Jesus Foi Casado

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JESUS FOI

CASADO?
Iosse ben Hamnuna Saba
JESUS FOI CASADO COM MARIA DE MAGDALA?
Apesar do sensacionalismo que vemos no livro e filme “O Código da Vinci”
do autor Dan Brown e também no livro e documentário “The Lost Gospel” do
autor Simcha Jacobovici precisamos ponderar sobre a questão: Jesus foi Casado?
James Tabor, Doutor em Estudos bíblicos e professor do Departamento de
Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte onde leciona desde 1989,
outrora defendia veementemente o celibato de Jesus “atacando” quem pensava
diferente afirmando que Jesus jamais fora casado. No entanto, em Janeiro de 2016,
revendo alguns textos encontrados pela arqueologia e estudando os contextos
históricos e as “tendências teológicas” da patrística proto-católica e pós-católica,
reavaliou a questão e afirmou:
O argumento mais citado é que, se Jesus tivesse se casado, certamente
teríamos tradições, tanto no Novo Testamento quanto nos chamados "pais
da Igreja"; esse era o caso. O silêncio, portanto, é ensurdecedor...
Evidentemente, isso ignora as razões teológicas fortemente dogmáticas em
que a igreja se apega até hoje a um Jesus sempre virgem, paralelo a uma
virgem Maria não sexual. O Santo Divino Filho de Deus, e certamente sua
mãe virginalmente pura, nunca fizeram sexo... Existem dois problemas com
essa visão. Primeiro, o argumento do silêncio simplesmente não funciona
quando se trata de mulheres e esposas dos principais seguidores de Jesus no
Novo Testamento. Não sabemos o nome de nenhuma das esposas dos
apóstolos, nem de Tiago, o irmão de Jesus, embora certamente possamos
assumir, com base na cultura judaica da época, que eles eram casados. As
esposas raramente são mencionadas e nunca são nomeadas, mesmo que o
casamento seja a norma. Segundo, e mais revelador, há fortes evidências
textuais que pelo menos sugerem, se não afirmam, que Jesus era casado - e
provavelmente COM MARIA MADALENA. Primeiro, há o apóstolo
Paulo - que é nossa testemunha literária mais antiga de qualquer forma de
“cristianismo”, que defende e encoraja fortemente o celibato ou a vida não
sexual - mas apenas menciona a si mesmo - não a Jesus - como exemplo
disso [1 Coríntios 7:7-10]. E isso em uma seção de 1 Coríntios, onde ele
menciona outros apóstolos que viajam com suas esposas (mesmo que essas
esposas “fantasmas” nunca sejam nomeadas em nenhum de nossos textos),
e cita Jesus para apoiar suas opiniões sobre proibir o divórcio [1 Coríntios
7:10]. Se Jesus tivesse sido celibatário, Paulo certamente o teria chamado
como seu principal exemplo... Segundo, em nosso registro mais antigo do
enterro de Jesus em Marcos, a misteriosa Maria Madalena aparece do nada,
não apenas listada com a mãe de Jesus e um grupo de mulheres galileanas,
mas claramente recebendo o primeiro lugar e destaque [Marcos 15:40-41].
É Maria Madalena - acima da mãe ou irmã de Jesus - quem lidera os ritos
funerários judaicos para o cadáver de Jesus – para lavar e ungir seu corpo
nu [Marcos 16:1]. Esta não é a posição de alguém de fora, ou mesmo de um
"conhecido" próximo, em termos de discípulos ou seguidores. Essa é uma
honra íntima e um dever reservado para os parentes mais próximos -
principalmente a esposa, a mãe, a tia ou a irmã. Ela aparece e depois
desaparece - embora em João ela seja claramente a única “primeira
testemunha” da ressurreição de Jesus [João 20:11-18]. Seu desaparecimento
é tão estranho quanto sua aparição repentina. Mas Maria Madalena aparece
novamente em alguns dos nossos evangelhos do segundo e terceiro século,
como uma importante líder feminina, companheira íntima de Jesus e
portadora de revelações "secretas"... O que sempre devemos ter em mente
é que os documentos de nosso Novo Testamento são escritos de forma
esmagadora na segunda geração do movimento, uma década ou até várias
décadas após a destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C - depois
que os seguidores originais de Jesus são: espalhados ou mortos - incluindo
Pedro, Tiago, Maria a mãe de Jesus e, presumivelmente, Maria Madalena...
O que obtemos no caso de Maria Madalena são sugestões de sua
proeminência, mas também um abafamento de seu status e papel. Um
fenômeno semelhante ocorre com Tiago e a família de Jesus em geral e sua
liderança dominante no movimento nos primeiros 40 anos. Se tudo o que
tínhamos eram os evangelhos do NT, dificilmente saberíamos que Tiago ou
sua mãe e irmãos existiram após a morte de Jesus, muito menos a posição
de destaque que a família tinha em Jerusalém. Até o autor de Lucas/Atos
falha em nomear os irmãos de Jesus (ignorando Marcos 6:3, que era sua
fonte para Lucas 4), e apenas relutantemente os menciona em Atos 1, mas
não pelo nome e, finalmente, implica que Tiago está encarregado de todo o
movimento em Atos 15 e 21 - mas NUNCA O TORNA EXPLÍCITO. Algo
está acontecendo claramente aqui em termos de silenciar a influência e o
destaque da família de Jesus nesses relatos do Evangelho que foram escritos
após o ano 70 d.C. (TABOR, J. A Married Jesus: Why I Changed My Mind.
jamestabor, 2017. Disponível em: <https://jamestabor.com/a-married-
jesus-why-i-changed-my-mind/>. Acesso em: 08 fev. 2020, tradução nossa)
Notem que James Tabor percebe uma proeminência de Maria de Magdala
atuando em papéis importantes como:
1º Ela foi a primeira pessoa que lidera a limpeza funerária do corpo de Jesus – “...
uma honra íntima e um dever reservado para os parentes mais próximos - principalmente a
esposa...” (TABOR, 2017). – Lembrando que todos achavam que Jesus fora
crucificado assistir a playlist “Cabalá da Revelação Completo”.
2º Ela foi a primeira testemunha da Ressurreição.
3º Houve um abafamento do status dela e de seu papel na Comunidade Judaica de
Jesus.
Apesar de sabermos o status de Paulo de Tarso no Judaísmo Nazareno, como
um traidor e apostata da Lei, Tabor também nos dá outra evidência de um Jesus
Casado na própria carta de Paulo aos 1 Coríntios 7:7-10, quando ele dá exemplo
somente de si mesmo como um celibatário, mas não dá exemplo de Jesus nessa
mesma questão como de costume.
O Evangelho segundo João, como bem menciona James Tabor anteriormente,
afirma que Maria de Magdala foi a Primeira Testemunha da Ressurreição! Um
honrado papel que não está à altura de uma mera “prostituta arrependida”, um
título equivocadamente dado à Maria de Magdala pelo Papa Gregório Magno no
século VI d.C. É certo que uma afirmação como tal é um ataque direto às seitas
gnósticas que ainda resistiam até aqueles dias de Gregório Magno.
No entanto, se queremos saber se Jesus era ou não casado, nós devemos focar
nossa atenção no Evangelho segundo João por três motivos:
1º Possui um fragmento de papiro mais antigo dos quatro evangelhos – Papiro P52
da Biblioteca de Rylands, datado do ano 125 d.C.
2º Possui uma narrativa do Evangelho de Jesus à parte dos Evangelhos “ditos”
como sinópticos – Mateus, Marcos e Lucas.
3º Tem origem “Gnóstica”! E os textos que trás essa evidência de um “Jesus
casado” são os textos rotulados como “Gnósticos”.
Sim, algumas passagens do Evangelho segundo João nos evidencia raízes
gnósticas do texto, porém, precisamos entender que “os pais da igreja”, quando não
concordavam com uma linha teológica de determinado grupo, já o acusavam de
“gnóstico”, ou seja, esse termo “gnose” apesar de significar
“Conhecimento/Ciência”, era usado pejorativamente. Até mesmo os judeus
seguidores de Jesus [nazareno-ebionitas] eram chamados de gnósticos, apesar de
eles diferirem daqueles mesmos gnósticos que diziam que o “Deus do Antigo
Testamento era Perverso e que Jeová era o próprio maligno”. Então, podemos dizer
que a raiz do Evangelho segundo João é uma gnose-judaica, ou melhor dizendo, a
Cabalá.
Na primeira metade do século XX, muitos estudiosos, incluindo
principalmente Rudolph Bultmann (1884 - 1976), teólogo luterano alemão e
professor do Novo Testamento na Universidade de Marburg, argumentaram com
força que o Evangelho de João tem elementos em comum com o gnosticismo. O
próprio Bultmann argumenta que o tema de abertura do Evangelho de João, o
"Logos pré-existente", junto com a dualidade de luz versus escuridão, eram
originalmente temas gnósticos que o autor de João adotou.1 April DeConick,
professora de Novo Testamento e Cristianismo Primitivo na Rice University na
cidade de Houston do Estado do Texas (E. U. A), sugeriu que a leitura grega de
João 8:44 e João 8:56-58 apoia uma teologia gnóstica.2 Já Raymond Edward Brown,
padre católico americano e professor emérito do Union Theological Seminary em
Nova York, afirma que:
A imagem joanina de um salvador que veio de um mundo alien acima, que
disse que nem ele nem aqueles que o aceitou fosse deste mundo [João 17:14],
e que prometeu voltar para levá-los a uma habitação celeste [João 14:2-3],
poderia ser bem encaixado na imagem gnóstica do mundo... (BROWN,
Raymond E. An Introduction to the New Testament. New York: Anchor
Bible, 1997. p 375, grifo e tradução nossa)

1
(HARRIS, Stephen. Understanding the Bible, 7º edition. New York: 2006)
2(DECONICK, April D.; ADAMSON, Grant. Histories of the Hidden God: Concealment and Revelation in
Western Gnostic, Esoteric, and Mystical Traditions. New York: Acumen, 2013. p. 13-29)
Se o Evangelho segundo João era originalmente gnóstico, como ele entrou no
cânone do Novo Testamento? Andrew T. Lincoln, professor emérito de Novo
Testamento na Universidade de Gloucestershire, comparando as variantes textuais
dos papiros e manuscritos que continham o Evangelho de João, os textos
deslocados de lugar, assegurou que o Evangelho segundo João passou por duas ou
três "edições", antes de chegar à sua forma atual, por volta de 80 à 100 d.C no
máximo.3 Ruth B. Edwards também confirma essas “edições” no Evangelho
segundo João em seu livro "Discovering John: Content, Interpretation, Reception", página
9.
Uma outra referência histórica é Caio, um Presbítero de Roma e escritor cristão
que viveu no início do século III d.C considerado um dos pais da igreja, ele afirmou
que o Evangelho segundo João e o Apocalipse de João era de um judeu-gnóstico
chamado Cerinto, como diz:

3 (LINCOLN, Andrew T. The Gospel According to St John: Black's New Testament Commentaries.
London: Bloomsbury Publishing, 2005. p. 18)
Sabemos que pelas datas mencionadas Cerinto fez-se cabeça de outra heresia.
Caio, a quem já citamos antes, escreve sobre ele o que segue, na disputa que lhe
é atribuída: "No entanto, também Cerinto, por meio de revelações [Apocalipses] que diz
serem escritas por um grande apóstolo [João], apresenta milagres com a mentira de que lhe
teriam sido mostradas por ministério dos anjos, e diz que depois da ressurreição o reino de
Cristo será terrestre e que novamente a carne, que habitará em Jerusalém, será escrava de
paixões e prazeres. Como inimigo das Escrituras de Deus e querendo fazer errar, diz que
haverá um número de mil anos de festa nupcial." (Eusébio de Cesaréia, História
Eclesiástica, 3.28.1,2)
Evidência mais direta de que Caio estava afirmando que o Evangelho segundo
João era de Cerinto é a de Jacob bar Salibi, que diz:
Hipólito, o Romano, diz: Um homem apareceu, chamado Caio, dizendo que o
Evangelho [segundo João] não é de João, nem o Apocalipse, mas sim de Cerinto,
o herege... Cerinto, então, ensinou a circuncisão e ficou furioso com Paulo
porque ele não havia circuncidado Tito e ele chamou o apóstolo e seus discípulos
em uma de suas cartas falsos apóstolos e trabalhadores fraudulentos. Além disso,
ele ensinou que o mundo havia sido criado por anjos e que o Senhor não nasceu
de uma virgem e sobre [restrições de] comidas e bebidas carnais e outras
blasfêmias. (SALIBI, Jacob bar. In Apocalypsim, Actus et Epistulas Catholicas.
Ed. Sedlacek, 1909. p. 4, tradução nossa)
Ainda no período proto-católico e pós-católico haviam cristãos da própria
igreja paulina, na Ásia Menor, que rejeitavam o Evangelho de João e o seu
Apocalipse dizendo que não eram obras de João, mas de Cerinto. Epifânio de
Salamina os nomina de “Alogi”, mas eles não se denominavam de “Alogi”, eram
apenas cristãos que rejeitavam o distinto Evangelho de João por ser uma obra
oriunda de uma antiga versão de Cerinto, o judeu-cristão-gnóstico, cujo evangelho
possuía passagens contrárias e conflitantes aos textos sinópticos já conhecidos.
Assim descreve Epifânio de Salamina:
Agora, esses Alogi dizem - é assim que eu os chamo -, e eles serão chamados
assim de agora em diante e vamos dar-lhes esse nome, Alogi..., pois rejeitam os
livros de João. Como eles não aceitam a Palavra que João prega, serão chamados
de Burros. Como completos estranhos à mensagem da verdade, negam sua
pureza e não aceitam nem o Evangelho de João nem sua Revelação
[Apocalipse]... Pois dizem que são, não a composição de João, mas a de Cerinto
e não têm direito a um lugar na igreja. (Epifânio de Salamina, Panarion 51:3,1-
3,4)
Com isso, se outrora o Primitivo Evangelho Gnóstico segundo João antes de
se tornar o que conhecemos hoje como o Evangelho segundo João mencionasse
algum relacionamento conjugal de Jesus, o mesmo fora censurado, interpolado ou
até mesmo retirado do texto, visto que os seguidores do cristianismo fundado por
Paulo apoiavam a ideia de celibato e desejavam defender essa doutrina Paulina.
Notem que essa censura da Mulher no Movimento de Jesus e do casamento, não
começou no século IV no Concílio de Niceia, mas já possui raízes do cristianismo
proto-católico de Paulo como bem podemos ver por suas palavras:
Mas quero que saibais que... o homem é a cabeça da mulher. 1 Coríntios 11:3
O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus,
mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da mulher,
mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da
mulher, mas a mulher por causa do homem. 1 Coríntios 11:7-9
Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no
Senhor. Colossenses 3:18
A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido. 1
Coríntios 7:4
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. 1
Coríntios 7:8
Em uma tentativa de “rebaixar” a autoridade de Maria de Magdala o autor do
Evangelho segundo Lucas, o qual, era um fiel seguidor de Paulo de Tarso, a saber,
Lucas/Silas?, abusa em afirmar que Maria de Magdala tinha Sete Demônios em Lucas
8:2. No acréscimo posterior feito no Evangelho segundo Marcos [Marcos16:9],
também reluta nessa tradição paulina de que Jesus expulsou dela Sete Demônios. Seria
isso verídico? E, se sim, como ocorreu? Até mesmo na tão mencionada passagem de
Lucas 7:37-39 da “pecadora perdoada”, a qual, Gregório Magno fundamentou sua
teoria de que Maria de Magdala era a mesma mulher, o autor de Lucas é tendencioso
ao afirmar que a mulher “é pecadora”, mas o mesmo relato é totalmente contraditório
nas narrativas como vemos em Mateus 26:6-13 e Marcos 14:3-9 que não afirmam que
ela era “mulher pecadora” e, já João 12:1-8, menciona que ela era Maria, irmã de Marta
e Lázaro, mas nenhum título de pecadora lhe é postulado! É evidente que os cristãos
“editam” o texto da mulher arrependida em Lucas 7:37-39 numa tentativa frustrada
para afirmar que a mulher no jantar de Betânia era Maria de Magdala e, para rebaixar a
sua autoridade, afirmaram que era uma “pecadora”, afirmação que não é vista nos
outros três evangelhos. Uma outra passagem que eles tentam afirmar ser Maria de
Magdala é o texto posterior adicionado em João 7:53 à João 8:1-11 [Pericope Adulterae],
mas nenhuma menção à Maria de Magdala existe a nenhuma dessas narrativas. Vejam
que estamos lidando com textos que passaram por várias edições até chegarem como
estão hoje!
Assim, vemos que o proto-evangelho segundo João era Judeu-Gnóstico,
possivelmente escrito ou transcrito por Cerinto. Sendo Cerinto do século I d.C seria ele
da parte daquele mesmo grupo dos discípulos de Jesus que ordenaram à Paulo sobre a
circuncisão em Atos 15:1-2? Uma outra evidência histórica nos dá base para isso, que
diz:
Mas essa rebelião foi fomentada pelo pseudo-apóstolo Cerinto mencionado
acima, assim como ele e seus companheiros [os apóstolos] também se revoltaram
em outro momento na mesma cidade de Jerusalém quando Paulo chegou lá com
Tito e disse: "Ele trouxe homens que são incircuncisos", e acrescentando em
relação à Tito: "e ele profanou o lugar santo". Portanto, Paulo disse: "No
entanto, nem mesmo Tito, meu companheiro, apesar de grego, foi obrigado a
ser circuncidado. E isso com vista aos falsos irmãos que haviam roubado para
espionar nossa liberdade que possuímos em Cristo, a quem ditava não cedemos
por um momento". E ele disse aos gentios, dizendo: "Não se circuncidem. Se
vocês receberem a circuncisão, Cristo não fará nenhum bem a todos." (Epifânio
de Salamina, Panarion 28.4,1)

SERIA O CASAMENTO DE CANÁ DE JESUS?


A pergunta mais correta seria: E por que não seria o casamento de Cana de
Jesus e Maria de Magdala? Ora, segundo Rudolph Bultmann, April DeConick e
Raymond Edward Brown o texto possui raízes gnósticas e os gnósticos salientavam
um Jesus casado com Maria de Magdala, visto que Cerinto e os antigos Ebionitas
afirmavam que Jesus era filho biológico de José e Maria e um simples “Homem
Justo”, como veremos mais adiante. Já segundo Edwards e Lincoln o Evangelho
segundo João passou por duas ou três edições [adulterações] antes de chegar como
está nos dias de hoje. E se, nessas “edições”, não acrescentaram a frase “... e estava
ali a mãe de Jesus. E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.” (João 2:1-
2)? E se, nessas “edições”, omitiram o nome do noivo e da noiva, Jesus e Maria
Magdalena? Segundo Caio o texto é oriundo de Cerinto, o qual, agora vimos ser
um dos discípulos dos primeiros seguidores de Jesus. E segundo o grupo de cristãos
proto-católicos e pós-católicos chamados pejorativamente de “Alogi” o texto é
realmente proveniente de Cerinto! A pergunta correta seria: E por que não seria,
originalmente, um relato do casamento do Senhor? Alguns teólogos apologistas
tentam fundamentar que este casamento não era de Jesus devido as seguintes
passagens do capítulo:
E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe
de Jesus. E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.
E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus:
Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse
aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser. E estavam ali postas seis talhas
de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três
almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em
cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o
mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o
sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo,
E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido
bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou
assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus
discípulos creram nele. Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e
seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. João 2:1-12
O argumento dos teólogos apologistas é que “nenhum noivo é convidado ao próprio
casamento” e, no verso 12 do capítulo 2, Jesus vai para Cafarnaum “ele, sua mãe, seus
irmãos e seus discípulos” sem mencionar qualquer “suposta esposa de Jesus”. Agora
vejamos um outro contraponto:
E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali
a mãe de Jesus. E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.
E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe
Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser. E estavam ali
postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma
cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E
encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala.
E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo
de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água),
chamou o mestre-sala ao esposo, E disse-lhe: Todo o homem põe
primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas
tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em
Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus
discípulos; e ficaram ali não muitos dias. João 2:1-12
Vamos à explicação do contraponto:
1º Por que não é mencionado o nome do noivo e da noiva?
2º Por que a fala do mestre-sala ao noivo parece ser direcionada à Jesus?
3º E se a “noiva” não era uma discípula no meio dos “discípulos” de Jesus no verso
12?
4º Notem também que, na narrativa do mestre-sala “Todo o homem [noivo] põe
primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até
agora o bom vinho”, entende-se que o noivo era o encarregado do vinho naquele
judaísmo do segundo Templo. Assim sendo, a probabilidade de Jesus ser o noivo é
enorme, visto que sua mãe o interpela sobre o vinho e o mesmo pensava que ainda
“não era a hora dele” para dar “a outra demanda de vinho”, entendido como o
“vinho-velho”. Tais contrapontos também nos dá a possibilidade deste casamento
ser o casamento de Jesus. De acordo com a Enciclopédia Católica de 1913, uma
tradição datando do século VIII, identifica Caná com a atual cidade de Kfar Kanna,
por volta de 7 quilômetros a nordeste de Nazaré, em Israel.
Vimos anteriormente duas referências históricas que dizem que o Evangelho
segundo João ou, melhor dizendo, o proto-evangelho de João, era de autoria de
Cerinto. Cerinto, assim como os ebionitas (Irineu de Lião. Contra as Heresias,
I.26,1), esclarecia que Jesus era um mero homem filho de José e Maria, como é dito:
Jesus, segundo Cerinto, não nasceu da Virgem, porque isto lhe parecia
impossível, mas foi filho de José e de Maria de maneira semelhante à dos
outros homens e sobressaiu entre todos pela santidade, prudência e sabedoria.
Depois do batismo desceu sobre ele, daquela Potência que está acima de todas
as coisas, o Cristo, na forma de pomba [Yonah], e desde então começou a
anunciar o Pai incógnito e a fazer milagres. Finalmente o Cristo saiu de Jesus,
voltou para o alto e Jesus sofreu e ressuscitou, enquanto o Cristo permanecia
impassível, porque era pneumático [incorpóreo]. (Irineu de Lião. Contra as
Heresias, Livro 1, capítulo 26, verso 1)
Ora, essa visão de Cerinto de que o Cristo não sofreu, mas sim Jesus, pois o
Cristo era um ser espiritual [pneumático], nos lembra uma passagem do próprio
Evangelho segundo João, que diz:
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim
como eu não sou do mundo. João 17:14
Ora, tal afirmação não existe em nenhum outro evangelho, somente em João.
Mais à frente o mesmo Evangelho diz:
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse
deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos
judeus; mas agora o meu reino não é daqui. João 18:36
Essa passagem de João 18:36 é única e exclusiva do E. segundo João, em
nenhum outro texto sinóptico Jesus faz tal afirmação! Vendo que Cerinto defendia
um Cristo incorpóreo que não sofre na cruz com o “Redentor”, o significado da
palavra “Jesus”, traz evidencias que este evangelho, realmente, provenha dele!
A doutrina de que Jesus é sim filho de Maria e José pode também ser respaldada
no manuscrito Siríaco Sinaítico Palimpsesto syrs, o qual, data entre os séculos III a
IV e é uma tradução do grego para o aramaico de um antigo texto grego dos 4
Evangelhos que desconhecemos, que diz:
‫ܝܥܩܘܒ ܐܘܠܕ ܠܝܘܣܦ ܝܘܣܦ‬ Jacó gerou [Aulêd] a José; José, que
tinha uma esposa para ele, Mariam a
‫ܕܡܟܝܪܐ ܗܘܬ ܠܗ ܡܪܝܡ ܒܬܘܠܬܐ‬ Virgem, gerou [Aulêd] a Jesus que é
‫ܐܘܠܕ ܠܝܫܘܥ ܕܡܬܩܪܐ ܡܫܝܚܐ܀‬ chamado Messias. Mateus 1:16 – versão
Siríaco Sinaítico Palimpsesto.
Notem que a segunda palavra “gerou” que no aramaico é “Aulêd” ‫ ܐܘܠܕ‬está na
terceira pessoa no gênero masculino singular, ou seja, "José gerou Jesus com Maria"!
Ou seja, o texto syrsi do antigo aramaico siríaco afirma que José é pai biológico de
Jesus! Ora, se o autor está afirmando que José é o pai de Jesus, logo é incoerente
Mateus 1:18-25! Um outro testemunho histórico é o “Diálogo de Aquila e Timóteo”
datado do século V d.C. No diálogo, o judeu Aquila refuta a crença do cristão
Timóteo de que Jesus não tinha pai afirmando que, originalmente, o texto de
Mateus dizia:
E José gerou a Jesus, o chamado Cristo, de quem estamos falando, diz ele, que
o gerou de Maria. (CONYBEARE, Fred. C. The Dialogues of Athanasius
and Zacchaeus and of Timothy and Aquila. Oxford: University of Oxford,
1898. p. 65-104, grifo e tradução nossa)4
Além disso, os primeiros pais da igreja afirmavam que os verdadeiros fiéis de
Jesus, os judeus nazareno-ebionitas, afirmavam que Jesus era filho de José e Maria,
como vimos anteriormente nas citações. Além disso, eles explicavam para os
cristãos [paulinistas] que Isaías 7:14, no seu original hebraico, diz "moça jovem"
(Almáh) e não "virgem" (Betulah). E, de fato, a passagem diz “Almáh” tanto no
antigo texto de Isaías encontrado no mar morto (1QIsaa), datado do ano de 700
A.E.C (Antes da Era Comum), quanto na versão massorética. Vejamos o que diz o
Rolo de Isaías 1QIsaa encontrado na caverna 1 de Qumran:

4No original: Και Ιωσηφ εγεννησεν τον Ιησου τον λεγομενον Χριστον, περι ου νυν ο λογος, φησιν,
εγεννησεν εκ της Μαριας.
MARIA DE MAGDALA É A IGREJA DE CRISTO
Os antigos cristãos proto-católicos e até mesmo os pós-católicos acreditam que
Jesus é o Noivo da Igreja e que a igreja é a noiva do Cristo, como vemos:
"Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se
tornarão uma só carne"(Gn 2:24). Este é um mistério profundo; refiro-me,
porém, a Cristo e à igreja. Efésios 5:31-32
Certamente os judeus nazareno-ebionitas, também viam desta mesma maneira.
Visto que Jesus é um Rabi cumpridor da Torah (Mateus 5:17-18), certamente
cumpriria o primeiro e segundo mandamento de Deus ao ser humano:
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se!
Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves
do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Gênesis 1:27-28
Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se
tornarão uma só carne. Gênesis 2:24
Essa visão de que Jesus é o “Noivo da Igreja” é muito interessante, pois nos
leva a outro texto que, outrora, estava no Novo Testamento como bem vemos no
códex sinaíticus, o “Pastor de Hermas”.5
Considerado um livro valioso por muitos cristãos e escritura canônica por
alguns dos pais da Igreja primitiva, como Irineu de Lião, Pastor de Hermas era
muito popular entre os cristãos nos séculos II e III d.C. Um fragmento do Canon
Muratoriano que é datado do ano 170 d.C identifica Hermas, o autor de O Pastor,
como o irmão de Pio I, bispo de Roma. Assim também identifica o Catálogo da
Libéria [ou Catálogo Liberiano] de Papas e um poema escrito contra Marcião tido
como um texto "Pseudo-Tertuliano".

5Link para ver o livro no códice:


http://www.codexsinaiticus.org/en/manuscript.aspx?book=61&lid=en&side=r&zoomSlider=0
Se este texto foi encontrado até mesmo em alguns códices como o Códex
Sinaiticus, que é um texto Majoritário, por que este livro não está no Novo
Testamento de hoje?
O texto de O Pastor nos traz algumas visões teológicas e cristológicas
interessantes que circulavam entre as comunidades dos primeiros cristãos no século
II e III d.C. Uma visão teológica mais interessante do livro é sobre a igreja, que é
chamada de “A Torre”! Diz o texto:
... Eu lhe disse: Senhora, que me serve ver essas coisas, se não sei o que
significam? Ela me respondeu: És curioso para conhecer o que se refere à torre!
Eu lhe disse: Sim, senhora, quero conhecer para anunciar aos irmãos e alegrá-
los, para que, ouvindo isso, conheçam a Deus em toda a sua glória. Ela então me
disse: Muitos ouvirão. Contudo, depois de ouvirem, uns se alegrarão e outros
chorarão. Todavia, também estes últimos, se ouvirem e se arrependerem, se
alegrarão. Ouve, portanto, as parábolas da torre, pois eu vou te revelar tudo... A
torre que viste em construção, sou eu mesma, a Igreja, que viste agora e antes.
Pergunta o que desejas a respeito da torre: eu te revelarei, para que te alegres
com os santos. Eu lhe pedi: Senhora, agora que me julgaste digno de todas as
revelações, revela-me. Ela me disse: O que convém te revelar, será revelado.
Basta que teu coração esteja voltado para Deus e não duvides de nada do que
vires. Eu lhe perguntei: Senhora, por que a torre está construída sobre as águas?
Ela respondeu: Já te disse que és diligente a respeito das Escrituras e pesquisas
com cuidado. Pesquisando, encontras a verdade. Ouve porque a torre foi
construída sobre as águas: é porque vossa vida foi salva pela água e ainda o será.
A torre foi construída pela palavra do Nome todo-poderoso e glorioso, e é
sustentada pela força invisível do Senhor. Pastor de Hermas, Capítulo 11.
Após a larga difusão do livro Pastor de Hermas, especialmente, no Oriente, nas
Igrejas SÍRIAS, o Pastor foi, definitivamente, colocado entre os apócrifos após o
Concílio Ecumênico de Hipona em 393 d.C, onde a Igreja definiu o catálogo
bíblico. Ora, a palavra “Torre” em hebraico é “Migdal” ‫ מגדל‬e no aramaico é
“Magdala” ‫ !ܡܓܕܐܠ‬Era uma clara referência à Maria de Magdala, a esposa de Jesus
Cristo! Se traduzirmos a frase “A torre que viste em construção, sou eu mesma, a
Igreja” para o aramaico, nós temos:
ܵ ܵ݁ A Torre [Magdala] sou eu mesma,
‫ܐܢܐ ܗܝ‬ ܸ ‫ܡܓܕܐܠ‬
...‫ܕܐܬܒܢܝܬ‬ ‫ܝܬ‬‫ܕܚܙ‬ ‫ܐ‬ ܵ ݁ ‫ܠܥ ݁ܕ‬
‫ܬ‬
a Igreja [Idata], que viste que estava
ܸ sendo construída...
Agora fica claro “um dos motivos” de O Pastor de Hermas ter sido retirado
dos livros canônicos e ser, posteriormente, considerado um apócrifo. Será que o
“Espírito Santo” não os informou isso para os pais da igreja antes? Será que eles
estavam realmente escolhendo os livros canônicos do Novo Testamento por ordem
do Espírito Santo como diziam?
E a ti, Ó TORRE DO REBANHO, fortaleza da filha de Sião, a ti virá;
sim, a ti virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém. E agora,
por que fazes tão grande pranto? Não há em ti rei? Pereceu o teu
conselheiro? Apoderou-se de ti a dor, como da que está de parto? Sofre
dores, e trabalha, para dar à luz, ó filha de Sião, como a que está de parto,
porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e virás até babilônia;
ali, porém, serás livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus
inimigos. Miquéias 4:8-10
EVANGELHO DE FELIPE E OS OUTROS TEXTOS “APÓCRIFOS”
Um único texto do Evangelho de Felipe, em copta, foi encontrado na biblioteca
Nag Hammadi em um esconderijo de documentos que foram escondidos dentro
de um cântaro e enterrados no deserto do Egito no final do século IV. O texto
estava encadernado no mesmo códice que continha o mais conhecido Evangelho
de Tomé. Apesar do texto estar em copta os estudiosos argumentam que ele tenha
sido originalmente composto em grego, provavelmente no final do século II d.C. 6
Tal argumento surgiu devido as descobertas dos papiros encontrados em
Oxyrhynchus que continham fragmentos de um texto do Evangelho de Tomé em
grego, o mesmo que estava no códice onde se encontra o Evangelho de Felipe. Tais
papiros de Oxyrhynchus (P. Oxy. 1; P. Oxy. 654; P. Oxy. 655) foram datados do
ano 100 a 120 d.C.7 No mesmo cântaro onde foram encontrados a coleção da

6
KING, Karen L. The Place of the Gospel of Philip in the Context of Early Christian Claims about Jesus’s
Marital Status. New Testament Studies 59, no. 4: 565-587. Cambridge: Harvard University, 2013. p. 5
7
VALANTASIS, Richard. The Gospel of Thomas. New York: Routledge, 1997. p. 12
biblioteca de Nag Hammadi, estavam partes do texto de Pistis Sophia. O meio
intelectual que se encontrava esses textos era o da chamada "escola oriental" do
cristianismo valentiniano. Embora haja semelhança textual entre o Evangelho de
Felipe e o Evangelho de Tomé, os estudiosos estão divididos se o Evangelho de
Felipe é realmente um discurso a parte ou uma coleção de ditos valentinianos.8
Realmente o Evangelho de Felipe é um texto que revela algumas conexões com os
escritos cristãos primitivos. É uma série de logias ou enunciados sentenciosos, a
maioria deles aparentemente citações e trechos de escritos perdidos, sem qualquer
tentativa de um contexto narrativo. O tema principal diz respeito ao valor dos
sacramentos. Os estudiosos debatem se o idioma original era siríaco ou grego.
Wesley W. Isenberg, tradutor do texto, coloca sua provável origem na Síria devido
às referências às palavras siríacas e às práticas batismais orientais, bem como à sua
perspectiva ascética.

8
PERKINS, Pheme. Gnosticism and the New Testament. Philadelphia: Fortress Press, 1993. p. 184
A primeira Logia deste Evangelho é um tanto quanto judaica ortodoxa e bem
radical ao dizer:
ⲟⲩϩⲉⲃⲣⲁⲓⲟⲥ ⲣ̅ⲣⲱⲙⲉ [ϣ]ⲁ̣ϥⲧⲁⲙⲓⲉ ϩⲉⲃⲣⲁⲓⲟⲥ Um hebreu faz [ou]tro hebreu, e este é
ⲁⲩⲱ ϣⲁⲩⲙⲟⲩⲧⲉ [ⲉⲛⲁ]ⲉⲓ ⲛ̅ⲧⲉⲉⲓⲙⲓⲛⲉ ϫⲉ chamado prosélito. [Ma]s o p[rosé]lito
ⲡⲣⲟⲥⲏⲗⲩⲧⲟⲥ ⲟⲩⲡ[ⲣⲟⲥⲏ]ⲗ̣ⲩⲧⲟⲥ ⲇⲉ não faz outro prosélito. Evangelho de
ⲙⲁϥⲧⲁⲙⲓⲉ ⲡⲣⲟⲥⲏⲗⲩⲧⲟⲥ̣ Felipe, Logia 1.
Tal visão não está de acordo com o raciocínio gnóstico corrente daquele
período. Os nazareno-ebionitas tinham Paulo de Tarso como um prosélito, como
é dito:
Eles não têm vergonha de acusar Paulo... como um vilão, impostor e falso
apóstolo... Eles então reivindicam que ele era grego e filho de mãe grega e pai
grego, mas que subiu a Jerusalém, ficou lá por um tempo, desejou casar com
uma filha do sumo sacerdote e, portanto, tornou-se prosélito e circuncidado.
Mas como ele ainda não conseguia se casar com essa garota, ficou furioso e
escreveu contra a circuncisão e contra o sábado e a legislação (da Lei).
(WILLIAMS, Frank. Against Ebionites. In:_____. The Panarion of
Epiphanius of Salamis, Book I. Leiden: Brill, 2009. p. 131-145, tradução e grifo
nosso)
Seria essa Logia 1 do Evangelho de Felipe um ataque ao movimento paulino
que estava crescendo naqueles dias? Então, presumimos que eles estão também se
usando de textos judaicos nazareno-ebionitas ou mesmo o texto pertenciam a esse
seguimento, primordialmente. Por essa razão alguns estudiosos indicam que este
texto, originalmente, tinha algumas conexões com os escritos cristãos primitivos.
Algumas passagens do Evangelho de Felipe são intrigantes, onde nos mostram
um Jesus em um relacionamento íntimo com uma de suas discípulas, a saber, Maria
Magdalena. Além de outros textos como o próprio Evangelho de Tomé e Pistis
Sophia que dão lugar de destaque para Maria Magdalena. Vejamos, primeiramente,
as passagens do Evangelho de Felipe que indicam um Jesus casado com Maria
Magdalena:
ⲛⲉ ⲟⲩⲛ̅ ϣⲟⲙⲧⲉ ⲙⲟⲟϣⲉ ⲙⲛ̅ ⲡϫⲟⲉⲓⲥ Havia três que andavam com o Senhor
ⲟⲩⲟⲉⲓϣ ⲛⲓⲙ' ⲙⲁⲣⲓⲁ ⲧⲉϥⲙⲁⲁⲩ ⲁⲩⲱ todo o tempo: Maria sua mãe, e a sua
irmã, e a Magdalena, aquela que era
ⲧⲉⲥⲥⲱⲛⲉ ⲁⲩⲱ ⲙⲁⲅⲇⲁⲗⲏⲛⲏ ⲧⲁⲉⲓ
chamada de sua companheira
ⲉⲧⲟⲩⲙⲟⲩⲧⲉ ⲉⲣⲟⲥ ϫⲉ ⲧⲉϥⲕⲟⲓⲛⲱⲛⲟⲥ
[ⲧⲉϥⲕⲟⲓⲛⲱⲛⲟⲥ]. Sua irmã, sua mãe e
ⲙⲁⲣⲓⲁ ⲅⲁⲣ' ⲧⲉ ⲧⲉϥⲥⲱⲛⲉ ⲁⲩⲱ ⲧⲉϥ'ⲙⲁⲁⲩ
sua dual [ⲧⲉϥϩⲱⲧⲣⲉ] eram, cada uma,
ⲧⲉ ⲁⲩⲱ ⲧⲉϥϩⲱⲧⲣⲉ ⲧⲉ Maria. Evangelho de Felipe, Logia 36.
A palavra “sua companheira” explicitamente grega “tefKoinonos”
ⲧⲉϥⲕⲟⲓⲛⲱⲛⲟⲥ, no texto copta do E. de Felipe, não implica necessariamente que
Jesus era ou não casado com Maria Magdalena ou possuía relação sexual com ela.
“Koinonos” pode ser traduzido por “companheira”, “consorte”, “parceira”,
“amiga” e até “amante” como traduz Bart D. Ehrman em seu livro "Lost Scriptures:
Books that Did Not Make It into the New Testament". No entanto, a palavra “sua dual”
no texto “tefHutre” ⲧⲉϥϩⲱⲧⲣⲉ, implica em um relacionamento conjugal! Karen
King, professora de Hollis Professor of Divinity na Universidade de Harvard
atuando no campo do cristianismo primitivo, em um de seus artigos, explica essa
palavra contida no E. de Felipe da seguinte forma:
A palavra do grupo ϩⲱⲧⲣⲉ ("ligada, unida”) é usada geralmente para se referir a
relações sexuais e casamento, bem como especificamente para descrever a
unificação ritual no Evangelho de Filipe. Portanto, é plausível ler esta passagem
como uma referência de Jesus a Maria Madalena como "sua esposa" e "aquela
com quem ele se une", isto é, em casamento. (KING, Karen L. The Place of
the Gospel of Philip in the Context of Early Christian Claims about Jesus’s
Marital Status. New Testament Studies 59, no. 4: 565-587. Cambridge: Harvard
University, 2013. p. 12, tradução nossa)
Outra passagem do mesmo Evangelho é a seguinte:
ⲧⲥⲟⲫⲓⲁ ⲉⲧⲟⲩⲙⲟⲩⲧ̣[ⲉ ⲉⲣⲟ]ⲥ̣ ϫⲉ ⲧⲥⲧⲓⲣⲁ ⲛ̅ⲧⲟⲥ ⲧⲉ A Sabedoria que é chamada "estéril", é a
ⲧⲙⲁⲁ[ⲩ ⲛ̅ⲛ̅ⲁⲅ]ⲅ̣ⲉⲗⲟⲥ ⲁⲩⲱ̣ [ⲧ]ⲕⲟⲓ̣ⲛⲱⲛⲟⲥ mãe d[os an]jos. E [a] companheira do
ⲙ̅ⲡⲥ[... ⲙⲁ]ⲣ̣ⲓⲁ ⲧⲙⲁⲅ̣[ⲇⲁ]ⲗⲏⲛⲏ ⲛⲉⲣⲉ ⲡ.[..... ⲙⲉ] S[alvador, Ma]ria Magdalena. O S[alvador
ⲙ̣̅ⲙⲟ̣[ⲥ ⲛ̅]ϩⲟⲩⲟ ⲁⲙ̅ⲙⲁⲑⲏⲧ[ⲏⲥ ⲧⲏⲣⲟⲩ ⲁⲩⲱ a amava] mais do que [todos] os
ⲛⲉϥ]ⲁⲥⲡⲁⲍⲉ ⲙ̅ⲙⲟⲥ ⲁⲧⲉⲥ̣[...... ⲛ̅ϩⲁϩ] ⲛ̅ⲥⲟⲡ'
discípu[lo]s [e ele] beijava a sua [boca
muitas] vezes. Os outros [discípulos]...
ⲁⲡⲕⲉⲥⲉⲉⲡⲉ ⲙ̣̅[ⲙⲁⲑⲏⲧⲏⲥ ..].ⲉⲣⲟ.[.].[..]ⲙⲁ
Eles disseram para ele: "Por que você a
ⲡⲉϫⲁⲩ ⲛⲁϥ' ϫⲉ ⲉⲧⲃⲉ ⲟⲩ ⲕⲙⲉ ⲙ̅ⲙⲟⲥ ⲡⲁⲣⲁⲣⲟⲛ'
ama mais do que a nós?" O Salvador
ⲧⲏⲣⲛ̅ ⲁϥ'ⲟⲩⲱϣⲃ̅ ⲛ̅ϭⲓ ⲡⲥⲱⲧⲏⲣ' ⲡⲉϫⲁϥ ⲛⲁⲩ questionou-lhes: "Por que eu não vos amo
{ⲡⲉϫⲁϥ ⲛⲁⲩ} ϫⲉ ⲉⲧⲃⲉ ⲟⲩ ϯⲙⲉ ⲙ̅ⲙⲱⲧⲛ̅ ⲁⲛ' como a ela? Quando um cego e aquele que
ⲛ̅ⲧⲉⲥϩⲉ ⲟⲩⲃ̅ⲗⲗⲉ ⲙⲛ̅ ⲟⲩⲁ ⲉϥⲛⲁⲩ ⲉⲃⲟⲗ ⲉⲩϩⲙ̅ vê estão juntos nas trevas, eles não são
ⲡⲕⲁⲕⲉ ⲙ̅ⲡⲉⲥⲛⲁⲩ ⲥⲉϣⲟⲃⲉ ⲉⲛⲟⲩⲉⲣⲏⲩ ⲁⲛ diferentes um do outro. Quando a luz
ϩⲟⲧⲁⲛ' ⲉⲣϣⲁ ⲡⲟⲩⲟⲉⲓⲛ ⲉⲓ' ⲧⲟⲧⲉ ⲡⲉⲧⲛⲁⲃⲟⲗ' vem, então quem vê verá a luz, e quem é
ϥⲛⲁⲛⲁⲩ ⲉⲡⲟⲩⲟⲉⲓⲛ ⲁⲩⲱ ⲡⲉⲧⲟ ⲃ̅ⲃⲗ̅ⲗⲉ cego permanecerá nas trevas. Evangelho
ⲉϥⲛⲁϭⲱ ϩⲙ̅ ⲡⲕⲁⲕⲉ de Felipe, Logias 59 e 60.
Uma inscrição cristã do início do século II d.C, demonstra um certo paralelo
doutrinário do mesmo Evangelho de Felipe ao dizer:
[λου]τρὰ δ᾽ ἐμοὶ παστῶν δᾳδουχοῦσιν Para o meu banho, os irmãos da câmara nupcial
συ[νάδελφοι] [εἰλ]απίνας πεινοῦσιν ἐν carregam as tochas, [aqui] em nossos salões, eles
anseiam pelos [verdadeiros] banquetes, mesmo
ἡμετέρο[ισι δόμοισιν], [ὑμ]νοῦντες γενέτην
louvando o Pai e glorificando o Filho. Ali [com o Pai
καὶ υἱέα δοξάζον[τες] [πη]γῆς ἔνθα μόνης καὶ e o Filho] há a única fonte e fonte de verdade.
ἀληθείης ῥύ[σις ἔστιν] (Tradução nossa provinda da tradução de H.
Gregory Snyder "Bed, Bath, and Burial: NCE 156
Revisited,". JECS 23, 2015. p. 305-316)
Lembremo-nos das palavras iniciais de James Tabor no começo deste artigo,
quando ele diz que houve, já no proto-cristianismo gentílico, uma tentativa de
silenciar o papel da mulher e da família de Jesus na Comunidade dos primeiros fiéis.
No entanto, isso não ocorre nos textos apócrifos, como é o caso do Evangelho de
Tomé e o Pistis Sophia, entre outros. No Evangelho de Tomé, na Logia 114, temos
uma passagem que diz:
ⲡⲉϫⲉ ⲥⲓⲙⲱⲛ ⲡⲉⲧⲣⲟⲥ ⲛⲁⲩ ϫⲉ ⲙⲁⲣⲉ ⲙⲁⲣⲓϩⲁⲙ Disse Simão Pedro: “Tire de nosso meio
ⲉⲓ ⲉⲃⲟⲗ ⲛ̅ϩⲏⲧⲛ̅ ϫⲉ ⲛ̅ⲥϩⲓⲟⲙⲉ ⲙ̅ⲡϣⲁ ⲁⲛ' Mariam, pois as mulheres não são dignas
ⲙ̅ⲡⲱⲛϩ ⲡⲉϫⲉ <ⲓⲥ> ϫⲉ ⲉⲓⲥϩⲏⲏⲧⲉ ⲁⲛⲟⲕ' da vida!” Jesus lhe disse: “Eu mesmo a
ϯⲛⲁⲥⲱⲕ' ⲙ̅ⲙⲟⲥ ϫⲉⲕⲁⲁⲥ ⲉⲉⲓⲛⲁⲁⲥ ⲛ̅ϩⲟⲟⲩⲧ'
guiarei para torná-la macho, para que ela
também se torne um espírito vivo
ϣⲓⲛⲁ ⲉⲥⲛⲁϣⲱⲡⲉ ϩⲱⲱⲥ ⲛ̅ⲟⲩⲡ<ⲛⲁ> ⲉϥⲟⲛϩ
semelhante a vocês machos. Pois toda
ⲉϥⲉⲓⲛⲉ ⲙ̅ⲙⲱⲧⲛ̅ ⲛ̅ϩⲟⲟⲩⲧ ϫⲉ ⲥϩⲓⲙⲉ ⲛⲓⲙ' mulher que se tornar macho entrará no
ⲉⲥⲛⲁⲁⲥ ⲛ̅ϩⲟⲟⲩⲧ' ⲥⲛⲁⲃⲱⲕ' ⲉϩⲟⲩⲛ reino dos céus.” Evangelho de Tomé,
ⲉⲧⲙ<ⲛⲧ>ⲉⲣⲟ ⲛⲙ̅ⲡⲏⲩⲉ Logia 114.
Nas Homílias de Pistis Sophia, Maria Magdala recebe papel de destaque entre
os discípulos. Eis uma das várias passagens referentes a ela no texto:
... Ao terminar de dizer estas palavras a Jesus em meio aos discípulos, Maria
acrescentou: "Meu Senhor, esta é a interpretação do mistério do arrependimento
de Pistis Sophia." Quando Jesus ouviu essas palavras de Maria, disse-lhe:
"Excelente, Maria, abençoada, a plenitude, ou a plenitude de toda bênção, tu que
serás abençoada por todas as gerações... Pedro adiantou-se e disse a Jesus: "Meu
Senhor, nós não podemos agüentar esta mulher, pois ela tira a nossa
oportunidade e não deixa nenhum de nós falar, tendo falado várias vezes." Jesus
responde, dizendo a seus discípulos: "Aquele em quem o poder de seu Espírito
tiver aflorado, para que compreenda o que digo, adiante-se e fale. (Pistis Sophia
Livro 1:34,37 tradução de Raul Branco, 1997).
Em todo o texto de Pistis Sophia Maria Magdalena, ganha destaque e é quase
sempre o discipulo que mais consegue oportunidades para perguntar e responder
as perguntas de Jesus entre os outros discípulos e sempre é elogiada por ele por
responder muito bem suas perguntas. Já intitulado Evangelho de Maria Magdalena,
um texto também encontrado na Biblioteca de Nag Hammadi, Maria é o discipulo
que recebeu ensinamentos secretos de Jesus que nem mesmo os discípulos mais
próximos receberam e, novamente, ela é atacada verbalmente por Simão Pedro.
Levi o repreende dizendo que “se ele a preferiu do que a eles, quem seria ele a
questionar o Senhor?”.

Papyrus Oxy 655 - Gospel of Thomas Papyrus Nag Hammadi – Gospel of Philip
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns apologistas cristãos também argumentam “Os textos apócrifos não são
confiáveis, pois são datados do século II a III d.C”. Ora, todos os papiros do NT também
são datados do século II a III e os textos completos [Majoritários] são do século V
a VI d.C! Se seguirmos essa visão concluiremos que nenhum texto, nem apócrifo e
nem canônico, é confiável! Talvez digam “mas o evangelho de João é o mais antigo
provando a antiguidade dos outros textos canônicos”. Ora, vimos anteriormente
gamas de informações de que o E. segundo João provém de um texto proto-João,
cuja autoria seria possivelmente de Cerinto, um judeu nazareno-ebionita. O texto
do E. segundo João já chegou em nossas mãos reeditado com interpolações,
acréscimos e omissões. Um exemplo básico disso é o acréscimo “Pericope
Adulterae”, o acréscimo “Apêndice do capítulo 21” que já foi adicionado com
interpolações, visto que a evidência interna do E. segundo João nos indica que o
texto fora escrito, primordialmente, por Lázaro (João 11:3; João 11:5; João 11:36;
João 13:23) ou por seu pai, Simão o Leproso (Mateus 13:55; Mateus 26:6-7; Marcos
6:3; Marcos 14:3-4; Lucas 7:36-37; João 12:1-3; João 19:26; João 21:24), mas no
Capítulo 21 dá a entender que o discípulo amado é Pedro e daí nota-se a
interpolação (EDWARDS 2015, p. 171), visto que Pedro não é filho de Maria, a
mãe de Jesus (João 19:26).
Já aqui também notamos a grande probabilidade do “Casamento de Caná” ter
sido sim o casamento de Jesus com Maria Magdalena. Ora, o nome do noivo e da
noiva não é mencionado, como bem lembramos das palavras de James Tabor acerca
do “silenciamento da família do Senhor” já formulados no proto-cristianismo. A
probabilidade de Jesus ser o noivo é enorme, visto que sua mãe o interpela sobre o
vinho e o mesmo pensava que ainda “não era a hora dele” para dar “a outra
demanda de vinho”, o vinho inferior. Assim sendo, a fala do mestre-sala ao noivo
parece ser direcionada à Jesus quando diz“Todo o homem [Noivo] põe primeiro o
vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o
bom vinho”. Ora, essas palavras do mestre-sala não carregam somente uma frase,
mas uma evidência histórica de que o noivo era o responsável pelo vinho na cultura
judaica do segundo Templo e Jesus faz exatamente essa função do noivo ao
“transformar água em vinho”! Vimos nos textos apócrifos, a saber, o Pastor de
Hermas que estava no NT, que a Igreja é simbolizada pela “Torre” e, misticamente,
a “Igreja é a Noiva do Cristo”! Uma forte referência à Maria Magdalena.
Outras evidências são as do Evangelho de Felipe, Evangelho de Tomé e Pistis
Sophia que nos trazem uma Maria Magdalena ativa, dinâmica, com um papel mais
importante do que os outros discípulos. Assim como no Evangelho segundo João,
onde ela é a “Primeira Testemunha da Ressurreição” e a “líder da limpeza do corpo
de Jesus”, não precisamos ir tão longe de que estamos falando da própria esposa
de Jesus Cristo!
Para concluir, devemos lembrar que nos textos judaicos, Talmud e Zohar por
exemplo, não mencionam as mulheres dos rabinos, mas fica evidente que todos
eles tinham suas respectivas esposas. Assim também não se menciona sequer um
nome de alguma esposa dos apóstolos, mas fica também evidente que eles tinham
suas respectivas esposas, incluindo Jesus! Com todas essas fortes evidências fico
com a HISTÓRIA, e não com a ESTÓRIA religiosa.

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