Abordagem Fisioterapeutica Ao Portador D
Abordagem Fisioterapeutica Ao Portador D
Abordagem Fisioterapeutica Ao Portador D
RESUMO ABSTRACT
Objetivo: Analisar o efeito do tratamento fisioterapêutico e Objective: To analyze the effect of physiotherapy and its
os seus benefícios na evolução clínica do lúpus eritematoso benefits on the clinical outcome of lupus erythematosus.
sistêmico. Material e Métodos: Trata-se de um relato de caso Material and Methods: This is a case report of a patient with
de uma paciente com diagnóstico de lúpus eritematoso systemic lupus erythematosus. The patient was followed at
sistêmico. A paciente foi atendida nas dependências da Clínica the premises of the Department of Clinical Physiotherapy,
Escola de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba, Federal University of Paraíba, from August to December 2011,
no período de agosto a dezembro de 2011, em sessões com in sessions lasting approximately one hour, twice a week.
duração de aproximadamente uma hora, duas vezes por Results: The patient treated showed considerable
semana. Resultados: A paciente acompanhada apresentou improvement in the range of joint movement, edema, pain
considerável melhora da amplitude de movimento articular, symptoms, and hence in quality of life. Conclusion: The
do edema, da sintomatologia dolorosa e, consequentemente, physiotherapy resources used in this case report, such as
da qualidade de vida. Conclusão: Os recursos general and respiratory kinesiotherapy, TENS, hydrotherapy,
fisioterapêuticos empregados neste relato de caso, como a lymphatic drainage, gait coordination and balance exercises,
cinesioterapia geral e respiratória, a TENS, a hidroterapia, a among others, provided the patient with a favorable clinical
drenagem linfática, os exercícios de coordenação da marcha evolution.
e do equilíbrio, dentre outros, propiciaram uma evolução
favorável do quadro clínico da paciente.
DESCRITORES DESCRIPTORS
Lúpus. Lúpus eritematoso sistêmico. Fisioterapia. Lupus. Systemic Lupus Erythematosus. Physiotherapy.
1 1
Aluna do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pesquisadora do Laboratório de Fisioterapia em Saúde Coletiva –
LabFISC do Núcleo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas em Fisioterapia e Saúde – NEPEFIS do Centro de Ciências da Saúde (UFPB), João
Pessoa/PB, Brasil.
2 2
Professora Ph.D. do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pesquisadora Laboratório de Fisioterapia em Saúde
Coletiva (LabFISC)/NEPEFIS (UFPB), João Pessoa/PB, Brasil.
3 3
Professora Doutora do Departamento de Fisioterapia da UFPB, pesquisadora do Laboratório de Estudos do Envelhecimento Humano (CCS/UFPB),
João Pessoa/PB, Brasil.
4 4
Professora Mestre do Departamento de Fisioterapia da UFPB, pesquisadora do Laboratório de Ergonomia e Saúde (LABES)/NEPEFIS, doutoranda
da Universidade de Granada (UGR) e membro do grupo CTS-545 (plano Andaluz de investigação – Espanha), João Pessoa/PB, Brasil.
5 5
Professora Pós-Doutora do Departamento de Fisioterapia da UFPB e pesquisadora LABES/NEPEFIS (UFPB), João Pessoa/PB, Brasil.
6 6
Professor Doutor do Departamento de Fisioterapia da UFPB, pesquisador do Laboratório de Gestão e Serviços de Saúde (LAGESS)/NEPEFIS,
(UFPB), João Pessoa/PB, Brasil.
7 7
Professor Ph.D. do Departamento de Fisioterapia da UFPB, pesquisador Laboratório de Fisioterapia em Saúde Coletiva (LabFISC)/NEPEFIS
(UFPB), João Pessoa/PB, Brasil.
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs
ALVES et al.
O
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma o caso de uma paciente com LES e analisar o efeito do
doença autoimune, multissistêmica, tratamento fisioterapêutico e os seus benefícios na
caracterizada por hiperatividade do sistema evolução clínica e física da doença.
imunológico e pela produção de autoanticorpos
(PÓVOA, 2010). Em estudos norte-americanos, a
proporção de pessoas com LES é de 5,7 a 7,6 casos/100 RELATO DE CASO
mil habitantes (SANTO ANTONIO, YAZIGI, SATO,
2004). No Brasil, existem poucos estudos epidemio- Paciente do gênero feminino, com 51 anos de
lógicos realizados nesta área, no entanto, de acordo idade, casada, natural do Rio de Janeiro-RJ, compareceu
com VILAR, RODRIGUES, SATO (2003) a incidência na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Federal
encontrada na Cidade de Natal (RN) foi de 8,7 casos/ da Paraíba (UFPB) com encaminhamento para tratamento
100 mil habitantes. A doença incide diferentemente entre fisioterapêutico, tendo como diagnóstico lúpus erite-
os sexos, sendo mais frequente nas mulheres jovens em matoso sistêmico associado com hipertensão arterial e
fase reprodutiva, numa proporção de nove a dez cardiomegalia, queixando-se de dor no quadril, nos
mulheres para cada homem (BORBA et al., 2008). joelhos e nos tornozelos, sendo de maior intensi-dade
De etiologia não totalmente esclarecida, o no dimidio direito.
desenvolvimento da doença está relacionado a fatores Sinais vitais: PA de 150x100 mmHg; FC de 90
genéticos, hormonais, ambientais e estresse psicoló- bpm; FR de 16 rpm, com temperatura corporal aumentada
gico, sendo que este último fator é considerado pelos (37°C) e IMC de 32,4, classificado como obesidade grau
pesquisadores, como importante desencadeador da I, fazendo uso de Reuquinol 400 mg e Losartana
patologia e de suas agudizações (BORBA et al., 2008). potássica 50 mg.
O LES pode afetar vários órgãos, sendo que as Exame físico: Paciente com expansibilidade
articulações, a pele e os rins são os mais comprometidos. torácica normal e com padrão respiratório misto, tendo
Pode atingir ainda o sistema cardíaco, o pulmonar, o apresentado na ausculta murmúrio vesicular em ambos
neuropsiquiátrico, o gastrointestinal e o hematológico os hemitórax, sem ruídos adventícios. Na inspeção
(PÓVOA, 2010). O tratamento deve ser individualizado estática, ausência de (Figura 1), pele ressecada e
para cada paciente, dependendo dos órgãos ou dos presença de alterações vasculares (Figura 2), pilificação
sistemas comprometidos e da gravidade dos sintomas diminuída, cifose torácica, hiperlordose lombar,
(BORBA et al., 2008). escápulas abduzidas, ombros em rotação interna, pés
Os pacientes que realizam tratamento fisiote- planos e em pronação. À palpação, referiu dor na face
rapêutico associado ao farmacológico, além de medial dos tornozelos (com maior intensidade no
orientações sobre medidas preventivas e reabilitadoras, tornozelo direito), presença de edema nos joelhos
apresentam quadro mais estável da doença, minimizando (Figura 3) e nos tornozelos, com o sinal de cacifo positivo
os sintomas, diminuindo os riscos de crises e mantendo (Figura 4). Foi constatada diminuição na amplitude de
as funções corporais normais e uma boa qualidade de movimento dos membros inferiores, na força muscular
vida. dos membros superiores e inferiores, além de alterações
Em face da pequena representatividade de na marcha e no equilíbrio corporal.
estudos fisioterapêuticos em portadores de LES e das A avaliação da fadiga muscular e da dor foi reali-
diversas complicações advindas da patologia e de sua zada utilizando-se os instrumentos Fatigue Severity Scale
evolução, o presente trabalho tem como objetivo relatar (FSS) e a Escala visual analógica (EVA), respectivamente.
Foram utilizados a Escala SLEDAI (Systemic Lupus para os membros inferiores – MMII, especialmente para
Erythematosus Disease Activity Index) e o Questionário a articulação dos tornozelos (15 minutos), estimulação
SF-36 para a avaliação da qualidade de vida. elétrica nervosa transcutânea (TENS) (15 minutos),
Os atendimentos fisioterapêuticos foram exercícios de alongamento (10 minutos), cinesioterapia
realizados na Clínica Escola de Fisioterapia da UFPB, respiratória (10 minutos), cinesioterapia ativa livre e
duas vezes por semana, no período de 18/08 a 13/12/ resistida para os segmentos apendiculares superiores e
2011, totalizando 18 sessões. Utilizou-se a seguinte inferiores (10 minutos), exercícios de coordenação da
conduta: turbilhão para membros inferiores com duração marcha e do equilíbrio corporal (10 minutos) e exercícios
de 15 minutos (temperatura de 32°C), drenagem linfática gerais de relaxamento (10 minutos).
DISCUSSÃO
Este relato de caso analisa o efeito do tratamento diferentes condições climáticas, o que pode influenciar
fisioterapêutico e os seus benefícios em uma portadora no aparecimento da doença e de suas complicações
de LES, cuja doença é de origem inflamatória crônica do (NAKASHIMA et al., 2011).
tecido conjuntivo, multissistêmica, de natureza Quanto ao sexo da paciente do estudo, GOMES
autoimune. Estudos com portadores de LES são et al., (2007) relataram que a doença é mais prevalente
escassos no Brasil, cuja população apresenta grande no gênero feminino em idade fértil, na proporção de
miscigenação racial e cultural, além de regiões com 10:1 em relação ao gênero masculino.
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