Práticas em Educação Social 1 P
Práticas em Educação Social 1 P
Práticas em Educação Social 1 P
FACUMINAS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
METODOLOGIAS ........................................................................................................ 21
Referências ..................................................................................................................... 30
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EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: PEDAGOGIA SOCIAL TRANSFORMADORA E
MOTIVADORA
INTRODUÇÃO
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adolescente frequentadora de projetos sociais, tem a oportunidade de aprenderem uma
profissão, pelo fato de que a maioria das instituições e projetos de educação não-formal
desenvolvem seus trabalhos por meio de oficinas culturais, esportivas e
profissionalizantes.
“Talvez o maior problema para entender a tragédia do desenvolvimento
brasileiro, seja compreendê-lo subordinado à lógica econômica que trata as classes sociais
como se tivessem organizadas de forma contínua. Como se Apartheaid só fosse racial e
localizado na África do Sul.” (Cristóvão Buarque).
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mesmo aquelas mudanças que resultaram devido às modificações nas próprias relações
de trabalho, assim como o fato das crianças e jovens na atualidade não terem espaço
seguro para desenvolverem a socialização no mundo moderno e suas transformações, no
sentido de redirecionarem e reorganizarem a estrutura familiar conforme as necessidades
de espaço, trabalho e localidade, e até mesmo a preocupação de deixar os filhos, sendo
que os pais, por opção ou por necessidade, são direcionados para o campo profissional.
Todas estas modificações, em seus contextos trouxeram a necessidade da
sociedade se reorganizar, respondendo às mudanças inclusive no campo educacional.
Estes fatores levaram a percepção de que somente os modelos de educação
difundidos pela escola e pela família já não mais davam conta da realidade social atual,
entretanto não havia conhecimento, credibilidade e amadurecimento das propostas para
preencher as lacunas existentes.
Cada característica promoveu por um lado o fortalecimento de uma nova maneira
de compreender o papel da educação formal e por outro, para dar visibilidade a outros
fazeres educacionais fora do contexto da escola tradicional, passando a legitimar e
valorizar outras maneiras de educar e educar-se e, por fim, a compreensão e aceitação de
que o meio também educa.
A educação não-formal está sendo difundida, mas não se restringindo somente aos
processos de ensino-aprendizagem nas escolas formais, tem o seu foco em oficinas
artesanais, culturais, esportivas e recreativas.
Segundo Gohn (2008), esta modalidade aborda processos educativos que
acontecem fora da escola, em organizações sociais, movimentos não governamentais
(ONGs) e outras entidades filantrópicas atuantes na área social.
Até os anos oitenta a educação não-formal era um campo com menos importância
no Brasil, tanto para as políticas organizacionais quanto aos educadores.
Afonso (1992) entende a educação formal, como aquela organizada com uma
determinada sequência e proporcionada pelas escolas.
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Os pais informalmente em casa, garantem a seus filhos as mesmas oportunidades
dos “saberes”, porém a escola vem trazendo um saber elitizado e em muitas vezes,
excluindo os já excluídos pela sociedade.
A educação transmitida pelos pais na família, na interação com os amigos, no
convívio diário em clubes, teatros, leituras de jornais, revistas, livros, etc; são
considerados temas da educação informal, aquela que ocorre nos espaços de
possibilidades educativas no decurso na vida, tendo caráter permanente. O que difere a
educação não-formal da informal, é que na primeira existe a intencionalidade de dados,
dispostos a criar, proporcionar ou buscar determinadas qualidades com objetividade.
Inicialmente a educação não-formal era vista como um conjunto de processos
delineados para alcançar a participação de indivíduos a determinados grupos:
• De alcance rural;
• De envolvimento comunitário;
• De educação básica ou planejamento familiar.
As mudanças econômicas, sociais, principalmente com relação ao mundo do
trabalho, ocorrentes nos anos noventa trouxeram grandes destaques a educação não-
formal. Os processos de aprendizagens em grupos passaram a serem valorizados, dando
importância aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos. Passou-se, ainda,
a falar de uma nova cultura organizacional que, em geral exige aprendizagem de
habilidades extra-escolares. Mas, o novo campo para a educação não-formal não se
formou apenas pelas mudanças econômicas e pelos apelos da mídia que utilizava
atividades e projetos desenvolvidos em entidades sociais como pano de fundo para
incentivos fiscais ou abatimentos em deduções fiscais.
Garcia (2007), cita Philip Coombs, como um dos primeiros autores a considerar a
educação não-formal no amplo contexto educacional sendo reconhecido por outros
autores como a origem da educação não-formal e informal, aplicados a área da educação.
Alguns estudiosos e organismos internacionais como a ONU e a UNESCO
também têm contribuído para as discussões que giram em torno do assunto.
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Em 09/03/1990 na Tailândia, foi realizada uma Conferência Mundial sobre
eduação para todos, dando origem a dois documentos denominados “Declaração mundial
sobre educação para todos e plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de
aprendizagem” onde as experiências das ONGs em programas de educação foram
consideravelmente delineadas como possibilidade efetiva de trabalho na área
educacional.
É possível concluir que, partindo deste documento, a educação-formal começa a
ser formalizada como campo pertencente ao setor educacional. Parece ser este o momento
do nascimento, não da ação da educação-não formal, como área conceitual.
Mesmo existindo uma aceitação, ao menos por pesquisadores e estudiosos da
terminologia “educação não-formal” e de quais ações e propostas estão presentes neste
campo, os textos estudados nos mostram que há um processo de aceitação de tudo isso, e
que em alguns aspectos, ele é bastante lento, ainda sem muita clareza sobre qual relação
da educação não-formal com outras áreas de conhecimento, como também uma
“definição” do termo, fato que ainda aponta discussões e necessidades de estudos e
pesquisas.
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natureza social, cultural e com objetivos essencialmente não comerciais. Parte de seus
recursos tem origem privada. Geralmente é associada à Organização das Nações Unidas.
Gohn (2008), ao estudar a educação não-formal, desenvolvida junto a grupos
sociais organizados ou movimentos sociais, chama nossa atenção para as questões das
metodologias e modos de funcionamento, por ser um dos aspectos mais relevantes do
processo de aprendizagem, mas lembra que é preciso aprofundar as pesquisas ao redor
dos movimentos sociais e seus processos de encaminhamento.
Garcia, em palestra ministrada no GEMEC – Campinas em 09/08/2008, fala que
a educação não-formal tem que ser compreendida pela sociedade como um direito e não
como assistencialismo, embora este olhar de assistencialismo para com as ONGs e os
projetos sociais esteja impregnado da visão de sociedade, até mesmo nas comunidades
inclusas e nas entidades. Isso acontece, segundo a estudiosa, porque muitas vezes a
sociedade deixa de cobrar do poder público, suas devidas obrigações, embora, mais a
frente ela afirme que em alguns casos realmente não se trata de projetos, mas sim de
assistencialismo, o que muitas vezes encontra-se guiado pela mídia ou pelo enaltecimento
pessoal.
A educação não-formal vai além do assistencialismo. Visa ao desenvolvimento de
valores, acreditando que a aprendizagem se dá por meio das práticas sociais, respeitando
as diferenças existentes para a absorção e elaboração dos conteúdos implícitos ou
explícitos no processo ensino e aprendizagem.
A flexibilidade é bastante presente no estabelecimento dos conteúdos que
permeiam a educação não-formal, assim como a criação e organização de seus espaços,
sendo criados e recriados conforme os modos de ação previstos nos objetivos maiores que
dão sentido ao fato de determinadas necessidades de grupos sociais pertencentes à
comunidade estarem se reunindo.
Os espaços de educação não-formal, segundo Simson e Park (2001), deverão ser
desenvolvidos segundo alguns princípios como:
• Apresentar caráter voluntário;
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• Proporcionar elementos para a socialização e solidariedade;
• Visar o desenvolvimento social;
• Favorecer a participação coletiva;
• Proporcionar a investigação e, sobretudo proporcionar a participação dos
membros do grupo de forma descentralizada.
Assim, devem ser considerados os desejos e anseios da comunidade com a qual
se pretende trabalhar e partindo de estudos, do conhecimento da realidade em questão,
fazer uma integração com as ações a serem desenvolvidas.
A partir destas caracterizações, fica claro que não há como pensar a educação não-
formal sem levar em consideração a comunidade, pois é muito difícil o envolvimento
voluntário e de doação das pessoas com algo a que não se sintam pertencentes. Por estas
razões, atualmente muitos projetos foram fundados e contam não somente com
voluntários, mas também com funcionários contratados de acordo com as leis trabalhistas,
dentre eles, professores, secretários, assistentes sociais, psicólogos, etc. Em determinados
municípios esses projetos ou instituições recebem auxílio financeiro para o pagamento de
seus funcionários.
Quando a escola é vista como um espaço social, levando em conta os constantes
processos de construção de identidade, sendo eles de caráter pessoal e social,
automaticamente temos que pensar em práticas que o tempo todo nos faça manter
parceiros da sociedade, favorecendo processos, onde a mesma possa integrar e
transformar.
Muitas entidades e projetos sociais, organizam as suas atividades enriquecendo
seus espaços com atividades comumente denominadas de oficinas.
Para Silva (2007), oficinas são espaços organizados por um grupo social, onde são
direcionadas propostas ligadas ao fazer, a aplicabilidade de determinadas atividades que
possibilitem o ato de aprender, não somente aquilo que é ensinado, como também o que
o meio lhe possibilita, levando em consideração o espaço, materiais, memória, enfim,
aquilo que esteja sendo vivenciado e efetuado no momento dessas vivências.
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A oficina que conscientiza e promove a transformação é aquela que propicia ao
sujeito a importância de sentir-se parte, parte das ações envolvidas e desenvolvidas, que
tem como foco de visão construir perspectivas de maiores descobertas e potencialidades,
que age como órgão facilitador de expressão. Nesta idéia destacam-se algumas oficinas
em evidência no cenário das obras sociais.
O EDUCADOR SOCIAL
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Esse autor também identifica, como falha, o fato do educador querer ver os
educandos de forma homogênea, sem levar em consideração que as crianças inseridas
neste campo educacional têm suas particularidades, (assim como as demais), carregando
consigo suas singularidades e seus problemas de convívio social.
O educador social tem que mediar interesses, levando o educando a querer buscar
caminhos para a aproximação com o entendimento da vida em sociedade, conhecendo
suas histórias sem negar suas memórias, resgatando-as de forma contínua.
As crianças e adolescentes, muitas vezes, levam consigo angústias e sentimentos
de injustiça para as oficinas, e suas expectativas são unicamente serem ouvidos, cabendo
ao educador utilizar-se de várias estratégias para que o diálogo aconteça, buscando a
compreensão e transformando-a em valorização, fazendo da sua ação um multiplicador,
capaz de transformar o estigma em qualidade, reintegrando o educando ao caráter
colocado socialmente.
O ato do educador volta-se à busca da compreensão das mudanças
políticas e sociais que ocorrem independente de nossas vontades, cabendo a ele descobrir
nos educandos a corda que vibra, como dizia Dom Bosco (2005), ao referir-se às joias
escondidas dentro de cada criança, de cada adolescente, que eles próprios desconhecem
a existência.
Todo educador deve ser um profissional reflexivo, ou seja, aquele que está sempre
se questionando, revendo, aperfeiçoando sua prática e se auto-avaliando, este é o
profissional crítico, aquele que leva o aluno a pensar. Dessa forma, há uma troca, pois
enquanto o educador está ensinando, ele também está aprendendo.
Gadotti (2007, p.42) enfoca a constante preocupação do educador Paulo Freire
voltado para a formação do professor e destaca: “o professor precisa saber muitas coisas
para ensinar, mas o mais importante não é o que é preciso saber, mas como devemos ser
para ensinar. O essencial é não matar a criança que existe ainda dentro de nós. Matá-la
seria matar o aluno que esta à nossa frente”.
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Alguns educadores chegam até a educação não-formal por acaso, outros por
opção, e outros, ainda, por identificação com as lutas sociais, levando em consideração
que na visão dos movimentos sociais, a educação, seja ela formal, não-formal ou informal
é vista como uma luta de classes.
Os educadores que atuam neste contexto tem funções diferentes, não como um
quebra cabeça com peças prontas, mas como um encontro de peças que se encaixam com
a prática, com a vivência de cada um, com suas diferenças, seus questionamentos.
Fator de grande importância na prática não-formal, é a flexibilidade que se
apresenta, que se faz necessária nesta educação, pois não é a atividade que vai dizer o que
ou quem é a educação não-formal, mas sim o projeto político adotado e vivenciado pelo
educador e consequentemente pela criança.
Assim, o educador social pode ver as possibilidades de contribuição para a
transformação, olhando para si e se vendo como agente transformador, fugindo às
propostas ideológicas que há por trás de tudo, fugindo da visão salvadora de querer inserir
a criança na sociedade sendo que ela já nasce parte de uma sociedade.
Com base na vivência diária, o educador não deve usar o desânimo, cruzar os
braços ou dizer que não adianta contribuir, pois o cotidiano é que faz a educação
acontecer, quando se está com a criança e os adolescentes, os valores e crenças também
estão juntos.
Freire (1996, p.53 ) nos diz que como educador precisamos olhar para o que os
grupos com os quais trabalhamos trazem consigo não simplesmente para o que falam
deles, assim, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e continua, dizendo que
um bom educador é aquele que sabe provocar inquietudes, que aguça a curiosidade, mas
que permite que o educando busque com autonomia.
Ao falar do educador social, Caro e Guzo (2004) destacam a satisfação pessoal
como sendo um grande diferencial, além das qualidades adquiridas independentemente
de conhecimentos adquiridos na academia.
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Este educador social também possui a consciência de sua pouca valorização e da
importância de sua relação com os educandos, sendo ciente da responsabilidade social
que o segue. Além disso, a competência técnica científica precisa ser compatível com a
amorosidade necessária as relações educativas (FREIRE, 1996).
O educador precisa ser coerente em seu discurso e em sua ação prática. Só há
oportunidade de educar para a vida se a escola estiver imersa na realidade e na vida
cotidiana dos educandos, de suas famílias, comunidade, município e país.
Park (2005) realizou uma pesquisa envolvendo educadores do ensino formal
responsáveis por possíveis pontes com projetos desenvolvidos por ONGs, a perceber
como enxergam os projetos vivenciados pela educação não-formal e suas estratégias de
ação. Foi interessante perceber no relato de uma vice-diretora, ao falar das parcerias com
as ONGs e outras entidades, considerando-as importantes, porém abordava questões
como falta de práticas diárias nas relações, apontando também para questões como o
autoritarismo frequente. Apesar disso, enalteceu o trabalho das ONGs como realmente
necessários, principalmente onde o poder público não atuava.
Já na fala de outra educadora do ensino formal, fica clara a falta de credibilidade,
da inconstância em muitas atividades exercidas pela educação não formal, citando como
exemplo o reforço escolar relacionado aos modos de compensarem as carências
socioeconômicas dos atendidos e as dificuldades estruturais das próprias organizações.
Mas, de forma geral, podemos observar que os educadores, sejam aqueles que
trabalham no ensino formal, sejam aqueles que trabalham nos projetos considerados de
educação não-formal, acreditam que todos poderão beneficiar-se de um trabalho que
acompanha as duas propostas educativas.
Segundo Trilla (1993) o setor educativo não - formal é disperso e heterogêneo,
mas enorme quanto à sua realidade atual e potencialidade futura.
No contexto educação não-formal, o trabalho do educador e dos oficineiros,
necessitam de muita dedicação, criatividae e amor, pois para os educandos manterem-se
participativos diariamente, as atividades devem ser prazerosas e dinâmicas, capazes de
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deixá-los envolvidos e compreendendo que aquele espaço onde frequentam, é de grande
valia para torná-los bons cidadãos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos: para que?. São Paulo: Cortez, 2002.
GARCIA, Valéria Aroeira. Educação não formal do histórico ao trabalho local. In:
PARK; FERNANDES; CARNICEL (Org.). Palavras- chave em Educação não- formal.
Holambra: Setembro; Campinas/CMU, 2007.
CARO, S.M.P. GUZZO, R.S.L. Educação social e psicologia. Campinas: Alínea, 2004.
http://docplayer.com.br/16493012-Educacao-social-ambitos-e-praticas.html
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EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL, PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL E
ESTRUTURAS COLEGIADAS NAS ESCOLAS (Adaptado)
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"Quem é o educador em cada campo de educação que estamos tratando? Em cada
campo, quem educa é o agente do processo de construção do saber?"
Na educação formal sabemos que são os professores. Na não-formal, o grande
educador é o "outro", aquele com quem interagimos ou nos integramos. Na educação
informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos,
colegas de escola, a igreja paroquial, os meios de comunicação de massa, etc.
"Onde se educa? Qual é o espaço físico territorial onde transcorrem os atos e os
processos educativos?"
Na educação formal estes espaços são os do território das escolas, são instituições
regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas segundo diretrizes nacionais. Na
educação não-formal, os espaços educativos localizam-se em territórios que acompanham
as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, fora das escolas, em locais informais, locais
onde há processos interativos intencionais ( a questão da intencionalidade é um elemento
importante de diferenciação). Já a educação informal tem seus espaços educativos
demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc.
A casa onde se mora, a rua, o bairro, o condomínio, o clube que se frequenta, a igreja ou
o local de culto a que se vincula sua crença religiosa, o local onde se nasceu, etc.
"Como se educa? Em que situação, em qual contexto?"
A educação formal pressupõe ambientes normatizados, com regras e padrões
comportamentais definidos previamente. A não-formal ocorre em ambientes e situações
interativos construídos coletivamente, segundo diretrizes de dados grupos, usualmente a
participação dos indivíduos é optativa, mas ela também poderá ocorrer por forças de
certas circunstâncias da vivência histórica de cada um. Há na educação não-formal uma
intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar
saberes. A informal opera em ambientes espontâneos, onde as relações sociais se
desenvolvem segundo gostos, preferências, ou pertencimentos herdados.
"Qual a finalidade ou objetivos de cada um dos campos de educação assinaladas?"
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Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e
aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normatizados por leis, dentre
os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, desenvolver
habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade, percepção, motricidade
etc. A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes,
comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, segundo
valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde o
nascimento Trata-se do processo de socialização dos indivíduos. A educação não- formal
capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir
janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações
sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo,
gerando um processo educativo. Um modo de educar surge como resultado do processo
voltado para os interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações
sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado
grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação
política e sociocultural é uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos,
educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo
etc..
"Quais são os principais atributos de cada uma das modalidades educativas que
estamos diferenciando?"
A educação formal requer tempo, local específico, pessoal especializado,
organização de vários tipos (inclusive a curricular), sistematização sequencial das
atividades, disciplinamento, regulamentos e leis, órgãos superiores etc. Ela tem caráter
metódico e , usualmente, divide-se por idade/ classe de conhecimento. A educação
informal não é organizada, os conhecimentos não são sistematizados e são repassados a
partir das práticas e experiência anteriores, usualmente é o passado orientando o presente.
Ela atua no campo das emoções e sentimentos. É um processo permanente e não
organizado. A educação não-formal tem outros atributos: ela não é, organizada por séries/
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idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a cultura
política de um grupo. Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na construção da
identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes destaques da educação não-formal
na atualidade); ela pode colaborar para o desenvolvimento da auto-estima e
do empowerment do grupo, criando o que alguns analistas denominam, o capital social de
um grupo. Fundamenta-se no critério da solidariedade e identificação de interesses
comuns e é parte do processo de construção da cidadania coletiva e pública do grupo.
"Quais são os resultados esperados em cada campo assinalado?"
Na educação formal espera-se, sobretudo que haja uma aprendizagem efetiva
(que, infelizmente nem sempre ocorre), além da certificação e titulação que capacitam os
indivíduos a seguir para graus mais avançados. Na educação informal os resultados não
são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso
comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir
espontaneamente. A educação não-formal poderá desenvolver, como resultados, uma
série de processos tais como:
consciência e organização de como agir em grupos coletivos;
A construção e reconstrução de concepção (ões) de mundo e sobre o mundo;
contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade;
forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacita-o para
entrar no mercado de trabalho);
quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a educação
não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os
manuais de auto-ajuda denominam, simplificadamente, como a auto-estima); ou
seja dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-
valorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de
lutarem para ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de
suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais, etc.);
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os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos
aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca.
A seguir listamos algumas características que a educação não formal pode atingir
em termos de metas, em processos planejados de ações coletivas grupais:
O aprendizado da diferenças. Aprende-se a conviver com demais. Socializa-se o
respeito mútuo;
Adaptação do grupo a diferentes culturas, reconhecimento dos indivíduos e do
papel do outro, trabalha o "estranhamento";
Construção da identidade coletiva de um grupo;
Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente.
O que falta na educação não-formal:
Formação específica a educadores a partir da definição de seu papel e as atividades
a realizar;
Definição mais clara de funções e objetivos da educação não formal;
Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano;
Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho que
vem sendo realizado;
Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do trabalho
realizado;
Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho de
egressos que participaram de programas de educação não formal;
Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de trabalhos da
Educação não formal em campos não sistematizados. Aprendizado gerado por
atos de vontade do receptor tais como a aprendizagem via Internet, para aprender
música, tocar um instrumento etc.;
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Mapeamento das formas de educação não formal na auto aprendizagem dos
cidadãos (principalmente jovens).
METODOLOGIAS
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segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação
não-formal.
Qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de suma
importância atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os educadores, os
mediadores, assessores, facilitadores, monitores, referências, apoios ou qualquer outra
denominação que se dê para os indivíduos que trabalham com grupos organizados ou não.
Eles são fundamentais na marcação de referenciais no ato de aprendizagem, eles carregam
visões de mundo, projetos societários, ideologias, propostas, conhecimentos acumulados
etc. Eles se confrontarão com os outros participantes do processo educativo, estabelecerão
diálogos, conflitos, ações solidárias etc. Eles se destacam no conjunto e por meio deles
podemos conhecer o projeto socioeducativo do grupo, a visão de mundo que estão
construindo, os valores defendidos e os que são rejeitados. Qual o projeto político-cultural
do grupo, em suma.
Para finalizar a primeira parte deste texto destacamos que também diferenciamos
a educação não- formal de outras propostas de educação, apresentadas como educação
social, no século XX, porque a maioria daquelas propostas ao se dirigirem para os
excluídos objetivam, na maior parte das vezes, apenas inseri-los no mercado de trabalho.
Entendemos a educação não - formal como aquela voltada para o ser humano como um
todo, cidadão do mundo, homens e mulheres. Em hipótese alguma ela substitui ou
compete com a Educação Formal, escolar. Poderá ajudar na complementação dessa
última, via programações específicas, articulando escola e comunidade educativa
localizada no território de entorno da escola. A educação não- formal tem alguns de seus
objetivos próximos da educação formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela
tem também a possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via
a forma e espaços onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a
participação em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a favor das
diferenças culturais etc. Resumidamente podemos enumerar os objetivos da educação
não-formal como sendo:
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a) Educação para cidadania;
b) Educação para justiça social;
c) Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais, etc.);
d) Educação para liberdade;
e) Educação para igualdade;
f) Educação para democracia;
g) Educação contra discriminação;
h) Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças
culturais.
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Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação não
descentralizou, de fato, o poder no interior das escolas. Usualmente, esse poder continua
nas mãos da diretora ou gestora, que o monopoliza, faz a pauta das reuniões dos conselhos
e colegiados escolares, não a divulga com antecedência etc. A comunidade externa e os
pais não dispõem de tempo e, muitas vezes, nem avaliam a relevância de participar ou de
estarem presentes nas reuniões. Além disso, usualmente, esses pais não estão preparados
para entender as questões do cotidiano das reuniões, como as orçamentárias. Só exercem
uma participação ativa nos colegiados aqueles pais com experiência participativa anterior,
extra-escolar, revelando a importância da participação dos cidadãos (ãs) em ações
coletivas na sociedade civil. O caráter educativo que essa participação adquire, quando
ela ocorre em movimentos sociais comunitários, organizados em função de causas
públicas, prepara os indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil
organizada. E os colegiados escolares são uma dessas instâncias.
Muitos funcionários das escolas são membros dos conselhos e dos colegiados
escolares mas, usualmente, exercitam um pacto do silêncio, não participando de fato e
servindo de "modelo passivo" para outros setores da comunidade educativa que compõem
um colegiado. Por que eles se comportam assim? Porque, na maioria dos casos, estão
presentes para referendar demandas corporativas, ou para fortalecer diretorias
centralizadoras. Como elo mais fraco do poder, eles participam para 'compor', para dar
número e quorum necessários aos colegiados, contribuindo com esse comportamento para
não construir nada e nada mudar.
Por que isso ocorre? Porque, embora os colegiados sejam um espaço legítimo e
de direito, e uma conquista para o exercício da cidadania, até por serem previstos em lei,
essa cidadania tem que ser qualificada e construída na prática. Os projetos políticos dos
representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus valores, visões de mundo etc.
interferem na dinâmica desses processos participativos. Para terem como meta projetos
emancipatórios, eles devem ter como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da
universalidade. Os colegiados devem construir ou desenvolver essa sensibilidade por
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meio de um conjunto de valores que venham a ser refletidos em suas práticas. Sem isso,
temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos nas escolas e estruturas
descentralizadas que não ampliam de fato a intervenção da comunidade na escola. Temos
setores que pretensamente estão representando o interesse público, mas que na realidade
defendem o interesse de grupos e corporações, ou a manutenção do poder tradicional,
cujo papel é exercer o controle, a vigilância em razão de uma falsa participação ordeira e
voltada para a responsabilização da comunidade ( pais, mães e outros mais ) nas ações
em que o Estado se omite (SILVA, 2003).
Não se deve perder de vista que, por intermédio dos Conselhos, a sociedade civil
exercita o direito de participar da gestão de diferentes políticas públicas, tendo a
possibilidade de exercer maior controle sobre o Estado. Os fóruns são frutos das redes
tecidas nos anos 70/80 que possibilitaram aos grupos organizados olhar para além da
dimensão do local; têm abrangência nacional e são fontes de referência e comparação
para os próprios participantes. As assembléias e plenárias têm ganhado formatos variados
que vão de encontros regulares e periódicos entre especialistas, interessados e gestores
públicos, como no caso da saúde, a observatórios e grupos semi-institucionalizados do
orçamento participativo. As novas práticas constituem, assim, um novo tecido social
denso e diversificado, tencionam as velhas formas de fazer política e criam novas
possibilidades concretas para o futuro, em termos de opções democráticas. As novas
práticas de interação escola/representantes da sociedade civil organizada devem ser
examinadas à luz dos processos da educação não-formal caracterizados na primeira parte
deste texto. São aprendizagens que estão gerando saberes. Processos difíceis, tensionados
mas educativos para todos, pelo que trazem de novo, pela resistência ou pela reiteração
obstinada do velho, que não quer ceder à pressão das novas forças.
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visibilidade como um ator independente, pois suas demandas foram, frequentemente,
incorporadas pelos sindicatos dos professores e demais profissionais da educação, ou por
articulações mais amplas, como a luta pela educação desenvolvida, no período da
Constituinte, pelo Fórum Nacional de Luta pela Escola Pública. As reformas neoliberais
realizadas nas escolas públicas de ensino fundamental e médio, na década de 90, alteraram
o cotidiano das escolas e deram as bases para a mobilização de novas lutas e movimentos
pela educação. Falta de vagas, filas para matrículas, resultados de exames nacionais,
progressões continuadas (passagem de ano sem exames), deslocamento de alunos de uma
mesma família para diferentes escolas, atrasos nos repasses de verbas para merendas
escolares, denúncias de fraudes no uso dos novos fundos de apoio à educação
(especialmente o FUNDEF), entre outras, foram pautas da agenda do movimento na área
da educação. Registre-se ainda que a crise econômica e o desemprego obrigaram centenas
de famílias das camadas médias a procurar vagas nas escolas públicas. Além de aumentar
a demanda, essas famílias estavam acostumadas a acompanhar mais o cotidiano das
escolas de seus filhos, desenvolvendo essas práticas na escola pública, antes mais fechada
à participação dos pais. Com isso, em muitos bairros, as escolas passaram a desempenhar
o papel de centros comunitários, pois a falta de verbas e a busca de solução para novos
problemas como a segurança, a violência entre os jovens e o universo das drogas levou-
as à busca de parcerias, no bairro ou na região, com outros organismos e associações
organizadas. Assim, as escolas passaram a ser, além de espaços de formação e
aprendizagem da educação formal, centros de desenvolvimento da educação não-formal,
agentes de construção de territórios civilizatórios, articuladoras de ações que retomem o
sentido da civilidade humana. No entanto, essa influência não advém apenas de uma
tendência da escola em direção ao bairro: no interior da escola também existem novos
espaços de participação, tais como os distintos conselhos tratados acima.
Tendo em vista que um dos principais sujeitos da sociedade civil organizada são
os movimentos sociais, é importante registrar que os movimentos pela educação têm
caráter histórico, são processuais e ocorrem, portanto, dentro e fora de escolas e em outros
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espaços institucionais. As lutas pela educação envolvem a luta por direitos e são parte da
construção da cidadania. Movimentos sociais pela educação abrangem questões tanto de
conteúdo escolar quanto de gênero, etnia, nacionalidade, religiões, portadores de
necessidades especiais, meio ambiente, qualidade de vida, paz, direitos humanos, direitos
culturais etc. Esses movimentos são fontes e agências de produção de saberes. O tema
dos direitos é fundamental porque ele dá universalidade às questões sociais, aos
problemas econômicos e às políticas públicas, atribuindo-lhes caráter emancipatório. É a
partir dos direitos que fazemos o resgate da cultura de um povo e de uma nação,
especialmente em tempos neoliberais que destroem ou massificam as culturas locais,
regionais ou nacionais. Partir da ótica dos direitos de um povo ou agrupamento social é
adotar um princípio ético, moral, baseado nas necessidades e experiência acumulada
historicamente dos seres humanos e não nas necessidades do mercado. A ótica dos
direitos possibilita-nos a construção de uma agenda de investigação que gera sinergias e
não compaixão, que resultam em políticas emancipadoras e não compensatórias. Fora da
ótica da universalidade dos direitos caímos nas políticas focalizadas, meras justificativas
para políticas que promovem uma modernização conservadora. A ótica dos direitos como
ponto de partida poderá nos fazer entender as mudanças sociais em curso.
Listamos, a seguir, alguns dos principais eixos das demandas pela educação nos
movimentos sociais envolvendo as escolas. A cada luta corresponde um momento do
processo de aprendizagem, típico da educação não-formal, a saber:
Lutas pelo acesso;
Aumento de vagas;
Escola pública com qualidade;
Gestão democrática da escola;
Escola com projetos pedagógicos que respeitem as culturas locais;
Valor das mensalidades das escolas particulares;
Por políticas públicas;
Realização de experiências alternativas;
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Luta no processo de implantação de novos modelos, experiências ou reformas
educacionais, envolvendo organização, trajetória das experiências,
acompanhamento, construção de cultura política, redefinição do conceito de
participação ;
Luta dos professores e outros profissionais da educação por condições salariais e
de trabalho;
Lutas dos estudantes por vagas, condições, mensalidades, refeitórios, moradia,
contra discriminações, etc.
CONCLUSÕES E DESAFIOS
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normativos - legislações, formatos de aplicação de verbas etc., embora esses itens também
sejam importantes, dado o papel dos fundos públicos no campo de disputa política em
torno das verbas públicas. É preciso desenvolver saberes que orientem as práticas sociais,
que construam novos valores, aqui entendidos como a participação de coletivos de
pessoas diferentes com metas iguais. Isto tudo está no campo da educação não-formal.
Entretanto, se não houver sentido nas formas de participação na área da educação,
com projetos de emancipação dos cidadãos que objetivem mudanças substantivas e não
instrumentais, corre-se o risco de se ter espaços mais autoritários do que já eram quando
centralizados. Como democratizar esses espaços? Como ressignificá-los para que as obras
e serviços realizados numa escola, por exemplo, não sejam vistos como dádivas de uma
diretora, ou de algum político ou administrador público, e sim como direito da população?
Como resgatar o direito à educação enquanto política educacional ao nível das instâncias
locais, sem esquecer que elas são parte de um todo que extrapola as fronteiras nacionais?
Como gerar novas políticas na gestão dos fundos públicos?
São desafios e tarefas gigantescas. Não dá para contar apenas com heroísmos de
alguns gestores públicos bem intencionados ou de poucas lideranças da sociedade civil,
pois construir sentido e significados novos na gestão da escola é uma prática que tem que
se pautar por um outro olhar em relação ao papel da escola num dado território. Não é
mais possível permanecer no conformismo diante de espaços dominados por antigos
métodos clientelistas, pela ordem tradicional. É preciso criatividade e ousadia porque as
novidades só ganham força quando passam a ter hegemonia em certos coletivos
organizados mais amplos. Por isso, é preciso voltar os olhos para a organização da
sociedade civil, para os processos de educação não-formal que nela se desenvolvem, e
para o papel que a escola pode ter como campo de formação de um novo modelo
civilizatório. Precisamos de uma nova educação que forme o cidadão para atuar nos dias
de hoje, e transforme culturas políticas arcaicas, arraigadas, em culturas políticas
transformadoras e emancipatórias. Isso não se faz apenas em aulas e cursos de formação
tradicionais, formulados no gabinete de algum burocrata, e sim a partir da prática da
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gestão compartilhada escola/comunidade educativa, no exercício das tarefas de que a
conjuntura de uma dada escola, numa determinada comunidade territorial, necessite.
Participar dos conselhos e colegiados das escolas é uma urgência e uma necessidade
imperiosa, mas exige uma preparação contínua, um aprendizado permanente, uma
atividade de ação e reflexão. Não basta um programa, um plano, ou mais um conselho. É
preciso reconhecer a existência e a importância da educação não-formal no processo de
construção de uma sociedade sem injustiças, democrática.
Construir cidadãos éticos, ativos, participativos, com responsabilidade diante do
outro e preocupados com o universal e não com particularismos, é retomar as utopias e
priorizar a mobilização e a participação da comunidade educativa na construção de novas
agendas. Essas agendas devem contemplar projetos emancipatórios que tenham como
prioridade a mudança social, qualifiquem seu sentido e significado, pensem alternativas
para um novo modelo econômico não excludente que contemple valores de uma
sociedade em que o ser humano é centro das atenções e não o lucro, o mercado,
o status político e social, o poder em suma. A educação não - formal é um campo valioso
na construção daquelas agendas, e para dar sentido e significado às próprias lutas no
campo da educação visando à transformação da realidade social.
Concluímos este texto com uma proposta de caráter sociopolítico: a de
transformar as escolas em centro de referências civilizatórias nos bairros onde se
localizam. Para isso propomos a articulação dos processos de participação da sociedade
civil organizada com as escolas. Propomos, em suma, a articulação da educação formal
com a não-formal para dar vida e viabilizar mudanças significativas na educação e na
sociedade como um todo.
Referências
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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. [ Links ]
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Paulo: Ed. 34, 2003. [ Links ]
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