Mineralização de Nitrogênio - 2017

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 106

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO,


MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS

MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DE


LODO APLICADO NO SOLO E
PRODUTIVIDADE DO
CAPIM-TIFTON 85

DIOGO ANDRÉ PINHEIRO DA SILVA

Belo Horizonte
2017
MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DE
LODO APLICADO NO SOLO E PRODUTIVIDADE DO
CAPIM-TIFTON 85

DIOGO ANDRÉ PINHEIRO DA SILVA


DIOGO ANDRÉ PINHEIRO DA SILVA

MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DE


LODO APLICADO NO SOLO E PRODUTIVIDADE DO
CAPIM-TIFTON 85

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação


em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em Saneamento,
Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Área de concentração: Meio Ambiente

Linha de pesquisa: Caracterização, prevenção e controle


da poluição

Orientador: Antonio Teixeira de Matos

Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2017
Silva, Diogo André Pinheiro da.
S586m Mineralização da matéria orgânica de lodo aplicado no solo e
produtividade do capim-tifton 85 [manuscrito] / Diogo André Pinheiro da
Silva. - 2017.
ix, 90 f., enc.: il.

Orientador: Antonio Teixeira de Matos.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais,


Escola de Engenharia.

Bibliografia: f. 79-90.

1. Engenharia sanitária - Teses. 2. Meio ambiente - Teses.


3. Lodo de esgoto - Teses. 4. Matéria orgânica - Teses. I. Matos, Antônio
Teixeira de. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de
Engenharia. III. Título.

CDU: 628(043)

i
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ii
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela


oportunidade e aprendizado proporcionados.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, pelo auxílio à


pesquisa através da bolsa de pós-graduação.

Aos professores da Universidade Federal de Minas Gerais, que contribuíram de forma


significativa com a minha formação acadêmica e profissional, repassando seus conhecimentos
e experiências.

Ao meu orientador, Professor Antonio Teixeira de Matos, pela confiança, pela disponibilidade
e por ter sido um grande apoiador e incentivador deste trabalho.

Aos meus pais e irmãos pelo apoio e incentivo de sempre.

A minha esposa Andreza e meu filho Arthur, por todo amor e por sempre estarem ao meu
lado em todo o tempo.

Aos meus amigos do DESA/UFMG, pela parceria, pelo apoio nesta trajetória e pela
oportunidade de dividir muitas experiências. Especialmente à Taiana, pelo seu apoio
primordial nesta jornada e Izabelle, por toda ajuda concedida, além de todos aqueles com
quem tive maior convívio (Nicole, Iacy, Jessyca, Rodrigo, Jorge, Marcus, Lariza, Camila,
Josiane, Juscelino, Elias e Lucas).

A todos que não foram citados, mas que tiveram contribuição direta e indireta para que este
trabalho se tornasse possível, o meu mais sincero agradecimento.

iii
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
RESUMO

O objetivo, com a realização deste trabalho, foi avaliar e quantificar a mineralização da


matéria orgânica de lodo de tanque séptico (LTS), de lodo digestor anaeróbio (LDA), de
lodo reator UASB (LRU) e de resíduo orgânico retirado em diferentes profundidades na
camada acumulada em sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV), além
da produtividade do capim-tifton 85, em Argissolo Vermelho Amarelo adubado com esses
materiais orgânicos, com a dose de aplicação equivalente a 300 kg ha-1 ano-1 de nitrogênio
total (NT), em área da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e sua
degradabilidade em condições climáticas controladas pelo método respirométrico, no
laboratório de Físico-Química do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
(DESA), nas doses equivalentes de 300 kg ha-1 ano-1 de NT e 600 kg ha-1 ano-1 de NT. Os
diferentes tipos de resíduos orgânicos foram coletados na Estação de Tratamento de Esgoto
do Ribeirão Arrudas (ETE - Arrudas) e no Centro de Pesquisa e treinamento em
Saneamento (CePTS - UFMG/COPASA). Dentre as formas de obtenção do valor da fração
de mineralização (FM), a que utilizou as equações ajustadas do modelo de decaimento de
cinética de duas fases foi a que gerou resultados mais confiáveis. Assim, os valores de FM
de carbono orgânico mineralizado (COTmin), estimados aos 215 dias de em condições de
campo, foram de 93 a 100% nos LSAC-EVs, 97% nos LRU e LTS e de 69% no LDA;
quando se considerou o COfo, foi de 96 a 100% nos LSAC-EVs, 99% nos LRU e LTS e de
83% no LDA. Ao se considerar o nitrogênio orgânico (NO), como referência, os valores de
FM apresentaram-se na faixa de 92 a 100% nos LSAC-EV, LDA e LTS e de 87% no LRU.
Os valores de FM quantificados no ensaio de respirometria, para a dose de aplicação dos
resíduos orgânicos equivalentes a 300 kg ha-1 ano-1 de NT, foram de 50 a 79%, nos LSAC-
EVs e de 53; 88 e 90%, respectivamente nos LRU, LTS e LDA. Em relação à dose de 600
kg ha-1 ano-1 de NT, os valores de FM foram de 26 a 79% nos LSAC-EVs e de próximo de
100% nos demais resíduos. Em condições de campo, os valores de FM foram maiores do
que os observados nas condições controladas, em laboratório. A incorporação dos resíduos
ao solo concorreu para que houvesse aumento de até 15,8 vezes na produtividade do
capim-tifton 85, em relação ao controle (sem adubação). Com base nos resultados obtidos
para as frações de mineralização e no histórico operacional do LSAC-EV, conclui-se que o
tempo de permanência do lodo de tanque séptico nos SACs-EV deva ser maior que 1 ano e
pode prolongar por mais tempo, tendo em vista que, nesse período, o material atinge maior
estabilização e ainda mantém seu valor como fertilizante agrícola.
iv
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate and quantify the organic matter mineralization of
organic waste from septic tank (LTS), anaerobic digester (LDA), UASB reactor (LRU) and
material withdrawn at different depths in the residue layer (SAC-EV), in addition to the
productivity of Tifton 85 grass, in a Red Yellow Argisol fertilized with these organic
materials, with the application rate equivalent to 300 kg ha-1 year-1 of nitrogen (NT) in the
University Federal of Minas Gerais (UFMG), and in climatic conditions controlled by the
respirometric method, at the Laboratory of Physical and Chemical of the Department of
Sanitary and Environmental Engineering (DESA), at the equivalent doses of 300 kg ha-1 year-
1
of NT and 600 kg ha-1 year-1 of NT. The different types of residues were collected at the
Sewage Treatment Plant of Ribeirão Arrudas (ETE - Arrudas) and at the Center for Research
and Training in Sanitation (CePTS - UFMG / COPASA). Among the ways of obtaining the
value of the fraction of mineralization (FM), using the adjusted equations of the kinetic decay
model of two phases, was the one that generated results that are more reliable. Thus, the FM
values of the organic material, considering the mineralized organic carbon values (COTmin),
estimated at 215 days of degradation under field conditions, were 93 to 100% in the LSAC-
EVs, 97% in the LRU and LTS and 69% in LDA; when COfo, was considered 96 to 100% in
LSAC-EVs, 99% in LRU and LTS and 83% in LDA. When considering organic nitrogen
(NO) as a reference, FM values ranged from 92 to 100% in the LSAC-EV, LDA and LTS and
87% in the LRU. The values of FM quantified in the respirometry test for the dose of
application of the organic residues equivalent to 300 kg ha-1 year-1 of NT, were 50 to 79% in
the LSAC-EVs and 53; 88 and 90% respectively in the LRU, LTS and LDA. In relation to the
dose of 600 kg ha-1 year-1 of NT, the FM values were 26 to 79% in the LSAC-EVs and close
to 100% in the other residues. In field conditions, the FM values were higher than observed
under the conditions controlled, in the laboratory. The incorporation of the residues in the soil
contributed to the increase of up to 15, 8 times in the yield of Tifton 85 grass, in relation to
the control (without fertilization). Based on the results obtained for the mineralization
fractions and in the operational history of the LSAC-EV, concluded that the time of the septic
tank sludge in the SAC-EVs should be greater than 1 year and may extend for longer, taking
since in this period the material reaches greater stabilization and still maintains its value as an
agricultural fertilizer.

v
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... VIII


LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ................................................... XI
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 3
2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................................... 3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................................................... 3
3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 4
3.1 LODO DE ESGOTO SANITÁRIO ................................................................................................................. 4
3.2 TRATAMENTO DE LODO DE ESGOTO SANITÁRIO EM SAC-EV ............................................................ 6
3.3 LODO DE REATOR UASB........................................................................................................................ 9
3.4 DISPOSIÇÃO DO LODO NO SOLO.............................................................................................................. 9
3.5 USO AGRÍCOLA DO LODO DE ESGOTO SANITÁRIO ...............................................................................12
3.6 MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO..........................................................................13
3.7 DOSE DE APLICAÇÃO DE LODO NO SOLO .............................................................................................17
3.8 PRODUTIVIDADE DE CULTURAS ADUBADAS COM LODO ....................................................................20
3.9 MODELOS MATEMÁTICOS PARA A PREDIÇÃO DO DECAIMENTO DA MO ..........................................21
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 25
4.1 COLETA DOS LODOS UTILIZADOS NOS EXPERIMENTOS ......................................................................25
4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DOS LODOS ..............................................................................28
4.2.1 Caracterização da matéria úmida .................................................................................................. 28
4.2.2 Caracterização da matéria seca ..................................................................................................... 29
4.3 EXPERIMENTO DE CAMPO .....................................................................................................................31
4.3.1 Caracterização do solo..................................................................................................................... 31
4.3.2 Delineamento experimental e dose de aplicação dos lodos ....................................................... 33
4.4 COEFICIENTES DE DECAIMENTO DO CARBONO E NITROGÊNIO ORGÂNICOS DO LODO NO SOLO......36
4.5 FRAÇÃO DE MINERALIZAÇÃO DO CARBONO E DO NITROGÊNIO ORGÂNICOS DOS LODOS NO SOLO 37
4.6 PRODUTIVIDADE DO CAPIM-TIFTON 85................................................................................................40
4.7 DEGRADABILIDADE DO CARBONO ORGÂNICO SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS EM LABORATÓRIO
41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 44
5.1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DOS LODOS ..............................................................................44

vi
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5.2 CONTEÚDO DE ÁGUA E TEMPERATURA EM AMOSTRAS DA MISTURA LODO SOLO ...........................44
5.3 COMPORTAMENTO DO PH NA MISTURA LODO SOLO ..........................................................................46
5.4 TEOR INICIAL E DECAIMENTO DO COT E COFO NAS MISTURAS LODO SOLO COLETADAS NAS
UNIDADES EXPERIMENTAIS ............................................................................................................................48

5.5 CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DO CARBONO ORGÂNICO TOTAL E CARBONO ORGÂNICO FACILMENTE


OXIDÁVEL DOS LODOS INCORPORADOS AO SOLO .........................................................................................49

5.6 FRAÇÃO MINERALIZADA DO COT E COFO DO MATERIAL ORGÂNICO NAS UNIDADES


EXPERIMENTAIS...............................................................................................................................................57

5.7 DECAIMENTO DO NITROGÊNIO ORGÂNICO DO LODO INCORPORADO AO SOLO ................................59


5.8 CINÉTICA DE MINERALIZAÇÃO DO NITROGÊNIO ORGÂNICO DO LODO INCORPORADO AO SOLO ....61
5.9 FRAÇÃO DE MINERALIZAÇÃO DO NITROGÊNIO ORGÂNICO DO LODO INCORPORADO AO SOLO ......64
5.10 DEGRADABILIDADE DO MATERIAL ORGÂNICO DO LODO INCUBADO NO SOLO EM CONDIÇÕES DE
LABORATÓRIO .................................................................................................................................................66

5.11 TAXA DE DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DOS LODOS DE ESGOTO SANITÁRIO ...................67
5.12 CINÉTICADE DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DOS LODOS DE ESGOTO SANITÁRIO
MISTURADOS COM SOLO .................................................................................................................................68

5.13 DEGRADABILIDADE DO MATERIAL ACUMULADO NO SAC-EV E SUA INFLUÊNCIA NAS CONDIÇÕES


OPERACIONAIS DESSES SISTEMAS ..................................................................................................................74

5.14 PRODUTIVIDADE DO CAPIM-TIFTON 85................................................................................................75


6 CONCLUSÕES............................................................................................................... 78
7 RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 80
8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 81

vii
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Material orgânico mineralizado (MOmin) com o tempo de monitoramento......... 22


Figura 4.1 - Descarga de lodo de esgoto sanitário de tanque séptico no SAC-EV ................. 25
Figura 4.2 - Detalhes da localização do resíduo orgânico acumulado, da sua coleta no SAC-
EV e do seu manejo para uso no experimento.......................................................................... 26
Figura 4.3 - Lodo de esgoto sanitário ...................................................................................... 27
Figura 4.4 - Lodo de reator UASB .......................................................................................... 27
Figura 4.5 - Lodo de digestor anaeróbio ................................................................................ 28
Figura 4.6 - Destilador de Kjeldahl utilizado na quantificação do teor de nitrogênio
(total/inorgânico) nas amostras ................................................................................................. 29
Figura 4.7 - Detalhe do equipamento utilizado na quantificação do teor de carbono orgânico
total ........................................................................................................................................... 30
Figura 4.8 - Localização da área experimental ........................................................................ 31
Figura 4.9 - Detalhe do perfil de solo de onde foi retirado material para enchimento das covas
da área experimental ................................................................................................................. 32
Figura 4.10 - Área onde o experimento de campo foi implantado e detalhe das covas
utilizadas como unidade experimental ..................................................................................... 33
Figura 4.11 - Detalhe do processo de mistura dos lodos e resíduo orgânico no solo que
sofreram desaguamento (sólido) (a e b) e não desaguado (líquido) (c e d), antes de sua
disposição nas covas ................................................................................................................. 34
Figura 4.12 - Detalhe do preenchimento das covas (a) e coleta das amostras (b) ................... 35
Figura 4.13 - Média diária dos dados climáticos de precipitação e temperatura média do ar,
obtidos no período de condução do experimento ..................................................................... 35
Figura 4.14 - Detalhe do crescimento do capim-tifton 85 nas covas preenchidas com a
mistura de lodo e resíduo orgânico no solo .............................................................................. 40
Figura 4.15 - Respirômetro de Bartha ..................................................................................... 41
Figura 4.16- Detalhe da estrutura utilizada na incubação dos lodos e do resíduo orgânico no
solo ........................................................................................................................................... 42
Figura 4.17 - Detalhamento do equipamento utilizado na medição da condutividade elétrica
na solução contida (a) e aeração os respirômetros (b) .............................................................. 43
Figura 5.1 - Conteúdo de água nas misturas lodos e resíduo orgânico ao solo na camada de 0
- 20 cm (a) e índices pluviométricos (b) no período de 215 dias de monitoramento após
incorporação das misturas ........................................................................................................ 45
Figura 5.2 - Valores de pH dos lodos e resíduo orgânico no solo na camada de 0 - 20 cm no
período de 215 dias de experimento ......................................................................................... 47
Figura 5.3 - Teores de carbono orgânico total (a) e carbono orgânico facilmente oxidável (b)
em amostras da mistura lodo e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20 cm,
nas unidades experimentais, no período de 215 dias ................................................................ 48
Figura 5.4 - Massa mineralizada de carbono orgânico total dos lodos e do resíduo orgânico,
por unidade de massa do solo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos, durante o
tempo de 215 dias de monitoramento, após sua incorporação ao solo ..................................... 50
Figura 5.5 - Massa mineralizada de carbono orgânico facilmente oxidável do material, por
unidade de massa da mistura solo-resíduo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos,
durante o tempo de 215 dias de monitoramento, após efetuada a incorporação dos resíduos....... 53
Figura 5.6 - Teores de nitrogênio total e nitrogênio orgânico em amostras da mistura dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20 cm, nas unidades
experimentais, no período de 215 dias ..................................................................................... 60

viii
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.7 - Mineralização acumulada do nitrogênio orgânico dos resíduos orgânicos
incorporados ao solo e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos durante o tempo de 215
dias de monitoramento ............................................................................................................. 62
Figura 5.8 - Quantidade de carbono emanado acumulado, na forma de CO₂ (C-CO₂), das
misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo e solo controle, durante o período de 140
dias de incubação das amostras ................................................................................................ 66
Figura 5.9 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, considerando-se a dose de 300 kg ha⁻¹ de N, no tempo de
140 dias de incubação das amostras ......................................................................................... 70
Figura 5.10 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas
resíduo orgânico-solo incorporadas ao solo, considerando-se a dose aplicada de 600 kg ha⁻¹ de
N, no tempo de 140 dias de incubação das amostras................................................................ 71
Figura 5.11 - Produtividade de matéria seca da parte aérea do capim-tifton 85 nas unidades
experimentais ............................................................................................................................ 75

ix
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Teores na matéria seca de nutrientes e de substâncias orgânicas e inorgânicas em


diferentes tipos de lodos produzidos no Brasil ........................................................................... 6
Tabela 3.2 - Concentração de compostos orgânicos e inorgânicos na camada de resíduo
orgânico acumulado em SAC-EV .............................................................................................. 8
Tabela 3.3 - Produção anual de lodo e quantidades utilizadas na agricultura, em países da
União Europeia ......................................................................................................................... 11
Tabela 4.1 - Resultados da caracterização física e química dos lodos e resíduo orgânico
utilizados no experimento......................................................................................................... 30
Tabela 4.2 - Características físicas e químicas do solo ........................................................... 32
Tabela 5.1 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem e
a cinética de duas fases, para a estimativa da fração de mineralização do carbono orgânico
total (FMCOT) na mistura dos lodos e do resíduo orgânico, obtidos após 215 dias de
incorporação ao solo ................................................................................................................. 55
Tabela 5.2 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem e
a cinética de duas fases, para a estimativa da fração de mineralização do carbono orgânico
facilmente oxidável (FMCOfo) na mistura dos lodos e do resíduo orgânico, obtidos após 215
dias de incorporação ao solo.................................................................................................... 57
Tabela 5.3 - Estimativa para fração mineralizada de carbono orgânico total e carbono
orgânico facilmente oxidável nas misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo coletadas
nas unidades experimentais, aos 365 dias ................................................................................ 58
Tabela 5.4 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem e
cinética de duas fases para a estimativa da fração de mineralização do nitrogênio orgânico no
solo ........................................................................................................................................... 63
Tabela 5.5 - Estimativa para fração mineralizada do nitrogênio orgânico nas misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo coletadas nas unidades experimentais, aos 365 dias ....... 65
Tabela 5.6 - Fração de mineralização do carbono orgânico dos lodos e do resíduo orgânico,
nos experimentos I e II ............................................................................................................. 68
Tabela 5.7 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem e
cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo ........................................................................................................... 72
Tabela 5.8 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem e
cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo ........................................................................................................... 74

x
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

CO - carbono orgânico

COT - carbono orgânico total

COTmin - carbono orgânico mineralizado

COfo - carbono orgânico facilmente oxidável

ETEs - estações de tratamento de esgoto

FM - fração de mineralização

FMs - frações de mineralização

LDA - lodo de digestor anaeróbio

LRU - lodo de reator UASB

LSAC-EV - resíduo orgânico acumulado em sistema alagado construído de escoamento


vertical

LTS - lodo de tanque séptico

MO - matéria orgânica

MOmin - matéria orgânica mineralizável

NO - nitrogênio orgânico

NT - nitrogênio total

SACs-EV - Sistemas Alagados Construídos de Escoamento Vertical

SNIS - Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento

SVT - sólidos voláteis totais

UASB - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo (Upflow Anaerobic Sludge
Blanket)

UE - União Europeia

xi
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
1 INTRODUÇÃO

Para a melhor preservação do meio ambiente e se minimizar a preocupação com a saúde


pública, faz-se necessária a implantação e operação de adequado sistema de tratamento do
esgoto sanitário. No Brasil e no mundo, notadamente nos países em desenvolvimento, o
saneamento básico ainda é um problema preocupante, visto que boa parte da população não
tem acesso à coleta e ao tratamento de esgoto.

Nos últimos anos, tem aumentado o atendimento por redes de esgoto e seu respectivo
tratamento (40,8% do total gerado e 70,9% do coletado), segundo o Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS, 2014). Com o aumento no número de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) existe tendência de consequente aumento na quantidade de lodo
produzido, uma vez que, no tratamento do esgoto, objetiva-se a sua estabilização, tendo-se,
como produto final, a fase líquida (efluente) e a fase sólida (“lodo de esgoto”).

Dentre os sistemas de tratamento de esgoto doméstico, destaca-se o que utiliza tanque séptico,
por se tratar de tecnologia descentralizada, que permite o tratamento desses despejos in loco,
não necessitando de grandes redes de coleta para seu posterior tratamento. Os tanques
sépticos necessitam, no entanto, de manutenção periódica, pois o lodo acumulado no seu
interior precisa ser removido periodicamente, de forma a não comprometer o funcionamento
do sistema (PHILIPPI, 1993).

Da mesma forma que os tanques sépticos, sistemas anaeróbios de tratamento de águas


residuárias de diferentes fontes, como os reatores anaeróbios de fluxo ascendente, comumente
denominados UASB, necessitam de remoção periódica do lodo acumulado. Nesses reatores, a
maior parte (cerca de 50 a 70%) do material orgânico biodegradável presente no despejo é
convertida em metano, enquanto menor parte (cerca de 5 a 15%) é convertida em biomassa
microbiana, vindo a constituir o lodo excedente do sistema (CHERNICHARO, 2007).

Outra tecnologia que tem sido estudada no tratamento/destinação provisória é a que se refere
à disposição do lodo em sistemas alagados construídos de escoamento vertical (SACs-EV),
também denominados “leitos de secagem plantados”, sistema de tratamento em que o lodo é
aplicado superficialmente sobre um substrato poroso e vegetado, onde, formando um resíduo
orgânico de coloração escura, rico em matéria orgânica, vai sendo acumulado
(STEFANAKIS; TSIHRINTZIS, 2012a). O material sólido disposto nesses sistemas forma

1
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
distintas camadas, com diferentes graus de humificação e mineralização, de acordo com o
tempo de permanência no sistema.

Embora o lodo represente apenas 1% a 2% do volume do esgoto tratado, o seu gerenciamento


é bastante complexo e tem um custo geralmente de 20% a 60% do total gasto na operação de
uma ETE (VON SPERLING; ANDREOLI, 2014). Dentre as várias opções de destinação final
do lodo gerado, destacam-se: os aterros sanitários municipais ou privados, a incineração, a
transformação em agregados e a disposição em áreas agrícolas, sendo essa última uma
tendência atual e mais promissora, em termos de sustentabilidade (TSUTIYA, 2001).

A destinação final de lodo de esgoto sanitário no solo está fundamentada nos elevados teores
de carbono e nitrogênio contidos, além do aumento na capacidade de troca catiônica (CTC) e
da neutralização da acidez que esses resíduos orgânicos podem proporcionar ao solo
(MATOS, 2014).

Diversos fatores interferem na decomposição e na mineralização de materiais orgânicos,


dentre os quais, podem ser citados a relação carbono-nitrogênio (C/N) dos resíduos, as
características físicas, químicas e biológicas, além da temperatura e teor de água no solo
(FIGUEIREDO et al., 2012).

A quantificação da mineralização do carbono e nitrogênio orgânicos pode ser obtida em


condições de campo ou climáticas controladas, em laboratório. Ao serem monitoradas em
função do tempo e após ajustados modelos matemáticos e obtidos coeficientes (BOEIRA et
al., 2011), dentre eles a fração de mineralização (FM), utilizada na Resolução CONAMA
375/2006 (BRASIL, 2006). Comumente, a dinâmica na mineralização da matéria orgânica de
resíduos orgânicos aplicados em solos tem sido expressa por uma equação de cinética química
de primeira ordem (STANFORD; SMITH, 1972), assim como, pelo modelo exponencial de
duas fases (INOBUSHI et al., 1985).

Pouco conhecimento se tem, entretanto, a respeito das taxas de mineralização e do valor


fertilizante dos referidos resíduos orgânicos. Neste estudo, objetiva-se avaliar a mineralização
do material orgânico presente no lodo de sistemas de tratamento aeróbio e anaeróbio do
esgoto sanitário e do material orgânico acumulado em sistema alagado construído de
escoamento vertical (SAC-EV), quando disposto no solo, além da disponibilização de
nutrientes e produtividade vegetal em solos nos quais foram incorporados.

2
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral


Avaliar e quantificar a mineralização da matéria orgânica de lodo de esgoto sanitário de
diferentes origens, quando incorporado ao solo, e a produtividade do capim-tifton 85 no solo
adubado com esses materiais orgânicos.

2.2 Objetivos específicos


Avaliar as características físicas e químicas de lodo de tanque séptico desaguado em leito de
secagem, de resíduo orgânico coletado em diferentes profundidades na camada de
acumulação em SAC-EV, de lodo proveniente de reator UASB desaguado em leito de
secagem, e lodo de digestor anaeróbio que não sofreu desaguamento;

Avaliar e quantificar o decaimento do carbono e nitrogênio orgânicos constituintes de


diferentes tipos de resíduos orgânicos incorporados ao solo, em condições de campo;

Avaliar a produtividade de biomassa da parte aérea do capim-tifton 85 cultivado em unidades


receptoras dos resíduos em avaliação;

Avaliar e quantificar a degradabilidade do carbono presente nos lodos e resíduo orgânico


aplicado ao solo e mantido sob condições climáticas controladas, em laboratório.

3
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Lodo de esgoto sanitário


Os esgotos sanitários ou domiciliares provêm, principalmente, de residências, edifícios
comerciais, instituições ou qualquer edificação que contenha instalações de banheiros,
lavanderias, cozinhas ou outro dispositivo de utilização da água para fins domésticos. Essas
águas residuárias apresentam, em média, 70% de matéria orgânica que, geralmente, é:
composta por proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos (10%) e, em
menor quantidade, uréia, surfactantes, fenóis e pesticidas (COSCIONE; CEOLATO, 2006).

O Brasil, nos últimos anos, tem aumentado o atendimento público por redes de coleta de
esgoto e, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2014), o
índice médio desse atendimento é de 57,6% nas áreas urbanas das cidades brasileiras,
destacando-se a região Sudeste, com média de 83,3%. No que se refere ao tratamento dos
esgotos sanitários, observa-se que o índice médio do país chegou a 40,8% do volume total
gerado e 70,9% do coletado.

Torna-se importante ressaltar que o volume de esgotos sanitários tratados, que era de 3,624
bilhões de metros cúbicos, em 2013, foi para 3,764 bilhões de metros cúbicos, em 2014,
correspondendo a um incremento de 3,9%. Com a tendência em aumentar o número de
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e, portanto, de lodo gerado, o tratamento e a
disposição final desses resíduos passou a ser um grande problema a ser gerenciado por
prestadores de serviço.

Diante da necessidade de tratamento e disposição de lodo, devem ser criadas formas


ambientalmente seguras e economicamente viáveis para evitar problemas de lançamento de
contaminantes e patógenos no ambiente (EPA, 1997). Entre as principais opções de
disposição de lodo no ambiente encontram-se: 1) disposição no solo (uso agrícola, florestas,
áreas de recuperação); 2) disposição em aterro; 3) disposição no mar; 4) incineração
(MATTHEWS, 1992).

No Brasil, o lodo de esgoto tem sido disposto em aterros sanitários, sistemas que nas grandes
cidades encontram-se em processo de saturação (FERREIRA et al., 2012) e, de acordo com as
diretrizes previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, esse tipo de destinação

4
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
deverá ser restringido, em função da existência de melhores formas de seu destino e uso
(BRASIL, 2010).

As principais características físicas e químicas do lodo de esgoto produzidos nas ETEs estão
ligadas ao tipo de esgoto afluente ao sistema de tratamento e o método de operação adotado.
Segundo von Sperling e Gonçalves (2014), a produção de lodo a ser gerado é função básica
do sistema de tratamento utilizado na fase líquida, sendo os lodos produzidos por processos
biológicos classificados em:

a) lodo primário: produzidos a partir de processos que recebem esgoto bruto nos
decantadores primários, composto pelos sólidos sedimentáveis do esgoto bruto;

b) lodo biológico e/ou lodo secundário: resultado da biomassa que cresceu às custas do
alimento fornecido pelo esgoto afluente;

c) lodo misto: resultante da mistura do lodo primário e secundário; e

d) lodo químico: gerado em sistemas de tratamento que incorporam uma etapa de


tratamento físico e químico, para melhorar o desempenho do decantador primário ou
dar um polimento no efluente secundário;

De maneira genérica, pode-se considerar que o lodo gerado nos decantadores primários de
ETEs convencionais apresenta quantidades significativas de sólidos (de 3 a 7%), contendo de
60 a 80% de matéria orgânica na sua matéria seca e, nos tratamentos secundários aeróbios, o
lodo contém, tipicamente, 0,5 a 2% de sólidos, contendo 50 a 60% de matéria orgânica na sua
matéria seca (OUTWATER, 1994).

De acordo com van Raij et al. (2001), em geral, os lodos de esgoto estão desbalanceados em
termos de nutrientes, sendo pobres em potássio, tendo em vista que no processo de separação
da fração sólida do esgoto, elementos químicos mais solúveis, como esse, permanecem em
solução e são descartados com o sobrenadante tratado. Segundo Andreoli et al. (2002), os
nutrientes nitrogênio e fósforo são encontrados em maiores quantidades, enquanto os cátions,
cálcio e magnésio em menores.

Na Tabela 3.1 está apresentado um resumo da composição química no lodo gerado em cinco
ETEs do Brasil, sob diferentes sistemas de tratamento.

5
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tabela 3.1 - Teores na matéria seca de nutrientes e de substâncias orgânicas e inorgânicas
em diferentes tipos de lodos produzidos no Brasil
Estação de Tratamento de Esgoto – ETE
Constituinte Unidade Jundiaí, Barueri, Pacotuba, Medianeira,
(1) (2) (3)
SP SP ES PR(4)
pH - 7,9 6,9 5,2 2,6
Teor de água dag kg-1 64,6 41,6 - 92,6
SVT dag kg-1 57,1 43 - 13,3
COT dag kg-1 27,4 27,8 16,0 27,2
NT dag kg-1 2,9 3,3 0,6 -
Fósforo g kg-1 de ST 8,2 2,9 0,4 4,3
Potássio mg kg-1 de ST 2,8 150 0,2 5,9
Cálcio g kg-1 de ST 15,7 1,3 - -
Magnésio g kg-1 de ST 1,2 0,21 - -
Manganês mg kg-1 de ST - 192 - 30
Ferro g kg-1 de ST 22,4 23,2 - -
Arsênio mg kg-1 de ST < 0,01 - < 0,5 -
Bário mg kg-1 de ST 235 - 156 -
Boro mg kg-1 de ST 231 - - -
Cádmio mg kg-1 de ST 9,0 0,1 < 0,05 -
Chumbo mg kg-1 de ST 168 107 29 40
Cobre mg kg-1 de ST 562 1024 98 103
Cromo mg kg-1 de ST 161 19 26 -
Enxofre g kg-1 de ST 20,2 - - -
Mercúrio mg kg-1 de ST < 0,01 - - -
Molibdênio mg kg-1 de ST - - 3,5 -
Níquel mg kg-1 de ST 37,1 180 11 6,9
Selênio mg kg-1 de ST < 0,01 - < 0,5 -
Zinco mg kg-1 de ST 1321 5200 409 690
(1) (2) (3) (4)
Fontes: Costa et al. (2014); Silva et al. (2014); Delarmelina et al. (2013); Lopes
(2015).
SVT: sólidos voláteis; COT: carbono orgânico total; NT: nitrogênio total.
Nota: (1)Lodo produzido na ETE de Jundiaí-SP, que opera com digestão aeróbia e
estabilização anaeróbia em lagoas de decantação, o lodo gerado é desaguado em leito de
secagem; (2)Lodo de esgoto de biodigestor; (3)Sistema de tanque séptico seguido de filtro
anaeróbio de fluxo ascendente, valores originais em mg dm-3 estimados em dag kg-1 e mg kg-1,
adotando-se a massa específica de 1.000 kg m-3; (4)Lodo produzido na ETE de Medianeira-
PR.

3.2 Tratamento de lodo de esgoto sanitário em SAC-EV


Os sistemas alagados construídos de escoamento vertical (SACs-EV) plantados constituem
sistemas de tratamento naturais e descentralizados para o tratamento de lodos anaeróbios ou
6
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
aeróbios, com baixo custo de implantação, simplicidade operacional, baixo consumo
energético e passíveis de serem implantados nas mais diversas situações, além de não
necessitarem da adição de produtos químicos para se realizar o desaguamento do lodo
(SUNTTI et al., 2011).

O lodo de esgoto sanitário, quando disposto para tratamento em SAC-EV, passa pelo processo
de desidratação, que ocorre de maneira natural, principalmente em decorrência da drenagem e
evapotranspiração da água no meio suporte que, por sua vez, são fortemente influenciadas
pelo teor de água e quantidade de sólidos totais (ST) no lodo.

Stefanakis e Tsihrintzis (2011b) observaram que a desidratação do lodo de esgoto é


aumentada pela presença da vegetação na camada superior plantada no SAC-EV, as quais
absorvem nutrientes e água pelas raízes, transpirando água pelas folhas. De acordo com
Gagnon et al. (2012), as perdas de água por evapotranspiração estão diretamente associadas à
produtividade de biomassa do vegetal.

A presença da vegetação pode influenciar no escoamento vertical descendente, uma vez que o
movimento de tombamento do caule das plantas, decorrente da ação do vento, pode
proporcionar fissuras na camada superficial do leito poroso, aumentando as perdas de água
por evaporação. Isto foi observado por Nielsen (2011), em relatos da presença de fendas ao
redor do caule das plantas na camada superior de um SAC-EV.

No tratamento do lodo de esgoto sanitário, quando aplicado em SAC-EV, uma parcela


significativa de sua massa fica retida na camada superior do substrato de seu preenchimento,
fica susceptível à estabilização e mineralização. Para adequada operação desses sistemas,
torna-se necessária a remoção ou limpeza periódica dessa camada de resíduo orgânico,
quando essa atingir a altura máxima de acúmulo no SAC-EV, para que o sistema possa voltar
a receber material e visando-se obter aumento no desaguamento final e mineralização mais
completa do resíduo orgânico retido, o que pode variar de um a vários anos (UGGETTI et al.,
2009; NIELSEN; LARSEN, 2016).

As alterações ocorridas no resíduo orgânico acumulado são dependentes do tipo de vegetação


e tempo de permanência, resultando em um material humificado, mineralizado e desidratado.
Assim, o lodo superficial, mais novo, apresenta coloração negra e é mais fresco e menos
estabilizado, enquanto nas camadas mais profundas apresenta coloração amarronzada e com
aparência próxima à de solo (STEFANAKIS et al., 2011).
7
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
A estabilização dos lodos ocorre em decorrência de uma série de processos bioquímicos que
ocorrem em áreas próximas às das raízes das plantas, sendo os ácidos orgânicos e o nitrogênio
removidos por oxidação, amonificação, nitrificação e desnitrificação (UGGETI et al., 2012).
O efeito positivo das plantas na estabilização do lodo também foi observado por Peruzzi et al.
(2013).

As principais características físicas e químicas encontradas no resíduo orgânico acumulado


em SAC-EV seguem apresentadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Concentração de compostos orgânicos e inorgânicos na camada de resíduo


orgânico acumulado em SAC-EV
Variável Unidade Furtado, Stefanakis et al. Matamoros et al.
(2012)(1) (2012)(2) (2012)(3)
Camada acumulada (cm)
0 - 20 0-10 10-20 0-10 20-30 40-50
pH - 5,81 6,5 - - - -
-1
Teor de água dag kg de ST 60,0 - - 15,2 18,4 19,2
-1
ST dag kg de ST 40,0 - - - - -
-1
SVT dag kg de ST 11,0 - - - - -
COT dag kg-1 de ST 17,3 - - 28,5 26,2 24,3
NT dag kg-1 de ST 1,57 3,0 2,9 3,35 2,95 2,76
Fósforo dag kg-1 de ST 0,67 0,78 0,83 0,94 1,26 1,49
Potássio dag kg-1 de ST 0,81 - - 0,70 0,57 0,57
Cálcio dag kg-1 de ST 0,77 - - 4,04 3,69 3,67
Magnésio dag kg-1 de ST 0,16 - - 0,54 0,46 0,49
Sódio dag kg-1 de ST - - - 0,19 0,19 0,18
Manganês mg kg-1 de ST - 195,8 198,9 510 550 620
Ferro mg kg-1 de ST - 4103 4576 5900 4600 4500
Cádmio mg kg-1 de ST 0,9 4,1 4,2 1,8 2,3 2,2
Chumbo mg kg-1 de ST - 30,5 38,7 61 78 87
Cobre mg kg-1 de ST 151,3 123,6 104,8 184 251 251
Cromo mg kg-1 de ST 5,9 116,5 144,5 42 56 55
Níquel mg kg-1 de ST 13,0 33,2 36,5 30 43 41
Zinco mg kg-1 de ST 759,0 424 506 1098 1443 1506
Em que, ST: sólidos totais; SVT: sólidos voláteis totais; COT: carbono orgânico total; NT:
nitrogênio total.

8
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
3.3 Lodo de reator UASB

Em Reatores Anaeróbios de Manta de Lodo (UASB), a biomassa cresce e se multiplica às


custas de matéria orgânica, que usualmente fica retida por um longo período de tempo,
durante o qual ocorre a digestão anaeróbia do material celular, sendo o lodo biológico
classificado como “lodo secundário ou excedente”, periodicamente descartado do sistema. A
produção do lodo secundário ocorre em função da carga de demanda química de oxigênio
(DQO) aplicada, sendo que se considerada a relação de 0,12 a 0,18 kg de sólidos em
suspensão (SS) por kg de DQO, obtém-se uma produção per capita de cerca de 0,1 kg hab-1 d-1 de
DQO, 150 g hab-1 d-1 de SS (ANDREOLI et al., 2014).

Os processos anaeróbios, em geral, produzem quantidades menores de lodo, a produção de


lodo é variável em função do tipo de tratamento adotado; no Brasil sistemas aeróbios de lodo
ativado produzem 37 g de lodo hab-1 d-1, enquanto que sistemas anaeróbios apenas 15 g de
lodo hab-1 d-1 (ANDREOLI et al., 1997). Uma alternativa para melhorar as características do
lodo excedente de digestão anaeróbia é utilizar as fases mesofílica e termofílica, o que
proporciona a obtenção de um material com condições adequadas para que possa ser
utilizado, sem restrições sanitárias, na agricultura (RUBIO-LOZA; NOYOLA, 2010).

Como o lodo secundário do sistema de tratamento preserva algumas características do


afluente tratado, a presença de metais pesados nesse material está diretamente relacionada à
contaminação do esgoto sanitário. As principais fontes de contaminação estão relacionadas ao
despejo nas redes coletoras por indústrias de galvanoplastia, indústrias químicas e indústrias
metálicas (SILVA et al., 2014).

3.4 Disposição do lodo no solo


O lodo secundário aplicado no solo, por ser fonte de matéria orgânica e nutrientes para as
plantas, apresenta características de condicionador e fertilizante de solos, podendo, desta
forma, ser utilizado na recuperação de áreas degradadas (BETTIOL et al., 1983) ou como
adubação orgânica de solos agrícolas. No entanto, como, em sua composição, contém sais
solúveis, metais pesados, compostos orgânicos persistentes e patógenos, o lodo pode estar
sujeito a algumas restrições no seu manuseio e utilização no solo, pois, quando utilizado de
forma inadequada, pode se tornar um risco ao ambiente (SOMMERS, 1997).

9
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Outros efeitos indesejáveis da aplicação de lodo de esgoto sanitário no solo são a
possibilidade de lixiviação de formas químicas mais solúveis para o subsolo e contaminar a
água subterrânea, a volatilização de gases para a atmosfera, o desbalanço de nutrientes que
pode causar a esse meio, e a introdução de agentes patogênicos ao solo. Entretanto, torna-se
importante ressaltar que, de acordo com a USEPA (1995), os patógenos introduzidos no solo
via lodo de esgoto sanitário permanecem na camada superficial do solo ou em pequenas
profundidades e o tempo de sua sobrevivência no meio vai depender das características
químicas, físicas e microbiológicas desse meio.

No Brasil, pesquisas sobre a disposição de lodo de esgoto no solo foram desenvolvidas no


Programa de Pesquisa de Saneamento Básico - PROSAB (ANDREOLI et al., 1999) e em
Projetos de Reciclagem de Biossólidos (LARA, 2001), e apontam orientações para o grande
potencial de disposição final desse resíduo, com destaque para sua aplicação no solo.

Ainda são escassas as informações sobre a geração e destinação do lodo de esgoto no Brasil e,
segundo Sampaio (2013), o destino do lodo da maioria das ETEs em operação é o aterro
sanitário. No entanto, a destinação agrícola vem crescendo nos últimos anos, principalmente
nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, com uma quantidade
anual destinada de, respectivamente, cerca de 8.500, 8.000 e 3.800 t ano-1 de ST.

Machado et al. (2004), com base em informações das prestadoras de serviço de saneamento
brasileiras responsáveis pelas ETEs, estimaram uma geração teórica de 151.724 t ano-1 de
lodo seco. Segundo esses autores, as informações referentes à produção real e à constituição
dos biossólidos são escassas, pois, a maioria das operadoras de tratamento de esgoto não
produzem as informações referentes ao lodo, de forma sistemática, dando enfoque somente ao
esgoto tratado.

Na União Europeia (UE), parte do lodo de esgoto, depois de adequado tratamento químico
e/ou biológico e higienização, é aplicado em áreas agrícolas para funcionar como
condicionador, melhorando as características químicas, físicas e biológicas do solo,
estimando-se que cerca de 40% do que é gerado tem tido essa destinação, conforme
apresentado na Tabela 3.3.

Embora a utilização do lodo em terras agrícolas varie muito de país para país, verifica-se
importante parcela com essa destinação final. Apesar das grandes quantidades utilizadas,
ainda assim, são relativamente pequenas, em comparação com outros fertilizantes orgânicos e
10
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
inorgânicos, contribuindo com menos de 5% da quantidade total de adubo orgânico (de
origem animal) utilizado sendo o lodo aplicado em menos de 5% das terras agrícolas da UE.

Tabela 3.3 - Produção anual de lodo e quantidades utilizadas na agricultura, em países da


União Europeia
Países Ano Produção de lodo ------------ Agricultura -----------
(t ano-1) (t ano-1) (%)
------------
Áustria (a) 2006 252,800 38,400 16
Bélgica 2006 140,00 35,023 25
Bruxelas 2006 2,967 0 0
Região Flamenga 2006 101,913 0 0
Valónia (b) 2007 31,380 10,927 35
Dinamarca 2002 140,021 82,029 59
Finlândia (c) 2005 147,000 4,200 3
França 2007 1.125,000 787,500 70
Alemanha (d) 2007 2.056,486 592,552 29
Grécia 2006 125,977 56,4 <1
Irlanda 2003 42,147 26,743 63
Itália 2006 1.070,080 189,554 18
Luxemburgo (e) 2005 8,200 3,780 46
Holanda 2003 550,000 34 <1
Portugal 2006 401,000 225,300 56
Espanha 2006 1.064,972 687,037 65
Suécia 2006 210,000 30,000 14
Reino Unido 2006 1.544,919 1.050,526 68
Bulgária 2006 29,987 11,856 40
Chipre 2006 7,586 3,116 41
3.4.1
República Checa (f) 2007 231,000 59,983 26
Estônia (g) 2005 26,800 3,316 12
Hungria 2006 128,380 32,813 26
Letônia 2006 23,942 8,936 37
Lituânia 2007 76,450 24,716 32
Malta (i) Nd Nd Nd
Polônia 2006 523,674 88,501 17
Romênia 2006 137,145 0 0
Eslováquia 2006 54,780 33,630 62
Eslovênia 2007 21,139 18 <1
Total 10.135,745 3.995,523 39
Fonte: Milieu, WRc, RPA (2010)

11
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
3.5 Uso agrícola do lodo de esgoto sanitário

Rejeitos com características preponderantemente orgânicas, tais como os resíduos produzidos


nas estações de tratamento de esgotos (ETEs), vêm sendo utilizados em diversos países, como
nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Austrália e no Japão, como condicionadores e, ou
adubos orgânicos de solos agrícolas, entretanto, essa incorporação ao solo deve ser controlada
e monitorada.

O lodo processado proveniente das ETEs, denominado biossólido quando devidamente


higienizado, possibilita um manuseio seguro na agricultura, pois, além do alto teor de matéria
orgânica, há, ainda, a presença de nutrientes essenciais às plantas, como o nitrogênio e o
fósforo.

Considerando-se, entretanto, os riscos de contaminação ambiental pelos nutrientes e


poluentes constituintes, além dos sanitários, a aplicação dos biossólidos na agricultura deve
ser regulamentada, fixando-se suas condições e restrições, de forma a ser realizada de maneira
segura para a população e o ambiente (ANDRADE, 2014). Para sua disposição final, deve-se
considerar os aspectos relacionados à seu processo produtivo, qualidade do lodo em termos de
metais pesados e contagem de microrganismos, teor de água, condições do solo, taxa de
aplicação e tipo de culturas agrícolas a serem adubadas (BETTIOL; CAMARGO, 2006).

Conforme já comentado, o lodo de esgoto sanitário disposto em áreas cultiváveis exerce


importantes efeitos sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, agindo como
condicionador e fertilizante, contribuindo, com isso, para o crescimento e desenvolvimento
das plantas. Gichangi et al. (2012) observaram que o lodo sanitário foi mais efetivo na
recuperação dos atributos físico-hídricos da camada superficial do solo de uma área
degradada que simplesmente a adição de adubação mineral, o que torna-se óbvio se for
considerado que a matéria orgânica contida no lodo é importante agente de estruturação e,
consequentemente, de melhoria nos referidos atributos do solo.

A aplicação de resíduos orgânicos em áreas agrícolas é, entretanto, ainda objeto de dúvidas,


tendo em vista ser influenciada por grande número de fatores que interferem na dinâmica do
C, N e organismos patogênicos no solo, como condições edafoclimáticas, características do
resíduo e forma como ele é disposto no solo (PAULA et al., 2013).

12
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
A mobilidade e disponibilidade de elementos químicos potencialmente tóxicos, como o
Cádmio, o Cromo, o Chumbo, o Níquel e Zinco, no solo, causam maior preocupação pela
frequência e concentração que podem estar presentes no lodo. Soriano-Disla et al. (2011), em
estudo para examinar a influência das propriedades de diferentes classes de solo sobre a
lixiviação de metais pesados, após uma única aplicação de lodo, encontraram que o pH do
solo foi a propriedade mais importante para controlar essa mobilidade no meio.

No Brasil, o uso agrícola de lodos gerados em estações de tratamento de esgotos sanitários é


disciplinado pela Resolução CONAMA N° 375/2006 (BRASIL, 2006). Nessa resolução, o
lodo foi classificado como A e B (a partir de 2011, o B teve seu uso proibido em cultivos
agrícolas). De acordo com o que está estabelecido na referida resolução, o lodo classe A pode
ser utilizado na adubação de algumas culturas agrícolas, desde que se respeite a contagem
máxima de organismos indicadores de agentes patogênicos, os quais são os coliformes
termotolerantes, que devem estar presentes em contagem menor que 103 NMP/g de ST; ovos
viáveis de helmintos, que devem ser de no máximo 0,25 ovo/g de ST; Salmonella, que deve
estar ausente em 10 g de ST; e vírus, que deve apresentar contagem menor que 0,25 UFF/g de
ST.

Em complemento a essa resolução, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


lançou as Instruções Normativas número 25 (BRASIL, 2009) e número 27 (BRASIL, 2006),
regulamentando o registro de fertilizantes orgânicos para o uso agrícola, permitindo para lodo
de esgoto sanitário e derivados apenas o uso classe A e excluindo-se a variável contagem de
vírus, como limitante.

3.6 Mineralização da matéria orgânica no solo


A dinâmica dos resíduos orgânicos dispostos no solo está intimamente relacionada à sua taxa
de mineralização e depende das características químicas do material, principalmente da
relação carbono/nitrogênio e a forma de manejo e disposição. Conforme já comentado, o lodo
de esgoto apresenta, em sua composição, nutrientes e elementos químicos necessários ao
desenvolvimento e produção das plantas, os quais se encontram em sua grande parte na forma
orgânica. Esses elementos químicos são liberados gradativamente no solo por processos
oxidativos, de mineralização, fornecendo nutrientes ao longo do ano às plantas e reduzindo os
riscos de poluição ambiental (MELO; MARQUES, 2000).

13
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Os resíduos orgânicos aplicados no solo são gradativamente transformados, podendo interagir
no processo de agregação do solo: em primeira etapa, ocorre a interação da fração mineral
com a matéria orgânica do solo (MO) humificada, formando complexos organominerais; em
segunda fase, com a inclusão de mais MO humificada e parte de MO transitória, há a
formação de microagregados; e, finalmente, os microagregados são unidos uns aos outros,
formando os macroagregados.

O aporte de materiais orgânicos ao solo estimula o desenvolvimento da população microbiana


em razão da maior disponibilidade de carbono orgânico facilmente oxidável e nutrientes no
meio (CAS, 2009). Na adição de resíduos orgânicos ao solo os microrganismos
decompositores necessitam de 30 partes de C para cada parte de N, sendo 20 partes perdidas
no processo, via CO2, enquanto 10 partes irão compor a estrutura desses microrganismos
(PEREIRA NETO, 1989). Quando o resíduo orgânico adicionado ao solo possuir relação C/N
alta (maior que 30), pode ocorrer esgotamento do N no meio, em razão da grande demanda de
N pela microbiota local, causando a imobilização desse nutriente. Por sua vez, materiais
orgânicos possuidores de baixa relação C/N (menor que 20) tendem a mineralizar mais
rapidamente o material orgânico nativo do solo, podendo causar depleção no teor de MO e,
quando a relação C/N do resíduo orgânico se situa entre 20 e 30, têm-se um equilíbrio entre
imobilização e mineralização (FONTANINE et al., 2003).

Os lodos de esgoto apresentam, em sua composição, grande quantidade de carbono,


evidenciando a participação expressiva da fração orgânica na massa seca total desse resíduo,
com teores de MO entre 18 e 50% (BOYD et al., 1980). As transformações que ocorrem na
MO incorporada ao solo são dependentes da quantidade relativa de substratos ou
componentes químicos, assim, a decomposição é favorecida pela composição bioquímica dos
resíduos orgânicos com baixo teor de lignina ou compostos fenólicos, alto teor de materiais
solúveis de nitrogênio, partículas de tamanho reduzido com baixa relação C/N, pelas
condições físicas e químicas do solo que maximizem a atividade biológica, especialmente
temperatura entre 30 e 35 ºC e teor de água próximo ao da capacidade de campo (MOREIRA;
SIQUEIRA, 2006).

Hattori e Mukai (1986) observaram que a mineralização do carbono orgânico foi


negativamente correlacionada com a soma do teor de matéria orgânica e lignina e
positivamente com o teor de nitrogênio e proteína bruta no material orgânico do lodo; diante
desses aspectos, os autores recomendaram que as taxas de aplicação de lodo no solo devam
14
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ser determinadas levando-se em consideração a composição da matéria orgânica que o
constitui.

Segundo Araújo et al. (2009) e Lobo (2010), o nitrogênio também se destaca na composição
do lodo de esgoto, apresentando-se em concentrações relativamente altas, em média 31 g kg-1;
este aspecto é de fundamental importância, pois o cálculo da dose de lodo com base no
fornecimento de N às plantas é a forma de recomendação mais frequente utilizada (BRASIL,
2006). Durante o processo de decomposição da MO, há a mineralização do nitrogênio
orgânico nela contido em nitrogênio mineral, cuja taxa depende da recalcitrância e resistência
do material à degradação proporcionada pelos microrganismos (CAMARGO et al., 1997).

A mineralização do nitrogênio orgânico consiste no processo de conversão biológica do N


ligado organicamente em proteínas, aminoaçúcares e ácidos nucléicos, em N inorgânico
(HUTCHISON; WALWORTH, 2007) e, acontece de forma rápida em solos com alto teor de
matéria orgânica, sendo dependente de fatores climáticos, físicos e biológicos. Durante a
mineralização de resíduos orgânicos no solo, um dos produtos é o amônio (NH4+), que pode
ser retido pelo solo, absorvido pelas plantas ou convertido em nitrato (NO3-). O nitrato, por
sua vez, pode ser absorvido pelas plantas, lixiviado para fora da zona de absorção das raízes
ou ser convertido em nitrogênio gasoso, sendo perdido para a atmosfera (BOEIRA, 2002).

A mineralização de materiais orgânicos tem sido comumente expressa pela variável


denominada "fração de mineralização" (FM), que é a razão entre o que foi mineralizado e o
que foi aplicado, num determinado tempo de degradação. Diversas são as maneiras de se
quantificar FM, conforme apresentado por Paula et al. (2013), Pereira et al. (2015) e Diniz et
al. (2016).

Moretti et al. (2015) avaliaram a mineralização da matéria orgânica do solo e do lodo de


esgoto e composto de lodo de esgoto a ele incorporado, por meio da evolução de C-CO2. A
incubação durou 135 dias, com teor de água equivalente ao de 70% da capacidade de campo,
sob temperatura de 25 ± 2 ºC e ausência de luz. Os tratamentos foram constituídos de
testemunha (solo controle) e, no ensaio I, as doses de 21,2; 42,4; 69,4; e 138,9 Mg ha-1 de lodo
e composto de lodo na cultura da cana-de-açúcar, tendo havido tendência de aumento na
evolução de C-CO2 dos resíduos com o aumento nas doses de lodo incorporadas, tendo de
10,2% o valor máximo obtido com a aplicação da dose máxima aplicada (138,9 Mg ha-1). No

15
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ensaio II, as doses foram de 120, 240, 360 e 480 Mg ha-1. tendo sido observada a mesma
tendência e a maior FM foi de 25,3%, obtida para a maior dose aplicada (480 Mg ha-1).

Andrade et al. (2006) obtiveram valores de FM entre 5,4 e 27,2%, semelhantes em quatro
lodos e um composto orgânico produzido à base de lodo de esgoto de diferentes sistemas de
tratamento de esgoto, após a incorporação dos resíduos ao solo, em avaliação da
degradabilidade da MO efetuada em condições de laboratório. Boyle e Paul (1989) obtiveram
valores semelhantes em experimento sob condições controladas em laboratório, para dois
tipos de lodo e pouco dependentes das doses aplicadas, o que pode ser atribuído à constituição
do lodo de esgoto por materiais orgânicos persistentes no solo. Os valores de FM obtidos em
laboratório são, no entanto, questionados por Pereira et al. (2015), que argumentaram que as
condições impostas em laboratório não proporcionam a mesma degradabilidade obtida em
condições de campo.

Frações de mineralização maiores que as encontradas nos experimentos em laboratório foram


obtidas por Paula et al. (2013), ao investigar a mineralização do carbono e nitrogênio
orgânicos de resíduos aplicados ao solo, em condições de campo. Esses autores observaram
que a FM de carbono orgânico facilmente oxidável e nitrogênio orgânico estimadas,
considerando-se as adições de material orgânico foi, após 120 dias de incorporação do
resíduo, superiores a 89,3%, sejam nos resíduos que foram incorporados ao solo e os
dispostos superficialmente e recomendaram sua estimativa a partir de dados de teor de
carbono orgânico facilmente oxidável.

A fração de mineralização do nitrogênio orgânico no solo pode ser determinada


experimentalmente, embora, na maioria dos países, sejam utilizados valores pré-definidos
pela legislação, de acordo com cada processo de obtenção do lodo. Na Resolução nº 375 do
CONAMA adotam-se os mesmos valores de fração de mineralização recomendados pela
Agência Ambiental do EUA (United States Environmental Protection Agency, 1992), que
variam de 40%, para lodos não digeridos, a 10%, para lodos compostados.

Diniz (2014), ao efetuar a disposição de lodos de esgoto sanitário digerido, não digerido e
submetido a processos de compostagem e caleação, em condições de campo, nas formas
superficial ou incorporada, recomendou que os valores de FM de lodo de esgoto sanitário,
estabelecidos na Resolução CONAMA nº 375/2006, fossem revistos e sugeriu se considerar o
valor de 97%, independente da forma de disposição desse resíduo no solo.

16
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
3.7 Dose de aplicação de lodo no solo

Os lodos devem ser aplicados de forma racional, com muita precaução, para que possa
promover algum benefício real ao sistema solo-planta; a dose de aplicação é de fundamental
importância, para que não ocorra o acúmulo de nutrientes no solo, podendo inviabilizar o
cultivo agrícola ou proporcionar a possível percolação de alguns elementos químicos no solo,
vindo a contaminar as águas subterrâneas.

De acordo com a Diretiva 86/278/EEC, a dose de aplicação no solo deve levar em conta as
necessidades nutricionais das plantas, o pH do solo e a mobilidade de substâncias inorgânicas
e a absorção pelas plantas (COUNCIL OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 1986). Nos
Estados Unidos, o órgão ambiental, United States Environmental Protection Agency (USEPA,
1993) desenvolveu normas regulamentando o uso e disposição segura de lodo de esgoto,
incluindo o uso agrícola, com a taxa de aplicação baseada no fornecimento de N à cultura
agrícola.

O Código Federal de Regulamentações, Título 40, Partes 257, 403 e 503 refere-se aos
“Critérios para a utilização e disposição de lodo de esgoto” e foi finalizada em 1993. Em
alguns países europeus define-se a dose com base na quantidade de matéria seca de lodo por
hectare ao ano (1 a 4 t ha-1 ano-1) e em outros a dose de aplicação é baseada no fósforo
aplicado.

No Brasil, em 2006, entrou em vigor a Resolução CONAMA n° 375/2006 (BRASIL, 2006)


regulamentando uso de lodo em áreas agrícolas e a dose estabelecida na aplicação de N,
baseada na utilizada nos EUA. Estabelece que a taxa de aplicação máxima (t ha-1 ano-1), em
base seca, deve ser o menor valor calculado de acordo com os seguintes critérios:

a) A aplicação máxima anual não deve exceder o quociente entre a quantidade de N


recomendada para a cultura (em kg ha-1), segundo a recomendação agronômica oficial
do Estado, e o teor de N disponível no lodo de esgoto (Ndisp em kg t-1), calculado de
acordo com a fórmula de aplicação subsuperficial:

Ndisp = (FM/100) . (Nkj - NNH3) + (NNO3 + NNO2) Equação (1)

em que,

FM: fração de mineralização do nitrogênio (%);

17
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Nkj: nitrogênio Kjeldahl (g kg-1);
NNH3: nitrogênio amoniacal (mg kg-1) e
NNO3 + NNO2: nitrogênio nitrato e nitrito (mg kg-1).

b) O cálculo da taxa de aplicação máxima anual deverá levar em conta os resultados dos
ensaios de elevação de pH provocado pelo lodo de esgoto, no solo predominante na
região de modo a garantir que o pH final da mistura solo-lodo de esgoto não ultrapasse
o limite de 7,0; e

c) Deve-se observar os limites de carga total acumulada teórica no solo no que se refere à
aplicação de substâncias inorgânicas.

Para o cálculo do nitrogênio disponível no lodo de esgoto ou produto derivado, as frações


de mineralização a serem consideradas são:

Lodo não tratado primário e secundário 40%


Lodo digerido aerobiamente 30%
Lodo digerido anaerobiamente 20%
Lodo compostado 10%

Os valores apresentados acima têm sido questionados por Matos (2014), Paula et al. (2013),
Pereira et al. (2015), Diniz et al. (2014), tendo em vista que esses autores consideram os
valores excessivamente baixos e que não refletem a capacidade de mineralização de material
orgânico em países de clima tropical.

Segundo Giacomini et al. (2015), em comparação do lodo de esgoto doméstico in natura e


uma mistura com lodo e palha de aveia aplicado no solo, houve aumento na imobilização de
nitrogênio microbiano na mistura, e a taxa de mineralização do nitrogênio no lodo in natura
foi duas vezes maior do que a proposta na Resolução 375/2006 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA).

Matos (2014) sugere a utilização de outra equação para o cálculo das doses de aplicação de
resíduos sólidos orgânicos em culturas agrícolas que, embora também adote o nitrogênio
como nutriente referencial, desconta as quantidades disponibilizadas pela matéria orgânica do
solo, de acordo com a dose a ser aplicada. Assim, de acordo com o método DEA/UFV,

18
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
sugerido por esse autor, a dose de resíduo sólido (Mg ha-1), quando aplicado uma única vez na
área, pode ser, então obtida por:

Dres = [Nabs - (Tm1.MO.s.p.107.0,05.n/12)]/[Tm2.(n/12).Norg + (Namon + Nnitr).PR] Equação (2)

Em que,

Nabs - nitrogênio absorvido pela cultura (kg ha-1);

Tm1 - taxa de mineralização da matéria orgânica anteriormente existente no solo (kg kg-1 ano-1):
0,01 a 0,15 kg kg-1 ano-1, sendo comum usar de 0,01 a 0,02 kg kg-1 ano-1para material
orgânico residual de cultivos agrícolas;

MO - matéria orgânica do solo (kg kg-1);


s - massa específica do solo (t m-3);
p - profundidade do solo considerada (m);
n - número de meses do ano;
Tm2 - taxa de mineralização do Norg (kg kg-1 ano-1);
Norg - nitrogênio orgânico (g kg-1);
Namon - nitrogênio amoniacal (g kg-1);
Nnitr - nitrogênio nítrico (g kg-1);
PR - proporção na recuperação do N mineral pela cultura (kg kg-1);
• Cultura de sistema radicular extensivo - 0,7
• Cultura anual - 0,5
• Arroz inundado - 0,3 a 0,5

Em aplicações sucessivas, numa mesma cultura e mesma área, a dose pode ser obtida por:

Dres = [Nabs - (Tm1.MO.s.p.107.0,05)].(1 - Tm2ACUM)]/[Tm2.(n/12).Norg + (Namon+Nnitr).PR] Equação (3)

em que,
Tm2ACUM - é a massa de N disponibilizada com a mineralização do residual das adubações
sucessivas, ao longo dos anos (kg kg-1).

A taxa anual de mineralização do material orgânico dos resíduos é uma das variáveis que
compõe as duas equações citadas e representam a variável fração de mineralização utilizada
na equação apresentada na resolução CONAMA 375/2006.
19
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
3.8 Produtividade de culturas adubadas com lodo

Conforme já abordado, o lodo de esgoto pode ser utilizado como adubo orgânico,
proporcionando melhorias físicas e químicas no solo e proporcionar aumento na
produtividade agrícola, sendo crescente o interesse no aproveitamento desses resíduos
orgânicos, nos últimos anos. Espera-se que os resíduos orgânicos, tais como lodo de esgoto
sanitário, possam fornecer nutrientes aos vegetais e matéria orgânica para a atividade
microbiana, preservando a biomassa natural do solo. Assim, a adubação com resíduos
renováveis tem como objetivo aumentar a produtividade das culturas sem causar impacto
ambiental (NASCIMENTO et al., 2004; SOUZA et al., 2005; BASSO et al., 2004).

Tecnicamente, qualquer cultura agrícola pode ser adubada com lodo de esgoto, entretanto,
dependendo da forma como o produto agrícola é produzido e consumido, a qualidade
sanitária, estabelecida de acordo com o tratamento de higienização, deverá ser observado.

As gramíneas forrageiras tropicais constituem a base da dieta do rebanho bovino brasileiro em


virtude do seu baixo custo de produção, alto potencial produtivo e da sua boa adaptação aos
diversos ecossistemas brasileiros (ANUALPEC, 2008). Neste contexto, o capim-tifton 85 tem
sido uma pastagem muito utilizada por produtores brasileiros e resultou do cruzamento da
Tifton-68 (Cynodon nlemfuensis Vanderyst) com a Cynodon dactylon L., Pers.

O capim-tifton 85 apresenta alta produtividade de matéria seca, resposta à adubação e


digestibilidade (VIELMO, 2008), além de maior teor de proteína bruta e boa relação
cálcio/fósforo. Estas características favorecem a produção animal, sendo utilizado nos mais
diversos sistemas produtivos (HANCOCK et al., 2010).

A alta produtividade do capim-tifton 85 adubado com resíduos orgânicos tem sido observada
em vários artigos científicos. Em trabalho realizado por Matos et al. (2008), o capim-tifton
85, cultivado por quatro meses, apresentou elevadas produtividades acumuladas de matéria
seca (15 t ha-1) e proteína bruta (3,7 t ha-1), e relativamente grande capacidade de remover
nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) e sódio da água residuária de laticínios aplicada
como fertirrigação na cultura.

Matos et al. (2013) avaliaram o efeito da produtividade e composição química do capim-tifton


85 submetido a diferentes taxas de aplicação do percolado de resíduo sólido urbano e
observaram aumento no rendimento de matéria seca, nível de proteína bruta e teores de

20
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
nitrogênio, potássio, sódio, cálcio, magnésio, manganês, cádmio, chumbo e ferro no solo, com
o aumento nas doses de aplicação desse percolado.

Entretanto, caso sejam aplicadas doses acima das recomendáveis, podem ocorrer problemas
para a qualidade do solo e das águas subterrâneas e, às vezes, até às plantas cultivadas. De
acordo com Matos et al. (1997), os materiais reciclados devem ser usados com cuidado para
evitar contaminação das as águas superficiais, subterrâneas, contaminação das plantas e para
evitar efeitos negativos sobre a qualidade do solo.

Silva et al. (2010) avaliaram as mudanças na disponibilidade de sódio em solo cultivado com
capim-tifton 85 com a aplicação de percolado de resíduo sólido urbano e encontraram
alterações nos valores de sódio do solo, tendo sido observado seu acúmulo em todas as
camadas de solo analisadas, embora isto não tenha causado prejuízo à produtividade do
capim.

Dentre os elementos essenciais às plantas e encontrados no lodo de esgoto, o potássio se


apresenta em quantidades muito pequenas no material, sendo geralmente necessário sua
complementação, de modo a evitar reflexos negativos na produtividade das culturas (SILVA
et al., 2011; ANDREOLI, 1999).

Nazário et al. (2013) observaram acúmulo de fósforo (48,01 mg dm-3), potássio (89,0 mg dm-3) e
cálcio (1,67 cmolc dm-3) no solo, quando aplicada uma dose equivalente a 39,54 kg ha-1 d-1 de
esgoto doméstico proveniente de fossa séptica, valores acima dos mencionados em literatura
(WERNER et al., 1996; ERTHAL et al., 2010). Os autores concluíram, entretanto, que a
aplicação de esgoto doméstico nessa gramínea é uma importante alternativa para
aproveitamento e destinação deste resíduo.

3.9 Modelos matemáticos para a predição do decaimento da MO


Para fins de descrever o comportamento da matéria orgânica (MO), após ser incorporada ao
solo, no que se refere ao seu grau de degradação/mineralização ao longo do tempo, podem ser
utilizados modelos matemáticos. Um dos primeiros modelos, para simular a dinâmica da
matéria orgânica no solo foi proposto por Stanford e Smith (1972), para estimar a
mineralização do N-orgânico por 30 semanas de incubação aeróbia da mistura solo e areia,
com temperatura e teor de água controlados. O mesmo modelo pode ser adaptado para se

21
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
descrever a degradação/mineralização da matéria orgânica, em função do tempo de incubação,
de forma acumulada, utilizando-se a equação 4 .

𝑀𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝑀𝑂𝑝𝑜𝑡 . (1 − 𝑒 −𝑘.𝑡 ) Equação (4)

Em que,

MOmin - massa de matéria orgânica mineralizada do resíduo, de forma acumulada, em


determinado período de tempo (M);
MOpot - massa de matéria orgânica potencialmente mineralizável do resíduo (M);
k - coeficiente de degradação/mineralização da matéria orgânica do resíduo (T-1);
t - tempo (T).

Desta forma, o modelo empregado de cinética química de primeira ordem baseia-se no


princípio de que a taxa de decomposição de determinado resíduo, em determinado instante de
tempo, é diretamente proporcional à quantidade de resíduo presente neste mesmo momento
(LATHAN, 1974). A taxa de mineralização é máxima no início do período de degradação
resultado do maior aporte de substrato e diminui com o tempo, conforme apresentado na
Figura 3.1.

Figura 3.1 - Material orgânico mineralizado (MOmin) com o tempo de monitoramento

100
Matéria orgânica mineralizada (mg kg-1)

90
80
70
60
50
40
30
20
Pontos observados
10 Curva ajustada
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo de degradação (dia)

A mineralização acumulada segue uma curva assintótica que tende a se estabilizar com o
tempo. Isto ocorre em razão de prevalecerem, no início, compostos orgânicos de fácil
degradação e, no decorrer do tempo, diminui essa concentração, aumentando-se a de
22
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
compostos recalcitrantes, menos suscetíveis à decomposição, o que justifica a adoção de
modelos não lineares para o estudo do fenômeno.

O modelo exponencial de cinética de primeira ordem tem sido utilizado em diversos


experimentos e, em diferentes condições de manejo, culturas e condições climáticas
(MARIANO et al., 2013). Segundo Andrade et al. (2006) o processo de degradação da MO
ocorre em duas etapas: a primeira, intensa e de curta duração (média de 8 dias), em que
compostos mais lábeis de carbono são exauridos e a segunda etapa, menos intensa e
responsável por mais de 65% do total de carbono orgânico degradado durante o período de 70
dias de avaliação.

O modelo exponencial de duas etapas proposto por Inobushi et al. (1985) foi desenvolvido
com a premissa de ajustar o N potencialmente mineralizável em solos alagados no Japão e
Filipinas, num período de incubação anaeróbia de 12 semanas. Os resultados obtidos por estes
autores demonstraram que existe uma relação linear entre o log (∆N/∆t) no tempo inicial da
incubação e que gradualmente se aproximava de uma relação linear com o tempo. Portanto foi
proposta a existência de dois compartimentos de mineralização, um de mais fácil
mineralização e outro de mais difícil mineralização. E apresenta duas componentes: onde a
primeira descreve a parte da matéria orgânica que é facilmente decomposta (fração lábil),
enquanto a segunda está relacionada com os compostos da matéria orgânica recalcitrantes,
isto é, os compostos que dificilmente são degradados/mineralizados (Figura 3.2). O modelo é
descrito pela seguinte equação 5:

𝑀𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝑀𝑂𝑓𝑎𝑐 . (1 − 𝑒 −𝑘𝑞.𝑡 ) + 𝑀𝑂𝑑𝑖𝑓 (1 − 𝑒 −𝑘𝑠.𝑡 ) Equação (5)

Em que,

MOfac - massa de matéria orgânica facilmente mineralizável potencial do resíduo (M);


MOdif - massa de matéria orgânica dificilmente mineralizável (recalcitrante) potencial do
resíduo (M);
kq e ks - coeficientes de degradação/mineralização da matéria orgânica do resíduo (T-1).

23
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 3.2 - Material orgânico mineralizado (MOmin) com o tempo de
monitoramento

Matéria orgânica mineralizada (mg kg


100

)
-1
90
80
70
60
50
40
30
20
Pontos observados
10 Curva ajustada

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo de degradação (dia)

24
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Coleta dos lodos e resíduo orgânico utilizados nos experimentos


Os quatro resíduos utilizados no experimento de campo e laboratório, para verificar a
mineralização da matéria orgânica no solo, foram coletados na Estação de Tratamento de
Esgoto da Bacia do Ribeirão Arrudas (ETE-Arrudas), município de Belo Horizonte, Minas
Gerais, sob as coordenadas geográficas: 19º53’42” S e 43º52’42” W e no Centro de Pesquisa
e Treinamento em Saneamento (CePTS-UFMG/COPASA), localizado na ETE-Arrudas.
Sendo três lodos provenientes do CePTS-UFMG, o primeiro resíduo orgânico acumulado no
SAC-EV coletado em três profundidades, o segundo lodo proveniente de tanque séptico
desaguado em leito de secagem, o terceiro lodo proveniente de reator UASB desaguado em
leito de secagem e o quarto lodo coletado em digestor anaeróbio que não sofreu
desaguamento gerado no sistema de tratamento de esgoto doméstico da ETE-Arrudas.

O SAC-EV foi construído no ano de 2007, com as características típicas de um sistema


francês de escoamento vertical (três unidades em paralelo, com alimentação alternada), com
parâmetros de projeto para o tratamento de esgoto sanitário de uma população de 100
habitantes. Nas três unidades foi plantado o capim-tifton 85 (Cynodon dactylon Pers) e desde
o início da operação, em novembro de 2008, as três unidades receberam esgoto oriundo de
tratamento preliminar para alimentação do sistema. Em 27 de setembro de 2013, uma das
unidades foi isolada e passou a receber lodo de tanque séptico, que era coletado em caminhão
limpa fossa (Figura 4.1) e desaguado no sistema uma vez por semana e com volume variável,
em média de 8,0 m3.

Figura 4.1 - Descarga de lodo de esgoto sanitário de tanque séptico no SAC-EV

25
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Desde o início da operação com lodo de esgoto sanitário, a unidade plantada não apresentava
acúmulo de sólidos na superfície do leito. No entanto, decorridos dois anos e oito meses de
operação do sistema, ocorreu o acúmulo de uma camada de resíduo sólido orgânico, com
características parecidas às de um solo, e com aproximadamente 15 cm de espessura, fato que
proporcionou algumas alterações nas condições do meio, conforme apresentado na Figura 4.2.

Figura 4.2 - Detalhes da localização do resíduo orgânico acumulado, da sua coleta no SAC-
EV e do seu manejo para uso no experimento

0 - 5 cm

5 - 10 cm

10 - 15 cm

26
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
No dia 25 de maio de 2016 foi realizada a coleta do resíduo orgânico proveniente do SAC-
EV, efetuada em três profundidades (camadas de 0 a 5, 5 a 10 e 10 a 15 cm), conforme
apresentado na Figura 4.2. As amostras foram coletadas aleatoriamente em distintas posições
e profundidades da unidade, sendo esse material coletado em cada uma das respectivas
profundidades homogeneizado, para obtenção de uma amostra composta.

O segundo resíduo, ou seja, o lodo de tanque séptico, foi coletado no CePTS-


UFMG/COPASA, após efetuado o desaguamento de uma carga de caminhão limpa fossa, em
leito de secagem, onde permaneceu por um período de duas semanas, para diminuir seu
conteúdo de água (Figura 4.3).

Figura 4.3 - Lodo de esgoto sanitário

O terceiro resíduo, lodo gerado em reatores de fluxo ascendente (UASB) do CePTS-UFMG,


tendo sido disposto em leito de secagem, onde foram coletadas amostras aleatórias, para
obtenção de uma amostra composta (Figura 4.4).

Figura 4.4 - Lodo de reator UASB

27
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Nos experimentos, também, foi utilizado o lodo efluente de digestores anaeróbios (quarto
resíduo), utilizados no tratamento do lodo excedente do sistema de lodos ativados (ETE-
Arrudas). O efluente foi coletado na canalização de saída aos digestores (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Lodo de digestor anaeróbio

As amostras compostas de todos os resíduos coletados foram encaminhadas para análise no


Laboratório de Análise Físico-Química da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e
preservadas a 4 °C até sua caracterização e incorporação no solo.

4.2 Caracterização física e química dos lodos e resíduo orgânico

4.2.1 Caracterização da matéria úmida

Essas análises foram executadas assim que os resíduos foram encaminhados ao laboratório,
para preservar as características do material assim que foi coletado. O potencial
hidrogeniônico foi medido em suspensão preparada com solução CaCl2 (0,01 molc L-1). A
quantificação dos sólidos totais (ST), sólidos voláteis totais (SVT) e conteúdo de água,
seguiu-se o método gravimétrico, efetuadas de acordo com a metodologia descrita em Matos
(2015).

Para quantificação do nitrogênio na forma inorgânica, utilizou-se o extrato do resíduo ou do


solo com a solução de KCl (0,2 mol L-1). O extrato obtido foi destilado primeiramente com a
adição de óxido de magnésio e recolhido em solução de ácido bórico, na presença de
indicadores para a determinação de nitrogênio na forma de amônio (NH 4+), posteriormente,
adicionou-se uma porção de liga de devarda ao extrato, que também é arrastada pelo vapor de
água e recolhida em solução de ácido bórico contendo a mistura de indicadores, para a

28
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
determinação do nitrogênio na forma de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-), seguindo metodologia
descrita por Raij et al. (2001), conforme apresentado na Figura 4.6.

Figura 4.6 - Destilador de Kjeldahl utilizado na quantificação do teor de nitrogênio


(total/inorgânico) nas amostras

4.2.2 Caracterização da matéria seca

Após a secagem das amostras em estufa, sob temperatura de 65 °C, até ser obtida massa
constante, foi possível quantificar os teores de nitrogênio total (NT), carbono orgânico
compostável (COfo) e carbono orgânico total (COT).

A quantificação do teor de NT nas amostras foi realizada pelo método Kjeldahl. A digestão
ácida da amostra foi feita com a adição de ácido salicílico, para se poder quantificar, também,
as formas nítricas, possibilitando-se, então, a conversão de todo o nitrogênio presente na
amostra, em amônio (NH4+) e, posteriormente, em amônia (NH3), no processo de destilação.
A amônia arrastada pelo vapor de água é recolhida em solução de ácido bórico contendo a
mistura de indicadores, sendo a quantificação de NT obtida de acordo com a metodologia
descrita em Matos (2012).

O carbono orgânico facilmente oxidável foi quantificado pela oxidação do material orgânico
em reação com o dicromato de potássio, em meio sulfúrico, não havendo a utilização de fonte
externa de aquecimento (método Walkley e Black) e seguida a metodologia descrita em
Matos (2015).

O teor de carbono orgânico total foi quantificado no Analisador de Carbono Total (TOC-
VCPN) (Figura 4.7), este instrumento promove a oxidação do carbono presente na amostra

29
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
sólida, convertendo-o em dióxido de carbono (CO2) por combustão e o CO2 produzido é
quantificado diretamente. A quantidade de CO2 presente na amostra é diretamente
proporcional ao teor de carbono nela contido.

Figura 4.7 - Detalhe do equipamento utilizado na quantificação do teor de carbono


orgânico total

Os resultados de caracterização física e química da matéria seca e úmida dos lodos e resíduo
orgânico estão apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Resultados da caracterização física e química dos lodos e resíduo orgânico
utilizados no experimento
Unidades LSAC LSAC LSAC LTS LRU LDA
0 - 5cm 5 - 10cm 10 - 15cm

pH(1) 5,2 5,8 5,5 5,3 5,9 7,4


U(2) dag kg⁻¹ 37,47 36,26 39,79 32,9 39,26 97,56
ST(3) dag kg⁻¹ 61,45 62,86 59,47 60,04 56,25 2,37
SVT(4) dag kg⁻¹ 38,63 25,64 22,84 42,38 33,94 66,46
COT(5) dag kg⁻¹ 27,84 18,33 15,99 62,91 43,13 48,45
COfo(6) dag kg⁻¹ 15,75 10,05 9,45 36,00 23,55 27,30
(7)
COfo/COT 0,57 0,55 0,59 0,57 0,55 0,56
(8)
NT dag kg⁻¹ 2,17 1,26 1,24 3,40 3,67 5,24
(9)
C/N 9,4 10,4 9,9 13,8 8,3 6,8
(1)
pH: determinado em solução de CaCl2 0,01 mol L⁻¹; (2)U: teor de água a 65 °C; (3)ST: sólidos totais,
quantificados após secagem em estufa sob temperatura de 105 °C; (4)SVT: sólidos voláteis, quantificados após
carbonização da matéria seca (ST) em mufla, sob temperatura de 550 °C; (5)COT: carbono orgânico total
quantificado utilizando-se o Analisador de Carbono Total (TOC-VCPN); (6)COfo: carbono orgânico facilmente
oxidável, quantificado pelo método Walkley-Black; (7)COfo/COT: relação carbono facilmente oxidável/carbono
orgânico total; (8)NT: nitrogênio total, quantificado utilizando-se o método Kjeldahl; (9)C/N: relação
carbono/nitrogênio; LSAC: lodo do sistema alagado construído nas três respectivas camadas (0 - 5, 5 - 10 e 10 -
15 cm); LTS: lodo de tanque séptico; LRU: lodo de reator UASB; LDA: lodo de digestor anaeróbio.

30
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4.3 Experimento de campo

O experimento de campo foi iniciado na primeira semana do mês de junho de 2016, sendo
encerrado na segunda semana do mês de janeiro de 2017, totalizando 215 dias de
monitoramento e cultivo do capim, tendo sido instalado em área situada no Campus Pampulha
da UFMG, localizado no município de Belo Horizonte (coordenadas 19º 52’ 23,71” S e 43º
57’ 52,87” W), no Estado de Minas Gerais. Essa região apresenta o clima do tipo tropical,
caracterizado por apresentar uma estação seca bem definida como tipo AW, de acordo com
classificação climática de Köppen e Geiger (1965), com média anual de temperatura e
precipitação respectivamente de 20,5 °C e 1.430 mm (Figura 4.8).

Figura 4.8 - Localização da área experimental

Belo
Horizonte
Minas
Brasil
Gerais
Q 10 / UFMG

4.3.1 Caracterização do solo

Considerando-se que a área disponível para a instalação do experimento era de aterro, optou-
se por efetuar o enchimento das covas da área experimental, assunto a ser detalhado em
sequência, com material retirado de área em que o solo se apresentasse mais desenvolvido e
com características pedogenéticas perceptíveis. Em área contígua à da área experimental
encontrou-se um solo que atendia às expectativas e, portanto, foi o escolhido. Nesse solo, foi
confeccionada uma trincheira para a coleta de material a ser utilizado no preenchimento das
covas (Figura 4.9). A caracterização física e química de amostras desse material, retirado na
camada de 0 a 20 cm da superfície do solo, está apresentada na Tabela 4.2 e classificado como
Argissolo Vermelho Amarelo (OLIVEIRA et al., 1992).

31
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 4.9 - Detalhe do perfil de solo de onde foi retirado material para enchimento das
covas da área experimental

Para caracterização física e química das amostras de solo coletadas na trincheira aberta no
solo existente na área, foi quantificado o parâmetro: granulometria, realizada no
Departamento de Solos, Laboratório de Análise de Solo Tecido Vegetal e Fertilizantes - UFV,
de acordo com metodologia recomendada pela EMBRAPA (1997). No Laboratório de
Análise Físico-Química da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Os parâmetros
analisados foram: pH, teor de água, sólidos totais, sólidos voláteis totais, carbono orgânico
total, carbono orgânico facilmente oxidável e nitrogênio total. Os resultados das análises para
os parâmetros físicos e químicos realizados na caracterização do solo até a profundidade de 0
- 20 cm estão indicados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Características físicas e químicas do solo


Camada 0 - 20 cm
pH COT COfo NT P K Cu Mn Fe Zn
-1 -3
- -------- dag kg ---------- ---------------------------- mg dm ---------------------------
4,61 1,60 1,23 0,13 2,4 141 0,87 30,4 112,8 3,43

Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB t T v m P-Rem


-3
------------------------------ cmolc dm -------------------------- ------ % ------ mg L-1
2,29 0,47 0,10 3,3 3,12 3,22 6,42 48,6 3,1 32,0

Areia grossa Areia fina Silte Argila Classificação textural Teor de água
-1
--------------------------- kg kg ------------------------- Argila arenosa --- dag kg-1---
0,382 0,135 0,083 0,400 12,43

32
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4.3.2 Delineamento experimental e dose de aplicação dos lodos e resíduo orgânico

Na área experimental, foram feitas covas (buracos de formato cilíndrico de 40 cm de diâmetro


e 20 cm de profundidade) que foram preenchidas com, aproximadamente, 25 dm3 da mistura
(próprio solo retirado da área + lodo ou resíduo orgânico), além do reacondicionamento do
próprio solo, no tratamento controle. Um total de 56 unidades experimentais foram preparadas
(Figura 4.10), sendo 28 unidades para avaliar o decaimento na concentração do carbono e
nitrogênio orgânicos e as outras 28 unidades subsequentes, para avaliar a produtividade de
biomassa aérea do capim-tifton 85 (Cynodon spp.) plantado nas áreas receptoras dos materiais
orgânicos em avaliação. Como planejamento experimental, adotou-se o delineamento
experimental inteiramente casualizado (DIC), com parcelas subdivididas no tempo, com
quatro repetições e seis tratamentos.

Figura 4.10 - Área onde o experimento de campo foi implantado e detalhe das covas
utilizadas como unidade experimental

20 cm

40 cm

As doses adicionadas em cada unidade foram calculadas de forma a se fornecer 300 kg ha-1 de
N, dose recomendada para a manutenção de pastagens (RIBEIRO et al., 1999), considerando
100% de mineralização do N-total contido nos resíduos. As doses (em relação à matéria
úmida) aplicadas de resíduos orgânicos no solo foram de 22,68 Mg ha-1 (286,0 g/unidade
amostral) de lodo do SAC-EV, coletados às profundidades de 0 a 5 cm (LSAC 0 - 5 cm);
35,79 Mg ha-1 (451 g/unidade amostral) do coletado de 5 a 10 cm (LSAC 5 - 10 cm); e 36,48
Mg ha-1 (460,0 g/unidade amostral) do coletado de 10 a 15 cm (LSAC 10 - 15 cm); 258,44
Mg ha-1 (3256,3 g/unidade amostral) do lodo de digestor anaeróbio (LDA); 23,15 Mg ha-1
(292,0 g/unidade amostral) do lodo efluente do reator UASB (LRU); e 35,42 Mg ha-1 (446,3

33
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
g/unidade amostral) do lodo de tanque séptico (LTS). Considerou-se, para o cálculo da massa
de resíduo em cada unidade experimental, uma quantidade de solo igual a 2.000.000 kg por
hectare (massa de solo correspondente à camada 0,00-0,20 m de profundidade, sendo sua
massa específica de 1,0 kg dm-3).

A mistura dos lodos ou resíduo orgânico ao solo foi realizada em tabuleiro de madeira (Figura
4.11), antes de sua disposição nas covas, como estratégia para proporcionar melhor
homogeneização na distribuição do material no solo. A mistura do lodo de digestor
anaeróbio, em razão de seu alto teor de água, foi efetuada tal como fertirrigação, conforme
apresentado na Figura 4.11d.

Figura 4.11 - Detalhe do processo de mistura dos lodos e resíduo orgânico no solo que
sofreram desaguamento (sólido) (a e b) e não desaguado (líquido) (c e d), antes de sua
disposição nas covas
A b

C d

34
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Após o preenchimento das covas, que são as unidades experimentais, com a mistura dos lodos
ou resíduo orgânico no solo, do próprio local (Figura 4.12) foram realizadas coletas de
amostras aos 0, 1, 2, 5, 11, 23, 47, 100 e 215 dias, em todo o perfil de cada unidade
experimental, aos 20 cm de profundidade, com auxílio de um amostrador tubular. Em todas as
coletas realizadas foram realizadas as análises já descritas, para monitorar o decaimento do
carbono e nitrogênio orgânicos, conforme metodologias descritas nos itens 4.2.1 e 4.2.2, e se
poder estimar a fração de mineralização dos lodos e resíduo orgânico no solo.

Figura 4.12 - Detalhe do preenchimento das covas (a) e coleta das amostras (b)
a b

A temperatura do solo foi determinada utilizando-se termômetro digital, tipo termopar,


posicionado a 20 cm de profundidade em relação à superfície. Dados climáticos mensais de
precipitação e temperatura do ar relativos ao período de junho de 2016 a janeiro de 2017,
foram obtidos no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017), referentes a estação
automática: Belo Horizonte - Pampulha - A521, localizada sob as coordenadas geográficas:
19º 53’ 2,20” S e 43º 58’ 9,83” W, apresentados na Figura 4.13.

Figura 4.13 - Média diária dos dados climáticos de precipitação e temperatura média do ar,
obtidos no período de condução do experimento

30 60
25 50
Precipitação (mm)
Temperatura (°C)

20 40
15 30
10 20
5 10
0 0
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro
1
8

127

218
15
22
29
36
43
50
57
64
71
78
85
92
99
106
113
120

134
141
148
155
162
169
176
183
190
197
204
211

Precipitação Temperatura

35
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4.4 Coeficientes de decaimento do carbono e nitrogênio orgânicos no
solo

Os dados foram analisados primeiro com a obtenção da média dos dados e posteriormente
análise de regressão. Para o fator quantitativo, o modelo exponencial simples de cinética
química de primeira ordem, proposto por Stanford e Smith (1972), foi adotado para descrever
a mineralização do COT e COfo (Equação 6) e do NO (Equação 7) no solo.

𝐶𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝐶𝑂𝑝𝑜𝑡 . (1 − 𝑒 −𝑘.𝑡 ) Equação (6)

Em que,

COmin - massa de carbono orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de
massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
COpot - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável dos lodos e resíduo
orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
k - coeficiente de degradação/mineralização do CO dos lodos e resíduo orgânico (T-1);
t - tempo (T).

𝑁𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝑁𝑂𝑝𝑜𝑡 . (1 − 𝑒 −𝑘.𝑡 ) Equação (7)

Em que,

NOmin - massa de nitrogênio orgânico mineralizada de forma acumulada, por unidade de


massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
NOpot - massa de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável, por unidade de massa do
solo (M M-1);

Também foi utilizado o modelo exponencial de duas fases proposto por Inobushi et al (1985),
para descrever a mineralização COT e COfo (Equação 8) e do NO (Equação 9).

𝐶𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝐶𝑂𝑝𝑜𝑡(𝐿) . (1 − 𝑒 −𝑘𝐿.𝑡 ) + 𝐶𝑂𝑝𝑜𝑡(𝑅) . (1 − 𝑒 −𝑘𝑅.𝑡 ) Equação (8)

Em que,

COmin - massa de carbono orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de
massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);

36
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
COpot(L) - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável da fração mais lábil dos
lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
COpot(R) - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável da fração mais
recalcitrante dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
kL - coeficiente de degradação/mineralização da fração mais lábil dos lodos e resíduo orgânico
(T-1);
kR - coeficiente de degradação/mineralização da fração menos lábil dos lodos e resíduo
orgânico (T-1);

𝑁𝑂𝑚𝑖𝑛 = 𝑁𝑂𝑝𝑜𝑡(𝐿) . (1 − 𝑒 −𝑘𝐿.𝑡 ) + 𝑁𝑂𝑝𝑜𝑡(𝑅) . (1 − 𝑒 −𝑘𝑅.𝑡 ) Equação (9)

Em que,

NOmin - massa de nitrogênio orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade
de massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
NOpot(L) - massa de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável da fração mais lábil dos
lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
NOpot(R) - massa de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável da fração mais
recalcitrante dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);

A cinética de mineralização, os potenciais de mineralização (COpot e NOpot) e o coeficiente de


mineralização (k) do CO e NO dos materiais avaliados foram obtidos a partir dos valores
mineralizados acumulados de carbono orgânico total (COT), carbono orgânico facilmente
oxidável (COfo) e nitrogênio orgânico (NO), os quais foram ajustados ao modelo matemático,
por regressão não linear, empregando-se o programa Sigma Plot 13.0.

4.5 Fração de mineralização do carbono e do nitrogênio orgânicos dos


lodos e resíduo orgânico no solo
As frações de mineralização do carbono orgânico total (FMCOT), carbono orgânico
facilmente oxidável (FMCOfo) e nitrogênio orgânico (FMNO) foram quantificadas de
diferentes formas, de forma semelhante ao que foi feito por Paula et al. (2013), Pereira et al.
(2015) e Diniz et al. (2016).

A primeira forma de estimativa de FM é baseada na utilização de teores quantificados nas


amostras coletadas em campo, conforme apresentado nas equações 10, 11 e 12, e de acordo
com Diniz et al. (2016):
37
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
[(𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑇(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 ) − (𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑇(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 )]
𝐹𝑀𝐶𝑂𝑇(𝑜𝑏𝑠) = 100. Equação (10)
(𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑇(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 )

Em que,

𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico total nas misturas dos lodos e do resíduo
orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de experimento (dag kg-1);

𝐶𝑂𝑇(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑇(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico total no solo, respectivamente no início


e no final do período de experimento (dag kg-1);

[(𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 ) − (𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 )]


𝐹𝑀𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑜𝑏𝑠) = 100. Equação (11)
(𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 )

Em que,

𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico facilmente oxidável nas misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de
experimento (dag kg-1);

𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico facilmente oxidável no solo,


respectivamente no início e no final do período de experimento (dag kg-1);

[(𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝑁𝑂(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 ) − (𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 − 𝑁𝑂(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 )]


𝐹𝑀𝑁𝑂(𝑜𝑏𝑠) = 100. Equação (12)
(𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 − 𝑁𝑂(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 )

Em que,

𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de nitrogênio orgânico nas misturas dos lodos e do resíduo
orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de experimento (dag kg-1);

𝑁𝑂(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑖𝑛 e 𝑁𝑂(𝑐𝑜𝑛𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de nitrogênio orgânico no solo, respectivamente no início e no


final do período de experimento (dag kg-1).

Considera-se que valores pontuais de teor no solo estão sujeitos a erros, típicos da
amostragem de um material que, por mais que se esmere na mistura, ainda é heterogêneo. Por
essa razão, tem sido obtido maior sucesso nas quantificações de FM quando se utiliza as
equações matemáticas ajustadas para obtenção das estimativas da massa mineralizada, já que
nas mesmas ajusta-se a tendência dos dados de campo possibilitando-se a eliminação dos
efeitos de análises pontuais do material em avaliação.

Os valores de fração de mineralização denominados "calculados" (FM(calc)) foram obtidos pela


razão entre a massa de COTmin, COfomin e NOmin, estimadas utilizando-se os modelos de
cinética de primeira ordem (equações 6 e 7) e de duas fases (equações 8 e 9) e valores
adicionados (COTaplic, COfoaplic e NOaplic) em cada cova ou potencialmente mineralizáveis

38
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
(COTpot, COfopot e NOpot), que são parâmetros ajustados nas referidas equações matemáticas.
As equações utilizadas no cálculo de FM(calc) foram, então:

FMCOT(calc 1) = (COTmin/ COTaplic).100 Equação (13)

FMCOT(calc 2) = (COTmin/ COTpot).100 Equação (14)

FMCOfo(calc 1) = (COfomin/ COfoaplic).100 Equação (15)

FMCOfo(calc 2) = (COfomin/ COfopot).100 Equação (16)

FMNO(calc 1) = (NOmin/ NOaplic).100 Equação (17)

FMNO(calc 2) = (NOmin/ NOpot).100 Equação (18)

Em que,

FMCOT(calc 1) - fração de mineralização calculada pela razão entre COTmin estimado


utilizando-se as equações ajustadas de cinética primeira ordem e de duas fases e COTaplic em
cada cova (%);
COTmin - massa de COT mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa de
solo, estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas
fases (dag kg-1).
COTaplic - massa de COT aplicada, por unidade de solo, via lodo e resíduo orgânico, em cada
cova (dag kg-1);
FMCOT(calc 2) - fração de mineralização calculada pela razão entre COTmin estimado e COTpot
ajustado às equações de cinética primeira ordem e de duas fases (%);
COTpot - massa de COT potencialmente mineralizável, por unidade de massa de solo, estimada
utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas fases (dag kg-1);
FMCOfo(calc 1) - fração de mineralização calculada pela razão entre COfomin estimado
utilizando-se as equações ajustadas de cinética primeira ordem e de duas fases e COfoaplic em
cada cova (%);
COfomin - massa de COfo mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa de
solo, estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas
fases (dag kg-1).
COfoaplic - massa de COfo aplicada, por unidade de solo, via lodo e resíduo orgânico, em cada
cova (dag kg-1);
FMCOfo(calc 2) - fração de mineralização calculada pela razão entre COfomin estimado e
COfopot ajustado às equações de cinética primeira ordem e de duas fases (%);

39
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
COfopot - massa de COfo potencialmente mineralizável, por unidade de massa de solo,
estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas fases
(dag kg-1);
FMNO(calc 1) - fração de mineralização calculada pela razão entre NOmin estimado utilizando-
se as equações ajustadas de cinética primeira ordem e de duas fases e NOaplic em cada cova
(%);
NOmin - massa de NO mineralizada dos lodos e resíduo orgânico;
lodo, por unidade de massa de solo, estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética
de primeira ordem e de duas fases (dag kg-1).
NOaplic - massa de NO aplicada, por unidade de solo, via lodo e resíduo orgânico (dag kg-1);
FMNO(calc 2) - fração de mineralização calculada pela razão entre NOmin estimado e NOpot
ajustado às equações de cinética primeira ordem e de duas fases (%);
NOpot - massa de NO potencialmente mineralizável, por unidade de massa de solo, estimada
utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas fases (dag kg-1);

4.6 Produtividade do capim-tifton 85

Para a avaliação da produtividade de biomassa aérea do capim-tifton 85 (Cynodon spp.),


foram plantadas 10 mudas do capim por unidade experimental e, aos 180 dias após o plantio,
foi realizado o corte da parte aérea do vegetal, a uma altura de 3 - 5 cm em relação à
superfície do solo (Figura 4.14), para quantificação da produtividade de matéria seca.

Figura 4.14 - Detalhe do crescimento do capim-tifton 85 nas covas preenchidas com a


mistura de lodo e resíduo orgânico no solo

Os resultados foram analisados por meio de análise de variância e as médias comparadas


realizando-se o teste de Tukey, adotando-se 5% de significância.

40
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4.7 Degradabilidade do carbono orgânico sob condições controladas
em laboratório

Em condições controladas de laboratório, foi avaliada a dinâmica de biodegradação da


matéria orgânica dos lodos e resíduo orgânico em dois ensaios: ensaio I - degradabilidade do
carbono orgânico, considerando-se a mineralização de 100% da dose aplicada com base no
nitrogênio, e ensaio II - degradabilidade do carbono orgânico, considerando-se a
mineralização de 50% da dose aplicada. Este experimento se embasou na incubação das
amostras em recipientes herméticos e sob condições controladas de temperatura e teor de
água, de acordo com o método respirométrico de Bartha (CETESB, 1999), modificado, que se
baseia na captura do dióxido de carbono emanado pela atividade microbiana durante o
processo de decomposição da matéria orgânica, em solução padronizada de hidróxido de
sódio (NaOH, 0,25 mol L-¹), conforme apresentado na Figura 4.15. Os ensaios I e II foram
conduzidos com três e duas repetições, respectivamente, totalizando 35 respirômetros para
incubação das amostras. Em cada respirômetro foi colocado uma mistura de 100 g de solo
coletado na camada de 0 a 0,2 m na área experimental que foi misturado com os lodos.

Figura 4.15 - Respirômetro de Bartha

Filtro de cal soldada

Suporte de algodão

Válvula

Solo/lodo
Solução de NaOH 0,25 mol L-¹

A quantidade de material misturado ao solo nos ensaios I e II correspondeu à dose necessária


para se obter 300 kg ha-1de N, considerando-se fração de 100% e 50% de mineralização do N-
total, respectivamente. As doses de matéria úmida aplicadas no ensaio I foram de 22,68 Mg
ha-1 (1,42 g/respirômetro) do LSAC 0-5 cm; 35,79 Mg ha-1 (2,08 g/respirômetro) do LSAC 5-
10 cm; 36,48 Mg ha-1 (2,12 g/respirômetro) do LSAC 10-15 cm; 258,44 Mg ha-1 (13,0

41
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
g/respirômetro) do LDA; 23,15 Mg ha-1 (1,46 g/respirômetro) do LRU e 35,42 Mg ha-1 (1,79
g/respirômetro) do LTS. No ensaio II, as doses foram de 45,36 Mg ha-1 (2,49 g/respirômetro)
do LSAC 0-5 cm; 71,58 Mg ha-1 (2,08 g/respirômetro) do LSAC 5-10 cm; 72,96 Mg ha-1
(3,82 g/respirômetro) do LSAC 10-15 cm; 516,88 Mg ha-1 (26,26 g/respirômetro) do LDA;
46,30 Mg ha-1 (2,54 g/respirômetro) do LRU e 70,84 Mg ha-1 (3,79 g/respirômetro) do LTS.

Adicionaram-se as doses de lodo e resíduo orgânico ao solo e efetuou-se sua incubação sob
temperatura de 26 ± 2 °C (ABNT, 1999), conteúdo de água ajustado a 70% e sob condições
de ausência de luz em estufa, conforme apresentado na Figura 4.16.

Figura 4.16- Detalhe da estrutura utilizada na incubação dos lodos e do resíduo orgânico no
solo

Em cada recipiente, foi adicionado 20 mL de solução de NaOH 0,25 mol L-¹, sendo as trocas e
as medições da condutividade elétrica efetuadas periodicamente nessas soluções, conforme
apresentado na Figura 4.17a.

No momento em que era realizada a troca da solução, os respirômetros foram aerados com
uma bomba de aquário por um tempo de 2 minutos, para se obter a limpeza completa do
interior do respirômetro, conforme apresentado na Figura 4.17b. As estimativas das
quantidades de CO2 emanado, calculadas a partir de dados de condutividade elétrica na
solução de NaOH, foram obtidas de acordo com o proposto por Rodella e Saboya (1999). A
paralisação total dos experimentos ocorreu depois de decorridos 140 dias de análises.

42
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 4.17 - Detalhamento do equipamento utilizado na medição da condutividade elétrica
na solução contida (a) e aeração os respirômetros (b)

a b

No momento em que era realizada a troca da solução, os respirômetros foram aerados com
uma bomba de aquário por um tempo de 2 minutos, para se obter a limpeza completa do
interior do respirômetro, conforme apresentado na Figura 4.17b. As estimativas das
quantidades de CO2 emanado, calculadas a partir de dados de condutividade elétrica na
solução de NaOH, foram obtidas de acordo com o proposto por Rodella e Saboya (1999). A
paralisação total dos experimentos ocorreu depois de decorridos 140 dias de análises.

Para descrever o processo de degradação da matéria orgânica adicionada, via lodo ou resíduo
orgânico, ao solo, os dados de C-CO2 (acumulado líquido) produzidos durante o processo de
biodegradação, transformados em COT (CO-degradado), foram relacionados aos do tempo de
incubação (dias) das amostras. Os dados foram ajustados, aos modelos de cinética química de
primeira ordem e o de duas fases para estimar os parâmetros de degradabilidade do carbono
orgânico dos lodos e do resíduo orgânico, tal como já apresentado, respectivamente, nas
equações 6 e 8.

43
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados e discutidos por tópicos, apresentando-se, primeiramente,


aqueles relacionados aos dados referentes ao monitoramento do decaimento do carbono e
nitrogênio orgânicos, ao longo do tempo, em condições de campo, em seguida os dados
obtidos durante o tempo de monitoramento da degradação do carbono orgânico, em condições
climáticas controladas, em laboratório e, por fim, os resultados da produtividade do capim-
tifton 85.

5.1 Caracterização física e química dos resíduos orgânicos


Com base nas características físicas e químicas dos resíduos orgânicos (Tabela 4.1), pode-se
verificar que o LSAC-EV foi o que apresentou as maiores quantidades de carbono orgânico
total potencialmente mineralizável (COTpot) nas camadas mais superficiais e menor
quantidade quanto mais profunda a camada coletada, respectivamente para o LSAC 0 - 5 cm,
LSAC 5 - 10 cm e LSAC 10 - 15 cm. A sequência de mineralização observada está de acordo
com o que foi obtido por Matamoros et al. (2012), que verificaram diminuição em
profundidade no conteúdo de matéria orgânica na camada acumulada de 0 - 130 cm, em SAC-
EV. Esses autores quantificaram valor de 52% na camada superficial e 40% na camada mais
profunda, resultados semelhantes aos relatados por Uggeti et al. (2009), que verificaram
teores, em superfície, de 55% e na camada mais profunda de 40%, indicando que, quanto mais
profunda a camada em relação a superfície, mais estabilizado será o resíduo orgânico
acumulado e, com isso, quando incorporado ao solo, resultará em menor mineralização.

Considerando-se a fração de carbono orgânico facilmente oxidável (COfo) presente nos


resíduos orgânicos, que representa entre 55 e 60% do COT, espera-se baixa mineralização da
MO após serem aplicados ao solo. De acordo com Fernandes et al. (2005), a aplicação de
lodo de esgoto ao solo implica no aumento do estoque de carbono, no entanto solos tratados
com esses resíduos podem apresentar menor quantidade de C lábil (C-carboidratos) e maior
presença de compostos recalcitrantes de difícil degradação.

5.2 Conteúdo de água e temperatura em amostras da mistura dos


lodos e do resíduo orgânico ao solo
Na Figura 5.1a estão apresentados os dados de conteúdo de água monitorados na mistura dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo contidas nas unidades experimentais (covas) amostradas,
no período de 215 dias de experimento. O conteúdo de água do solo esteve entre 14,0 a 22,0
44
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
dag kg-1 no dia em que os materiais orgânicos foram incorporados ao solo (tempo zero) e
decorridos 100 dias, ocorreu o decaimento no conteúdo de água para faixa entre 4 a 8 dag kg-1.
Este comportamento tem relação ao período de estiagem ocorrido entre junho a setembro de
2016, conforme apresentado na Figura 5.1b.

Figura 5.1 - Conteúdo de água nas misturas lodos e resíduo orgânico ao solo na camada de
0 - 20 cm (a) e índices pluviométricos (b) no período de 215 dias de monitoramento após
incorporação das misturas
22 a
20 100
b
90
Teor de água (dag kg-1)

18
16 80

Precipitação (mm)
14 70

12 60

10 50

8 40
6 30
4 20
0 10
0 1 2 5 11 23 47 100 215
0
Tempo
Tempode
deincorporação dos resíduos
incorporação dos lodos (dias)
(dias) JunhoJune Julho JulyAgostoAugust
Setembro Outubro
September Novembro
October Dezembro
November Janeiro
December
Período de monitoramento (meses)
SC LSAC (5 - 10 cm) LTS LRU Precipitação (mm)
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (10 - 15 cm) LDA

30
c
28
Temperatura no lodo/solo (°C)

26

24

22

20

18

0
0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo
Tempo de
de incorporação
incorporaçãodos
dosresíduos (dias)
lodos (dias)
SC LSAC (5 - 10 cm) LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (10 - 15 cm) LDA

SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - lodo coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e
10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV).

A última coleta de amostras de solo, efetuada na primeira semana do mês de janeiro de 2017
(215 dias após a incorporação dos lodos e do resíduo orgânico ao solo), apresentou teor de
água com valores de 12 a 14 dag kg-1, superiores aos observados na coleta efetuada aos 100

45
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
dias, o que reporta à maior incidência de chuvas de setembro de 2016 a janeiro de 2017,
proporcionando maior teor de água nas misturas.

No tempo zero, a temperatura das misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo esteve na
faixa de 21 a 27 °C (Figura 5.1c), nos primeiros 5 dias, decrescendo entre o quinto e o
quadragésimo sétimo dia e, posteriormente, aumentando até os 100 dias, quando ocorreu a
temperatura máxima (27 oC) no solo. Avaliando-se as variações de teor de água (Figura 5.1a)
e temperatura (Figura 5.1c) no solo, verifica-se que o teor mais baixo de água coincidiu com o
de mais alta temperatura, o que decorre do aumento do calor específico do solo com a
diminuição no seu teor de água.

No início do período de monitoramento tanto o decréscimo na temperatura como no teor de


água concorreram para redução na degradabilidade da matéria orgânica das misturas,
entretanto, do 11o ao 100o dia, passaram a favorecer a degradação desse material. A condição
de relativamente altos teores de água combinados com altas temperatura favoreceu ao
aumento na degradabilidade dos materiais, conforme ficará evidente nos resultados a serem
apresentados em sequência.

Variações no conteúdo de água e temperatura na mistura de materiais orgânicos ao solo estão


entre os principais fatores que influenciam a taxa de degradação de compostos orgânicos
nesse meio, tendendo o teor de matéria orgânica do solo a um valor de equilíbrio, dependendo
das condições ambientais a que o resíduo foi exposto (FERREIRA et al., 2012; PATERSON e
SIM, 2013). Em análises de degradação de biossólidos, tem sido verificado que as
características químicas e físicas do resíduo, bem como as condições de temperatura e teor de
água, são mais determinantes para a taxa de degradação do que o tipo de solo (TERRY et al.,
1979).

5.3 Comportamento do pH nas misturas dos lodos e do resíduo


orgânico ao solo

O pH das misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo coletado nas unidades
experimentais no tempo zero, apresentou valores entre 4,79 e 5,58, de acordo com o tipo de
material incorporado no solo. Na Figura 5.2, pode-se observar que LDA foi, de maneira geral,
o material que proporcionou os maiores aumentos nos valores do pH, tendo sido observado
valor próximo a 5,6.

46
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tal comportamento indica que o LDA disponibilizou rapidamente bases no solo,
proporcionando aumento no pH do meio, o que está de acordo com os resultados obtidos por
Korcak (1980). Segundo Asik et al. (2015), o lodo com altas concentrações de bases trocáveis
contribuem para o aumento do pH do solo, dependendo da dose aplicada.

Os valores do pH do solo, após os 215 dias da incorporação dos materiais orgânicos no solo,
não foram diferentes entre os materiais coletados nas unidades experimentais receptoras dos
lodos e do resíduo orgânico, além do solo controle, tendo se apresentado na faixa de 4,0 a 4,5,
reafirmando o poder-tampão do meio em relação às alterações de pH, em longo prazo.

Figura 5.2 - Valores de pH dos lodos e resíduo orgânico no solo na camada de 0 - 20 cm


no período de 215 dias de experimento

6,0
b

5,5 a
a
a
c
c
a a a b
a b
pH do lodo-solo

a a a bc c
ab b b
a a
5,0 a ab ab ab ab abc a a ab
aa ab aab a aab a a aa ab
abab ab ab
ab
a ab ab
a a ab
a
4,5 a
a
a
a a
a
a
4,0

3,5
0,0
0 1 2 5 11 23 47 100 215

TempoTempo
de incorporação
de incorporaçãodo
doslodo no (dias)
resíduos solo (dias)
SC LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LTS LDA LRU

SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodos de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-
EV). Médias dentro de cada tempo, seguidas por letras iguais, não diferem entre si a 5% de
significância, pelo teste de Tukey.

Destaca-se, nesse caso, a incorporação do LDA ao solo, lodo com pH alcalino (7,4), conforme
apresentado na Tabela 4.1, e que até 5 dias após a incorporação ao solo foi maior que o das
outras misturas. Embora não tenha sido observada diferença significativa, aos 215 dias o LDA
já passou a proporcionar os menores valores de pH na mistura lodo-solo. Estes valores mais
baixos observados aos 215 dias podem ser decorrentes da transformação do NH4+ por
(oxidação) a NO3- e liberação H+ por esse processo e pela acidificação natural do meio, ao
longo do tempo (SILVA et al. 1999).

47
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5.4 Teor inicial e decaimento do COT e COfo nas misturas de lodos e
do resíduo orgânico ao solo coletadas nas unidades experimentais

Apesar dos materiais orgânicos apresentarem características físicas e químicas similares ao


reportado na literatura, a sua incorporação ao solo, na dose de aplicação de 300 kg ha-1 de N,
como apresentado na Figura 5.3a proporcionou, no tempo zero, a obtenção dos teores de
carbono orgânico total (COT) de 2,52; 2,50; 2,42; 2,43; 2,57; 2,54 dag kg-1, respectivamente
para LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS, teores pouco
superiores aos presentes no solo controle, que foi de 2,30 dag kg-1. Esses resultados indicam
que, ao se restringir a aplicação de lodo e do resíduo orgânico ao solo com base numa dose
máxima de 300 kg ha-1 de N, não se proporciona alterações significativas nos teores de
matéria orgânica do solo.

Figura 5.3 - Teores de carbono orgânico total (a) e carbono orgânico facilmente oxidável (b)
em amostras da mistura lodo e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20
cm, nas unidades experimentais, no período de 215 dias
2,60 a 1,50 b
2,55
1,45
2,50
1,40
2,45
COT (dag kg-1)

COffo (dag kg-1)

2,40 1,35
2,35 1,30
2,30
1,25
2,25
2,20 1,20
2,15 1,15
2,10
1,10
0,00
0 1 2 5 11 23 47 100 215 0,00
Tempo 0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo de
de incorporação
incorporação dos
dos resíduos (dias)
lodos (dias)
(dias) Tempo
Tempo de
de incorporação
incorporação dos
dos lodos (dias)
resíduos (dias)
SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) SC LDA (dias) LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)
SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV).

Pode ser observado, na Figura 5.3a, que houve o decaimento nos teores de COT da sua
aplicação ao solo em relação aos 215 dias de degradação no solo, tendo sido apresentados
valores de 2,34; 2,31; 2,22; 2,24; 2,24; 2,27 e 2,15 dag kg-1, respectivamente para LSAC 0 - 5
cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS e SC. O decaimento inicial do
material orgânico ocorreu de forma mais lenta que o observado por outros autores, que
constataram maior degradação nos primeiros dois meses de incorporação dos materiais
orgânicos no solo. Paula et al. (2013), ao realizarem o estudo de mineralização da matéria
48
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
orgânica no solo em condições de campo, no período de dezembro de 2010 a novembro de
2011, observaram maior taxa de mineralização dos resíduos orgânicos nos primeiros dois
meses de sua incorporação no solo. Acredita-se que, neste experimento, a menor taxa de
degradação tenha sido decorrente dos baixos conteúdos de água no solo, em razão dos baixos
índices pluviométricos no período, conforme pode ser verificado na Figura 5.1b.

Na Figura 5.3b, referente ao teor de carbono orgânico facilmente oxidável (COfo) foram
obtidos no tempo zero, os valores de 1,33; 1,37; 1,31; 1,35; 1,43; 1,43 e 1,24 dag kg-1,
respectivamente para o LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS
e SC. Aos 215 dias, pode ser verificado o decaimento nesses teores, com valores de 1,22;
1,26; 1,19; 1,17; 1,26; 1,26 e 1,17dag kg-1, respectivamente para o LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 -
10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS e SC. Como verificado, teores de COT e COfo
nas diferentes amostras das misturas lodo-solo coletadas nas unidades experimentais
permaneceram próximas às do solo controle, indicando pequeno aumento na MO do solo.
Bueno et al. (2011) observaram alterações nos teores de matéria orgânica, pela incorporação
de lodo de esgoto ao solo na dose de aplicação de 80 kg ha-1 de N, apenas após aplicações
sucessivas desse resíduo, por 7 anos consecutivos.

5.5 Cinética de degradação do carbono orgânico total e carbono


orgânico facilmente oxidável dos lodos e do resíduo orgânico
incorporados ao solo

Nas Figura 5.4 e Figura 5.5 estão apresentadas as curvas e as equações de cinética da
degradação de Standford e Smith (1972) (Equação 6) e de cinética de duas fases, proposta por
Inobushi et al. (1985) (Equação 8), ajustadas aos dados da massa mineralizada de COT e
COfo em amostras das misturas dos materiais orgânicos ao solo, coletadas nos dias 0, 1, 2, 5,
11, 23, 47, 100 e 215 dias, após a incorporação dos respectivos lodos ao solo. O
comportamento típico dos dados é de alta taxa de mineralização do material orgânico nos
primeiros 20 dias, certa estabilidade até os 100 dias, seguida de fase de aumento até os 215
dias.

Embora tenham sido obtidos coeficientes de determinação razoáveis, verifica-se, pelo


comportamento das curvas, que o modelo de cinética de primeira ordem não descreveu
adequadamente os dados obtidos, conforme apresentado na Figura 5.4.

49
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.4 - Massa mineralizada de carbono orgânico total dos lodos e do resíduo orgânico,
por unidade de massa do solo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos, durante o
tempo de 215 dias de monitoramento, após sua incorporação ao solo

0,50 LSAC 0 - 5 cm 0,50 LSAC 5 - 10 cm


0,45 0,45
0,40 0,40
COTmin (dag kg-1)

COTmin (dag kg-1)


0,35 0,35
0,30 0,30
0,25 0,25
0,20 0,20
0,15 0,15
0,10 Pontos observados 0,10 Pontos observados
Cinética de duas fases Cinética de duas fases
0,05 Cinética de primeira ordem
0,05 Cinética de primeira ordem
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo
Tempo de incoporação
de incorporação dos lodos
do resíduo (dias)
orgânico (dias) Tempo
Tempo de incorporação
de incorporação dos lodos
do resíduo (dias)
orgânico (dias)
-0,0973.t (dias) -0,0008.t 2 -0,0801.t (dias) -0,0069.t 2
COT min = 0,1679.(1 - e ) + 0,1451.(1 - e ) R = 0,50 COT min = 0,0946.(1 - e ) + 0,1326.(1 - e ) R = 0,36
COT min = 0,2238.(1 - e-0,0470.t) R 2 = 0,46 COT min = 0,2151.(1 - e-0,0202.t) R 2 = 0,35

0,50 LSAC 10 - 15 cm 0,50 LDA


0,45 0,45
0,40 0,40
COTmin (dag kg-1)

COTmin (dag kg-1)

0,35 0,35
0,30 0,30
0,25 0,25
0,20 0,20
0,15 0,15
0,10 Pontos observados 0,10 Pontos observados
Cinética de duas fases
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem
0,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação dosorgânico (dias)
lodos (dias)
(dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
-0,0761.t
COT min = 0,0956.(1 - e -0,0015.t 2
) + 0,1683.(1 - e ) R = 0,67
COT min = 0,1959.(1 - e-0,1861.t) + 0,2388.(1 - e-0,0003.t) R 2 = 0,51
COT min = 0,2147.(1 - e-0,0091.t) R 2 = 0,63
COT min = 0,2355.(1 - e-0,1034.t) R 2 = 0,48

0,50 LRU 0,50 LTS


0,45 0,45
0,40 0,40
COTmin (dag kg-1)

COTmin (dag kg-1)

0,35 0,35
0,30 0,30
0,25 0,25
0,20 0,20
0,15 0,15
0,10 Pontos observados 0,10 Pontos observados
Cinética de duas fases Cinética de duas fases
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05
Cinética de primeira ordem
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação dos lodos (dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COT min = 0,1864.(1 - e-0,2144.t) + 0,2155.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,73 COT min = 0,1381.(1 - e-0,1409.t) + 0,1858.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,64
COT min = 0,2882.(1 - e-0,0605.t) R 2 = 0,63 COT min = 0,2361.(1 - e-0,0403.t) R 2 = 0,53

LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e


10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV); LDA - lodo
de digestor anaeróbio; LRU - lodo de reator UASB; LTS - lodo de tanque séptico.

50
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Considerando as equações ajustadas, apresentadas na Figura 5.4, obtidas para a mineralização
acumulada dos seis materiais incorporados ao solo, pode-se constatar que o modelo de
cinética de duas fases proporcionou melhores ajustes que o modelo de primeira ordem. O
modelo de cinética de duas fases possibilita melhores ajustes por ser mais flexível no ajuste
do valor do coeficiente de degradação, já que há o ajuste de um valor para a fase de maior
degradabilidade da matéria orgânica e outro de menor, coincidente com o da presença residual
da fração recalcitrante. Com o ajuste de dois termos independentes, proporciona-se que a
curva acompanhe melhor as mudanças no comportamento dos dados.

Entende-se que essas mudanças nas taxas de mineralização do material orgânico incorporado
ao solo sejam decorrentes da inicialmente mais rápida mineralização do MO e de variações
nas condições climáticas locais. No primeiro caso, a mais intensa atividade de mineralização é
decorrente da disponibilidade de MO lábil, mais facilmente degradável pelos microrganismos
do solo. No segundo, se deve à melhoria nas condições ambientais para que a atividade de
microrganismos se intensifique, o que explicaria o aumento na taxa de mineralização do MO
da mistura próximo ao final do período de monitoramento (215 dias), coincidente com o
período de maior ocorrência de chuva, no local (Figura 5.1b).

Em estudo da taxa de degradação do material orgânico de lodo de esgoto sanitário em


Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico, Diniz (2014) obteve ajustes mais adequados do
modelo de cinética de primeira ordem aos dados obtidos de incorporação e disposição sobre o
solo de lodo de esgoto processados de diferentes formas. Andrade et al. (2006) obtiveram
resultados satisfatórios no estudo de cinética de degradação da matéria orgânica de biossólido
aplicado ao solo, em condições controladas de laboratório.

Com base nos modelos ajustados, pode-se verificar que, dos LSAC-EVs, a camada superficial
(LSAC 0 - 5 cm) apresentou as maiores quantidades de COTpot, no caso da equação de
cinética de primeira ordem, ou COTpot(L) + COTpot(R), no caso da cinética em duas fases,
seguida das mais profundas (LSAC 10 - 15 cm e LSAC 5-10 cm). Esses resultados são
corroborados por Matamoros et al. (2012) e Uggeti et al. (2009), que também verificaram
maior estabilidade da MO do resíduo orgânico acumulado nas camadas inferiores de um
SAC-EV, e de se encontrar maior quantidade de compostos orgânicos estáveis com o tempo
de tratamento do resíduo (BERTONCINNI et al., 2002).

51
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Os valores de COTpot(L) + COTpot(R) no LRU e LDA estão entre os mais altos, dentre todos os
materiais orgânicos analisados, o que está associado à menor estabilidade da sua matéria
orgânica, confirmada pela grande proporção de SVT no material (Tabela 4.1).

Considerando-se a equação de cinética de duas fases (Equação 8), ajustadas aos dados de
COT, verifica-se que os valores de kL ficaram na faixa de 0,0761 a 0,2144 dia-1, tendo sido os
menores valores obtidos nos LSAC-EVs e os maiores nos demais lodos (LDA, LRU e LTS).
Esses resultados são justificados pelo fato de serem os LSAC-EVs os materiais orgânicos
mais estabilizados, dentre os avaliados, conforme pode ser confirmado pelas suas baixas
concentrações iniciais de COfo, apresentadas na Tabela 4.1. Em relação ao kR, os coeficientes
forem menores, estando na faixa de 0,0003 a 0,0069 dia-1, o que está relacionado à maior
intensidade na mineralização do material orgânico dos materiais orgânicos nos primeiros dias
após sua incorporação no solo.

Martines et al. (2006) encontraram valores de k de 0,0924 dia-1, quando da aplicação de lodo
de esgoto em LVAd típico, na dose de 6 Mg ha-1, valores que comparados aos obtidos no
ajuste de equação de cinética de primeira ordem está na faixa encontrada, nesta pesquisa, que
foi de 0,0202 a 0,1034 dia-1.

Analisando-se as equações ajustadas apresentadas na Figura 5.5, verifica-se que, dentre os


LSAC-EVs, o COfopot foi maior no LSAC 5 - 10 cm, em seguida no LSAC 0 - 5 cm e, por
último, no LSAC 10 - 15 cm. Os resultados observados apresentam ordem de mineralização
diferente da observada em relação ao COTpot (Figura 5.4), já que foi verificado maior valor de
COfopot no LSAC 5 - 10 cm, em relação ao obtido no LSAC 0 - 5 cm. Esta variação pode estar
relacionada às características do lodo que foi desaguado no leito, mas independente disso,
torna-se importante ressaltar que os resultados confirmam a maior estabilidade do LSAC 10 -
15 cm, como consequência da sua exposição, por longo período de tempo, às condições
aeróbias no SAC-EV. Os valores de COfo(pot) ajustados confirmaram que o LRU e o LTS,
possuem maior quantidade de MO de fácil degradação. Segundo Andrade et al. (2006), a MO
dos biossólidos é constituída, predominantemente de materiais recalcitrantes e, são
dependente da intensidade dos processos biológicos para sua estabilização nas estações de
tratamento de esgoto e isso ficou demonstrado nos resultados obtidos neste experimento.

52
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.5 - Massa mineralizada de carbono orgânico facilmente oxidável do material, por
unidade de massa da mistura solo-resíduo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos,
durante o tempo de 215 dias de monitoramento, após efetuada a incorporação dos resíduos

0,30 LSAC 0 - 5 cm 0,30 LSAC 5 - 10 cm


0,27
0,25 0,24

COfomin (dag kg-1)


COfo min (dag kg-1)

0,21
0,20
0,18
0,15 0,15
0,12
0,10 0,09
0,06 Pontos observados
0,05 Pontos observados
Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases 0,03
Cinética de primeira ordem Cinética de duas fases
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo de incoporaçãodo resíduo orgânico
dos lodos (dias)
(dias) Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias)
-0,0625.t
(dias) -0,0083.t 2 -0,0342.t
(dias) -0,0008.t 2
COfomin = 0,0686.(1 - e ) + 0,0403.(1 - e ) R = 0,27 COfomin = 0,1186.(1 - e ) + 0,0305.(1 - e ) R = 0,58
COfomin = 0,1049.(1 - e-0,0332.t) R 2 = 0,27 COfomin = 0,1317.(1 - e-0,0280.t) R 2 = 0,58

0,30 LSAC 10 - 15 cm 0,25 LDA


0,27
0,24 0,20
COfomin (dag kg-1)

COfomin (dag kg-1)

Pontos observados
0,21 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem
0,18 0,15
0,15
0,12 0,10
0,09
0,06 0,05
Pontos observados
0,03 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases
0,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias)
(dias) -0,0101.t 2 Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COfomin = 0,0344.(1 - e-3,4049.t) + 0,0557.(1 - e ) R = 0,22
COfomin = 0,0666.(1 - e-0,0454.t) + 0,0583.(1 - e-0,0005.t) R 2 = 0,19
COfomin = 0,0862.(1 - e-0,0347.t) R 2 = 0,21
COfomin = 0,0843.(1 - e-0,0263.t) R 2 = 0,18

0,35 LRU 0,40 LTS


0,30 0,35
COfomin (dag kg-1)

COfo min (dag kg-1)

0,25 0,30
0,25
0,20
0,20
0,15
0,15
0,10
0,10
Pontos observados Pontos observados
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05 Cinética de duas fases
Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação dos lodos (dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COfomin = 0,2079.(1 - e-0,1275.t) + 0,0441.(1 - e-0,0022.t) R 2 = 0,58 COfomin = 0,1942.(1 - e-0,1380.t) + 0,0690.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,40
COfomin = 0,2338.(1 - e-0,0962.t) R 2 = 0,58 COfomin = 0,2259.(1 - e-0,0930.t) R 2 = 0,38

LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e


10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV); LDA - lodo
de digestor anaeróbio; LRU - lodo de reator UASB; LTS - lodo de tanque séptico.

53
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Com base nas equações ajustadas para os dados de COTmin e COfomin na mistura dos lodos e
do resíduo orgânico ao solo, verifica-se que, em ambas, as maiores taxas de mineralização
(kL) ocorreram na primeira fase de degradação (primeiros 20 dias de incorporação no solo).
Na segunda fase, os valores de kR foram mais baixos, tendo sido a degradação mais lenta.
Dossa et al. (2008) observaram que a mineralização de carbono, nitrogênio e fósforo
orgânicos de resíduos de arbustos, em solo do semiárido, ocorreram em maior intensidade no
primeiro mês, período que estão disponíveis componentes de mais fácil degradação.

Conforme já discutido, não deve ser descartada, também, a influência das chuvas na
degradação do material orgânico e, com isso, nos valores dos parâmetros ajustados às
equações. Os resultados dos COfopot e COTpot obtidos neste estudo estão inferiores aos valores
observados no estudo realizado por Diniz (2014), que encontrou o valor para COfopot de 0,59
dag kg-1 e 1,26 dag kg-1 para COTpot na incorporação ao solo de lodo de esgoto digerido
anaerobiamente, aplicando-se a dose de 500 kg ha-1 ano-1 de N. Paula et al. (2013),
encontraram valor de 0,67 dag kg-1 para o COfopot pela incorporação de lodo de esgoto
digerido anaerobiamente ao solo com dose de aplicação de 330 kg ha-1 ano-1 de N.

Nas Tabelas 5.1 e Tabela 5.2 estão apresentados os parâmetros COTmin e COfomin das
equações de cinética de primeira ordem e cinética de duas fases ajustados para cada tipo de
material orgânico, em 215 dias de degradação no solo. Também estão apresentados os valores
de COTaplic e COfoaplic, calculados de acordo com a massa aplicada ao solo, os valores das
frações de mineralização observada (FMCOT(obs); FMCOfo(obs)), calculadas utilizando-se as,
equações 10 e 11, e os valores estimados das frações de mineralização (FMCOT(calc 1),
FMCOT(calc 2), FMCOfo(calc 1) e FMCOfo(calc 2)) calculados utilizando-se as equações 13, 14, 15
e 16.

Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 5.1, relativos às quantidades de


COTmin(215d) em relação às quantidades de COTaplic de todos os materiais orgânicos em cada
cova, verifica-se que, em muitas situações, o mineralizado foi maior que o aplicado, sendo
indicativo de que todos os lodos e o resíduo orgânico incorporado ao solo proporcionaram o
efeito priming, que é o de estimular a degradação da matéria orgânica nativa do solo (PAULA
et al., 2013), decorrente da forte atividade microbiana induzida pela aplicação de material
orgânico de esgoto com altos teores de substâncias orgânicas lábeis, as quais proporcionaram
a mineralização do carbono nativo do solo (SORIANO-DISLA et al., 2010).

54
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tabela 5.1 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira
ordem e a cinética de duas fases, para a estimativa da fração de mineralização do carbono
orgânico total (FMCOT) na mistura dos lodos e do resíduo orgânico, obtidos após 215 dias
de incorporação ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0-5 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (g kg-1) cm
1,99 2,11 1,77 1,54 2,92 2,58
COTmin(215 d)(g kg-1) 2,968 2,211 2,638 2,984 3,968 3,110
FMCOT(obs) (%) 43 21 50 51 58 41
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem ---------------------------
COTpot (g kg-1) --- 2,238 2,151 2,147 2,355 2,882 2,361
k (d-1) 0,4700 0,2022 0,0906 1,0338 0,6049 0,4025
R2 0,46 0,35 0,63 0,48 0,63 0,53
COTmin(calc) (g kg-1) 2,238 2,151 2,147 2,355 2,882 2,361
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 98,7 91,5
FMCOT(calc 2) (%) 100 100 100 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ----------------------------
COTpot(L) (g kg-1) 1,679 0,946 0,956 -- 1,959 1,864 1,381
kL (d-1) 0,9731 0,8008 0,7609 1,8608 2,1438 1,4091
COTpot(R) (g kg-1) 1,451 1,326 1,683 2,388 2,155 1,858
kR (d-1) 0,0084 0,0693 0,0148 0,0027 0,0143 0,0135
R2 0,50 0,36 0,67 0,51 0,73 0,64
COTmin(calc) (g kg-1) 2,892 2,272 2,569 3,011 3,919 3,137
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 100
FMCOT(calc 2) (%) 92,4 100 97,3 69,3 97,5 96,9

COTaplic - massa de carbono orgânico total aplicada nas unidades experimentais (g kg -1); COTmin -
carbono orgânico total mineralizado acumulado obtido com base nos dados observados nos 215 dias
(g kg-1); COTpot - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável (g kg-1); COTpot((L) - carbono
orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil mineralização (g kg-1); COTpot(R) - carbono
orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil mineralização (g kg -1); kL - coeficiente de
mineralização do carbono orgânico total de fácil mineralização (d-1); kR - coeficiente de mineralização
do carbono orgânico total de difícil mineralização (d-1) R2 - coeficiente de determinação; fração de
mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in - COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in - COT(cont)in)];
FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic)); FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).

O efeito priming provocado pelo aumento na mineralização de MO do solo nativo, como


consequência da incorporação de resíduos orgânicos, tem sido observado em muitos estudos,
tanto em campo como em laboratório (PAZ FERREIRO et al. 201); ZAVALLONI et al.,
2009; ZIMMERMAN et al., 2011). Em estudo para avaliar o efeito priming, Terry et al.
(1979) incorporaram lodo de esgoto ao solo, na dose de 22 t ha-1, tendo observado que, ao
55
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
final de 336 dias de incubação das amostras, houve aumento de 100% a degradação da MO
original do solo.

Como apresentado na Tabela 5.1, pode ser observado que as frações de mineralização do
COT dos diferentes materiais incorporados ao solo, quando calculadas considerando-se a
Equação 10, apresentaram fração de mineralização observada (FMCOT(obs)) entre 21 e 50%
nos LSAC-EV e de 51, 58 e 41%, respectivamente nos LDA, LRU e LTS. Ao se analisar a
fração de mineralização (FMCOT(calc 1)) calculada utilizando-se a Equação 13, os LSAC-EVs
e LDA incorporados ao solo apresentaram 100% de mineralização e os LRU e LTS,
respectivamente 99 e 92%. Calculando-se a fração de mineralização obtida com estimativa
obtida a partir da Equação 14 (FMCOT(calc 2)), pode-se verificar que os LSAC-EV
apresentaram valores de 100%. Os coeficientes estimados utilizando-se a Equação 8 e a
fração de mineralização calculada utilizando-se a Equação 14, proporcionaram a obtenção de
fração de mineralização no LSAC-EV entre 92 e 100% e no LDA, LRU e LTS os valores
foram, respectivamente, de 69, 98 e 97%.

Considerando a FMCOT(obs) para todos os materiais orgânicos incorporados ao solo que


obtiveram valores menores, comparado com as frações de mineralização calculadas pela
Equação 13 e Equação 14, é possível afirmar que a diferença está relacionada com a forma de
cálculo que utilizou apenas os dados relativos ao tempo zero e o tempo de 215 dias, ao
contrário quando se realiza o cálculo da fração mineralizada para o COTmin a partir dos dados
acumulados os valores são superiores. Ao contrário do resultado obtido neste estudo, Pereira
et al. (2015) encontrou fração de mineralização com base nos dados observados próximo aos
calculados, e afirma que os dois métodos podem ser utilizados para a obtenção desses
indicadores de mineralização do material orgânico no solo.

Com base nos dados apresentados na Tabela 5.1, obtidos pela utilização da equação de
cinética de duas fases (Equação 8), pode-se concluir que as frações de mineralização do COT,
calculadas por meio da Equação 13 e Equação 14, nos LSAC-EVs incorporado ao solo, nos
215 dias de experimento, foram na faixa de 92 a 100%. No que se refere ao LDA, foi de cerca
de 69% e nos LRU e LTS, em torno de 97%. Concordando com as avaliações do k L e kR, as
maiores frações mineralizadas ocorreram nos primeiros 20 dias, entretanto as curvas acusam
certo aumento nas taxas de mineralização após os 100 dias de incorporação no solo, o que
coincidiu, conforme já evidenciado, com o período de maior ocorrência de chuvas no local.

56
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Ao analisar os resultados apresentados na Tabela 5.2 para as estimativas dos coeficientes do
COfomin ajustados a partir da equação de cinética de duas fases (Equação 8), os coeficientes
kL e kR e COfopot estimados, indicam que as maiores frações de mineralização do COfo
ocorreram nos primeiros dias de incorporação dos materiais orgânicos no solo.

Tabela 5.2 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira


ordem e a cinética de duas fases, para a estimativa da fração de mineralização do carbono
orgânico facilmente oxidável (FMCOfo) na mistura dos lodos e do resíduo orgânico, obtidos
após 215 dias de incorporação ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0-5 cm 5-10 cm 10 - 15 cm
COfoaplic (g kg-1) 1,13 1,16 1,05 2,66 1,59 1,47
COfomin(215 d)(g kg-1) 1,050 1,425 0,90 1,050 2,475 2,550
FMCOfo(obs) (%) 28 22 52 88 43 47
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem ---------------------------
COfopot (g kg ) --- 1,049
-1 1,317 0,862 0,843 2,338 2,259
k (d-1) 0,3317 0,2795 0,3468 0,2632 0,9620 0,9303
2
R 0,27 0,58 0,21 0,18 0,58 0,38
-1
COfomin(calc) (g kg ) 1,049 1,317 0,862 0,843 2,338 2,259
FMCOfo(calc 1) (%) 92,8 100 82,1 31,7 100 100
FMCOfo(calc 2) (%) 100 100 100 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ----------------------------
COfopot(L) (g kg )-1 0,686 1,186 0,344 -- 0,666 2,079 1,942
kL (d )
-1 0,6250 0,3419 34,0494 0,4539 1,2748 1,3796
COfopot(R) (g kg-1) 0,403 0,305 0,557 0,583 0,441 0,690
kR (d-1) 0,0832 0,0077 0,1008 0,0047 0,0216 0,0137
2
R 0,27 0,58 0,22 0,19 0,58 0,40
-1
COfomin(calc) (g kg ) 1,089 1,433 0,901 1,037 2,516 2,596
FMCOfo(calc 1) (%) 96,4 100 85,8 39,0 100 100
FMCOfo(calc 2) (%) 100 96,1 100 83,0 99,8 98,6
COfoaplic - massa de carbono orgânico facilmente oxidável aplicada nas unidades experimentais (g kg-1);
COfomin - carbono orgânico facilmente oxidável mineralizado acumulado obtido com base nos dados
observados nos 215 dias (g kg-1); COfopot - carbono orgânico facilmente oxidável, potencialmente
mineralizável (g kg-1); COfopot((L) - carbono orgânico facilmente oxidável, potencialmente mineralizável,
de fácil mineralização (g kg-1); COfopot(R) - carbono orgânico facilmente oxidável, potencialmente
mineralizável, de difícil mineralização (g kg-1); kL - coeficiente de mineralização do carbono orgânico
facilmente oxidável, de fácil mineralização; k R - coeficiente de mineralização do carbono orgânico
facilmente oxidável, de difícil mineralização; (d-1); R2 - coeficiente de determinação; fração de
mineralização - FMCOfo(obs) = 100.[(COfo(trat)in - COfo(cont)in) - (COfo(trat)fin - COfo(cont)fin)/ (COfo(trat)in -
COfo(cont)in)]; FMCOfo(calc 1) = 100.(COfo(min)/COfo(cal)); FMCOfo(calc 2) = 100.(COfo(min)/COfo(pot)).

Os valores obtidos de FMCOfo, calculados a partir da Equação 11, foram inferiores aos
obtidos quando se utilizou as equações 15 e 16 e, utilizando-se estimativas obtidas com a

57
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
última faixa de valores ficou entre 96 e 100% nos LSAC-EVs, tendo sido de apenas 83% no
LDA, enquanto nos LRU e LTS ficou na faixa de 99 a 100%. Como valores de FM maiores
que 100% também foram apresentados, neste texto, como sendo de 100%, confirmou-se, em
relação à variável COfo, evidências na ocorrência do efeito priming.

Considerando os resultados apresentados na Tabela 5.2 obtidos a partir da Equação 9, e


analisando as frações mineralizadas calculadas utilizando-se as equações 15 e 16, é possível
concluir que os resíduos orgânicos coletados no SAC-EV, apesar de sabidamente mais
estabilizados, ainda apresentaram altas FMCOfo, o que não deixa de ser uma virtude caso a
destinação seja a de ser utilizado como fertilizante agrícola.

5.6 Fração mineralizada do COT e COfo do material orgânico nas


unidades experimentais
Na Tabela 5.3 estão apresentadas as frações de mineralização do COT e COfo, (FMCOT(calc 1),
FMCOT(calc 2), FMCOfo(calc 1) e FMCOfo(calc 2)), considerando-se um tempo de degradação de
365 dias, o que fornece a fração de mineralização anual a ser utilizada no cálculo da dose de
lodo esgoto a ser aplicada em solos agrícolas, conforme a resolução CONAMA 375°2006.

Tabela 5.3 - Estimativa para fração mineralizada de carbono orgânico total e carbono
orgânico facilmente oxidável nas misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo coletadas
nas unidades experimentais, aos 365 dias
Tipo de lodo FMCOT(calc 1) FMCOT(calc 2) FMCOfo(calc 1) FMCOfo(calc 2)
---------------------------------------- 365 dias -------------------------------------
---------------------------------------- % ------------------------------------------
---------- 215 dias ------------
LSAC 0-5 cm 100 97,8 96,4 100
LSAC 5-10 cm %
Resíduos 100 100 100 98,8
LSAC 10-15 cm 100 99,7 85,8 100
LDA 100 79,5 43,0 91,6
LRU 100 99,7 100 100
LTS 100 99,6 100 99,8

fração de mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in - COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/


(COT(trat)in - COT(cont)in)]; FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic)); FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot));
fração de mineralização - FMCOfo(obs) = 100.[(COfo(trat)in - COfo(cont)in) - (COfo(trat)fin - COfo(cont)fin)/
(COfo(trat)in - COfo(cont)in)]; FMCOfo(calc 1) = 100.(COfo(min)/COfo(cal)); FMCOfo(calc 2) =
100.(COfo(min)/COfo(pot)).

Observa-se que, na forma como quantificadas, as frações de mineralização, no tempo de 365


dias de degradação, foram superiores a 98%, a não ser no LDA que foi de 80%, resultados
muito superiores aos apresentados na resolução CONAMA 375/2006 para lodos semelhantes.
58
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
No que se refere ao teor de carbono orgânico facilmente oxidável (COfo), as frações
mineralizadas, após o tempo de incorporação ao solo de 365 dias, utilizando-se as estimativas
de mineralização a partir da Equação 16, foram superiores a 92%, da mesma forma como
comentado em relação à FMCOT, muito superiores ao que está estabelecido na resolução
CONAMA 375/2006.

5.7 Decaimento do nitrogênio orgânico dos lodos e do resíduo


orgânico incorporado ao solo
Na Figura 5.6a, os teores de nitrogênio total (NT) indicaram que a incorporação dos resíduos
orgânicos proporcionou aumento nos teores desse nutriente, logo após sua incorporação, para
0,150; 0,149; 0,150; 0,162; 0,154; 0,150 dag kg-1, respectivamente, no LSAC 0 - 5 cm; LSAC
5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS, sendo o teor inicial no SC de 0,134 dag kg-1.
Decorridos 215 dias da incorporação dos materiais orgânicos ao solo nas parcelas
experimentais, observou-se um decréscimo nos teores de nitrogênio total no solo.

As transformações ocorridas durante os 215 dias de monitoramento das formas orgânicas para
inorgânicas, conforme reportado por Malavolta (1980) e Fageria et al. (2011), são de difícil
quantificação, uma vez que, na Figura 5.6b observa-se o decaimento nos teores de nitrogênio
amoniacal nas misturas para LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA e
LRU, nos primeiros 100 dias de monitoramento e ocorrendo respectivo aumento para LTS.
Aos 215 dias ocorreu aumento nas concentrações de LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC
10 - 15 cm e LRU com decaimento para LDA e LTS. Em relação aos teores de nitrato e
nitrito, apresentados na Figura 5.6c, pode-se verificar pequeno aumento, ao longo dos 100
dias de monitoramento. Esse aumento é decorrente da mineralização do nitrogênio orgânico
em amoniacal e, em ambiente oxidante, em nitrato.

Na Figura 5.6d são apresentados os teores de nitrogênio orgânico (NO) ao longo dos 215 dias
de monitoramento, obtido a partir do NT subtraído das formas inorgânicas (NH4+ e NO3-). Os
teores de NO no tempo zero foi de 0,117, 0,142, 0,141, 0,141, 0,146 e 0,141 dag kg-1,
respectivamente, no LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU e LTS,
sendo o teor inicial no SC de 0,125 dag kg-1. Transcorridos 215 dias observou-se o
decaimento nos teores de NO.

59
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.6 - Teores de nitrogênio total e nitrogênio orgânico em amostras da mistura dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20 cm, nas unidades
experimentais, no período de 215 dias
0,170 a 200 b
0,165 180
0,160 160
0,155 140

NH4+ (mg kg-1)


NT (dag kg-1)

0,150 120
0,145 100
0,140 80
0,135 60
0,130 40
0,125 20
0,120
0,000 0
0 1 2 5 11 23 47 100 215 0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo Tempo de incorporação
de incorporação dos lodos
dos resíduos (dias) (dias)
orgânicos TempoTempo
de incorporação dos resíduos
de incorporação orgânicos
dos lodos (dias) (dias)
(dias) (dias)
SC LDA LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)

200 c 0,170 d
180 0,165
0,160
160
0,155
140 0,150
NO (dag kg-1)
NO3- (mg kg )
-1

120 0,145
100 0,140
0,135
80 0,130
60 0,125
40 0,120
20 0,115
0,110
0,000
0
0 1 2 5 11 23 47 100 215
0 1 2 5 11 23 47 100 215
TempoTempo Tempo
Tempo de de incorporação
incorporação dos lodos
dos resíduos (dias)(dias)
orgânicos
de incorporação dos lodos (dias) (dias)
de incorporação dos resíduos orgânicos
(dias)
SC LDA
(dias) LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)

SC - solo controle; LDA - resíduo de digestor anaeróbio; LTS - resíduo de tanque séptico; LRU -
resíduo de reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo coletado nas respectivas
camadas: 0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical
(SAC-EV).

Lodo de esgoto geralmente apresenta baixa relação C/N e riqueza em material proteico, de
fácil degradação pelos microrganismos (LERCH et al., 1993), essas características
possibilitam sua rápida mineralização e liberação de N-inorgânico (EPSTEIN et al., 1978).
Todavia, se o lodo contiver pequena quantidade de compostos facilmente degradável,
predominando compostos orgânicos parcialmente estabilizados (CASTELLANOS; PRATT,
1981), isto implica em modestas taxas de degradação do material orgânico no solo (Bernal et
al.,1998), o que proporciona aumentos no estoque de carbono e a benefícios, como melhoria
na retenção de água e capacidade de troca catiônica.

60
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5.8 Cinética de mineralização do nitrogênio orgânico do resíduo
orgânico incorporado ao solo

Analisando-se os modelos ajustados e apresentados na Figura 5.7, pode-se observar que o


modelo de cinética de primeira ordem (Equação 7), para todas as misturas resíduo orgânico-
solo, as curvas não se adequam aos pontos observados, o que representa a não obtenção de
bons resultados para a estimativa dos parâmetros. Silva et al. (2008) verificaram que os
modelos exponenciais simples foram os mais eficientes em estimar o N potencialmente
mineralizável (NOpot) e a taxa de mineralização (k) em diferentes solos de várzea. Em estudo
para a mineralização do N em seis solos chineses, Li et al. (2003) observaram que o
comportamento de mineralização do nitrogênio se realiza em duas fases: a primeira, de 0 - 14
dias, considerada rápida e a outra a partir do 14º dia, considerada lenta.

Assumindo que os resultados seguem o comportamento de dois compartimentos de


mineralização, os dados foram ajustados ao modelo matemático proposto por Inobushi et al.
(1985) e proporcionou a obtenção de moderados valores de coeficiente de determinação (R2),
valores superiores aos obtidos pelo modelo de cinética de primeira ordem.

Analisando os modelos ajustados, pode-se verificar que os LSAC-EVs apresentaram as


maiores quantidades de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável (NOpot), seguindo a
mesma potencialidade de mineralização verificada em relação ao COTpot.. No que se refere
aos valores estimados de NOpot nos LRU e LDA, os valores obtidos apresentaram-se
superiores aos observados no LTS e demonstram que parte do nitrogênio dos resíduos
constitui material lábil.

Segundo Camargo et al. (1997), durante o processo de decomposição da MO, há a


transformação do nitrogênio orgânico em nitrogênio mineral, sendo a taxa dessa
transformação dependente da sua recalcitrância e resistência ao ataque microbiano. No que se
referem a todos os resíduos orgânicos analisados neste experimento, evidencia-se alta
labilidade do material orgânico.

61
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.7 - Mineralização acumulada do nitrogênio orgânico dos resíduos orgânicos
incorporados ao solo e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos durante o tempo de
215 dias de monitoramento

0,040 LSAC 0 - 5 cm 0,040 LSAC 5 - 10 cm


0,035 0,035
0,030 0,030
NOmin (dag kg-1)

NOmin (dag kg-1)


0,025 0,025
0,020 0,020
0,015 0,015
0,010 0,010
Pontos observados Pontos observados
0,005 Cinética de primeira ordem 0,005 Cinética de duas fases
Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
0,000 0,000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incoporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias) TempoTempo
de incorporação do resíduo
de incoporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias)
(dias) (dias)
NOmin = 0,0157.(1 - e-0,2109.t) + 0,0152.(1 - e-0,0009.t) R 2 = 0,68 NOmin = 0,0146.(1 - e-0,1227.t) + 0,0054.(1 - e-0,0016.t) R 2 = 0,76
NOmin = 0,0207.(1 - e-0,0884.t) R 2 = 0,60 NOmin = 0,0174.(1 - e-0,0829.t) R 2 = 0,74

0,040 LSAC 10 - 15 cm 0,040 LDA


0,035 0,035
0,030
NOmin (dag kg-1)
0,030
NOmin (dag kg-1)

0,025 0,025

0,020 0,020

0,015 0,015
0,010
0,010 Pontos observados
Pontos observados 0,005 Cinética de duas fases
0,005 Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem 0,000
0,000 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação do resíduo Tempo de incoporação dos lodos (dias)
Tempo de incoporação dos orgânico (dias)
lodos (dias)
(dias) NO min = 0,0119.(1 - e-0,1546.t) + 0,0205.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,70
NO min = 0,0158.(1 - e-26,2011.t) + 0,0118.(1 - e-0,0031.t) R 2 = 0,63
NO min = 0,0252.(1 - e-0,0120.t) R 2 = 0,61
NO min = 0,0229.(1 - e-0,0851.t) R 2 = 0,57

LRU
0,040 0,040 LTS
0,035 0,035
0,030 0,030
NOmin (dag kg-1)

NOmin (dag kg-1)

0,025 0,025
0,020 0,020
0,015 0,015
0,010 0,010
Pontos observados Pontos observados
0,005 Cinética de duas fases 0,005 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem Cinética de primeira ordem
0,000 0,000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incoporação dos lodos (dias) Tempo de incoporação dos lodos (dias)
NOmin = 0,0213.(1 - e-0,1653.t) + 0,0201.(1 - e-0,0006.t) R2 = 0,78 NOmin = 0,0195.(1 - e-0,1095.t) + 0,0109.(1 - e-0,0007.t) R 2 = 0,51
NOmin = 0,0270.(1 - e-0,0858.t) R2 = 0,70 NOmin = 0,0195.(1 - e-0,0670.t) R 2 = 0,48

LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e


10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV); LDA - lodo
de digestor anaeróbio; LRU - lodo de reator UASB; LTS - lodo de tanque séptico.

62
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Na Tabela 5.4 estão apresentados os parâmetros das equações de cinética de primeira ordem
(Equação 7) e cinética de duas fases (Equação 9) ajustados para cada tipo de material
orgânico aos dados obtidos de NOmin acumulados no período de 215 dias de experimento.
Também estão apresentados os valores de NOaplic, calculados de acordo com a massa de
material aplicada ao solo, além dos valores das fração de mineralização (FMNO(obs))
calculadas a partir dos dados observados (Equação 12) e dos valores estimados utilizando-se
as equações 17 (FMNO(calc 1)) e 18 (FMNO(calc 2)).

Tabela 5.4 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira


ordem e cinética de duas fases para a estimativa da fração de mineralização do nitrogênio
orgânico no solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 15 cm
NOaplic (g kg )-1 0,15 0,14 0,14 0,17 0,25 0,22
NOmin(215 d) (g kg )
-1 0,2855 0,1955 0,2828 0,3185 0,3598 0,2462
FMNO(obs) (%) 70 17 72 100 77 62
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem ---------------------------
NOpot (g kg-1) --- 0,207 0,174 0,229 0,252 0,270 0,195
k (d )
-1 0,8836 0,8288 0,8510 0,1204 0,8575 0,6697
2
R 0,60 0,74 0,57 0,61 0,70 0,48
-1
NOmin(calc) (g kg ) 0,207 0,174 0,229 0,252 0,270 0,195
FMNO(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 88,6
FMNO(calc 2) (%) 100 100 100 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ----------------------------
NOpot(L) (g kg-1) 0,157 0,146 0,158 -- 0,119 0,213 0,195
kL (d-1) 2,1086 1,2271 262,0111 1,5459 1,6529 1,0946
NOpot(R)(dag kg ) -1 0,152 0,054 0,118 0,205 0,201 0,109
kR (d )
-1 0,0086 0,0162 0,0310 0,0141 0,0062 0,0072
2
R 0,68 0,76 0,63 0,70 0,78 0,51
NOmin(calc) (g kg-1) 0,285 0,198 0,276 0,314 0,361 0,281
FMNO(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 100
FMNO(calc 2) (%) 92,2 99,0 100 96,9 87,2 92,4
NOaplic - massa de nitrogênio orgânico aplicada nas unidades experimentais (g kg -1); NOmin -
quantidade de nitrogênio orgânico mineralizado (dag kg-1) na mistura do material orgânico no solo no
período de 215 dias; NOpot – nitrogênio orgânico, potencialmente mineralizável (g kg-1); NOpot((L) -
nitrogênio orgânico, potencialmente mineralizável, de fácil mineralização (g kg -1); NOpot(R) - nitrogênio
orgânico, potencialmente mineralizável, de difícil mineralização (dag kg -1); kL - coeficiente de
mineralização do nitrogênio orgânico, de fácil mineralização; k R - coeficiente de mineralização do
nitrogênio orgânico, de difícil mineralização; (d-1); R2 - coeficiente de determinação; fração de
mineralização - FMNO(obs) = 100.[(NO(trat)in - NO(cont)in) - (NO(trat)fin - NO(cont)fin)/ (NO(trat)in - NO(cont)in)];
FMNO(calc 1) = 100.(NO(min)/NO(aplic)); FMNO(calc 2) = 100.(NO(min)/NO(pot)).

63
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Com base nos coeficientes de mineralização (k) e NOpot obtidos ao se utilizar a Equação 9,
pode ser verificado que a mineralização do NO dos lodos e do resíduo orgânico foi
caracterizada por uma fase inicial com elevada taxa de mineralização dos compostos
orgânicos (kL), ocorrida nos primeiros 20 dias de sua incorporação ao solo, seguida de fase de
taxa de mineralização reduzida (kR). Esses resultados são corroborado por semelhante
comportamento do COT e COfo.

Avaliando a degradação do lodo de esgoto após 112 dias de sua incorporação às amostras de
solo tropical incubadas, Boeira et al. (2002) observaram taxa de mineralização do NO maior
no início da incubação e decréscimo com o tempo, corroborando as observações obtidas neste
trabalho. Andrade et al. (2013), de forma semelhante ao que foi verificado neste experimento,
observaram que a mineralização do nitrogênio orgânico, após sucessivas aplicações de lodo
de esgoto ao solo, ocorreu com maior intensidade no período inicial de 28 dias após a
incubação.

Analisando as frações de mineralização (FMNO) calculadas utilizando-se as equações 17 e


18, com estimativa dos valores mineralizados obtidos a partir de estimativas feitas com a
equação de cinética de duas fases, observa-se que nos LSAC-EVs os valores foram de 92 a
100%, assim como foram altas as frações de mineralização no LDA e LTS, que foram,
respectivamente, de 97 e 92%. A menor fração de mineralização foi obtida no LRU, tendo
sido de 87%.

Em estudo de mineralização do carbono e nitrogênio de resíduos aplicados ao solo, em


condições de campo, Paula et al. (2013) estimaram frações de mineralização do NO de 89%
para diferentes resíduos orgânicos, após terem sido dispostos superficialmente ou
incorporados no solo, por 120 dias, valores próximos aos observados na maioria dos lodos e
do resíduo orgânico analisados neste experimento.

Considerando os resultados apresentados na Tabela 5.4 obtidos ao se utilizar as equações 17 e


18, é possível concluir que mais de 92% do NO presente no LSAC-EV, LDA e LTS
incorporado ao solo, em condições de campo, foram mineralizados nos 215 dias de
experimento. No que se refere ao LRU, cerca de 87% foi mineralizado.

64
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5.9 Fração de mineralização do nitrogênio orgânico dos lodos e do
resíduo orgânico incorporado ao solo

As frações de mineralização estimadas a partir dos da Equação 9, para o tempo de 365 dias
FMNO(calc 1) e FMNO(calc 2) estão apresentados na Tabela 5.5. As frações mineralizadas aos
365 dias foram superiores a 95% em todos os materiais orgânicos analisados neste
experimento, estando superiores aos obtidos, em condições controladas de laboratório, por
Boeira et al. (2002), que observaram que a FMNO de 16 a 32% em lodos incubados por 105
dias ao solo.

Tabela 5.5 - Estimativa para fração mineralizada do nitrogênio


orgânico nas misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo
coletadas nas unidades experimentais, aos 365 dias
Tipo de lodo FMNO(calc 1) FMNO(calc 2)
------ 365 dias --------
----------------- % ---------------
LSAC 0 - 5 cm 100 98,0
Resíduos
LSAC 5 - 10 cm 100 99,9
LSAC 10 - 15 cm 100 100
LDA 100 99,6
LRU 100 94,9
LTS 100 97,4

fração de mineralização - FMNO(calc 1) = 100.(NO(min)/NO(aplic));


FMNO(calc 2) = 100.(NO(min)/NO(pot)).

Os valores apresentados na literatura de fração de mineralização em amostras de lodos de


esgoto sanitário incubados no período entre 70 e 150 dias em laboratório estão entre 5 e 38%
(ALCÂNTARA et al., 2007); 14 e 43% (BOEIRA; MAXIMILIANO, 2009); 10 e 52%
(CORRÊA et al., 2012); e 7 a 16% (ANDRADE et al., 2013). Novamente, há de se ressaltar
que as condições de laboratório não proporcionam iguais condições de mineralização que o
campo. A ação da chuva, luz e aquecimento proporcionados pelo sol, a água e nutrientes do
solo e, principalmente, a quantidade e diversidade de micro e meso-organismos tornam esses
dois ambientes muito diferentes, tal como também reportado por Pereira et al. (2015).

No cálculo do N disponível em lodo não tratado (primário e secundário), lodo digerido


aerobiamente e de esgoto digerido anaerobiamente, a fração mineralizada a ser utilizada nos
cálculos da dose para aplicação no solo é, respectivamente, de 40, 30 e 20% (Brasil, 2006).
Considerando que os materiais orgânicos incorporados ao solo apresentaram valores de FM
65
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
superiores a 95%, corrobora-se os resultados obtidos por Paula et al. (2013), Matos (2014),
Pereira et al. (2015) e Diniz et al. (2016) que afirmaram que os valores estabelecidos na
resolução CONAMA 375/2006 não condizem com o que se observa em condições de campo
em ambiente tropical.

5.10 Degradabilidade do material orgânico dos lodos e do resíduo


orgânico incubados no solo em condições de laboratório

Nos experimentos conduzidos em laboratório, realizados a partir da incubação de material


orgânico de esgoto sanitário misturado em solo, sob condições climáticas controladas, foram
obtidas quantidades acumuladas de carbono emanado (C-CO₂) crescentes, desde o início da
incubação das amostras, durante o período de 140 dias (experimento I, Figura 5.8a e
experimento II, Figura 5.8b), considerando-se as doses de aplicação relativas a 100 % e 50 %
de mineralização do N-total, respectivamente.

Figura 5.8 - Quantidade de carbono emanado acumulado, na forma de CO₂ (C-CO₂), das
misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo e solo controle, durante o período de 140
dias de incubação das amostras

330 a 400 b
mg C-CO2 evoluído / 100g de solo
mg C-CO2 evoluído / 100g de solo

300
350
270
240 300
210 250
180
200
150 B

120 150
90 100
60
30 50
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100110120130140
Tempo deTempo
incorporação dos resíduos
de incubaçao orgânicos
dos lodos (dias) (dias) TempoTempo de incorporaçao
de incorporação dos lodos
dos resíduos (dias) (dias)
orgânicos
(dias) (dias)
SC LDA LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)

SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-
EV).

Houve aumento na quantidade de C-CO₂ emanado com o aumento na dose de material


orgânico incorporado ao solo (Figura 5.8b). Comparando-se as quantidades totais acumuladas
de C-CO₂ emanadas a partir dos materiais incubados, durante o período de 140 dias no
experimento I: LSAC 0 - 5 cm (177,04 mg/100 g de solo), LSAC 5-10 cm (176,56 mg/100 g
de solo), LSAC 10-15 cm (162,22 mg/100 g de solo), LRU (207,37 mg/100 g de solo), LDA
66
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
(174,12 mg/100 g de solo), LTS (295,74 mg/100 g de solo) e SC (133,65 mg/100 g de solo),
pode ser verificado que os tratamentos, tanto aeróbio quanto anaeróbio, a que os resíduos
orgânicos foram submetidos, proporcionaram quantidades emanadas de C-CO₂ menores, em
relação ao LTS in natura. O mesmo comportamento foi apresentado no experimento II com
valores: LSAC 0 - 5 cm (185,26 mg/100 g de solo), LSAC 5-10 cm (166,01 mg/100 g de
solo), LSAC 10-15 cm (165,65 mg/100 g de solo), LRU (250,42 mg/100 g de solo), LDA
(192,43 mg/100 g de solo), LTS (379,02 mg/100 g de solo) e SC (99,55 mg/100 g de solo),
durante o período de 140 dias. Os resultados obtidos nesses experimentos confirma a maior
labilidade do LTS, tendo em vista se tratar de material orgânico praticamente bruto, pois
nesses sistemas não ocorre a estabilização da matéria orgânica, devido ao curto tempo de
permanência nos tanques sépticos e, por isso, em sua composição ainda há a presença de
compostos orgânicos lábeis de fácil degradação.

Comparando-se as quantidades totais de C-CO₂ emanadas a partir das amostras da mistura de


solo com LSAC 0 - 5 cm, LSAC 5 - 10 cm e LSAC 10 - 15 cm e com LRU e LDA, pode-se
verificar que os resíduos orgânicos oriundos de sistema aeróbio (LSAC) obtiveram
quantidades menores de C-CO₂ emanadas em relação aos lodos de tratamento anaeróbio
(LRU, LDA). Isto se justifica pois resíduos de sistema aeróbio tem atividade microbiana mais
ativa na remoção e degradação da matéria orgânica presente, o que não ocorre, em
contrapartida, nos sistemas anaeróbios que produzem lodos menos estabilizados e com maior
carga de materiais orgânicos.

Torna-se importante ressaltar as diferenças marcantes na quantidade de C-CO₂ emanadas nas


três diferentes camadas LSAC (0 - 5 cm) > LSAC (5 - 10 cm) > LSAC (10 - 15 cm).
Acredita-se que o grau de mineralização seja maior quanto mais profunda for a camada e com
mais tempo de permanência do material acumulado no SAC-EV.

5.11 Taxa de degradação da matéria orgânica dos lodos e do resíduo


orgânico de esgoto sanitário

A taxa de degradação do COT dos materiais orgânicos provenientes de esgoto sanitário


misturados ao solo na dose de 300 kg ha-1, nos 140 dias de incubação, teve a seguinte ordem
de mineralização LTS > LDA > LRU > LSAC (5 - 10 cm) > LSAC (0 - 5 cm) > LSAC (10 -
15 cm) (Tabela 5.6). O valor médio de FMCOT no LTS foi 65% valor superior ao obtido com
a incubação do LDA e LRU (27 e 19%). Os menores valores de FMCOT foram de 19, 20 e

67
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
12%, respectivamente, obtidos para LSAC 0 - 5 cm, LSAC 5 - 10 cm e LSAC 10 - 15 cm
corroboram a maior estabilidade desses lodos e, por isso, menor FMCOT.

Tabela 5.6 - Fração de mineralização do carbono orgânico dos lodos e do resíduo orgânico,
nos experimentos I e II
Material
Dose(1) COT-adicionado(2) COTmin(3) FMCOT(obs)
orgânico
-- kg ha-1 de N -- --------------------- mg kg-1 ------------------- ----------- % -----------
Experimento--- I ----
LSAC 0 - 5 cm 300 2472 469,7 (± 72) 19,0 (± 3)
LSAC 5 - 10 300 2430 475,0 (± 166) 19,5 (± 7)
LSAC 10 - 15 300 2041 246,4 (± 81) 12,1 (± 4)
cm
LDA 300 1539
1 419,0 (± 48) 27,2 (± 3)
cm
LRU 300 3645 705,2 (± 185) 19,3 (± 5)
LTS 300 2584 1673,6 (± 58) 64,8 (± 2)
Experimento II
LSAC 0 - 5 cm 600 4335 890,8(± 96) 20,5 (± 2)
LSAC 5 - 10 600 4463 725,6 (± 54) 16,3 (± 5)
LSAC 10 - 15 600 3745 694,4 (± 75) 18,5 (± 2)
cm
LDA 600 3104 873,8 (± 34) 28,1 (± 1)
cm
LRU 600 6342 1445,6 (± 29) 22,8 (± 5)
LTS 600 5472 2534,9 (± 58,81) 46,3 (± 11)

(1)Dose aplicada de 300 kg ha-1 de N, considerando 100% de mineralização (experimento I) e 50% de


mineralização desse nutriente (experimento II); (2)massa de carbono orgânico total aplicado, por
unidade de massa de solo, em cada respirômetro; (3) quantidade de carbono mineralizada na forma de
CO₂ (mg kg-1); (4)fração de mineralização do COT.

Com o aumento na dose de material orgânico para 600 kg ha-1 de N, as frações mineralizadas
do LSAC 0 - 5 cm, LSAC 5- 10 cm, LSAC 10 - 15 cm, LDA, LRU e LTS passaram a ser,
respectivamente, de 21, 16, 19, 28, 23 e 46%, valores não superiores e, até, inferiores aos
obtidos quando se aplicou a dose de 300 kg ha-1 de N. Wong et al. (1998) afirmaram que a
incorporação de elevadas doses de matéria orgânica ao solo, pode suplantar a capacidade
microbiana de degradação, o que pode ocasionar decréscimo na taxa de degradação.

5.12 Cinética de degradação da matéria orgânica dos lodos e do resíduo


orgânico de esgoto sanitário misturados com solo

O ajuste nos resultados de respirometria ao modelo de cinética química de primeira ordem,


proposto por Stanford e Smith (1972) e modelo de cinética de duas fases proposto por
Inobushi et al. (1985), proporcionaram a obtenção dos parâmetros apresentados nas Figuras
5.9 e Figura 5.10 e Tabela 5.7 e Tabela 5.8. De maneira geral, o modelo de cinética de
primeira ordem ajustou-se eficientemente aos dados experimentais, corroborando com as
observações semelhantes de outros autores (ANDRADE et al., 2006; REIS; RODELLA,

68
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
2002; TELES et al., 2009). O modelo de cinética de duas fases também proporcionou bons
ajustes tendo sido obtidos valores de R2 próximos aos determinados por Andrade et al.
(2006), no ajuste de equação de cinética de duas fases ajustada aos dados de degradação de
biossólidos incubados em solo.

Na Figura 5.9 estão apresentadas as curvas de respirometria para a concentração acumulada


de C-CO₂ emanado em função do tempo de monitoramento do sistema (140 dias após a
mistura dos materiais orgânicos com o solo), no experimento I, de todos os lodos incubados.

De acordo com a Figura 5.9, os valores estimados de massa de C-CO₂ potencialmente


liberada das misturas (COpot) utilizando-se a equação de cinética de primeira ordem foram
maiores no LTS, o que é decorrente de se tratar do material menos estabilizado
bioquimicamente, se for considerada o alto valor de COfo que possui (Tabela 4.1). Sabe-se
que a degradação de materiais orgânicos adicionados ao solo depende, dentre outros fatores,
de sua relação C/N (Zilbilske, 1987), da forma em que se encontra o seu carbono (Rodella et
al., 1983), das características físico-químicas e biológicas do solo e da temperatura nesse
meio (ALEXANDER, 1967).

Em relação aos LSAC-EVs, os valores de COpot se comportaram igualmente ao que foi


observado no experimento em campo em relação ao COTpot. os menores valores de COpot
foram observados para o LDA, pelo fato de se tratar de material mais recalcitrante,
dificultando a ação da atividade microbiana. Materiais recalcitrantes, podem formar
complexos altamente resistentes com proteínas durante a decomposição de resíduos,
resultando em redução na taxa de sua mineralização (SAUVESTY et al., 1992).

No experimento II embora o efeito do aumento na dose de N aplicada, via lodo e resíduo


orgânico, na mineralização do material orgânico não tenha ficado claro, já que variaram de
material para material, Moretti et al. (2015), em estudo de decomposição de lodo de esgoto e
composto de lodo de esgoto em Nitossolo Háplico Álico, textura argilosa, observou aumento
nas evoluções de C-CO₂ quando aumentou a dose de lodo aplicada ao solo.

69
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.9 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, considerando-se a dose de 300 kg ha⁻¹ de N, no tempo
de 140 dias de incubação das amostras

60 LSAC 0 - 5 cm 60 LSAC 5 - 10 cm

50 50

mg de CO2 / 0,1 kg de solo


mg de CO2 / 0,1 kg de solo

40 40

30 30

20 20

Pontos observados Pontos observados


10 10
Cinética de primeira ordem Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases Cinética de duas fases
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

TempoTempo de incubação
de incubação dos lodosorgânico
do resíduo (dias) (dias) Tempo Tempo
de incubação do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias)
(dias) (dias)
C-CO 2 = 38,7646.(1 - e-0,0550.t 2
) R = 0,94 C-CO 2 = 39,4922.(1 - e-0,0374.t) R2 = 0,82
C-CO 2 = 24,2508.(1 - e-0,1348.t) + 204,9829.(1 - e-0,0008.t) R 2 = 0,96 C-CO 2 = 19,0194.(1 - e-0,1480.t) + 124,6673.(1 - e-0,0001.t) R2 = 0,85

60 LSAC 10 - 15 cm 60 LDA

50 50
mg de CO2 / 0,1 kg de solo
mg de CO2 / 0,1 kg de solo

40 40

30 30

20 20

10 Pontos observados
10 Pontos observados Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem Cinética de duas fases
Cinética de duas fases
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo Tempo de incubação
de incubação dos lodos
do resíduo (dias) (dias)
orgânico
(dias) C-CO 2 = 39,1524. (1 - e-0,1088.t) R2 = 0,96
C-CO 2 = 22,5569.(1 - e -0,0334.t 2
) R = 0,87
C-CO 2 = 33,6270.(1 - e-0,1424.t) + 13,6711.(1 - e-0,0073.t) R 2 = 0,97
C-CO 2 = 8,1347.(1 - e-0,1483.t) + 23,2454.(1 - e-0,0091.t) R 2 = 0,89

120 180 LTS


LRU
160
100
mg de CO2 / 0,1 kg de solo

mg de CO2 / 0,1 kg de solo

140
80 120
100
60
80
40 60

20 Pontos observados 40
Cinética de primeira ordem Pontos observados
Cinética de duas fases 20 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
C-CO 2 = 65,8779.(1 - e-0,0274.t) R2 = 0,95
C-CO 2 = 27,4592.(1 - e-0,0843.t) + 106,8356.(1 - e-0,-0,0038.t) R2 = 0,97 C-CO2 = 159,1574.(1 - e-0,0436.t) R2 = 0,99
C-CO2 = 115,1936.(1 - e-0,0626.t) + 75,5036.(1 - e-0,0085.t) R 2 = 0,99

LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e


10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV); LDA - lodo
de digestor anaeróbio; LRU - lodo de reator UASB; LTS - lodo de tanque séptico.

70
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.10 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas
resíduo orgânico-solo incorporadas ao solo, considerando-se a dose aplicada de 600 kg ha⁻¹
de N, no tempo de 140 dias de incubação das amostras

100 LSAC 0 - 5 cm 100 LSAC 5 - 10 cm


90 90
mg de CO2 / 0,1 kg de solo

mg de CO2 / 0,1 kg de solo


80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 Pontos observados 20 Pontos observados
Cinética de primeira ordem Cinética de primeira ordem
10 Cinética de duas fases
10 Cinética de duas fases
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação
Tempo do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias) Tempo de incubação
Tempo do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias)
-0,0257.t
(dias)
2 -0,0165.t
(dias)
2
C-CO 2 = 82,7787.(1 - e ) R = 0,97 C-CO 2 = 74,4358.(1 - e ) R = 0,96
C-CO 2 = 19,9248.(1 - e-0,2947.t) + 96,1344. (1 - e-0,0090.t) R2 = 0,99 C-CO 2 = 14,3741.(1 - e-0,4433.t) + 190,6679. (1 - e-0,0027.t) R2 = 0,99

100 LSAC 10 - 15 cm 100 LDA


90 90
mg de CO2 / 0,1 kg de solo

80
mg de CO2 / 0,1 kg de solo
80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 Pontos observados 20 Pontos observados
10 Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases 10 Cinética de duas fases
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação
Tempo do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
-0,0057.t (dias)
C-CO 2 = 127,6533.(1 - e 2
) R = 0,96
C-CO 2 = 78,7845.(1 - e-0,0785.t) R 2 = 0,97
C-CO 2 = 199,6853.(1 - e-0,0020.t) + 6,6661.(1 - e-0,5309.t) R 2 = 0,96
C-CO 2 = 48,6417.(1 - e-0,1936.t) + 45,9980.(1 - e-0,0144.t) R 2 = 0,99

160 LRU 300 LTS


140 270
mg de CO2 / 0,1 kg de solo

mg de CO2 / 0,1 kg de solo

240
120
210
100
180
80 150
60 120
40 90
Pontos observados
60 Pontos observados
20 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
30 Cinética de duas fases
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
C-CO 2 = 136,0175.(1 - e-0,0263.t) R 2 = 0,98
C-CO 2 = 247,1579.(1 - e-0,0310.t) R 2 = 0,99
C-CO 2 = 53,8989.(1 - e-0,0848.t) + 201,5411.(1 - e-0,0044.t) R 2 = 0,99
C-CO 2 = 203,5793.(1 - e-0,0384.t) + 250,2646.(1 - e-0,5201.t) R 2 = 0,99

LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e


10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV); LDA - lodo de
digestor anaeróbio; LRU - lodo de reator UASB; LTS - lodo de tanque séptico.

71
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Nas Tabelas 5.7 e Tabela 5.8 estão apresentados os parâmetros das equações de cinética de
primeira ordem e de cinética de duas fases, ajustados para cada tipo de lodo aos dados de C-
CO₂ degradados no período de 140 dias de incorporação dos lodos. Também estão
apresentados os valores estimados das frações de mineralização, calculadas a partir das
Equações 13 e 14, baseada nos valores do COTpot potencialmente degradado obtidos nas
referidas equações ajustadas.

Tabela 5.7 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem
e cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (mg C 0,1 kg-1) 247,20 243,02 204,10 153,92 364,53 258,44
COTmin(140 d)(mg C-CO2) 46,97 47,50 24,64 41,90 70,52 167,36
FMCOT(obs) (%) 19,0 19,5 12,1 27,2 19,3 64,8
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem -----------------------------
COTpot (mg C-CO2) 38,7646 39,4922 22,5569 39,1524 65,877 159,1574
-1 -
k (d ) 0,0550 0,0374 0,0334 0,1088 0,0274 0,0436
9
R2 0,94 0,82 0,87 0,96 0,95 0,99
COTmin(calc) 38,7646 39,4922 25,5569 39,1524 65,877 159,1574
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 100
9
FMCOT(calc 2) (%) 82,5 83,1 91,5 93,4 93,4 95,2
-------------------------------- Cinética de duas fases ------------------------------
COTpot(L) (mg C-CO2) 24,2508 19,0194 8,1347 33,6270 27,4592 115,193
-1
kL (d ) 0,1348 0,1480 0,1483 0,1424 0,0843 0,0626
6
COTpot(R) (mg C-CO2) 204,9839 124,6673 23,2454 13,6711 106,83 75,5036
kR (d-1) 0,0008 0,0001 0,0091 0,0073 0,0038 0,0085
56
R2 0,96 0,85 0,89 0,97 0,97 0,99
COTmin(calc) 153,3710 72,476 24,878 42,3781 71,536 167,7276
FMCOT(calc 1) (%) 62,0 29,8 12,2 27,5 19,6 64,9
07 6
FMCOT(calc 2) (%) 66,9 50,4 79,3 89,6 53,3 88,0
C-CO₂ - quantidade de carbono degradado (mg C 0,1 kg-1) na mistura resíduo orgânico-solo no período
de 140 dias de incubação; COTpot - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável (mg C-CO2);
COTpot((L) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil mineralização (mg C-CO2);
COTpot(R) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil mineralização (mg C-CO2); kL
- coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de fácil mineralização (d -1); kR - coeficiente de
mineralização do carbono orgânico total de difícil mineralização (d -1) R2 - coeficiente de determinação;
fração de mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in - COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in -
COT(cont)in)]; FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic)); FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).

As frações de mineralização calculadas utilizando-se a Equação 14 (FMCOT(calc 2)), para os


coeficientes ajustados utilizando-se a equação de cinética de primeira ordem, estiveram acima
de 82%, enquanto os calculados utilizando-se a equação de cinética de duas fases foram mais

72
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
baixos e estiveram entre 50 e 88%. A obtenção de maiores valores de FMCOT quando
calculados utilizando-se a equação de cinética de primeira ordem está associado ao fato de
que o valor de COT(pot) foi forçadamente superestimado, em razão de um aumento ocasional
nos dados de COT obtidos aos 110 e 140 dias, no ensaio por respirometria. Considerando-se
que, nos ensaios em laboratório, as equações se ajustaram bem aos dados de cinética de
primeira ordem, diferentemente do que foi estabelecido para o experimento de campo, os
resultados obtidos utilizando-se esse modelo matemático pode ser aceito.

Os valores de fração de mineralização de biossólidos após serem incorporados ao solo, no


tempo de incubação de 130 dias, têm-se situado na faixa de 20 a 60% do total de C adicionado
(HSIEH et al., 1981; PIRES et al., 1979; SANTOS et al., 2002), valores menores que os
obtidos neste experimento.

Na Tabela 5.8 estão apresentados os parâmetros ajustados do modelo de cinética de primeira


ordem e de duas fases, para a dose de aplicação de 600 kg ha-1de N (experimento II). Houve
diferenças nos valores de COTpot entre as misturas dos materiais orgânico ao solo, tendo sido
os maiores obtidos no LTS e os menores nos lodos LSACs, LRU e o LDA, sendo esses
valores superiores aos observados no experimento I. Frações de degradação crescentes com o
aumento nas doses de lodo de esgoto foram encontradas por Roig et al. (2012), em área com
sucessivas aplicações de lodo de esgoto, elevando a dose acumulada no solo, mesmo
comportamento observado no experimento II.

Considerando a FMCOT(calc 1) e FMCOT(calc 2) calculados utilizando-se a Equação 8, tanto


quando se utilizou a equação de cinética de primeira ordem ou a de cinética de duas fases,
observa-se que foram menores nos LSAC-EVs que nos lodos. Os baixos valores de
FMCOT(calc 2) calculados utilizando-se as estimativas da equação de cinética de duas fases
podem ser indicativos de possível influência do excesso de nitrogênio aplicado ao solo, que
trouxe prejuízos à degradação do material orgânico. Esses resultados também indicaram
maior estabilidade do material orgânico à medida que se aprofundou na camada de resíduos
orgânico acumulada no SAC-EV. Segundo Mattazzo et al. (1998) e Santos et al. (2002), a
presença de compostos orgânicos recalcitrantes nas camadas mais profundas do resíduo
acumulado, diminui a taxa de degradação biológica da matéria orgânica.

73
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tabela 5.8 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem
e cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (mg kg-1) 433,47 446,31 347,51 310,44 634,19 547,19
COTmin(140 d)(mg C- 89,08 72,56 69,44 87,38 144,56 253,49
FMCOT
CO2) (obs) (%) 20,5 16,3 18,5 28,1 22,8 46,3
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem -----------------------------
COTpot (mg C-CO2-) 82,778 74,4358 127,6533 78,7845 136,0175 247,1579
k(d-1) 0,0257
7 0,0165 0,0057 0,0785 0,0263 0,0310
R2 0,97 0,96 0,96 0,97 0,98 0,99
COTmin(calc) 80,512 67,047 70,180 78,7845 136,0175 247,1579
FMCOT(calc 1) (%) 18,6
3 15,0 20,2 25,4 21,4 45,2
FMCOT(calc 2) (%) 97,3 90,0 55,0 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ------------------------------
COTpot(L) (mg C-CO2) 19,9248 14,3741 199,6853 48,6417 53,8989 203,5793
kL (d-1) 0,2947 0,4433 0,0020 0,1936 0,0848 0,0384
COTpot(R) (mg C-CO2) 96,1344 190,6679 6,6661 45,9980 201,5411 250,2646
kR (d-1) 0,0090 0,0027 0,5309 0,0144 0,0044 0,5201
43
R2 0,99 0,99 0,96 0,99 0,99 0,99
COTmin(calc) 88,790 74,391 54,43 187,37 255,014 452,901
FMCOT(calc 1) (%) 20,5 16,7 15,6 60,4 40,2 82,7
FMCOT(calc 2) (%) 76,5 36,3 26,4 100 99,8 99,8

C-CO₂ - quantidade de carbono degradado (mg C 0,1 kg-1) na mistura dos lodos e resíduo orgânico ao
solo no período de 140 dias de incubação; COTpot - carbono orgânico total, potencialmente
mineralizável (mg C-CO2); COTpot((L) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil
mineralização (mg C-CO2); COTpot(R) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil
mineralização (mg C-CO2); kL - coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de fácil
mineralização (d-1); kR - coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de difícil mineralização
(d-1) R2 - coeficiente de determinação; fração de mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in -
COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in - COT(cont)in)]; FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic));
FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).

5.13 Degradabilidade do material acumulado no SAC-EV e sua


influência nas condições operacionais desses sistemas

Considerando-se os resultados apresentados para o resíduo orgânico acumulado no SAC-EV,


pode se verificar alto grau de estabilidade física e bioquímica da matéria orgânica e
desidratação do material dele retirado, notadamente no coletado na camada mais profunda.

74
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Segundo Andrade (2015), o SAC-EV começou a operar com lodo de caminhão limpa fossa
em 27 de setembro de 2013, uma vez que este sistema já operava no tratamento de esgoto
doméstico. Em 25 de maio de 2016 foi realizada a coleta do material utilizado neste estudo,
tendo sido coletado em camada de lodo acumulado com 15 cm de espessura, tendo o material
mais profundo idade de, aproximadamente, dois anos e seis meses.

Com base nos resultados obtidos, pode-se considerar que um tempo de permanência do lodo
de um ano seria suficiente para que houvesse a estabilização do material orgânico em SACs-
EV, no entanto, não haveria perda de sua qualidade como fertilizante, caso tenha que
permanecer por período maior. Essa informação pode auxiliar na tomada de decisão como
prática operacional desses sistemas e, de acordo com critérios de degradabilidade, indicaram
que o resíduo orgânico removido dos SACs-EV poderá ser disposto no solo de áreas
agrícolas, disponibilizando com relativa rapidez os nutrientes que o constitui.

5.14 Produtividade do capim-tifton 85

A dose de material orgânico aplicada de 300 kg ha-1 de N incorporada ao solo proporcionou,


ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey, diferenças entre os tratamentos,
conforme apresentado na Figura 5.11.

Figura 5.11 - Produtividade de matéria seca da parte aérea do capim-tifton 85 nas


unidades experimentais

8
c

bc
6
Capim-tifton 85 (t ha )
-1

4 abc abc

abc

2 ab

0
m

m
m
SC

U
S

A
LT

LR
5c

5c

LD
c
10

-1
0-

5-

10
C

C
A

C
A
LS

A
LS

LS

TempoLodo incorporado
de incorporação no solo (dias)
dos resíduos

75
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
A produtividade de matéria seca da parte aérea das plantas ficou entre 1,58 e 6,46 t ha-1 nas
parcelas experimentais em que foram incorporados os lodos e o resíduo orgânico, maiores que
as obtidas no solo controle (sem adubação), que foi de 0,41 t ha-1. Comparativamente, a
produtividade da parte aérea do capim, proporcionada pela adubação com LSAC-EV 5 - 10
cm, foi 15,8 vezes maior que a obtida no solo controle, evidenciando o valor fertilizante desse
resíduo. Aliás, os LSAC-EVs estiveram entre os que proporcionaram maior produtividade do
capim, indicando a adubação do solo como alternativa viável para a destinação desses
resíduos, quando retirados dos SACs-EV.

Esses resultados de maior produtividade do capim com a mistura resíduo orgânico-solo do


material retirado do SAC-EV deve ter influência importante em relação à operação desses
sistemas. Se, por um lado, a manutenção do resíduo orgânico, por muito tempo, nesses
sistemas proporciona que a matéria orgânica seja estabilizada em maior grau, por outro,
menor será seu valor como fertilizante, uma vez que menor é a disponibilidade de nutrientes
para cultivos agrícolas. Os resultados neste experimento indicaram que a permanência do LTS
por períodos maiores que 1 anos não trouxe significativo prejuízo à qualidade do resíduo
orgânico, no que se refere ao seu valor como fertilizante agrícola. Assim, considera-se
adequado que o resíduo permaneça nos SACs-EV por período superior ao de um 1 ano, para
que adquira um grau satisfatório de estabilidade, mas que pode se prolongar por mais tempo,
tendo em vista que ele mantém suas desejáveis características químicas.

O efeito positivo da adubação com lodo de esgoto sobre culturas tem sido destacado na
literatura, por autores como Martins et al. (2003) e Nogueira et al. (2006), os quais afirmam
que a aplicação de doses de lodo de esgoto proporcionou aumento nos teores e no
fornecimento de nutrientes disponíveis à planta, além do incrementos na produção de matéria
seca da parte aérea.

Lemaisk e Silva (2006) também constataram, em experimento com milho, que a adubação
com lodo de esgoto foi em média 21% mais eficiente do que a efetuada com fertilizante
mineral. No presente estudo, ocorreu aumento médio de 60% na produtividade do capim-
tifton com adubação do LSAC 10 - 15 cm, em relação à dose zero (SC).

76
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Os lodos gerados pós tratamento anaeróbio (LTS, LDA e LRU) proporcionaram menores
produtividades de matéria seca que os resíduos tratados no SAC-EV, demonstrando que o
resíduo removido de SACs-EV disponibiliza maior quantidade de nutrientes para as plantas
que os outros resíduos.

Resultados expressivos com aplicação do lodo de esgoto também têm sido encontrados
quando utilizados na adubação de outras culturas. Silva et al. (2002) constataram que, durante
três anos consecutivos, o lodo de esgoto aplicado no solo forneceu quantidades suficientes de
nutrientes para a cultura do milho, além de ser mais eficiente que a adubação mineral. Por
outro lado, Nogueira et al. (2006), em solo semelhante ao utilizado no presente experimento,
não observaram aumentos de produtividade na cultura do milho e feijão consorciados e
adubados como lodo de esgoto e diferentes formas de adubação química.

Além de melhorias nas condições químicas no meio, pode-se suspeitar que a melhoria nas
propriedades físicas também possa ter sido fator contribuinte para que se obtivesse maiores
produtividades do capim. Os resultados de diversos trabalhos indicam melhoria na qualidade
física do solo com a aplicação de lodo de esgoto (ALVES et al., 2007; GARCÍA-ORENES et
al., 2005). Segundo Meurer (2007), os dois fatores de natureza física (estrutura e textura)
podem influenciar acentuadamente no crescimento das plantas, e os lodos podem alterar a
estrutura do solo. Ainda assim, acredita-se que a maior retenção de água tenha sido o fator
físico de maior influência nos resultados.

77
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
6 CONCLUSÕES

 A degradabilidade da matéria orgânica dos materiais orgânicos é dependente do processo


de tratamento e da intensidade dos processos biológicos a que foram submetidos os
materiais orgânicos em análise;

 O armazenamento/tratamento do lodo sanitário no sistema alagado construído de


escoamento vertical proporcionou a obtenção de material mais estabilizado
bioquimicamente, que foi tanto maior quanto maior foi a profundidade de coleta do
resíduo;

 Dentre as formas de obtenção do valor de fração de mineralização, a de cálculo da razão


entre a massa mineralizada e a massa potencialmente mineralizável, estimada utilizando-se
as equações ajustadas do modelo de decaimento de cinética de duas fases, foi a que gerou
resultados mais confiáveis;

 Em condições de campo, a degradação da matéria orgânica ocorreu em taxas maiores que


as observadas em ensaio respirométrico, em condições controladas de laboratório;

 As frações mineralizadas do material orgânico, considerando-se os valores de carbono


orgânico mineralizado, carbono orgânico facilmente oxidável mineralizado e nitrogênio
orgânico mineralizado, estimados aos 365 dias de degradação em condições de campo,
foram consideravelmente superiores aos estabelecidos na Resolução CONAMA 375/2006
para esses resíduos;

 Os valores das frações mineralizadas quantificadas no ensaio de respirometria foram, de


forma geral, pouco influenciadas pela dose de nitrogênio total aplicada via lodo, embora a
maior dose (600 kg ha-1 ano-1) de nitrogênio total tenha indicado tendência de prejuízo à
degradabilidade do material orgânico;

 A incorporação dos materiais orgânicos ao solo concorreu para que houvesse aumento de
até 15,8 vezes na produtividade do capim-tifton 85, em relação ao controle (sem
adubação), estando o resíduo de sistema alagado construído de escoamento vertical entre
os que proporcionaram os maiores valores;

 Com base nos resultados obtidos para as frações de mineralização e no histórico


operacional do sistema alagado construído de escoamento vertical, verificou-se que o
tempo de permanência do resíduo orgânico de tanque séptico nos sistemas alagados
construídos de escoamento vertical deva ser mais de 1 ano e pode, eventualmente,
78
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ultrapassar mais tempo, tendo em vista que, nesse período, o material atinge maior
estabilização mas ainda mantém seu valor como fertilizante agrícola.

79
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
7 RECOMENDAÇÕES

Portanto, recomenda-se a realização de estudos de campo com a aplicação de resíduos


orgânicos incorporado ao solo, que permitam levantar informações para a determinação da
melhor taxa de aplicação e seu potencial de mineralização no solo.

Também se recomenda a exploração de outras variáveis a serem incluídas na determinação da


mineralização dos resíduos orgânicos no solo, que contemplem as condições climáticas e suas
interferências no processo de mineralização em condições de campo, assim como análises de
metais pesados e lixiviação de nutrientes no perfil do solo.

Recomenda-se a avaliação da taxa de mineralização do nitrogênio em diferentes tipos de


solos, resíduos, e doses, a fim de constituir um banco de dados que auxiliem em uma possível
revisão dos atuais valores da legislação.

Estudos a longo prazo com uso de resíduos orgânicos de esgoto devem ser conduzidos de
modo a averiguar com segurança a possível construção da fertilidade de solos tropicais com
uso de lodo de esgoto.

80
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
8 REFERÊNCIAS

ALCÂNTARA, M. A. K.; AQUINO NETO, V.; CAMARGO, O. A.; CANTARELLA, H.


Mineralização do nitrogênio em solos tratados com lodos de curtume. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 42, p. 547-555, 2007.

ALEXANDER, M. I. H. Introduction to soil microbiology. 4ª edição, New York, John Wiley,


1967. 472p.

ALVES, M. C.; SUZUKI, L. G. A.; SUZUKI, E. A. S. Densidade do solo e infiltração de


água como indicadores da qualidade física de um Latossolo vermelho distrófico em
recuperação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 31, n. 4, p. 617-625, 2007.

ANDRADE, C. A.; OLIVEIRA, C.; CERRI, C. Cinética de degradação da matéria orgânica


de biossólidos após aplicação no solo e relação com a composição química inicial.
Bragantina, Campinas, v. 65, p. 803-816, 2006.

ANDRADE, C. A.; SILVA, L. F. M.; COSCIONE, A. R. Mineralização do carbono e do


nitrogênio no solo após sucessivas aplicações de lodo de esgoto. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 45, p. 536-544, 2013.

ANDRADE, M. C.; LIMA, A. S. T.; MELO, W. J.; SANTOS, E. J.; HERRMANN, A. B.


Elementos-traço em dois latossolos após aplicações anuais de lodo de esgoto por treze anos.
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 35, n. 1, p. 135-148, 2014.

ANDRADE, C. F. Avaliação do tratamento do lodo de caminhões limpa-fossa e do percolado


em sistemas alagados construídos de escoamento vertical. 2015. 122 f. Dissertação (Mestrado
em saneamento, meio ambiente e recursos hídricos) – Programa de Pós-Graduação em
Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG.

ANDREOLI, C. V.; BONNET, B. R. P.; LARA, A. I.; WOLTER, F. R. Proposição de plano


de monitoramento da reciclagem agrícola do lodo de esgoto no Estado do Paraná. In: 9 O
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 1997.
(Anais...) Foz do Iguaçu: ABES, 1997. p. 232-246.

ANDREOLI, C. V.; LARA, A. I.; ILHENFELD, R. G. K. Uso e manejo do lodo de esgoto na


agricultura. Rio de Janeiro: PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, 1999.
97p.

ANDREOLI, C. V.; FRANÇA, M.; FERREIRA, A. C.; CHERUBINI, C. Desinfecção e


secagem térmica de lodo de esgoto anaeróbio pelo uso de biogás. In: XXVIII CONGRESSO
INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL, 2002, Cancún.
(Anais...) Cancún: AIDIS, 2002. CD-Rom

ANDREOLI, C. V.; PEGORINI, E. S.; FERNANDES, F. Disposição do lodo no solo. In:


ANDREOLI, C. V.; VON SPERLING, M.; FERNANDES, F. (Eds.). Lodo de esgotos:
tratamento e disposição final. 2ª edição, Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. cap. 8, p. 317
– 392.

81
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: ENP Consultoria e Comércio/Argos.
2008. 392 p.

ARAUJO, F. F.; GIL, F. C. TITITAN, C. S. Lodo de esgoto na fertilidade do solo, na nutrição


de brachiaria decumbens e na atividade da desidrogenase. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.
39, p. e-6, 2009.

ASIK, B. B.; AYDINALP, C.; KATKAT, A, V.; SAGBAN, F. O. T. Effect of the application
of various wastewater sludges on the properties of sandy soil. EnvironMonit Asses, v.187, n.
30, p. 1-11, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Resíduos em solos –


determinação da biodegradação pelo método respirométrico (NBR 14283), Rio de Janeiro:
ABNT, 1999.

BASSO, C. J.; CERETTA, C. A.; PAVINATTO, P. S.; SILVEIRA, M. J. Perdas de


nitrogênio de dejeto líquido de suínos por volatilização de amônia. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 34, n. 6, p. 1775-1780, 2004.

BERTONCINI, E. I. Comportamento de Cd, Cr, Cu, Ni e Zn em Latossolo sucessivamente


tratados com biossólido: extração sequencial, fitodisponibilidade e caracterização de
substâncias húmicas. Piracicaba, 2002. 195 p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz", Univeresidade de São Paulo.

BETTIOL, W.; CARVALHO, P. C. T.; FRANCO, B. J. D. C. Utilização do lodo de esgoto


como fertilizante. O Solo, Piracicaba, v. 75, n. 1, p. 44-54, 1983.

BETTIOL, W.; CAMARGO, O. Lodo de esgoto: impactos ambientais na agricultura. 1ª


edição, Embrapa Meio Ambiente, 2006. 349p.

BOEIRA, R. C.; LIGO, M. A. V.; DYNIA, J. F. Mineralização de nitrogênio em solo tropical


tratado com lodos de esgoto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, p. 1639-1647,
2002.

BOEIRA, R. C.; MAXIMILIANO, V. C. B. Mineralização de compostos nitrogenados de


lodo de esgoto na quinta aplicação em Latossolo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33,
p.711-722, 2009.

BOEIRA, R.C.; MAXIMILIANO, V.C.B. Mineralização de compostos nitrogenados de lodo


de esgoto na quinta aplicação em Latossolo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33,
p.711-722, 2011.

BOYD, S. A.; SOMMERS, L. E.; NELSON, D. W. Changes in the humic acid fraction fo soil
resulting from sludge application. Soil Science Society of America Journal, v. 44, p. 1179-
1186, 1980.

BOYLE, M.; PAUL, E. A. Carbon and nitrogen mineralization kinetics in soil proviously
amended with sewage sludge. Soil Sci. Am. J. v. 53, n. p. 99-103, 1989.

Brasil. Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. Resolução N° 375, de 29 de ago.


2006. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 de ago. 2006. Seção 1. p.141-6, 2006.
82
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Instrução Normativa
27, de 05 de junho de 2006. Dispõe sobre fertilizantes, corretivos, inoculantes e
biofertilizantes, para serem produzidos, importados ou comercializados, deverão atender aos
limites estabelecidos nos Anexos I, II, III, IV e V desta Instrução Normativa no que se refere
as concentrações máximas admitidas para agentes fitotóxicos, patogênicos ao homem,
animais e plantas, metais pesados tóxicos, pragas e ervas daninhas. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 09 de junho de 2006. Seção 1, p. 15.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Instrução Normativa


N° 25, de 23 de julho de 2009. Aprova as Normas sobre as especificações e as garantias, as
tolerâncias, o registro, a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos,
compostos, organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 28 de julho de 2009, Seção 1, p. 20.

BRASIL. Lei 12.305. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a lei 9.605, de
12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 de
agosto de 2010, p. 2.

BRASIL. Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento-SNIS. Diagnóstico dos


serviços de água e esgoto. Brasília, DF, 2014.

BUENO, J. R. P.; BERTON, R. S.; SILVEIRA, A. P. D.; CHIBA, M. K.; ANDRADE, C. A.;
DE MARIA, I. C. Chemical and microbiological attributes of an Oxisol treated with sucessive
applications of sewage sludge. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, p.1416-1470,
2011.

CAMARGO, F. A. O.; GIANELLO, C.; VIDOR, C. Potencial de mineralização do nitrogênio


em solos do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 21, p. 575-580,
1997.

CAS, V. L. S. Mineralização do carbono e do nitrogênio no solo com o uso de lodo de esgoto


e palha de aveia. 2009. 69 f. Dissertação (mestrado em Ciência do Solo) - Programa de Pós
Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, RS.

CASTELLANOS, J. Z; PRAT, P. F. Mineralization of manure nitrogen—Correlation with


laboratory indexes. Soil Sci. Soc. Amer. J. v. 45, p. 354–357, 1981.

CHERNICHARO, C. A. L. Reatores anaeróbios. 2ª edição, Belo Horizonte: Editora UFMG,


2007. 379 p.

COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Solos:


determinação de biodegradação de resíduos: método respirométrico de Bartha (Norma
L6.530). São Paulo: Cetesb, 1999.

COUNCIL OF THE EUROPEAN COMMUNITIES – CEC, Council Directive 86/278/EEC


of 12 June 1986 on the protection of the environment, and in particular of the soil, when
sewage sludge is used in agriculture, 1986.

CORRÊA, R. S.; WHITE, R. E.; WEATHERLEY, A. J. Effect of compost treatement of


sewage sludge on nitrogen behavior in two soils. Waste Manage. v. 26, p. 614-619, 2012.

83
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
COSCIONE, A. R.; CEOLATO, L. C. Análise química de resíduos sólidos para
monitoramento e estudos agroambientais. 1ª edição, Campinas: Instituto Agronômico, 2006.
178 p.

COSTA, V. L.; MARIA, I. C.; CAMARGO, O. A.; GREGO, C. R.; MELO, L. C. A.


Distribuição espacial de fósforo tratado com lodo de esgoto e adubação mineral. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 18, p. 287-293, 2014.

DELARMELINA, W. M.; CALDEIRA, M. V. W.; FARIA, J. C. T.; GONÇALVES, E. de O.


Uso de lodo de esgoto e resíduos orgânicos no crescimento de mudas de Sesbania
virgata (Cav.) Pers. Revista Agro@mbiente On-line, Boa Vista, v. 7, n. 2, p. 184-192, 2013.

DERPSCH, R.; ROTH, C. H.; SIDIRAS, N. KOPKE, U.; KRAUSE, R.; BLANKEN, J.
Controle da erosão no Paraná, Brasil: sistemas de cobertura do solo, plantio direto e preparo
conservacionista do solo. Eschborn: GTZ. 1991.

DINIZ, I. C. C. Taxa de degradação do material orgânico de lodo de esgoto sanitário no solo.


2014. 86 f. Dissertação (mestrado em Engenharia Agrícola) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa - UFV.

DINIZ,I. C. C.; MATOS, A. T.; BORGES, A. C.; AQUINO, J. M. G.; MATOS, M. P.


Degradation of sewage sludge compost disposed on the soil. Engenharia Agrícola. v. 36, n. 5,
p. 822-829, 2016.

DOSSA, E. L,; KHOUMA, M.; DIEDHIOU, I.; SENE, M.; KIZITO, F.; BADIANE, A. N.;
SAMBA, S. A. N.; DICK, R. P. Carbon, nitrogen and phosphorus mineralization potential of
semiarid Sahelian soils amended with native shrub residues. Geoderma, v. 148, p. 251-260,
2008.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos
de análise de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, 1997. p. 212 p.

EPA. Environmental Protection Agency - Environmental Regulations and Technology –


Control Of Pathogens and Vector Attraction in Sewage Sludge, under 40 CFR part 503. Ohio,
1992. 152 p.

EPA. Environmental Protection Agency - Environmental Regulations and Technology –


Sludge treatment and disposal: Management approaches and Experiences. 1997. 53 p.

EPSTEIN, E.; TAYLOR, J. M.; CHANEY, R. L. Effects of sewage sludge compost applied to
soil on some soil physical and chemical properties. Journal Environment Quality, Madison, v.
7, p. 217-222, 1978.

ERTHAL, V. J. T.; FERREIRA, P. A.; MATOS, A. T. de; PEREIRA, O. G. Alterações


físicas e químicas de um Argissolo pela aplicação de água residuária de bovinocultura.
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 14, n. 5, p. 467-
477, 2010.

FAGERIA, N. K.; MOREIRA, A.; COELHO, A. M.; Yeld and yeld decomponents of upland
rice as influenced by nitrogen sources. Journal of Plant Nutrition, v. 34, p. 361-370, 2011.

84
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
FERNANDES, S. A. P.; BETTIOL, W.; CERRI, C. C. Effect of sewage sludge on microbial
biomass, basal respiration, metabolic quotient and soil enzymatic activity. Applied Soil
Ecology, v.30, p.65-77, 2005.

FERREIRA, A. O.; MORAES SÁ, J. C.; HARMS, M. G.; MIARA, S.; BRIEDIS, C.;
NETTO, C. Q.; SANTOS, J. B.; CANALLI, L. B. Carbon balance and crop residue
management in dynamic equilibrium under a no-till system in camposgerais. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v. 36, p. 1583-1590, 2012.

FIGUEIREDO, C. C.; RAMOS, M. L. G.; MCMANUS, C. M.; MENEZES, A. M.


Mineralização de esterco de ovinos e sua influência na produção de alface. Horticultura
Brasileira, Vitória da Conquista, v.30, n.1, p.175-179, 2012.

FONTAINE, S.; MARIOTTI, A.; ABBADIE, L. The priming effect of organic matter: a
question of microbial competition? Soil Biol Biochem. v. 35, p. 837-843, 2003.

FURTADO, D. F. C. Caracterização de lodo de tanque séptico e tratamento em filtros


plantados com macrófitas. 2012. 101 f. Dissertação (mestrado em Engenharia Ambiental) -
Programa de Pós Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Santa
Catarina.

GAGNON, V.; CHAZARENC, F.; KOIV, M.; BRISSON, J. Effect of plant species on water
quality at the outlet of a sludge treatment wetland. Water Research. v. 46, p. 5305-5315, 2012.

GARCIA-ORENES, F.; GUERREIRO, C.; MATAIXSOLERA, J.; NAVARRO-PEDRENO,


J.; COMEZ, I.; MATAIX-BENEYTO, J. Factors controlling the aggregate stability and bulk
density in two different soils amended with biosolids. Soils & Tillage Research, Amsterdam,
v. 82, n. 1, p. 65-76, 2005.

GIACOMINI, S. J.; SIMON, V. L. G.; AITA, C.; BASTOS, L. M.; WEILER, D. A.; REDIM,
M. Carbon and nitrogen mineralization in soil combining sewage sludge and straw.
RevistaBrasileira de Ciência do Solo, v. 59, p. 1428-1435, 2015.

GICHANGI, E. M.; MNKENI, P. N. S.; MUCHAONYERWA, P. Evaluation of the heary


metal immobilization potencial of pine bark-based composts. Journal of Plant Nutrition, New
York, v. 35, p. 1853-1865, 2012.

HANCOCK, D.W.; EDWARDS, N.R.; GREEN, T.W. Selecting a forage bermudagrass


variety. University of Georgia, Cooperative Extension Colleges of Agricultural and
Envirommental Sciences. (Circular 919), 2010.

HATTORI, H.; MUKAI, S. Decomposition of sewage sludges in soil as affected by


their organic matter composition. Soil Science andPlantNutrition, v. 32, n. 3, p. 421-432,
1986.

HSIEH, Y. P.; LOWELL, A. D.; MOTTO, H. M. Modeling sewage sludge decomposition in


soil: I transformation. J Environ Qual., v. 10, p. 54-64, 1981.

HUTCHISON, C. M. W.; WALWORTH, J. L. Evaluating the effects of gross nitrogen


mineralization, immobilization, and nitrification on nitrogen fertilizer availability in soil
experimentally contaminated with diesel. Biodegradation, v. 18, p. 133-144, 2007.
85
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
INOBUSCHI, K.; WADA, H.; TAKAI, Y. Easily decompodable organic matter in paddy soil.
VI. Kinetics of nitrogen mineralization in submerged soils. Soil Sci. Plant Nutrition, Tokyo,
v. 4, p. 563-572, 1985.

INTITUTO NACIONAL DE METEREOLOGIA - INMET. Disponível em:


<www.inmet.gov.br>. Acessoem: 27 janeiro de 2017.

KORCAK, R. F.; Effects of applied sewage sludge compost and fluidized material on apple
seedling growth. Comm. Soil Science and Plant Analysis, v. 11, p. 571-585, 1980.

LARA, A. I. Antecedentes. In: ANDREOLI, C. V.; LARA, A I.; FERNANDES, F.


Reciclagem de Biossólidos, transformando problemas em soluções. 2ª edição, Curitiba:
FINEP; SANEPAR, 2001. p.14-19.

LATHAM, J. L. Cinética elementar de reação. São Paulo: Editora Blucher, 1974. 112 p.

LERCH, R. N.; AZARI, P.; BARBARICK, K. A.; SOMMERS, L. E.; WESTFALL, D. G.


Sewage sludge proteins II: extract characterization. Jornal ofEnviromentalQuality, Madison,
v. 22, n. 3, p. 625-629, 1993.

LI, H.; HAN, Y.; CAI, Z. Nitrogen mineralization in paddy sois of the Taihu region of China
under anaerobic conditrins: dynamic and model fitting. Geoderma, v. 115, p. 161-175, 2003.

LOBO, T. F. Manejo de lodo de esgoto em rotações de culturas no sistema de plantio direto.


198 p. Tese (Doutorado na área de Agronomia - Agricultura) - Faculdade de Ciências
Agronômica, Universidade de São Paulo, Botucatu, 2010.

LOPES, R. T. Caracterização do esgoto sanitário e lodo proveniente de reator anaeróbio e de


lagoas de estabilização para avaliação da eficiência na remoção de contaminantes. 2015. 112
f. Dissertação (mestrado em tecnologias ambientais) - Programa de Pós-Graduação em
Tecnologias Ambientais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

LORENZ, K.; LAL, R. Biogeochemical C and N cycles in urban soils. Environ Int. v. 35, p.
1-8, 2009.

MACHADO, M. F. S.; FIGUEIREDO, R. F.; CORAUCCI FILHO, B. Produção brasileira de


lodos de esgotos. Sanare, v. 22, n. 22, p. 66-74, 2004.

MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: Agronômica Ceres,


1980. 319p.

MARIANO, E.; TRIVELIN, P. C. O.; LEITE, J. M.; MEGDA, M. X. V.; OTTO, R.;
FRANCO, H. C. K. Incubation methods for assessing mineralizable nitrogen in soils under
sugarcane. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 37, p. 450-461, 2013.

MARTINES, A. M.; ANDRADE, C. A.; CARDOSO, E. B. N. Mineralização do carbono


orgânico em solos tratados com lodo de curtume. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, p.
1149-1155, 2006.

86
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
MARTINS, A. L. C.; BATAGLIA, O. C.; CAMARGO, O. A.; CANTARELLA, H. Produção
de grãos e absorção de Cu, Fe, Mn e Zn pelo milho em solo adubado com lodo de esgoto, com
e sem calcário. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, p. 563-574, 2003.

MATAMOROS, V.; NGUYEN, L. X.; ARIAS, C. A.; NIELSEN, S.; LAUGEN, M. M.;
BRIX, H. Musk fragrances, DEHP and heavy metals in a 20 years old sludge treatment reed
bed system. Water Research v. 46, p. 3889–3896, 2012.

MATOS, A. T.; SEDIYAMA, M. A. N.; FREITAS, S. P.; VIDIGAL, S. M.; GARCIA, N. C.


P. Características químicas e microbiológicas do solo influenciadas pela aplicação de dejeto
líquido de suínos. Revista Ceres, Viçosa, v. 44, n. 254, p. 399-410, 1997.

MATOS, A. T.; DE CARVALHO, A. L.; AZEVEDO, I. C. D’A. Viabilidade do


aproveitamento agrícola de percolados de resíduos sólidos urbanos, Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 12, n. 4, p. 435–440, 2008.

MATOS, A.T. Qualidade do meio físico ambiental: Práticas de laboratório. Viçosa, MG,
Universidade Federal de Viçosa, 2012. 150p.

MATOS, A. T. de; SILVA, D. de F.; LO MONACO, P. A. V.; PEREIRA, O. G.


Produtividade e composição química do capim-Tifton 85 submetido a diferentes taxas de
aplicação do percolado de resíduo sólido urbano. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 33, n.
1, p. 188-200, 2013.

MATOS, A. T. Tratamento e aproveitamento agrícola de resíduos sólidos. Viçosa, MG:


edição UFV, 2014. 141 p.

MATOS, A. T. Manual de análise de resíduos sólidos e águas residuárias. edição UFV,


Viçosa, MG, 2015.149p.

MATTHEWS, P. J. Sewage sludge disposal in the UK: A new challenge for the next
twenty years. Journal of the Institution of Water Environmental Management, v. 6, p. 551-
559, 1992.

MATTIAZZO, M. E.; BARRETO, M. C. V.; RODELLA, A. A. Organic matter kinectis


mineralization in soils amended with four diferente organic wastes. In: CONGRESS
MONDIAL DE SCIENCE DU SOL, 16., Montpellier, 1998. (Actes …) Montpellier: ISSS,
1998. CD-ROM

MELO, W. J.; MARQUES, M. O. Potencial do lodo de esgoto como fonte de nutrientes para
as plantas. In: BETTIOL, W.; CAMARGO, O. A. Impacto ambiental do uso agrícola de lodo
de esgoto. 1ª edição. Jaguariúna: EMBRAPA Meio Ambiente, 2000. cap. 5, p. 109-142.

MEURER, E. J. Fundamentos de química do solo. 3ª edição. Porto Alegre: Evangraf, 2006.


285 p.

MILIEU; WRc; RPA. Environmental, economic and social impacts of the use of sewage
sludge on land. Final Report. Part I: Overview Report. Milieu Ltd, WRc and Policy Analysts
Ltd (RPA) for the European Commission, DG Environment under Study Contract DG ENV.
G.4/ETU/2008/0076r.Brussels,p.16,2010.Disponívelem:<http://ec.europa.eu/environment/was
te/sludge/pdf/part_i_report.pdf>.Acesso em: 01/02/2017.
87
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. Lavras: UFLA,
2006, 729 p.

MORETTI, S. M. L.; BERTONCINI, E. I.; JUNIOR, C. H. A. Decomposição de lodo de


esgoto e composto de lodo de esgoto em nitossolo háplico. Revista Brasileira de Ciência do
Solo, v. 39, p.1796-1805, 2015.

NASCIMENTO, C. W. A. et al. Alterações químicas em solos e crescimento de milho e


feijoeiro após aplicação de lodo de esgoto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa,
MG, v. 28, n. 2, p. 385-392, 2004.

NAZÁRIO, A. A.; Giovanni, O. G.; Edvaldo F. R.; Eduardo, S. M.; José, G. B. M. Acúmulo
de nutrientes por forrageiras cultivadas em sistema de escoamento superficial para tratamento
de esgoto doméstico. Revista Ambiente & Água, v. 9, n. 1, p. 97-108, 2013.

NIELSEN, S.; COOPER, D. J. Dewatering sludge originating in water treatment works inreed
bed systems. Water Science and Technology, v. 64, n. 2, p. 361–366, 2011.

NIELSEN, S.; LARSEN, J. D. Operational strategy, economic and environmental


performance of sludge treatment reed bed systems-bases on 28 years of experience. Water
Science e Technology, v. 74, n.8, p. 1793-1799, 2016.

NOGUEIRA, T. A. R.; SAMPAIO, R. A.; FERREIRA, C. S.; FONSECA, I. M.


Produtividade de milho e de feijão consorciados adubados com diferentes formas de lodo de
esgoto. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, p.122-131, 2006.

OLIVEIRA, J.B.; JACOMINE, P.K.T.; CAMARGO, M.N. Classes gerais de solos do Brasil:
guia auxiliar para seu reconhecimento. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 201p.

OUTWATER, A. B. Reuse of sludge and minon wastwater residuals. Boca Ratton, Flórida:
Lewis Plublishers,, 1994. 179p.

OUTWATER, J. F. Projetos agropecuários: administração financeira, orçamento e viabilidade


econômica. São Paulo, Atlas, 2ª edição, 1987, p. 179.

PATERSON, E.; SIM, A.; Soil-specific response functions of organic matter mineralization to
the availability of labile carbon. Global Change Biology, v.19, p. 1562-1571, 2013.

PAULA, J. R; MATOS, A. T; MATOS, M. P; PEREIRA, M. S; ANDRADE, C. A.


Mineralização do carbono e nitrogênio de resíduos aplicados ao solo em campo. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v.37, p.1729-1741, 2013.

PAZ-FERREIRO, J.; GASCÓ, G.; GUTIERREZ, B.; MÉNDEZ, A. Soil activities and the
geometric mean of enzyme activities after application of sewage sludge and sewage sludge
biochar to soil, Biol. Fert. Soils, v. 48,p. 512–517, 2012.

PEREIRA NETO, J. T. Conceito modernos de compostagem. Revista de Engenharia


Sanitária. v. 28, p. 104-109, 1989.

88
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
PEREIRA, J. M. Predição do nitrogênio mineralizado em latossolo pelo uso de modelos não
lineares. 2004. 82 p. Dissertação (Mestrado em Estatística e Experimentação Agropecuária) -
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

PEREIRA, M. G.; MATOS, A. T.; BORGES, C. A.; NUNES, M. F. Mineralização do resíduo


da pupunheira em condições de campo e laboratório. Engenharia Agrícola. v. 35, n. 5, p. 918-
930, 2015.

PERUZZI, E.; NIELSEN, S.; MACCI, C.; DONI, S.; JANNELLI, R.; CHIARUGI, M.;
MASCIANDARO, G. Organic matter stabilization in reed bed systems: Danish and Italian
examples. Water Science and Technology, v. 68, n. 8, p. 1888-1894, 2013.

PHILIPPI, L. S. Funcionamento de fossas sépticas em condições reais: volume e acumulação


de lodo. In: (Anais...) ABES, 17º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,
Natal. p.633-642, 1993.

PIRES, A. M. M.; ANDRADE, C. A.; MATTIAZZO, M. E. Degradação da carga orgânica,


condutividade elétrica e pH de um Latossolo tratado com biossólido incorporado ou em
superfície (compact disc). In: FERTIBIO, Rio de Janeiro, 2002. (Anais ...). Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, 2002. CD-ROM

RAIJ, B. van; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Análise química


para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 285p.

REIS, C. T.; RODELLA, A. A. Cinética de degradação da matéria orgânica e variação do pH


do solo sob diferentes temperaturas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26, p. 619-626,
2002.

RIBEIRO, A. M. M.; GUIMARÃES, P. T.; ALVAREZ V. H. Recomendações para o uso de


corretivos e fertilizantes para o Estado de Minas Gerais. 5ª aproximação. Viçosa, MG,
CFSEMG, 1999. 359p.

RODELLA, A. A.; ZAMBELLO, E.; ORLANDO FILHO, E. Effects of vinasse added to soil
on pH and exchangeable aluminum content. In: Congress of international society of sugar
cane technologists, v. 17, p. 237-245, 1983.

RODELLA, A. A.; SABOYA, L. V. Calibration for conductimetric determination of carbon


dioxide. Soil Biology & Biochemistry, v.31, p. 2059-2060, 1999.

ROIG, N.; SIERRA, J.; MARTI, E.; NADAL, M. SCHUHAHCER, M.; DOMINGO, J. L.
Long-term amendment of Spanish soils with sewage sludge: Effect on soil functioning. Agric.
Ecosystem Environ. v. 158, p. 41-48, 2012.

RUBIO-LOZA, L.A.; NOYOLA, A. Two-phase (acidogenic–methanogenic) anaerobic


thermophilic/mesophilic digestion system for producing Class A biosolids from municipal
sludge. Bioresource Technology, v. 101, p. 576-585, 2010.

SAMPAIO, A. Afinal, queremos ou não viabilizar o uso agrícola do lodo produzido em


estações de esgoto sanitário? Uma avaliação crítica da Resolução CONAMA 375. Revista
DAE, São Paulo, n. 193, p. 16-27, 2013.

89
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
SANTOS, D. S.; ANDRADE, C. A.; MATTIAZZO, M. E. Degradação da fração orgânica de
lodos de esgoto após aplicação no solo (compact disc). In: FERTIBIO, Rio de Janeiro, 2002.
(Anais ...). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002. CD-ROM

SAUVESTY, A,; PAGE, F.; HOUT, J. A Simple method for extracting plant phenolic
compounds. Canadian Journal Forest Research, Otawa, v. 22, p. 654-659, 1992.

SILVA, C. A.; VALE, F. R.; ANDERSON, S. J.; KOBAL, A. R. Mineralização de nitrogênio


e enxofre em solos brasileiros sob influência da calagem e fósforo. Pesquisa agropecuária
brasileira, Brasília, v.34, n.9, p.1679-1689, 1999.

SILVA, J. E.; RESCK, D. V. S.; SHARMA, R. D. Alternativa agronômica para o biossólido


produzido no Distrito Federal. I. Efeito na produção de milho e na adição de metais pesados
em Latossolo no Cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 26, n. 2, p. 487-495, 2002.

SILVA, L. S.; RHODEN, A. C.; POCOJESKI, E.; CAMARGO, F. A. O.; BENEDETTI, E. L.


B. Modelos matemáticos para a estimativa do potencial de mineralização anaeróbia do
nitrogênio em solos de várzea do rio grande do sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo. v.
32, p. 1513-1520, 2008.

SILVA, D. F.; MATOS, A. T.; PEREIRA, O. G.; CECON, P. R.; MOREIRA, D. A.


Disponibilidade de sódio em solo com capim tifton e aplicação de percolado de resíduo
sólido. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, n. 10, p. 1094-1100,
2010.

SILVA, D. F.; MATOS, A. T.; PEREIRA, O. G.; CECON, P. R.; BATISTA, R. O.;
MOREIRA, D. A. Alteração química de solo cultivado com capim Tifton 85 (Cynodon spp.)
e fertirrigado com percolado de resíduo sólido urbano. Acta Scientiarum. Technology,
Maringá, v. 33, n. 3, p. 243-251, 2011.

SILVA, S. M. C. P. da; FERNANDES, F.; SOCCOL, V. T.; MORITA, D. M. Principais


contaminantes do lodo. In: ANDREOLI, C. V.; VON SPERLING, M.; FERNANDES, F.
Lodo de esgotos: tratamento e disposição final. 2ª edição, Belo Horizonte: Editora UFMG,
2014. cap. 3, p. 67 - 107.

SOMMERS, L. E. Chemical composition of sewage sludges and analysis of their potential


use as fertilizer. Journal of Environmental Quality, v. 6, n. 2, p. 225-232, 1997.

SORIANO-DISLA, I.; GÓMEZ, I.; NAVARRO-PEDRENO, J. The influence of soil


properties on the mobility of metais following a single application of polluted sewage sludge
to seventy agricultural topsoils: a laboratory column study. Soil and Sediment Contamination,
v. 20, p. 961-976, 2011.

SOUZA, J. A. A. et al. Efeitos da fertirrigação com água residuária de origem urbana sobre a
produtividade do cafeeiro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina
Grande, v. 9, p. 128-132, 2005.

STANDFORD, G.; SMITH, S. J. Nitrogen mineralization potential of soils. Soil Sci. Soc. Am.
Proc., Madison, v.36, p. 465-472, 1972.

90
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
STEFANAKIS, A. I.; TSIHRINTZIS, V. A. Dewatering mechanisms in pilot-scale Sludge
Drying Reed Beds: Effect of design and operational parameters.
ChemicalEngineeringJournal, v. 172. 2011b.

STEFANAKIS, A. I.; AKRATOS, C. S.; TSIHRINTZIS, V. A. Effect of wastewater step-


feeding on removal efficiency of pilot-scale horizontal subsurface flow constructed wetlands.
Ecological Engineering, v. 37, n. 3, p. 431-443, 2011a.

STEFANAKIS, A. I.; TSIHRINTZIS, V. A. Dewatering mechanisms in pilot-scale Sludge


Drying Reed Beds: Effect of design and operational parameters. Chemical Engineering
Journal, v. 172, 2012a.

STEFANAKIS, A. I.; TSIHRINTZIS, V. A. Heavy metal fate in pilot-scale sludge drying


reed beds under various design and operation conditions. Journal of Hazardous Materials, v.
213, n. 214, p. 393–405. 2012.

SUNTTI, C.; MAGRI, M.E.; PHILIPPI, L.S. Filtros plantados com macrófitas de fluxo
vertical aplicados na mineralização e desaguamento de lodo de tanque séptico.Engenharia
Sanitária e Ambiental, v.16, n.1, p. 63-72, 2011.

TELES, C. R.; MUNARO, C. J. CASSINI, S. T. A. Modelagem da decomposição aeróbia de


lodo de esgoto em solos com diferentes texturas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v. 13, p. 197-203, 2009.

TERRY, R. E.; NELSON, D. W.; SOMMERS, L.E. Carbon cycling during sewage sludge
decomposition in soils. Soil Sciense Society of America Journal. v. 43, p. 494-499, 1979.

TSUTIYA, M.T. Características de biossólidos gerados em estações de tratamento de esgotos.


In: TSUTIYA, M.T.; COMPARINI, J.B.; SOBRINHO, A.P.; HESPANHOL, I.;
CARVALHO, P.C.T.; MELFI, A.J. (Ed.). Biossólidos na agricultura. São Paulo: Sabesp,
2001, cap. 4, p. 89-131.

UGGETTI, E., LLORENS, E., PEDESCOLL, A., FERRER, I., CASTELLNOU, R.,
GARCÍA, J. Sludge dewatering and stabilization in drying reed beds: characterization of
three full scale systems in Catalonia, Spain. Bioresource Technology, v. 100, 2009.

UGGETTI, E.; FERRER, I.; NIELSEN, S.; ARIAS, C.; BRIX, H.; GARCIA, J.
Characteristics of biosolids from sludge treatment wetlands for agricultural reuse.
EcologicalEngineering, v. 40, p. 210–216, 2012.

USEPA - UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. 40 CFR Parts


257, 403 e 503. Final rules: Standards for the use of sewage sludge. Fed. Reg. v. 58, n. 32, p.
9248-9415, 1993.

USEPA - UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - USEPA.


Process design manual. Land application of sewage sludge and domestic septage, EPA 625/R-
95/001 – Cincinnat, Ohio, 1995.

VAN RAIJ, B.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, A. J.; FURLANI, A. M. C.


Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2ª edição, Campinas:
Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1996, 285 p.
91
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
VIELMO, H. Dejeto líquido de suínos na adubação de pastagens de Tifton 85. 2008. 94 f.
Tese. Doutorado (Agronomia) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba.

VON SPERLING, M.; ANDREOLI, C. V. Introdução. In: ANDREOLI, C. V.; SPERLING,


M. V.; FERNANDES, F. Lodos de esgotos: tratamento e disposição final. 2ª edição, Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2014. cap. 1, p. 11 - 14.

VON SPERLING, M.; GONÇALVES, R. F. Lodo de esgoto: características e produção. In:


ANDREOLI, C. V.; SPERLING, M. V.; FERNANDES, F. Lodos de esgotos: tratamento e
disposição final. 2ª edição, Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. cap. 2, p. 15 - 65.

WERNER, J. C.; PAULINO, V. T.; CANTARELLA, H.; ANDRADE, N. O.; QUAGGIO, J.


A. Forrageiras. In: RAIJ, B. Van; CANTARELA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C.
(Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas:
Fundação IAC, 1996. p. 263-274. (IAC Boletim Técnico, 100).

WONG, J. W. C.; LAI, M.; FANG, M.; MA, K. K.; Effect of sewage sludge amendment on
soil microbial activity and nutrient meneralization. Enviroment International, Elmsford, v.24,
n. 8, p. 935-943, 19998.

ZAVALLONI, C.; ALBERTI, G.; BIASIOL, S.; DELLE VEDOVE, G.; FORNASIER, F.;
LIU, J.; PERESSOTTI, A. Microbial mineralization of biochar and wheat straw mixture in
soil: a short-term study, Appl. Soil Ecol., v. 50, p. 45–51, 2011.

ZILBILSKE, L. M. Dynamics of nitrogen and carbon in soil during papermill sludge


decomposition. Soil Science. v. 143, p. 26-33, 1987.

ZIMMERMAN, A. R.; GAO, B.; AHN, M. Positive and negative carbon mineralization
priming effects among a variety of biochar amended soils, Soil Biol. Biochem, v. 43, p. 1169–
1179, 2011.

92
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG

Você também pode gostar