencialista, moralmente
pois a moralidade das correta.
ações depende das
consequências.
Se uma ação tiver
consequências
desfavoráveis, é
Ao contrário do que acontece na ética kantiana, moralmente incorreta.
a intenção é irrelevante para avaliar a moralidade
de uma ação.
EXEMPLO
À saída da escola António ajuda Pedro ( estudante cego) a atravessar a rua.

1. António ajuda Pedro por amizade, compaixão.


2. António ajuda Pedro para impressionar Carolina e ser reconhecido
por bom rapaz.
3. António ajuda Pedro porque é seu dever ajudá-lo.
« A doutrina que admite como critério fundador da moralidade o
Princípio da Utilidade ou da Maior Felicidade afirma que as ações
são boas ou más na medida em que tendem a aumentar a
felicidade ou a produzir o contrário da felicidade. Por felicidade
entendemos o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e a
privação de prazer.(…)
Segundo o Princípio da Maior Felicidade, como acima
explicado, o fim último, por referência ao qual e em virtude do qual
todas as outras coisas são desejáveis (quer estejamos a considerar
o nosso próprio bem ou das outras pessoas), é uma existência tanto
quanto possível isenta de dor e tão rica quanto possível em
prazeres.

John Stuart Mill, Utilitarismo, pp.73-74


O fundamento da moral utilitarista é o princípio da
utilidade ou da maior felicidade.

A UTILIDADE (ou da maior


FELICIDADE)
é o critério ético que permite
justificar se uma ação
é correta ou é incorreta.

O PRINCÍPIO DA UTILIDADE
é, assim, o fundamento da
moral (ou o princípio ético
supremo).
Princípio da Maior Felicidade:

uma ação é correta, se e só se, de entre as alternativas


disponíveis, é aquela que mais promove a felicidade.

Indivíduos afetados
I1 I2 I3 I4 I5 Total
Ações disponíveis
Opção A 8 9 4 3 4 28
Opção B 3 3 3 3 3 15
Opção C 4 5 6 5 6 26
A imparcialidade
A utilidade (ou felicidade) é o critério ético que permite justificar se uma ação é correta
ou é incorreta. Esta felicidade é a felicidade de quem?
Será a do agente da ação?
Não. Não se trata somente da felicidade do agente, mas também a de:

• todas as pessoas implicadas na ação; ou

• do maior número possível de implicados (se for impossível todos).

Ao ponderarmos a maior soma de felicidade global, a felicidade de cada


pessoa é contabilizada como igualmente importante.

Por essa razão, a felicidade deve ser calculada com imparcialidade.


“A moralidade utilitarista reconhece, de facto, nos seres
humanos o poder de sacrificarem o seu maior bem em prol
do bem dos outros. Apenas recusa admitir que o sacrifício
é, em si, um bem. A moralidade utilitarista considera
desperdiçado qualquer sacrifício que não aumente, ou
tenda a aumentar, a quantidade total de felicidade.” Stuart
Mill, Utilitarismo

Para Stuart Mill, o sacrifício por si só é um desperdício e só


deve ser valorizado nos casos em que contribua para
incrementar a felicidade.
EXERCÍCIO

De um milionário prestes a morrer recebo um cheque de 500 mil


euros. Comprometo-me a cumprir a sua última vontade: entregar
essa quantia ao presidente do seu clube de futebol preferido.
Contudo, a caminho do estádio, uma campanha contra a fome no
mundo chama a minha atenção. Surge um conflito: devo ser fiel à
minha promessa ao moribundo ou contribuir para salvar milhares de
vítimas de fome?
- Segundo a ética utilitarista, qual seria a ação correta? Porquê?
A ética de Mill é hedonista

Consiste
no prazer e na
ausência de dor
ou sofrimento.

Por isso, dizemos


que a ética de Mill
é hedonista.
Jeremy Bentham Stuart Mill

Jeremy Bentham defendia uma Mill defendia uma versão qualitativa


versão puramente quantitativa de de hedonismo.
hedonismo.
Para Mill, há prazeres
Para calcular o bem-estar causado qualitativamente superiores a
por uma dada ação temos de ver outros, ou seja, há prazeres
como ela afeta cada um dos intrinsecamente melhores do que
indivíduos envolvidos, subtraindo a outros.
quantidade de dor à quantidade de
prazer que ela provoca. Os prazeres superiores são mais
valiosos
A quantidade de dor e de prazer é
calculada exclusivamente com base
na sua intensidade e na sua
duração.
TIPOS DE PRAZERES
(S. Mill)

Prazeres
Prazeres inferiores superiores

Prazeres ligados ao corpo, Prazeres ligados ao espírito,


provenientes das sensações. potenciadores de bons sentimentos
Não permitem a realização plena da morais. Associados ao intelecto,
natureza humana. conhecimento, à dignidade, ao amor pela
liberdade, criatividade (…). Resultam do
exercício das capacidades intelectuais
Os prazeres intelectuais satisfazem melhor a do ser humano.
natureza dos seres racionais – capazes de Permitem a realização do ser humano.
pensar, imaginar e falar (que Mill considera as
capacidades mais elevadas) e não apenas de
sentir, como os animais não racionais
Aquele que usufrui dos mais altos prazeres espirituais não poderá
senão desejar o bem-estar comum, onde se inclui a felicidade do
outro.

Como sabemos que os prazeres intelectuais são


superiores aos corporais?

Mill argumenta que um juiz competente, o qual tem


experiência dos dois tipos de prazeres (intelectuais e
corporais), não trocaria a oportunidade de fruir dos prazeres
superiores por nenhuma quantidade de prazeres inferiores.
A finalidade mais elevada é
Diz Mill:«(…)É melhor ser «A felicidade humana
procurar o prazer da maioria: "O
meu bem-estar depende do
um ser humano insatisfeito não é, então, a simples
bem-estar dos meus
semelhantes." Trata-se de um
hedonismo essencialmente
do que um porco satisfeito; satisfação de desejos,
altruísta (que visa o bem-estar
coletivo) que, não rejeitando os
um Sócrates insatisfeito do mas releva de uma
prazeres sensíveis ou
"inferiores" (comida, bebida,
que um idiota satisfeito». cultura desinteressada
sexo, conforto), prefere prazeres
Stuart Mill, Utilitarismo,Lisboa, Gradiva, 2005 mais estáveis, controláveis ou
da inteligência e da
contínuos, isto é, os prazeres
espirituais (conhecimento,
sensibilidade».
criatividade, liberdade,
In, Utilitarismo autonomia, amizade, etc.).
Prazeres superiores

Prazeres inferiores
Não há deveres absolutos
Para Mill, mentir, por exemplo, é normalmente incorreto – porque mentir provoca
mais infelicidade do que felicidade.

Mas mentir é sempre incorreto?


Mill responde que não. Considera que em determinadas situações mentir pode
ser a ação correta, desde que ao mentir se esteja
a maximizar a felicidade.

Uma mesma ação pode ser incorreta numa determinada


situação e correta noutra, o que faz com que não existam
deveres absolutos – ao contrário do que Kant defende.
se maximiza
a felicidade ou reduz
se minimiza a infelicidade
a felicidade ou
aumenta a
infelicidade

MENTIR
ROUBAR
ação
MATAR correta
ação (por exemplo)

incorreta
os fins justificaram
os meios
O BEM ÚLTIMO
Porque é que Mill considera a felicidade como o fundamento da moral?
A felicidade é o bem último porque,
para Mill, é a finalidade última
das ações humanas. FELICIDADE

Ao contrário das outras coisas,


a felicidade tem valor intrínseco:
desejamo-la por si mesma.

As outras coisas são desejadas BENS


como meios de alcançar a felicidade, DINHEIRO, SAÚDE,
mas desejamos a felicidade por exemplo
por si mesma.
têm apenas valor instrumental:

valem apenas como meios para atingir a felicidade .


ÉTICA MATERIAL: DÁ IMPORTÂNCIA AO CONTEÚDO OU MATÉRIA DA AÇÃO.

Diz-nos o que fazer para agir bem em cada situação concreta: devemos

ser guiados pelo princípio da utilidade ou da maior felicidade.

A norma moral “não deves mentir“ pode ser válida em determinadas

circunstâncias e não o ser em outras. Tem um carácter relativo ( não

há normas morais absolutas).


CRÍTICAS À ÉTICA UTILITARISTA
O utilitarismo é uma ética demasiado exigente
Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para contribuir para
o bem-estar de todos, promover a felicidade para o maior número de
pessoas.

A preocupação constante pelo bem-estar da maioria implica um


descurar de projetos familiares que compromete a felicidade de
qualquer indivíduo.

Se o utilitarismo fosse verdadeiro, então teríamos o dever de dedicar a


nossa vida a gerar o melhor estado de coisas possível, e não teríamos
muita oportunidade para tentar desenvolver os nossos projetos
pessoais.
Violação de direitos individuais

Segundo esta objeção, o utilitarismo parece justificar ações que a


intuição nos diz serem erradas – como, por exemplo, sacrificar uma
pessoa inocente, violando o seu direito à vida, para aumentar a
felicidade geral.
São ações que põem em causa os direitos de algumas pessoas,
embora maximizem a felicidade.
O utilitarismo pode admitir situações graves de injustiça.
Dificuldades de cálculo

Segundo esta objeção, podemos cometer um erro ao calcular as


consequências das ações e considerar benéficas ações que
afinal são prejudiciais.
COMPARAÇÃO ENTRE AS
TEORIAS DE KANT E MILL

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