2 - Amenorréia
2 - Amenorréia
2 - Amenorréia
DIAGNÓSTICO EM:
1ª - Aos 14 anos, NÃO MENSTRUOU + NÃO TEM CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS.
1ª - Aos 16 anos, NÃO MENSTRUOU + COM DESENVOLVIMENTO SEXUAL NORMAL.
2º - JÁ MENSTRUOU + 3 MESES OU 6 MESES SEM MENSTRUAR.
- Dividida em anatômica e hormonal, sendo que cada uma delas é dividida em condição herdada ou adquirida.
- A forma hormonal pode ser:
- Hipogonadismo = redução da função ovariana.
Pode resultar de:
- Hipogonadismo hipogonadotrófico =
ausência de estimulação pelas
gonadotrofinas.
- Hipogonadismo hipergonadotrófico =
insuficiência ovariana primária.
- Eugonadismo eugonadotrófico: níveis
normais de LH e FSH.
POR COMPARTIMENTO
- De acordo com o compartimento que origina a disfunção (CAI EM PROVA – saber cada compartimento):
- Compartimento I: desordens do trato de saída do fluxo menstrual (útero e vagina);
- Compartimento II: desordens gonádicas (ovarianas – estrógeno e progesterona);
- Compartimento III: desordens hipofisárias (LH e FSH);
- Compartimento IV: desordens hipotalâmicas (GnRH).
INVESTIGAÇÃO
- Anamnese: pesquisar história patológica pregressa, galactorréia, uso de medicamentos, comorbidades, alterações
neuropsíquicas, curetagens, infecções uterinas, etc.
+
- Exame físico: ausência de vagina, hímen perfurado, estigmas de Turner, ausência de caracteres sexuais
secundários.
3º PASSO: CARIÓTIPO.
- FSH > 20: eixo H-H íntegro; mas não está produzindo hormônios ovarianos -> hipogonadismo
hipergonadotrófico -> causas ovarianas, como menopausa e falência ovariana precoce.
- FSH < 5: sem estímulo central -> hipogonadismo hipogonadotrófico -> disfunção
hipotalâmicas e hipofisárias.
- Rastreio de tumores do SNC por RM??? -> Incidentalomas!! (rastreio tem sido
desestimulado).
- Realizar teste do GnRH.
- TESTE POSITIVO (aumento dos níveis de LH ou FSH em, no mínimo, 200% em relação ao basal) =
defeito hipotalâmico/compartimento I.
- TESTE NEGATIVO = defeito hipofisário/compartimento II -> repetir exame em 4-7 dias para
garantir, pois pode ter tido uma dessensibilização da glândula por hipotrofia funcional.
ETIOLOGIAS
HIPOTALÂMICA
- Maioria das amenorreias 2ª são de causa hipotalâmica -> alteração da secreção pulsátil de GnRH.
- SÍNDROME DE KALLMANN: falha na migração das células neuronais olfatórias e das células produtoras de GnRH
do epitélio nasal da placa cribiforme do nariz até a área pré-óptica e hipotalâmica na embriogênese.
- Tríade clássica: anosmia ou hiposmia + hipogonadismo hipogonadotrófico + cegueira para cores.
- Tem ainda, infantilismo sexual.
- Tratamento é administração pulsátil de GnRH exógeno.
- Amenorreia pós-pílula: por inibição do eixo; pode durar até 6 meses após suspensão do ACO combinado e até 12
meses após progesterona IM.
- Estado de grande tensão/estresse, pseudociese, distúrbios alimentares: estresse e questões psíquicas ->
distúrbios eixo H-H-O por inibir pulso do GnRH -> amenorréia.
- Exercícios físicos exaustivos: motivos multifatoriais (alteração de neurotransmissores, pouca gordura corporal,
gasto energético).
- Tumores: é a causa hipofisária mais comum. Dependendo de quando surge, pode causar amenorreia primária e
secundária. Geralmente cursa com outros sintomas, conforme outros hormônios hipofisários secretados ou inibidos.
- Adenoma hipofisário: causa mais comum é o PROLACTINOMA (50%) -> suspeitar se prolactina acima de
100 (farmacológica e por outras causas não passa disso).
- Síndrome de Sheehan: necrose hipofisária pós-parto por isquemia local; com redução acentuada. Clínica aparece
até meses após o parto. Desconfiar se houve necessidade de transfusão, histórico de DPP ou atonia uterina.
Amenorreia secundária + agalactia.
GONODAL
- Anovulação crônica: engloba todas as situações que ocorrem falhas repetidas na ovulação.
- Assincronia entre secreção de gonadotrofinas e produção de estrogênio -> não tem hipoganadismo e nem
hipoestrogenismo.
- Alteração típica: falta da oposição da progesterona, logo, não tem fase lútea no ciclo.
- Causas: SOP; quase todas as amenorreias hipotalâmicas evoluem para anovulação; hiperplasia adrenal,
tumor de adrenal, tumor ovariano, etc.
- Disgenesia gonadal: ausência de células germinativas nas glândulas, que ficam sem atividade endócrina.
- Diagnóstico definitivo é com biópsia da glândula.
- Associada com alterações cromossômicas -> tem que realizar cariótipo em toda amenorréia primária.
- Dividida em disgenesia gonadossomática, disgenesia gonadal pura e disgenesia gonadal mista.
- Síndrome de Swyer (é um tipo de disgenesia gonodal pura = não se associa com anormalidades
cromossômicas; indivíduos com cariótipo normal + com gônadas em fita): cariótipo 46, XY.
- Anéis fibrosos no lugar dos testículos, que não incapazes de produzir testosterona ou MIF, o
que torna genitália interna e externa fenotipicamente feminina.
- Amenorreia + tubas e útero rudimentares + gônadas em fita + ausência de caracteres
sexuais secundários + infantilismo genital.
- Muitas modelos têm (se quiser engravidar -> doação de óvulo + progesterona).
- Retira testículos por risco de malignização.
- Insuficiência ovariana prematura (IOP): insuficiência ovariana antes dos 40 anos de idade; pode ser genética,
autoimune, por doença infecciosa, iatrogênica (QT/RT).
- Síndrome de Savage: resistência a ação das gonadotrofinas ou ausência de receptores ovarianos. Primária ou
adquirida. Pode causar amenorreia primária ou secundária. Não há síntese ovariana -> aumento das gonadotrofinas!
- Biópsia para diferenciar de IOP (não é recomendado -> riscos; não muda tratamento!).
- Insensibilidade incompleta aos androgênios: variação entre Morris e um homem normal -> diversos fen[ótipos.
- Deficiência de 5-alfa-redutase: cariótipo 46, XY. A deficiência dessa enzima impede transformação da testosterona
em di-hidrotestosterona (DHT -> responsável pela diferenciação da genitália externa masculina).
- Genótipo XY, com testículos (antimulleriano funcionante) -> sem estruturas mullerianas, mas com genitália
externa feminina ou ambígua.
- Genitália masculina interna presente e normal (derivada dos ductos de Wolff; depende só de testosterona).
- Diversos fenótipos. Mais comum é genitália ambígua com pênis que parece clitóris.
- Caracteres secundários masculinos (não desenvolve mamas; pelos normais).
- Diagnóstico: relação testosterona/DHT alta, sobretudo após HCG.
- Galactosemia.
UTEROVAGINAL
Falha de resposta endometrial? Malformações uterinas? Malformações do trajeto de saída por agenesia ou simples
obstrução?
- Morris por alguns autores é colocada aqui! -> Anomalia no útero (ausência dele) com vagina curta.
- Hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC): maior causa de genitália ambígua em feto feminino. Causada por
deficiência enzimática de 21-hidroxilase na maior parte dos casos (demais por outras
enzimas).
- É o exemplo de pseudo-hermafroditismo feminino: cariótipo feminino, mas
genitália ambígua.
- Alteração da enzima impede formação de glicocorticoides -> estimula ACTH -> hiperplasia do córtex adrenal
-> aumento de andrógenos e precursores -> virilização.
- Cariótipo feminino, mas genitália ambígua.
- Diagnóstico no pré-natal (rastreio se HF): mede 17-OHP (se > 500), 21-desoxicortisol e androstenediona no
líquido amniótico. Ideal é biópsia de vilo corial.
- Uso de dexa a partir de 4 semanas.
- Formas clínicas: perdedora de sal (afeta a maioria; crise hipovolêmica com perda de sal nas primeiras duas
semanas de vida; hiponatremia, hipercalemia e acidose); forma virilizante simples; forma não clássica/tardia.
- Hermafroditismo verdadeiro: raro; presença de ovário e testículo separadamente (em gônadas opostas ou na
mesma, mais comum, ovotestis).
- Cariótipo 46, XX ou 46, XY ou mosaico.
- Útero quase sempre presente; mas disposição da genitália interna varia.
- Genitália externa depende da gônada dominante -> maioria ambígua; maioria criado como homem.
- 80% desenvolve gonecomastia e 50% menstrua.
- Diagnóstico com biópsia de secção longitudinal nas gônadas (encontro de masc e fem em um indivíduo).
- Retirar tecido gonadal -> risco de malignizar.
- Malformações dos ductos de Muller: eles originam genitália interna feminina (útero, tubas e 2/3 superiores da
vagina). Pode ser agenesia ou hipoplasia uterina ou causas obstrutivas, como septo vaginal transverso ou
imperfuração himenal.
- ANOMALIAS UTERINAS:
- Útero unicorno: falha no desenvolvimento de um dos ductos paramesonéfricos ou
desenvolvimento deficiente de um corno. Deve-se retirar os cornos rudimentares
cobertos por endométrio (pode gerar gravidez ectópica ou hematométrio).
- Útero septado: reabsorção incompleta das paredes dos ductos de Muller. Divisão
pode ser completa ou até um pequeno septo.
- Útero bicorno: fusão incompleta dos ductos de Muller. Útero com único colo, com
diversos graus de separação entre cornos.
- Útero didelfo: falha completa da fusão dos ductos paramesonéfricos. Dois cornos e dois colos (dois
úteros).
- HÍMEN IMPERFURADO e SEPTO VAGINAL TRANSVERSO: causa de criptomenorreia.
- Sangramento não é exteriorizado.
- Dor pélvica em pacientes mais jovens + ausência
de menarca + caracteres sexuais secundários
presentes.
- Diagnóstico clínico: visualização direta da
malformação ou sangue retido (hematocolpo,
hematométrio ou hematoperitôneo).
- Confirma com US.
- Tratamento cirúrgico.
- Tuberculose genital.
- Genitália interna feminina: útero + trompas + 2/3 superiores da vagina. Influência do Ducto de
Muller/paramesonéfrico.
- Genitália externa feminina: 1/3 inferior da vagina. Influência dos androgênios.
- A genitália interna é a parte de dentro! É o útero, é a trompa, os 2/3 superiores da vagina... Quem forma a
genitália interna na mulher? É o ducto de Muller! A gente chama também de ducto paramesonéfrico!
- Saibam: tanto o feto masculino, como o feto feminino, nascem com o ducto de Muller e com o ducto
de Wolff!
- E por que o homem não forma a genitália feminina? Porque o testículo produz hormônio anti-
mulleriano! Quem vai se desenvolver, no homem, é o ducto de Wolff, ou ducto mesonéfrico.
- Qualquer alteração no ducto de Muller vai gerar alteração menstrual! Pode estar tudo normal,
ovário, hipófise, hipotálamo... Se a mulher tiver, por exemplo, uma agenesia mulleriana, ela não vai
menstruar! Não vai ter útero, não vai ter trompa, não vai ter terço superior da vagina.
- E olha só que interessante: se o feto tem cariótipo de homem (46XY), mas o ‘Y’ deu origem a um
testículo que não funciona, um testículo fibrosado, por exemplo (agenesia gonadal), ele não vai ter
hormônio anti-Mulleriano e vai desenvolver útero, trompa, mesmo tendo testículo e cariótipo de
homem!
- A genitália externa não tem nada a ver com Muller! Tem a ver com estímulo androgênico!
- Quer dizer que se uma gestante que tome muitas substâncias androgênicas, pode ser que isso
masculinize a genitália externa de uma menina? Pode... Na verdade, tem um androgênio que exerce
um poder mais forte sobre isso: é a dihidrotestosterona (é uma testosterona mais forte – ‘DI – 2x mais
forte’).
- Esse processo de masculinização da genitália ocorre nos meninos por causa da maior expressão de
uma enzima chamada 5-alfa-redutase, que transforma a testosterona em dihidro! As meninas não
têm quantidade significativa dessa enzima!
- Vamos imaginar: um homem (46XY) com um testículo fibrosado, além de não produzir o hormônio
anti-mulleriano, se também faltar a 5-alfa-redutase e não se formar um androgênio mais forte, pode
ser que esse homem apresente uma genitália interna e externa feminina! Um homem com fenótipo de
mulher!