Mineralização de Nitrogênio - 2017
Mineralização de Nitrogênio - 2017
Mineralização de Nitrogênio - 2017
Belo Horizonte
2017
MINERALIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DE
LODO APLICADO NO SOLO E PRODUTIVIDADE DO
CAPIM-TIFTON 85
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2017
Silva, Diogo André Pinheiro da.
S586m Mineralização da matéria orgânica de lodo aplicado no solo e
produtividade do capim-tifton 85 [manuscrito] / Diogo André Pinheiro da
Silva. - 2017.
ix, 90 f., enc.: il.
Bibliografia: f. 79-90.
CDU: 628(043)
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Antonio Teixeira de Matos, pela confiança, pela disponibilidade
e por ter sido um grande apoiador e incentivador deste trabalho.
A minha esposa Andreza e meu filho Arthur, por todo amor e por sempre estarem ao meu
lado em todo o tempo.
Aos meus amigos do DESA/UFMG, pela parceria, pelo apoio nesta trajetória e pela
oportunidade de dividir muitas experiências. Especialmente à Taiana, pelo seu apoio
primordial nesta jornada e Izabelle, por toda ajuda concedida, além de todos aqueles com
quem tive maior convívio (Nicole, Iacy, Jessyca, Rodrigo, Jorge, Marcus, Lariza, Camila,
Josiane, Juscelino, Elias e Lucas).
A todos que não foram citados, mas que tiveram contribuição direta e indireta para que este
trabalho se tornasse possível, o meu mais sincero agradecimento.
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RESUMO
The objective of this work was to evaluate and quantify the organic matter mineralization of
organic waste from septic tank (LTS), anaerobic digester (LDA), UASB reactor (LRU) and
material withdrawn at different depths in the residue layer (SAC-EV), in addition to the
productivity of Tifton 85 grass, in a Red Yellow Argisol fertilized with these organic
materials, with the application rate equivalent to 300 kg ha-1 year-1 of nitrogen (NT) in the
University Federal of Minas Gerais (UFMG), and in climatic conditions controlled by the
respirometric method, at the Laboratory of Physical and Chemical of the Department of
Sanitary and Environmental Engineering (DESA), at the equivalent doses of 300 kg ha-1 year-
1
of NT and 600 kg ha-1 year-1 of NT. The different types of residues were collected at the
Sewage Treatment Plant of Ribeirão Arrudas (ETE - Arrudas) and at the Center for Research
and Training in Sanitation (CePTS - UFMG / COPASA). Among the ways of obtaining the
value of the fraction of mineralization (FM), using the adjusted equations of the kinetic decay
model of two phases, was the one that generated results that are more reliable. Thus, the FM
values of the organic material, considering the mineralized organic carbon values (COTmin),
estimated at 215 days of degradation under field conditions, were 93 to 100% in the LSAC-
EVs, 97% in the LRU and LTS and 69% in LDA; when COfo, was considered 96 to 100% in
LSAC-EVs, 99% in LRU and LTS and 83% in LDA. When considering organic nitrogen
(NO) as a reference, FM values ranged from 92 to 100% in the LSAC-EV, LDA and LTS and
87% in the LRU. The values of FM quantified in the respirometry test for the dose of
application of the organic residues equivalent to 300 kg ha-1 year-1 of NT, were 50 to 79% in
the LSAC-EVs and 53; 88 and 90% respectively in the LRU, LTS and LDA. In relation to the
dose of 600 kg ha-1 year-1 of NT, the FM values were 26 to 79% in the LSAC-EVs and close
to 100% in the other residues. In field conditions, the FM values were higher than observed
under the conditions controlled, in the laboratory. The incorporation of the residues in the soil
contributed to the increase of up to 15, 8 times in the yield of Tifton 85 grass, in relation to
the control (without fertilization). Based on the results obtained for the mineralization
fractions and in the operational history of the LSAC-EV, concluded that the time of the septic
tank sludge in the SAC-EVs should be greater than 1 year and may extend for longer, taking
since in this period the material reaches greater stabilization and still maintains its value as an
agricultural fertilizer.
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SUMÁRIO
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5.2 CONTEÚDO DE ÁGUA E TEMPERATURA EM AMOSTRAS DA MISTURA LODO SOLO ...........................44
5.3 COMPORTAMENTO DO PH NA MISTURA LODO SOLO ..........................................................................46
5.4 TEOR INICIAL E DECAIMENTO DO COT E COFO NAS MISTURAS LODO SOLO COLETADAS NAS
UNIDADES EXPERIMENTAIS ............................................................................................................................48
5.11 TAXA DE DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DOS LODOS DE ESGOTO SANITÁRIO ...................67
5.12 CINÉTICADE DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DOS LODOS DE ESGOTO SANITÁRIO
MISTURADOS COM SOLO .................................................................................................................................68
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LISTA DE FIGURAS
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Figura 5.7 - Mineralização acumulada do nitrogênio orgânico dos resíduos orgânicos
incorporados ao solo e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos durante o tempo de 215
dias de monitoramento ............................................................................................................. 62
Figura 5.8 - Quantidade de carbono emanado acumulado, na forma de CO₂ (C-CO₂), das
misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo e solo controle, durante o período de 140
dias de incubação das amostras ................................................................................................ 66
Figura 5.9 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, considerando-se a dose de 300 kg ha⁻¹ de N, no tempo de
140 dias de incubação das amostras ......................................................................................... 70
Figura 5.10 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas
resíduo orgânico-solo incorporadas ao solo, considerando-se a dose aplicada de 600 kg ha⁻¹ de
N, no tempo de 140 dias de incubação das amostras................................................................ 71
Figura 5.11 - Produtividade de matéria seca da parte aérea do capim-tifton 85 nas unidades
experimentais ............................................................................................................................ 75
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LISTA DE TABELAS
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
CO - carbono orgânico
FM - fração de mineralização
MO - matéria orgânica
NO - nitrogênio orgânico
NT - nitrogênio total
UASB - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo (Upflow Anaerobic Sludge
Blanket)
UE - União Europeia
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem aumentado o atendimento por redes de esgoto e seu respectivo
tratamento (40,8% do total gerado e 70,9% do coletado), segundo o Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS, 2014). Com o aumento no número de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) existe tendência de consequente aumento na quantidade de lodo
produzido, uma vez que, no tratamento do esgoto, objetiva-se a sua estabilização, tendo-se,
como produto final, a fase líquida (efluente) e a fase sólida (“lodo de esgoto”).
Dentre os sistemas de tratamento de esgoto doméstico, destaca-se o que utiliza tanque séptico,
por se tratar de tecnologia descentralizada, que permite o tratamento desses despejos in loco,
não necessitando de grandes redes de coleta para seu posterior tratamento. Os tanques
sépticos necessitam, no entanto, de manutenção periódica, pois o lodo acumulado no seu
interior precisa ser removido periodicamente, de forma a não comprometer o funcionamento
do sistema (PHILIPPI, 1993).
Outra tecnologia que tem sido estudada no tratamento/destinação provisória é a que se refere
à disposição do lodo em sistemas alagados construídos de escoamento vertical (SACs-EV),
também denominados “leitos de secagem plantados”, sistema de tratamento em que o lodo é
aplicado superficialmente sobre um substrato poroso e vegetado, onde, formando um resíduo
orgânico de coloração escura, rico em matéria orgânica, vai sendo acumulado
(STEFANAKIS; TSIHRINTZIS, 2012a). O material sólido disposto nesses sistemas forma
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distintas camadas, com diferentes graus de humificação e mineralização, de acordo com o
tempo de permanência no sistema.
A destinação final de lodo de esgoto sanitário no solo está fundamentada nos elevados teores
de carbono e nitrogênio contidos, além do aumento na capacidade de troca catiônica (CTC) e
da neutralização da acidez que esses resíduos orgânicos podem proporcionar ao solo
(MATOS, 2014).
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2 OBJETIVOS
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3 REVISÃO DA LITERATURA
O Brasil, nos últimos anos, tem aumentado o atendimento público por redes de coleta de
esgoto e, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2014), o
índice médio desse atendimento é de 57,6% nas áreas urbanas das cidades brasileiras,
destacando-se a região Sudeste, com média de 83,3%. No que se refere ao tratamento dos
esgotos sanitários, observa-se que o índice médio do país chegou a 40,8% do volume total
gerado e 70,9% do coletado.
Torna-se importante ressaltar que o volume de esgotos sanitários tratados, que era de 3,624
bilhões de metros cúbicos, em 2013, foi para 3,764 bilhões de metros cúbicos, em 2014,
correspondendo a um incremento de 3,9%. Com a tendência em aumentar o número de
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e, portanto, de lodo gerado, o tratamento e a
disposição final desses resíduos passou a ser um grande problema a ser gerenciado por
prestadores de serviço.
No Brasil, o lodo de esgoto tem sido disposto em aterros sanitários, sistemas que nas grandes
cidades encontram-se em processo de saturação (FERREIRA et al., 2012) e, de acordo com as
diretrizes previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, esse tipo de destinação
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deverá ser restringido, em função da existência de melhores formas de seu destino e uso
(BRASIL, 2010).
As principais características físicas e químicas do lodo de esgoto produzidos nas ETEs estão
ligadas ao tipo de esgoto afluente ao sistema de tratamento e o método de operação adotado.
Segundo von Sperling e Gonçalves (2014), a produção de lodo a ser gerado é função básica
do sistema de tratamento utilizado na fase líquida, sendo os lodos produzidos por processos
biológicos classificados em:
a) lodo primário: produzidos a partir de processos que recebem esgoto bruto nos
decantadores primários, composto pelos sólidos sedimentáveis do esgoto bruto;
b) lodo biológico e/ou lodo secundário: resultado da biomassa que cresceu às custas do
alimento fornecido pelo esgoto afluente;
De maneira genérica, pode-se considerar que o lodo gerado nos decantadores primários de
ETEs convencionais apresenta quantidades significativas de sólidos (de 3 a 7%), contendo de
60 a 80% de matéria orgânica na sua matéria seca e, nos tratamentos secundários aeróbios, o
lodo contém, tipicamente, 0,5 a 2% de sólidos, contendo 50 a 60% de matéria orgânica na sua
matéria seca (OUTWATER, 1994).
De acordo com van Raij et al. (2001), em geral, os lodos de esgoto estão desbalanceados em
termos de nutrientes, sendo pobres em potássio, tendo em vista que no processo de separação
da fração sólida do esgoto, elementos químicos mais solúveis, como esse, permanecem em
solução e são descartados com o sobrenadante tratado. Segundo Andreoli et al. (2002), os
nutrientes nitrogênio e fósforo são encontrados em maiores quantidades, enquanto os cátions,
cálcio e magnésio em menores.
Na Tabela 3.1 está apresentado um resumo da composição química no lodo gerado em cinco
ETEs do Brasil, sob diferentes sistemas de tratamento.
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Tabela 3.1 - Teores na matéria seca de nutrientes e de substâncias orgânicas e inorgânicas
em diferentes tipos de lodos produzidos no Brasil
Estação de Tratamento de Esgoto – ETE
Constituinte Unidade Jundiaí, Barueri, Pacotuba, Medianeira,
(1) (2) (3)
SP SP ES PR(4)
pH - 7,9 6,9 5,2 2,6
Teor de água dag kg-1 64,6 41,6 - 92,6
SVT dag kg-1 57,1 43 - 13,3
COT dag kg-1 27,4 27,8 16,0 27,2
NT dag kg-1 2,9 3,3 0,6 -
Fósforo g kg-1 de ST 8,2 2,9 0,4 4,3
Potássio mg kg-1 de ST 2,8 150 0,2 5,9
Cálcio g kg-1 de ST 15,7 1,3 - -
Magnésio g kg-1 de ST 1,2 0,21 - -
Manganês mg kg-1 de ST - 192 - 30
Ferro g kg-1 de ST 22,4 23,2 - -
Arsênio mg kg-1 de ST < 0,01 - < 0,5 -
Bário mg kg-1 de ST 235 - 156 -
Boro mg kg-1 de ST 231 - - -
Cádmio mg kg-1 de ST 9,0 0,1 < 0,05 -
Chumbo mg kg-1 de ST 168 107 29 40
Cobre mg kg-1 de ST 562 1024 98 103
Cromo mg kg-1 de ST 161 19 26 -
Enxofre g kg-1 de ST 20,2 - - -
Mercúrio mg kg-1 de ST < 0,01 - - -
Molibdênio mg kg-1 de ST - - 3,5 -
Níquel mg kg-1 de ST 37,1 180 11 6,9
Selênio mg kg-1 de ST < 0,01 - < 0,5 -
Zinco mg kg-1 de ST 1321 5200 409 690
(1) (2) (3) (4)
Fontes: Costa et al. (2014); Silva et al. (2014); Delarmelina et al. (2013); Lopes
(2015).
SVT: sólidos voláteis; COT: carbono orgânico total; NT: nitrogênio total.
Nota: (1)Lodo produzido na ETE de Jundiaí-SP, que opera com digestão aeróbia e
estabilização anaeróbia em lagoas de decantação, o lodo gerado é desaguado em leito de
secagem; (2)Lodo de esgoto de biodigestor; (3)Sistema de tanque séptico seguido de filtro
anaeróbio de fluxo ascendente, valores originais em mg dm-3 estimados em dag kg-1 e mg kg-1,
adotando-se a massa específica de 1.000 kg m-3; (4)Lodo produzido na ETE de Medianeira-
PR.
O lodo de esgoto sanitário, quando disposto para tratamento em SAC-EV, passa pelo processo
de desidratação, que ocorre de maneira natural, principalmente em decorrência da drenagem e
evapotranspiração da água no meio suporte que, por sua vez, são fortemente influenciadas
pelo teor de água e quantidade de sólidos totais (ST) no lodo.
A presença da vegetação pode influenciar no escoamento vertical descendente, uma vez que o
movimento de tombamento do caule das plantas, decorrente da ação do vento, pode
proporcionar fissuras na camada superficial do leito poroso, aumentando as perdas de água
por evaporação. Isto foi observado por Nielsen (2011), em relatos da presença de fendas ao
redor do caule das plantas na camada superior de um SAC-EV.
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3.3 Lodo de reator UASB
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Outros efeitos indesejáveis da aplicação de lodo de esgoto sanitário no solo são a
possibilidade de lixiviação de formas químicas mais solúveis para o subsolo e contaminar a
água subterrânea, a volatilização de gases para a atmosfera, o desbalanço de nutrientes que
pode causar a esse meio, e a introdução de agentes patogênicos ao solo. Entretanto, torna-se
importante ressaltar que, de acordo com a USEPA (1995), os patógenos introduzidos no solo
via lodo de esgoto sanitário permanecem na camada superficial do solo ou em pequenas
profundidades e o tempo de sua sobrevivência no meio vai depender das características
químicas, físicas e microbiológicas desse meio.
Ainda são escassas as informações sobre a geração e destinação do lodo de esgoto no Brasil e,
segundo Sampaio (2013), o destino do lodo da maioria das ETEs em operação é o aterro
sanitário. No entanto, a destinação agrícola vem crescendo nos últimos anos, principalmente
nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, com uma quantidade
anual destinada de, respectivamente, cerca de 8.500, 8.000 e 3.800 t ano-1 de ST.
Machado et al. (2004), com base em informações das prestadoras de serviço de saneamento
brasileiras responsáveis pelas ETEs, estimaram uma geração teórica de 151.724 t ano-1 de
lodo seco. Segundo esses autores, as informações referentes à produção real e à constituição
dos biossólidos são escassas, pois, a maioria das operadoras de tratamento de esgoto não
produzem as informações referentes ao lodo, de forma sistemática, dando enfoque somente ao
esgoto tratado.
Na União Europeia (UE), parte do lodo de esgoto, depois de adequado tratamento químico
e/ou biológico e higienização, é aplicado em áreas agrícolas para funcionar como
condicionador, melhorando as características químicas, físicas e biológicas do solo,
estimando-se que cerca de 40% do que é gerado tem tido essa destinação, conforme
apresentado na Tabela 3.3.
Embora a utilização do lodo em terras agrícolas varie muito de país para país, verifica-se
importante parcela com essa destinação final. Apesar das grandes quantidades utilizadas,
ainda assim, são relativamente pequenas, em comparação com outros fertilizantes orgânicos e
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inorgânicos, contribuindo com menos de 5% da quantidade total de adubo orgânico (de
origem animal) utilizado sendo o lodo aplicado em menos de 5% das terras agrícolas da UE.
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3.5 Uso agrícola do lodo de esgoto sanitário
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A mobilidade e disponibilidade de elementos químicos potencialmente tóxicos, como o
Cádmio, o Cromo, o Chumbo, o Níquel e Zinco, no solo, causam maior preocupação pela
frequência e concentração que podem estar presentes no lodo. Soriano-Disla et al. (2011), em
estudo para examinar a influência das propriedades de diferentes classes de solo sobre a
lixiviação de metais pesados, após uma única aplicação de lodo, encontraram que o pH do
solo foi a propriedade mais importante para controlar essa mobilidade no meio.
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Os resíduos orgânicos aplicados no solo são gradativamente transformados, podendo interagir
no processo de agregação do solo: em primeira etapa, ocorre a interação da fração mineral
com a matéria orgânica do solo (MO) humificada, formando complexos organominerais; em
segunda fase, com a inclusão de mais MO humificada e parte de MO transitória, há a
formação de microagregados; e, finalmente, os microagregados são unidos uns aos outros,
formando os macroagregados.
Segundo Araújo et al. (2009) e Lobo (2010), o nitrogênio também se destaca na composição
do lodo de esgoto, apresentando-se em concentrações relativamente altas, em média 31 g kg-1;
este aspecto é de fundamental importância, pois o cálculo da dose de lodo com base no
fornecimento de N às plantas é a forma de recomendação mais frequente utilizada (BRASIL,
2006). Durante o processo de decomposição da MO, há a mineralização do nitrogênio
orgânico nela contido em nitrogênio mineral, cuja taxa depende da recalcitrância e resistência
do material à degradação proporcionada pelos microrganismos (CAMARGO et al., 1997).
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ensaio II, as doses foram de 120, 240, 360 e 480 Mg ha-1. tendo sido observada a mesma
tendência e a maior FM foi de 25,3%, obtida para a maior dose aplicada (480 Mg ha-1).
Andrade et al. (2006) obtiveram valores de FM entre 5,4 e 27,2%, semelhantes em quatro
lodos e um composto orgânico produzido à base de lodo de esgoto de diferentes sistemas de
tratamento de esgoto, após a incorporação dos resíduos ao solo, em avaliação da
degradabilidade da MO efetuada em condições de laboratório. Boyle e Paul (1989) obtiveram
valores semelhantes em experimento sob condições controladas em laboratório, para dois
tipos de lodo e pouco dependentes das doses aplicadas, o que pode ser atribuído à constituição
do lodo de esgoto por materiais orgânicos persistentes no solo. Os valores de FM obtidos em
laboratório são, no entanto, questionados por Pereira et al. (2015), que argumentaram que as
condições impostas em laboratório não proporcionam a mesma degradabilidade obtida em
condições de campo.
Diniz (2014), ao efetuar a disposição de lodos de esgoto sanitário digerido, não digerido e
submetido a processos de compostagem e caleação, em condições de campo, nas formas
superficial ou incorporada, recomendou que os valores de FM de lodo de esgoto sanitário,
estabelecidos na Resolução CONAMA nº 375/2006, fossem revistos e sugeriu se considerar o
valor de 97%, independente da forma de disposição desse resíduo no solo.
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3.7 Dose de aplicação de lodo no solo
Os lodos devem ser aplicados de forma racional, com muita precaução, para que possa
promover algum benefício real ao sistema solo-planta; a dose de aplicação é de fundamental
importância, para que não ocorra o acúmulo de nutrientes no solo, podendo inviabilizar o
cultivo agrícola ou proporcionar a possível percolação de alguns elementos químicos no solo,
vindo a contaminar as águas subterrâneas.
De acordo com a Diretiva 86/278/EEC, a dose de aplicação no solo deve levar em conta as
necessidades nutricionais das plantas, o pH do solo e a mobilidade de substâncias inorgânicas
e a absorção pelas plantas (COUNCIL OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 1986). Nos
Estados Unidos, o órgão ambiental, United States Environmental Protection Agency (USEPA,
1993) desenvolveu normas regulamentando o uso e disposição segura de lodo de esgoto,
incluindo o uso agrícola, com a taxa de aplicação baseada no fornecimento de N à cultura
agrícola.
O Código Federal de Regulamentações, Título 40, Partes 257, 403 e 503 refere-se aos
“Critérios para a utilização e disposição de lodo de esgoto” e foi finalizada em 1993. Em
alguns países europeus define-se a dose com base na quantidade de matéria seca de lodo por
hectare ao ano (1 a 4 t ha-1 ano-1) e em outros a dose de aplicação é baseada no fósforo
aplicado.
em que,
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Nkj: nitrogênio Kjeldahl (g kg-1);
NNH3: nitrogênio amoniacal (mg kg-1) e
NNO3 + NNO2: nitrogênio nitrato e nitrito (mg kg-1).
b) O cálculo da taxa de aplicação máxima anual deverá levar em conta os resultados dos
ensaios de elevação de pH provocado pelo lodo de esgoto, no solo predominante na
região de modo a garantir que o pH final da mistura solo-lodo de esgoto não ultrapasse
o limite de 7,0; e
c) Deve-se observar os limites de carga total acumulada teórica no solo no que se refere à
aplicação de substâncias inorgânicas.
Os valores apresentados acima têm sido questionados por Matos (2014), Paula et al. (2013),
Pereira et al. (2015), Diniz et al. (2014), tendo em vista que esses autores consideram os
valores excessivamente baixos e que não refletem a capacidade de mineralização de material
orgânico em países de clima tropical.
Matos (2014) sugere a utilização de outra equação para o cálculo das doses de aplicação de
resíduos sólidos orgânicos em culturas agrícolas que, embora também adote o nitrogênio
como nutriente referencial, desconta as quantidades disponibilizadas pela matéria orgânica do
solo, de acordo com a dose a ser aplicada. Assim, de acordo com o método DEA/UFV,
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sugerido por esse autor, a dose de resíduo sólido (Mg ha-1), quando aplicado uma única vez na
área, pode ser, então obtida por:
Em que,
Tm1 - taxa de mineralização da matéria orgânica anteriormente existente no solo (kg kg-1 ano-1):
0,01 a 0,15 kg kg-1 ano-1, sendo comum usar de 0,01 a 0,02 kg kg-1 ano-1para material
orgânico residual de cultivos agrícolas;
Em aplicações sucessivas, numa mesma cultura e mesma área, a dose pode ser obtida por:
em que,
Tm2ACUM - é a massa de N disponibilizada com a mineralização do residual das adubações
sucessivas, ao longo dos anos (kg kg-1).
A taxa anual de mineralização do material orgânico dos resíduos é uma das variáveis que
compõe as duas equações citadas e representam a variável fração de mineralização utilizada
na equação apresentada na resolução CONAMA 375/2006.
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3.8 Produtividade de culturas adubadas com lodo
Conforme já abordado, o lodo de esgoto pode ser utilizado como adubo orgânico,
proporcionando melhorias físicas e químicas no solo e proporcionar aumento na
produtividade agrícola, sendo crescente o interesse no aproveitamento desses resíduos
orgânicos, nos últimos anos. Espera-se que os resíduos orgânicos, tais como lodo de esgoto
sanitário, possam fornecer nutrientes aos vegetais e matéria orgânica para a atividade
microbiana, preservando a biomassa natural do solo. Assim, a adubação com resíduos
renováveis tem como objetivo aumentar a produtividade das culturas sem causar impacto
ambiental (NASCIMENTO et al., 2004; SOUZA et al., 2005; BASSO et al., 2004).
Tecnicamente, qualquer cultura agrícola pode ser adubada com lodo de esgoto, entretanto,
dependendo da forma como o produto agrícola é produzido e consumido, a qualidade
sanitária, estabelecida de acordo com o tratamento de higienização, deverá ser observado.
A alta produtividade do capim-tifton 85 adubado com resíduos orgânicos tem sido observada
em vários artigos científicos. Em trabalho realizado por Matos et al. (2008), o capim-tifton
85, cultivado por quatro meses, apresentou elevadas produtividades acumuladas de matéria
seca (15 t ha-1) e proteína bruta (3,7 t ha-1), e relativamente grande capacidade de remover
nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) e sódio da água residuária de laticínios aplicada
como fertirrigação na cultura.
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nitrogênio, potássio, sódio, cálcio, magnésio, manganês, cádmio, chumbo e ferro no solo, com
o aumento nas doses de aplicação desse percolado.
Entretanto, caso sejam aplicadas doses acima das recomendáveis, podem ocorrer problemas
para a qualidade do solo e das águas subterrâneas e, às vezes, até às plantas cultivadas. De
acordo com Matos et al. (1997), os materiais reciclados devem ser usados com cuidado para
evitar contaminação das as águas superficiais, subterrâneas, contaminação das plantas e para
evitar efeitos negativos sobre a qualidade do solo.
Silva et al. (2010) avaliaram as mudanças na disponibilidade de sódio em solo cultivado com
capim-tifton 85 com a aplicação de percolado de resíduo sólido urbano e encontraram
alterações nos valores de sódio do solo, tendo sido observado seu acúmulo em todas as
camadas de solo analisadas, embora isto não tenha causado prejuízo à produtividade do
capim.
Nazário et al. (2013) observaram acúmulo de fósforo (48,01 mg dm-3), potássio (89,0 mg dm-3) e
cálcio (1,67 cmolc dm-3) no solo, quando aplicada uma dose equivalente a 39,54 kg ha-1 d-1 de
esgoto doméstico proveniente de fossa séptica, valores acima dos mencionados em literatura
(WERNER et al., 1996; ERTHAL et al., 2010). Os autores concluíram, entretanto, que a
aplicação de esgoto doméstico nessa gramínea é uma importante alternativa para
aproveitamento e destinação deste resíduo.
21
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
descrever a degradação/mineralização da matéria orgânica, em função do tempo de incubação,
de forma acumulada, utilizando-se a equação 4 .
Em que,
100
Matéria orgânica mineralizada (mg kg-1)
90
80
70
60
50
40
30
20
Pontos observados
10 Curva ajustada
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo de degradação (dia)
A mineralização acumulada segue uma curva assintótica que tende a se estabilizar com o
tempo. Isto ocorre em razão de prevalecerem, no início, compostos orgânicos de fácil
degradação e, no decorrer do tempo, diminui essa concentração, aumentando-se a de
22
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
compostos recalcitrantes, menos suscetíveis à decomposição, o que justifica a adoção de
modelos não lineares para o estudo do fenômeno.
O modelo exponencial de duas etapas proposto por Inobushi et al. (1985) foi desenvolvido
com a premissa de ajustar o N potencialmente mineralizável em solos alagados no Japão e
Filipinas, num período de incubação anaeróbia de 12 semanas. Os resultados obtidos por estes
autores demonstraram que existe uma relação linear entre o log (∆N/∆t) no tempo inicial da
incubação e que gradualmente se aproximava de uma relação linear com o tempo. Portanto foi
proposta a existência de dois compartimentos de mineralização, um de mais fácil
mineralização e outro de mais difícil mineralização. E apresenta duas componentes: onde a
primeira descreve a parte da matéria orgânica que é facilmente decomposta (fração lábil),
enquanto a segunda está relacionada com os compostos da matéria orgânica recalcitrantes,
isto é, os compostos que dificilmente são degradados/mineralizados (Figura 3.2). O modelo é
descrito pela seguinte equação 5:
Em que,
23
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 3.2 - Material orgânico mineralizado (MOmin) com o tempo de
monitoramento
)
-1
90
80
70
60
50
40
30
20
Pontos observados
10 Curva ajustada
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo de degradação (dia)
24
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
4 MATERIAL E MÉTODOS
25
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Desde o início da operação com lodo de esgoto sanitário, a unidade plantada não apresentava
acúmulo de sólidos na superfície do leito. No entanto, decorridos dois anos e oito meses de
operação do sistema, ocorreu o acúmulo de uma camada de resíduo sólido orgânico, com
características parecidas às de um solo, e com aproximadamente 15 cm de espessura, fato que
proporcionou algumas alterações nas condições do meio, conforme apresentado na Figura 4.2.
Figura 4.2 - Detalhes da localização do resíduo orgânico acumulado, da sua coleta no SAC-
EV e do seu manejo para uso no experimento
0 - 5 cm
5 - 10 cm
10 - 15 cm
26
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
No dia 25 de maio de 2016 foi realizada a coleta do resíduo orgânico proveniente do SAC-
EV, efetuada em três profundidades (camadas de 0 a 5, 5 a 10 e 10 a 15 cm), conforme
apresentado na Figura 4.2. As amostras foram coletadas aleatoriamente em distintas posições
e profundidades da unidade, sendo esse material coletado em cada uma das respectivas
profundidades homogeneizado, para obtenção de uma amostra composta.
27
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Nos experimentos, também, foi utilizado o lodo efluente de digestores anaeróbios (quarto
resíduo), utilizados no tratamento do lodo excedente do sistema de lodos ativados (ETE-
Arrudas). O efluente foi coletado na canalização de saída aos digestores (Figura 4.5).
Essas análises foram executadas assim que os resíduos foram encaminhados ao laboratório,
para preservar as características do material assim que foi coletado. O potencial
hidrogeniônico foi medido em suspensão preparada com solução CaCl2 (0,01 molc L-1). A
quantificação dos sólidos totais (ST), sólidos voláteis totais (SVT) e conteúdo de água,
seguiu-se o método gravimétrico, efetuadas de acordo com a metodologia descrita em Matos
(2015).
28
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
determinação do nitrogênio na forma de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-), seguindo metodologia
descrita por Raij et al. (2001), conforme apresentado na Figura 4.6.
Após a secagem das amostras em estufa, sob temperatura de 65 °C, até ser obtida massa
constante, foi possível quantificar os teores de nitrogênio total (NT), carbono orgânico
compostável (COfo) e carbono orgânico total (COT).
A quantificação do teor de NT nas amostras foi realizada pelo método Kjeldahl. A digestão
ácida da amostra foi feita com a adição de ácido salicílico, para se poder quantificar, também,
as formas nítricas, possibilitando-se, então, a conversão de todo o nitrogênio presente na
amostra, em amônio (NH4+) e, posteriormente, em amônia (NH3), no processo de destilação.
A amônia arrastada pelo vapor de água é recolhida em solução de ácido bórico contendo a
mistura de indicadores, sendo a quantificação de NT obtida de acordo com a metodologia
descrita em Matos (2012).
O carbono orgânico facilmente oxidável foi quantificado pela oxidação do material orgânico
em reação com o dicromato de potássio, em meio sulfúrico, não havendo a utilização de fonte
externa de aquecimento (método Walkley e Black) e seguida a metodologia descrita em
Matos (2015).
O teor de carbono orgânico total foi quantificado no Analisador de Carbono Total (TOC-
VCPN) (Figura 4.7), este instrumento promove a oxidação do carbono presente na amostra
29
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sólida, convertendo-o em dióxido de carbono (CO2) por combustão e o CO2 produzido é
quantificado diretamente. A quantidade de CO2 presente na amostra é diretamente
proporcional ao teor de carbono nela contido.
Os resultados de caracterização física e química da matéria seca e úmida dos lodos e resíduo
orgânico estão apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Resultados da caracterização física e química dos lodos e resíduo orgânico
utilizados no experimento
Unidades LSAC LSAC LSAC LTS LRU LDA
0 - 5cm 5 - 10cm 10 - 15cm
30
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4.3 Experimento de campo
O experimento de campo foi iniciado na primeira semana do mês de junho de 2016, sendo
encerrado na segunda semana do mês de janeiro de 2017, totalizando 215 dias de
monitoramento e cultivo do capim, tendo sido instalado em área situada no Campus Pampulha
da UFMG, localizado no município de Belo Horizonte (coordenadas 19º 52’ 23,71” S e 43º
57’ 52,87” W), no Estado de Minas Gerais. Essa região apresenta o clima do tipo tropical,
caracterizado por apresentar uma estação seca bem definida como tipo AW, de acordo com
classificação climática de Köppen e Geiger (1965), com média anual de temperatura e
precipitação respectivamente de 20,5 °C e 1.430 mm (Figura 4.8).
Belo
Horizonte
Minas
Brasil
Gerais
Q 10 / UFMG
Considerando-se que a área disponível para a instalação do experimento era de aterro, optou-
se por efetuar o enchimento das covas da área experimental, assunto a ser detalhado em
sequência, com material retirado de área em que o solo se apresentasse mais desenvolvido e
com características pedogenéticas perceptíveis. Em área contígua à da área experimental
encontrou-se um solo que atendia às expectativas e, portanto, foi o escolhido. Nesse solo, foi
confeccionada uma trincheira para a coleta de material a ser utilizado no preenchimento das
covas (Figura 4.9). A caracterização física e química de amostras desse material, retirado na
camada de 0 a 20 cm da superfície do solo, está apresentada na Tabela 4.2 e classificado como
Argissolo Vermelho Amarelo (OLIVEIRA et al., 1992).
31
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 4.9 - Detalhe do perfil de solo de onde foi retirado material para enchimento das
covas da área experimental
Para caracterização física e química das amostras de solo coletadas na trincheira aberta no
solo existente na área, foi quantificado o parâmetro: granulometria, realizada no
Departamento de Solos, Laboratório de Análise de Solo Tecido Vegetal e Fertilizantes - UFV,
de acordo com metodologia recomendada pela EMBRAPA (1997). No Laboratório de
Análise Físico-Química da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Os parâmetros
analisados foram: pH, teor de água, sólidos totais, sólidos voláteis totais, carbono orgânico
total, carbono orgânico facilmente oxidável e nitrogênio total. Os resultados das análises para
os parâmetros físicos e químicos realizados na caracterização do solo até a profundidade de 0
- 20 cm estão indicados na Tabela 4.2.
Areia grossa Areia fina Silte Argila Classificação textural Teor de água
-1
--------------------------- kg kg ------------------------- Argila arenosa --- dag kg-1---
0,382 0,135 0,083 0,400 12,43
32
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4.3.2 Delineamento experimental e dose de aplicação dos lodos e resíduo orgânico
Figura 4.10 - Área onde o experimento de campo foi implantado e detalhe das covas
utilizadas como unidade experimental
20 cm
40 cm
As doses adicionadas em cada unidade foram calculadas de forma a se fornecer 300 kg ha-1 de
N, dose recomendada para a manutenção de pastagens (RIBEIRO et al., 1999), considerando
100% de mineralização do N-total contido nos resíduos. As doses (em relação à matéria
úmida) aplicadas de resíduos orgânicos no solo foram de 22,68 Mg ha-1 (286,0 g/unidade
amostral) de lodo do SAC-EV, coletados às profundidades de 0 a 5 cm (LSAC 0 - 5 cm);
35,79 Mg ha-1 (451 g/unidade amostral) do coletado de 5 a 10 cm (LSAC 5 - 10 cm); e 36,48
Mg ha-1 (460,0 g/unidade amostral) do coletado de 10 a 15 cm (LSAC 10 - 15 cm); 258,44
Mg ha-1 (3256,3 g/unidade amostral) do lodo de digestor anaeróbio (LDA); 23,15 Mg ha-1
(292,0 g/unidade amostral) do lodo efluente do reator UASB (LRU); e 35,42 Mg ha-1 (446,3
33
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
g/unidade amostral) do lodo de tanque séptico (LTS). Considerou-se, para o cálculo da massa
de resíduo em cada unidade experimental, uma quantidade de solo igual a 2.000.000 kg por
hectare (massa de solo correspondente à camada 0,00-0,20 m de profundidade, sendo sua
massa específica de 1,0 kg dm-3).
A mistura dos lodos ou resíduo orgânico ao solo foi realizada em tabuleiro de madeira (Figura
4.11), antes de sua disposição nas covas, como estratégia para proporcionar melhor
homogeneização na distribuição do material no solo. A mistura do lodo de digestor
anaeróbio, em razão de seu alto teor de água, foi efetuada tal como fertirrigação, conforme
apresentado na Figura 4.11d.
Figura 4.11 - Detalhe do processo de mistura dos lodos e resíduo orgânico no solo que
sofreram desaguamento (sólido) (a e b) e não desaguado (líquido) (c e d), antes de sua
disposição nas covas
A b
C d
34
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Após o preenchimento das covas, que são as unidades experimentais, com a mistura dos lodos
ou resíduo orgânico no solo, do próprio local (Figura 4.12) foram realizadas coletas de
amostras aos 0, 1, 2, 5, 11, 23, 47, 100 e 215 dias, em todo o perfil de cada unidade
experimental, aos 20 cm de profundidade, com auxílio de um amostrador tubular. Em todas as
coletas realizadas foram realizadas as análises já descritas, para monitorar o decaimento do
carbono e nitrogênio orgânicos, conforme metodologias descritas nos itens 4.2.1 e 4.2.2, e se
poder estimar a fração de mineralização dos lodos e resíduo orgânico no solo.
Figura 4.12 - Detalhe do preenchimento das covas (a) e coleta das amostras (b)
a b
Figura 4.13 - Média diária dos dados climáticos de precipitação e temperatura média do ar,
obtidos no período de condução do experimento
30 60
25 50
Precipitação (mm)
Temperatura (°C)
20 40
15 30
10 20
5 10
0 0
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro
1
8
127
218
15
22
29
36
43
50
57
64
71
78
85
92
99
106
113
120
134
141
148
155
162
169
176
183
190
197
204
211
Precipitação Temperatura
35
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4.4 Coeficientes de decaimento do carbono e nitrogênio orgânicos no
solo
Os dados foram analisados primeiro com a obtenção da média dos dados e posteriormente
análise de regressão. Para o fator quantitativo, o modelo exponencial simples de cinética
química de primeira ordem, proposto por Stanford e Smith (1972), foi adotado para descrever
a mineralização do COT e COfo (Equação 6) e do NO (Equação 7) no solo.
Em que,
COmin - massa de carbono orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de
massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
COpot - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável dos lodos e resíduo
orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
k - coeficiente de degradação/mineralização do CO dos lodos e resíduo orgânico (T-1);
t - tempo (T).
Em que,
Também foi utilizado o modelo exponencial de duas fases proposto por Inobushi et al (1985),
para descrever a mineralização COT e COfo (Equação 8) e do NO (Equação 9).
Em que,
COmin - massa de carbono orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de
massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
36
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COpot(L) - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável da fração mais lábil dos
lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
COpot(R) - massa de carbono orgânico potencialmente mineralizável da fração mais
recalcitrante dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
kL - coeficiente de degradação/mineralização da fração mais lábil dos lodos e resíduo orgânico
(T-1);
kR - coeficiente de degradação/mineralização da fração menos lábil dos lodos e resíduo
orgânico (T-1);
Em que,
NOmin - massa de nitrogênio orgânico mineralizada dos lodos e resíduo orgânico, por unidade
de massa do solo, em determinado período de tempo (M M-1);
NOpot(L) - massa de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável da fração mais lábil dos
lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
NOpot(R) - massa de nitrogênio orgânico potencialmente mineralizável da fração mais
recalcitrante dos lodos e resíduo orgânico, por unidade de massa do solo (M M-1);
Em que,
𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑇(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico total nas misturas dos lodos e do resíduo
orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de experimento (dag kg-1);
Em que,
𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝐶𝑂𝑓𝑜(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de carbono orgânico facilmente oxidável nas misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de
experimento (dag kg-1);
Em que,
𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑖𝑛 e 𝑁𝑂(𝑡𝑟𝑎𝑡)𝑓𝑖𝑛 = teor de nitrogênio orgânico nas misturas dos lodos e do resíduo
orgânico ao solo, respectivamente no início e no final do período de experimento (dag kg-1);
Considera-se que valores pontuais de teor no solo estão sujeitos a erros, típicos da
amostragem de um material que, por mais que se esmere na mistura, ainda é heterogêneo. Por
essa razão, tem sido obtido maior sucesso nas quantificações de FM quando se utiliza as
equações matemáticas ajustadas para obtenção das estimativas da massa mineralizada, já que
nas mesmas ajusta-se a tendência dos dados de campo possibilitando-se a eliminação dos
efeitos de análises pontuais do material em avaliação.
38
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(COTpot, COfopot e NOpot), que são parâmetros ajustados nas referidas equações matemáticas.
As equações utilizadas no cálculo de FM(calc) foram, então:
Em que,
39
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COfopot - massa de COfo potencialmente mineralizável, por unidade de massa de solo,
estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas fases
(dag kg-1);
FMNO(calc 1) - fração de mineralização calculada pela razão entre NOmin estimado utilizando-
se as equações ajustadas de cinética primeira ordem e de duas fases e NOaplic em cada cova
(%);
NOmin - massa de NO mineralizada dos lodos e resíduo orgânico;
lodo, por unidade de massa de solo, estimada utilizando-se as equações ajustadas de cinética
de primeira ordem e de duas fases (dag kg-1).
NOaplic - massa de NO aplicada, por unidade de solo, via lodo e resíduo orgânico (dag kg-1);
FMNO(calc 2) - fração de mineralização calculada pela razão entre NOmin estimado e NOpot
ajustado às equações de cinética primeira ordem e de duas fases (%);
NOpot - massa de NO potencialmente mineralizável, por unidade de massa de solo, estimada
utilizando-se as equações ajustadas de cinética de primeira ordem e de duas fases (dag kg-1);
40
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4.7 Degradabilidade do carbono orgânico sob condições controladas
em laboratório
Suporte de algodão
Válvula
Solo/lodo
Solução de NaOH 0,25 mol L-¹
41
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g/respirômetro) do LDA; 23,15 Mg ha-1 (1,46 g/respirômetro) do LRU e 35,42 Mg ha-1 (1,79
g/respirômetro) do LTS. No ensaio II, as doses foram de 45,36 Mg ha-1 (2,49 g/respirômetro)
do LSAC 0-5 cm; 71,58 Mg ha-1 (2,08 g/respirômetro) do LSAC 5-10 cm; 72,96 Mg ha-1
(3,82 g/respirômetro) do LSAC 10-15 cm; 516,88 Mg ha-1 (26,26 g/respirômetro) do LDA;
46,30 Mg ha-1 (2,54 g/respirômetro) do LRU e 70,84 Mg ha-1 (3,79 g/respirômetro) do LTS.
Adicionaram-se as doses de lodo e resíduo orgânico ao solo e efetuou-se sua incubação sob
temperatura de 26 ± 2 °C (ABNT, 1999), conteúdo de água ajustado a 70% e sob condições
de ausência de luz em estufa, conforme apresentado na Figura 4.16.
Figura 4.16- Detalhe da estrutura utilizada na incubação dos lodos e do resíduo orgânico no
solo
Em cada recipiente, foi adicionado 20 mL de solução de NaOH 0,25 mol L-¹, sendo as trocas e
as medições da condutividade elétrica efetuadas periodicamente nessas soluções, conforme
apresentado na Figura 4.17a.
No momento em que era realizada a troca da solução, os respirômetros foram aerados com
uma bomba de aquário por um tempo de 2 minutos, para se obter a limpeza completa do
interior do respirômetro, conforme apresentado na Figura 4.17b. As estimativas das
quantidades de CO2 emanado, calculadas a partir de dados de condutividade elétrica na
solução de NaOH, foram obtidas de acordo com o proposto por Rodella e Saboya (1999). A
paralisação total dos experimentos ocorreu depois de decorridos 140 dias de análises.
42
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 4.17 - Detalhamento do equipamento utilizado na medição da condutividade elétrica
na solução contida (a) e aeração os respirômetros (b)
a b
No momento em que era realizada a troca da solução, os respirômetros foram aerados com
uma bomba de aquário por um tempo de 2 minutos, para se obter a limpeza completa do
interior do respirômetro, conforme apresentado na Figura 4.17b. As estimativas das
quantidades de CO2 emanado, calculadas a partir de dados de condutividade elétrica na
solução de NaOH, foram obtidas de acordo com o proposto por Rodella e Saboya (1999). A
paralisação total dos experimentos ocorreu depois de decorridos 140 dias de análises.
Para descrever o processo de degradação da matéria orgânica adicionada, via lodo ou resíduo
orgânico, ao solo, os dados de C-CO2 (acumulado líquido) produzidos durante o processo de
biodegradação, transformados em COT (CO-degradado), foram relacionados aos do tempo de
incubação (dias) das amostras. Os dados foram ajustados, aos modelos de cinética química de
primeira ordem e o de duas fases para estimar os parâmetros de degradabilidade do carbono
orgânico dos lodos e do resíduo orgânico, tal como já apresentado, respectivamente, nas
equações 6 e 8.
43
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 5.1 - Conteúdo de água nas misturas lodos e resíduo orgânico ao solo na camada de
0 - 20 cm (a) e índices pluviométricos (b) no período de 215 dias de monitoramento após
incorporação das misturas
22 a
20 100
b
90
Teor de água (dag kg-1)
18
16 80
Precipitação (mm)
14 70
12 60
10 50
8 40
6 30
4 20
0 10
0 1 2 5 11 23 47 100 215
0
Tempo
Tempode
deincorporação dos resíduos
incorporação dos lodos (dias)
(dias) JunhoJune Julho JulyAgostoAugust
Setembro Outubro
September Novembro
October Dezembro
November Janeiro
December
Período de monitoramento (meses)
SC LSAC (5 - 10 cm) LTS LRU Precipitação (mm)
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (10 - 15 cm) LDA
30
c
28
Temperatura no lodo/solo (°C)
26
24
22
20
18
0
0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo
Tempo de
de incorporação
incorporaçãodos
dosresíduos (dias)
lodos (dias)
SC LSAC (5 - 10 cm) LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (10 - 15 cm) LDA
SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - lodo coletado nas respectivas camadas: 0 - 5; 5 - 10 e
10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV).
A última coleta de amostras de solo, efetuada na primeira semana do mês de janeiro de 2017
(215 dias após a incorporação dos lodos e do resíduo orgânico ao solo), apresentou teor de
água com valores de 12 a 14 dag kg-1, superiores aos observados na coleta efetuada aos 100
45
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dias, o que reporta à maior incidência de chuvas de setembro de 2016 a janeiro de 2017,
proporcionando maior teor de água nas misturas.
No tempo zero, a temperatura das misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo esteve na
faixa de 21 a 27 °C (Figura 5.1c), nos primeiros 5 dias, decrescendo entre o quinto e o
quadragésimo sétimo dia e, posteriormente, aumentando até os 100 dias, quando ocorreu a
temperatura máxima (27 oC) no solo. Avaliando-se as variações de teor de água (Figura 5.1a)
e temperatura (Figura 5.1c) no solo, verifica-se que o teor mais baixo de água coincidiu com o
de mais alta temperatura, o que decorre do aumento do calor específico do solo com a
diminuição no seu teor de água.
O pH das misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo coletado nas unidades
experimentais no tempo zero, apresentou valores entre 4,79 e 5,58, de acordo com o tipo de
material incorporado no solo. Na Figura 5.2, pode-se observar que LDA foi, de maneira geral,
o material que proporcionou os maiores aumentos nos valores do pH, tendo sido observado
valor próximo a 5,6.
46
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tal comportamento indica que o LDA disponibilizou rapidamente bases no solo,
proporcionando aumento no pH do meio, o que está de acordo com os resultados obtidos por
Korcak (1980). Segundo Asik et al. (2015), o lodo com altas concentrações de bases trocáveis
contribuem para o aumento do pH do solo, dependendo da dose aplicada.
Os valores do pH do solo, após os 215 dias da incorporação dos materiais orgânicos no solo,
não foram diferentes entre os materiais coletados nas unidades experimentais receptoras dos
lodos e do resíduo orgânico, além do solo controle, tendo se apresentado na faixa de 4,0 a 4,5,
reafirmando o poder-tampão do meio em relação às alterações de pH, em longo prazo.
6,0
b
5,5 a
a
a
c
c
a a a b
a b
pH do lodo-solo
a a a bc c
ab b b
a a
5,0 a ab ab ab ab abc a a ab
aa ab aab a aab a a aa ab
abab ab ab
ab
a ab ab
a a ab
a
4,5 a
a
a
a a
a
a
4,0
3,5
0,0
0 1 2 5 11 23 47 100 215
TempoTempo
de incorporação
de incorporaçãodo
doslodo no (dias)
resíduos solo (dias)
SC LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LTS LDA LRU
SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodos de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-
EV). Médias dentro de cada tempo, seguidas por letras iguais, não diferem entre si a 5% de
significância, pelo teste de Tukey.
Destaca-se, nesse caso, a incorporação do LDA ao solo, lodo com pH alcalino (7,4), conforme
apresentado na Tabela 4.1, e que até 5 dias após a incorporação ao solo foi maior que o das
outras misturas. Embora não tenha sido observada diferença significativa, aos 215 dias o LDA
já passou a proporcionar os menores valores de pH na mistura lodo-solo. Estes valores mais
baixos observados aos 215 dias podem ser decorrentes da transformação do NH4+ por
(oxidação) a NO3- e liberação H+ por esse processo e pela acidificação natural do meio, ao
longo do tempo (SILVA et al. 1999).
47
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
5.4 Teor inicial e decaimento do COT e COfo nas misturas de lodos e
do resíduo orgânico ao solo coletadas nas unidades experimentais
Figura 5.3 - Teores de carbono orgânico total (a) e carbono orgânico facilmente oxidável (b)
em amostras da mistura lodo e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20
cm, nas unidades experimentais, no período de 215 dias
2,60 a 1,50 b
2,55
1,45
2,50
1,40
2,45
COT (dag kg-1)
2,40 1,35
2,35 1,30
2,30
1,25
2,25
2,20 1,20
2,15 1,15
2,10
1,10
0,00
0 1 2 5 11 23 47 100 215 0,00
Tempo 0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo de
de incorporação
incorporação dos
dos resíduos (dias)
lodos (dias)
(dias) Tempo
Tempo de
de incorporação
incorporação dos
dos lodos (dias)
resíduos (dias)
SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) SC LDA (dias) LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)
SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-EV).
Pode ser observado, na Figura 5.3a, que houve o decaimento nos teores de COT da sua
aplicação ao solo em relação aos 215 dias de degradação no solo, tendo sido apresentados
valores de 2,34; 2,31; 2,22; 2,24; 2,24; 2,27 e 2,15 dag kg-1, respectivamente para LSAC 0 - 5
cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS e SC. O decaimento inicial do
material orgânico ocorreu de forma mais lenta que o observado por outros autores, que
constataram maior degradação nos primeiros dois meses de incorporação dos materiais
orgânicos no solo. Paula et al. (2013), ao realizarem o estudo de mineralização da matéria
48
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
orgânica no solo em condições de campo, no período de dezembro de 2010 a novembro de
2011, observaram maior taxa de mineralização dos resíduos orgânicos nos primeiros dois
meses de sua incorporação no solo. Acredita-se que, neste experimento, a menor taxa de
degradação tenha sido decorrente dos baixos conteúdos de água no solo, em razão dos baixos
índices pluviométricos no período, conforme pode ser verificado na Figura 5.1b.
Na Figura 5.3b, referente ao teor de carbono orgânico facilmente oxidável (COfo) foram
obtidos no tempo zero, os valores de 1,33; 1,37; 1,31; 1,35; 1,43; 1,43 e 1,24 dag kg-1,
respectivamente para o LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS
e SC. Aos 215 dias, pode ser verificado o decaimento nesses teores, com valores de 1,22;
1,26; 1,19; 1,17; 1,26; 1,26 e 1,17dag kg-1, respectivamente para o LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 -
10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU; LTS e SC. Como verificado, teores de COT e COfo
nas diferentes amostras das misturas lodo-solo coletadas nas unidades experimentais
permaneceram próximas às do solo controle, indicando pequeno aumento na MO do solo.
Bueno et al. (2011) observaram alterações nos teores de matéria orgânica, pela incorporação
de lodo de esgoto ao solo na dose de aplicação de 80 kg ha-1 de N, apenas após aplicações
sucessivas desse resíduo, por 7 anos consecutivos.
Nas Figura 5.4 e Figura 5.5 estão apresentadas as curvas e as equações de cinética da
degradação de Standford e Smith (1972) (Equação 6) e de cinética de duas fases, proposta por
Inobushi et al. (1985) (Equação 8), ajustadas aos dados da massa mineralizada de COT e
COfo em amostras das misturas dos materiais orgânicos ao solo, coletadas nos dias 0, 1, 2, 5,
11, 23, 47, 100 e 215 dias, após a incorporação dos respectivos lodos ao solo. O
comportamento típico dos dados é de alta taxa de mineralização do material orgânico nos
primeiros 20 dias, certa estabilidade até os 100 dias, seguida de fase de aumento até os 215
dias.
49
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.4 - Massa mineralizada de carbono orgânico total dos lodos e do resíduo orgânico,
por unidade de massa do solo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos, durante o
tempo de 215 dias de monitoramento, após sua incorporação ao solo
0,35 0,35
0,30 0,30
0,25 0,25
0,20 0,20
0,15 0,15
0,10 Pontos observados 0,10 Pontos observados
Cinética de duas fases
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem
0,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação dosorgânico (dias)
lodos (dias)
(dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
-0,0761.t
COT min = 0,0956.(1 - e -0,0015.t 2
) + 0,1683.(1 - e ) R = 0,67
COT min = 0,1959.(1 - e-0,1861.t) + 0,2388.(1 - e-0,0003.t) R 2 = 0,51
COT min = 0,2147.(1 - e-0,0091.t) R 2 = 0,63
COT min = 0,2355.(1 - e-0,1034.t) R 2 = 0,48
0,35 0,35
0,30 0,30
0,25 0,25
0,20 0,20
0,15 0,15
0,10 Pontos observados 0,10 Pontos observados
Cinética de duas fases Cinética de duas fases
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05
Cinética de primeira ordem
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação dos lodos (dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COT min = 0,1864.(1 - e-0,2144.t) + 0,2155.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,73 COT min = 0,1381.(1 - e-0,1409.t) + 0,1858.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,64
COT min = 0,2882.(1 - e-0,0605.t) R 2 = 0,63 COT min = 0,2361.(1 - e-0,0403.t) R 2 = 0,53
50
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Considerando as equações ajustadas, apresentadas na Figura 5.4, obtidas para a mineralização
acumulada dos seis materiais incorporados ao solo, pode-se constatar que o modelo de
cinética de duas fases proporcionou melhores ajustes que o modelo de primeira ordem. O
modelo de cinética de duas fases possibilita melhores ajustes por ser mais flexível no ajuste
do valor do coeficiente de degradação, já que há o ajuste de um valor para a fase de maior
degradabilidade da matéria orgânica e outro de menor, coincidente com o da presença residual
da fração recalcitrante. Com o ajuste de dois termos independentes, proporciona-se que a
curva acompanhe melhor as mudanças no comportamento dos dados.
Entende-se que essas mudanças nas taxas de mineralização do material orgânico incorporado
ao solo sejam decorrentes da inicialmente mais rápida mineralização do MO e de variações
nas condições climáticas locais. No primeiro caso, a mais intensa atividade de mineralização é
decorrente da disponibilidade de MO lábil, mais facilmente degradável pelos microrganismos
do solo. No segundo, se deve à melhoria nas condições ambientais para que a atividade de
microrganismos se intensifique, o que explicaria o aumento na taxa de mineralização do MO
da mistura próximo ao final do período de monitoramento (215 dias), coincidente com o
período de maior ocorrência de chuva, no local (Figura 5.1b).
Com base nos modelos ajustados, pode-se verificar que, dos LSAC-EVs, a camada superficial
(LSAC 0 - 5 cm) apresentou as maiores quantidades de COTpot, no caso da equação de
cinética de primeira ordem, ou COTpot(L) + COTpot(R), no caso da cinética em duas fases,
seguida das mais profundas (LSAC 10 - 15 cm e LSAC 5-10 cm). Esses resultados são
corroborados por Matamoros et al. (2012) e Uggeti et al. (2009), que também verificaram
maior estabilidade da MO do resíduo orgânico acumulado nas camadas inferiores de um
SAC-EV, e de se encontrar maior quantidade de compostos orgânicos estáveis com o tempo
de tratamento do resíduo (BERTONCINNI et al., 2002).
51
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Os valores de COTpot(L) + COTpot(R) no LRU e LDA estão entre os mais altos, dentre todos os
materiais orgânicos analisados, o que está associado à menor estabilidade da sua matéria
orgânica, confirmada pela grande proporção de SVT no material (Tabela 4.1).
Considerando-se a equação de cinética de duas fases (Equação 8), ajustadas aos dados de
COT, verifica-se que os valores de kL ficaram na faixa de 0,0761 a 0,2144 dia-1, tendo sido os
menores valores obtidos nos LSAC-EVs e os maiores nos demais lodos (LDA, LRU e LTS).
Esses resultados são justificados pelo fato de serem os LSAC-EVs os materiais orgânicos
mais estabilizados, dentre os avaliados, conforme pode ser confirmado pelas suas baixas
concentrações iniciais de COfo, apresentadas na Tabela 4.1. Em relação ao kR, os coeficientes
forem menores, estando na faixa de 0,0003 a 0,0069 dia-1, o que está relacionado à maior
intensidade na mineralização do material orgânico dos materiais orgânicos nos primeiros dias
após sua incorporação no solo.
Martines et al. (2006) encontraram valores de k de 0,0924 dia-1, quando da aplicação de lodo
de esgoto em LVAd típico, na dose de 6 Mg ha-1, valores que comparados aos obtidos no
ajuste de equação de cinética de primeira ordem está na faixa encontrada, nesta pesquisa, que
foi de 0,0202 a 0,1034 dia-1.
52
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Figura 5.5 - Massa mineralizada de carbono orgânico facilmente oxidável do material, por
unidade de massa da mistura solo-resíduo, e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos,
durante o tempo de 215 dias de monitoramento, após efetuada a incorporação dos resíduos
0,21
0,20
0,18
0,15 0,15
0,12
0,10 0,09
0,06 Pontos observados
0,05 Pontos observados
Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases 0,03
Cinética de primeira ordem Cinética de duas fases
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo de incoporaçãodo resíduo orgânico
dos lodos (dias)
(dias) Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias)
-0,0625.t
(dias) -0,0083.t 2 -0,0342.t
(dias) -0,0008.t 2
COfomin = 0,0686.(1 - e ) + 0,0403.(1 - e ) R = 0,27 COfomin = 0,1186.(1 - e ) + 0,0305.(1 - e ) R = 0,58
COfomin = 0,1049.(1 - e-0,0332.t) R 2 = 0,27 COfomin = 0,1317.(1 - e-0,0280.t) R 2 = 0,58
Pontos observados
0,21 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem
0,18 0,15
0,15
0,12 0,10
0,09
0,06 0,05
Pontos observados
0,03 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases
0,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação
Tempo do resíduo
de incorporação orgânico
dos lodos (dias)
(dias)
(dias) -0,0101.t 2 Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COfomin = 0,0344.(1 - e-3,4049.t) + 0,0557.(1 - e ) R = 0,22
COfomin = 0,0666.(1 - e-0,0454.t) + 0,0583.(1 - e-0,0005.t) R 2 = 0,19
COfomin = 0,0862.(1 - e-0,0347.t) R 2 = 0,21
COfomin = 0,0843.(1 - e-0,0263.t) R 2 = 0,18
0,25 0,30
0,25
0,20
0,20
0,15
0,15
0,10
0,10
Pontos observados Pontos observados
0,05 Cinética de primeira ordem 0,05 Cinética de duas fases
Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação dos lodos (dias) Tempo de incorporação dos lodos (dias)
COfomin = 0,2079.(1 - e-0,1275.t) + 0,0441.(1 - e-0,0022.t) R 2 = 0,58 COfomin = 0,1942.(1 - e-0,1380.t) + 0,0690.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,40
COfomin = 0,2338.(1 - e-0,0962.t) R 2 = 0,58 COfomin = 0,2259.(1 - e-0,0930.t) R 2 = 0,38
53
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Com base nas equações ajustadas para os dados de COTmin e COfomin na mistura dos lodos e
do resíduo orgânico ao solo, verifica-se que, em ambas, as maiores taxas de mineralização
(kL) ocorreram na primeira fase de degradação (primeiros 20 dias de incorporação no solo).
Na segunda fase, os valores de kR foram mais baixos, tendo sido a degradação mais lenta.
Dossa et al. (2008) observaram que a mineralização de carbono, nitrogênio e fósforo
orgânicos de resíduos de arbustos, em solo do semiárido, ocorreram em maior intensidade no
primeiro mês, período que estão disponíveis componentes de mais fácil degradação.
Conforme já discutido, não deve ser descartada, também, a influência das chuvas na
degradação do material orgânico e, com isso, nos valores dos parâmetros ajustados às
equações. Os resultados dos COfopot e COTpot obtidos neste estudo estão inferiores aos valores
observados no estudo realizado por Diniz (2014), que encontrou o valor para COfopot de 0,59
dag kg-1 e 1,26 dag kg-1 para COTpot na incorporação ao solo de lodo de esgoto digerido
anaerobiamente, aplicando-se a dose de 500 kg ha-1 ano-1 de N. Paula et al. (2013),
encontraram valor de 0,67 dag kg-1 para o COfopot pela incorporação de lodo de esgoto
digerido anaerobiamente ao solo com dose de aplicação de 330 kg ha-1 ano-1 de N.
Nas Tabelas 5.1 e Tabela 5.2 estão apresentados os parâmetros COTmin e COfomin das
equações de cinética de primeira ordem e cinética de duas fases ajustados para cada tipo de
material orgânico, em 215 dias de degradação no solo. Também estão apresentados os valores
de COTaplic e COfoaplic, calculados de acordo com a massa aplicada ao solo, os valores das
frações de mineralização observada (FMCOT(obs); FMCOfo(obs)), calculadas utilizando-se as,
equações 10 e 11, e os valores estimados das frações de mineralização (FMCOT(calc 1),
FMCOT(calc 2), FMCOfo(calc 1) e FMCOfo(calc 2)) calculados utilizando-se as equações 13, 14, 15
e 16.
54
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Tabela 5.1 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira
ordem e a cinética de duas fases, para a estimativa da fração de mineralização do carbono
orgânico total (FMCOT) na mistura dos lodos e do resíduo orgânico, obtidos após 215 dias
de incorporação ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0-5 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (g kg-1) cm
1,99 2,11 1,77 1,54 2,92 2,58
COTmin(215 d)(g kg-1) 2,968 2,211 2,638 2,984 3,968 3,110
FMCOT(obs) (%) 43 21 50 51 58 41
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem ---------------------------
COTpot (g kg-1) --- 2,238 2,151 2,147 2,355 2,882 2,361
k (d-1) 0,4700 0,2022 0,0906 1,0338 0,6049 0,4025
R2 0,46 0,35 0,63 0,48 0,63 0,53
COTmin(calc) (g kg-1) 2,238 2,151 2,147 2,355 2,882 2,361
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 98,7 91,5
FMCOT(calc 2) (%) 100 100 100 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ----------------------------
COTpot(L) (g kg-1) 1,679 0,946 0,956 -- 1,959 1,864 1,381
kL (d-1) 0,9731 0,8008 0,7609 1,8608 2,1438 1,4091
COTpot(R) (g kg-1) 1,451 1,326 1,683 2,388 2,155 1,858
kR (d-1) 0,0084 0,0693 0,0148 0,0027 0,0143 0,0135
R2 0,50 0,36 0,67 0,51 0,73 0,64
COTmin(calc) (g kg-1) 2,892 2,272 2,569 3,011 3,919 3,137
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 100
FMCOT(calc 2) (%) 92,4 100 97,3 69,3 97,5 96,9
COTaplic - massa de carbono orgânico total aplicada nas unidades experimentais (g kg -1); COTmin -
carbono orgânico total mineralizado acumulado obtido com base nos dados observados nos 215 dias
(g kg-1); COTpot - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável (g kg-1); COTpot((L) - carbono
orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil mineralização (g kg-1); COTpot(R) - carbono
orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil mineralização (g kg -1); kL - coeficiente de
mineralização do carbono orgânico total de fácil mineralização (d-1); kR - coeficiente de mineralização
do carbono orgânico total de difícil mineralização (d-1) R2 - coeficiente de determinação; fração de
mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in - COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in - COT(cont)in)];
FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic)); FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).
Como apresentado na Tabela 5.1, pode ser observado que as frações de mineralização do
COT dos diferentes materiais incorporados ao solo, quando calculadas considerando-se a
Equação 10, apresentaram fração de mineralização observada (FMCOT(obs)) entre 21 e 50%
nos LSAC-EV e de 51, 58 e 41%, respectivamente nos LDA, LRU e LTS. Ao se analisar a
fração de mineralização (FMCOT(calc 1)) calculada utilizando-se a Equação 13, os LSAC-EVs
e LDA incorporados ao solo apresentaram 100% de mineralização e os LRU e LTS,
respectivamente 99 e 92%. Calculando-se a fração de mineralização obtida com estimativa
obtida a partir da Equação 14 (FMCOT(calc 2)), pode-se verificar que os LSAC-EV
apresentaram valores de 100%. Os coeficientes estimados utilizando-se a Equação 8 e a
fração de mineralização calculada utilizando-se a Equação 14, proporcionaram a obtenção de
fração de mineralização no LSAC-EV entre 92 e 100% e no LDA, LRU e LTS os valores
foram, respectivamente, de 69, 98 e 97%.
Com base nos dados apresentados na Tabela 5.1, obtidos pela utilização da equação de
cinética de duas fases (Equação 8), pode-se concluir que as frações de mineralização do COT,
calculadas por meio da Equação 13 e Equação 14, nos LSAC-EVs incorporado ao solo, nos
215 dias de experimento, foram na faixa de 92 a 100%. No que se refere ao LDA, foi de cerca
de 69% e nos LRU e LTS, em torno de 97%. Concordando com as avaliações do k L e kR, as
maiores frações mineralizadas ocorreram nos primeiros 20 dias, entretanto as curvas acusam
certo aumento nas taxas de mineralização após os 100 dias de incorporação no solo, o que
coincidiu, conforme já evidenciado, com o período de maior ocorrência de chuvas no local.
56
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
Ao analisar os resultados apresentados na Tabela 5.2 para as estimativas dos coeficientes do
COfomin ajustados a partir da equação de cinética de duas fases (Equação 8), os coeficientes
kL e kR e COfopot estimados, indicam que as maiores frações de mineralização do COfo
ocorreram nos primeiros dias de incorporação dos materiais orgânicos no solo.
Os valores obtidos de FMCOfo, calculados a partir da Equação 11, foram inferiores aos
obtidos quando se utilizou as equações 15 e 16 e, utilizando-se estimativas obtidas com a
57
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última faixa de valores ficou entre 96 e 100% nos LSAC-EVs, tendo sido de apenas 83% no
LDA, enquanto nos LRU e LTS ficou na faixa de 99 a 100%. Como valores de FM maiores
que 100% também foram apresentados, neste texto, como sendo de 100%, confirmou-se, em
relação à variável COfo, evidências na ocorrência do efeito priming.
Tabela 5.3 - Estimativa para fração mineralizada de carbono orgânico total e carbono
orgânico facilmente oxidável nas misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo coletadas
nas unidades experimentais, aos 365 dias
Tipo de lodo FMCOT(calc 1) FMCOT(calc 2) FMCOfo(calc 1) FMCOfo(calc 2)
---------------------------------------- 365 dias -------------------------------------
---------------------------------------- % ------------------------------------------
---------- 215 dias ------------
LSAC 0-5 cm 100 97,8 96,4 100
LSAC 5-10 cm %
Resíduos 100 100 100 98,8
LSAC 10-15 cm 100 99,7 85,8 100
LDA 100 79,5 43,0 91,6
LRU 100 99,7 100 100
LTS 100 99,6 100 99,8
As transformações ocorridas durante os 215 dias de monitoramento das formas orgânicas para
inorgânicas, conforme reportado por Malavolta (1980) e Fageria et al. (2011), são de difícil
quantificação, uma vez que, na Figura 5.6b observa-se o decaimento nos teores de nitrogênio
amoniacal nas misturas para LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA e
LRU, nos primeiros 100 dias de monitoramento e ocorrendo respectivo aumento para LTS.
Aos 215 dias ocorreu aumento nas concentrações de LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC
10 - 15 cm e LRU com decaimento para LDA e LTS. Em relação aos teores de nitrato e
nitrito, apresentados na Figura 5.6c, pode-se verificar pequeno aumento, ao longo dos 100
dias de monitoramento. Esse aumento é decorrente da mineralização do nitrogênio orgânico
em amoniacal e, em ambiente oxidante, em nitrato.
Na Figura 5.6d são apresentados os teores de nitrogênio orgânico (NO) ao longo dos 215 dias
de monitoramento, obtido a partir do NT subtraído das formas inorgânicas (NH4+ e NO3-). Os
teores de NO no tempo zero foi de 0,117, 0,142, 0,141, 0,141, 0,146 e 0,141 dag kg-1,
respectivamente, no LSAC 0 - 5 cm; LSAC 5 - 10 cm; LSAC 10 - 15 cm; LDA; LRU e LTS,
sendo o teor inicial no SC de 0,125 dag kg-1. Transcorridos 215 dias observou-se o
decaimento nos teores de NO.
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Figura 5.6 - Teores de nitrogênio total e nitrogênio orgânico em amostras da mistura dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, coletadas na camada de 0 - 20 cm, nas unidades
experimentais, no período de 215 dias
0,170 a 200 b
0,165 180
0,160 160
0,155 140
0,150 120
0,145 100
0,140 80
0,135 60
0,130 40
0,125 20
0,120
0,000 0
0 1 2 5 11 23 47 100 215 0 1 2 5 11 23 47 100 215
Tempo Tempo de incorporação
de incorporação dos lodos
dos resíduos (dias) (dias)
orgânicos TempoTempo
de incorporação dos resíduos
de incorporação orgânicos
dos lodos (dias) (dias)
(dias) (dias)
SC LDA LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)
200 c 0,170 d
180 0,165
0,160
160
0,155
140 0,150
NO (dag kg-1)
NO3- (mg kg )
-1
120 0,145
100 0,140
0,135
80 0,130
60 0,125
40 0,120
20 0,115
0,110
0,000
0
0 1 2 5 11 23 47 100 215
0 1 2 5 11 23 47 100 215
TempoTempo Tempo
Tempo de de incorporação
incorporação dos lodos
dos resíduos (dias)(dias)
orgânicos
de incorporação dos lodos (dias) (dias)
de incorporação dos resíduos orgânicos
(dias)
SC LDA
(dias) LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)
SC - solo controle; LDA - resíduo de digestor anaeróbio; LTS - resíduo de tanque séptico; LRU -
resíduo de reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo coletado nas respectivas
camadas: 0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical
(SAC-EV).
Lodo de esgoto geralmente apresenta baixa relação C/N e riqueza em material proteico, de
fácil degradação pelos microrganismos (LERCH et al., 1993), essas características
possibilitam sua rápida mineralização e liberação de N-inorgânico (EPSTEIN et al., 1978).
Todavia, se o lodo contiver pequena quantidade de compostos facilmente degradável,
predominando compostos orgânicos parcialmente estabilizados (CASTELLANOS; PRATT,
1981), isto implica em modestas taxas de degradação do material orgânico no solo (Bernal et
al.,1998), o que proporciona aumentos no estoque de carbono e a benefícios, como melhoria
na retenção de água e capacidade de troca catiônica.
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5.8 Cinética de mineralização do nitrogênio orgânico do resíduo
orgânico incorporado ao solo
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Figura 5.7 - Mineralização acumulada do nitrogênio orgânico dos resíduos orgânicos
incorporados ao solo e respectivas curvas ajustadas aos dados obtidos durante o tempo de
215 dias de monitoramento
0,025 0,025
0,020 0,020
0,015 0,015
0,010
0,010 Pontos observados
Pontos observados 0,005 Cinética de duas fases
0,005 Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem 0,000
0,000 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incorporação do resíduo Tempo de incoporação dos lodos (dias)
Tempo de incoporação dos orgânico (dias)
lodos (dias)
(dias) NO min = 0,0119.(1 - e-0,1546.t) + 0,0205.(1 - e-0,0014.t) R 2 = 0,70
NO min = 0,0158.(1 - e-26,2011.t) + 0,0118.(1 - e-0,0031.t) R 2 = 0,63
NO min = 0,0252.(1 - e-0,0120.t) R 2 = 0,61
NO min = 0,0229.(1 - e-0,0851.t) R 2 = 0,57
LRU
0,040 0,040 LTS
0,035 0,035
0,030 0,030
NOmin (dag kg-1)
0,025 0,025
0,020 0,020
0,015 0,015
0,010 0,010
Pontos observados Pontos observados
0,005 Cinética de duas fases 0,005 Cinética de duas fases
Cinética de primeira ordem Cinética de primeira ordem
0,000 0,000
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de incoporação dos lodos (dias) Tempo de incoporação dos lodos (dias)
NOmin = 0,0213.(1 - e-0,1653.t) + 0,0201.(1 - e-0,0006.t) R2 = 0,78 NOmin = 0,0195.(1 - e-0,1095.t) + 0,0109.(1 - e-0,0007.t) R 2 = 0,51
NOmin = 0,0270.(1 - e-0,0858.t) R2 = 0,70 NOmin = 0,0195.(1 - e-0,0670.t) R 2 = 0,48
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Na Tabela 5.4 estão apresentados os parâmetros das equações de cinética de primeira ordem
(Equação 7) e cinética de duas fases (Equação 9) ajustados para cada tipo de material
orgânico aos dados obtidos de NOmin acumulados no período de 215 dias de experimento.
Também estão apresentados os valores de NOaplic, calculados de acordo com a massa de
material aplicada ao solo, além dos valores das fração de mineralização (FMNO(obs))
calculadas a partir dos dados observados (Equação 12) e dos valores estimados utilizando-se
as equações 17 (FMNO(calc 1)) e 18 (FMNO(calc 2)).
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Com base nos coeficientes de mineralização (k) e NOpot obtidos ao se utilizar a Equação 9,
pode ser verificado que a mineralização do NO dos lodos e do resíduo orgânico foi
caracterizada por uma fase inicial com elevada taxa de mineralização dos compostos
orgânicos (kL), ocorrida nos primeiros 20 dias de sua incorporação ao solo, seguida de fase de
taxa de mineralização reduzida (kR). Esses resultados são corroborado por semelhante
comportamento do COT e COfo.
Avaliando a degradação do lodo de esgoto após 112 dias de sua incorporação às amostras de
solo tropical incubadas, Boeira et al. (2002) observaram taxa de mineralização do NO maior
no início da incubação e decréscimo com o tempo, corroborando as observações obtidas neste
trabalho. Andrade et al. (2013), de forma semelhante ao que foi verificado neste experimento,
observaram que a mineralização do nitrogênio orgânico, após sucessivas aplicações de lodo
de esgoto ao solo, ocorreu com maior intensidade no período inicial de 28 dias após a
incubação.
64
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5.9 Fração de mineralização do nitrogênio orgânico dos lodos e do
resíduo orgânico incorporado ao solo
As frações de mineralização estimadas a partir dos da Equação 9, para o tempo de 365 dias
FMNO(calc 1) e FMNO(calc 2) estão apresentados na Tabela 5.5. As frações mineralizadas aos
365 dias foram superiores a 95% em todos os materiais orgânicos analisados neste
experimento, estando superiores aos obtidos, em condições controladas de laboratório, por
Boeira et al. (2002), que observaram que a FMNO de 16 a 32% em lodos incubados por 105
dias ao solo.
Figura 5.8 - Quantidade de carbono emanado acumulado, na forma de CO₂ (C-CO₂), das
misturas dos lodos e do resíduo orgânico ao solo e solo controle, durante o período de 140
dias de incubação das amostras
330 a 400 b
mg C-CO2 evoluído / 100g de solo
mg C-CO2 evoluído / 100g de solo
300
350
270
240 300
210 250
180
200
150 B
120 150
90 100
60
30 50
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100110120130140
Tempo deTempo
incorporação dos resíduos
de incubaçao orgânicos
dos lodos (dias) (dias) TempoTempo de incorporaçao
de incorporação dos lodos
dos resíduos (dias) (dias)
orgânicos
(dias) (dias)
SC LDA LTS LRU SC LDA LTS LRU
LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm) LSAC (0 - 5 cm) LSAC (5 - 10 cm) LSAC (10 - 15 cm)
SC - solo controle; LDA - lodo de digestor anaeróbio; LTS - lodo de tanque séptico; LRU - lodo de
reator UASB; LSAC (0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm) - resíduo orgânico coletado nas respectivas camadas:
0 - 5; 5 - 10 e 10 - 15 cm acumulada no sistema alagado construído de escoamento vertical (SAC-
EV).
67
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12%, respectivamente, obtidos para LSAC 0 - 5 cm, LSAC 5 - 10 cm e LSAC 10 - 15 cm
corroboram a maior estabilidade desses lodos e, por isso, menor FMCOT.
Tabela 5.6 - Fração de mineralização do carbono orgânico dos lodos e do resíduo orgânico,
nos experimentos I e II
Material
Dose(1) COT-adicionado(2) COTmin(3) FMCOT(obs)
orgânico
-- kg ha-1 de N -- --------------------- mg kg-1 ------------------- ----------- % -----------
Experimento--- I ----
LSAC 0 - 5 cm 300 2472 469,7 (± 72) 19,0 (± 3)
LSAC 5 - 10 300 2430 475,0 (± 166) 19,5 (± 7)
LSAC 10 - 15 300 2041 246,4 (± 81) 12,1 (± 4)
cm
LDA 300 1539
1 419,0 (± 48) 27,2 (± 3)
cm
LRU 300 3645 705,2 (± 185) 19,3 (± 5)
LTS 300 2584 1673,6 (± 58) 64,8 (± 2)
Experimento II
LSAC 0 - 5 cm 600 4335 890,8(± 96) 20,5 (± 2)
LSAC 5 - 10 600 4463 725,6 (± 54) 16,3 (± 5)
LSAC 10 - 15 600 3745 694,4 (± 75) 18,5 (± 2)
cm
LDA 600 3104 873,8 (± 34) 28,1 (± 1)
cm
LRU 600 6342 1445,6 (± 29) 22,8 (± 5)
LTS 600 5472 2534,9 (± 58,81) 46,3 (± 11)
Com o aumento na dose de material orgânico para 600 kg ha-1 de N, as frações mineralizadas
do LSAC 0 - 5 cm, LSAC 5- 10 cm, LSAC 10 - 15 cm, LDA, LRU e LTS passaram a ser,
respectivamente, de 21, 16, 19, 28, 23 e 46%, valores não superiores e, até, inferiores aos
obtidos quando se aplicou a dose de 300 kg ha-1 de N. Wong et al. (1998) afirmaram que a
incorporação de elevadas doses de matéria orgânica ao solo, pode suplantar a capacidade
microbiana de degradação, o que pode ocasionar decréscimo na taxa de degradação.
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2002; TELES et al., 2009). O modelo de cinética de duas fases também proporcionou bons
ajustes tendo sido obtidos valores de R2 próximos aos determinados por Andrade et al.
(2006), no ajuste de equação de cinética de duas fases ajustada aos dados de degradação de
biossólidos incubados em solo.
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Figura 5.9 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas dos
lodos e do resíduo orgânico ao solo, considerando-se a dose de 300 kg ha⁻¹ de N, no tempo
de 140 dias de incubação das amostras
60 LSAC 0 - 5 cm 60 LSAC 5 - 10 cm
50 50
40 40
30 30
20 20
TempoTempo de incubação
de incubação dos lodosorgânico
do resíduo (dias) (dias) Tempo Tempo
de incubação do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias)
(dias) (dias)
C-CO 2 = 38,7646.(1 - e-0,0550.t 2
) R = 0,94 C-CO 2 = 39,4922.(1 - e-0,0374.t) R2 = 0,82
C-CO 2 = 24,2508.(1 - e-0,1348.t) + 204,9829.(1 - e-0,0008.t) R 2 = 0,96 C-CO 2 = 19,0194.(1 - e-0,1480.t) + 124,6673.(1 - e-0,0001.t) R2 = 0,85
60 LSAC 10 - 15 cm 60 LDA
50 50
mg de CO2 / 0,1 kg de solo
mg de CO2 / 0,1 kg de solo
40 40
30 30
20 20
10 Pontos observados
10 Pontos observados Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem Cinética de duas fases
Cinética de duas fases
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo Tempo de incubação
de incubação dos lodos
do resíduo (dias) (dias)
orgânico
(dias) C-CO 2 = 39,1524. (1 - e-0,1088.t) R2 = 0,96
C-CO 2 = 22,5569.(1 - e -0,0334.t 2
) R = 0,87
C-CO 2 = 33,6270.(1 - e-0,1424.t) + 13,6711.(1 - e-0,0073.t) R 2 = 0,97
C-CO 2 = 8,1347.(1 - e-0,1483.t) + 23,2454.(1 - e-0,0091.t) R 2 = 0,89
140
80 120
100
60
80
40 60
20 Pontos observados 40
Cinética de primeira ordem Pontos observados
Cinética de duas fases 20 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
C-CO 2 = 65,8779.(1 - e-0,0274.t) R2 = 0,95
C-CO 2 = 27,4592.(1 - e-0,0843.t) + 106,8356.(1 - e-0,-0,0038.t) R2 = 0,97 C-CO2 = 159,1574.(1 - e-0,0436.t) R2 = 0,99
C-CO2 = 115,1936.(1 - e-0,0626.t) + 75,5036.(1 - e-0,0085.t) R 2 = 0,99
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Figura 5.10 - Massa acumulada de C-CO₂ evoluído, por unidade de massa das misturas
resíduo orgânico-solo incorporadas ao solo, considerando-se a dose aplicada de 600 kg ha⁻¹
de N, no tempo de 140 dias de incubação das amostras
80
mg de CO2 / 0,1 kg de solo
80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 Pontos observados 20 Pontos observados
10 Cinética de primeira ordem
Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases 10 Cinética de duas fases
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação
Tempo do resíduo
de incubação orgânico
dos lodos (dias) (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
-0,0057.t (dias)
C-CO 2 = 127,6533.(1 - e 2
) R = 0,96
C-CO 2 = 78,7845.(1 - e-0,0785.t) R 2 = 0,97
C-CO 2 = 199,6853.(1 - e-0,0020.t) + 6,6661.(1 - e-0,5309.t) R 2 = 0,96
C-CO 2 = 48,6417.(1 - e-0,1936.t) + 45,9980.(1 - e-0,0144.t) R 2 = 0,99
240
120
210
100
180
80 150
60 120
40 90
Pontos observados
60 Pontos observados
20 Cinética de primeira ordem
Cinética de duas fases Cinética de primeira ordem
30 Cinética de duas fases
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Tempo de incubação dos lodos (dias)
Tempo de incubação dos lodos (dias)
C-CO 2 = 136,0175.(1 - e-0,0263.t) R 2 = 0,98
C-CO 2 = 247,1579.(1 - e-0,0310.t) R 2 = 0,99
C-CO 2 = 53,8989.(1 - e-0,0848.t) + 201,5411.(1 - e-0,0044.t) R 2 = 0,99
C-CO 2 = 203,5793.(1 - e-0,0384.t) + 250,2646.(1 - e-0,5201.t) R 2 = 0,99
71
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Nas Tabelas 5.7 e Tabela 5.8 estão apresentados os parâmetros das equações de cinética de
primeira ordem e de cinética de duas fases, ajustados para cada tipo de lodo aos dados de C-
CO₂ degradados no período de 140 dias de incorporação dos lodos. Também estão
apresentados os valores estimados das frações de mineralização, calculadas a partir das
Equações 13 e 14, baseada nos valores do COTpot potencialmente degradado obtidos nas
referidas equações ajustadas.
Tabela 5.7 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem
e cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (mg C 0,1 kg-1) 247,20 243,02 204,10 153,92 364,53 258,44
COTmin(140 d)(mg C-CO2) 46,97 47,50 24,64 41,90 70,52 167,36
FMCOT(obs) (%) 19,0 19,5 12,1 27,2 19,3 64,8
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem -----------------------------
COTpot (mg C-CO2) 38,7646 39,4922 22,5569 39,1524 65,877 159,1574
-1 -
k (d ) 0,0550 0,0374 0,0334 0,1088 0,0274 0,0436
9
R2 0,94 0,82 0,87 0,96 0,95 0,99
COTmin(calc) 38,7646 39,4922 25,5569 39,1524 65,877 159,1574
FMCOT(calc 1) (%) 100 100 100 100 100 100
9
FMCOT(calc 2) (%) 82,5 83,1 91,5 93,4 93,4 95,2
-------------------------------- Cinética de duas fases ------------------------------
COTpot(L) (mg C-CO2) 24,2508 19,0194 8,1347 33,6270 27,4592 115,193
-1
kL (d ) 0,1348 0,1480 0,1483 0,1424 0,0843 0,0626
6
COTpot(R) (mg C-CO2) 204,9839 124,6673 23,2454 13,6711 106,83 75,5036
kR (d-1) 0,0008 0,0001 0,0091 0,0073 0,0038 0,0085
56
R2 0,96 0,85 0,89 0,97 0,97 0,99
COTmin(calc) 153,3710 72,476 24,878 42,3781 71,536 167,7276
FMCOT(calc 1) (%) 62,0 29,8 12,2 27,5 19,6 64,9
07 6
FMCOT(calc 2) (%) 66,9 50,4 79,3 89,6 53,3 88,0
C-CO₂ - quantidade de carbono degradado (mg C 0,1 kg-1) na mistura resíduo orgânico-solo no período
de 140 dias de incubação; COTpot - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável (mg C-CO2);
COTpot((L) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil mineralização (mg C-CO2);
COTpot(R) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil mineralização (mg C-CO2); kL
- coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de fácil mineralização (d -1); kR - coeficiente de
mineralização do carbono orgânico total de difícil mineralização (d -1) R2 - coeficiente de determinação;
fração de mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in - COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in -
COT(cont)in)]; FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic)); FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).
72
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baixos e estiveram entre 50 e 88%. A obtenção de maiores valores de FMCOT quando
calculados utilizando-se a equação de cinética de primeira ordem está associado ao fato de
que o valor de COT(pot) foi forçadamente superestimado, em razão de um aumento ocasional
nos dados de COT obtidos aos 110 e 140 dias, no ensaio por respirometria. Considerando-se
que, nos ensaios em laboratório, as equações se ajustaram bem aos dados de cinética de
primeira ordem, diferentemente do que foi estabelecido para o experimento de campo, os
resultados obtidos utilizando-se esse modelo matemático pode ser aceito.
73
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Tabela 5.8 - Parâmetros das equações de decaimento segundo a cinética de primeira ordem
e cinética de duas fases para a estimativa da biodegradabilidade das misturas dos lodos e do
resíduo orgânico ao solo
LSAC LSAC LSAC LDA LRU LTS
0 - 5 cm 5 - 10 cm 10 - 15 cm
COTaplic (mg kg-1) 433,47 446,31 347,51 310,44 634,19 547,19
COTmin(140 d)(mg C- 89,08 72,56 69,44 87,38 144,56 253,49
FMCOT
CO2) (obs) (%) 20,5 16,3 18,5 28,1 22,8 46,3
Parâmetros ----------------------------- Cinética de primeira ordem -----------------------------
COTpot (mg C-CO2-) 82,778 74,4358 127,6533 78,7845 136,0175 247,1579
k(d-1) 0,0257
7 0,0165 0,0057 0,0785 0,0263 0,0310
R2 0,97 0,96 0,96 0,97 0,98 0,99
COTmin(calc) 80,512 67,047 70,180 78,7845 136,0175 247,1579
FMCOT(calc 1) (%) 18,6
3 15,0 20,2 25,4 21,4 45,2
FMCOT(calc 2) (%) 97,3 90,0 55,0 100 100 100
-------------------------------- Cinética de duas fases ------------------------------
COTpot(L) (mg C-CO2) 19,9248 14,3741 199,6853 48,6417 53,8989 203,5793
kL (d-1) 0,2947 0,4433 0,0020 0,1936 0,0848 0,0384
COTpot(R) (mg C-CO2) 96,1344 190,6679 6,6661 45,9980 201,5411 250,2646
kR (d-1) 0,0090 0,0027 0,5309 0,0144 0,0044 0,5201
43
R2 0,99 0,99 0,96 0,99 0,99 0,99
COTmin(calc) 88,790 74,391 54,43 187,37 255,014 452,901
FMCOT(calc 1) (%) 20,5 16,7 15,6 60,4 40,2 82,7
FMCOT(calc 2) (%) 76,5 36,3 26,4 100 99,8 99,8
C-CO₂ - quantidade de carbono degradado (mg C 0,1 kg-1) na mistura dos lodos e resíduo orgânico ao
solo no período de 140 dias de incubação; COTpot - carbono orgânico total, potencialmente
mineralizável (mg C-CO2); COTpot((L) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de fácil
mineralização (mg C-CO2); COTpot(R) - carbono orgânico total, potencialmente mineralizável, de difícil
mineralização (mg C-CO2); kL - coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de fácil
mineralização (d-1); kR - coeficiente de mineralização do carbono orgânico total de difícil mineralização
(d-1) R2 - coeficiente de determinação; fração de mineralização - FMCOT(obs) = 100.[(COT(trat)in -
COT(cont)in) - (COT(trat)fin - COT(cont)fin)/ (COT(trat)in - COT(cont)in)]; FMCOT(calc 1) = 100.(COT(min)/COT(aplic));
FMCOT(calc 2) = 100.(COT(min)/COT(pot)).
74
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Segundo Andrade (2015), o SAC-EV começou a operar com lodo de caminhão limpa fossa
em 27 de setembro de 2013, uma vez que este sistema já operava no tratamento de esgoto
doméstico. Em 25 de maio de 2016 foi realizada a coleta do material utilizado neste estudo,
tendo sido coletado em camada de lodo acumulado com 15 cm de espessura, tendo o material
mais profundo idade de, aproximadamente, dois anos e seis meses.
Com base nos resultados obtidos, pode-se considerar que um tempo de permanência do lodo
de um ano seria suficiente para que houvesse a estabilização do material orgânico em SACs-
EV, no entanto, não haveria perda de sua qualidade como fertilizante, caso tenha que
permanecer por período maior. Essa informação pode auxiliar na tomada de decisão como
prática operacional desses sistemas e, de acordo com critérios de degradabilidade, indicaram
que o resíduo orgânico removido dos SACs-EV poderá ser disposto no solo de áreas
agrícolas, disponibilizando com relativa rapidez os nutrientes que o constitui.
8
c
bc
6
Capim-tifton 85 (t ha )
-1
4 abc abc
abc
2 ab
0
m
m
m
SC
U
S
A
LT
LR
5c
5c
LD
c
10
-1
0-
5-
10
C
C
A
C
A
LS
A
LS
LS
TempoLodo incorporado
de incorporação no solo (dias)
dos resíduos
75
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A produtividade de matéria seca da parte aérea das plantas ficou entre 1,58 e 6,46 t ha-1 nas
parcelas experimentais em que foram incorporados os lodos e o resíduo orgânico, maiores que
as obtidas no solo controle (sem adubação), que foi de 0,41 t ha-1. Comparativamente, a
produtividade da parte aérea do capim, proporcionada pela adubação com LSAC-EV 5 - 10
cm, foi 15,8 vezes maior que a obtida no solo controle, evidenciando o valor fertilizante desse
resíduo. Aliás, os LSAC-EVs estiveram entre os que proporcionaram maior produtividade do
capim, indicando a adubação do solo como alternativa viável para a destinação desses
resíduos, quando retirados dos SACs-EV.
O efeito positivo da adubação com lodo de esgoto sobre culturas tem sido destacado na
literatura, por autores como Martins et al. (2003) e Nogueira et al. (2006), os quais afirmam
que a aplicação de doses de lodo de esgoto proporcionou aumento nos teores e no
fornecimento de nutrientes disponíveis à planta, além do incrementos na produção de matéria
seca da parte aérea.
Lemaisk e Silva (2006) também constataram, em experimento com milho, que a adubação
com lodo de esgoto foi em média 21% mais eficiente do que a efetuada com fertilizante
mineral. No presente estudo, ocorreu aumento médio de 60% na produtividade do capim-
tifton com adubação do LSAC 10 - 15 cm, em relação à dose zero (SC).
76
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Os lodos gerados pós tratamento anaeróbio (LTS, LDA e LRU) proporcionaram menores
produtividades de matéria seca que os resíduos tratados no SAC-EV, demonstrando que o
resíduo removido de SACs-EV disponibiliza maior quantidade de nutrientes para as plantas
que os outros resíduos.
Resultados expressivos com aplicação do lodo de esgoto também têm sido encontrados
quando utilizados na adubação de outras culturas. Silva et al. (2002) constataram que, durante
três anos consecutivos, o lodo de esgoto aplicado no solo forneceu quantidades suficientes de
nutrientes para a cultura do milho, além de ser mais eficiente que a adubação mineral. Por
outro lado, Nogueira et al. (2006), em solo semelhante ao utilizado no presente experimento,
não observaram aumentos de produtividade na cultura do milho e feijão consorciados e
adubados como lodo de esgoto e diferentes formas de adubação química.
Além de melhorias nas condições químicas no meio, pode-se suspeitar que a melhoria nas
propriedades físicas também possa ter sido fator contribuinte para que se obtivesse maiores
produtividades do capim. Os resultados de diversos trabalhos indicam melhoria na qualidade
física do solo com a aplicação de lodo de esgoto (ALVES et al., 2007; GARCÍA-ORENES et
al., 2005). Segundo Meurer (2007), os dois fatores de natureza física (estrutura e textura)
podem influenciar acentuadamente no crescimento das plantas, e os lodos podem alterar a
estrutura do solo. Ainda assim, acredita-se que a maior retenção de água tenha sido o fator
físico de maior influência nos resultados.
77
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6 CONCLUSÕES
A incorporação dos materiais orgânicos ao solo concorreu para que houvesse aumento de
até 15,8 vezes na produtividade do capim-tifton 85, em relação ao controle (sem
adubação), estando o resíduo de sistema alagado construído de escoamento vertical entre
os que proporcionaram os maiores valores;
79
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7 RECOMENDAÇÕES
Estudos a longo prazo com uso de resíduos orgânicos de esgoto devem ser conduzidos de
modo a averiguar com segurança a possível construção da fertilidade de solos tropicais com
uso de lodo de esgoto.
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Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG