2° ANO (1° Bimestre)

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FILOSOFIA

Pedro

AULA 01: Introdução

1. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein, de Danilo


Marcondes

Primeiro passo em ciências humanas, acredito: aprender a contextualizar.


Danilo Marcondes, professor de Filosofia no Rio de Janeiro, é uma boa indicação para
quem pretende se iniciar no estudo da filosofia, sobretudo para começar a aprender sua
contextualização histórica, seus autores e obras.

2. Coleção Os Pensadores

A Coleção Os Pensadores, publicada em 56 volumes entre 1973 e 1975, marca


uma nova etapa da Filosofia no Brasil, pois a partir dela fica disponível em língua
portuguesa um volume expressivo de textos de autores da tradição filosófica
europeia-ocidental, como Platão, Aristóteles, Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino,
René Descartes, Immanuel Kant, Friederich Hegel, Karl Marx, Friederich Nietzsche,
Sigmund Freud, dentre outros.

3. Década de 1970: anos de chumbo

Os anos de chumbo podem ser considerados como a década mais violenta da


Guerra Fria, pois nela se intensificaram golpes militares na América Latina e conflitos
armados ao redor do mundo. A Guerra Fria, por sua vez, é uma ordem geopolítica
marcada por uma bipolaridade, a disputa pela hegemonia global entre o bloco ocidental-
liberal liderado pelos EUA (Estados Unidos) e o bloco oriental-estatal liderado pela
URSS (União Soviética). Sua origem precisa ser buscada na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), na qual dois fatos se sobressaem e exigem reflexão crítica: o
antissemitismo nazista que culminou nos campos de concentração e extermínio do
povo judeu (povo semita); o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e
Nagasaki, no Japão.

Referências:

Walter Benjamin, Sobre o conceito de história (1940).


Günter Anders, Teses para a era atômica (1962).
Giorgio Agamben, Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I (1995).
FILOSOFIA
Pedro

AULA 02: Cultura e Política no Brasil nas décadas de 1950, 1960 e 1970

Roberto Schwarz, Cultura e Política: 1964-19691

Roberto Schawrz é professor universitário de Teoria Literária aposentado pela


UNICAMP, sendo a crítica literária sua principal área de atuação. Ficou conhecido por
ter levado adiante as contribuições de Antonio Candido (1918-2017), o autor de
Formação da literatura brasileira (1957), livro fundamental no debate social e literário
brasileiro e que tem como principal objetivo apresentar a “história dos brasileiros no
seu desejo de ter uma literatura”. Na obra de Schawrz, a passagem de José de
Alencar (1829-1877) a Machado de Assis (1839-1908), considerados como ponto
culminante da nossa literatura no século XIX, se torna ao mesmo tempo o principal
tema para a investigação de nossa formação social, pois é no âmbito da Literatura
que vivemos um momento decisivo de nossa autoconsciência2 nacional.
O texto “Cultura e Política: 1964-1969”, de Roberto Schwarz, escrito em seu
exílio na França, em 1970, tem como tema central o conflito entre as esferas da
cultura e da política no entorno dos cinco primeiros anos do regime civil-militar.
Sua indicação geral é de uma situação política cuja hegemonia se encontra à direita
e uma situação cultural cuja hegemonia se encontra à esquerda. Dizer isso não
significa fechar o assunto, ao contrário, esse é apenas o ponto de partida do debate.
Segue abaixo as referências básicas para esse conflito entre cultura e política em torno
dos anos de 1960:

1. Há uma hegemonia política de direita

São decretados dezessete atos institucionais (AI) entre 1964 e 1969, com o
objetivo de legitimar a violência instaurada pela ditadura civil-militar no Brasil.

2. Há uma hegemonia cultural de esquerda

a) Poesia concreta ou concretismo (Literatura)


Exemplo: Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar. Esse poema de Gullar não
é concretista, mas seu autor debateu diretamente com o movimento.
b) Tropicalismo (Música)
Exemplo: O álbum Tropicalia ou Panis et Circencis (1968).
c) Cinema novo (Cinema)
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Gláuber Rocha.
d) Teatro do oprimido e Teatro oficina (Teatro)
e) A Coleção Os Pensadores pode ser considerada dentro de um
acontecimento cultural mais à esquerda, pois democratiza o acesso a textos
de filosofia em língua portuguesa.

1
SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
2
Autoconsciência pode significar o grau de consciência que temos acerca dos nossos problemas
sociais, econômicos, políticos e culturais em um dado momento da história.
FILOSOFIA
Pedro

AULA 03: Revisão do conteúdo do 1° ano (primeira parte)

Filosofia antiga e medieval

1. O conteúdo de Filosofia anterior ao período moderno vai do poeta grego


Homero, responsável por duas epopeias, a Ilíada e a Odisseia, até o final da
chamada Idade Média com a escolástica de São Tomás de Aquino. Portanto,
do século XIII a. C., marcado pela Guerra de Troia, ao século XIII d. C., marcado
pela sistematização teórica da doutrina cristã por Tomás de Aquino em sua obra
Suma Teológica. Vinte e seis séculos, dois mil e seiscentos anos.

2. Podemos resumir todo esse período em duas etapas: período antigo e medieval.
O período antigo vai de Homero ao Helenismo. O período medieval,
filosoficamente, se inicia com o Cristianismo – de religião perseguida no tempo
de Nero à condição de religião oficial do Império Romano com Constantino no
século IV d. C. (a partir dos Editos de Milão e da Tessalônica)3 – e tem dois
principais padres da Igreja ou teólogos: o primeiro, Agostinho de Hipona ou
Santo Agostinho, que viveu entre os séculos IV e V d. C. e cuja corrente
teológico-filosófica foi chamada de Patrística, tinha como primado a fé: “Se
não crerdes, não entendereis” (Isaías, 7:9)4; o segundo, Tomás de Aquino, que
viveu no século XIII d. C. e cuja corrente teológico-filosófica foi chamada de
Escolástica, tinha como primado a razão: apresentou cinco vias (quinque viis)
para a demonstração racional da existência de Deus.

3. Trecho de Agostinho de Hipona no livro A Trindade: “A fé busca, o entendimento


encontra; por isso diz o profeta: Se não crerdes, não entendereis (Isaías, 7:9).
Do outro lado, o entendimento prossegue buscando aquilo que a fé encontrou,
pois, Deus olha do céu para os filhos dos homens, como é cantado no salmo
sagrado: para ver se há alguém que tenha inteligência e busque a Deus (Salmos,
13:2). Logo, é para isto que o homem deve ser inteligente: para buscar a
Deus” (AGOSTINHO, De Trinitate ou A Trindade).

3
Helena, mãe do Imperador Constantino, converteu-se do paganismo ao cristianismo e foi figura
central nessa mudança.
4
Nisi credideritis, non intelligetis.
ANEXO: Trecho do diálogo O Banquete, de Platão

“Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais


se encontrava também o filho de Prudência, Recurso [ou Poros]. Depois que
acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza [ou Penia], e ficou
pela porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar – pois vinho ainda não havia
– penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando
em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e
pronto concebe o Amor [ou Eros]. Eis por que ficou companheiro e servo de
Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza
amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de
Recurso e Pobreza5 foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é
sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas
é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao
desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre
convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é
belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer
maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida,
terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no
mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo
ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de
modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim como também
está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se dá.
Nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio – pois já é –, assim como se alguém
mais é sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser
sábios; pois é nisso mesmo que está o difícil da ignorância, no pensar, quem não
é um homem distinto e gentil, nem inteligente, que lhe basta assim. Não deseja
portanto quem não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser
preciso”. (Platão, O Banquete: 203b – 204a).

Referência:

PLATÃO. Banquete, Fédon, Sofista e Político. [Tradução José Cavalcante de


Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa] Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova
Cultural, 1991.

5
Eros, no texto de Platão, é apresentado como filho de Poros e Penia, do Recurso e da Pobreza,
da abundância e da escassez.
FILOSOFIA
Pedro

Aula 04: Revisão do conteúdo do 1° ano (segunda parte)

Filosofia grega

1. A Filosofia grega se inicia nas colônias com Tales de Mileto (VII a. C.), com a
proposição da água como primeiro princípio da natureza ou como arqué da
physis6. O período que se inicia com Tales foi chamado de pré-socrático e
seus filósofos foram chamadas de fisiocratas (pois tratavam da physis, esse o
seu conceito de física, de natureza), como Parmênides (o ser é eterno e
imutável), Heráclito (o ser é constante devir), Pitágoras (a matemática como
fundamento da natureza) e Demócrito (o átomo como primeiro princípio da
natureza), dentre outros.

2. O período da filosofia grega que se inicia com Sócrates (V a. C.) foi chamado de
clássico e foi contemporâneo da democracia ateniense. Nesse período, o
principal tema da filosofia não é a natureza (physis), mas a cultura (ethos). Os
debates giram em torno de conceitos como bem, virtude, felicidade, justiça,
beleza, verdade, opinião7. Esses debates acontecem, inicialmente, entre
Sócrates e os Sofistas8. Para Sócrates, esses conceitos possuem valor
universal ou absoluto, ou seja, subsistem de modo independente das
convenções culturais. Para os Sofistas, esses conceitos possuem valor
particular ou relativo, ou seja, dependem das convenções culturais: “o homem
é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Platão (V a. C.) foi discípulo de
Sócrates e sua filosofia é uma teoria das ideias, que significam forma; seus
diálogos (método dialético), como A República, O Banquete, Fédon, giram em
torno da tentativa de conceituar a ideia de justiça (que vá além do domínio do
mais forte), de amor (Eros ou desejo), de alma e seu modo de conhecer (teoria
da reminiscência ou rememoração). Aristóteles (IV a. C.) foi discípulo de Platão
e escreveu tratados sobre diversos temas; um deles está no livro Ética a
Nicômaco, cujo tema é a felicidade (eudaimonia), alcançável mediante a virtude,
que foi definida por ele como um meio-termo entre o excesso e a falta; outro
deles está no livro Metafísica, que apresenta sua teoria das quatro causas: causa
formal, material, final e eficiente, ou seja, todo ser, tudo que existe, possui
matéria, forma, finalidade e um agente que o fez nascer.

3. O período da filosofia grega que se inicia com o declínio da cidade-estado ou


pólis grega, derrotada para o Império Persa e Macedônico (IV a. C.), foi chamado
de helenístico. Esse período é marcado pela derrota política e militar do
povo grego (conhecidos como helenos) e, ao mesmo tempo, pela sua
influência cultural. São quatro as principais correntes filosóficas do período
helenístico: Estoicismo, Epicurismo, Ceticismo, Cinismo. Devido à perda de

6
Arqué significa começo ou princípio. Physis significa natureza.
7
Bem, virtude e felicidade são temas da Ética. Justiça é tema da Política. Beleza é tema da
Estética. Verdade e opinião são temas da Teoria do Conhecimento.
8
Professores de retórica.
autonomia política das cidades gregas (como Atenas e Esparta), o principal
assunto dessas correntes filosóficas não é a fundação de uma cidade justa
(principal tema do período clássico), mas como conseguir a tranquilidade da
alma ou ataraxia. Para os estoicos, como Zenão, essa tranquilidade da alma
seria conquistada mediante a apatheia ou indiferença. Para os epicuristas, os
discípulos de Epicuro, mediante a moderação dos prazeres; para os céticos,
como Pirro, mediante a epoché ou suspensão do juízo; e para os cínicos, como
Diógenes, o despojamento material seria a principal via. Segue abaixo um
pequeno resumo:

Estoicismo: como manter-se imperturbável sabendo distinguir


o que se pode evitar do que é inevitável.
Epicurismo: prazer e dor são o ponto de partida de qualquer
ética; é preciso saber moderar os prazeres.
Ceticismo: o dogmatismo é uma espécie de adoecimento da
alma; para manter a alma imperturbável diante de temas sem
resolução, os céticos propõem a suspensão do juízo (epoché).
Cinismo: tendo como modelo o cachorro (kynós), o cinismo
considerou a civilização a principal causa do mal-estar.
FILOSOFIA
Pedro

AULA 05: Introdução à modernidade

1. Existem ao menos três caminhos para se começar a compreender a chamada


modernidade: acumulação primitiva de capital, reforma protestante e
revolução científica. Karl Marx, no seu livro O capital (1867), chamou de
acumulação primitiva três fenômenos que propiciaram o surgimento do
capitalismo: a expropriação de camponeses, o desenvolvimento da grande
indústria e a acumulação de minério nas colônias. Max Weber, no seu livro
A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904), aponta como a reforma
protestante readaptou os valores culturais ao capitalismo em ascensão: o
protestantismo passou a considerar o sucesso material não mais como um
pecado, mas como uma benção, uma predestinação; assim, o sujeito moderno
passa a entender a acumulação de riqueza como um valor moral.

2. A revolução científica moderna começa se opondo ao paradigma cosmológico


herdado de Cláudio Ptolomeu (séc. II), o Geocentrismo, contido em seu livro
Almagesto ou O grande tratado: basicamente, o geocentrismo é a concepção da
Terra como centro fixo do universo conhecido, essa concepção perdurou até o
final da Idade Média. Nicolau Copérnico (Polônia, XVI), no seu livro Das
revoluções dos corpos celestes (1543), propõe que o Sol, e não a Terra, é o
centro fixo do mundo conhecido até aquele momento, o que ficou conhecido
como Heliocentrismo. De Johannes Kepler (Alemanha, XVII), autor da obra
Harmonia do mundo (1619), podemos lembrar sua teoria da elipse (1° Lei de
Kepler), ou seja, o movimento dos orbes celestes não forma um círculo perfeito,
mas um círculo excêntrico, isto é, com o Sol um pouco afastado do centro.
Galileu Galilei9 (Itália, XVII), autor de O mensageiro das estrelas (1610), não foi
o inventor do telescópio, mas deu grandes passos com seu uso na física
experimental, por exemplo, na sua observação das luas do planeta Júpiter.
Giordano Bruno (Itália, XVII), autor do livro Sobre o infinito, o universo e os
mundos (1584), não teve a mesma sorte de Galileu, passou dez anos preso e
terminou queimado como herege; sua principal contribuição foi pensar a
impossibilidade de conceber um universo finito, concebendo-o como infinito e
composto por incontáveis sistemas solares.

Observação: O conteúdo do 1° bimestre se encontra na leitura do livro Iniciação à


história da filosofia, de Danilo Marcondes, da página 141 à página 163: As origens do
pensamento moderno e a ideia de modernidade.

9
Em 1633, Galileu foi obrigado a renegar diante da Inquisição a ideia de que a Terra gira em
torno do Sol. Isso se deu porque seus experimentos com telescópio traziam evidências para a
teoria heliocêntrica e se confrontavam com uma má tradução e interpretação do seguinte trecho
da Bíblia: “Deus colocou a Terra em suas fundações, para que nunca se mova” (Salmos, 104:5).
Galileu teve de renegar diante do tribunal da Inquisição, mas conta-se que murmurou: Eppur si
muove – No entanto se move.
FILOSOFIA
Pedro

AVALIAÇÃO
Escolha 2 questões
Escreva a pergunta e sua resposta no caderno
Responda usando apenas 5 linhas

1. Em relação à Aula 01, qual a principal contribuição da publicação da Coleção Os


Pensadores para a Filosofia no Brasil? Comente.

2. Em relação à Aula 02, qual a contradição entre cultura e política apontada pelo
professor Roberto Schwarz em seu texto Cultura e Política: 1964-1969?
Comente.

3. Em relação à Aula 03, qual o primado do pensamento de Santo Agostinho?


Comente.

4. Em relação à Aula 04, qual a principal diferença entre o pensamento de Sócrates


e dos Sofistas? Comente.

5. Em relação à Aula 05, quais são as três questões básicas para se começar a
compreender a modernidade? Escolha uma e comente.

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