Uso de RCC Da CC para Concreto
Uso de RCC Da CC para Concreto
Uso de RCC Da CC para Concreto
Resumo A construção civil é o setor que mais cresce em nosso país, gerando novos empregos, e, contudo tam-
bém, uma problemática, os entulhos. Estes, muitas vezes, são depositados irregularmente na malha
urbana. Uma forma de evitar tal degradação das áreas e tamanho desperdício de materiais consiste na
prática da reciclagem. Este trabalho apresenta um estudo de viabilidade técnica do uso de agregados
de resíduos da construção civil (RCC) para a produção de concretos sem função estrutural, de acordo
com a NBR 15 116 (ABNT, 2004). O RCC estudado nessa pesquisa foi coletado em uma obra local-
izada em Recife, Pernambuco, em fase de alvenaria. A metodologia consistiu inicialmente em benefi-
ciamento da amostra de resíduo coletada para transformação em agregado miúdo reciclado. Os ensaios
laboratoriais de caracterização física e mecânica (composição gravimétrica, granulometria, teor de ma-
teriais pulverulentos, absorção de água, índice de vazios, massa unitária, massa específica, módulo de
finura, abatimento, resistência à compressão simples e à compressão diametral) foram realizados de
acordo com as normas técnicas da ABNT. A análise da composição gravimétrica da amostra de RCC
indicou que 54,9% do material era constituído de tijolos cerâmicos e argamassa, enquanto que 27,64%
da amostra era constituída de material miúdo. O ensaio de material pulverulento reafirmou a grande
quantidade de material miúdo no RCC, 12,47%, e o ensaio de absorção de água evidenciou a presença
dos tijolos cerâmicos, visto que o RCC apresentou uma absorção de 10,01%. Foi adotada uma mesma
relação água/cimento para todas as famílias de concreto, convencional, 50% e 100% de substituição de
agregado miúdo natural pelo reciclado no estado seco ou úmido. Os ensaios de resistência à compressão
axial e diametral realizados nos concretos endurecidos apresentaram resultados melhores para o con-
creto da família com 100% de substituição do agregado miúdo natural pelo reciclado seco do que o
concreto da família convencional. Conclui-se, portanto, que apesar das suas propriedades físicas des-
favoráveis para dosagens de concreto, o agregado miúdo reciclado atingiu os critérios exigidos pela
NBR 15116 (ABNT, 2004), além do concreto confeccionado com 100% de substituição do agregado
miúdo natural pelo reciclado seco apresentar resistência mecânica maior com o aumento dos dias de
cura; possibilitando, assim, a utilização de agregados miúdos provenientes de resíduos da construção
civil em fase de alvenaria para a produção de concretos sem função estrutural.
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Foram moldados um total de 60 CP’s de dimensões 10 Analisando as curvas, pode-se perceber que o RCC está
x 20 cm, conforme a norma NBR 5738 (ABNT, 2008), 12 entre os limites utilizáveis estabelecidos pela referida
para cada família, sendo 02 para o ensaio de resistência à Norma, ultrapassando somente, um pouco o limite inferior
compressão axial e 01 para o ensaio de resistência diame- utilizável.
tral, cujas idades de cura consideradas fora 3,7,14 e 28
dias.
4.3 Teor de materiais pulverolentos
4 Resultados O agregado miúdo reciclado apresentou um teor de ma-
terial pulverulento de 12,47%, estando dentro do limite es-
tabelecido pela norma de agregados reciclados de resíduos
4.1 Composição Gravimétrica sólidos da construção civil (ABNT NBR 15116/2004), não
A pesagem dos constituintes do RCC coletado possi- ultrapassando 20%, e não satisfazendo o limite estabele-
bilitou a suas respectivas porcentagens em massa, que po- cido pela norma de agregados para concreto (ABNT NBR
dem ser verificadas na figura 02. 7211/2009), que estabelece que o teor de material pulver-
ulento devem ser de 3% para concreto submetido ao
desgaste superficial e 5% para concretos protegidos do
desgaste superficial.
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outros nesta análise do parâmetro de resistência à com- [5] ____. NBR NM 30, Agregado miúdo – Determi-
pressão diametral. nação da absorção de água. Rio de Janeiro, 2001.
[6] ____. NBR 9775, Agregados – Determinação da
5 Considerações Finais Massa Específica de Agregados Miúdos por meio
do Frasco de Chapman. Rio de Janeiro, 1987.
Embora os agregados miúdos reciclados provenientes
de RCC serem mais heterogêneos que o agregado miúdo [7] ____. NBR NM 67, Concreto – Determinação da
natural e terem apresentado maior absorção, propriedades consistência pelo abatimento do tronco de cone.
características importantes para a utilização em dosagens Rio de Janeiro, 1998.
de concreto, esta pesquisa apresentou a viabilidade da sua [8] ____. NBR 7222, Argamassa e Concreto – Deter-
utilização na confecção de concretos sem função estru- minação da resistência à tração por compressão
tural. Visto que, o concreto produzido 100% com agregado diametral de corpos-de-prova cilíndricos.
miúdo reciclado seco apresentou uma resistência à com-
pressão axial, 33,3%, e uma resistência à compressão di- [9] ____. NBR 5739, Concreto – Ensaio de com-
ametral, 18,1%, maiores que o concreto convencional. O pressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
concreto produzido 50% com agregado miúdo reciclado Janeiro, 2007.
seco apresentou uma resistência à compressão axial supe- [10] ____. NBR 7211, Agregados para concreto – Es-
rior 10,7% e uma resistência à compressão diametral infe- pecificação. Rio de Janeiro, 2005.
rior 9,55% do concreto convencional. Os concretos
produzidos com agregado miúdo reciclado previamente [11] ____. NBR 5738, Concreto – Procedimento para
umedecido apresentaram resultados inferiores ao conven- moldagem e cura de corpos-de-prova.
cional, mas não tão distintos; o com 50% de substituição
[12] Angulo, S.C. Variabilidade de Agregados
foi inferior 5,64% em sua resistência à compressão axial e
Graúdos de Resíduos de Construção e Demolição
17,4% em sua resistência à compressão diametral, en-
Reciclados. Dissertação de Mestrado – Escola
quanto o com 100% de substituição apresentou uma re-
Politécnica de São Paulo, Universidade de São
sistência à compressão axial inferior 13,5% e uma resistên-
Paulo, São Paulo, 2000.
cia à compressão diametral inferior 28,9%.
[13] Angulo, S.C. Caracterização de Agregados de
Portanto, esse estudo apresenta uma possibilidade de Resíduos de Construção e Demolição Reciclados
aproveitamento do Resíduo da Construção Civil (RCC), e a Influência de suas Características no Compor-
diminuindo assim a quantidade de resíduos despejados em tamento de Concretos. Dissertação de Doutorado
locais inapropriados, e encontrando uma alternativa sus- – Escola Politécnica de São Paulo, Universidade
tentável para a diminuição da exploração de recursos nat- de São Paulo, São Paulo, 2005
urais pela indústria da construção civil.
[14] Buttler, A.M. Concreto com Agregados Graúdos
Reciclados de Concreto – Influência da Idade de
Referências Reciclagem nas Propriedades dos Agregados e
Concretos Reciclados. Dissertação de Mestrado –
[1] ABNT - Associação Brasileira de Normas Téc- Escola de Engenharia de São Carlos, Univer-
nicas. NBR 15.116, Agregados reciclados de sidade de São Paulo, São Carlos, 2003.
resíduos sólidos da construção civil – Utilização [15] Carneiro, F.P. Diagnósticos e Ações da Atual
em pavimentação e preparo de concreto sem Situação dos Resíduos de Construção e
função estrutural – Requisitos. Rio de Janeiro, Demolição na Cidade do Recife. Dissertação de
2004. Mestrado – Universidade Federal da Paraíba,
[2] ____. NBR NM 248, Agregados – Determinação João Pessoa, 2005.
da composição granulométrica. Rio de Janeiro, [16] CONAMA - Conselho Nacional De Meio Ambi-
2003. ente. Resolução nº 307. Brasília, 2002.
[3] ____. NBR NM 46, Agregados – Determinação [17] Freitas, I.M. Os Resíduos de Construção Civil no
do material fino que passa através da peneira de Município de Araraquara/SP. Dissertação de
75 μm, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003. Mestrado – Centro Universitário de Araraquara,
[4] ____. NBR NM 45, Agregados – Determinação UNIARA, Araraquara, 2009.
da massa unitária e do volume de vazios. Rio de [18] Gusmão, A.D. Manual de Gestão dos Resíduos da
Janeiro, 2006.
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