Beethoven

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Beethoven (AFI: ? [ˈluːt.vɪç fan ˈbeːt.

hoːfən]; Bonn, batizado em 17 de dezembro de


1770[1] — Viena, 26 de março de 1827) foi um compositor alemão, do período de
transição entre o Classicismo (século XVIII) e o Romantismo (século XIX). É
considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento,
tanto da linguagem, como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras,
permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos
os tempos. "O resumo de sua obra é a liberdade," observou o crítico alemão Paul
Bekker (1882-1937), "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua
liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida".

Surdez em Viena

Beethoven em 1803

Foi em Viena que lhe surgiram os primeiros sintomas da sua grande tragédia. Foi-lhe
diagnosticado, por volta de 1796, tinha Ludwig os seus 26 anos de idade, a congestão
dos centros auditivos internos, o que lhe transtornou bastante o espírito, levando-o a
isolar-se e a grandes depressões.

Ó homens que me tendes em conta de rancoroso,


insociável e misantropo, como vos enganais. Não
conheceis as secretas razões que me forçam a parecer — Ludwig van
deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde Beethoven, in
a infância inclinados para o terno sentimento de carinho Testamento de
e sempre estive disposto a realizar generosas acções;
porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo
sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância Heilingenstadt, a 6 de
dos médicos. Outubro de 1802

Consultou vários médicos, inclusive o médico da corte de Viena. Fez curativos, realizou
balneoterapia, usou cornetas acústicas, mudou de ares; mas os seus ouvidos
permaneciam arrolhados. Desesperado, entrou em profunda crise depressiva e pensou
em suicidar-se.

Devo viver como um exilado. Se me acerco de um


grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo
receio que descubram meu triste estado. E assim vivi
este meio ano em que passei no campo. Mas que
humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som
longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o
canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes — Ludwig van
Beethoven, in
levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, Testamento de
por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha Heilingenstadt, a 6 de
existência. Só a arte me amparou! Outubro de 1802

Beethoven, por Joseph Mähler

Embora tenha feito muitas tentativas para se tratar, durante os anos seguintes, a doença
continuou a progredir e, aos 46 anos de idade (1816), estava praticamente surdo. Porém,
ao contrário do que muitos pensam, Ludwig jamais perdeu a audição por completo,
muito embora nos seus últimos anos de vida a tivesse perdido, condições que não o
impediram de acompanhar uma apresentação musical ou de perceber nuances
timbrísticas.

[editar] O gênio
No entanto, o seu verdadeiro gênio só foi realmente revisado com a publicação das suas
Op. 7 e Op. 10, entre 1796 e 1798: a sua Quarta Sonata para Piano em Mi Maior, e as
suas Quinta em Dó Menor, Sexta em Fá Maior e Sétima em Ré Maior Sonatas para
Piano.

Testamento de Heilingenstadt

Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº1 em Dó maior, Op. 21 faz a sua estreia em
Viena. Porém, no ano seguinte, confessa aos amigos que não está satisfeito com o que
tinha composto até então, e que tinha decidido seguir um novo caminho. Em 1802,
escreve o seu testamento, mais tarde revisto como O Testamento de Heilingenstadt,
por ter sido escrito na localidade austríaca de Heilingenstadt, então subúrbio de Viena,
dirigido aos seus dois irmãos vivos: Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774-1815) e
Nicolaus Johann van Beethoven (1776-1848).

Finalmente, entre 1802 e 1804, começa a trilhar aquele novo caminho que ambiciona,
com a apresentação de Sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, Op.55, intitulada de Eróica.
Uma obra sem precedentes na história da música sinfônica, considerada o início do
período Romântico, na Música Erudita. Os anos seguintes à Eroica foram de
extraordinária fertilidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a Sonata
para Piano nº 21 em Dó maior, Op.53, intitulada de Waldstein, entre 1803 e 1804); a
Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op.57, intitulada de Appassionata, entre 1804 e
1805; o Concerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op.58, em 1806; os Três Quartetos de
Cordas, Op.59, intitulados de Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em Si bemol
Maior, Op.60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op.61, entre
1806 e 1807; a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op.67, entre 1807 e 1808; a Sinfonia nº 6
em Fá maior, Op.68, intitulada de Pastoral, também entre 1807 e 1808; a Ópera
Fidelio, Op.72, cuja versão definitiva data de 1814; e o Concerto para Piano nº 5 em Mi
bemol Maior, Op.73, intitulado de Imperador, em 1809.

Ludwig escreveu ainda uma Abertura, música destinada a ilustrar uma peça teatral, uma
tragédia em cinco actos de Goethe: Egmont. E muito se conta do encontro entre Johann
Wolfgang von Goethe e Ludwig van Beethoven.

"Uma criatura completamente


indomável." — '''Johann Wolfgang von Goethe, sobre Ludwig
van Beethoven'

[editar] Crise criativa


Beethoven em 1815

Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimoniais e


problemas com a custódia do sobrinho levaram-no a uma crise criativa, que faria com
que durante esses anos ele escrevesse poucas obras importantes.

Neste espaço de tempo, escreve a Sinfonia nº 7 em Lá Maior, Op.92, entre 1811 e 1812,
a Sinfonia nº 8 em Fá Maior, Op.93, em 1812, e o Quarteto em Fá Menor, Op.95,
intitulado de Serioso, em 1810.

A partir de 1818, Ludwig, aparentemente recuperado, passou a compor mais


lentamente, mas com um vigor renovado. Surgem então algumas de suas maiores obras:
a Sonata nº 29 em Si bemol Maior, Op.106, intitulada de Hammerklavier, entre 1817 e
1818; a Sonata nº 30 em Mi Maior, Op.109 (1820); a Sonata nº 31 em Lá bemol Maior,
Op.110 (1820-1821); a Sonata nº 32 em Dó Menor, Op.111 (1820-1822); as Variações
Diabelli, Op.120 (1819.1823), a Missa Solemnis, Op.123 (1818-1822).

[editar] Derradeiros anos

A culminância destes anos foi a Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 (1822-1824), para


muitos a sua maior obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento
de uma sinfonia. O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à
Alegria", feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.

Alegria bebem todos os


seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os
maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até à morte;
Deu força para a vida aos
mais humildes
E ao querubim que se ergue — parte do verso da Ode à Alegria, de Friedrich
diante de Deus! Schiller, utilizado por Ludwig van Beethoven.

A obra de Beethoven refletiu em um avivamento cultural. Conforme o historiador Paul


Johnson, "Existia uma nova fé e Beethoven era o seu profeta. Não foi por acidente que,
aproximadamente na mesma época, as novas casas de espetáculo recebiam fachadas
parecidas com as dos templos, exaltando assim o status moral e cultural da sinfonia e da
música de câmara."

Os anos finais de Ludwig foram dedicados quase exclusivamente à composição de


Quartetos para Cordas. Foi nesse meio que ele produziu algumas de suas mais
profundas e visionárias obras, como o Quarteto em Mi bemol Maior, Op.127 (1822-
1825); o Quarteto em Si bemol Maior, Op.130 (1825-1826); o Quarteto em Dó
sustenido Menor, Op.131 (1826); o Quarteto em Lá Menor, Op.132 (1825); a Grande
Fuga, Op.133 (1825), que na época criou bastante indignação, pela sua realidade
praticamente abstrata; e o Quarteto em Fá Maior, Op.135 (1826).

De 1816 até 1827, ano da sua morte, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras
musicais. Sua influência na história da música foi imensa. Ao morrer, a 26 de Março de
1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia, assim como projectava escrever um
Requiem. Ao contrário de Mozart, que foi enterrado anonimamente em uma vala
comum (o que era o costume na época), 20.000 cidadãos vienenses enfileiraram-se nas
ruas para o funeral de Beethoven, em 29 de março de 1827. Franz Schubert, que morreu
no ano seguinte e foi enterrado ao lado de Beethoven, foi um dos portadores da tocha.
Depois de uma missa de réquiem na igreja da Santíssima Trindade
(Dreifaltigkeitskirche), Beethoven foi enterrado no cemitério Währing, a noroeste de
Viena. Seus restos mortais foram exumados para estudo, em 1862, sendo transferidos
em 1888 para o Cemitério Central de Viena.[5]

Há controvérsias sobre a causa da morte de Beethoven, sendo citados cirrose alcoólica,


sífilis, hepatite infecciosa, envenenamento, sarcoidose e doença de Whipple.[6] [7]
Amigos e visitantes, antes e após a sua morte haviam cortado cachos de seus cabelos,
alguns dos quais foram preservadas e submetidos a análises adicionais, assim como
fragmentos do crânio removido durante a exumação em 1862.[8] Algumas dessas
análises têm levado a afirmações controversas de que Beethoven foi acidentalmente
levado à morte por envenenamento devido a doses excessivas de chumbo à base de
tratamentos administrados sob as instruções do seu médico.[9][10][11]

[editar] Vida artística, síntese

Estúdio de Beethoven em 1827 por J.N. Hoechle.


A sua vida artística poderá ser dividida - o que é tradicionalmente aceitado desde o
estudo, publicado em 1854, de Wilhelm von Lenz - em três fases: a mudança para
Viena, em 1792, quando alcança a fama de brilhantíssimo improvisador ao piano; por
volta de 1794, se inicia a redução da sua acuidade auditiva, fato que o leva a pensar em
suicídio; os últimos dez anos de sua vida, quando fica praticamente surdo, e passa a
escrever obras de carácter mais abstrato.

Em 1801, Beethoven afirma não estar satisfeito com o que compôs até então, decidindo
tomar um "novo caminho". Dois anos depois, em 1803, surge o grande fruto desse
"novo caminho": a sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, apelidada de "Eroica", cuja
dedicatória a Napoleão Bonaparte foi retirada com alguma polémica. A sinfonia Eroica
era duas vezes mais longa que qualquer sinfonia escrita até então.

Em 1808, surge a Sinfonia nº5 em Dó menor (sua tonalidade preferida), cujo famoso
tema da abertura foi considerado por muitos como uma evidência da sua loucura.

Em 1814, na segunda fase, Beethoven já era reconhecido como o maior compositor do


século.[carece de fontes?]

Em 1824, surge a Sinfonia nº9 em Ré Menor. Pela primeira vez na história da música, é
inserido um coral numa sinfonia, inserida a voz humana como exaltação dionisíaca da
fraternidade universal, com o apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a música.

Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de
Beethoven a música nunca mais foi a mesma[carece de fontes?]. As suas composições eram
criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas.
Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo
dramático e pela liberdade de expressão. Foi sempre condicionado pelo equilíbrio, pelo
amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários[carece de fontes?]. Inaugura, portanto, a
tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem estar vinculado a um
príncipe ou a um nobre. Hoje em dia muitos críticos o consideram como o maior
compositor do século XIX, a quem se deve a inauguração do período Romântico,
enquanto que outros o distinguem como um dos poucos homens que merecem a
adjetivação de "gênio".

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