O Trabalho Servil e Assalariado: o Tempo Do Trabalhador: História

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História

O trabalho servil e assalariado: o tempo


do trabalhador

2o Bimestre - Aula 8
Ensino Médio
● Trabalho assalariado ● Analisar as diferenças entre
Pós-revolução Industrial; trabalho servil e trabalho
● Servidão na Idade Média. assalariado, suas origens,
características e impactos na
vida dos trabalhadores;
● Identificar e comparar as
condições de trabalho dos
servos na Idade Média com
as condições de trabalho dos
trabalhadores assalariados
após a Revolução Industrial.
3 MINUTOS
Todos falam!

● Você já ouviu ou usou as expressões:


“perder tempo”, “ganhar tempo”,
“tempo é dinheiro”?
● Como o trabalhador organiza seu
tempo no dia a dia? É comum
reclamações relacionadas à falta de
tempo?
● Qual é a relação dessas questões
Trabalhadores de volta para casa.
com o tempo do trabalho na Edvard Munch, 1913-1915.
sociedade industrial? Discutam!
Continua…

O trabalho assalariado
“Como conceito, o trabalho é definido como
atividade humana em que os indivíduos têm
como objetivo, por meio de sua força de
trabalho, produzir uma forma de manutenção
de sua subsistência. Embora essa não seja
a única definição de trabalho, e esse não se
resuma apenas na obtenção do sustento do
trabalhador, uma vez que o trabalho
Exemplo de trabalho artesanal familiar,
doméstico que realizamos diariamente, sem manufatura para subsistência de
que ganhemos nenhuma remuneração, é pequena “fábrica” têxtil. Irlanda, século
XVIII. Contexto da Primeira Revolução
ainda uma forma de trabalho, nosso objeto Industrial e suas transformações nos
em questão é o trabalho assalariado. modos de produção e de trabalho.
● Karl Marx é um dos maiores teóricos sobre os problemas e as
questões relacionadas às relações de trabalho, do capital e do
trabalhador. Para Marx, existe uma diferença histórica nas relações
de produção capitalistas e nas pré-capitalistas, sendo que a primeira
se caracteriza pela impessoalidade do trabalhador com o que
produz, enquanto a segunda se caracteriza pelo produto do trabalho
intimamente associado ao trabalhador.
● Essa diferença, segundo Marx, é a que rege as relações de trabalho
dentro de uma sociedade capitalista, na qual o trabalhador, que
não dispõe dos meios de produção para produzir o que necessita
para sobreviver, passa a vender a única ‘mercadoria’ que tem: sua
força de trabalho. Continua…
Continua…

● O trabalho assalariado da sociedade


Pós-revolução Industrial se diferencia do
trabalho em sociedades pré-capitalistas na
relação do trabalhador com o seu trabalho, ou
do fruto do seu trabalho. Enquanto o servo
de um senhorio/senhor feudal trabalhava a
terra com a intenção de produzir diretamente
o seu sustento, cedendo parte da produção
ao senhor como forma de tributo, o
trabalhador assalariado trabalha em função
Trabalho agrícola de servo em
de uma moeda, para, só então, poder ter senhorio feudal, iluminura século
contato com o seu sustento. XIV (c. 1410 – recorte).
● “Marx afirmava, em suas teorias, que essa ‘coisificação’ da força de
trabalho – a transformação do trabalho em um objeto que passa a ter valor
monetário agregado – é o que possibilita a exploração, ou a alienação do
trabalhador e de sua força de trabalho pelo capitalista detentor dos meios
de produção” (RODRIGUES, [s.d.]).

Ilustração de tecelagem em
tear mecânico (século XIX) e
fotografia de linha de
montagem de carros Ford
(século XX).
Virem e conversem!

A partir do excerto de texto do historiador Edward Thompson,


nos slides a seguir, análise (por escrito):
● Que transformações ocorreram entre tempo e trabalho
a partir do desenvolvimento industrial?
● Quais mecanismos de controle do tempo surgiram
nesse contexto? Por quê?
● Que outras formas de trabalho e sua relação com o tempo podem ser
exemplificadas ao longo da história?
10 MINUTOS

Edward Palmer Thompson (1924-1993), foi um importante historiador marxista.


Seu livro, A formação da classe operária inglesa, é reconhecido como um
clássico da historiografia.
TEXTO I – O tempo do trabalho e o tempo da vida
“É bem conhecido que, entre os povos ‘primitivos’, a medição do tempo
está comumente relacionada com os processos familiares no ciclo do
trabalho ou das tarefas domésticas. [...] O relógio diário é o do gado, a
rotina das tarefas pastorais, [...] a passagem do tempo são basicamente
a sucessão dessas tarefas e a sua relação mútua.[...] já em 1700,
estamos entrando na paisagem familiar do capitalismo industrial
disciplinado, com folha de controle do tempo, o controlador do tempo,
os delatores e as multas. Cerca de setenta anos mais tarde, a mesma
disciplina deveria ser imposta nas algodoarias primitivas (embora as
próprias máquinas fossem um poderoso complemento ao controlador
do tempo). Continua…
“[...] Os deveres do secretário da fábrica eram: ser o primeiro a estar na
fábrica de manhã e acomodar as pessoas em suas atividades à medida que
chegam para o trabalho - estimular aqueles que chegam regularmente na
hora, dando-lhes a entender que sua regularidade é devidamente registrada,
e distinguindo-os, com repetidos sinais de aprovação, do grupo menos
ordeiro dos trabalhadores, por meio de presentes ou outras distinções a
divisão do trabalho, multas, sinos e relógios, incentivos em dinheiro [...]
apropriadas à sua faixa etária etc. [...] Por meio de tudo isso [...] formaram-
se novos hábitos de trabalho e impôs-se uma nova disciplina de tempo. A
mudança levou às vezes várias gerações para se concretizar [...]”
(THOMPSON, 1998).
Correção
Com o desenvolvimento industrial, houve uma série de
transformações significativas nas relações de tempo e trabalho.
● A padronização do tempo: com a introdução de linhas de
produção em fábricas, o tempo tornou-se um elemento crucial no
processo de produção. Assim, houve um crescente controle do
tempo, com a adoção de horários de trabalho fixos.
● Oficinas versus fábricas: Antes do desenvolvimento industrial, a
vida pessoal e profissional eram frequentemente integradas. As
pessoas trabalhavam em casa ou em pequenas oficinas familiares,
não havia uma separação entre o tempo de trabalho e o tempo em
família, das tarefas domésticas.
Continua…
● A especialização, mecanização e divisão do trabalho: com a
introdução de linhas de produção em fábricas, o trabalho tornou-
se cada vez mais especializado. Houve a perda dos meios de
produção e a venda da força de trabalho. Os operários eram
treinados para realizar tarefas específicas e repetitivas.
● Longas jornadas: os trabalhadores geralmente trabalhavam as
horas necessárias para realizar suas tarefas diárias. Com a
introdução de fábricas, a jornada de trabalho tornou-se uma
questão importante. Inicialmente, os trabalhadores eram
frequentemente obrigados a trabalhar longas horas, muitas
vezes em condições insalubres. Com o tempo, surgiram
movimentos trabalhistas que pressionaram por limites na
jornada de trabalho e melhores condições para os trabalhadores.
Senhores e servos: o trabalho na Idade Média
“Na Idade Média, os campos da Europa
ocidental eram cultivados por diferentes
trabalhadores (os laboratores), entre os
quais cabe citar os servos da gleba,
que constituíam grande parte do
campesinato medieval. A unidade de
produção feudal era o senhorio, uma
terra que dava a seu detentor o poder
de explorá-la e cobrar tributos. Além de Ilustração medieval de homens colhendo
trigo com foice, c. 1310.
terem sua liberdade seriamente
limitada, os servos estavam sujeitos à
Continua…
autoridade judicial do senhor.
Os servos executavam os mais variados tipos de tarefas, como arar a
terra, tecer, erguer casas, caçar, entre outras. Resta dizer, ainda, que a
sociedade feudal é conhecida como sociedade estamental, pois a
posição social do indivíduo era dada, geralmente, pelo nascimento, não
havendo quase chance de ascensão social; geralmente as pessoas
nasciam e morriam em um mesmo grupo. No Ocidente medieval, a
terra ocupava um lugar de destaque. “A imensa maioria da população
vivia no campo e extraía sua subsistência da agricultura, pecuária ou
silvicultura. Naquele período, a economia da Europa baseava-se na
agricultura (trigo, cevada, ervilha etc.) e no pastoreio (carneiros, porcos
e bois), sendo voltada, sobretudo, à subsistência. Em troca de
proteção senhorial e do direito de usar a terra para o seu próprio
sustento, os servos tinham uma série de obrigações para com o
senhor” (BOULOS JR., 2020).
(BOULOS JR, 2020).
Mostre-me!

Em duplas, sistematize (por escrito) as informações sobre o


trabalho servil dentro dos senhorios feudais a partir das imagens e
dos textos nos slides a seguir:
● Que atividades as pessoas estão realizando?
● Qual é o contexto histórico das imagens?
● Qual tipo de trabalho está sendo desenvolvido?
● Que relação pode ser estabelecida entre suas atividades e o tempo?

10 Minutos
FONTE 1. Representações do trabalho durante as estações do ano no feudo (outubro,
junho e fevereiro). As riquíssimas horas do Duque de Berry, c. 1410. Chantilly, França.
TEXTO 1. “Os servos eram trabalhadores dependentes. Recebiam do senhor
lotes de terra, os mansos, de cujo cultivo dependia sua sobrevivência e em troca
da qual realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele senhor”
(FRANCO JÚNIOR, 2005. p. 91).

TEXTO 2. “[...] são as relações de dominação que se estabeleceram entre, de


um lado, os senhores de terras e, de outro, aqueles que nelas trabalhavam (os
camponeses) e mesmo os que habitavam nas proximidades dos centros de
poder senhoriais. Essas relações, que chamaremos aqui de “dominação
senhorial”, possuíam uma dimensão econômica: as obrigações [...] em forma de
serviço (corveias) que eram devidas pelos camponeses dependentes aos
senhores em troca do direito de explorarem parcelas de terras cedidas por estes
últimos. [...]” (SILVA, 2019. p. 43-44).
Correção
A obra As riquíssimas horas do Duque de Berry, é um livro de orações
da nobreza, uma produção dos irmãos Limbourg que trabalhavam
para o Duque de Berry. As ilustrações em miniatura retratam
momentos da vida do duque Jean Berry no século XV. Naquele
contexto, a sociedade era dividida em nobreza, clero e campesinato.
Dentre as cenas, é possível observar que o trabalho agrícola era
predominante na sociedade feudal. Os servos eram a principal fonte
de trabalho na agricultura, na produção de bens manufaturados e em
outras atividades econômicas. Eles trabalhavam na terra do senhorio
e entregavam parte de sua produção em troca do direito de cultivar a
terra. Continua…
Correção
Nas imagens, as relações entre trabalho e tempo da produção
agrícola são determinados pelas estações do ano, os tempos de
semear, colher e armazenar a produção. O servo estava ligado à
terra, tendo inúmeras obrigações para com o seu senhor, mas não
podia ser “vendido”; em troca recebia proteção e ajuda de seus
senhores em casos de calamidade. As relações entre servos e
senhores foram sendo construídas por tradições e leis que se
desenvolveram ao longo da Idade Média e que estabeleciam limites
cada vez mais definidos das obrigações mútuas entre ambas as
partes.
Todo mundo escreve!

● Produza um texto argumentativo-dissertativo acerca da temática: A relação


entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho na contemporaneidade.

TEXTO I. "Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza


cada vez maior das fronteiras que separam o espaço de trabalho e o do lar, o
tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanismos modernos de
comunicação permitem que, no horário de descanso, os trabalhadores
permaneçam ligados à empresa. Mesmo não exercendo diretamente suas
atividades profissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva
problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão,
para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager. A remuneração
para esse estado de alerta é irrisória ou inexistente". (KREIN, 2006).

*Combine a data de entrega da produção com seu professor!


● Analisamos as diferenças entre trabalho
servil e trabalho assalariado, incluindo
suas origens, características e impacto na
vida dos trabalhadores;
● Identificamos as condições de trabalho
dos servos na Idade Média e comparamos
com as condições de trabalho dos
trabalhadores assalariados após a
Revolução Industrial.
BOULOS JR, Alfredo. Multiversos: ciências humanas: trabalho, tecnologia e desigualdade. Ensino
Médio/Alfredo Boulos Júnior, Edilson Adão Cândido da Silva, Laercio Furquim Júnior. 1. ed. São Paulo:
FTD, 2020.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2005.
KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. In: DEDECCA, C. S.; PRONI,
M. W. (org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília:
MTE, 2006. (Adaptado). Disponível em: https://cutt.ly/4wNbdgYH. Acesso em: 23 fev. 2024.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre:
Penso, 2023.
RODRIGUES, L de O. Trabalho assalariado. Mundo Educação, [s.d.] Disponível em:
https://cutt.ly/n4Ch29B. Acesso em: 23 fev. 2024.
SILVA, M. C. da. História medieval. São Paulo: Contexto, 2019.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998. p. 269-270, p. 291, p. 297-298.
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Trabalhadores de volta para casa. Edvard Munch (1913-1915). Disponível em:
https://cutt.ly/J4CGXXw. Acesso em: 22 fev. 2024.
Slide 4 – Manufatura artesanal em família. Irlanda 1791, William Hincks. Disponível em:
https://cutt.ly/qw1EMB8f Acesso em: 23 fev. 2024.
Slide 6 – As riquíssimas horas do Duque de Berry, c. 1410. Chantilly, França. Recorte/
Março. Disponível em: https://cutt.ly/E4CxMYH. Acesso em: 23 fev. 2024.
Slide 7 – Ilustração de tecelagem em tear mecânico. História da fabricação de algodão
na Grã-Bretanha por Sir Edward Baines, 1835. Disponível em: https://cutt.ly/s4eZAFM.
Acesso em: 23 fev. 2024; Linha de montagem de carros Ford. Disponível em:
https://cutt.ly/v4CREZL. Acesso em: 23 fev. 2024.
Slide 13 – Ilustração medieval de homens colhendo trigo com foices em uma página de
calendário para o mês de agosto. Saltério da Rainha Maria (Ms. Royal 2. B. VII). c. 1310.
Disponível em: https://cutt.ly/Cw1E0xx9 Acesso em: 23 fev. 2024.
Lista de imagens e vídeos
Slide 17 – Fevereiro – As riquíssimas horas do Duque de Berry, c. 1410. Chantilly, França.
Disponível em: https://cutt.ly/k4LVH5a. Acesso em: 23 fev. 2024; Junho – Disponível em:
https://cutt.ly/A4LVB26. Acesso em: 23 fev. 2024; Outubro – Disponível em:
https://cutt.ly/z4LV0qq. Acesso em: 23 fev. 2024.
Gifs e imagens ilustrativas elaboradas especialmente para este material a partir do Canva.
Disponível em: https://www.canva.com/pt_br/. Acesso em: 23 fev. 2024.

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