Interpretação de Hemogramas em Medicina Veterinária
Interpretação de Hemogramas em Medicina Veterinária
Interpretação de Hemogramas em Medicina Veterinária
Portal Educação
CURSO DE
INTERPRETAÇÃO DE HEMOGRAMA
EM MEDICINA VETERINÁRIA
Aluno:
63
CURSO DE
INTERPRETAÇÃO DE HEMOGRAMA
EM MEDICINA VETERINÁRIA
MÓDULO II
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MÓDULO II
5 LEUCÓCITOS
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segmentações, sendo chamados de neutrófilos hipersegmentados.
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FIGURA 17 - EOSINÓFILO DE GATO (WRIGHT MODIFICADO, 100X)
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FIGURA 39 - BASÓFILO DE BOVINO (B) E ERITRÓCITO PARASITADO POR
ANAPLASMA MARGINALE À DIREITA
68
FIGURA 41 - MONÓCITO DE CÃO (WRIGHT MODIFICADO, 100X)
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FIGURA 43 - LINFÓCITO DE BOVINO
5.1 LEUCOCITOPOESE
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Na medula óssea, as células precursoras dos leucócitos são divididas em
duas populações. A primeira é formada por células que sofrem mitose e a segunda
por aquelas que já não se dividem mais e apenas passam por processos de
amadurecimento, sendo chamadas de população ou compartimento de reserva. Na
leucocitopoese, a UFC-MM dá origem ao mieloblasto e ao monoblasto. O
mieloblasto é a primeira célula da granulopoese, ou seja, o processo de formação e
amadurecimento dos granulócitos. As etapas deste processo, que demora em média
sete dias, são:
Mieloblasto (Figura 45): célula de citoplasma azulado, ainda sem a
presença de grânulos e com nucléolos evidentes em seu núcleo, que
possui formato arredondado.
71
FIGURA 46 - PROMIELÓCITO EM ESFREGAÇO SANGUÍNEO DE CÃO (WRIGHT
MODIFICADO, 100X)
72
FIGURA 48 - MEDULA ÓSSEA DE SUÍNO: MEGACARIÓCITO (M),
METARRUBRÓCITOS (MR), MIELÓCITOS (MI), METAMIELÓCITO (MT),
BASTÕES (B), SEGMENTADOS (S) E PLAQUETAS (P)
73
Bastão (Figura 50): o núcleo do metamielócito se torna mais delgado,
com chanfradura mais acentuada, laterais paralelas, semelhante à forma
da letra C, mas ainda não se segmenta, sendo chamado de bastonete
ou granulócito em bastão. Na medula óssea, compõem o pool ou
população de maturação.
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leucocitária permanece no interior da medula óssea. Normalmente, a quantidade de
neutrófilos produzidos pela medula óssea é equivalente à migração destas células
para os tecidos, havendo um controle fisiológico e patológico sobre o processo. Este
controle é exercido por meio das seguintes substâncias: fator estimulante de colônia
(FEC), glicoproteína estimuladora de mitoses, sintetizada por macrófagos, leucócitos
e células endoteliais; anticalone, substância presente no soro e que também
estimula as mitoses; prostaglandina I2 (PGI2) e lítio, estimuladores da granulopoese;
fator inibidor de colônia (FIC), que age inibindo o FEC; calone, produzido pelos
segmentados, inibe o anticalone e consequentemente as mitoses; e prostaglandina
E1 (PGE1), prostaglandina E2 (PGE2) e lactoferrina, que inibem a granulopoese.
Na corrente sanguínea, os leucócitos formam duas populações distintas, a
população marginal, que se encontra aderida à parede dos vasos sanguíneos e
migra a uma velocidade mais lenta; e a população circulante, que migra a uma
velocidade maior, juntamente ao plasma e aos eritrócitos. Em cães, bovinos,
equinos e seres humanos, o número de células no compartimento marginal e no
compartimento circulante são equivalentes, enquanto no gato, a população marginal
é duas a três vezes maior do que a circulante.
Diferentemente dos demais leucócitos, a formação de linfócitos, denominada
linfopoese ou linfocitopoese, não ocorre no interior da medula óssea. Uma célula
originária da célula-tronco, e que não segue a linhagem mielomonocítica, migra para
o timo, onde sofre uma diferenciação, e em seguida migra novamente para os
demais órgãos linfáticos, nos quais origina uma população de linfócitos timo-
dependentes, os chamados linfócitos T.
Outra célula originária da célula-tronco migra para a bolsa de Fabrício (nas
aves), sofre uma diferenciação, de onde segue para os outros órgãos linfáticos,
formando a população de células B ou bolsa-dependentes. Nos mamíferos, ainda
não está claro qual é o órgão que corresponde à bolsa, e para alguns autores é
provável que este nem exista, sendo que a diferenciação dos linfócitos B ocorreria
dentro da própria medula óssea.
Uma diferença dos demais leucócitos é o fato de que os linfócitos podem
entrar e sair da corrente sanguínea mais de uma vez, e sua vida média é
significativamente mais longa que a deles. Outra especificidade é que mesmo depois
de maduros, os linfócitos podem retornar a blastos e se dividir, aumentando a
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população; isto ocorre especialmente nos casos em que há estimulação destas
células a partir de determinados antígenos.
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grânulos, em relação aos primeiros. Raramente, os macrófagos são
vistos em esfregaços sanguíneos, o que pode ocorrer em doenças como
erlichiose canina, leishmaniose e histoplasmose.
Linfócitos: compõem a primeira linha de defesa imunológica contra
infecções e podem ser de dois tipos, B e T. Os linfócitos T circulam entre
os sistemas sanguíneo e linfático, produzindo substâncias citotóxicas e
mediadoras do processo inflamatório, enquanto os linfócitos B
permanecem mais fixos, especialmente nos tecidos linfoides, produzindo
os anticorpos.
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Os leucócitos chegam ao foco do processo inflamatório por diapedese, isto
é, passando por espaços entre as células endoteliais da parede dos vasos
sanguíneos. Para isso são necessárias substâncias que atraem estas células para o
foco inflamatório, tais como componentes do sistema complemento, especialmente
C5, eosina, produtos de bactérias, complexos antígeno-anticorpo e inclusive os
detritos de neutrófilos que já morreram.
Os neutrófilos são geralmente os mais mobilizados nos processos
inflamatórios; dos quais os primeiros a migrarem são aqueles que se encontram na
população marginal dos vasos, depois os do compartimento de reserva da medula
óssea e por fim, os do compartimento mitótico da medula, o que pode desencadear
a liberação de células ainda imaturas na corrente sanguínea.
Um neutrófilo maduro permanece entre seis e quatorze horas na circulação,
antes de migrar para o processo inflamatório. Ali, após sua ação fagocítica, os
neutrófilos são destruídos tanto pela ação de toxinas liberadas pelos agentes
fagocitados como pelas substâncias presentes no próprio vacúolo citoplasmático
onde retém o agente, chamado fagossoma. Esta fase é considerada aguda no
processo inflamatório.
Após a fase aguda, é o momento da atuação dos linfócitos, que
anteriormente tinham dificuldade de acessar o foco da inflamação pela presença de
corticosteroides, que atuam como linfodepressores. Os linfócitos são estimulados
conforme o antígeno presente no foco, isto é se o antígeno induz resposta
imunológica tipo T, estes linfócitos migrarão, já se o antígeno é imunogênico para
linfócitos B, estes também serão atraídos, porém sempre em menor número, visto
que a atuação dos linfócitos B é muito mais sistêmica do que localizada.
Praticamente em conjunto à chegada dos linfócitos, também ocorre a
chegada dos monócitos ao sítio da inflamação. Nos tecidos, os monócitos
diferenciam-se em macrófagos e agem sobre as partículas maiores e restos
celulares, como dito anteriormente. Assim, o aumento do número de monócitos
circulantes geralmente está relacionado ao término da fase crítica da inflamação.
Quanto aos eosinófilos, estes estão geralmente ausentes na fase aguda da
inflamação, sendo mais frequentes com o passar do tempo ou ainda em processos
inflamatórios desencadeados por alérgenos (reação de hipersensibilidade) e
parasitas, especialmente os que agridem tecidos. Os basófilos são raros, tanto na
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corrente sanguínea como na inflamação, sendo sua presença considerada rara, mas
geralmente estimulada pela presença dos eosinófilos.
6 LEUCOPENIA E LEUCOCITOSE
7 NEUTROFILIA
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durante taquicardia paroxística. Estas situações comumente provocam a liberação
de adrenalina, que age diminuindo a adesividade dos neutrófilos à parede do
endotélio. A neutrofilia fisiológica geralmente se mantém por três a quatro horas,
com um incremento de até 80% na quantidade de neutrófilos circulantes, e devido à
ausência de mobilização da medula óssea, não ocorre desvio nuclear à esquerda.
Um segundo tipo de neutrofilia inclui aquelas induzidas pelos corticoides. A
liberação endógena de corticoides estabiliza a membrana destas células, impedindo
sua migração aos focos de processo inflamatório, contudo, o estímulo à medula
óssea permanece e células do pool de reserva são mobilizadas para o sangue,
alguns bastões também podem ser mobilizados produzindo desvio à esquerda
regenerativo leve.
A ação conjunta destes dois mecanismos provoca um aumento do número
de neutrófilos circulantes, que geralmente leva à neutrofilia por 12 a 24 horas. Nas
condições em que o nível de estresse se mantém por longos períodos, a neutrofilia
tende a se tornar menos intensa com o passar do tempo, especialmente devido ao
esgotamento da medula óssea. As situações em que este tipo de neutrofilia ocorre
são:
Dor,
Trauma, inclusive reticulopericardite traumática em bovinos;
Anestesia;
Pós-operatório, que não deve ser confundido com infecção pós-cirúrgica;
Intoxicações metabólicas, como uremia, acidose metabólica ou diabética
e eclâmpsia, hipocalcemia puerperal (Febre do Leite);
Gota úrica (excesso de ácido úrico);
Deslocamento do abomaso;
Reações de hipersensibilidade ou neoplasias malignas.
80
Bactérias como Staphylococcus, Streptococcus, Pseudomonas,
Pasteurella, Corynebacterium, Sphaerophorus, entre outras;
Infecções por Clostridium, como C. sordelli, C. botulinum;
Raiva, na fase inicial da doença. Obs: nas demais viroses geralmente
ocorre neutropenia na fase inicial e a neutrofilia somente ocorre quando
há infecções bacterianas secundárias;
Piometra canina (empiema uterino);
Envenenamentos por fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico, estrógeno,
digitalina e venenos de artrópodes peçonhentos;
Fase inicial da regeneração de hemorragias: o estímulo da medula
óssea para produção de eritrócitos pode ser acompanhado pela
produção de neutrófilos, que leva à neutrofilia, e também ocorre nas
anemias hemolíticas;
Necrose em órgãos como miocárdio, pâncreas, rins, fígado e tubo
digestivo;
Leucemia granulocítica, na qual ocorre elevação do número de
neutrófilos maduros e também de seus precursores;
Enfermidades imunomediadas;
Queimaduras;
Doenças do colágeno;
Outras causas, como neutrofilia idiopática crônica.
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bovinos, raramente apresentarão contagens de 30 mil neutrófilos/mm3 de sangue,
apenas em situações extremas. Essa diferença de resposta entre espécies também
tem relação com a proporção de neutrófilo: linfócito presente em cada uma delas.
A localização do processo inflamatório permite a afirmação seguinte:
quanto mais localizado (focal) o processo inflamatório, mais intensa será a
neutrofilia, enquanto mais generalizado o processo menor a neutrofilia será. Assim,
piometra e abscessos acarretam neutrofilias muito mais intensas do que uma
septicemia, por exemplo. E quanto ao agente é observado que bactérias gram-
positivas determinam neutrofilia mais intensa do que as bactérias gram-negativas, e
de modo geral, todas as bactérias determinam maior neutrofilia do que os vírus.
8 NEUTROPENIA
82
aparecimento de regeneratividade, isto é, a liberação de células jovens da medula
para a corrente sanguínea. Por isso, a neutropenia pode ser regenerativa ou não.
No caso da neutropenia regenerativa, a lógica é a mesma das anemias
regenerativas, ou seja, há redução de número de neutrófilos maduros, porém há
presença de células jovens indicando resposta efetiva da medula óssea com
instalação de hiperplasia granulocítica. Por outro lado, a neutrofilia sem sinais de
regeneratividade pode representar a estafa da medula óssea, ou seja, uma
hipoplasia, o que em termos de prognóstico é muito ruim.
Além da estafa também pode ocorrer ineficácia da medula, produzindo
neutrófilos incapazes de realizar fagocitose ou até mesmo células neoplásicas, que
ficam retidas na própria medula óssea. Clinicamente não será possível distinguir tais
formas de neutropenia, sendo necessária a análise da medula óssea para tal.
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uma anemia arregenerativa, por exemplo;
Cirrose hepática com esplenomegalia e lúpus eritematoso;
Estados de debilidade e caquexia;
Estágios iniciais de reações contra proteínas estranhas;
Neutropenia cíclica, neutropenia hipoplásica, agranulocitose infantil e
neutropenia esplênica primária, todas hereditárias e bastante raras.
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repor estes números ou por alguma interferência direta na medula óssea
que prejudica o processo de maturação destes segmentados; em
qualquer um dos casos, o prognóstico não é bom e deve ser
considerado de reservado a ruim.
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10 EOSINOFILIA
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crescimento), neoplasias acompanhadas de metástases, irradiação,
artrites, sarcoidose, envenenamentos, anomalia hereditária, e Síndrome
Hipereosinofílico, descrita em humanos e gatos, de causa desconhecida.
11 EOSINOPENIA OU ANEOSINOFILIA
12 BASOFILIA
87
13 MONOCITOSE
88
A monocitopenia, por sua vez, não possui significado clínico, por isso não
será abordada em capítulo específico.
14 LINFOCITOSE
89
locais ou generalizadas dos órgãos linfáticos e são acompanhadas pro
linfocitose.
15 LINFOPENIA
90
16 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS LEUCÓCITOS
DNNE
91
Citados anteriormente no desvio nuclear de neutrófilos à direita ou DNND, a
presença destes neutrófilos com núcleo hipersegmentado, com mais de cinco
segmentos, também chamados de polilobócitos, deve-se à ação de agentes como
corticoides, que prejudicam a diapedese destas células fazendo com que elas
envelheçam dentro da corrente sanguínea.
Em geral, a presença de neutrófilos hipersegmentados associada à
leucocitose refere-se à presença de corticoide endógeno ou, principalmente,
administração de corticoide exógeno. E quando os neutrófilos hipersegmentados
estão presentes em animais sem leucocitose ou com leucopenia, é possível que já
tenha se instalado um esgotamento da medula óssea.
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FIGURA 52 - LINFÓCITO (1) E NEUTRÓFILO (2) COM CORPÚSCULO DE BARR
EVIDENTE (3) EM SANGUE DE CAVALO
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17.2 ALTERAÇÕES TÓXICAS
FIGURA 54. Esfregaço de sangue periférico mostrando dois bastões (B) e um neutrófilo (S) ao centro.
Os bastões apresentam basofilia e vacuolização tóxica no citoplasma (Garcia-Navarro, 2005).
94
Vacuolização tóxica (Figura 56)
Granulações tóxicas
95
17.3 INCLUSÕES INTRANEUTRÓFILOS
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FIGURA 57 - FORMAS AMASTIGOTAS DE LEISHMANIA SP NO INTERIOR DE
NEUTRÓFILO DE CÃO
97
FIGURA 59 - CORPÚSCULOS DE SINEGAGLIA-LENTZ EM NEUTRÓFILOS
98
19 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS LINFÓCITOS
99
FIGURA 62 - CORPÚSCULO DE LENTZ EM LINFÓCITO
Outras alterações morfológicas que podem ser vistas nos linfócitos são as
granulações azurófilas (Figuras 63 e 64), de apresentação fisiológica nestas células.
As granulações azurófilas também podem ser vistas em monócitos, mas não devem
ser confundidas, em nenhuma das células, com os corpos iniciais de Ehrlichia canis.
100
FIGURA 64 - LINFÓCITO DE BOVINO APRESENTANDO GRANULAÇÕES
AZURÓFILAS
Outra alteração que pode ser observada nos esfregaços sanguíneos, que
não se trata exatamente de uma alteração morfológica, e sim da presença de um
tipo celular raramente observado no sangue periférico, os mastócitos (Figura 65). Os
mastócitos possuem núcleo arredondado, que muitas vezes encontra-se encoberto
pela abundância de grânulos roxos no citoplasma.
101
20 PARASITAS DE LEUCÓCITOS
102
FIGURA 67 - MÓRULA DE NEORICKETTSIA RISTICII EM CÉLULA
MONONUCLEAR
103
Ehrlichia canis (Figuras 69 e 70): agente da erlichiose monocítica canina,
será abordada a diante (17.3 Enfermidades Infecciosas dos Leucócitos).
104
Ehrlichia ewingii (Figura 71): relatada como causadora da erlichiose
granulocítica canina, doença que provoca poliartrite aguda, febre,
anemia, neutropenia, linfocitose e trombocitopenia.
105
aparentemente normais. Outra enfermidade congênita dos leucócitos é a
neutropenia cíclica do Collie cinza. A célula-tronco de cães desta raça e desta
pelagem não consegue se diferenciar na linhagem granulocítica, provocando
neutropenia, assim estes cães morrem precocemente, em decorrência de infecções.
A medula óssea destes animais possui raros neutrófilos adultos ou estes estão
ausentes.
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manifestações clínicas. Frequentemente são observadas coinfecções,
especialmente com outros patógenos transmitidos por artrópodes, tais como
Babesia canis, Hepatozoon canis, Anaplasma platys e Mycoplasma haemocanis. A
pancitopenia é o achado mais característico da fase crônica.
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parvovírus felino é transmitido também por via oral e tem preferência pelas células
epiteliais e linfáticas do intestino, produzindo viremia e assim alcançando a medula
óssea e outros órgãos, mantendo a afinidade observada no parvovírus canino
quanto às células em intensa atividade de mitose.
Na medula óssea, sua ação sobre as células hematopoiéticas determina
panleucopenia, ou seja, redução do número dos cinco tipos de leucócitos, sujeitando
o animal a infecções frequentemente fatais. Outras alterações laboratoriais
observadas incluem hemoconcentração com aumento do volume globular e das
proteínas plasmáticas totais ou pancitopenia, redução das quantidades de todas as
linhagens de células do sangue.
Doença causada pelo vírus conhecido como FeLV, vírus da leucemia viral
felina, o qual está associado tanto a afecções neoplásicas como não neoplásicas.
Este vírus é eliminado pela saliva, urina, lágrima e leite, podendo ser transmitido
durante o contato com qualquer uma destas secreções, seja por meio de briga ou
fômites, por exemplo.
No organismo do gato, o FeLV inicia sua replicação em tecidos linfoides das
tonsilas e linfonodos, posteriormente alcançando linfócitos, especialmente os B, e
macrófagos. A partir da invasão a estas células há uma disseminação por todo o
corpo do animal chegando ao intestino, baço, demais linfonodos e na medula óssea,
a qual passa a liberar células já infectadas para a circulação.
Os achados laboratoriais observados na leucemia viral felina incluem
anemia, neutropenia, trombocitopenia, e quando houver neoplasia podem estar
presentes células leucêmicas.
108
20.3.5 Leucose Viral Bovina
109
leucemias leucêmicas, enquanto aquelas com pequeno número de blastos são ditas
subleucêmicas e aquelas que praticamente não liberam blastos para a corrente
sanguínea são denominadas aleucêmicas. As leucemias são também distribuídas
conforme o tipo celular mais afetado pela neoplasia, podendo aqui ser diferenciadas.
Nos animais, as leucemias mais frequentes são a linfocítica e a mielocítica,
que serão brevemente abordadas a seguir. Leucemias que atingem outros tipos
celulares são extremamente raras nos animais e de modo geral, apresentam-se
clinicamente semelhantes à leucemia mieloide, sendo que para o diagnóstico
exigem técnicas imuno-histoquímicas para tipificação das células leucêmicas, assim
como o estabelecimento do prognóstico.
110
observadas anemia não regenerativa com ou sem a presença dos linfoblastos. A
investigação citológica dos linfonodos destes animais é primordial e muitas vezes
diagnóstica, e a citologia da medula óssea também é um exame muito útil para o
diagnóstico e estabelecimento do prognóstico do animal.
111
semelhante, contudo o quadro leucocitário que se instala varia com a espécie
animal. Esta variação se deve à leucometria diferencial normal ser diferente entre as
espécies de animais, isto é, normalmente, as quantidades dos cinco tipos de
leucócitos são diferentes entre as espécies. Outro fator que diferencia a resposta
leucocitária dos animais, de maneira significativa, é a relação neutrófilo:linfócito. A
relação neutrófilo:linfócito em diferentes espécies é a seguinte:
Cães: 3,5 (isto é, normalmente os cães apresentam três vezes e meia
mais neutrófilos do que linfócitos);
Gatos: 1,8;
Equinos: 1,1;
Bovinos: 0,5;
Seres humanos: 1,5.
Na fase aguda da inflamação há um aumento na liberação endógena de
corticoides, o que desencadeia em cães leucocitose com neutrofilia, linfopenia,
eosinopenia e também monocitose. Enquanto isso, nos bovinos ocorre leucopenia
com neutropenia, linfopenia, eosinopenia e monocitopenia. Nos cães, a resposta da
medula óssea é imediata, elevando o número de mitoses das células-tronco e
reduzindo o tempo de maturação dos leucócitos. Assim, nesta espécie dificilmente
ocorre leucopenia, porque o número de neutrófilos é muito maior e a resposta da
medula é muito mais rápida, e mesmo com a migração para os tecidos, o número de
neutrófilos circulantes não reduz a ponto de ocorrer neutropenia ou leucopenia.
Nos bovinos, a resposta aos processos inflamatórios varia com o passar do
tempo. Nas primeiras seis a 24 horas ocorre migração dos neutrófilos para o local da
inflamação, desintegração dos eosinófilos e linfócitos e a medula óssea não
consegue responder a tempo, provocando leucopenia. Entre 24 horas e três dias
após a instalação do processo inflamatório, a medula óssea já passa a liberar
neutrófilos, inclusive os jovens, aparecendo o DNNE, que pode ser degenerativo.
Depois, a medula óssea, com mais tempo para produzir e amadurecer as
células, consegue estabilizar a leucometria e o DNNE é não degenerativo. Nos
gatos, a intensidade da leucocitose não é tão acentuada como nos cães. E nos
equinos é menor ainda. Outra diferença entre os animais no processo inflamatório
está nos níveis de fibrinogênio, que nos cães e gatos somente se elevam em
situações específicas, enquanto nos bovinos e equinos aumentam em praticamente
112
todos os processos inflamatórios. O fibrinogênio plasmático e suas alterações serão
detalhadamente abordados no próximo módulo.
Considerando-se a evolução do processo inflamatório, a resposta também é
variável conforme a espécie animal. Nos carnívoros, as alterações observadas
incluem:
Fase aguda: leucocitose, neutrofilia, DNNE, linfopenia, eosinopenia, e
monocitose no caso de cães;
Fase crônica: leucocitose, neutrofilia, DNNE discreto, linfócitos em
quantidades normais ou aumentadas, reaparecimento dos eosinófilos e
monocitose;
Fase convalescência: neutrófilos voltam ao número normal, linfocitose,
eosinófilos e monócitos em número normal ou aumentado.
Nos cães, se o processo inflamatório tem caráter crônico e supurativo,
primeiro ocorre DNNE, depois com a estafa da medula óssea, os neutrófilos
permanecem por mais tempo na corrente sanguínea, sofrem hipersegmentação e
ocorre DNND em conjunto. Nos bovinos, a resposta ao processo inflamatório pode
ser resumida da seguinte forma:
Fase aguda (seis a 24 horas): leucopenia, neutropenia, linfopenia,
eosinopenia e monocitopenia;
24 horas a três dias: leucopenia, neutropenia, DNNE que pode ser
degenerativo, linfopenia, eosinopenia e monocitopenia;
Três a quatro dias: contagem global de leucócitos normal ou aumentada,
neutrofilia, DNNE não degenerativo, linfopenia, eosinopenia e monócitos
em contagem normal ou diminuída;
Fase crônica: neutrofilia, linfócitos e eosinófilos reaparecem, monocitose;
Fase de convalescência: neutrófilos retornam ao número normal,
linfocitose.
De modo geral, algumas afirmações podem ser feitas sobre a resposta aos
processos inflamatórios a fim de se chegar a algumas conclusões: quanto maior a
demanda tecidual, mais intensa a neutrofilia; quanto maior a virulência do patógeno,
mais intenso o DNNE; apenas o cão apresenta monocitose na fase aguda de
processos inflamatórios; a neutrofilia na fase crônica não é tão intensa como na
aguda; quanto mais crônico o processo, maior a linfocitose.
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---------------------------FIM DO MÓDULO II----------------------------
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