Apostila Medicina Felina 2

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 96

APOSTILA - PARTE 2

MEDICINA FELINA:
7 vidas de cuidados

Veterinarius E.J.
Módulo 5 - Análise Laboratorial

“Aquele que depende totalmente do laboratório para fazer seu diagnóstico é


provavelmente inexperiente; aquele que diz que não depende do laboratório é
desinformado. Em ambos os casos, o paciente corre perigo.”

(J.A. Halsted – Department of Biochemistry, Washington


University School of Medicine)

Estresse de coleta

São muitos os desafios enfrentados pelo médico veterinário quando o


paciente em questão é um felino, visto que um gato estressado pode
influenciar no resultado da anamnese e dos exames laboratoriais. Além
disso, muitas vezes o estresse se inicia antes da chegada à clínica. Dessa
forma, é muito importante que o clínico esteja preparado para orientar os
tutores a respeito do transporte e da preparação para a consulta. O
ambiente da clínica também deve ser devidamente preparado para a
recepção amigável dos felinos.

O estresse pode desencadear anormalidades no exame físico (como


taquicardia, bradicardia, aumento da frequência respiratória, dilatação das
pupilas e hipertermia) e nos exames laboratoriais. Quando ocorre
debatimento do paciente, pode-se desencadear hiperglicemia por estresse
muito rapidamente, podendo alcançar valores de 613mg/d ℓ , que pode
perdurar por 90 a 120 min e, inclusive, resultar em glicosúria (para tirar a
dúvida se animal é ou não diabético, pode-se realizar o teste de
frutosamina ou hemoglobina glicada – ambos nos fornecem o histórico da
glicemia do animal). Também pode ser observada hipocalemia na
bioquímica sanguínea, devido à liberação de epinefrina.

Outras alterações que podem ser observadas no leucograma, em caso


de estresse agudo, em virtude da liberação de epinefrina envolvem:
leucocitose, neutrofilia, linfocitose e eosinofilia; em caso de estresse
crônico, pela

95
ativação do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal e liberação de cortisol, as
principais alterações observadas são: leucocitose, neutrofilia, linfopenia e
eosinopenia.

No caso da liberação de epinefrina, na conhecida resposta de “luta ou


fuga”, as alterações ocorrem devido ao fato de que os gatos possuem pool
marginal maior que o pool circulante. Logo, com a liberação de epinefrina,
ocorre demarginação dos leucócitos que estavam no pool marginal, indo
para o pool circulante. Com isso, temos, mais comumente, os achados de
leucocitose com neutrofilia e linfocitose.

Já no caso do cortisol, os esteroides atuam induzindo a apoptose dos


linfócitos, alterando seus padrões de recirculação e duplicando os
neutrófilos circulantes.

Segundo Thrall (2015), já foram observados gatos amedrontados, sem


sinais clínicos relacionados, com valores de linfocitose de até 20000 células/
μℓ (VR: 1500-7000), justificado pela ativação do eixo hipotálamo-pituitário-
adrenal.

Tipo de material e técnica de coleta

COLETA DE AMOSTRAS DE SANGUE

O médico veterinário que pretende oferecer um atendimento cat friendly


deve ter bom conhecimento acerca do comportamento e das
características da espécie de forma a proporcionar suporte médico que
seja o menos estressante possível para o animal, levando em consideração
que isso pode gerar diversas alterações nos exames laboratoriais. Por isso,
no momento da consulta, já devem estar presentes na sala de atendimento
todos os materiais que possam ser necessários na consulta, tais quais:
agulhas/cateter/scalp, seringas, tubos de coleta, termômetro digital flexível,
estetoscópio (se possível, pediátrico, por ser menor), máquina de tricotomia
- a mais silenciosa possível, toalhas estéreis, glicosímetro, balança próxima
à mesa de exames).

96
Para os exames que envolvem coleta de sangue, é útil verificar com o
laboratório que irá realizar as análises o volume realmente necessário das
amostras. Caso seja possível, pode-se coletar o material biológico em
microtubos com EDTA (volume máximo de 0,5mL de sangue), sempre
lembrando de homogeneizar a amostra adequadamente.

Normalmente, as coletas de amostras em gatos exigem o mínimo de


manuseio possível e o profissional deve assegurar que o paciente esteja o
mais seguro e relaxado possível nesse momento. Caso o clínico considere
necessário, pode permitir que o animal fique deitado ou enrolado sobre
algum cobertor ou algo macio que tenha o cheiro de sua casa, para
possibilitar um maior conforto ao gato. Alguns tutores gostam de estar
presentes nesse momento e isso pode ser muito útil para o clínico, visto
que o gato fica mais despreocupado e calmo na presença de seus tutores.

Orientações para a coleta de sangue, segundo o Feline Advisory


Bureau (FAB):

É importante manusear os animais com calma e delicadeza;


Limite, o máximo possível, o número de pessoas presentes no
ambiente;
Uma música tranquila pode ter efeito calmante;
As pessoas presentes no local devem ser orientadas a não manter
contato visual direto e fixo com o gato.

Métodos para a coleta de sangue:

COLETA DE SANGUE PELA VEIA CEFÁLICA (foto 1):

1) Com o gato em pé, ao lado direito do seu corpo, contorne o corpo do


animal com seu braço e traga-o para perto de você, mantendo o cotovelo
na altura das patas traseiras do gato;
2) Estenda seu braço direito e coloque 3 (três) dedos atrás do cotovelo do
gato e com os dedos indicador e polegar, faça um garrote no animal,
aplicando pressão com cuidado;
3) Mantenha a mão esquerda sob a mandíbula do animal, delicadamente,
para evitar que ele morda ou se movimente;

97
4) Em algumas situações,
o membro torácico
esquerdo pode precisar
ser contido, nesse caso,
use um dos dedos da
sua mão direita para a
contenção;

5) Realize a coleta.

Foto 1
Imagem: exemplificando como pode ser realizada a coleta através da veia
cefálica

COLETA DE SANGUE PELA VEIA JUGULAR – MÉTODO 1 (foto 2):

1) Com o corpo posicionado por trás do


gato, segure os membros torácicos e o
esterno com sua mão direita, inserindo
um dedo entre os membros para não
imprimir muita força, mantendo, com
seu corpo, o corpo do gato sobre a
mesa;

2) Usando a mão esquerda, levante, com


cuidado, a mandíbula do gato para ter
acesso à veia;

3) Faça carinho para distraí-lo e realize a


coleta.
Foto 2
Imagem: exemplificando procedimento através
da veia jugular

COLETA DE SANGUE PELA VEIA JUGULAR – MÉTODO 2 (foto 3):

Ideal para filhotes, animais muito medrosos e raças braquicefálicas. É ideal


para ser realizado com a ajuda de um assistente.

98
1) Apoie o gato em uma
toalha ou cobertor sobre a
mesa, se possível, com
cheiro de casa, para deixá-
lo mais confortável e
seguro;

2) Deite-o em decúbito
ventral, de maneira suave e Imagem: exemplificando procedimento através da
Foto 3
veia jugular
ágil;

3) Durante toda a manobra, segure os membros torácicos do animal de


maneira gentil e cuidadosa;

4) O assistente deve permanecer segurando o gato com a mão direita e,


com o braço esquerdo, mantenha-o deitado sobre a mesa, contendo
gentilmente a cabeça do animal;

5) O clínico deve usar o polegar para elevar a veia no sulco entre escápula e
traqueia, sem aplicar pressão excessiva, e realizar a coleta.

COLETA DE SANGUE PELA VEIA SAFENA MEDIAL (foto 4):

Nesse método são necessárias 2 assistentes para a contenção, além do


clínico para a coleta.

1) O gato deve ser colocado


em decúbito lateral, com as
pernas em direção ao
médico veterinário;

2) Quando possível, deixe


em posição anatômica os
membros torácicos e a
cabeça, visto que muitos
gatos não gostam de ficar Imagem: exemplificando coleta através da veia safena.
Foto 4
nesse decúbito;

99
3) Os assistentes devem manter-se com o corpo próximo às costas do
animal (para evitar o confronto direto);

4) Um dos assistentes deve usar a mão esquerda para conter a cabeça do


gato de forma gentil e a mão direita para segurar os membros torácicos,
mantendo o dedo indicador entre os membros;

5) O outro assistente deve segurar um membro pélvico com uma mão e,


com a outra, estender o outro membro, realizando o garrote para o clínico,
que realizará a coleta em seguida.

Tubos para coleta:

É fundamental que o clínico saiba escolher os tubos apropriados para as


amostras de sangue que serão analisadas. Na tabela abaixo (tabela 1),
estão listados os tubos de coleta mais utilizados na clínica médica, de
acordo com seus usos mais comuns e alguns comentários. Quando for
necessário coletar uma amostra em diferentes tubos, deve-se seguir as
diretrizes universais de ordem de preenchimento dos tubos, na seguinte
ordem:
1. Tubo para hemocultura – visando manter a assepsia na coleta;
2. Tubo sem anticoagulante ou com ativador de coágulo (tubo de tampa
vermelha comum e tubo de tampa amarela com gel separador de soro
SST) – evitar transporte de anticoagulante para esse tubo,
especialmente EDTA, a fim de evitar a contaminação e de reduzir o risco
de quelação e de concentrações séricas falsamente diminuídas de Ca2+
e Mg2+. O potássio presente no anticoagulante EDTA pode elevar
falsamente o valor de potássio da amostra;
3. Tubo com anticoagulante (citrato de sódio): deve ser preenchido
apenas depois do tubo sem anticoagulante para reduzir os riscos de
contaminação da amostra com tromboplastina residual, que pode ser
liberada durante a lesão induzida pela punção da veia e elevar
falsamente o tempo de coagulação;
4. Tubo com heparina;
5. Tubo com EDTA;
6. Tubo com oxalato-fluoreto.

100
Imagem: tipos de tubos para coleta de
acordo com sua composição. Amarela:
Gel separador com ativador de
coágulo (sem anti-coagulante), para
Bioquímica e Sorologia. Verde:
Heparina, para Hemograma de aves e
répteis. Cinza: Fluoreto de Sódio, para
Glicose. Roxa: EDTA, para Hemograma.
Vermelha: Ativador de coágulo (sem
anti-coagulante), para Bioquímica e
Sorologia. Azul: Citrato de Sódio, para
TP e TTPA (Coagulação). Preta: Citrato
de Sódio, para Taxa de Sedimentação.

Tabela - adaptada: tubos comuns utilizados na coleta de sangue

TIPO COR DA TAMPA TIPO DE AMOSTRA USO COMUM COMENTÁRIOS

SST Amarela. Soro. Perfil bioquímico; Não é apropriado


provas sorológicas. para determinar se o
nível da medicação é
terapêutico porque o
gel interfere na
recuperação do
fármaco.

Comum Vermelha. Soro. Perfil bioquímico; Em geral, é


provas sorológicas; necessário separar o
teste com soro das hemácias a
medicamento; fim de evitar a
análise de líquido. contaminação com
produtos da
degradação dessas
hemácias. Após a
centrifugação, o soro
deve ser transferido
para um tubo limpo
de tampa vermelha.

EDTA Rosa. Plasma ou Provas hematológicas, EDTA não é


sangue total. por exemplo, recomendado para
hemograma, contagem algumas espécies de
de plaquetas, contagem aves e répteis, como
de reticulócitos; corvo e tartaruga
PCR; terrestre ou marinha.
Teste de Coombs; Não permita que as
Tipagem sanguínea e amostras para PCR
reação cruzada; tenham contato com
Análise de líquido. formalina ou seu
vapor.

101
Citrato Azul-claro. Plasma ou Coagulograma; por Para obter resultados
de sódio sangue total. exemplo: TP, TPP, acurados, é necessária
D-dímero, uma razão sangue /
fibrinogênio, PDF. anticoagulante de 1:19. Em
tubo não preenchido por
completo, ocorre efeito de
diluição e, assim, tem-se
tempo de coagulação
falsamente prolongado. Em
tubo preenchido em
excesso, pode haver
diluição do anticoagulante
e formação prematura do
coágulo, com consumo de
fatores de coagulação;
também pode ocasionar
tempo de coagulação
prolongado.
Heparina Verde. Plasma ou Perfil bioquímico Tubo com heparina
de lítio sangue. plasmático. sódica tem a mesma
tampa e seu uso deve ser
evitado na determinação
de eletrólitos.
Amostra de escolha para
algumas espécies de aves
ou répteis.
Frascos Tampa de Sangue total em Hemocultura; Antes da venopunção para
para várias cores; meio de cultura. cultura de líquido hemocultura é necessária
hemo contém sinovial. rigorosa assepsia. Usar
cultura meio de tubo/frasco pareados para
cultura de cultura aeróbica e
suporte. anaeróbica. É mais
provável a detecção de
infecção transmitida pelo
sangue quando se utiliza
maior volume de sangue.
Tubo/frasco para
hemocultura não deve ser
refrigerado.

Oxalato Cinza. Plasma. Teste de tolerância O fluoreto de sódio


e à glicose. impede a metabolização
Fluoreto de glicose pelas
de sódio hemácias (glicólise).

Disponível em: VADEN, Shelly L. et al. Exames laboratoriais e procedimentos diagnósticos em


cães e gatos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2013. p. 37, ISBN 9788541203500.)

102
COLETA DE AMOSTRAS DE URINA

As mesmas instruções gerais quanto à coleta de sangue devem ser


utilizadas, buscando minimizar ao máximo o estresse do gato.

Método para coleta de urina:

No caso de gatos, a urina, via de regra, deve ser coletada por


cistocentese. O gato deve estar posicionado da forma confortável, sem
estender os membros pélvicos. Nas fotos abaixo estão demonstradas
algumas maneiras de se realizar a coleta de forma amigável.

Imagem: gato confortável no colo para coleta por Imagem: coleta por cistocentese em posição natural
cistocentese. com mínima contenção.

As amostras coletadas por cistocentese são as mais confiáveis para se


avaliar o conteúdo da bexiga, desde que sejam tomados os devidos
cuidados para que na amostra de urina aspirada não haja sangue por
acidente. Caso a agulha de aspiração entre em contato com a parede da
bexiga ou aspire células da mucosa, será possível notar células de transição
no conteúdo da amostra.
No momento da coleta, é importante que a aspiração seja interrompida
antes do momento da retirada da agulha para que seja evitada a aspiração
de células epiteliais e de sangue capilar. Tais amostras são as mais
indicadas para a realização de cultura, podendo também ser úteis na
localização de alterações que indiquem danos renais e/ou vesicais,
originados no sistema geniturinário.
Em alguns casos, pode ocorrer contaminação da amostra por conteúdo
fecal, quando ocorre mal posicionamento da agulha, de forma que esta
penetre no intestino antes de perfurar a bexiga. Isso pode ser evitado com
coleta guiada por ultrassonografia ou através da imobilização da bexiga
durante o procedimento.

103
Recipientes para coleta:

Os resultados da urinálise podem ser alterados de acordo com a


escolha do recipiente de coleta. O frasco indicado para armazenamento da
amostra deve ser de plástico opaco, rígido, preferencialmente com tampa
de rosca – de forma a minimizar o risco de vazamento durante o transporte
– e estéril. A opacidade do frasco é importante para os casos de exames
em que serão analisados componentes como bilirrubina, que pode sofrer
interferência fotoquímica. A identificação dos frascos coletores deve ser
realizada na lateral do recipiente para que não se perca a identificação com
a retirada da tampa.
Além disso, em relação às análises coletadas por cistocentese, a amostra
também pode ser transportada na própria seringa coletora, desde que
sejam tomados os devidos cuidados com a agulha, por questões de
biosseguridade.

Transporte e armazenamento da amostra:

A urina deve ser analisada, preferencialmente, em até 2h após a coleta,


para evitar alterações decorrentes de oxidação, precipitação de minerais,
reações fotolíticas e/ou decorrentes do metabolismo bacteriano. À
temperatura ambiente, a urina libera CO2, o que causa elevação do pH da
amostra, tornando-se mais básica (alcalina). Em ambiente mais alcalino, a
quantidade de cristais pode se alterar, de acordo com a concentração de
minerais e da solubilidade desses cristais na urina. A alcalinidade da urina
também pode gerar resultados falso positivos no teste da fita-reagente (em
particular para proteína) e resultar na lise de eritrócitos, leucócitos e
cilindros.
Além disso, com o passar do tempo, pode ocorrer multiplicação das
bactérias contaminantes, principalmente se a amostra não for refrigerada.
A depender do tipo bacteriano presente na amostra, isso pode
desencadear metabolização de cetonas ou glicose e modificar a
concentração de tais substâncias na urina. Diante disso, recomenda-se a
refrigeração da amostra, a fim de preservar sua integridade.
Existem também alguns conservantes que podem ser utilizados, mas
geralmente estas substâncias influenciam negativamente as análises

104
químicas e nenhuma delas é adequada a todas as exigências dos testes.
O congelamento da amostra pode conservar seus componentes
químicos (exemplo: catecolaminas), mas provoca lise celular.

COLETA DE AMOSTRAS DE FEZES

O exame de fezes é uma importante ferramenta para avaliar a função e


a integridade intestinal, sendo também parte do perfil laboratorial de rotina
de animais que venham a apresentar sinais clínicos de doenças do trato
gastrointestinal e infecções (virais, bacterianas, protozoárias ou
parasitárias). A validade do exame de fezes, tal qual os demais exames, vai
depender da maneira pela qual a amostra foi coletada e manuseada.
Quando possível, é indicado que sejam coletadas fezes frescas para
minimizar erros e problemas associados a amostras velhas, além de
eliminar dúvidas acerca da origem e do armazenamento da amostra.
Para análise de flotação ou de sedimentação fecal, são necessárias
amostras mais volumosas (2 - 10g) para evitar resultados falso-negativos,
sendo importante a defecação em áreas limpas de forma que a amostra
seja imediatamente coletada e colocada em recipiente limpo e fechado
(frasco com tampa de rosca), assim como adequadamente armazenada.
Quando o objetivo for a pesquisa de sangue oculto ou o esfregaço
direto de fezes, as amostras são menores e podem ser coletadas
diretamente do reto com o auxílio de aplicador com extremidade de
algodão levemente umedecido, com alça fecal ou mesmo com a ponta do
dedo revestido por luva através do toque retal.
Um método indicado para a identificação de bactérias e protozoários
móveis (exemplo: trofozoítos de Giardia sp.) é a lavagem da ampola retal
com solução salina, em que aplica-se de 6 a 12 mL no reto ou cólon, com o
auxílio de um tubo de borracha vermelha 8F lubrificado ou de uma sonda
uretral (tamanho maior que nº8) adaptada. A solução deve ser infundida e
aspirada várias vezes até que seja obtido uma amostra semelhante a muco,
que seja uma mistura de muco com material fecal (sendo esse último em
menor quantidade). O material obtido pode ser utilizado em esfregaço
direto ou armazenado em tubo de tampa vermelha estéril. Da mesma
forma que os frascos de urina, os de fezes devem ser identificados pela
lateral do recipiente para que a amostra não fique sem identificação ao ser
destampada.

105
Armazenamento da amostra:

As análises devem ser realizadas tão rapidamente quanto possível, visto


que as fezes podem sofrer alterações logo que são excretadas.
Microrganismos e células de interesse são rapidamente deteriorados,
dificultando sua identificação. Além disso, a flora bacteriana continua a se
multiplicar, podendo ocasionar um supercrescimento de um tipo específico
de bactéria ou mesmo de fungo.

Manuseio da amostra:

Absolutamente todas as amostras devem ser tratadas como materiais


infectantes, pois nelas podem ser encontrados diversos microrganismos
potencialmente patogênicos, além de vermes zoonóticos. Portanto, é
estritamente necessária a utilização de luvas e a lavagem das mãos após a
coleta das fezes. Caso o material vá ser coletado em casa, pelo tutor, é
responsabilidade do médico veterinário dar as devidas orientações de
biossegurança.

Erros pré-analíticos

Muitos são os fatores que podem desencadear erros no resultado dos


exames laboratoriais e, consequentemente, afetar a interpretação das
condições do paciente. Por isso, o clínico deve estar sempre atento quando
o resultado não for compatível com o estado do paciente.
Tais fatores podem ser classificados como erros pré-analíticos, analíticos
e pós-analíticos. Segundo Andriolo (2018), 60 a 70% dos erros laboratoriais
resultam de fatores pré-analíticos, que envolvem a preparação e a
identificação do paciente, a requisição, a coleta, o transporte, o
armazenamento da amostra e o preparo para análise.
A causa mais comum de erros pré-analíticos é o manuseio inadequado
da amostra, que gera alterações grosseiras (como hemólise, formação de
coágulos, fibrina e agregados plaquetários) na amostra e, portanto, nos
resultados. Amostras de felinos possuem uma maior facilidade em formar
agregados plaquetários, influenciando a contagem de plaquetas e pode
levar a uma falsa trombocitopenia.

106
Alguns dos erros pré-analíticos mais comuns são:

Erros na coleta, como na escolha do vaso sanguíneo, seringa e agulhas


inapropriadas;
Erros na identificação da amostra, relacionando dados de um paciente
a outro;
Uso do anticoagulante errado;
Contaminação inapropriada na amostra com anticoagulante (que pode
ser evitada seguindo a ordem correta de preenchimento dos tubos,
citada anteriormente);
Proporção errada de anticoagulante em relação à amostra;
Transferência traumática do sangue para os tubos de coleta, resultando
em hemólise;
Armazenamento inadequado da amostra antes da análise;
Excesso de agitação ou de atrito durante o transporte;
Amostra mal homogeneizada ou não homogeneizada para as
mensurações hematológicas.

O manuseio das amostras exige cuidados específicos que devem ser


mantidos a fim de evitar a deterioração da amostra e de manter sua
qualidade e tais cuidados podem variar a depender da análise que será
realizada. Os laboratórios, em geral, fornecem aos seus clientes os
procedimentos a serem adotados, os quais devem ser rigorosamente
seguidos, para o envio correto. Os erros mais comuns acontecem quando
as pessoas envolvidas no processo de coleta e de transporte não possuem
os conhecimentos e/ou treinamento adequado para realizar tal atividade.
Dessa forma, é importante que todos os envolvidos nessas tarefas sejam
devidamente orientados e treinados para minimizar ao máximo a
ocorrência desses erros.

107
ANOTAÇÕES

108
Módulo 6 - Doenças

Doenças infecciosas

FIV

O vírus da imunodeficiência felina (FIV) é um retrovírus de fita simples.


Assim como o FeLV (vírus da leucemia felina), o FIV atua produzindo a
transcriptase reversa para catalisar a inserção do RNA viral no genoma do
hospedeiro. A principal forma de transmissão é por meio da mordedura de
um felino infectado, mas também pode ocorrer via transplacentária e pelo
sêmen.

O FIV é um vírus de distribuição cosmopolita e sua fase primária de


infecção é caracterizada pela presença de febre discreta, neutropenia e
linfadenopatia reativa generalizada. Após essa fase, ocorre um período de
incubação latente, seguido do desenvolvimento de um estágio de
imunodeficiência dos felinos infectados.

É importante ressaltar
que uma coinfecção
com FeLV potencializa
ambas as fases de
infecção pelo FIV e que
existe uma importante
associação entre o vírus
da imunodeficiência
felina e as neoplasias
malignas, que são
causadas pelo efeito
imunossupressor do
vírus. Imagem: ensaio imunoadsorvente ligado a uma enzima (ELISA

Para o diagnóstico, realiza-se o ensaio imunoadsorvente ligado a uma


enzima (ELISA), porém, pode haver um resultado falso-positivo e, por isso,
pode-se também realizar o RT-PCR para confirmação da infecção.

109
Imagem: ensaio imunoadsorvente ligado a uma enzima (ELISA)

O tratamento pode ser feito com a administração de interferons, que se


mostram como uma opção promissora. Podem ser administrados agentes
antivirais, como o inibidor da transcriptase reversa azidotimidina (AZT),
porém esses fármacos possuem efeitos colaterais, podendo causar anemia.

FeLV

O vírus da leucemia felina (FeLV) é um retrovírus que causa a


imunodeficiência e predispõe o surgimento de doenças neoplásicas em
felinos. O vírus pode ser transmitido pela saliva, pelas secreções nasais, por
meio de relações sexuais, por via transplacentária, pelo leite e por
transfusão sanguínea de um felino infectado, principalmente de
assintomáticos. Felinos machos, não castrados, com acesso à rua e que
possuem doenças imunossupressoras (como o FIV) são mais propensos à
infecção. A exposição ao vírus não é sinônimo de infecção, uma vez que
existe uma série de fatores que influenciam na manutenção da patogenia,
como a idade, a cepa viral, o sistema imunológico do animal, o tempo de
exposição e a carga viral.

A sintomatologia clínica varia de acordo com a doença que o vírus


desencadeia e com os órgãos atingidos, podendo causar sinais clínicos
inespecíficos, como anorexia, depressão e perda de peso; ou sinais
causados pelo próprio vírus, resultando no desenvolvimento de doenças
degenerativas ou proliferativas, como linfoma e leucemia.

110
Como métodos de diagnóstico, o ELISA é a principal técnica utilizada para
detectar o antígeno viral, podendo ser colhidas amostras de saliva e de
soro, sendo o último o preferencial por gerar menos resultados falsos-
positivos e falsos-negativos. Podem ser realizados exames adicionais, como
hemograma e bioquímico.

Os fármacos escolhidos para o tratamento são drogas antivirais, como


zidovudina ou azidotimidina (AZT), os quais estão sendo estudados já que
não conseguem eliminar completamente a viremia e possuem efeitos
tóxicos para o paciente. Em alguns casos, com a administração de
interferon pode ser utilizada a imunoterapia para amenizar os sinais
clínicos. É importante ressaltar que a prevenção por meio da vacinação é
essencial para felinos que têm acesso à rua e para aqueles que possuem
convívio com outros felinos positivos para a FeLV.

Doenças fúngicas

Criptococose

A criptococose é uma micose causada pelo fungo Cryptococcus, que


possui formato arredondado a ovoide, parede fina e tecidos circundados
por uma cápsula heteropolissacarídica que confere resistência.

Imagem: felino apresentando deformidades características da criptococose.

111
Nos felinos, a criptococose costuma ser causada pelo Cryptococcus
neoformans. A transmissão provavelmente ocorre pela inalação de células
de levedura ou basidiósporos, que estão adaptados para estarem
dispersos no ar. Após a inalação, esses patógenos têm a capacidade de
adesão à mucosa nasal, causando rinite micótica; e também possuem a
capacidade de se difundirem para os pulmões, causando infecção
pulmonar. Mais raramente, pode ocorrer criptococose secundária a um
ferimento na pele, culminando na disseminação até o sistema nervoso
central.
A sintomatologia dessa patologia depende da localização da infecção e
inclui a apresentação de corrimento nasal, coriza, sibilação, espirros,
deformidade e oclusão nasal, rinite e sinusite.
Alguns métodos podem ser utilizados para o diagnóstico da enfermidade,
como: cultura fúngica (a partir de tecido infectado), citologia (a partir de
amostras obtidas por lavado, swab nasal, aspirado ou biópsia) e sorologia (a
partir de soro, líquido cérebro espinhal ou vítreo); já em caso de
acometimento ocular, a amostra deve ser obtida a partir do líquido vítreo
ou sub-retiniano.
O tratamento da criptococose é baseado na utilização de fármacos como
anfotericina B, cetoconazol, itraconazol, fluconazol e 5-flucitosina, sendo a
escolha da terapia a ser definida somente pelo médico veterinário. Além
disso, em casos de granulomas fúngicos na nasofaringe ou na cavidade
nasal, a retirada cirúrgica pode ser uma boa opção. Quando não há
acometimento do sistema nervoso central e o tratamento é instituído, o
prognóstico é bom.

Esporotricose

A esporotricose é uma micose sistêmica causada pelo fungo Sporothrix


schenckii. Os felinos têm um importante papel epidemiológico na
transmissão dessa doença zoonótica, uma vez que apresentam uma
grande quantidade de células fúngicas nas lesões cutâneas.
O Sporothrix é um fungo complexo que sobrevive no ambiente,
principalmente na vegetação, em regiões de clima temperado e tropical
úmido. A transmissão ocorre, em sua maioria, através da mordida ou da
arranhadura de um indivíduo infectado.

112
Imagem: felino apresentando a sintomatologia clínica característica da esporotricose

Existem três manifestações clínicas da doença em gatos: localizada


cutânea, cutâneo linfática e multifocal disseminada, sendo esta a
disseminação para tecidos e órgãos, principalmente para o fígado e
pulmão. Os felinos desenvolvem nódulos subcutâneos, indolores e que
liberam uma pequena quantidade de secreção. Essas lesões persistem, o
que faz com que a doença persista no animal por meses. O principal sinal
clínico é o aparecimento dos nódulos com alopecia e com crostas, não
comumente havendo ulceração central. A doença pode ocasionalmente se
disseminar e atingir os pulmões do felino, sendo raro o acometimento de
ossos e de órgãos internos. É importante ressaltar que a imunossupressão
aumenta a probabilidade de disseminação da doença.
O diagnóstico da esporotricose pode ser feito através do exame físico,
por citologia do aspirado de abscesso e/ou nódulos, por esfregaços por
“imprint” de lesões cutâneas, por cultura fúngica e, ainda, por exame
sorológico.
O tratamento é feito com itraconazol, que pode ser administrado sozinho
ou em combinação com a anfotericina B intralesional, uma vez que
apresenta menos efeitos adversos quando comparado ao cetoconazol e ao
iodeto sódico. O prognóstico é bom, porém o tratamento é longo e o
manuseio de felinos infectados deve ser feito com muito cuidado, por
tratar-se de uma zoonose, é necessário instruir o tutor a respeito de todas
as medidas necessárias de prevenção. Além disso, deve-se monitorar as
enzimas hepáticas do felino em tratamento com o itraconazol por meio de
bioquímicas seriadas.

113
Peritonite infecciosa felina (PIF)

A Peritonite Infecciosa Felina é uma patologia que acomete felinos


silvestres e domésticos e é causada por uma mutação do coronavírus
causador da enterite felina. Em gatos, essa patologia é mais frequente em
machos de todas as idades.

É uma patologia caracterizada pelo acúmulo de líquidos


piogranulomatosos, composto principalmente por macrófagos e por
neutrófilos.

Esse vírus tem preferência de instalação em células epiteliais da mucosa


do trato respiratório superior e da orofaringe e possui um desenvolvimento
rápido, o que leva o animal acometido ao desenvolvimento patológico e ao
desenvolvimento de sinais clínicos compatíveis em um curto período de
tempo. Entretanto, possui um período de incubação muito variável: em
torno de alguns dias, semanas ou até meses. Sua transmissão ocorre por
inoculação direta, por meio de mordeduras ou lambeduras de animais
infectados, pelo contato direto ou pela via uterina, da mãe para os fetos.

Alguns fatores podem tornar o animal mais suscetível à infecção por PIF,
entre eles: comprometimento imunológico devido às patologias
secundárias, estresse, susceptibilidade genética, número de indivíduos que
convivem juntos e compartilhamento de alimentadores e bebedouros.

Formas de transmissão

A transmissão da PIF é dependente do contato de um animal saudável


com um animal infectado ou do contato do saudável com as fezes do
infectado, uma vez que o vírus se aloja no trato gastrointestinal dos felinos
e pode ser liberado nas fezes.

A transmissão via uterina também pode acontecer na PIF, fazendo com


que filhotes de mães infectadas já nasçam portadores do vírus.

114
Sinais clínicos

Um dos primeiros sinais é


a febre, que culminará na
redução do apetite e no
emagrecimento do animal.
Pode haver também a
coloração amarelada das
mucosas, marcada pela
presença do pigmento da
bilirrubina, circulante em Imagens: abrigos de felinos são fontes potenciais para a
transmissão do PIF e do Calicivírus.
altas concentrações no
sangue do animal, além de disfunções abdominais devido ao acúmulo de
líquidos na cavidade peritoneal e pleural.

O grau de efusão para essas cavidades permite a diferenciação da PIF em


duas, sendo elas: seca e úmida ou não efusiva e efusiva. Na classificação
seca/não efusiva acontece a replicação viral perivascular local e uma reação
tecidual piogranulomatosa, além de uma efusão moderada para as
cavidades afetadas. É marcada também pela inflamação das meninges
encefálicas, do cérebro e da medula espinhal, causando, assim,
comprometimentos neurológicos.

Já na classificação úmida/efusiva, acontece a efusão intensa para as


cavidades pleural e peritoneal de forma mais intensa, há presença de
inflamação das serosas e dos tecidos viscerais de diversos órgãos, o que
pode ocasionar perda e/ou comprometimento do funcionamento dos
órgãos.

Podem ocorrer ainda a inflamação de vasos sanguíneos, comprometendo


o suprimento sanguíneo tecidual e levando a quadros variáveis de necrose.

Diagnóstico

O diagnóstico da PIF ocorre principalmente pela avaliação do histórico do


animal; de seu modo de criação; dos sinais clínicos compatíveis com a
patologia; dos hemogramas e da bioquímica sérica, acompanhado pela

115
presença de líquido peritoneal com aspecto amarelado e viscoso, que pode
atingir um volume de até um litro. O hemograma do animal terá alterações
características como anemia, leucocitose, linfopenia e trombocitopenia.

Além disso, o diagnóstico por meio da titulação de anticorpos contra o


coronavírus e a exclusão de doenças que possuem sinais clínicos
semelhantes podem contribuir para a elaboração de um diagnóstico mais
assertivo da PIF.

Caso o animal venha a óbito, o processo de necropsia poderá ser feito e


será verificado, sobretudo, a presença de um exsudato granular branco-
acinzentado sobre as serosas, e, principalmente, sobre o baço e o fígado;
além do conteúdo fluido, amarelado e viscoso depositado nas cavidades
peritoneal e pleural.

Tratamento e prevenção

Não existe medicação específica para o tratamento de PIF. Sendo assim,


pode ser realizada uma terapia suporte para auxiliar o sistema imune no
combate e, consequentemente, minimizar as lesões causadas pelo
coronavírus.

O uso de medicamentos imunossupressores como Prednisolona e


Ciclofosfamida são alternativas para se evitar respostas imunológicas
exageradas que poderiam lesar ainda mais o tecido local. O uso de
fluidoterapia e a remoção de líquidos efusivos também são medidas
praticadas para garantir maior recuperação do animal.

A vacinação se mostra muito pouco eficiente na indução da resposta


imune nos felinos, principalmente, porque eles já podem estar acometidos
ao receberem a vacina, tornando a prevenção ainda mais importante no
combate a PIF.

Entre as principais medidas preventivas estão: evitar dividir utensílios


como bebedouros, caixinhas de areia e comedouros entre gatos da mesma
casa; restringir o acesso do felino à rua e a outros felinos desconhecidos;

116
oferecer água e ração de
boa qualidade e encorajar
a prática de atividades
físicas para que o sistema
imunológico possa ser
estimulado e venha a
combater de forma mais
efetiva uma possível
infecção. Imagem: comedouros individuais e elevados devem ser preferenciais
para evitar a transmissão de PIF entre felinos

Calicivírus

O Calicivírus Felino é um vírus que possui o RNA como material genético,


fazendo com que sua capacidade de mutação seja elevada e criando,
assim, diferentes cepas com graus variados de patogenia. De modo geral, a
patologia advinda da via de infecção oral é menos agressiva do que aquela
por aerossol. Isso se deve ao local onde ocorrem as lesões, que são no
trato respiratório superior e na cavidade oral dos felinos.

Esse vírus acomete felinos de todas as idades, mas pode ser fatal em
animais adultos devido ao fato de ser altamente virulento, sendo capaz de
levar o animal a uma resposta imune sistêmica muita intensa. Em animais
saudáveis, como o vírus é altamente virulento, sua eliminação demora
cerca de 75 dias a partir do momento da infecção. A patologia advinda
pode se comportar de forma aguda ou crônica no animal, evoluindo caso
aconteça algum comprometimento do sistema imune do animal por algum
fator exógeno ou endógeno.

A patogênese da doença será dependente do manejo, do tratamento


suporte e específico fornecidos ao animal acometido, do comportamento
do sistema imune diante da infecção e do fato do animal ser vacinado ou
não - de forma que os não vacinados ocupam um papel fundamental na
transmissão e na evolução da patologia, pois servem de reservatório para o
vírus, que poderá infectar animais vacinados, e estes podem ou não
desenvolver os quadros da doença, porém, serão portadores pelo menos
momentaneamente do vírus.

117
Formas de transmissão

As formas de transmissão do calicivírus são diversas e podem ocorrer


através de fômites, como objetos contaminados, já que o vírus possui a
capacidade de sobrevivência de até 28 dias em superfícies secas, em mesas
de atendimento de clínicas e em contato com água e comida que tiveram
contato com outro animal contaminado pelo vírus.

Além disso, o contato de médicos veterinários, tratadores ou cuidadores


com animais contaminados e saudáveis pode favorecer a transmissão do
vírus. Assim, a forma de transmissão entre clínicas é comum, caso não
ocorram os devidos cuidados no processo de higienização de mesas e de
equipamentos e o uso de luvas descartáveis para o manuseio do animal.

A transmissão por aerossóis é menos importante do que a transmissão


via contato direto entre felinos ou indireto via tutores e médicos
veterinários ou animais contaminados e saudáveis, já que a liberação por
aerossóis não é capaz de atingir grandes distâncias, sendo limitada a um
metro.

A transmissão ocorre de forma muito acentuada em locais onde há uma


densidade populacional felina elevada, como em abrigos, já que o fluxo de
animais é intenso nesses locais. Isso aumenta a incidência do contato entre
animais infectados com animais saudáveis de forma que, aliado à falta de
cuidados quanto ao manejo dos felinos recém chegados, pode resultar em
alta transmissão entre os felinos habitantes do local.

Sinais clínicos

Os sinais clínicos apresentados por animais infectados pelo calicivírus


passaram por algumas modificações ao longo do tempo, justamente devido
à capacidade de mutação elevada do vírus, que passou a ser chamado de
calicivírus virulento sistêmico por sua gravidade e amplitude de sinais
apresentados. Entre os principais sinais apresentados estão: secreções
nasais e orais aumentadas e intensas, presença de úlceras orais,
estomatites e pneumonia.

118
Esses sinais serão acompanhados, na maioria das vezes, por febre alta;
formação de edemas em membros, na musculatura facial e no pulmão que
levará, neste último caso, a uma dificuldade respiratória que pode ser ainda
mais acentuada com a formação de trombos e de uma coagulação
intravascular disseminada e sistêmica causada pela apoptose de células
epiteliais de diversos vasos. Por consequência, há a possibilidade de
ocorrerem quadros de necrose, principalmente em células do fígado,
causando um quadro de acúmulo de bilirrubina, denominado de icterícia,
devido à insuficiência hepática e à falha no processo de síntese proteica.
Além disso, o pâncreas contribuirá para o quadro anoréxico do animal, já
que poderá haver o comprometimento da produção dos hormônios
insulina e glucagon (hormônios relacionados diretamente ao metabolismo
energético celular).

A queda de pelos na região das orelhas, próximo ao focinho e nos coxins


também é uma manifestação marcante que pode acontecer em casos de
infecção pelo calicivírus.

Diagnóstico

Alguns dos passos importantes para se chegar a um diagnóstico mais


assertivo é o estudo dos hábitos de criação do animal, a investigação da
existência de outros felinos infectados no mesmo lar ou vizinhanças, e a
descoberta da origem do animal. Esses passos devem ser alinhados a sinais
clínicos compatíveis, sendo possível partir de testes específicos para
detecção do calicivírus.

Entre os testes utilizados estão o PCR, para observação da presença do


RNA nas amostras coletadas, que podem ser obtidas a partir de esfregaços
na região da orofaringe ou de amostras de sangue com EDTA. Em casos de
uma viremia mais avançada e persistente, o vírus pode ser encontrado nas
fezes.

Outra técnica utilizada é a imunohistoquímica, baseada no princípio da


utilização de anticorpos específicos contra o antígeno do calicivírus, em que
ocorre a reação antígeno-anticorpo que será demonstrada por meio da
imunofluorescência. Essa técnica permite a averiguação do animal

119
infectado mesmo que ele ainda esteja em um estágio inicial do contágio e
com baixa taxa de infecção.

A cultura viral também pode ser feita, mas, devido à sua dificuldade de
manipulação e do pouco sucesso na abordagem, é menos utilizada. Em
animais que vierem a óbito, a necropsia pode ser feita em órgãos mais
acometidos como língua, pulmões e rins; onde serão observadas lesões
típicas, como a necrose de hepatócitos.

Tratamento e prevenção

Devido à alta capacidade patogênica do calicivírus, o mais recomendado é


evitar ao máximo que o felino contraia o vírus. Para isso, medidas nos lares
como a restrição do acesso do felino à rua e o uso de comedouros e
bebedouros individuais, assim como as boas práticas nas clínicas, como a
execução devida da higienização de mesas e de equipamentos entre
atendimentos com hipoclorito de sódio 5% na diluição 1:3 e o uso de luvas
descartáveis, devem ser seguidos. O isolamento de felinos doentes dos
saudáveis é também uma medida válida para evitar a propagação da
doença.

A terapia aplicada visa dar suporte para o combate ao vírus e inclui


fluidoterapia para evitar quadros de desidratação; uso de corticoides para
evitar respostas imunológicas exageradas e prejudiciais; e a aplicação de
medicação antiviral de modo a combater o vírus.

Devido à alta capacidade de mutação desse vírus, a vacinação pode não


ser a medida mais eficiente, já que a utilizada é baseada em cepas antigas e
mais virulentas. Essa diversidade de cepas torna difícil a atualização do
espectro da vacina de maneira que imunize o felino contra todas elas.
Assim, mesmo os animais vacinados estão suscetíveis à infecção conforme
as cepas adquirem capacidade de resistência aumentada devido à
alteração de suas estruturas antigênicas.

120
Além de outros fatores
de controle contra esses
vírus, a vacinação contra
o Herpesvírus felino e
também contra o
Calicivírus são essenciais
e indispensáveis para
evitar patologias mais
graves nos felinos e a sua
propagação para outros
Imagem: felino sendo vacinado felinos.

Herpesvírus felino

O herpesvírus felino é um vírus que possui DNA como material genético e


apresenta altas taxas de mutação. Os ambientes preferenciais deste vírus no
corpo do animal são em regiões com temperatura próxima dos 37°C, sendo
encontrado principalmente em células da mucosa nasal e na córnea, mas,
dependendo do grau de infecção, pode atingir células neurais adjacentes ao
gânglio do ramo trigêmio.

Um ponto a ser considerado quanto ao herpesvírus felino é sobre a sua


resistência e sobrevivência no organismo hospedeiro, este que será seu
portador por toda a vida em caso de uma infecção prévia, mas que pode ter
manifestações clínicas características em casos de baixa eficiência do sistema
imunológico ou do uso de medicação imunossupressora.

Formas de transmissão:

O herpesvírus pode ser transmitido por fômites, ou seja, uma transmissão


indireta por meio do manejo por humanos que tiveram contato com animais
portadores do vírus, por meio do contato com mesas de atendimento em
clínicas onde um felino portador foi consultado, mas que não passou pelas
devidas desinfecções, e, também, por meio de recintos que possam ter sido
o alojamento de algum felino contaminado em um curto espaço de tempo,
tendo em vista que a sobrevivência desse vírus no ambiente é limitada.

121
No entanto, a transmissão direta por meio de secreções nasais, orais e
oculares de felinos infectados é a forma mais comum de transmissão de
herpesvírus. O animal contaminado apresenta sinais clínicos em um
período de aproximadamente 7 dias, o que persiste por até 14 dias, sendo
este período o mais crítico para a transmissão para felinos saudáveis.

Animais portadores, mas assintomáticos, transmitirão o vírus apenas em


casos de reativação, determinada por fatores que comprometem o
funcionamento adequado do sistema imune do animal em casos de baixa
imunidade mediada por doenças, fatores nutricionais ou medicamentosos.
A taxa de infecções agravadas em animais jovens, geralmente, é maior do
que em adultos devido à resposta imune mais específica e mais intensa do
sistema imune em casos de reinfecção nos adultos.

Sinais clínicos

Os sinais clínicos serão mais acentuados durante o período que o vírus


estiver se multiplicando no animal, sendo inexistentes em portadores
assintomáticos, o que compromete o diagnóstico da infecção. Em casos de
reativações virais, os sinais clínicos são mais brandos e menos aparentes.

Os principais sinais clínicos são de ordem respiratória e ocular, marcados


por secreções nasais e oculares bastante intensas. Após o período de
incubação, os primeiros sinais irão aparecer de acordo com a carga viral
ativa, com a capacidade de reação do sistema imune e também com a
susceptibilidade genética do animal infectado.

De modo geral, os principais sinais são: espirros profundos e constantes;


lesões no trato respiratório superior com possibilidade de evolução para
um quadro de pneumonia, que pode vir acompanhado de uma infecção
bacteriana secundária; e acúmulo de células inflamatórias e de material
exsudativo nos alvéolos pulmonares, levando ao comprometimento da
respiração. Lesões necrosantes na região da laringe, faringe e cavidade
nasal também podem ser observadas nos felinos, dependendo da
intensidade e duração da infecção viral.

122
Dentre os sinais clínicos oculares observa-se conjuntivite, acompanhada
de edema e inchaço nas mucosas palpebrais, secreção ocular intensa que
pode adquirir, dependendo da gravidade, uma coloração amarronzada, e
hiperemia. Tais fatores podem contribuir para a instalação de uma
infecção bacteriana secundária.

Diagnóstico

O diagnóstico da infecção por herpesvírus pode ser confirmado em


conjunto pela observação dos sinais clínicos compatíveis com a patologia,
análise do histórico do animal e da averiguação de possíveis situações em
que o mesmo pode ter sido infectado. O exame citológico é uma opção, e
pode ser obtido a partir de um raspado da córnea do felino, no qual será
observada a presença de leucócitos e células plasmáticas.

Pode ser feito também o teste lacrimal de Schirmer, que testará a


composição aquosa da lágrima e irá detectar alterações decorrentes do
herpesvírus. O isolamento a partir de um swab da orofaringe ou da
conjuntiva do animal infectado também pode ser realizado, sendo
acompanhado pela realização de técnicas de imunofluorescência para
verificar a ocorrência de reações antígeno-anticorpo específicas, e
também pela observação de inclusões proteicas na microscopia de
células epiteliais do trato respiratório.

A técnica de PCR também pode ser utilizada, principalmente em felinos


adultos com lesões crônicas oculares. Durante o período em que o vírus
se encontra latente no organismo, a sua detecção é incapacitada devido à
falta de produção de proteínas virais.

Tratamento e prevenção

O tratamento contra herpesvírus será duradouro e persistente, e, além


da medicação específica, será acompanhada por uma terapia suporte. Em
geral, as afecções oculares e respiratórias são tratadas utilizando
antibióticos profiláticos, a fim de evitar uma infecção bacteriana
secundária, ou tratar alguma já existente. Antivirais que abrangem
herpesvírus em seu espectro também podem ser utilizados para auxiliar
no combate.

123
Medicamentos com propriedades imunossupressoras, como no caso de
corticosteroides, também serão utilizados para evitar reações inflamatórias
acentuadas e lesivas ao tecido local, no entanto seu uso e dosagem deve
ser analisado, já que as propriedades imunossupressoras podem
comprometer o combate ao vírus.

Em caso de acometimento ocular, podem ser utilizados colírios com


propriedades anti inflamatórias e lacrimomiméticas, a fim de se
restabelecer a lubrificação ocular adequada, produção lacrimal e o reflexo
de piscar normal.

A vacinação é uma medida preventiva extremamente necessária para o


controle de infecções por herpesvírus e deve ser feita em filhotes com
aproximadamente 9 semanas de vida, com reforço anual. Além disso, o uso
de comedouros e bebedouros individuais, a limpeza adequada dos fômites
e equipamentos em clínicas, a prática de limitação da saída do lar pelo
felino e a alimentação e fornecimento de água de qualidade são medidas
auxiliares para evitar a instalação do vírus no organismo.

Doenças dermatológicas

Granuloma eosinofílico felino

O granuloma eosinofílico felino é uma enfermidade comumente


encontrada nos gatos caracterizada por um processo inflamatório cutâneo
e/ou da mucosa oral, normalmente relacionado com hipersensibilidade
primária.

Causas

A causa do granuloma eosinofílico felino é ainda desconhecida. Porém,


tem‐se a hipótese de ser uma reação alérgica, sendo, nesse caso,
normalmente relacionada com hipersensibilidade primária a uma picada de
pulga, a um alimento ou a atopia. Há também a possibilidade de ocorrência
devido a uma predisposição genética.

124
Estudos mostram que os desencadeadores de eventos primários nessa
doença são o recrutamento de eosinófilos bem como sua desgranulação.
Dessa forma, as lesões decorrem da infiltração e da desgranulação maciça
de eosinófilos.

Sinais clínicos

O complexo granuloma eosinofílico felino inclui a úlcera indolente, a placa


eosinofílica e o granuloma linear, mas não foi estabelecido se essas
doenças estão relacionadas. Úlceras indolentes são encontradas no lábio
ou na mucosa oral dos gatos de meia‐idade. Já as placas eosinofílicas
geralmente ocorrem na pele no aspecto medial dos membros pélvicos e do
abdome ventral. O granuloma linear é geralmente encontrado no aspecto
dos membros pélvicos de gatos jovens, mas pode também ocorrer na
língua, no palato e na mucosa oral. O envolvimento oral grave de uma
úlcera ou placa eosinofílica normalmente produz disfagia, halitose e/ou
anorexia. Gatos com granulomas eosinofílicos na boca podem ter lesões
cutâneas concomitantes. Além disso, esses animais também podem
apresentar eritema e alopecia.

Imagem: granuloma eosinofílico circular no membro


posterior.

Imagem: Granuloma Eosinofílico Felino, é Imagem: granulomas múltiplos coalescentes no


observado um região linear espessada com palato duro de um gato adulto.
alopecia e eritema na região caudal do membro
posterior.

125
Imagem: granulomas coalescentes se desenvolveram
na língua ao longo de várias semanas.

Imagem: pequeno granuloma eosinofÍlico focal na língua


de um gato adulto.

Imagem: granuloma do queixo, é possível observar


animal com a Síndrome do Lábio Gordo, caracterizada
pela tumefação rígida do queixo. DIficilmente essas
lesões incomodam o gato.

Imagem: placa eosinofílica, intensamente pruriginosa,


comum nas doenças alérgicas de felinos.

Diagnóstico

Normalmente, é baseado no histórico do animal, nos sinais clínicos e na


exclusão de outros diferenciais, como o granuloma bacteriano ou fúngico e
neoplasias. Na citologia, observam‐se eosinófilos, porém, neutrófilos e
bactérias podem predominar no caso de infecção secundária.

126
Pode ser feito exame histopatológico da pele com achado de granuloma
nodular a difuso constituído de eosinófilos, histiócitos e células gigantes
multinucleadas com focos de degeneração de colágeno. Como também,
pode ser feito um hemograma com presença de eosinofilia.

Tratamento

Lesões cutâneas em gatos com menos de um ano de idade podem se


curar espontaneamente. Altas doses de terapia com corticosteroides
(prednisolona oral) muitas vezes controlam essas lesões. Após a cura
clínica, deve‐se reduzir gradativamente, em dias alternados, a dose oral de
corticosteroides até a menor dose possível. Clorambucil ou ciclosporina
podem ser úteis em casos resistentes. A antibioticoterapia é, por vezes,
benéfica (especialmente nos casos mais discretos). Outros tratamentos que
podem ser eficazes em alguns gatos incluem extirpação cirúrgica,
tratamento a laser e radioterapia.

Para casos refratários ao tratamento com prednisolona ou acetato de


metilprednisolona, os glicocorticoides alternativos incluem: Triamcinolona
(dose de indução), 0,8 mg/kg/24h via oral e Dexametasona (dose de
indução), 0,4 mg/kg/24h via oral. Após a cura das lesões, deve- se reduzir
gradativamente, a cada 2 a 3 dias, a dose de triamcinolona ou
dexametasona para a menor dose possível.

Acne felina

A Acne Felina, também chamada de acne do queixo ou furunculose do


queixo, é considerada um distúrbio folicular que pode aparecer em forma
de comedões assintomáticos dispersos até furunculose intensa do queixo,
sendo esse um diagnóstico clínico.

Causas

O início rápido de acne no queixo pode ser causado por infecção


bacteriana e dermatofitose, sendo essa última capaz de se desenvolver em
uma população estável de gatos de estimação.

127
Sinais clínicos

Prurido facial é um sinal clínico comum em gatos com muitas doenças.


Dessa forma, ao esfregar repetidamente a face do animal, há uma perda de
pelos e tamponamento de glândulas sebáceas ou comedões.
No caso de infecção secundária das lesões podem ocorrer pápulas,
pústulas e, raramente, furunculose e celulite. Em casos graves, a pele
atingida pode apresentar edema, espessamento, cisto ou cicatriz.

Diagnóstico

Normalmente, baseia‐se no histórico, nos sinais clínicos observados e na


exclusão de outros diferenciais, como demodicose, dermatofitose,
dermatite por Malassezia e complexo granuloma eosinofílico (se
edematoso). Raspados de pele e pêlos arrancados devem ser examinados
para a procura de demodicose, de ceratose, de tamponamento e de
dilatação folicular. O diagnóstico envolve citologia da pele para pesquisar
proliferações de bactérias e de leveduras. Não há necessidade de biópsia
cutânea para o diagnóstico ou como parte de avaliação diagnóstica, porém,
pode ser útil em casos refratários. Quando há infecção bacteriana
secundária, pode‐se constatar perifoliculite, foliculite, furunculose e/ou
celulite.

Tratamento

Para o tratamento tópico, a lavagem da região facial com xampu


antibacteriano e antifúngico pode ser útil. Além disso, higienização com
água morna associada à terapia antimicrobiana sistêmica com mínimo de
duração de 2 a 3 semanas também pode ser eficaz. Há também a opção de
uso de pomadas tópicas, porém, os felinos podem lamber essa solução,
retirando‐a da face e causando ruptura dos folículos pilosos da derme,
consequentemente, agravando a doença. Ademais, existem relatos de que
alguns gatos respondem bem à ciclosporina.

Pode‐se lavar a área atingida com peróxido de benzoíla, ácido salicílico


ou xampu contendo etil‐lactato; em intervalos de 1 a 2 dias, até a cura das
lesões. Dentre os medicamentos tópicos alternativos utilizados a cada 1

128
dia, ou conforme necessário, incluem: unguento ou creme de mupirocina,
gel de peróxido de benzoíla 2,5%, creme ou loção de tretinoína 0,01 a
0,025%, gel de metronidazol 0,75% e produtos tópicos contendo
clindamicina, eritromicina ou tetraciclina.

Já para o tratamento sistêmico, o uso de isotretinoína pode ser eficaz em


casos refratários, sendo administrado 2mg/kg ou 10 mg/gato via oral (VO)
em intervalos de 24 horas até a cura das lesões, que ocorre em
aproximadamente 30 dias. Em seguida, mantém-se a mesma dose a cada 2
a 3 dias para controle das lesões.

Imagem: acne do queixo. Esta é uma apresentação Imagem: acne felina com presença de eritema,
clássica com comedões e resquícios pretos. hiperpigmentação e comedões.
Foi realizada tricotomia no local para melhor
visualização.

Endocrinopatias

ENDOCRINOLOGIA

A endocrinologia é o ramo da medicina veterinária que estuda o


funcionamento das glândulas e dos órgãos endócrinos, assim como a ação
dos seus produtos de secreção e dos hormônios nos tecidos e órgãos-alvo,
associados às manifestações clínicas observadas em endocrinopatias.

DIABETES MELITO

O diabetes melito (DM) se caracteriza pela hiperglicemia a partir da


ausência ou redução da síntese de insulina, da menor receptividade ou
resistência à insulina e da incapacidade da insulina em realizar seus efeitos
metabólicos de forma adequada.

129
Em resumo, para a maioria dos órgãos é necessário que a insulina
(produzida pelas células β do pâncreas) se ligue aos seus receptores na
periferia celular, o que garante o transporte da glicose para o interior das
células por meio das proteínas transportadoras de glicose, em especial o
GLUT4, responsável pela captação de glicose mediada pela insulina. Na
falta de insulina ou ainda na resistência a ela, a glicose não entra nas
células, o que leva à hiperglicemia.
O DM tipo 1 é raro em felinos e está associado à ausência de insulina a
partir da destruição imunomediada das células β pancreáticas, ou, ainda, à
insuficiência pancreática exócrina. O DM tipo 2 ocorre de forma
predominante em felinos, está associado a resistência à insulina, à
deposição de amiloide (fibrilas proteicas) nas ilhotas pancreáticas e à
redução das células β. A amilina é o principal componente do amiloide em
gatos diabéticos, sendo armazenado nos grânulos de secreção das células
β e secretado juntamente com a insulina, ou seja, os fatores que estimulam
a secreção de insulina também elevam a secreção de amilina.

Imagem: esquema representativo do Diabetes melito Imagem: esquema representativo do Diabetes melito
tipo 1 tipo 2

A resistência à insulina ocasiona um aumento crônico na secreção de


insulina e também de amilina (co-secretada com a insulina pelas células β),
que se agrega e é depositada nas ilhotas pancreáticas como amiloide,
destruindo as células por sua ação citotóxica. Em quadros de deposição
progressiva de amiloide, ocorre a degradação progressiva das células das
ilhotas pancreáticas, que causa o DM.

130
A gravidade de destruição das ilhotas pancreáticas e da destruição das
células β determinam se o animal possui diabetes melito dependente de
insulina (DMDI) ou não dependente de insulina (DMNDI). Em quadros de
destruição total das ilhotas, o animal possui DMDI, sendo necessário o
tratamento com insulina pelo restante de sua vida. Já em casos de
destruição parcial das ilhotas, pode-se ou não observar diabetes
clinicamente evidente e o tratamento com insulina pode ou não ser
necessário para controle da glicemia.

Imagem: amiloidose pancreática em corte histológico de Imagem: degeneração vacuolar grave de células das
pâncreas felino. As setas indicam o infiltrado de ilhotas.
amiloide no tecido pancreático

As manifestações clássicas do DM são conhecidas como “quatro P”:


poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso. Quando se ultrapassa o
limiar de reabsorção renal (cerca de 300 mg/dℓ), a glicose é eliminada na
urina (glicosúria), o que gera uma perda osmótica da água nos rins, ou seja,
uma diurese osmótica que se manifestará como poliúria. Como
consequência da poliúria, o animal apresenta aumento do consumo de
água compensatório, o que é denominada polidipsia compensatória, que
nem sempre é suficiente para reparar a perda urinária, levando o animal a
uma desidratação.
Além disso, as células do centro da saciedade dependem de insulina
para realização da absorção da glicose, ou seja, na falta de insulina, a
glicose não adentra no interior celular e, por isso, não há inibição do centro
da fome; o que aumenta o apetite e resulta em polifagia. Apesar disso, o
animal possui perda de peso devido à quebra de músculos e de proteínas,
pois o organismo gera substratos para a gliconeogênese a partir destes
componentes. Durante a gliconeogênese são gerados corpos cetônicos
que podem causar náuseas, o que torna o animal inapetente.

131
No entanto, o felino diabético
pode não apresentar os sinais
clássicos mencionados acima,
tendo como principal
manifestação clínica uma
alteração locomotora
decorrente de neuropatia
diabética. Nesses casos, o
animal possui fraqueza nos
membros pélvicos, ataxia ou Imagem: postura plantígrada em gato com neuropatia diabética
postura plantígrada (apoio dos severa

membros pélvicos pelos


tarsos).

O DM ocorre predominantemente em gatos machos castrados e pode


ser identificado em gatos de qualquer idade, mas a maioria dos casos
diagnosticados ocorrem em gatos acima dos 9 anos de idade.

O diagnóstico se baseia na identificação dos sinais clínicos, na


hiperglicemia persistente e na glicosúria, sendo necessário diferenciá-lo da
hiperglicemia induzida pelo estresse, um problema comum nos gatos que
pode levar à glicosúria em alguns casos.

Para isso, o animal pode ser encaminhado para casa, de modo que o
nível de glicose na urina seja avaliado em um ambiente rotineiro e não
estressante, ou pode-se avaliar os níveis de frutosamina sérica e/ou
hemoglobina glicada, que sugere uma hiperglicemia sustentada quando em
altas concentrações no soro, não sendo influenciadas por aumentos
transitórios na concentração sanguínea de glicose. No entanto, alguns
fatores podem influenciar nos resultados encontrados: quadros de
hipoalbuminemia e hipoproteinemia, por exemplo, podem reduzir os níveis
de frutosamina sérica obtidos. Além disso, a meia vida da hemoglobina
glicada está relacionada à duração das hemácias no sangue, o que equivale
a cerca de dois meses em felinos, e, por consequência, um aumento da
hemoglobina glicada indicam uma hiperglicemia durante um a dois meses
anteriores.

132
Uma medida adicional para auxílio no diagnóstico é a mensuração
plasmática de β-hidroxibutirato, pois cetonomias significativas (altos valores
de β-hidroxibutirato) são comuns em gatos diabéticos e incomuns na
hiperglicemia de estresse, que não é associada à cetose severa.

Para tratamento, deve-se utilizar insulina a fim de estimular o uso de


glicose periférica e reduzir a produção de glicose hepática, além de reduzir
a glicotoxicidade às células pancreáticas e prevenir a deposição de
amiloides nas ilhotas pancreáticas. A insulina pode ser administrada por via
intravenosa, intramuscular ou subcutânea e, dentre as variedades
utilizadas, estão a insulina suína lenta (Caninsulin ®), a recombinante PZI
humana (disponível somente nos EUA) e os análogos de insulina de longa
ação (glargina e detemir) que mimetizam a secreção pancreática constante
de insulina entre as refeições.

O manejo dietético também é de extrema importância para pacientes


diabéticos. Quando possuem o peso ideal, os gatos podem ser alimentados
à vontade (de acordo com a recomendação de ingestão calórica diária
recomendada para o animal), enquanto que, gatos obesos devem possuir
restrição calórica e dietética, recebendo a quantidade adequada de
alimento subdividida ao longo do dia. A realização de exercícios também
estimula o gasto energético e aprimora o controle glicêmico, pois a glicose
é utilizada pela célula da fibra muscular de forma independente da insulina.

A atividade física pode ser estimulada por meio de brinquedos (por


exemplo, ratinhos e bolas), assim como pela fisioterapia, que vem se
destacando como terapia alternativa no controle da obesidade. Além disso,
há hipoglicemiantes orais que possuem ação pancreática, estimulando a
secreção de insulina pelas células β (sulfonilureias como a glipizida); e ação
extra pancreática, aumentando a sensibilidade dos tecidos à insulina
(metformina, tiazolidinedionas) ou retardando a absorção intestinal de
glicose pós-prandial (inibidores da α-glicosidase).

133
HIPERTIREOIDISMO

O hipertireoidismo é uma doença crônica provocada pela produção e


secreção em excesso dos hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) pela
glândula tireóide. Essa enfermidade acomete principalmente gatos idosos e
geriátricos, principalmente na faixa etária de 4 a 22 anos de idade, com
média de 12 anos.

A alteração é causada principalmente


pelo adenoma benigno da tireoide ou
pela hiperplasia adenomatosa em um ou
ambos os lobos da tireoide, enquanto
que, o carcinoma da tireoide é
relativamente raro.
Sua fisiopatologia envolve uma
subpopulação de células foliculares que
passam a se multiplicar de forma
autônoma, mantendo seu crescimento e
produção hormonal, ainda que não haja
estimulação pelo TSH hipofisário.
Portanto, as células hiperplásicas
adenomatosas da tireoide possuem um
crescimento autônomo além da Imagem: adenoma funcional no lobo tireoidiano
esquerdo de um gato
habilidade de funcionar e secretar
hormônios tireóideos autonomamente.

Os hormônios tireóideos são responsáveis pela regulação de processos


metabólicos, por isso, um aumento no teor de tais hormônios promove
perda de peso, polifagia, poliúria, polidipsia e fraqueza muscular, sinais
clássicos de hipertireoidismo. Isso ocorre devido à taxa metabólica basal
acelerada e à maior sensibilidade às catecolaminas, ocasionada pelo maior
número de receptores beta adrenérgicos na superfície celular e pelo
aumento de afinidade a esses.

134
Ademais, devido à interação
com o sistema nervoso central,
maiores níveis de hormônios
tireóideos ocasionam aumento
do direcionamento simpático e
tem como consequência
hiperatividade, deambulação ou
irritabilidade, vocalização,
taquicardia e possível tremor;
outros sinais característicos do
hipertireoidismo. Grande
volume fecal, padrão
respiratório ofegante, vômito,
crescimento rápido das unhas,
alopecia, flexão ventral de
pescoço, sopros sistólicos,
Imagem: A. Gato hipertireoideo apresentando perda de
arritmias e insuficiência cardíaca peso à procura de superfícies frias para se deitar,
congestiva também podem ser mudanças observadas em um estágio mais avançado da
afecção. B Mesmo felino com os níveis de hormônios
observados. tireoidianos normais (estado eutireóideo).

A perda de peso é o sinal mais


frequentemente detectado no
hipertireoidismo. Geralmente, está
associada à polifagia devido ao
maior gasto energético e consumo
de oxigênio, que causam perda de
massa muscular.

Além disso, hormônios tireoidianos apresentam ação diurética e a


poliúria e a polidipsia ocorrem pelo aumento da perfusão renal. A
diarreia, o aumento da massa fecal e os vômitos de intensidade crônica
ou esporádica nos animais acometidos são desencadeadas pela maior
motilidade gastrintestinal e pela ação direta da tiroxina sobre o centro do
vômito.

135
Há ainda o hipertireoidismo apático, uma forma incomum de
hipertireoidismo que acomete cerca de 10% dos gatos hipertireoideos.
Nesses casos, ao invés de hiperatividade e irritabilidade, observa-se
depressão, letargia, anorexia e perda de peso; além de flexão cervical
ventral do pescoço usualmente responsiva à suplementação de fluido com
potássio e/ou vitamina B1. Apesar disso, esse grupo também apresenta
anormalidades cardíacas como arritmias e insuficiência cardíaca congestiva.

Tabela - Esquema básico dos principais sinais e achados no exame físico em quadros de hipertireoidismo

Disponível em: NELSON, R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Elsevier, p.2217

O diagnóstico se baseia na
identificação dos sinais clínicos, na
palpação de nódulo em tireoide e na
constatação de aumento na
concentração dos níveis de T4 sérico.
O aumento de um ou de ambos os
lobos da tireóide é um achado de
grande importância para diagnóstico
da doença, visto que é identificado
em cerca de 80% a 95% dos
acometidos. Há uma série de técnicas
possíveis para a palpação, tais como:
a técnica clássica, a técnica de
Norsworthy e a técnica de duas Imagem: técnica da palpação da tireoide de
mãos. Norsworthy

136
Valores elevados dos níveis séricos de T4 são indicativos de
hipertireoidismo, especialmente se sinais clínicos forem condizentes. Uma
baixa concentração dos níveis séricos de T4 geralmente descarta o
hipertireoidismo, entretanto, o diagnóstico não deve ser excluído baseado
somente nesse resultado, principalmente quando o gato apresenta sinais
clínicos compatíveis com hipertireoidismo e uma massa palpável
ventralmente no pescoço. É recomendado o acompanhamento do paciente
e a repetição da mensuração sérica dos exames laboratoriais.

Possíveis alterações encontradas: eritrocitose (ocorre em até 47% dos


gatos hipertireoideos devido ao maior consumo de oxigênio e aumento da
eritropoiese ocasionado pelo estímulo ß adrenérgico sobre a medula
óssea), aumento sérico das enzimas hepáticas alanina aminotransferase,
fosfatase alcalina, Gama Glutamiltransferase (em 90% dos casos); aumento
das concentrações séricas de ureia nitrogenada e creatinina; densidade
específica urinária maior do que 1,035, azotemia e hiperfosfatemia.

O hipertireoidismo oculto é identificado nos níveis iniciais de


hipertireoidismo e ocorre quando as concentrações séricas de T4 ficam
dentro da metade superior da faixa normal (3,0-5,0 µg/dL; 40-65 nmol/L),
os sinais clínicos são sugestivos e há nódulo palpável na região ventral do
pescoço.
Tabela - Interpretação de concentrações basais séricas de Tiroxina (T4) em gatos com suspeita de hipertireoidismo

Disponível em: NELSON, R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Elsevier, p.2222

Em resultados inconclusivos de T4 total sérico podem ser feitas as


mensurações das concentrações séricas de T4 livre, atual recomendação
de escolha para resultados inconclusivos de hipertireoidismo. No entanto,
apenas a alta concentração de T4 livre não determina o diagnóstico
definitivo, devido à existência de falsos positivos causados pela alta
sensibilidade deste teste, assim, sua concentração sérica deve sempre ser
avaliada em conjunto com a concentração de T4.

137
Além disso, devido ao maior custo, geralmente a aferição do T4 livre
sérico é utilizada para gatos com suspeitas de hipertireoidismo e
resultados inconclusivos de T4. Quando a concentração de T4 livre elevada
é associada à concentração de T4 total no limite superior ou elevado, tem-
se o diagnóstico de hipertireoidismo. Já quando as concentrações de T4
livre estão aumentadas e os níveis de T4 total estão baixos ou no limite
inferior, é sugestivo de doença não tireoidiana.
Outros exames diagnósticos adicionais em casos de resultados
inconclusivos de T4 sérico podem ser realizados. São eles: mensurações
das concentrações séricas de TSH, teste de supressão de T3, imagem da
tireoide por pertecnetato de sódio, ou, ainda, repetição do exame de T4
sérico 3 a 6 meses depois.
Para tratamento, podem-se utilizar medicações antitireoidianas,
tireoidectomia, iodo radioativo ou uma dieta restrita em iodo, de forma que
todas as opções citadas são efetivas para terapia. Na tabela abaixo é
possível avaliar as indicações, vantagens e desvantagens das terapias
citadas.
Tabela - Indicações, Contraindicações e Desvantagens das Quatro Modalidades
Terapêuticas para Hipertireoidismo em Gatos

Disponível em NELSON, R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Elsevier, p.2229

Nesse tópico, foi possível perceber a importância das alterações


endócrinas para o paciente felino, sendo necessário um conhecimento do
sistema a fim de aprimorar o diagnóstico e o tratamento fornecido ao
animal. Outros possíveis distúrbios endócrinos que podem acometer os
felinos são: Hipotireoidismo, Hiperadrenocorticismo, Hipoadrenocorticismo,
Hiperparatireoidismo, Hipoparatireoidismo e Acromegalia Felina.

138
Doenças cardiovasculares

CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA

A Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) é a principal cardiopatia


diagnosticada em felinos e está associada ao desenvolvimento de
insuficiência cardíaca, de tromboembolismo e de morte súbita. É uma
doença miocárdica genética e fenotipicamente heterogênea, isto é,
apresenta uma variedade de manifestações dentre os animais acometidos.
Caracteriza-se pelo aumento da massa ventricular esquerda, tanto pelo
aumento de espessura da parede quanto pelo desarranjo tecidual dos
miócitos e das miofibrilas.

Para a maioria dos felinos, a causa da CMH ainda não foi determinada.
No entanto, para a raça Maine Coon a CMH é uma afecção de herança
autossômica dominante e está associada à diminuição da miomesina
(proteína do sarcômero) e à mutação no gene que codifica a proteína C
ligante da miosina (MYBPC3).

A CMH é uma doença miocárdica primária causada por defeito dos


sarcômeros. A hipertrofia miocárdica secundária também pode ocorrer,
mas, nestes casos, não é considerada CMH. Dentre as causas de hipertrofia
miocárdica secundárias em felinos, destacam-se: hipertensão arterial
sistêmica, hipertireoidismo, estenose aórtica e acromegalia.

O átrio pode estar aumentado, mas, ainda assim, o volume ventricular


esquerdo encontra-se normal ou reduzido e sua dilatação predispõe a
formação de trombos que, ao serem deslocados, podem causar o
tromboembolismo sistêmico. Alguns animais podem apresentar obstrução
do fluxo de saída do ventrículo esquerdo ocasionando a isquemia
miocárdica e a regurgitação mitral, que eleva o volume e a pressão do átrio
esquerdo e pode causar congestão e edema pulmonar.

Os sinais clínicos são variáveis: alguns animais são assintomáticos, outros


podem apresentar sinais moderados a graves de insuficiência cardíaca ou
sinais de doença tromboembólica. A maioria apresenta sopro como

139
resultado da insuficiência mitral e/ou obstrução da saída do ventrículo
esquerdo, porém, gatos com sopro não têm necessariamente CMH ou
mesmo doença cardíaca.
Além disso, raramente os animais observados apresentam manifestações
de edema pulmonar como taquipneia, intolerância ao exercício e dispneia,
ou sinais como tosse, síncope e morte súbita.

O diagnóstico não pode ser


baseado na radiografia e no
eletrocardiograma, visto que a
radiografia torácica revela
cardiomegalia em casos
moderados e graves de CMH e
o eletrocardiograma evidencia
principalmente as arritmias
supraventriculares e defeitos
de condução intraventricular,
alterações não marcantes para
a CMH. Imagem: radiografia torácica ventrodorsal de gato com
cardiomiopatia hipertrófica.

O ecocardiograma é o melhor
método de diagnóstico para
diferenciação de CMH de outras
cardiomiopatias pois permite a
observação de áreas de hipertrofia
na parede ventricular, no septo
interventricular ou nos músculos
papilares. O modo Doppler
colorido, por exemplo, permite a
visualização de turbulência do
fluxo sanguíneo em quadros de Imagem: Dopplerfluxometria colorida obtida em
sístole de um gato doméstico de pelo longo com
obstrução na via de saída do cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
ventrículo esquerdo (VE) causada
pela hipertrofia septal. Essa turbulência do fluxo sanguíneo pode ser
identificada na via de saída do VE ou na aorta proximal.

140
A hipertrofia do septo
interventricular e da
parede do ventrículo
esquerdo geralmente é
simétrica, porém, alguns
animais apresentam
somente a hipertrofia
septal assimétrica ou a
hipertrofia da parede livre
Imagem: ecocardiográfica de hipertrofia e fusão papilares acentuadas de
e dos músculos papilares. um gato com miocardiopatia hipertrófica

Para exames laboratoriais, pode ser feito o exame de NT-pró-BNP para


diferenciar a insuficiência cardíaca de outras causas respiratórias primárias
de dispneia. Além disso, em casos de CMH moderada a grave é possível
detectar altas concentrações de peptídeo natriurético circulante e de
troponina cardíaca, como também níveis variavelmente elevados de TNFα
em gatos com ICC (insuficiência cardíaca congestiva).

Para o tratamento, tem-se duas classes de fármacos que podem ser


utilizadas para aprimorar o enchimento ventricular, os betabloqueadores e
os bloqueadores de canais de cálcio: atenolol e diltiazem, respectivamente.

A furosemida é indicada para controle de edema pulmonar e derrame


pleural e sua dose varia de acordo com o nível de evolução da doença,
enquanto que antiarrítmicos são indicados em casos de arritmias cardíacas.
A terapia antitrombótica pode ser feita por meio de baixas doses de ácido
acetilsalicílico, heparina sódica e heparina de baixo peso molecular
(enoxaparina ou delteparina).

TROMBOEMBOLISMO ARTERIAL SISTÊMICO EM GATOS

A principal causa do tromboembolismo em gatos é a Cardiomiopatia. Os


trombos são inicialmente formados no antímero esquerdo do coração e,
enquanto alguns permanecem no coração, outros embolizam
principalmente na aorta distal; já em casos mais raros, pode ocorrer em
outros locais. Ademais, doenças inflamatórias sistêmicas, neoplásicas e o
hipertireoidismo também são considerados fatores de risco para o
tromboembolismo sistêmico.

141
De acordo com o tamanho do êmbolo, as artérias podem ser acometidas
assim como o fluxo sanguíneo. Além de obstruir o fluxo, os tromboêmbolos
liberam substâncias vasoativas que causam vasoconstrição e
comprometem o fluxo sanguíneo colateral do vaso acometido. Como
consequência, ocorre isquemia tecidual e neuropatia isquêmica de
membros afetados, com degeneração do nervo e acometimento do tecido
muscular associado.

Os sinais clínicos variam de


acordo com a área embolizada,
extensão e duração do bloqueio
arterial. Hipotermia, baixa
perfusão sistêmica, sinais de dor
e azotemia são comuns, e,
geralmente, não se observa
sinais de doença cardíaca
anterior ao tromboembolismo.
Imagem: postmortem de tromboêmbolo alojado na aorta
distal aberta.

Taquipneia e dispneia são frequentes em casos de embolização arterial


aguda em resposta à dor ou ao aumento de pressão da veia pulmonar,
favorecendo o desenvolvimento de edema. Embora esses sinais sejam
associados à ICC, também podem ser observados em animais sem uma ICC
definida.

Usualmente, a função motora


dos membros pélvicos e a
sensibilidade são diminuídas ou
ausentes, sendo comum a
paresia aguda dos membros
pélvicos. Em quadros de
êmbolos pequenos, que se
alojam somente em um
antímero, é possível observar
paresia do membro pélvico Imagem: gato com tromboembolismo na aorta distal. Os
coxins plantares do membro pélvico esquerdo (lado direito
isolado. da imagem) estavam mais pálidos e frios em comparação ao
torácico.

142
Quando há acometimento da artéria axilar ou da porção mais distal da
artéria braquial, detecta-se monoparesia do membro torácico direito com
rara claudicação intermitente. Já quando os tromboêmbolos se apresentam
na circulação arterial pulmonar, mesentérica ou renal, esses podem
determinar a falência desses órgãos e, consequentemente, a morte do
animal. Além disso, convulsões e déficits neurológicos são verificados
quando os êmbolos estão presentes no cérebro.

Durante o diagnóstico, a radiografia torácica é utilizada para evidenciar


possíveis anormalidades cardiopulmonares associadas à tromboembolia,
enquanto a ecocardiografia aponta a presença do trombo intracardíaco e
determina o tipo de doença miocárdica.

Hiperglicemia por estresse, acidose metabólica e alterações nos valores


dos eletrólitos (principalmente baixos valores séricos de sódio, cálcio e
potássio e altos valores de fósforo) são comumente encontrados; além de
azotemia devido à embolização da artéria renal e/ou doença renal
preexistente.

Pode-se observar ainda hipercalemia (secundária ao dano isquêmico),


aumento de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase (dano
e necrose muscular), aumento de lactato desidrogenase e da creatina
quinase (lesão muscular generalizada) e mioglobinúria (lesões
prolongadas). Já o perfil de coagulação, geralmente, é normal.

Para tratamento, recomenda-se a utilização de analgésicos, de butorfanol,


de buprenorfina, de HCl, de hidromorfona, de oximorfona e de morfina ou
de adesivo de fentanil (associado a outro analgésico devido à demora de
ação). A acepromazina não é recomendada para animais com
tromboembolismo arterial.

A heparina sódica e a heparina não fracionada (HBPM) são utilizadas para


limitar a extensão de trombos existentes e para prevenir a formação de
novos, no entanto, não promovem trombólise. Não se recomenda a
administração intramuscular devido ao risco de hemorragia no local de
aplicação, que é menor quando se utiliza HBPM. Para contrabalancear esse
risco pode-se utilizar o sulfato de protamina.

143
Para a trombólise, recomenda-se estreptoquinase, uroquinase e ativador
de plasminogênio tecidual recombinante (rt-PA) humano que, ao aumentar
a conversão de plasminogênio em plasmina, facilitam a fibrinólise. O
recomendado é a remoção cirúrgica do tromboêmbolo, embora o risco
cirúrgico seja alto tanto quanto a probabilidade de ocorrência de lesão
isquêmica neuromuscular. Além disso, para esses animais, a remoção com
um cateter para embolectomia não é eficaz.

Utiliza-se a terapia antiplaquetas para pacientes com tromboembolismo


ou com risco de desenvolvê-lo, por meio do uso da aspirina (ácido
acetilsalicílico) ou do Clopidogrel (Plavix ®), uma tienopiridina com maiores
efeitos antiplaquetários do que a aspirina.

Outras possíveis alterações miocárdicas detectadas em gatos são:


Cardiomiopatia restritiva, Cardiomiopatia dilatada, Cardiomiopatia
arritmogênica ventricular direita, Miocardite e Insuficiência cardíaca
associada a corticosteroides.

Doenças gastrointestinais

TRÍADE FELINA

A tríade felina é um complexo de três enfermidades simultâneas: a


Colangiohepatite, a Doença Intestinal Inflamatória (DII) e a Pancreatite. Elas
são assim descritas devido a porcentagem de pacientes que apresentam as
três infecções simultaneamente: 83% dos gatos diagnosticados com
colangiohepatite apresentam DII de forma concomitante e 50% destes
apresentam pancreatite moderada.

A doença é desencadeada a partir de qualquer processo inflamatório em


um desses órgãos, e a hipótese mais aceita para esse problema é a
disposição anatômica do ducto biliar e pancreático no gato que, diferente
das outras espécies, sofrem anastomose ao se aproximarem da parede
duodenal e favorecem as afecções que desencadeiam a tríade.

144
Os sinais clínicos são
inespecíficos e variam de
acordo com a gravidade da
doença, podendo ser
intermitentes e durar por
meses ou anos. Os sinais mais
comumente observados são:
diarreia crônica, anorexia,
letargia, êmese e perda de
peso. Pode-se notar no exame
clínico febre, desidratação,
icterícia, sensibilidade a
palpação abdominal,
Imagem: diferença anatômica do ducto biliar e pancreático entre espessamento de alças
cães e gatos. Fonte: adaptado de Costa, 2014.
intestinais e margens
hepáticas palpáveis.

No hemograma, percebe-se anemia regenerativa, neutrofilia, linfopenia e


trombocitose. No exame bioquímico, há aumento dos níveis séricos das
enzimas ALT (Alanina Aminotransferase), FA (Fosfatase Alcalina) e GGT
(Gama-Glutamil Transferase), além de hipocolesterolemia,
hiperbilirrubinemia, hiperglicemia, hipoalbuminemia e
hipergamaglobulinemia.

O diagnóstico individual dessas três afecções é desafiador devido aos


sinais clínicos semelhantes, sabe-se que elas podem ocorrer de forma
isolada ou concomitante. Um diagnóstico definitivo só seria possível por
meio de biópsias dos três órgãos por laparoscopia ou laparotomia
exploratória. Dessa forma, o diagnóstico inicial é feito por exames
laboratoriais e de imagem.

O tratamento sugerido é de suporte, sendo específico para cada uma


das doenças de base presentes. Entre eles, inclui-se: fluidoterapia com
correção de distúrbios eletrolíticos antieméticos, protetores de mucosa
gástrica e suporte nutricional.

145
LIPIDOSE HEPÁTICA

A lipidose hepática é uma doença com elevada casuística na clínica


médica felina. Suas causas podem ser primária (ou idiopática), ocorrendo
de forma aguda em gatos obesos; ou secundária, quando ocorre em
conjunto com outra patologia que cause anorexia, ou comumente a
pancreatite, Diabetes melito, outras doenças hepáticas, DII e neoplasias.

A patogenia envolve uma combinação de mobilização excessiva de


lipídios para o fígado com anorexia que leva a uma deficiência protéica (ou
deficiência de outros nutrientes que permitiriam o metabolismo e
transporte de gordura para fora do fígado) ou que é causada por distúrbios
de apetite primários concomitantes. Os principais nutrientes envolvidos na
metabolização da gordura hepática são: metionina (precursor da
glutationa), carnitina e taurina; logo, sua deficiência contribui para a
ocorrência da doença.

A doença costuma ocorrer em gatos obesos que vivenciaram um


episódio estressante, como mudança abrupta na dieta, introdução de um
novo animal no ambiente ou uma doença que levou a anorexia e rápida
perda de peso.

As manifestações clínicas
incluem: icterícia, vômitos
intermitentes, diarreia ou
constipação e desidratação.
Ao exame físico, percebe-se
hepatomegalia palpável. Se
houver progressão para
encefalopatia hepática, pode-
se manifestar depressão e
ptialismo, relacionados à
deficiência relativa de arginina.
Imagem: felino apresentando icterícia em mucosa gengival.

146
Achados laboratoriais permitem observar anormalidades na coagulação,
anemia e presença de corpúsculos de Heinz nos eritrócitos. No bioquímico,
há aumento da atividade sérica das enzimas Alanina aminotrasferase (ALT),
Aspartato aminotrasferase (AST) e Fosfatase Alcalina (FA). Em gatos com a
manifestação primária, é possível observar um aumento relativamente
menor da gama-glutamil-transferase (GGT). Há também anormalidades
eletrolíticas, como hipocalemia, hipofosfatemia e hipomagnesemia.

O método de diagnóstico mais confiável é a histopatologia, mas a


anestesia geral para coleta pode não ser aconselhada. Dessa forma, um
diagnóstico preliminar pode ser obtido por avaliação de citologia por
aspiração com agulha fina (AAF), que demonstrará dilatação de hepatócitos
com lipídios. Exames de imagem, como a radiografia e o ultrassom, ajudam
a avaliar o estado do fígado e de outros órgãos abdominais a fim de
diferenciar de outros possíveis diagnósticos ou identificar a doença de
base.

Por fim, para o tratamento, o mais indicado é a precoce e intensiva


alimentação com dieta de altos níveis proteicos. A depender do estado do
animal, será necessário alimentação via sonda nasoesofágica ou esofágica
por 4 a 6 semanas. O perfil eletrolítico do animal deve ser manejado pela
fluidoterapia já nos primeiros dias, e antieméticos podem ser usados se
necessário. Para o manejo de coagulopatias, pode ser administrada
vitamina K (fitomenadiona). Também podem ser administrados
antioxidantes para suprir a depleção de glutationa. O prognóstico da
doença é bom, com sobrevida de 55-80% dos animais, caso o suporte
alimentar seja estabelecido.

Outras doenças do trato gastrointestinal em felinos são:


Peritonite infecciosa felina.
Panleucopenia felina.
Doença do trato biliar: colangite, colecistite, cistos biliares.
Neoplasias.
Verminoses como Ancylostoma e Dipylidium, por exemplo.
Intoxicações exógenas, como na administração incorreta de
medicamentos e administração de azul de metileno como “mata
bicheira”.

147
Doenças respiratórias

COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO

O Complexo Respiratório Felino é uma doença infectocontagiosa causada


pelos seguintes vírus e bactérias: Calicivirus felino (FCV), Herpesvirus felino
(FHV-1), Chlamydophila felis e Bordetella bronchiseptica. Os dois principais
agentes envolvidos na infecção dos felinos são Herpesvírus e Calicivírus.

A transmissão se dá por meio de contato direto de um animal sadio com


secreções nasais, orais e oculares de um animal doente, através de fômites
(relacionados a ausência de práticas de higiene de tutor e médico
veterinário), ou por alta densidade e ventilação precária em canis. A
manifestação da doença está associada a situações de estresse, como
transporte, desmame, fome, procedimentos cirúrgicos, introdução de
novos animais, aglomerações e outras doenças concomitantes.

O animal pode ser assintomático, sendo reservatório e disseminador dos


agentes. Nos casos sintomáticos, os sinais clínicos são concentrados na
região ocular e nasal, com descargas mucopurulentas e conjuntivites,
aumento da frequência respiratória, dispneia, tosse, entre outros. Podem
vir associados a inapetência, apatia, ulcerações orais, estomatite crônica,
perda de peso e pneumonia intersticial por infecção secundária.

Imagem: sinais clínicos oculares e nasais relacionados ao Complexo Respiratório


Felino.

148
É possível realizar o diagnóstico clínico pela sintomatologia e avaliação da
presença de fatores, como estressores ambientais, idade e manejo. Além
disso, também é possível o diagnóstico por meio de exames, a exemplo, o
histopatológico, swab nasal e ocular para isolamento em cultivo celular ou
ELISA, imunofluorescência direta e indireta e PCR (o mais específico, pois
detecta o vírus nas fases aguda e crônica).

O tratamento varia de acordo com os sinais clínicos apresentados e as


infecções secundárias presentes. Podem ser usados antimicrobianos de
largo espectro, anti-inflamatórios, antitérmicos e mucolíticos. O manejo é
um importante auxílio no tratamento, sendo necessário limpar as
secreções dos animais infectados o quanto for necessário, garantir suporte
nutricional e hídrico, e hidratar as vias respiratórias (com umidificador e
vaporizador).

Uma forma eficiente de controle é a vacinação dos animais com a Vacina


Quádrupla (V4), que protege contra rinotraqueíte, calicivirose e clamidiose
(componentes do complexo), e também contra a panleucopenia, no
sistema digestivo.

DOENÇA BRÔNQUICA FELINA

A “asma felina” e a “bronquite felina” são duas manifestações de afecções


respiratórias em gatos. A asma felina ocorre em episódios de inflamação
predominantemente eosinofílica das vias respiratórias e broncoconstrição
espontânea e reversível. Já no caso da bronquite crônica, há
remodelamento das vias respiratórias e a inflamação tem caráter
neutrofílico não degenerativo.

É uma doença idiopática, porém as possíveis causas e agravantes incluem


exposição a alérgenos ou substâncias irritantes, como areia sanitária
perfumada, cigarros, produtos de limpeza, entre outros.

Os sinais clínicos mais comuns são tosse, sibilos (audíveis e/ou na


auscultação) e dificuldade respiratória esporádica. Consequentemente, há
taquipnéia e aumento do esforço respiratório mais pronunciado durante a
expiração. Sinais sistêmicos não estão presentes e indicam outro
diagnóstico.

149
O diagnóstico é feito com base no
exame físico, histórico do animal,
anormalidades nas radiografias
torácicas e eliminação de diagnósticos
diferenciais. Nos achados laboratoriais,
pode-se observar eosinofilia, porém isso
não é específico. A radiografia torácica
pode apresentar um padrão brônquico
e pulmões hiperinsuflados, ou estar
completamente normais, uma vez que
os sintomas precedem as alterações em
alguns casos. Outro exame indicado é a
citologia do lavado traqueal ou do fluido,
que indica aumento de células
inflamatórias e da quantidade de muco.

Imagem: incidência dorsoventral do gato com


doença brônquica crônica.

Animais que são levados à clínica com alteração respiratória aguda,


respiração com boca aberta ou respiração abdominal devem ser
estabilizados antes de iniciar os procedimentos. O tratamento consiste em
dois objetivos principais: reduzir a contração da musculatura lisa de vias
respiratórias através de broncodilatadores; e diminuir a inflamação
subjacente através de corticoesteróides. O uso de broncodilatadores não
deve ser individual, e o uso de corticoesteróides é feito a longo prazo. O
prognóstico é bom para animais que recebem diagnóstico e terapia
adequados, mas é importante ser realista com o tutor quanto ao
tratamento a longo prazo.

Outras doenças do trato respiratório dos felinos são:


Fibrose pulmonar idiopática.
Pneumonia por aspiração.
Traumatismos.
Neoplasias.
Infecções, como Coronavirus.
Verminoses, como Toxoplasma e Dirofilaria.

150
Doenças do trato urinário

Principais Enfermidades do Trato Urinário Superior de Felinos

RIM POLICÍSTICO E PSEUDOCISTOS PERINÉFRICOS

A doença do rim policístico (DRP) caracteriza-se pela formação de cistos


de tamanhos variados, uni ou bilateral, tanto na região medular quanto na
região cortical dos rins. É uma enfermidade de caráter hereditário
autossômica dominante em raças predispostas, como Persa, Himalaia e
Pelo Curto Exótico. Além dos cistos renais, também podem ser
encontrados cistos no fígado e em outros órgãos abdominais. Os exames
de imagens, como radiografia e ultrassonografia, mostram,
respectivamente, aumentos de volume irregulares renais e observação dos
cistos. A ultrassonografia é eficiente mesmo em animais assintomáticos,
sendo recomendada em filhotes com 6-8 semanas de vida que possuam
predisposição à doença. Além disso, exames genéticos e o exame de
reação de cadeia de polimerase (PCR) são métodos úteis na determinação
da DRP. É importante ressaltar que a ausência das estruturas císticas nos
animais jovens não significa que elas não possam surgir com o decorrer da
idade. O tratamento dos animais é indicado nos casos de compressão pelo
cisto aos tecidos adjacentes ou devido à dor causada pelo estiramento
capsular, sendo realizada a drenagem guiada por ultrassonografia.

Imagem: rim policístico em gato da raça persa.

151
Os pseudocistos perinéfricos (PPN) são falsos cistos que podem acometer
ambos os rins, formando “bolsas” de líquidos que os circundam. É uma
enfermidade sem etiologia definida, sem predisposição racial e sexual.
Acomete principalmente animais adultos com mais de 8 anos de idade,
podendo estar associada a traumatismos renais, neoplasias ou até mesmo
idiopáticos. Os animais acometidos apresentam distensão abdominal não
dolorosa e disfunção renal, com poliúria, polidipsia, anorexia, perda de
peso e êmese. Portanto, alterações são observadas tanto no exame de
bioquímica sérica e urinálise, como também pela palpação no exame físico.
O tratamento consiste na ressecção cirúrgica das paredes dos cistos,
também é possível realizar a drenagem para alívio direto, que por sua vez é
temporário.

AMILOIDOSE

A amiloidose corresponde a uma enfermidade em que ocorre a deposição


de proteínas insolúveis nos rins e em outros órgãos. É classificada de
acordo com os locais de deposição, forma sistêmica ou localizada, ou
mesmo de acordo com os tipos de proteínas responsáveis pela deposição.
Acomete os animais nos períodos de 9-24 meses de vida, pode levar à
insuficiência renal de graus variáveis e outras alterações renais. Em felinos,
é mais comum a amiloidose secundária por depósito da proteína de fase
aguda inflamatória sintetizada pelo fígado (Amilóide A), que acomete
principalmente os gatos das raças Abissínios, Siameses e Orientais de Pelo
Curto. O diagnóstico é realizado por meio de biópsia com coloração do
material especial com vermelho congo, permitindo a visualização da
representação da amiloidose. Como tratamento, faz-se suporte do animal e
tratamento das doenças inflamatórias subjacentes, pode-se considerar o
uso de dimetilsulfóxido (DMSO) e a busca de informações com relação a
mobilização do amiloide.

NEOPLASIAS RENAIS

As neoplasias renais são pouco comuns em felinos, sendo mais observado


linfoma, carcinomas renais e nefroblastoma. O diagnóstico se dá por meio
de aspiração por agulha fina (PAAF) ou biópsia renal. Nos casos de
neoplasias renais é de extrema importância o estadiamento da doença,

152
para que haja o melhor planejamento do tratamento a ser seguido. O
tratamento é realizado com quimioterápicos, como vincristina e
ciclofosfamida, por exemplo.

PIELONEFRITE

A pielonefrite é uma enfermidade infecciosa que acomete os rins, pode


ocorrer de forma ascendente ou mesmo por via hematógena. Dentre os
sinais clínicos incluem-se: letargia, inapetência, anorexia, desidratação,
febre, estrangúria, polaciúria, poliúria/polidipsia, podendo ou não observar-
se periúria. O diagnóstico é realizado através do histórico, sinais clínicos e
exames complementares. O hemograma apresenta neutrofilia com desvio
à esquerda e bioquímica sérica revela azotemia, hiperfosfatemia e acidose
metabólica. Na urinálise, pode-se observar proteinúria, bacteriúria com
piúria, hematúria e células em sedimento renal. A ultrassonografia é
importante para determinar a porção do trato acometido, ela pode
demonstrar renomegalia, pelves e divertículos dilatados com mesentério
hiperecóico e derrame peritoneal ou retroperitoneal. Além disso, a
urocultura e o antibiograma são recomendados para o diagnóstico e
acompanhamento durante o tratamento do animal.

INJÚRIA RENAL AGUDA (IRA)

Antigamente, a Injúria Renal Aguda era denominada como Insuficiência


Renal Aguda. Porém, por se referir a uma alteração/lesão renal que pode
ser tratada com recuperação da função renal, hoje a IRA é conhecida como
Injúria Renal Aguda.
A injúria renal aguda se caracteriza por aumentos séricos de ureia e
creatinina (azotemia) e a incapacidade de manter a regulação de fluidos,
eletrólitos e o equilíbrio ácido-base devido a uma redução abrupta da
função renal ou eliminação de urina. Isso ocorre devido alterações que
levam a redução de perfusão renal, como desidratação e hipotensão (pré-
renais), injúrias renais, como processos infecciosos, inflamatórios,
neoplásicos, traumáticos (renais) ou processos obstrutivos do trato urinário
e rupturas (pós-renais). A taxa de mortalidade é de 50-60% dos casos, uma
vez que a detecção precoce é dificultada e o custo de diagnóstico e
tratamento se mostram elevados.

153
Os sinais clínicos observados em animais com IRA são inespecíficos, como
anorexia, letargia, desidratação, êmese, diarreia, úlceras orais e hálito
urêmico, podendo apresentar tanto poliúria, oligúria, anúria e polidipsia. Os
exames laboratoriais de hemograma, bioquímica sérica (creatinina e uréia)
e eletrólitos, urinálise, hemogasometria e exames de imagem devem ser
realizados.

O tratamento deve ser realizado com base nas alterações clínicas, com
atenção especial à taxa de fluidoterapia, além disso podem ser utilizados
diuréticos e antieméticos.

DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)

A Doença Renal Crônica (DRC) decorre devido a enfermidades renais em


que a compensação não é mais possível, levando à redução da função
renal normal. Consiste em qualquer alteração estrutural ou funcional, uni
ou bilateral dos rins, persistente por três meses ou mais. Trata-se de uma
doença progressiva, no entanto, se detectada precocemente é possível
buscar a estabilidade do quadro, como consequência há melhoria na
qualidade e expectativa de vida.

A DRC acomete mais os gatos em relação aos cães, uma vez que os
felinos apresentam menor número de néfrons. As causas que levam ao
desenvolvimento da DRC estão relacionadas a condições diversas como
idade, número de néfrons, doenças congênitas e/ou fatores de iniciação
que agridem os rins, entre elas têm-se as doenças imunomediadas,
infecções sistêmicas, pielonefrites, obstruções, nefrolitíases, nefrotoxinas,
hipertensão arterial sistêmica, hipoperfusão crônica e amiloidose. Outras
causas prováveis, que desencadeiam a DRC podem estar relacionadas à
doença periodontal, vacinação (com hiperestimulação linfocitária ou
vacinação excessiva), FIV, neoplasias e processos inflamatórios crônicos,
como nefrite do túbulo intersticial, glomerulonefrite e pielonefrite.

De modo geral, nos felinos observa-se pelos sem brilho, definhamento


muscular, úlceras orais e mucosas pálidas, letargia, redução do apetite,
perda de peso, náuseas e vômitos, porém os animais acometidos podem
estar assintomáticos quando compensados.

154
O estadiamento da DRC deve ser realizado a fim de se avaliar a evolução
da doença e, com isso, orientar no diagnóstico, estabelecer a terapêutica e
monitorar de forma adequada. O estadiamento baseia-se nas mensurações
de creatinina sérica de animais hidratados, para o diagnóstico da doença
são necessárias duas mensurações, uma vez que a creatinina é uma
substância que sofre interferência exógena e endócrina, ou seja, varia de
acordo com a massa muscular, metabolismo e dieta do animal.
Além do estadiamento da DRC, é importante também realizar o
subestadiamento, avaliando a proteinúria e a Pressão Arterial Sistêmica
(PAS). Assim, é possível determinar se a proteinúria é decorrente da DRC,
excluindo possibilidades de causas fisiológicas, pré e pós renais, por meio
de três avaliações com intervalos de 15 dias para cada avaliação seriada da
proteinúria de forma quantitativa, ou seja, a razão proteína/creatinina
urinária (RPCU). Também, podem ser realizadas múltiplas mensurações da
PAS em diferentes momentos, evitando possíveis estresses. Alterações na
PAS levam a alterações na Taxa de Filtração Glomerular (TFG), resultando
em lesões renais.

Tabela - Estágios da DRC

Estágios Creatinina Marcadores de Sinais Clínicos Plano Função


da DRC mg/dL Doença Renal e Alterações Diagnóstico e Renal
(Proteinúria e Laboratoriais Monitoramento
Hipertensão)

Estágio < 1,6 Podem estar Sem alterações. Cr <1,6 mg/dL, Na presença de
I mg/dL. presentes. US, marcadores já
RPCU, não há 100% de
PAS. função renal.

Estágio 1,6-2, 8 Podem estar Inapetência, Perda de Cr 1,6-2,8mg/dl, Apenas 33%


II mg/dL. presentes. Peso, Hemogasometria, de função
PU/PD Eletrólitos, renal.
Acidose Metabólica, Fósforo,
Hipocalemia, Urinálise (em jejum
Hiperfosfatemia, hídrico e alimentar),
Hiperparatireoidismo, RPCU,
DU < 1.035. PAS.

Estágio 2,9-5,0 Podem estar Inapetência, Cr 2,9-5,0 mg/dl, Máximo de


III mg/dL. presentes. Perda de Peso, Hemogasometria, 25% de
PU/PD Eletrólitos, função renal.
Acidose Metabólica, Fósforo,
Hipocalemia, Hemograma,
Hiperfosfatemia, Contagem de
Hiperparatireoidismo, Eritrócitos,
Anemia, DU < 1.035. RPCU, PAS.

155
Estágio >5,0 Podem estar Inapetência, Perda de Cr >5,0 mg/dl, Menos de
IV mg/dL. presentes. Peso, Hemogasometria, 10% de
PU/PD Eletrólitos, função renal.
Acidose Metabólica, Fósforo,
Hipocalemia, Hemograma,
Hiperfosfatemia, Contagem de
Hiperparatireoidismo Eritrócitos.
e Anemia. Avaliação da
Desnutrição, Albumina,
Desidratação, RPCU,
DU < 1.035. PAS.

Legenda: PU/PD = Poliúria e Polidipsia; DU = Densidade Urinária; US = Ultrassonografia; RPCU = Relação


Proteinúria-Creatinina Urinária; PAS = Pressão Arterial Sistêmica.

Fonte: elaborado pelo autor.

O tratamento da DRC varia de acordo com a doença base e o


estadiamento da doença. Ou seja, o tratamento é individualizado de acordo
com as necessidades de cada paciente e está relacionado com a melhoria
da qualidade e expectativa de vida.

Principais Enfermidades do Trato Urinário Inferior de Felinos

DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR (DTUIF)

A doença do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF) corresponde a um


conjunto de sinais clínicos, como disúria, hematúria, periúria, polaciúria,
com ou sem obstrução do fluxo de saída da urina. As possíveis causas de
DTUIF em Felinos são CIF(Cistite intersticial/idiopática intersticial/ ou
idiopática Felina), urólitos, alterações anatômicas ou comportamentais,
neoplasias e ITU (Infecção do Trato Urinário).

Felinos de qualquer idade podem desenvolver DTUIF. Em animais com


menos de um ano, a causa mais comum são defeitos anatômicos, como
divertículo vesical, patência de úraco e ureter ectópico. Já em gatos entre
dois e cinco anos, a principal causa é devido ao estresse e,
consequentemente, o desenvolvimento de CIF. Nos gatos com mais de dez
anos de idade, acredita-se que as principais causas sejam ITU e neoplasias.

156
Além disso, há alguns fatores de risco que predispõem o
desenvolvimento da enfermidade, principalmente felinos sedentários que
normalmente retém a urina por mais tempo, o que favorece o
desenvolvimento de processos inflamatórios, também animais com excesso
de minerais na dieta, baixa ingestão hídrica e digestibilidade. Além disso, o
estresse possui grande importância na fisiopatologia dos distúrbios
urinários em gatos e favorece tanto o desenvolvimento quanto a
manutenção do processo de doença, propiciando a evolução da doença.

Uma das principais consequências dos distúrbios urinários em gatos


é a obstrução do fluxo de saída da urina. Nos animais obstruídos é
observado desidratação, vômito e diarreia, palidez das mucosas, dor
abdominal, tônus do esfíncter uretral e alterações genitais com coloração
arroxeada, ou plugs visíveis na ponta do pênis, além de possíveis alterações
elétricas cardíacas (arritmias ou bradiarritmias, principalmente devido ao
aumento na concentração de potássio) e até mesmo alterações no estado
de consciência (normal, estupor e mesmo em coma). Além da avaliação
física criteriosa, também é importante a realização de exames laboratoriais
(bioquímica sérica, urinálise e urocultura) e de imagem (ultrassonografia, e
radiografias).

Para o tratamento do animal com DTUIF, primariamente é preciso


determinar a causa base. Pacientes obstruídos são de urgência/emergência
e deve ser feita sedação para permitir a desobstrução do animal pelos
métodos de massagem peniana e vesical suave, buscando eliminação de
possíveis plugs, sondagem uretral, posteriormente a cistocentese, a fim de
aliviar a pressão da urina sobre o ponto de obstrução e facilitar a
desobstrução, associada à hidropropulsão, reduzindo lesões sobre a
parede da uretra por atrito, e posteriormente lavagem vesical para drenar
os debris celulares e cristais que possam estar contidos na bexiga. Também
é necessário tratar os desequilíbrios hidroeletrolíticos, controlar a dor,
náusea e vômitos, além de realizar manejo alimentar e ambiental.

As recidivas são frequentes, por isso o manejo e monitoramento do


paciente deve ser realizado.

157
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU)

A infecção do trato urinário pode decorrer de forma ascendente ou


hematógena (sendo esta última bastante incomum), geralmente por
bactérias oriundas do trato gastrointestinal, com colonização de qualquer
segmento do trato urinário, desde rins até a uretra.

A ITU é mais comum em felinos:


Idosos;
Com doenças crônicas;
Que fazem uso de medicações imunossupressoras ou diuréticas;
Com sondagem uretral;
Com retenção urinária;
Que possuem alterações anatômicas congênitas;
Com urolitíases.

Os animais com ITU podem ser tanto assintomáticos quanto


sintomáticos, observa-se hematúria, disúria, estrangúria, polaciúria,
periúria, dor renal, urgência urinária, odor pútrido e lambedura da região
genital. O diagnóstico de ITU é principalmente por meio de urinálise,
urocultura e antibiograma, também pode-se realizar ultrassonografia e
radiografia do abdômen. O tratamento pode ser empírico anteriormente
aos resultados do antibiograma, assim como em casos de primeira
infecção. Dessa forma, para animais com persistência da infecção e
recidivas deve-se alterar o tratamento de acordo com os resultados do
antibiograma. O tratamento em machos inteiros deve ser de 21-30 dias,
enquanto que em fêmeas e machos castrados por 14 dias (em casos de
primeira infecção) e, em casos de pielonefrite, entre 30-60 dias. O
monitoramento do tratamento deve ser feito por meio da urinálise após 5-
7 dias do início da antibioticoterapia e após 10 dias do término do
tratamento, por meio da urocultura para avaliação da eficácia plena, o
resultado deve ser negativo, quando positivo indica a persistência da UTI.

UROLITÍASES

Urolitíases correspondem à formação de cálculos (como são conhecidos


popularmente) em alguma porção do trato renal, sendo que, de acordo

158
com o segmento acometido recebem diferentes denominações, são elas a
nefrolitíase, ureterolitíase e urolitíases vesical.
A presença de cristais no sedimento urinário não é determinante de
formação de cálculo - sua presença é um fator predisponente apenas. A
formação dos urólitos decorre do excesso de minerais, pouca água e
tempo de formação na urina, tendo como consequência uma maior
saturação de cristais e minerais na urina que favorece a formação de
cálculos urinários.
Portanto, quando se evita urinas saturadas, tende-se a proteger o animal
da formação de cálculos. Os cálculos são formados em variações do pH
urinário que favorecem a precipitação e adesão dos cristais, podendo
ocorrer cálculos com composição de oxalato de cálcio, estruvita (os dois
primeiros são mais comumente encontrados), urato, cistina, sílica, xantina,
apatita e sangue solidificado seco (este último é encontrado apenas em
felinos).

A formação de cálculos em
gatos pode ocorrer de forma
asséptica, sem presença de
processo infeccioso no trato
urinário, diferente de como
ocorre em cães. Além disso, é
importante lembrar que
cálculos de formatos diferentes
não determinam composições
diferentes, e por isso, a
Imagem: algumas composições de
importância da avaliação não urólitos. A - Estruvita. B - Cristais
apenas qualitativa, mas de Urato de Amônio. C - Cristais
de Xantina. D - Cristais de Cistina.
também quantitativa do cálculo
removido.

O diagnóstico dos urólitos ocorre por meio da visualização de


ultrassonografia e/ou radiografia abdominal. Já o tratamento depende da
composição do cálculo em questão, visto que em determinadas
composições pode ser feita a dissolução (estruvita, xantina, cistina, urato)
por meio de tratamento dietético acidificante ou alcalinizante.

159
Quando se observa outras
composições, é necessária a remoção
(oxalato de cálcio, apatita, sílica) por
procedimento cirúrgico, hidropropulsão,
lavagem vesical de expulsão ou mesmo
litotripsia intra e extra corpórea.
Ademais, é importante monitorar o
paciente para avaliação de novas
formações, que podem variar de 2-6
meses, e corrigir doenças bases
responsáveis pelas formações dos
urólitos, caso existam.
Imagem: urolitíase em felino.

Distúrbios musculoesqueléticos

Doenças musculoesqueléticas nos felinos são menos comuns em relação


aos caninos, devido a diferenças anatômicas e fisiológicas específicas que
dificultam o desenvolvimento de algumas enfermidades ósseas, musculares
e articulares.

Esses distúrbios são mais dificilmente detectados em gatos do que em


cães, devido às diferenças comportamentais desses animais. Os gatos
conseguem esconder muito bem sinais de dor, o que dificulta a percepção
dos tutores, e podem apresentar maiores níveis de estresse nos
consultórios de clínicas e hospitais veterinários, desafiando médicos
veterinários durante os exames físicos.

Além disso, são animais leves que compensam muitos sinais clínicos de
doenças articulares e comprometem exames de marcha - com observação
detalhada para avaliação de alterações muito sutis.

As principais doenças musculoesqueléticas que podem ser destacadas


são: Fraturas, Artrites, Neoplasias, Luxações, Osteomielite, Disostoses,
Miopatias

160
Imagens: raio-x de fêmur fraturado em felino.

DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA (DAD)

A Doença Articular Degenerativa (DAD), Osteoartrite ou Osteoartrose é


um distúrbio degenerativo progressivo de cartilagens articulares que causa
danos degenerativos e proliferativos em tecidos periarticulares. É comum
em cães e gatos, porém nesses últimos o conhecimento da enfermidade é
menor devido às dificuldades diagnósticas e no tratamento. A DAD
acomete tanto felinos jovens quanto adultos e seniores, com maiores
evidências radiográficas do distúrbio em animais com mais de 12 anos de
idade. Dentre as possíveis causas da DAD, têm-se degenerações primárias,
displasia, lesões articulares, fraturas, luxação, malformações, processos
infecciosos e neoplásicos. Com as alterações na cartilagem, ela não
consegue sustentar as cargas dos esforços físicos, sobrecarregando outras
áreas da articulação, o que ocasiona lesões ainda maiores na cartilagem,
estimulando receptores de dor e, assim, progredindo a doença num ciclo
de inflamação, degeneração e disfunção.

Os sinais clínicos são inicialmente insidiosos (por isso a necessidade de


um exame físico cauteloso), porém pode-se observar nos felinos com DAD
dor, alterações comportamentais, atrofia muscular, anorexia e perda de
peso, alterações urinárias e digestivas, tumefações e espessamentos
periarticulares, crepitação e alopecia nas regiões acometidas.

161
Como formas de diagnóstico, há exames radiográficos e, em
determinados casos, a realização de artrocentese, artroscopia, ressonância
magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). Nos exames
radiográficos pode-se observar alterações ósseas como osteófitos,
esclerose subcondral, erosão óssea pericondral, tumefação periarticular e
alterações na congruidade das superfícies articulares.

Infelizmente, as alterações nas articulações acometidas são permanentes.


Por isso, é de suma importância buscar o tratamento com foco na redução
do processo inflamatório, alívio da dor, além de tentar impedir o progresso
da doença. São pontos importantes a serem levados em consideração
durante o tratamento: a perda de peso, uso de anti-inflamatórios,
condroprotetores e nutracêuticos.

162
ANOTAÇÕES

163
Referências

Referências do conteúdo

Módulo 1 - Processo de domesticação e aspectos comportamentais

COMO DAR comprimidos a um gato. Gazeta do Povo: Chantal Wagner, 25


jan. 2018. Disponível em: https://infograficos.gazetadopovo.com.br/estilo-
de-vida/como-dar-comprimido-a-um-gato/. Acesso em: 12 mar. 2021.

MOORE, Arden “Entenda seu Gato, tudo que você sempre quis saber
sobre o comportamento felino.” Acesso em: 12 mar. 2020

LITTLE, Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1a. ed. Rio de Janeiro: Roca,
2012.

"CONCEITOS BÁSICOS SOBRE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE CÃES E


GATOS". 2015. 75 p. Palestra apresentada no III Congresso Estudantil de
Medicina Veterinária da UECE (Graduação em Medicina Veterinária) -
Universidade Federal de Lavras, Fortaleza, CE, 2015.

TUBALDINI, Ricardo. ALIMENTAÇÃO dos Gatos - Como proceder?. [S. l.]:


CachorroGato, 8 maio 2021. Disponível em:
https://www.cachorrogato.com.br/gato/alimentacao-gatos/. Acesso em: 12
mar. 2020.

GATO doméstico ou gato feral: você sabe a diferença?. [S. l.], Gatinho
Branco, 24 ago. 2017. Disponível em: https://gatinhobranco.com/gato-
domestico-ou-gato-feral-voce-sabe-a-diferenca/. Acesso em: 12 mar. 2020.

SCHOLTEN, Ariane Damiani. Particularidades Comportamentais do


Gato Doméstico. Orientador: Luciano Trevizan. 2017. 55 p. Monografia
(Graduação em Medicina Veterinária) - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2017.

164
SOUZA, José Olimpio Tavares de. Comportamento de Gatos Domésticos
(Feliscatus - LINNAEUS, 1758): Orquiectomia e desenvolvimento.
Orientador: Prof. Dr. Artur Andriolo. 2007. 99 p. Dissertação (Mestre em
Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora,
2007

GRISOLIO, Ana Paula Rodomili; PICINATO, Mirelle Andréa de Carvalho;


NUNES, Juliana Olivencia Ramalho; CARVALHO, Adolarata Aparecida Bianco.
O comportamento de cães e gatos: sua importância para a saúde pública
(Dogs and cats behaviour: the importance to the public health). Revista de
Ciência Veterinária e Saúde Pública, [s. l.], v. 4, ed. 1, p. 117-126, 2017.

GALLO, P. V.; WERBOFF, J.; KNOX, K. Protein restriction during gestation and
lactation: Development Of Attachment Behavior in cats. Behav Neural Biol
29:216. 1980

MCCUNE, S. The impact of paternity and early socialisation on the development


of cats' behaviour people and novel objects. AnimBehavSci. p. 109. 1995.

SEITZ, P. F. D. Infantile Experience and Adult Behavior in Animal Subjects: II. Age
of Separation from MotherandAdult Behavior in the Cat. Psychosomatic
Medicine. 1959.

STASIAK, M.; ZERNICKI, B. Food conditionning is impaired in cats deprived of


the taste of food in early life. Neuroscience Letters. 2000.

FARACO, C.B. et al. Fundamentos do comportamento Canino e Felino.


1.ed. Medvet livros. 2013.

No Brasil, 44,3% dos domicílios possuem pelo menos um cachorro e 17,7%,


um gato. Minas Gerais: Estado de Minas, 28 jul. 2016. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/07/28/interna_nacional,7
88614/no-brasil-44-3-dos-domicilios-possuem-pelo-menos-um-cachorro-e-
17-7.shtml. Acesso em: 21 nov. 2020.

AUGUST, J. R. Feline Internal Medicine. V. 7. St. Louis: Elsevier, 2016. p.


942.

165
ELLIS, S. L. H. et al. AAFP and ISFM Feline Environmental Needs Guidelines.
Journal of Feline Medicine and Surgery, USA, v. 15, n. 3, p. 219-230,
mar./2013.

Módulo 2 - Abordagem do paciente felino

SILVA, Débora dos Santos. Novas diretrizes para o manejo clínico do


paciente felino. Novas diretrizes para o manejo clínico do paciente felino, [S.
l.], LUME p. 45, 1 jan. 2017. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/170514. Acesso em: 20 nov. 2020.

RODAN, I. Understanding the Cat and Feline-Friendly Handling. In: LITTLE, S.


The Cat: Clinical Medicine Management. 3251 Riverport Lane/St. Louis,
Missouri 63043: Elsevier, 2012. p. 02-18.

BENNETT, Pam Johnson. Psico‐gato: Entendendo o comportamento


"louco" do seu gato. [S. l.]: Madras, 2004. ISBN 978‐85‐737‐4819‐2.

Módulo 3 - Vacinação

JERICÓ, M.M.; ANDRADE-NETO, J.P.; KOGIKA, M.M. Tratado de medicina


interna de cães e gatos. São Paulo: Roca, 2015.

CRIVELLENTI LZ; BORIN-CRIVELLENTI S. Casos de Rotina em Medicina


Veterinária de Pequenos Animais. 2 Ed. MedVet, 2015.

VAN ZY, DK MIEZAN; The Cat Encyclopedia: The Definitive Visual Guide. 1ª
ed, Adult (US); 2014.

LITTLE, Susan E. August's consultations in feline internal medicine.


Volume 7. St Louis, MO, Elsevier, 2016.

LITTLE, Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: EDITORA


GUANABARA KOOGAN LTDA., 2015.

CFMV, RESOLUÇÃO nº 1321 DE 24 DE ABRIL DE 2020.

166
M. J. Day , M. C. Horzinek , R. D. Schultz e R. A. Squires; Diretrizes para a
Vacinação de Cães e Gatos; Journal of Small Animal Practice; Vol 57;
January 2016; WSAVA.

AAHA/AAFP (American Animal Hospital Association, American Association of


Feline Practitioners, and International Society of Feline Medicine); Feline
Vaccination Guidelines. 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ministério da Saúde. Raiva: o que é, causas,


sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. [S. l.], p. 1-13, 16 ago.
2019. (Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/raiva.
Acesso em: 17 dez. 2020.

2013 AAFP Feline Vaccination Advisory Panel Report. FELINE, Journal of


Feline Medicine and Surgery, p. 785-808, 23 nov. 2020.

DIRETRIZES PARA A VACINAÇÃO DE CÃES E GATOS: COMPILADAS PELO


GRUPO DE DIRETRIZES DE VACINAÇÃO (VGG) DA ASSOCIAÇÃO
VETERINÁRIA MUNDIAL DE PEQUENOS ANIMAIS (WSAVA). WSAVA, JSAP –
JOURNAL OF SMALL ANIMAL PRACTICE, p. 3-47, 23 nov. 2020.

RECOMENDAÇÕES sobre a vacinação para médicos veterinários de


pequenos animais da América Latina: um relatório do Grupo de Diretrizes
de Vacinação da WSAVA. LATAM GUIDELINE, JSAP – JOURNAL OF SMALL
ANIMAL PRACTICE, 2020. British Small Animal Veterinary Association, p. 1-39.

Lamonica, Érika Morgado. SARCOMA DE APLICAÇÃO EM FELINOS.


Orientador: Aline Machado De Zoppa. 2009. 42 p. TCC (Graduação em
Medicina Veterinária) - Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, São Paulo,
2009.

Andrade, Fernanda Ferreira de. SARCOMA DE APLICAÇÃO EM FELINOS.


Orientador: Prof. Dra. Ana Carolina Mortari. 2016. 52 p. TCC (Graduação em
Medicina Veterinária) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade de Brasília, Brasília - DF, 2016.

167
FELINE Shot: Locais de aplicação de vacinas em felinos. FELINE, Zoetis, ano
1, n. 2, p. 1-4, 2018.

Módulo 4 - Manejo nutricional

APTEKMANN, K. P. et al. Manejo nutricional de cães e gatos domiciliados no


estado do Espírito Santo-Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, v. 65, n. 2, p. 455-459, 2013.

CAPPELLI, Sandro et al. Avaliação química e microbiológica das rações secas


para cães e gatos adultos comercializadas a granel. Revista Brasileira de
Higiene e Sanidade Animal, v. 10, n. 1, p. 90-102, 2016.

SILVA, Ana Paula Soares. Toxicidade e citogenotoxicidade de aditivos


corantes utilizados na fabricação de alimentos e rações animais.
2020.

FISCHER, Manuela. Como avaliar uma ração a partir do rótulo?


Disponível em: https://veterinarianutricionista.com.br/wp-
content/uploads/2020/05/ebook-rotulos.pdf. Acesso em: 21 nov. 2020.

CASE, Linda P. et al. Canine and Feline Nutrition: A Resource for


Companion Animal Professionals. Third edition. Missouri: Mosby Elsevier,
2011.

DAMASCENO , Juliana. Enriquecimento ambiental para felinos em cativeiro:


classificação de técnicas, desafios e futuras direções. Zoociências , Revista
Brasileira de Zoociências, p. 164-168, 1 maio 2018. DOI
https://doi.org/10.34019/2596-3325.2018.v19.24748. Disponível em:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/zoociencias/article/view/24748. Acesso
em: 24 nov. 2020.

HENZEL , Marcelo. O enriquecimento ambiental no bem-estar de cães


e gatos. 2014. 53 p. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [S. l.], 2014. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/104884. Acesso em: 12 dez. 2020.

168
JERICÓ, Márcia Marques; NETO , João Pedro de Andrade; KOGIKA , Márcia
Mery. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. [S. l.: s. n.], 2015.
7047 p. ISBN 978-85-277-2666-5.

MENDES , Fernanda Figueiredo; RODRIGUES, Danilo Ferreira; PRADO,


Yandra Cássia Lobato do; ARAÚJO, Eugênio Gonçalves de. Obesidade Felina.
Enciclopédia Biosfera, v. 9, n. 16, p. 1602-1625, 1 jul. 2013. Disponível em:
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/agrarias/Obesidade%20Felina.
pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.

OLIVEIRA, Kellen de Sousa. Manual de Boas Práticas na Criação de Animais


de Estimação: Cães e Gatos. Instituto Pet Brasil. [S. l.: s. n.], 2019.
Disponível em: http://institutopetbrasil.com/wp-
content/uploads/2019/08/Manual-de-Boas-Praticas_online4vf inal.pdf.
Acesso em: 24 nov. 2020.

SILVA, Lucas Pereira de Souza; JÚNIOR, Ronaldo César Hoog Nora; PEREIRA,
Cinthia Maria Carlos; BERNARDINO, Verônica Maria Pereira. Manejo
nutricional para cães e gatos obesos. PUBVET, [S. l.], v. 13, n. 5, p. 1-12,
Maio 2019. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/artigo/5902/manejo-
nutricional-para-catildees-e-gatos-obesos. Acesso em: 23 nov. 2020.

Módulo 5 - Análise laboratorial

VADEN, Shelly L. et al. Exames laboratoriais e procedimentos


diagnósticos em cães e gatos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2013. 1220 p. ISBN
9788541203500.

LITTLE, Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca,


2015. 1913 p. ISBN 978-85-277-2945-1.

THRALL, Mary Anna et al. Hematologia e Bioquímica Clínica


Veterinária: Medicina Interna. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam,
2015. 1590 p. ISBN 978-85-277-2659-7.

RODAN, I. et al. AAFP and ISFM Feline-Friendly Handling Guidelines. Journal of


Feline Medicine and Surgery, v. 13, n. 5, p. 364–375, maio 2011.

169
ANDRIOLO, Adagmar et al. Recomendações da sociedade brasileira de
patologia clínica/medicina laboratorial (SBPC/ML): fatores pré-
analíticos e interferentes em ensaios laboratoriais. 1. ed. São Paulo:
Manole, 2018. 464 p. ISBN 978-85-7868-359-7.

ENDENBURG, N.; HAZEL, S.; TAKASHIMA, G. Diretrizes para o Bem-Estar


Animal da WSAVA. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://wsava.org/wp-
content/uploads/2020/01/WSAVA-Animal-Welfare-Guidelines-2018-
PORTUGUESE.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2020.

LAURINO, Felipe. Alterações hematológicas em cães e gatos sob


estresse. 2009. 1 CD-ROM. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado -
Medicina Veterinária) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, 2009. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/119576>.

LAURA, A. et al. Alterações no leucograma de felinos domésticos (Felis catus)


decorrentes de estresse agudo e crônico. Revista Acadêmica Ciência
Animal, v. 8, n. 3, p. 299–306, 2010.

ALEXANDRE COSTA GUIMARÃES et al. O Laboratório Clínico e os Erros Pré-


Analíticos. Clinical & Biomedical Research, v. 31, n. 1, 2011.

HARR, K. E. et al. ASVCP guidelines: allowable total error guidelines for


biochemistry. Veterinary Clinical Pathology, In: Feline Advisory Bureau v. 42,
n. 4, p. 424–436, dez. 2013.

Creating a cat friendly practice. . [s.l: s.n.]. Disponível em:


<https://indoorpet.osu.edu/sites/indoorpet/files/assets/documents/hospital
/indoorcat/FAB%20Cat%20friendly%20practice%20part%201.pdf>.

BRAUN, J.-P. et al. The preanalytic phase in veterinary clinical pathology.


Veterinary Clinical Pathology, v. 44, n. 1, p. 8–25, 1 dez. 2014.

Módulo 6 - Doenças

170
ALVES, Maria Cecília Rodrigues; CONTI, Laura Monteiro de Castro; JÚNIOR,
Paulo Sérgio Cruz de Andrade; DONATELE, Dirlei Molinari. Leucemia viral
felina: revisão. PUBVET, Maringá, p. 86-100, 12 fev. 2015

LITTLE, Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1°Edição. ed. [S. l.]: Editora
Roca, 2015. ISBN 978-1-4377-0660-4.

NELSON, Richard W.; COUTO, C. Guillermo. Medicina Interna de


pequenos animais. 4°Edição. ed. [S. l.]: Elsevier Editora Ltda., 2010. ISBN
978-85-352-3445-9.

MENESSES, Marina da Silva. Esporotricose felina - relato de casos.


Orientador: Dra. Patrícia Silva Vives. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais) - Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, [S. l.], 2012.

ALMEIDA, Adriana J.; REIS, Nathália F.; LOURENÇO, Camila S.; COSTA, Nina
Q.; BERNARDINO, Maria L.A.; DA MOTTA, Olney Vieira. Esporotricose em
felinos domésticos (Felis catus domesticus) em Campos dos Goytacazes, RJ.
Brazilian Journal Of Veterinary Research, Rio de Janeiro, 15 ago. 2017.

LIMA, Patrícia Queiroz; OLIVEIRA, Fernanda Paes; MARCIANO, José Antônio.


Criptococose em gatos - relato de caso. Revista científica de medicina
veterinária, [s. l.], 10 jan. 2018.

SOUZA, MaryAnne Rodrigues. Criptococose em felinos - relato de caso.


Orientador: Prof. Dr. Emerson Israel Mendes. 2016. Monografia (Pós
graduação em medicina veterinária) - Centro de Estudos Superiores de
Maceió, [S. l.], 2016.

TILLEY, Larry P.; SMITH, Francis W. K. Blackwell’s Five-Minute Veterinary


Consult: Canine and Feline. 6° Edição. ed. [S. l.: s. n.], 2016.

Da ROSA, B.R.T et al. PERITONITE INFECCIOSA FELINA. REVISTA CIENTÍFICA


ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA, [S. l.], ano 2009, v. Ano VII, n.
12, p. 1-6, 1 jan. 2009.

171
MOTTIN, Iasmine Biz. HERPESVIRUS FELINO TIPO 1 E SUAS
REPERCUSSÕES SOBRE A CORNEA. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre, jan. 2012.

HOFFMANN, Martina Lese. CALICIVIROSE SISTÊMICA EM GATOS. 2016.


Monografia (Obtenção do grau de especialista em Clínica Médica de Felinos
Domésticos) Porto Alegre, 2016. p. 21.

BENNETT, Pam Johnson. Psico‐gato: Entendendo o comportamento


"louco" do seu gato. [S. l.]: Madras, 2004. ISBN 978‐85‐737‐4819‐2.

MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia de pequenos animais:


Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003. ISBN: 0‐7216‐
8152‐2

RISTOW, L. E.; Informativo Técnico Diabetes Felina. Tecsa Laboratórios.


Disponível em:
<http://www.tecsa.com.br/assets/pdfs/Diabetes%20em%20Felinos%20-
%20Monitorar%20para%20Cuidar%20Bem.pdf>, p. 3, Acesso em: 06 de
abril de 2021.

CUNHA, M. G M. C. M.; PIPPI, N. L.; GOMES, K; BECKMANN, D.V.


Hipertireoidismo felino. Revisão Bibliográfica. Ciência Rural, Santa Maria,
v.38, n.5, p.1486-1494, agosto, 2008.

JERICO, M. M.; NETO, J.P.A; KOGIKA M. M. Tratado de Medicina Interna de


Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 5040-5057.

NORSWORTHY, G. D. et al. The Feline Patient . 4. ed. Ames, Iowa: Wiley-


Blackwell, 2011. p. 394-396.

LITTLE, Susan E. August's Consultations in Feline Internal Medicine . v.7,


St. Louis : Elsevier , 2016.

CRIVELLENTI, Leandro Z.; BORIN-CRIVELLENTI, Sofia. Casos de Rotina em


Medicina Veterinária de Pequenos Animais . 2. ed. São Paulo : MedVet,
2015. p. 419-482.

172
Murakami, Vanessa Yurika; Reis, Gisele Fabrícia Martins dos; Scaramucci,
Cynthia Pirizzotto. R. cient. eletr. Med. Vet. ; 26: 1-15, jan. 2016. ilus

DA SILVA, JANAINA ÍNDIA Mª. J. S. M. B. COMPLEXO RESPIRATÓRIO


FELINO: Relato de caso. Orientador: Profa. Dra. Cristiane Silva Aguiar.
2019. 44 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Medicina
Veterinária) - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas
- BA, 2019.

Referências das imagens

Unha de gato com descrição dos elementos; área sensível, unha e linha de
corte. (Disponível em <http://www.portofilhote.com.br/como-cortar-as-
unhas-do-gato/> Acesso em: 12 mar 2021).

Mulher brincando com uma vareta, interagindo com um gato. (Disponível


em: <https://www.patasdacasa.com.br/noticia/jogos-para-gatos-5-
brinquedos-interativos-para-distrair-e-agucar-o-comportamento-cacador-
do-seu-pet_a326/1> Acesso em: 12 mar 2021).

Desenhos de gatos demonstrando a melhor forma de administração de


remédios para gatos. (Disponível em:
<https://infograficos.gazetadopovo.com.br/estilo-de-vida/como-dar-
comprimido-a-um-gato/> Acesso em 13 mar 2021).

Comparação de medidas básicas entre um gato doméstico e um gato


selvagem africano. (Disponível em:
<https://i0.wp.com/gatinhobranco.com/wp-
content/uploads/2015/10/africanwild.jpg?resize=600%2C356&ssl=1>
Acesso em: 12 mar 2021).

Gato-selvagem-africano, Felis silvestris lybica. (Disponível em:


<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Felis_silvestris_lybica_1.jpg>., p.1,
Acesso em: 17 nov. 2020).

173
As subespécies dos felinos e suas áreas de origem (a origem dos gatos
domésticos corresponde à origem ao Felis silvestris lybica - laranja).
(Disponível em: <https://neofronteras.com/?p=919> Acesso em 06 mar
2021).

Múmias de gatos encontradas no Egito. (Disponível em:


<https://www.dn.pt/vida-e-futuro/dezenas-de-mumias-de-gatos-
encontradas-no-egito-10162883.html#media-1>., p. 1, Acesso em: 17 nov.
2020).

A nutrição e o ambiente que a mãe vive podem refletir no comportamento


do filhote. (Disponível em:
<https://statig3.akamaized.net/bancodeimagens/d0/ew/0n/d0ew0n45ihgnd
sjpetmlxouyd.jpg> Acesso em: 17 nov. 2020)

Nas primeiras fases, o vínculo do gatinho com a mãe é a principal forma de


aprendizado comportamental pela observação. (Disponível em:
<https://www.peritoanimal.com.br/porque-os-gatos-mudam-os-filhotes-de-
lugar-22981.html>., p. 1, Acesso em: 17 nov. 2020).

Colônia de Gatos. (Disponível em: <https://cats-


ptmagazine.com/2019/03/31/10-dicas-para-manter-uma-colonia-de-
gatos/>., p. 1, Acesso em: 17 nov. 2020).

A ingestão de nutrientes e água dependia da caça de pequenos animais


como camundongos. (Disponível em:
<https://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24899428.jpg?w=700>., p. 1,
Acesso em: 17 nov. 2020)

Apresentam anatomia específica ao comportamento noturno. (Disponível


em:<https://i1.wp.com/falandodepets.com/wp-
content/uploads/2017/11/olhos-gatos-brilham-no-escuro-464396.jpg?
w=800&ssl=1> Acesso em 06 mar 2021).

As mães lambem os filhotes para remover as sujidades e manter sua


saúde. (Disponível em: <https://www.peritoanimal.com.br/porque-os-gatos-
mudam-os-filhotes-de-lugar-22981.html>., p. 1, Acesso em: 17 nov. 2020).

174
As preferências gustativas dos filhotes estão ligadas a composição do
líquido amniótico e com as substâncias absorvidas pela mãe durante a fase
de gestação e lactação. (Disponível em:
<https://meusanimais.com.br/_next/image?
url=https%3A%2F%2Fmeusanimais.com.br%2Fwp-
content%2Fuploads%2F2015%2F04%2Fgatinhos-2.jpg&w=640&q=75>
Acesso em: 06 mar 2021).

Gato Selvagem Africano, Felis lybica, em habitat natural – Deserto de


Kalahari, África do Sul. (Disponível em:
<https://www.istockphoto.com/br/foto/gato-selvagem-africano-em-habitat-
natural-deserto-de-kalahari-%C3%A1frica-do-sul-gm1203408448-
345869932>., p. 1, Acesso em: 17 nov. 2020).

O ato de enterrar as próprias fezes têm o intuito de evitar odores atrativos


para predadores. (Disponível em: <https://img.vixdata.io/pd/webp-
large/pt/sites/default/files/bbr/gato-enterrando-coco-0716-630x350.jpg>
Acesso em: 17 nov. 2020).

Reflexo de Flehmen. (Disponível em:


<https://www.myhappypet.com.br/sites/brmhp/files/styles/side_content_sq
uare/public/62.jpg?itok=UKu61hqQ>., Acesso em: 17 nov. 2020).

Postura de cio. (Disponível em:


<https://patasfofas.files.wordpress.com/2014/09/castracao-gatas-
femeas.jpg?w=800&h=599> Acesso em: 17 nov. 2020)

Acasalamento felino. (Disponível em:


<https://fotos.web.sapo.io/i/B3c08ad83/18983364_v6mlY.jpeg> Acesso em:
17 nov. 2020).

Ambiente, que pode ser criado em casa com papelão, como local seguro à
espécie felina por permitir que o animal se esconda e tenha acesso ao local
pelo telhado construído. (Disponível em:
<https://cdn.shopify.com/s/files/1/0227/0825/6845/products/petique_eco_f
eline_meowhouse_Cat_house_non-toxic_scratchboards_play.jpg?
v=1599147700> Acesso em 20 nov 2020).

175
Casinhas, caixas e camas são importantes para acomodação, permitindo
conforto, segurança e controle pelos felinos. (Disponível em:
<https://mhpl.shortgrass.ca/sites/mhpl/media/Blog%20Images/Cat%20Castl
e/pasted%20image%200%20(14).png> Acesso em 20 nov 2020).

Brinquedos interativos que podem ser feitos em casa ou comprados e que


incentivam o comportamento normal predatório dos felinos. (Disponível
em: <https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1016/j.jfms.2009.09.011>
Acesso em 20 nov 2020).

Comedouros interativos que podem ser feitos em casa ou comprados, a


fim de estimular a cognição e os instintos naturais do felino. (Disponível em:
<https://icatcare.org/app/uploads/2019/12/puzzle-feeder.png>, p. 1, Acesso
em: 20 nov. 2020).

Felino brincando com varinha, simulando presa no comportamento de caça


da espécie. (Disponível em:
<https://www.petmd.com/sites/default/files/styles/article_image/public/cat-
in-a-leisure-games-picture-id914511696.jpg?itok=QnKsNySU> Acesso em:
20 nov. 2020).

Localização das Glândulas Odoríferas nos felinos. (Disponível em:


<https://www.elwoodvet.net/a-to-z-of-kitten-care>, p.1, Acesso em: 20 nov.
2020).

Felino realizando marcações territoriais mediante, esfregando-se no local


para liberação de secreção da glândula odorífera. (Disponível em:
<http://www.vetstreet.com/our-pet-experts/why-does-my-cat-rub-his-face-
on-everything>, p. 227, Acesso em: 20 nov. 2020).

Olhos em fenda e orelhas móveis característicos dos felinos (Disponível em:


Susan E. Little. O Gato: Medicina Interna p. 282, 2015.)

Vibrissas dos gatos domésticos. (Disponível em:


<https://osgatos.com.br/gatos/o-bigode-do-gato/> Acesso em: 22 mar
2021.)

176
Gato com pêlos eriçados e costas arqueadas na tentativa de parecer maior.
Disponível em: Susan E. Little.: O Gato: Medicina Interna p. 284, 2015.)

Gatos juntos compartilhando espaços de sono. (Fonte: John R. August:


Feline Internal Medicine p. 942, 2016.)

Felino na caixa de transporte. (Disponível em:


<http://indenizacaoaerea.com.br/2019/04/08/dicas-pet-no-porao-do-
aviao/> Acesso em: 23 jan. 2021).

Contenção de um paciente felino para a realização do exame físico.


Fonte: BEALL, Jeffrey. Cat in Veterinary Procedure. 15 abr. 2007. (Disponível
em: <https://www.flickr.com/photos/denverjeffrey/460563216> Acesso em:
3 mar 2021).

Exame físico e ausculta de gato durante o atendimento médico veterinário.


Fonte: CATFRIENDLY Practices. 15 fev. 2019. (Disponível em:
<https://todaysveterinarybusiness.com/cat-friendly-practices-have-no-
regrets/> Acesso em: 24 jan. 2021).

Interação olfativa entre felinos no mesmo ambiente. Fonte: CAT Smell. 8


maio 2018. (Disponível em: <https://pixabay.com/pt/photos/gato-gatos-
beijo-amizade-roux-3382422/> Acesso em: 4 mar. 2021)

Acostumando o felino ao toque. (Disponível em


<https://www.petz.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/04/como-fazer-
carinho-nos-gatos.jpg>., Acesso em: 03 mar 2021).

A caixa de transporte pode ser utilizada com um cobertor macio para que o
gato se familiarize. (Disponível em: <http://www.petnodiva.com.br/wp-
content/uploads/2018/10/gato-caixa-transporte.jpg> Acesso em: 03 mar
2021).

A caixa de transporte é uma forma de transporte segura e confortável para


seu gato. (Disponível em: <https://diariodegoias.com.br/wp-
content/uploads/2018/04/caixa-de-seguranca_1.jpg> Acesso em: 03 mar
2021).

177
Vacinas para gatos são muito importantes para a proteção do animal.
(Disponível em: <https://www.catsonbroadwayhospital.com/wp-
content/uploads/2020/02/Cat-Vaccines.jpg> Acesso em: 20 nov. 2020).

A vacinação é de extrema importância na prevenção da leucemia viral


felina (Disponível em: <https://diariodamanha.com/wp-
content/uploads/2019/08/MUNDO-ANIMAL-1.jpg> Acesso em: 03 mar.
2021).

O teste rápido para diagnóstico de FIV/ FELV. (Disponível em:


<https://www.universodegatos.com/wp-
content/themes/yootheme/cache/fiv-felv-gatos-dbf89c8f.jpeg> Acesso em:
20 nov. 2020).

Anticorpos maternos são transferidos através da amamentação (Disponível


em: <https://www.petlove.com.br/dicas/wp-content/uploads/2020/03/gata-
com-filhotes-amamentando-petlove.jpg> Acesso em: 03 mar. 2021).

Administração de vacina em felino (Disponível em:


<https://media.mercola.com/ImageServer/Public/2014/January/kitty-
treatment-fb.jpg> Acesso em: 21 nov. 2020).

A calicivirose felina é uma enfermidade de caráter respiratório que afeta


felinos domésticos. (Disponível em:
<https://wp.ufpel.edu.br/labvir/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-27-
at-10.41.17-363x400.jpeg> Acesso em: 03 mar. 2021).

Bordetella bronchiseptica (Disponível em:


<https://t2.ea.ltmcdn.com/pt/images/9/2/7/o_que_e_a_bordetella_21729_0_
600.jpg> Acesso em: 03 mar. 2021).

Recomenda-se a aplicação na cauda ou nos membros - torácicos e pélvicos


(Disponível em: <https://www.petlove.com.br/dicas/wp-
content/uploads/2019/03/gato-vacina-pata.jpg> Acesso em: 20 nov. 2020).

178
O protocolo vacinal varia conforme a fisiologia própria de cada felino
(Disponível em:
<https://www.vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/image/inje%C3%A7%C3%A3o%20
gato.JPG> Acesso em: 03 mar. 2021).

O Gato e a vacinação. (Disponível em:


<https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/gatos/rea%C3%A7
%C3%B5es-al%C3%A9rgicas-p%C3%B3s-vacinais-em-gatos-porque-o-
c%C3%A3o-n%C3%A3o-pode-ser-usado-como-par%C3%A2metro.aspx>,
Acesso em: 21 dez. 2020).

Locais de aplicação recomendados e não recomendados (Disponível em:


<https://www.aaha.org/globalassets/02-guidelines/feline-vaccination-
guidlines/resource-center/2020-aahaa-afp-feline-vaccination-
guidelines.pdf>., p. 261, Acesso em: 21 dez. 2020).

Administração da vacina trivalente debaixo do cotovelo direito. (Disponível


em <https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1098612x13500429>.,
p. 798, Acesso em: 03 mar. 2021).

Administração da vacina de FELV abaixo do joelho esquerdo. (Disponível em


<https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1098612x13500429>., p.
798, Acesso em: 03 mar. 2021).

Administração da vacina da raiva debaixo do joelho direito. (Disponível em


<https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1098612x13500429>., p.
798, Acesso em: 03 mar. 2021).

Locais de Vacinação recomendados pela American Association of Feline


Practitioners (AAFP). (Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22081/1/2018_AnnaClaraDosSantos_
tcc.pdf>., p. 52, Acesso em: 21 dez. 2020).

Felino com sarcoma de aplicação. (Disponível em


<http://www.abcdcatsvets.org/feline-injection-site-sarcoma-2>., p. 17,
Acesso em 21 dez. 2020).

179
Característica do nódulo resultante do sarcoma de aplicação. (Disponível
em: <https://www.cliniciansbrief.com/article/feline-injection-site-sarcoma-
assessment> Acesso em 06 mar 2021).

Características citológicas do FISS. Fonte: KLICZKOWSKA et al., 2015.


(Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/16326/1/2016_FernandaFerreiraDeA
ndrade_tcc.pdf >., p. 22, Acesso em: 03 mar. 2021).

Características Histológicas do FISS. Fonte: KLICZKOWSKA et al., 2015.


(Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/16326/1/2016_FernandaFerreiraDeA
ndrade_tcc.pdf >., p. 24, Acesso em: 06 mar 2021).

Preparo para ressecção cirúrgica do sarcoma de aplicação. Fonte: DAVIS et


al., 2007. (Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/16326/1/2016_FernandaFerreiraDeA
ndrade_tcc.pdf>., p. 28, Acesso em: 03 mar. 2021).

Gato apresentando vômito, um dos possíveis efeitos colaterais da vacina.


(Disponível em: <https://petsymptoms.com/make-pets-vomit/sick-cat-
vomiting-food-make-pets-vomit-ss/> Acesso em: 21 dez. 2020).

Comedouro com ração úmida e comedouro com ração seca. (Disponível


em: <https://outofsightlitterbox.com/wet-cat-food-vs-dry-cat-food/> Acesso
em: 15 mar. 2021).

Gato se alimentando em um comedouro. (Disponível em:


<https://www.wellnesspetfood.com/our-community/wellness-blog/wet-or-
dry-cat-food-or-both> Acesso em: 15 mar. 2021).

Expositor de ração a granel. (Disponível em:


<https://www.expote.com.br/expositor-racao-granel>. Acesso em: 15 mar.
2021).

Gato com obesidade. (Disponível em:


<https://canaldopet.ig.com.br/cuidados/saude/2019-04-08/gato-gordo-
cuidados.html> Acesso em: 03 mar 2021).

180
Exemplo de programa de emagrecimento e controle da obesidade felina.
Fonte: Adaptado de (GUIMARÃES & TUDURY, 2006)

Gato ingerindo água. (Disponível em:


<https://www.purina.pt/sites/default/files/2019-
02/Purina%20gato%20a%20beber%20agua_2.jpg> Acesso em: 03 mar
2021).

Gato interagindo com alimentadores Quebra-Cabeça. (Disponível em:


<https://icatcare.org/app/uploads/2019/12/puzzle-feeder-image5-
e1575290119935-300x214.png>
<https://icatcare.org/app/uploads/2019/12/puzzle-feeder-image6-
e1575290185573-300x214.png>
<https://icatcare.org/app/uploads/2019/12/puzzle-feeder-image7-
e1575290202348-300x214.png>
<https://icatcare.org/app/uploads/2019/12/puzzle-feeder-image8-
e1575290220171-300x214.png> Acesso em: 03 mar 2021).

Arranhador para gatos. (Disponível em: <https://gattedo.com.br/wp-


content/uploads/2020/04/comprar-arranhador-para-gatos-torre-gattedo-
600x900.jpg> Acesso em: 03 mar 2021).

Tabuleiro usado como forma de enriquecimento ambiental cognitivo.


(Disponível em:
<https://cdn.awsli.com.br/600x450/70/70791/produto/9251154/6279ae892
e.jpg> Acesso em 03 mar 2021).

Ratinhos de Brinquedo. (Disponível em:


<https://www.petlove.com.br/images/products/232314/product/Brinquedo_
Ratinho_Real_para_Gatos_2562808_1.jpg?1605554711> Acesso em 03 mar
2021).

Interação entre cão e gato. (Disponível em:


<https://statig0.akamaized.net/bancodeimagens/cg/pj/p0/cgpjp09ktpcmcoe
cbql5jg7od.jpg > Acesso em: 03 mar 2021).

181
Toca para gato. (Disponível em:
<https://i.pinimg.com/originals/9e/de/a3/9edea37a0a7f03099d0be123acbef
b86.jpg> Acesso em: 03 mar 2021).

Exemplificando como pode ser realizado o procedimento através da veia


cefálica. (Disponível em:
<https://indoorpet.osu.edu/sites/indoorpet/files/assets/documents/hospital
/indoorcat/FAB%20Cat%20friendly%20practice%20part%201.pdf>., p. 21,
Acesso em: 25 nov. 2020).

Exemplificando como pode ser realizado o procedimento através da veia


jugular. (Disponível em:
<https://indoorpet.osu.edu/sites/indoorpet/files/assets/documents/hospital
/indoorcat/FAB%20Cat%20friendly%20practice%20part%201.pdf>., p. 22,
Acesso em: 25 nov. 2020).

Exemplificando como pode ser realizado o procedimento através da veia


jugular. (Disponível em:
<https://indoorpet.osu.edu/sites/indoorpet/files/assets/documents/hospital
/indoorcat/FAB%20Cat%20friendly%20practice%20part%201.pdf>., p. 23,
Acesso em: 25 nov. 2020).

Exemplificando como pode ser realizado o procedimento através da veia


safena. (Disponível em:
<https://indoorpet.osu.edu/sites/indoorpet/files/assets/documents/hospital
/indoorcat/FAB%20Cat%20friendly%20practice%20part%201.pdf>., p. 23,
Acesso em: 25 nov. 2020).

Tipos de tubos para coleta de acordo com sua composição. Amarela: Gel
separador com ativador de coágulo (sem anti-coagulante) para Bioquímica
e Sorologia. Verde: Heparina para Hemograma de aves e répteis. Cinza:
Fluoreto de Sódio para Glicose. Roxa: EDTA para Hemograma. Vermelha:
Ativador de coágulo (sem anti-coagulante) para Bioquímica e Sorologia.
Azul: Citrato de Sódio para TP e TTPA (Coagulação). Preta: Citrato de Sódio
para Taxa de Sedimentação. (Disponível em
<https://indavidas.com.br/conheca-as-3-principais-metodologias-de-uso-
dos-tubos-para-coleta-de-sangue/> Acesso em 20 nov. 2020).

182
Gato confortável no colo para coleta de cistocentese. (Disponível em:
LITTLE, Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca,
2015, p. 46. ISBN 978-85-277-2945-1).

Cistocentese sendo coletada em posição natural com mínima contenção.


(Disponível em: RODAN, I. et al. AAFP and ISFM Feline-Friendly Handling
Guidelines, Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 13, n. 5, p.371, maio
2011).

Ensaio imunoadsorvente ligado a uma enzima (ELISA) (Disponível em:


<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
09352019000200447> Acesso em 16 de abr 2021).

Ensaio imunoadsorvente ligado a uma enzima (ELISA) (Disponível em:


<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/v8tq1OpMu
gHDrac_2018-7-6-11-13-23.pdf> Acesso em 16 de abr 2021).

Felino apresentando deformidades características da criptocococose


(Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/v8tq1OpMu
gHDrac_2018-7-6-11-13-23.pdf> p. 7, Acesso em 05 abr 2021).

Felino apresentando a sintomatologia clínica característica da esporotricose


(Disponível em: <https://www.diariodasaude.com.br/news.php?
article=esporotricose-doenca-emergente-afeta-gatos-atingir-
humanos&id=11957> Acesso em 05 abr 2021).

Abrigos de felinos são fontes potenciais para a transmissão do PIF e do


Calicivírus. (Disponível em: <https://istoe.com.br/gatos-ganham-abrigo-
improvisado-em-meio-a-destruicao-da-guerra-na-siria/>., Acesso em 10 de
janeiro de 2021).

Comedouros individuais e elevados devem ser preferenciais para evitar a


transmissão de PIF entre felinos. (Disponível em:
<https://www.zoom.com.br/pet-shop/deumzoom/melhor-comedouro-para-
gato>., Acesso em 10 de Janeiro de 2021).

183
Além de outros fatores de controle contra esses vírus, a vacinação contra o
Herpesvírus felino e também contra o Calicivírus são essenciais e
indispensáveis para evitar patologias mais graves nos felinos e a sua
propagação para outros animais.
(Disponível em
<https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/gatos/entenda-
como-as-vacinas-com-duas-cepas-de-caliciv%C3%ADrus-aumentam-a-
prote%C3%A7%C3%A3o-do-felino.aspx> Acesso em 03 de Abril de 2021).

Granuloma Eosinofílico Felino, é observado uma região linear espessada


com alopecia e eritema na região caudal do membro posterior. (Disponível
em: MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia de pequenos
animais: Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003. ISBN:
0‐7216‐8152‐2 , p. 254).

Granuloma eosinofílico circular no membro posterior. (Disponível em:


MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia de pequenos animais:
Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 200., p. 254).

Animal com granulomas múltiplos coalescentes no palato duro de um gato


adulto. (Disponível em: MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia
de pequenos animais: Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo:
Roca, 2003. ISBN: 0‐7216‐8152‐2 , p. 255).

Granulomas coalescentes se desenvolveram na língua ao longo de várias


semanas. (Disponível em: MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia
de Pequenos Animais: Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo:
Roca, 2003. ISBN: 0-7216-8152-2, p. 255).

Pequeno granuloma eosinofÍlico focal na língua de um gato adulto.


(Disponível em: MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia de
pequenos animais: Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca,
2003. ISBN: 0‐7216‐8152‐2 , p. (255).

Placa eosinofílica, intensamente pruriginosa, comum nas doenças alérgicas


de felinos. FONTE: (LITTLE, 2012) (Disponível em:LITTLE, Susan E. O Gato:
Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. 1913 p. (589).

184
Granuloma do queixo, é possível observar animal com a Síndrome do Lábio
Gordo caracterizada pela tumefação rígida do queixo. Dificilmente essas
lesões incomodam o gato. (Disponível em: LITTLE, Susan E. O Gato:
Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. 1913 p. (590).

Placa eosinofílica, intensamente pruriginosa, comum nas doenças alérgicas


de felinos. FONTE: (LITTLE, 2012) (Disponível em: LITTLE, Susan E. O Gato:
Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. 1913 p. (589).

Animal com Acne do queixo. Esta é uma apresentação clássica com


comedões e resquícios pretos. Fonte LITTLE, 2012. (Disponível em: LITTLE,
Susan E. O Gato: Medicina Interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
1913 p. (579).

Acne Felina com presença de eritema, hiperpigmentação e comedões. Foi


realizada tricotomia no local para melhor visualização. (Disponível em:
MEDLEAU, Linda; HNIJICA, Keith A. Dermatologia de pequenos animais:
Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003. ISBN: 0‐7216‐
8152‐2 , p. 233).

Esquema representativo do Diabetes melito tipo 1 (Disponível em: LITTLE, S.


E. O Gato: Medicina Interna. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 794,
2015).

Esquema representativo do Diabetes melito tipo 2 (Disponível em: LITTLE, S.


E. O Gato: Medicina Interna. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 795,
2015.)

Amiloidose pancreática em corte histológico de pâncreas felino. As setas


indicam o infiltrado de amiloide no tecido pancreático (Disponível em:
JERICO, M. M.; NETO, J.P.A; KOGIKA M. M. Tratado de Medicina Interna
de Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 5222).

Degeneração vacuolar grave de células das ilhotas. (Disponível em:


NELSON, R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5.
ed. Elsevier, p. 2317).

185
Postura plantígrada em gato com neuropatia diabética severa (Disponível
em: NELSON, R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos
Animais. 5. ed. Elsevier, p.2321).

Adenoma funcional no lobo tireoidiano esquerdo de um gato (Disponível


em: JERICO, M. M.; NETO, J.P.A; KOGIKA M. M. Tratado de Medicina
Interna de Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 5050).

Gato hipertireoideo apresentando perda de peso à procura de superfícies


frias para se deitar, mudanças observadas em um estágio mais avançado
da afecção. B Mesmo felino com os níveis de hormônios tireoidianos
normais (estado eutireóideo). (Disponível em: JERICO, M. M.; NETO, J.P.A;
KOGIKA M. M. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. 1 ed. Rio
de Janeiro: Roca, 2015. p.5042).

Animal em evidência de arquejamento devido à intolerância ao transporte e


à mudança de ambiente para o consultório veterinário. (Disponível em:
JERICO, M. M.; NETO, J.P.A; KOGIKA M. M. Tratado de Medicina Interna
de Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 5055).

Esquema básico dos principais sinais e achados no exame físico em


quadros de hipertireoidismo (Disponível em: NELSON, R.W.; COUTO, C. G.
Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Elsevier, p.2217).

Técnica da palpação da tireoide de Norsworthy (Disponível em: LITTLE, S. E.


O Gato: Medicina Interna. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p 829, 2015.)

Interpretação de Concentrações Basais Séricas de Tiroxina (T4) em Gatos


com Suspeita de Hipertireoidismo (Disponível em: NELSON, R.W.; COUTO,
C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed. Elsevier, p.2222).

Indicações, Contraindicações e Desvantagens das Quatro Modalidades


Terapêuticas para Hipertireoidismo em Gatos (Disponível em NELSON,
R.W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5. ed.
Elsevier, p.2229).

186
Radiografia torácica ventrodorsal de gato com cardiomiopatia hipertrófica.
(Serviço de Imagem do VCM-HOVET-USP.) (De Márcia Marques Jerico, João
Pedro de Andrade Neto, Márcia Mery Kogika: Tratado de Medicina
Interna de Cães e Gatos, p.3633).

Dopplerfluxometria colorida obtida em sístole de um gato doméstico de


pelo longo com cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva. (De Richard W.
Nelson, C Guillermo Couto: Medicina Interna de Pequenos Animais p.
468).

Imagem ecocardiográfica de hipertrofia e fusão papilares acentuadas de


um gato com miocardiopatia hipertrófica (De Susan E. Little.: O Gato:
Medicina Interna p. 446).

Imagem postmortem de tromboêmbolo alojado na aorta distal aberta. (De


Richard W. Nelson, C Guillermo Couto: Medicina Interna de Pequenos
Animais p. 615).

Gato com tromboembolismo na aorta distal. Os coxins plantares do


membro pélvico esquerdo (lado direito da imagem) estavam mais pálidos e
frios em comparação ao torácico. (De Richard W. Nelson, C Guillermo
Couto: Medicina Interna de Pequenos Animais p. 616).

Rim policístico em gato da raça persa. (Disponível em: LITTLE, Susan E. O


Gato: Medicina Interna . 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 1357).

Algumas composições de urólitos. A, Estruvita. B, Cristais de Urato de


Amônio. C, Cristais de Xantina. D, Cristais de Cistina. (Disponível em: LITTLE,
Susan E. August's Consultations in Feline Internal Medicine. V. 07. St.
Louis: Elsevier, 2010. p.502).

Diferença anatômica do ducto biliar e pancreático entre cães e gatos.


Fonte: adaptado de Costa, 2014. (Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/BGrzX0YQv1
5LwxZ_2016-12-9-11-36-2.pdf> p. 4, Acesso 14 dez 2020).

187
Felino apresentando icterícia em mucosa gengival. Fonte: FAJ (Disponível
em <https://info24.com.br/alunos-da-faj-jaguariuna-realizam-trabalho-
academico-para-ajudar-donos-de-caes-e-gatos-a-se-prevenirem-contra-
doencas/> Acesso em 14 dez 2020).

Sinais clínicos oculares e nasais relacionados ao Complexo Respiratório


Felino. Fonte: Med Pet (Disponível em:
<https://www.facebook.com/medpetclinicaveterinariaepetshop/posts/2053
141198268625/> Acesso em 14 dez. 2020).

Incidência dorsoventral do gato com doença brônquica crônica. (Disponível


em: LITTLE, S. E. O Gato: Medicina Interna. [2016] p. 1245> Acesso em 14
dez 2020).

Urolitíase em felino. PITARELLO , Sérgio. Feline Urological Syndrome. 24 jan.


2012. 428 × 600. (Disponível em:
https://dicaspeludaswordpress.files.wordpress.com/2012/01/felineurologic
alsyndrome.jpg?w=285&h=400&zoom=2. Acesso em: 27 maio 2021)

Raio-x de fêmur fraturado em felino. Fonte: Blog do Dr. Manoel. (OLIVA


PROENÇA, Manoel. Fratura de fêmur em siamesa. 14 ago. 2013. 300 × 249.
Disponível em: http://www.olivaproenca.com/blog/2013/08/fratura-de-
femur-em-siamesa/. Acesso em: 27 maio 2021)

188
Não se esqueça...
Assista a todas as videoaulas referentes

ao conteúdo para um aprendizado

ainda mais completo!

Gostou do conteúdo?
Entre em contato com a Veterinarius e

acompanhe nossas redes sociais para

saber de todas as novidades!

[email protected]

@veterinariusej

/veterinariusej

Você também pode gostar