Artigo Científico
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Resumo: O seguinte artigo consiste em apontar o problema da busca do prazer nos meios digitais, com
contribuições do pensamento de Anna Lembke, psiquiatra e professora, da Escola de Medicina da
renomada Universidade Stanford, que consegue ter descobertas científicas que explicam do porque a
nossa sociedade está constantemente com mais dependência com passar do tempo, e por que o prazer
gera mais sofrimento do que felicidade. Estudiosa clínica, ela é autora de mais de cem publicações
revisadas por pares, testemunhou perante a Câmara dos Representantes e o Senado dos Estados
Unidos, atuou como testemunha especializada em litígios federais e estaduais de opiáceos e é uma
líder reconhecida internacionalmente no tratamento e educação em medicina de dependência.
Inicialmente descreve como funciona o nosso cérebro a fim de propor uma melhor compreensão do
assunto, e sobre tudo fazendo com que o leitor encontre uma contribuição para geração atual que está com
dependência pelo uso desordenado das “drogas digitais”, em fim, as telas. Sendo assim levando o ser
humano a encontrar um equilíbrio nesse mundo do avanço tecnológico onde a sociedade está
consequentemente mais vulnerável a ter dependência devido ao hiperconsumo de dopamina que o
capitalismo desenfreado oferece, trazendo reflexão da filosofia e a medicina que oferecem caminhos
para uma busca de libertação digital.
Abstract: The following article consists of pointing out the problem of seeking pleasure in digital
media, with contributions from the thoughts of Anna Lembke, psychiatrist and professor, from the
School of Medicine at the renowned Stanford University, who manages to have scientific discoveries
that explain why our society is constantly more dependent over time, and why pleasure generates
more suffering than happiness. A clinical scholar, she has authored more than one hundred peer-
reviewed publications, testified before the United States House of Representatives and Senate, served
as an expert witness in federal and state opioid litigation, and is an internationally recognized leader in
opioid treatment and education. addiction medicine. Initially, it describes how our brain works in order
to propose a better understanding of the subject, and above all, making the reader find a contribution
to the current generation that is addicted to the disordered use of “digital drugs”, in short, screens.
Therefore, leading human beings to find a balance in this world of technological advancement where
society is consequently more vulnerable to dependence due to the hyperconsumption of dopamine
that unbridled capitalism offers, bringing reflection on philosophy and medicine that offer paths to a
search for digital liberation.
1
Artigo científico apresentado como trabalho de conclusão da disciplina produção de textos científicos Faculdade
Dehoniana, sob a orientação da professora Adriana Cintra de Carvalho Pinto
2
Graduando do curso de Filosofia (Bacharelado) da Faculdade Dehoniana, Taubaté, SP.
2
Introdução
Com devido tema, quem se abre a discutir tal tema, deve responder ou pelo menos
dialogar sobre algumas perguntas. Como por exemplo: O que faz o homem buscar as
coisas? Por que a busca do prazer nos meios digitais está nos deixando com adicção? E o
que podemos fazer enquanto sociedade que vive em meio do avanço tecnológico?
Vivencia-se atualmente a geração que está cega pela superabundância, com isso
ficando vulneráveis pelo consumo excessivo das mídias digitais e à compulsão do
capitalismo liquido. A aporia que traz este determinado tema, não faz apenas entender o
porquê está acontecendo determinado problema, mas faz com que se pense: o que fazer
para encontrar um equilíbrio, e sair desta prisão que são as chamadas telas modernas de
hoje, que o capital oferece, como algo para fugir da realidade do mundo.
Os indígenas que vivem em uma aldeia longe da civilização na selva por exemplo, eles
buscam sua sobrevivência na caça, caso contrário como sobreviveriam? Sendo assim,
obrigados a ir em busca de alimento pela sua escassez, pois se as pessoas não tiverem
esse mecanismo que provoca essa busca de alimentos que são importantes para nossa
sobrevivência a humanidade já estaria extinta. Por tanto existe no cérebro humano um
mecanismo de recompensa que faz com que as pessoas, e até mesmo os animais,
busquem a satisfação, esse fator é baseado em uma molécula chamada dopamina, ela foi
chamada inicialmente em sua descoberta de molécula do prazer. A dopamina foi identificada
em 1957, como um neurotransmissor no cérebro humano, portanto, é uma descoberta
relativamente recente por dois cientistas que trabalhavam de modo independente: Arvid
Carlsson e sua equipe em Lund, Suécia, e Kathleen Montagu, sediada próximo a Londres,
portanto, é uma descoberta atual.3
Oque a dopamina faz com o cérebro humano? Essa substância faz com que o cérebro
humano busque uma recompensa imediata, resultando em um circuito de recompensa cuja
sua finalidade é estar em um núcleo chamado acuscumbens,4 é o chamado circuito
3
Cf. LEMBKE Ana, Nação dopamina: por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos
fazer para mudar. p. 52.
4
É a principal estrutura do Estriado Ventral. Constitui uma interface límbico-motora e tem um papel central nos
circuitos de recompensa cerebral. Cumpre funções emocionais, motivacionais e psicomotoras, estando envolvido
4
mensolímbico,5 esse caminho é o que faz com que o cérebro queira mais a recompensa
imediata, que é coincidente a produção e absorção da dopamina. Então a finalidade da
dopamina no cérebro é fazer com que o ser humano cace, ou seja, esse neurotransmissor
não é propriamente do prazer, e sim da caça. Tendo isso em vista, o que faz com que uma
pessoa busque vídeos curtos no reels do instagram é o neurotransmissor dopaminérgico.
Então a dopamina tem um circuito de recompensa que está no cérebro. Lembke ajuda a
entender em forma de metáfora:
Ele tem, porém, cinco caminhos diferentes, mas o que interessa aqui, são apenas dois,
que é o caminho de circuito mesencéfalo e mesolímbico que vai para o núcleo ácumbens
causando então esse prazer, essa busca pela recompensa. Foi descoberto através de várias
experiencias, como também pela própria Lembke, que quanto mais descarregamos
dopamina nesse circuito, mais perdemos a capacidade de sentir esse prazer. Na sinapse
dos neurônios, o neurotransmissor, da dopamina, é jogado, e quando o outro neurônio
recebe, ele tem um neuroreceptor e este é uma proteína que, com excesso de dopamina,
faz com que pare de funcionar fechando os neuroreceptores e com isso, o excesso de
busca nos meios digitas fazendo ter o efeito que vai causar menos prazer, fazendo a com
que o indivíduo, precise de mais, e mais para ficar no estado normal, é comparável uma
pessoa que é dependente de droga.7
Então não é de espantar que muitos jovens, crianças e adultos estão frenéticos e estão
cada vez mais facilmente mal morados, entediados e infelizes. É uma experiencia mais ou
menos comum que a pessoas depois de duas horas de vídeos no instagram, depois que sai
daquele mundinho, sente uma sensação de como estivessem sugado a sua felicidade, seu
sentido de viver acaba naquele momento, pois se sentem como escravos. Anna Lembke,
psiquiatra e professora da Escola de Medicina da Universidade Stanford, explora as novas
descobertas científicas que explicam por que a busca incansável do prazer gera mais
sofrimento do que felicidade e está nos deixando frenéticos e escravos pelo excesso de
notícias, jogos, compras, e principalmente nos meios digitais. Segundo a doutora:
Um dos maiores fatores de risco para se tornar dependentes de qualquer tipo de droga é o
fácil acesso a ela. Quando a abstenção da droga é mais fácil, nossa probabilidade de
experimentá-la aumenta. Depois de experimentá-la, ficamos mais propensos a nos
tornarmos dependentes dela.11
O mundo de hoje oferece uma variedade de drogas digitais que antes não existiam, ou,
se existiram, agora em plataformas que temos um fácil e rápido acesso a ela. Isto inclui
8
Ibidem. Op. Cit, p. 9.
9
Cf. Ibidem, p. 10.
10
Cf. Ibidem, SKINNER, F. B. Sobre o Behaviorismo. p. 245.
11
Cf. Ibidem, p. 25.
6
pornografia, compras online, jogos de azar, enfim, só para citar alguns. 12 Sem dúvida, o
acesso mais amplo não é o único risco para dependência. Consolida-se a medicina, aqui no
caso a doutora Lembke aponta que o risco aumenta se tem algum parentesco biológico
adictos, mesmo quando somos criados fora do lar de dependentes. A doença mental diz a
psiquiatra leva ao uso de drogas, o uso de drogas causa ou revela a doença mental, ou
coisa está entre uma e outra?13
Outro fator de risco que muitos pais, que, temendo a violência das ruas, impedem suas
crianças de saírem de casa, pelas praças e parques, acabam precisando distrair os filhos
em casa e, não vendo outro remédio, terminam recorrendo, desde a tenra idade, aos
celulares, aos tablets, televisores, enfim, às telas, fazendo seus filhos como pombinhos
dando a eles alavancas para serem acionadas e receberem a sua recompensa, e depois de
um tempo ficarem dependentes de telas, e frenéticos como o pombo de Skinner. A internet
mesmo estimula um consumo compulsivo desenfreado hoje por apenas alguns segundos, o
que nossos pais conseguiriam ter acesso a quase meia hora, hoje temos em um clik, não
apenas fornecendo maior acesso a conteúdo adictivos, como os vídeos do rells do instaram,
não se tornaram apenas “virais”. Eles literalmente contagiosos, daí o surgimento do famoso
meme. Doutora Anna Lembke diz a respeito da dor física ou psíquica que a medicina antes
dos anos 1900, acreditava que algum grau de dor era saudável. Embora não havia certeza
que a dor, deve ser algo bom em nossa vida. Além disso o sofrimento hoje é algo universal,
não suportamos mais ter um pouco de dor, de sofrimento, perdemos a capacidade de tolerar
até formas menores de desconforto, não apenas dor física, mas principalmente sofrimento
emocional, necessitamos então de nos distrair do momento presente, nos entreter com algo,
na maioria das vezes, nas redes sociais, como uma droga. 14
12
Cf. Ibidem, p. 29.
13
Cf. Ibidem, p. 27.
14
Cf. Ibidem, p. 43.
7
psicológica da geração atual, que consequentemente ficam adeptos a entrar nessa caverna
e se tornarem escravos de uma tela.
A metáfora ou alegoria da caverna de Platão nos ajuda a fazer uma relação com a
sociedade moderna que têm passado a vida numa caverna com uma abertura para a luz.
Resumidamente Platão diz que os homens em sua metáfora, tem suas pernas e seu
pescoço acorrentados para que não possam se mover e só conseguem olhar para frente,
para os fundos da caverna15. Atualmente observa-se que hoje, a nossa caverna, é o celular,
o computador, a internet. As redes sociais nos revelam apenas uma sombra da realidade
que nos entretém, nos hipnotiza e que termina por nos afastar da realidade mesma. Ainda
sobre a metáfora da caverna diz Platão que acima e atrás deles faz arder uma fogueira e,
entre os ambos, há um caminho ascendente ao longo do qual corre um muro baixo. Passa
pessoas junto ao muro carregando estátuas de todo tipo e a fogueira devido sua luz projeta
as sombras, e por isso supõem que elas sejam os próprios objetos. Sé um prisioneiro é
libertado das correntes e se vira para luz, padece grandes, mas, pouco depois, começa a
16
ver as estátuas. O prisioneiro é então arrastado para fora da caverna, onde a luz é tão
brilhante que, de início, ele só consegue olhar para as sombras. Depois, no entanto, olha
para os objetos reais. Pouco depois, ergue os olhos para o sol e compreende que o sol e a
causa de tudo que vê ao redor, causa da luz, da visão e dos objetos da visão, do
movimento. Então ao ver o mundo real, o homem que fica deslumbrado, e volta para
contar as novidades aos amigos, ansioso por levá-los também à contemplação da luz. Os
companheiros, já há tanto tempo habituados com a falsidade das sombras, tomam como
por louco e terminam o matando. E cabe aqui deixar uma fala de Platão sobre o prazer e a
dor: “que cálculo maravilhoso! E como é enorme a distância que separa o justo do injusto
com relação a prazer e dor!”. 17
realidade. Todavia, essa virada de vida exige um ato de vontade. Mas como realizá-lo? Para
15
Cf. Ibidem, p. 177.
16
Cf. Ibidem, p. 177.
17
Cf. Ibidem, p.180.
8
Anna Lembke em sua obra, conta alguns relatos de seus pacientes, e acontecimentos
para ajudar o leitor a compreender e levar a sério esse problema que é esses desejos
compulsivos buscando esses prazeres incansavelmente. Ela relata então um acontecimento
trágico que envolvia um menino de 6 anos que sodomizava o irmão mais novo, de 4 anos.
No entanto quando a polícia foi acionada, os policias achava pois que avia algum adulto,
com quem a criança tem contato, estão abusando sexualmente dela, e então a criança
reconstitui isto com outra criança, como seu irmãozinho. Mas as autoridades gerais fizeram
a investigação geral e não havia evidência de que o irmão mais velho estivesse sofrendo
abusos. Seus pais eram divorciados e trabalhavam o dia inteiro, então as crianças ficavam
praticamente o dia inteiro sozinhas.20
O que acabou vindo à tona neste caso foi que, o irmão mais velho, estava tão viciado
na internet que acabou deparando com desenhos animados e animes japoneses mostrando
pois todo tipos de atos sexuais. A criança tinha seu próprio ipad, é ninguém vigiava o que o
menino andava navegando no meio digital. Depois de assistir tanto os desenhos, ele decidiu
tentar aquilo que via no irmão mais novo. 21 A internet estimula um consumo compulsivo
desenfreado, não apenas fornecendo maior acesso a drogas velhas e novas, mas também
comportamento que, de outro modo, poderiam nunca nos ter ocorrido. Os seres humanos
são sociais. Mas quando vemos outras pessoas comportando-se de certa maneira online,
esses comportamentos parecem “normais” porque pertencem a outras pessoas. O problema
não está nas redes sociais, não precisa condenar a internet, pode usa-las. Mas devemos ter
um certo equilíbrio, e se perguntar: qual será a finalidade deste uso?22
19
Cf. Ibidem, p. 179
20
Cf. Ibidem, p. 32, 33.
21
Cf. Ibidem, p. 33.
22
Cf. Ibidem, p. 33.
9
pois o que ali vivia era apenas um mundo de aparência e não um mundo real, e assim
também é a “geração dopamina” que em nossa caverna digital, ficamos oras e oras
buscando se distrair e fugindo de nossos problemas no rells do intagram, enchendo o
carrinho da amazon, vendo vídeos pornográficos, enfim, a busca do prazer. Não suportando
o lado do sofrimento. Hoje a sociedade atual tem uma grande facilidade em conseguir as
coisas em fácil excesso, em poucos segundos, o que antes levava horas ou até mesmo dias
para conseguir algo, hoje em um clik temos o que precisamos. Que na verdade é um uso
compulsivo desenfreado. O mundo digital pode ser um local de busca da verdade, o que
podemos definir como estudiositas23, ou um local de curiositas24 que nos leva a variedades e
a potência de drogas. O homem tende naturalmente ir em busca da verdade, é para alcança
a verdade o homem deve estudar, não apenas ficar vendo coisas superficiais como olhar
vídeos curtos no rells do Instagram.
A geração atual está sendo conhecida hoje como, “a geração dos segundos”, mas
porque estamos tendo tendencia de não conseguirmos mais de mantar atenção em uma
aula de duas horas, e recorremos em busca de remédios para TDH para nos ajudar na
concentração. Devemos deixar claro aqui que a internet não é um local que não deve ser
usada ou destruída, jamais, mas sim deve-se ser usada com devido equilíbrio ou iremos ser
hipnotizados e acabar como os homens da metáfora de caverna de Platão, escravos e
acorrentados sem poder enxergar a verdadeira realidade, mas para isso não acontecer
devemos ter um ato de vontade e voltar de querer e se preciso for, sofrer.
No entanto somos atraídos para por muitas formas e fugas agradáveis, que hoje estão
disponíveis para nós: a câmera de ressonância da mídia social, tik tok, maratona de reality
shows, uma noite de pornô pela internet, não precisamos fazer nossa própria batata frita,
temos prazer de fazer o pedido no fast food, vídeo games para nossa criançada, enfim a
lista não acaba. Drogas e comportamentos adictivos, fornecem a nós um tempo de
tranquilidade uma falsa felicidade, mas com o tempo bate em nossa porta os problemas
deixados pelo uso desenfreando. E se, em vez de tentar escapar do mundo para esquecer,
corrermos em direção a ele? É se, em vez de deixar o mundo para trás, mergulharmos de
cabeça nele?
Assim, tendo brevemente esboçado a metáfora da caverna de Platão que relaciona com
o que vivemos hoje, e hora chegada de sairmos da caverna, do mundo de aparências e
encarar a realidade podendo gerar algum sofrimento. Os ganhos de encontrar de alguma
maneira o equilíbrio e mantê-lo não são de imediatos nem permanente, exigem paciência e
23
Em latim estudiositas, traduzindo para o português: estudiosa, estudioso.
24
Em latim curiositas traduzindo para o português: curiosa, curioso.
10
uma transformação e vontade, a parar de fugir do que quer que esteja querendo escapar e,
e encarar seja lá o que for e mergulhar a funda a vida que lhe foi dada. Mas deve-se tem em
vista que o excesso de dor, ou uma dor potente demais, pode aumentar o risco de se tornar
dependente da dor causando assim outro problema.
2. O capitalismo desenfreado
A máquina de enrolar cigarros, por exemplo, foi inventada em 1880, tornou possível passar
de quatro cigarros enrolados minuto para o impressionante número de 20 mil. Atualmente,
são vendidos no mundo 6,5 trilhões de cigarros por ano, traduzidos para aproximadamente
18 bilhões de cigarros consumidos por dia, responsáveis por um número estimado 6
milhões de mortes no mundo.26
Dados recentes mostram que até os antidepressivos, previamente considerados como não
sendo “formadores de hábito”, podem levar à tolerância e dependência, e possivelmente até
piorar a depressão a longo prazo, fenômeno chamado disforia tardia. Além do problema da
dependência, e da questão sobre se essas drogas aludam ou não, tenho me atormentado
com uma questão mais profunda: E se o fato de tomar medicamentos psicotrópicos estiver
nos levando a perder algum aspecto essencial da nossa humanidade?30
Como visto no trecho extraído do livro Nação dopamina, o uso descontrolado de drogas,
mesmo sendo necessário para nossa saúde, deve-se ter cautela ao começar pelo uso de
medicamentos que nos faça de alguma forma desenvolver adicção. No entanto e de
extrema importância tratar devido assunto, pois presenciamos hoje uma “sociedade do
cansaço” um cansaço que nos incapacita de fazer qualquer coiso, como se estivéssemos
presos acorrentados em uma caverna. No livro, o sul-coreano Byung-Chul Han, professor de
filosofia e estudos culturais da Universidade de Berlim, em sua obra sociedade do cansaço
faz uma crítica ao capitalismo, onde numa época de velocidade e esgotamento faz com que
as pessoas entrem em depressão.31
28
CAT n. 2426
29
CAT n. 2425
30
Cf. Ibidem, p. 125
31
Cf. ELTON Corbanez; HAM, Byung-Chul. Sociedade do cansaço, p. 128
12
Cada época tem suas enfermidades. Dado que os sofrimentos psíquicos são
compreendidos nos dias atuais sobretudo como desvios neuroquímicos, para o autor do
livro em tela nossa época se configura como uma “violência neuronal”. Não obstante a
expressão, sua explicação passa ao largo de aspectos fisiológicos do sistema nervoso:
sofrimentos psíquicos como síndrome de burnout, transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade e depressão são apreendidos pelo autor em sua relação direta com o modo
operatório do capitalismo contemporâneo.32
Com efeito, as mercadorias a trocar umas pelas outras são simplesmente trabalho
materializado em diferentes valores de uso, portanto materializado de diversas formas - são
apenas o modo de existência materializado da divisão do trabalho ou a materialização de
trabalhos quantitativamente diferentes, correspondendo a sistemas de necessidades
diferentes34
32
Cf. Ibidem, p. 128
33
Cf. MARX, DURKHEIM e WEBER, Um Toque de Clássicos, p. 45.
34
MARX. Crítica à economia política, p. 282.
35
Cf. Ibidem, p. 45.
13
Pombo de laboratório, frenético e com adicção, aonde não tem mais ali um sentido de viver
o mundo fora da sua caixa, por já tem tudo em poucos segundos.
Conclusão
Dessa forma esse aspecto curioso que se tem na questão da dependência digital, é que a
realidade em que deveria ser apreciada de forma natural, está se tornado algo de geração
passada, hoje a realidade está nas telas, e quando o individuou que ficou aprisionado nesse
mundo digital, sai para encarar o mundo da verdadeira realidade, não consegue encarar a luz
14
forte, pois passou muito tempo na escuridão em sua caverna. Assim alegoria da caverna de
Platão ajuda a compreender do porquê está difícil de sai dessa dependência de um mundo de
aparências e não da realidade, pois o escravo do mundo digital tem dificuldade em acreditar em
existe um mundo além das telas. Pois olhar para fora das telas, requer mudanças radicas, e
muitas vezes dolorosas, e aquele que convida o outro a olhar para fora da caverna digital será
sempre visto como estranho, como o personagem de Platão, aonde os companheiros, já há
tanto tempo habituados com a falsidade das sombras, tomam como por louco e terminam o
matando. Sendo assim nosso tempo atua, passa por uma transformação de mudanças
pelos os avanços tecnológicos, sendo eles perigosos não apenas para nos seres humanos
pelo fato das pessoas estrem com dependência devido as drogas digitais, mas também por
envolver a vida do planeta, pelo hiperconsumo compulsivo desenfreando prejudicando os
recursos naturais rapidamente. Diante disso apesar desses fatores de riscos, o maior
acesso a drogas adictivas, pode ser o problema de risco importante as pessoas que já
nascem em meio ao âmbito digital.
Desse modo, conclui-se que atualmente estamos vivendo uma era da naturalização das
telas, que evidentemente não percebe o grande problema que a geração moderna irá
enfrentar pela dependência digital e o grande avanço tecnológico que o capital oferece, com
a aporia que essa adicção causara na questão psíquica do ser humano. A medicina e a
filosofia apresentam caminhos para uma libertação dessa escravidão digital, que se deve
então encarar o mundo, mergulhar-se com todos os problemas mesmo se isso causar
mudança. Uma solução que a própria medicina nos dá para o bem-estar é sairmos do sofá e
movimentarmos nossos corpos reais, não virtuais. Pois a vida segundo Gilberto Heleno
doutor em filosofia, pela PUC/SP em seu livro Ortega y Gasset descreve uma reflexão sobre
a vida dizendo que, o ponto de partida da filosofia da vida é bastante concreto, pois a vida é
intransferível. Pois não se pode trocar sua vida real, por um mundo de telas.
Referências
LEMBKE Ana, Nação dopamina: por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e
o que podemos fazer para mudar. São Paulo: Vestígio, 2021.
BURTON Neel, o mundo de Platão: a vida e obra de um dos maiores filósofos de todos os
tempos. São Paulo: Cultrix, 2013
15
Mary Eberstadt; Mary Anne Layden. Os custos sociais da pornografia: Oito descobertas que
põem fim ao mito do “prazer inofensivo”. São Paulo: Quadrante, 2019.
WEBER, Max. A política como vocação. In: GERTH, Hans; MILLS, Wright. Max Weber.
Ensaios de Sociologia. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.