Ot 6 - Ist
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G2 - Prevenção combinada
Escuta Ativa: Profissionais de saúde devem adotar a escuta ativa e criar um ambiente
propício para discutir práticas sexuais. Isso fortalece os vínculos e facilita a adesão às
tecnologias disponíveis. Além de promover a escuta qualificada que deve ser realizada
com atenção e respeito, livre de preconceitos. O cuidado sexual é necessário em todos
os ambientes, orientando que a oferta exclusiva de preservativos não é suficiente para
garantir os diversos aspectos da saúde sexual. Assim, torna-se fundamental a
ampliação da perspectiva para a avaliação e a gestão de risco, além das possibilidades
que compõem a Prevenção Combinada
Papel do profissional de saúde --> oferecer orientações centradas na pessoa com vida
sexual ativa e suas práticas = ajudá-la a reconhecer e minimizar seu risco.
Acima:
G3 - Sexo seguro
Oferta de preservativos
Rastreamento
- São testes diagnósticos em pessoas assintomáticas para estabelecer o diagnóstico
precoce (prevenção secundária), com o objetivo de reduzir a morbimortalidade do
agravo rastreado.
- O rastreamento das IST não identifica apenas uma pessoa; ao contrário, estará
sempre ligado a uma rede de transmissão.
- Quando não identificado e tratado o agravo na(s) parceria(s), este se perpetua na
comunidade e expõe o indivíduo à reinfecção, caso não se estabeleça a adesão ao uso
de preservativos.
Para o restante da população, a testagem para sífilis e demais IST não inclusa no
Quadro 5 dependerá da avaliação de risco, devendo fazer parte da abordagem de
gerenciamento de risco.
Prevenção - Imunização
Vacina HPV
- A imunização para HPV → vacina quadrivalente (tipos 6, 11, 16 e 18).
- É indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
- O esquema é composto de duas doses, com intervalo de seis meses.
- Para pessoas vivendo com HIV, pessoas transplantadas de órgãos sólidos ou medula
óssea e pacientes oncológicos, a faixa etária indicada para imunização é de 9 a 26
anos, sendo o esquema de vacinação composto por três doses (0, 2 e 6 meses).
*Mesmo após a vacinação, o exame preventivo de colo uterino segue indicado, conforme
as diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero.
Vacina HBV
- Está indicada para todas as faixas etárias.
- Três doses de vacina contra a hepatite B induzem títulos protetores de anticorpos
(anti-HBs maior ou igual a 10 UI/mL) em mais de 90% dos adultos e dos jovens sadios, e
em mais de 95% dos lactentes, das crianças e dos adolescentes.
Vacina HAV
- O principal mecanismo de transmissão do vírus da hepatite A – HAV é o fecal-oral.
- A transmissão sexual não é frequente.
- A maioria dos casos parece ocorrer entre homens, mas também tem sido observada
entre mulheres.
- A magnitude da transmissão da hepatite A por via sexual é provavelmente
subestimada.
- A transmissão sexual do HAV não é tão eficiente com o uso exclusivo de preservativos,
devendo-se complementar a prevenção com outras medidas, como a higienização das
mãos, genitália, períneo e região anal antes e depois do ato sexual.
- Além disso, atualmente, no SUS, a vacina para hepatite A está indicada para crianças
de 15 meses a cinco anos incompletos (quatro anos, 11 meses e 29 dias) e, nos CRIE,
para pessoas de qualquer idade que apresentem as seguintes situações:
ASPECTOS GERAIS
A Atenção Primária é a porta de entrada preferencial do paciente com HIV na rede de
atenção à saúde, sendo responsável por acolher, promover a vinculação, reter o
paciente para tratamento precoce, promover adesão ao tratamento e prevenção das
complicações relacionadas à infecção.
RASTREAMENTO
O diagnóstico e tratamento precoce da infecção pelo HIV, impacta na transmissão do
vírus e na progressão da doença, podendo evitar a ocorrência da Aids. O modo de ser
feito o rastreamento é por testes rápidos
Os profissionais de saúde deverão oferecer a testagem para o HIV se:
● Qualquer pessoa que referir prática sexual desprotegida: testagem semestral
● Pessoa que referir prática sexual anal (passiva) sem uso de preservativo:
testagem quadrimestral
● Pessoas privadas de liberdade: anual
● Pessoas diagnosticadas com outra infecção sexualmente transmissível (IST): no
momento do diagnóstico e 4 a 6 semanas após o diagnóstico de IST e 3 meses
após exposição
● Pessoas com diagnóstico de hepatites virais: no momento do diagnóstico
● Pessoas com diagnóstico de tuberculose: no momento do diagnóstico
● Violência sexual: no atendimento inicial; 4 a 6 semanas após exposição e 3
meses após exposição
● Pessoas em uso de PrEP: em cada visita ao serviço
● Pessoas com indicação de PEP: no atendimento inicial; 4 a 6 semanas após
exposição e 3 meses após exposição
● Gestantes:
○ Na primeira consulta do pré-natal (idealmente, no 1º trimestre da
gestação)
○ No início do 3º trimestre (28ª semana)
○ No momento do parto, independentemente de exames anteriores.
○ Gestante com comportamento de risco, realizar testagem a cada consulta
pré natal
² Nas situações em que for realizado uma única amostra por venopunção, coletar uma
segunda amostra e repetir o TR1 para concluir o resultado.
⁴ Se persistir a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30
dias após a data da coleta desta amostra.
⁵ Amostras com resultados reagentes para HIV-2 (nos conjuntos diagnósticos que
discriminam a reatividade para HIV-2 em linha de teste distinta do HIV-1) só terão seu
diagnóstico de infecção
concluído após seguidas as
instruções do Manual Técnico
para o Diagnóstico da Infecção
pelo HIV em Adultos e Crianças.
Ainda tem-se o autoteste que oferta uma autotestagem ao paciente para ampliar o
acesso para a população. Ela não define diagnóstico em si, porém em caso positivo o
paciente deve ser orientado a procurar o serviço de saúde mais próximo para
confirmação do diagnóstico e tratamento adequado. Recomenda-se que as Unidades
de Saúde disponibilizem autoteste para pares e parcerias sexuais de pessoas testadas
nos serviços. A distribuição de autotestes deve estar condicionada à disponibilidade
local
ASPECTOS GERAIS
Anamnese
O atendimento deve ocorrer de forma integral e a investigação de sinais e sintomas de
manifestações oportunistas atualizada a cada consulta
Abordagem inicial:
Informações específicas sobre a infecção pelo HIV:
Riscos e vulnerabilidades:
Avaliar:
● Parcerias e práticas sexuais
● Utilização de preservativos e outros métodos de prevenção
● História de sífilis e outras IST
● Uso de tabaco, álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas
● Interesse em reduzir os danos à saúde
História psicossocial:
Avaliar:
● Reação emocional ao diagnóstico
● Análise da rede de apoio social (família, amigos, organizações não
governamentais)
● Nível educacional
● Condições de trabalho, domicílio e alimentação
Saúde reprodutiva:
Discutir/avaliar:
● Desejo de ter filhos
● Métodos contraceptivos
● Estado sorológico da(s) parceria(s) e filho(s)
História familiar:
Revisar histórico de:
● Doenças cardiovasculares e hipertensão
● Dislipidemias
● Diabetes
● Neoplasias
Exame clínico
O exame clínico deve ser completo e realizado regularmente, de preferência a cada nova
consulta.. Pacientes com contagem de LT-CD4+ mais baixas devem ser examinados com
maior frequência.
Realizar:
● Aferição da pressão arterial
● Peso, altura, cálculo do índice de massa corpórea
● Medida da circunferência abdominal
● Oroscopia
● Exame da pele
ROTINA DE EXAMES
Exames que devem ser solicitados na 1ª consulta:
● Contagem de LT-CD4+ e exame de CV-HIV
● Genotipagem pré-tratamento (apenas para para gestantes, casos novos com
coinfecção TB-HIV, pessoas que tenham se infectado com parceria em uso de
TARV e crianças e adolescentes pré-tratamento com ARV, soroconversão em PrEP
e quem iniciará terapia efavirenz)
● Hemograma completo
● Glicemia de jejum
● Dosagem de lipídios (colesterol total, HDL, triglicerídeos)
● Avaliação hepática e renal (AST, ALT, FA, BT e frações, Cr, exame básico de urina)
● Teste imunológico para sífilis⁽ᵇ⁾ (Teste treponêmico ou teste não treponêmico)
● Testes para hepatites virais (anti-HAV, anti-HCV, HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs
para verificação de imunização)
● IgG para toxoplasmose
● Sorologia para HTLV I e II e Chagas ( Triagem para indivíduos oriundos de áreas
endêmicas. )
● Prova tuberculínica (PT)
● Radiografia de tórax
Pessoas com HIV → aumento do risco cardiovascular - deve ser avaliado na consulta
inicial.
CA de útero
● Realizar o exame citopatológico após o início da atividade sexual, com intervalos
semestrais no primeiro ano. Se os dois exames forem normais, manter
seguimento anual.
● Se contagem de LT-CD4+ < 200 células/mm³, priorizar a recuperação dos níveis
de CD4+ mediante tratamento antirretroviral e, enquanto isso, manter o
rastreamento citológico a cada seis meses até recuperação imunológica.
CA de ânus
● Em pacientes com história de relação receptiva anal, antecedente de HPV,
histologia vulvar ou cervical anormal, realizar toque retal e preventivo anal
anualmente e anuscopia se alterações patológicas.
CA hepático
● Pacientes com cirrose e HBsAg positivos, realizar dosagem de alfa-fetoproteína e
realização de USG superior semestralmente.
G3 - Tratamento / Comorbidades
Comorbidades
Comorbidades não infecciosas Pessoas vivendo com HIV podem apresentar
comorbidades não infecciosas relacionadas tanto com a infecção pelo vírus, quanto por
complicações do uso de TARV.
- Lipodistrofia
- Doença renal
-Alterações neurocognitivas
Demência associada ao HIV: na fase inicial os sintomas costumam ser leves, evoluindo
para déficits mais graves, como distúrbios da marcha, tremor e perda da habilidade
motora fina.
O rastreio das alterações cognitivas deve ser realizado no momento do diagnóstico da
infecção pelo HIV, antes do início da TARV e depois, anualmente (em pacientes com
fatores de risco para HAND, a triagem pode ser realizada em intervalos de seis meses) e
quando alterações clínicas:
- Alterações hepáticas
- Osteopenia e osteoporose
Fatores próprios da infecção pelo HIV, como tempo de infecção, nadir de LT-CD4+ e
certos ARV também têm influência na baixa massa óssea.
- Dislipidemia
Em pacientes com risco cardiovascular elevado deve-se optar por antirretrovirais que
não acentuem a dislipidemia. É recomendada a troca de ARV associados a distúrbios
metabólicos por outros metabolicamente neutros, desde que essa modificação não
aumente o risco de falha virológica.
A pravastatina é a estatina de uso preferencial no tratamento medicamentoso da
dislipidemia, por apresentar menor interação medicamentosa com os antirretrovirais.
COINFECÇÕES
- Hepatite B
Todos os pacientes com HIV devem ser rastreados para infecção pelo vírus da hepatite
B (HBV) e vacinados se suscetíveis.
A coinfecção pelo HIV tem impacto no curso da infecção pelo HBV: progressão mais
rápida para cirrose e carcinoma hepatocelular, maior mortalidade relacionada à doença
hepática e pior resposta ao tratamento.
Pacientes coinfectados devem iniciar a TARV (com esquema contendo tenofovir)
independentemente da contagem de LT-CD4+, e encaminhados para Serviço de
Atenção Especializada.
- Hepatite C
- Tuberculose
- Chagas
- Hanseníase
G4 - Encaminhamento / Acompanhamento
Encaminhamento
- Dependendo do fluxo municipal o paciente pode ser encaminhado para o SAE,
Pneumologia Sanitária/Tisiologia ou Infectologia. Os ambulatórios de Infectologia são,
em geral, reservados para casos de alta complexidade (serviços terciários) ou para
quando o SAE de referência não for resolutivo.
- Oriente o paciente para que leve, na primeira consulta ao serviço especializado, o
documento de referência, as receitas dos medicamentos que está utilizando e os
exames complementares realizados recentemente.
O encaminhamento para o especialista deve conter:
● Quadro clínico: sinais e sintomas
● Principais achados da anamnese e exame clínico
● Presença de doença definidora de Aids ou de imunossupressão moderada
● Resultado e data do exame de LT- CD4+ e carga viral
● Resultado de exames complementares relevantes
● Terapia antirretroviral em uso
Gestantes
Acompanhamento
O cuidado do paciente deve ocorrer de forma integral e multiprofissional, compartilhado
entre Atenção Primária e Atenção Especializada, com auxílio de uma equipe
multidisciplinar, médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, assistente social, dentista e
farmacêutico (quando disponíveis), e tem como objetivo promover a participação do
paciente no autocuidado.
Todo plano terapêutico singular deve ser elaborado pela equipe com a participação do
paciente.
Orientar o paciente quanto ao direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
Lei nº 7.670, de 8 de setembro de 1988 , independentemente de rescisão de contrato de
trabalho.
Recomenda-se enfatizar em cada consulta:
● Adesão à TARV para supressão sustentada da carga viral (frequência às
consultas, intercorrências clínicas e laboratoriais, efeitos colaterais e reações
adversas)
● Uso regular do preservativo e práticas seguras de sexo
● Avaliação de desejo reprodutivo
● Orientações sobre uso de substâncias psicoativas e uso de álcool
● Detecção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis
● Detecção e tratamento sofrimento mental
A presença de sintomas de tuberculose ativa deve ser avaliada em todas as consultas.
Manejo na Atenção primária: pacientes assintomáticos, estáveis e em uso de esquemas
de primeira linha de tratamento.
Manejo na Atenção especializada: pacientes com contagem de LT-CD4+ < 200, com
doenças oportunistas, condição clínica complexa, coinfecções ou que necessitem
modificar terapia antirretroviral já em uso por falhas ou paraefeitos.
Retorno do paciente da Atenção especializada para a Atenção primária: paciente
estável clinicamente, com dois resultados de cargas virais indetectáveis consecutivos
em intervalo de 60 meses e LT-CD4+ > 200, mulheres após o parto e pacientes com
resolução da condição clínica complexa.
O encaminhamento entre os níveis de Atenção deve ser acompanhado de
referenciamento / nota de alta clara e concisa, com o detalhamento do caso.
Prep
Convém reforçar que a efetividade dessa estratégia está diretamente relacionada ao
grau de adesão à profilaxia. O uso diário e regular do medicamento é fundamental para
a proteção contra o HIV.
Mas lembrar que não protege contra as outras IST’s. orientar a pessoa sobre o uso de
preservativos e outras formas de prevenção, tais como: higienização das mãos,
genitália, períneo e região anal antes e depois das relações sexuais; uso de barreiras
de látex durante o sexo oral, vaginal e anal; uso de luvas de látex para dedilhado ou
“fisting”; higienização de vibradores, plugs anais e vaginais e outros acessórios.
Contextos específicos associados a um maior risco de infecção:
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE
● Critérios de inclusão
A PrEP deve ser considerada para pessoas a partir de 15 anos, com peso corporal igual
ou superior a 35 kg, sexualmente ativas e que apresentem contextos de risco aumentado
de aquisição da infecção pelo HIV.
● Critérios de Exclusão
Serão excluídas da possibilidade de uso da PrEP as pessoas que apresentarem as
seguintes contraindicações à utilização da profilaxia:
Podem iniciar imediatamente a PrEP os indivíduos com alto risco de infecção pelo HIV
que tiveram uma exposição recente de risco, que estiverem fora da janela de 72 horas
para o início de PEP e que se apresentam durante a avaliação inicial sem sinais e
sintomas de infecção pelo HIV.
Prevenção combinada
Pacientes com HIV usando adequadamente a terapia antirretroviral (TARV) de modo
continuado, com a redução da carga viral a níveis indetectáveis há pelo menos 6 meses,
não transmitem o vírus por via sexual.
Pessoas que repetidamente procuram a PEP, ou que estejam em alto risco por
exposições contínuas ao HIV, devem ser avaliadas para o uso da PrEP diária após a
exclusão da infecção pelo HIV. Caso uma pessoa tenha indicação de PEP por exposição
de risco nas últimas 72 horas, ela deve entrar em PEP imediatamente e iniciar a PrEP
diária logo após a conclusão do curso de 28 dias da PEP, evitando assim uma lacuna
desnecessária entre a PEP e a PrEP. Deve-se realizar um teste rápido ou sorologia para
HIV (sangue) nessa transição, assim como os demais exames laboratoriais indicados no
início da PrEP, caso ainda não tenham sido realizados durante o ciclo da PEP.
Da mesma forma, usuários com boa adesão ao esquema de PrEP diária, com uso regular
dos comprimidos, após alcançados os níveis protetores do medicamento, não
necessitam de PEP após uma exposição sexual de risco ao HIV. Já para aqueles que
reportam o uso esporádico ou irregular da PrEP, com relato de uma adesão
repetidamente abaixo do ideal, que acabe comprometendo a sua segurança e a
eficácia do medicamento (ou seja, menos de quatro comprimidos por semana na PrEP
diária), a prescrição de PEP pode ser indicada caso haja relato de exposição sexual nas
últimas 72 horas. Ao término do curso de 28 dias de PEP, e após a exclusão de infecção
pelo HIV, a PrEP pode ser reiniciada, com ênfase na identificação das barreiras
enfrentadas pelo indivíduo para a adesão adequada ao esquema de PrEP, além de
apoio e orientações para saná-las.